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Volume terceiro
Nicola ABAGNANO
DIGITALIZAÇÃO E ARRANJO:
ÂNGELO MIGUEL ABRANTES.
HISTÓRIA DA FILOSOFIA
VOLUME III
CAPA DE: J. C.
COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO
TERCEIRA PARTE
FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
i
AS ORIGENS DA ESCOLáSTICA
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tradição eclesiástica.
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Lat., 101, 853 c). No seu escrito teológico sobre a Trindade (De
fide Sanctae
et individuae Trinítatis, três livros), Alcuíno trata da essência
divina, das
propriedades de Deus, da trindade das pessoas, da encarnação e da
redenção,
mantendo-se em tudo fiel à especulação de Santo Agostinho. Tal
como este,
insiste na impossibilidade de se conceber e exprimir a essência
divina, em
relação à qual as categorias, que servem para compreender as
coisas finitas,
adquirem um novo significado. Em Deus tudo se identifica: o ser, a
vida, o
pensamento, o querer e o agir, e no entanto Ele é a simplicidade
absoluta.
Num escrito seu sobre a alma, dedicado à Jovem Eulália, Alcuíno
define a alma
como "o espírito intelectual ou racional, sempre em movimento,
sempre vivo e
capaz de boa ou má vontade>. A alma assume vários nomes
consoante as suas
funções: chama-se alma enquanto vivifica; espírito quando
contempla; sentido
enquanto sente; ânimo enquanto sabe; mente enquanto compreende;
razão
enquanto julga; vontade enquanto consente; memória enquanto
lembra. Mas estas
funções diversas não são próprias de várias substâncias, apesar de
serem
indicadas com nomes diferentes: constituem todas uma alma única
(De animae
ratione, 11). AIcuíno distingue nela três partes, de acordo com a
doutrina
platónica: a racional, a irascível e a apetitiva. As três partes da
alma
racional, memória, inteligência e vontade reproduzem a Trindade
divina
(segundo a doutrina de Agostinho). A alma é o fundamento da
personalidade
humana, mas o eu na sua totalidade pertence não só à alma como
também ao
corpo. A alma é incorpórea o como tal imortal. O seu bem mais
@levado é Deus
e o seu destino é o de amar a Deus. Para tal destino a alma prepara-
se
através das virtudes; e entre estas Alcuíno coloca não apenas as
cristãs: fé,
esperança e caridade, como também as pagãs: pradêwia,
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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ALCUINO
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Vê-se assim, que Deus não é apenas o princípio, mas também o fim
das coisas.
A Ele, portanto, retornarão as coisas que dele saíram e nele se
movem e
estão. A Sagrada Escritura ensina claramente o fim do mundo e é
por outro
lado evidente, que tudo o que começa a ser o que antes não era,
deixará
também de ser o que é. Pois bem, se os princípios do mundo são as
causas de
que saiu, estas mesmas causas serão o último termo do seu retorno.
O mundo
não será reduzido ao nada, mas às suas causas primeiras; e, uma vez
terminado
o seu movimento, será conservado perpetuamente em repouso. Pois
bem, as
causas primeiras do mundo são o próprio Verbo divino: ao Verbo
divino
voltará, portanto, o mundo quando chegar o seu termo. Uma vez
reunido a Deus,
para o qual tende no seu movimento, o mundo não terá um fim
ulterior a
atingir o necessariamente repousará. Por isso o princípio e o fim do
mundo
subsistem no Verbo de Deus e são o próprio Verbo (V, 3, 20).
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a substância do mundo. Por outro lado, poderá compreender-se que
uma outra
enérgica afirmação de Escoto Erígena, a de que Deus está fora de
todo o
universo e que não é nem o todo nem a parte, possa ser assumida
como prova do
carácter não panteísta da sua doutrina.
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ANSELMO DE AOSTA
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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III
DIALÉCTICOS E ANTIDIALÉCTICOS
§ 187. GERBERTO
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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IV
ANSELMO DE AOSTA
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afirma Anselmo, as razões supremas, os mistérios da fé,
-permanecem sempre
escondidos" (Cur Deus homo, 1, 2). O que investiga uma realidade
incompreensível, como é a Trindade, deve bastar-lhe alcançar com a
inteligência o conhecimento de que isso exista, ainda que não
compreenda de
que modo exista. (Mon., 64). Anselmo afirmou desta forma, em
limites
extensos, o valor da investigação.
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"Certamente, aquilo de que não se pode pensar nada maior, não pode
existir
apenas no intelecto. Porque se existisse apenas no intelecto, poder-
se-ia
pensar que existe também na real-idade e que, portanto, era maior.
Assim, se
aquilo em relação ao qual nada maior se pode pensar existe apenas
no
intelecto, aquilo em relação ao qual nada maior se pode pensar é,
por sua
vez, aquilo de que se pode pensar algo de maior. Mas isto é,
certamente,
impossível. Portanto, não há dúvida de que aquilo do qual nada maior
se pode
pensar existe tanto no intelecto como na realidade. "(Prosl., 2). O
argumento
baseia-se em dois pontos: 1.o que o que existe na realidade é
"maior", ou
mais perfeito do que o que existe apenas no intelecto; 2.o que negar
que
existe realmente aquilo em relação ao qual nada maior pode pensar-
se,
significa contradizer-se, porque significa admitir que se pode
pensá-lo
maior, isto é, existente na realidade. À objecção de que então não
se vê como
é possível pensar que Deus não existe, Anselmo responde que a
palavra
pensar tem dois significados: pode pensar-se a palavra que indica a
coisa e
pode pensar-se a própria coisa. No primeiro sentido pode pensar-
se que
Deus não existe, como, por exemplo, se pode pensar que o fogo é
água; no
segundo sentido, não se pode pensar que Deus não existe (Prosl., 4).
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rectidão, se essa lhe for devolvida.
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ABELARDO
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negação e pode, com todo o direito, ser chamado o nada (De casu
diaboli, 12-
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poder perdê-la não é fundamento do mal; uma vez que não a perde
porque pode
perdê-la, mas apenas porque quer perdê-la. O mal não tem outra
causa
positiva. Também não se pode atribuir a Deus, porque não se pode
afirmar que
Ele dê aos homens uma vontade má, senão no sentido de que não
impede, podendo
fazê-lo, que uma tal vontade aconteça. Tudo o que há de bom na
vontade e nas
acções dos homens, procede da graça de Deus; só o mal procede do
homem.
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a alma injusta deve, por conseguinte ser imortal, para sofrer uma
pena, tal
como é imortal a alma justa para gozar do prémio eterno (Ibid., 71).
Todas as
almas são, portanto, imortais, tanto as justas como as injustas;
mesmo
aquelas que não são capazes nem de uma coisa nem de outra, como
as almas das
crianças, devem sê-lo, porque devem ter a mesma natureza (ibid.,
72).
NOTA BIBLIOGRÁFICA
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§ 193. Seeberg, Dogmengeschischte, EI, 1913, p. 150 sgs., 207-226.
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§ 201. ROSCELINO
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NOTA BIBLIOGRáFICA
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ABELARDO
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quem logo se tornou adversário e rival. Ensinou primeiramente
dialéctica em
várias localidades de França, depois, em 1113, teologia na escola
catedral de
Paris. O ensino de Abelardo desenrolou-se entre discussões
clamorosas e
polémicas violentas, suscitadas pela sua intemperança dialéctica e
pela
inveja que o seu êxito provocava.
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Este método, em breve se fixou, depois dele, num esquema que foi
seguido
universalmente, o esquema da questio, que consiste em partir de
textos que
dão soluções opostas ao mesmo problema
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aos que dizem a verdade como aos que dizem o que é falso? (Ibid.,
11, 3). Não
cremos numa coisa porque Deus a tenha dito, mas porque admitimos
que Ele a
disse, e assim nos convencemos de que a coisa é verdadeira. Uma fé
cega,
prestada com ligeireza, não tem nenhuma estabilidade, é uma fé
incauta e
privada de discernimento: em qualquer caso é preciso discutir, pelo
menos de
antemão, se é necessário acreditar ou não (Ibid., 11, 3). A última
convicção
de Abelardo está expressa na Historia calamitatum (cap. 9). Nela
afirma que
escreveu o livro sobre a Unidade e Trindade divina para os seus
discípulos
que, no campo teológico, procuravam argumentos humanos e
filosóficos e
queriam mais raciocínios do que palavras. É ingénuo pronunciar-se
palavras
cujo significado não se entende, uma vez que não se pode crer
senão no que se
entende, e é ridículo predicar aos outros aquilo que quem predica ou
quem
ouve não consegue apreender. Não se pode crer senão no que se
compreende.
Nesta frase se contém o verdadeiro cerne da investigação de
Abelardo. A
própria verdade -revelada não é verdade para o homem, se não
apelar para a
sua racionalidade, se não o deixa entender e apropriar-se dela.
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Este ponto de vista que encontra a sua expressão mais clara nas
Glosas a
Boécio, tem o grande mérito de ter clarificado a natureza
puramente lógica e
funcional do conceito. Trata-se de uma descoberta que o posterior
desenvolvimento da lógica medieval não irá esquecer. Através dela,
Abelardo
pode justificar a realidade objectiva do universal sem ter de
recorrer às
hipóstases metafísicas do realismo. É evidente que não existe o
universal
fora das coisas individuais. Quando os filósofos afirmam que a
espécie é
criada pelo género, não pressupõem com isto que o género preceda
às suas
espécies no tempo ou exista antes delas. O género não é de forma
alguma
anterior à espécie, e nunca pôde existir um animal que não fosse
nem racional
nem irracional: o género não pode existir senão com a espécie, tal
como esta
não pode existir senão com aquele. (Int. ad theol., 11, 13). Mas o
facto de o
universal não existir na realidade como tal, não significa que não
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Alma foi colocada por Deus no meio do mundo e que a partir daí se
estende
igualmente por todo o globo, o que ele quer afirmar, de forma
elegante, é que
a graça de Deus se oferece igualmente a todos, e que nesta casa ou
templo que
é seu, o mundo, ele dispõe todas as coisas de modo salutar e justo
(Introd.
ad theol., 1, 27). A doutrina Platónica coincide assim de forma
substancial,
com a fé na Trindade; e se Platão afirma que a Mente e a Alma do
mundo foram
criadas, trata-se de uma expressão imprópria que quer significar a
geração
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Convento do Paráclito
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daquilo que faz e por isso a sua acção é necessária. Com efeito,
Deus apenas
pode fazer o bem. Deus faz aquilo que quer, mas quer aquilo que é
bom.
O princípio da sua acção não é o sic volo, sic iubeo, sit pro ratione
voluntas: Ele quer apenas que aconteça aquilo que é bom que
aconteça. (Theol.
christ., V, col. 1323). É claro pois, que, em tudo aquilo que Deus faz
ou
deixa de fazer, há uma justa causa... Tudo aquilo que ele faz, deve
fazê-lo,
porque se é justo que alguma coisa aconteça, é injusto que essa
coisa seja
omitida (Intr., ad theol.,
111, 5). Nem se pode dizer que, se Deus tivesse feito algo de
diferente
daquilo que fez, esse algo seria também bom, porque seria feito por
ele; uma
vez que, se aquilo que não fez, fosse bom como aquilo que faz, não
haveria
fundamento para a sua escolha nem motivo para fazer uma coisa e
omitir outra.
Se aquilo que faz é apenas o bem, Deus pode fazer apenas aquilo
que faz.
Tinha pois razão Platão ao afirmar que Deus não podia criar um
mundo melhor
do que aquele que criou (lb., 111, 5). Em Deus, possibilidade e
vontade são
uma e só coisa: é verdade que ele pode tudo o que quer, mas é
verdade também
que ele não pode, senão aquilo que quer. Esta doutrina de Abelardo
implica a
necessidade da criação do mundo e o optimismo metafísico. O
mundo foi
necessariamente querido e criado por Deus. Tudo o que Deus quer,
quere-o
necessariamente, nem a sua vontade pode permanecer ineficaz;
necessariamente,
pois, Ele leva a seu termo tudo aquilo que quer (Theol., christ., V,
col.
1325 e segs.).
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Deus: pois tudo aquilo que ele faz, fá-lo apenas por sua vontade, e
portanto
sem precisar de qualquer coacção (Intr. ad theol., 111, 5).
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VII
A ESCOLA DE CHARTRES
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está nos seus resultados, mas antes nos caminhos filosóficos para
que
apontam; caminhos que se dispõem a dar um relevo cada vez maior à
natureza e
ao homem, mesmo que a natureza e o homem sejam concebidos, não
em oposição ao
transcendente, mas como manifestações do próprio transcendente.
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compõe dois livros dos quais um, Quaestiones naturales, é uma obra
de física;
o outro, De codem et diverso, tem a forma de uma carta a um
sobrinho o é uma
alegoria na qual a filosofia e a filoscomia disputam o jovem
Adelardo,
vangloriando-se cada uma dos seus próprios méritos.
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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VIII
O MISTICISMO
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sua vida com o amor por Deus. O amor de que S. Bernardo fala
baseia-se no
conceito do De amicitia de Cícero e a linguagem do Cântico dos
Cânticos é
entendida por ele substancialmente como o
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ALEGORIA DA CABALA
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"A razão, afirma ele, abstrai dos corpos as formas ou naturezas que
no corpo
subsistem, mas abstrai-as não em acto, mas apenas ao considerá-
las; o vendo
que em acto subsistem apenas no corpo, percebe no entanto que
elas não são o
próprio corpo. Assim a razão percebe o que nem os sentidos nem a
imaginação
conseguem perceber, ou seja, na natureza das coisas corpóreas as
formas, as
diferenças, os atributos próprios e acidentais; todas as coisas
,incorpóreas
que, não obstante, não existirem fora dos corpos, mas na própria
razão" (P.
L., 194.O,
1884). Acima da razão, o intelecto é a força que percebe as formas
das coisas
incorpóreas, isto é, dos seres espirituais; e a inteligência. vê, na
medida
em que é possível à sua natureza, o sumo ser, isto é, Deus na sua
pureza e
incorporeidade. Deste conhecimento supremo da inteligência, o
homem recebe a
luz para os conhecimentos inferiores. Aqui Isaac: reproduz a
doutrina
agustiniana da iluminação exprimindo-a com os termos de Escoto
Erígena: as
verdades que através da inteligência descem de Deus ao homem são
teofanias,
manifestações de Deus (1b., 1888).
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Em polémica com Abelardo, que tinha afirmado que Deus não pode
fazer
coisa diferente daquilo que faz, nem aquilo que faz pode fazê-lo
melhor do
que fez, Hugo de S. Victor sustenta que Deus teria também podido
criar um
mundo melhor. Com efeito, a razão porque Deus não pôde criar um
mundo melhor
pode ser devida ao facto de ao mundo não faltar qualquer possível
perfeição
ou ao facto de o mesmo não ser susceptível de urna maior
perfeição. Más no
primeiro caso, o mundo seria semelhante ao Criador e assim o
Criador seria
coagido aos limites do finito ou então o mundo
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justo é-o porque Deus o quis. Com efeito, o ser justo é propriedade
essencial
do querer divino. "Quando se pergunta porque é que é justo o que é
justo é
preciso responder: porque é conforme com a vontade divina, que é
justa. E
quando se pergunta porque é que a vontade de Deus é justa, é
preciso
responder: não há causa da primeira causa e ela é por si o que é"
(1b., 1, 4,
1).
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NOTA BIBLIOGRÁFTCA
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IX
A SISTEMATIZAÇÃO DA TEOLOGIA
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vemos é mutável e tudo o que é mutável deve ter a sua origem numa
essência
imutável. O corpo e o espírito estão igualmente sujeitos à mudança:
o ser de
que obtêm a sua origem deve ser, por isso, superior a ambos. E uma
vez que
todas as coisas corpos e espíritos, têm uma determinada forma e
espécie, há
que pensar numa forma originária, ou numa primeira espécie da qual,
tanto o
espírito como o corpo, recebam as suas formas ou espécies. Essa
primeira
espécie é Deus (Sent. 1, dist 3, n. 3-5).
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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A FILOSOFIA ÁRABE
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§ 233. AL.XINDI
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§ 234. AL FARABI
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MAIMõNIDAS
§ 237. AL GAZALI
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§ 238. IBN-BADJA
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§ 239. IBN-TOFAIL
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anos, com um homem criado na religião e que por uma via diferente
consegue
chegar às mesmas conclusões que ele. Os dois juntam-se para criar
uma
comunidade religiosa, mas depois, reconhecendo a irrípossibilidade
de
comunicar a todos a verdade por eles alcançada, retiram-se de novo
para o
isolamento, para viverem uma vida contemplativa.
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criação do mundo. A escolha de Deus deve ser por isso eterna e
contínua e não
se pode falar de um princípio do mundo (Dest. destruct., disp. 1,
dub. 1-2).
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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xI
A FILOSOFIA JUDAICA
§ 244. A CABALA
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§ 246. SAADJA
Mas a matéria não é apenas corpo, uma vez que se só torna corpo
quando a ela
se junta a forma particular que é a corporéidade; e por outro
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que Deus existe, que é uno, que é incorpáreo, sem que isto implique
decidir o
que quer que seja quanto ao mundo, se ele é eterno ou se foi criado.
Uma vez
resolvidas, com uma verdadeira demonstração, estas três questões
graves e
importantes, poderemos voltar em seguida ao problema da novidade
do inundo e
para isso deitaremos mão de todos os argumentos possiveis".
Noutros termos,
Maimónidas admite a título de hipótese provisória o princípio da
necessidade
do ser para poder demonstrar certas verdades fundamentais-,
deixando para
depois, num
segundo momento, a discussão do corolário fundamental daquele
princípio, a
eternidade do mundo.
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NOTA BIBLIOGRÃFICA
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xII
DE ARISTóTELES
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e outros textos.
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foi mestre de teologia na Universidade de Paris; e de 1228 até
morrer (1249),
bispo de Paris. A sua obra principal é o Magisterium divinale, em
sete
partes, sendo de maior importância filosófica o De tritiitate
(escrito entre
1223 e 1228), De utúverso e o De aninw (escrito entre 1231 e
1236). O
objectivo de Guilherme é polémico: pretende combater "os erros de
Aristóteles
e dos filósofos que o seguem"; mas efectivamente pretende visar
sobretudo
Avicena, do qual depende directa e polèmicamente. Depende
directamente na
medida em que faz sua a distinção fundamental de Avicena entre o
ser
necessário e o ser possível, depende polèmicamente na medida em
que
transforma essa distinção numa oposição, que lhe permite defender
a não-
necessidade do mundo, e por conseguinte, da criação. Nesta
polémica,
Guilherme foi levado naturalmente a utilizar a obra de Maimónidas,
que era
dominada pela mesma preocupação fundamental.
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S.BOAVENTURA
vez um representante na escola parisiense. Conta-se que o papa
Inocêncio IV,
acabando por conhecer a fama que tinham as suas lições, o
encarregou de
compor uma Summa que servisse de regra aos doutores no seu
ensino. A obra
apresentada por Alexanúre ao papa foi em seguida submetida ao
juizo de 70
teólogos. Estes aprovaram-na e recomendaram-na como livro
perfeito para toJos
os mestres de teologia. Rogério Bacon, ao escrever alguns anos mais
tarde a
sua Opus minus (1267) negava que fosse Alexandre de Hales o autor
da Summa
totiu theologiae: "A partir do momento em que Alexandre entrou
para a ordem
dos franciscanos, os frades colocaram-no nas nuvens, conferiram-
lhe a máxima
autoridade em todo o gênero de estudos e atribuiram-lhe esta
grande Summa que
é carga demasiada para um só cavalo". O que é certo é que a ordem
franciscana, a partir daí, se manteve fiel aos pontos fundamentais
do
neopla,tonismo agustiniano exposto na Summa de Alexandre e
defendeu-os
enèrgicamente contra o aristotelismo.
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lecto agente faz parte da alma; mas, apesar de ser a-ente, não
conhece em
acto to-das as formas. Recebe do primeiro Agente uma iluminação
relativa a um
certo número de forma inteligív&s; mas uma vez iluminado,
aperfeiçoa por sua
vez o intelecto em potência (lb., 11, q. 69, 3). Deste modo, a alma
humana
apresenta uma tripla distinção: o
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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XIII
S. BOAVENTURA
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mento deriva dos sentidos, ele responde que não: tem de adraitir
que a alma
conhece Deus, se conhece a si mesma e a tudo o que há em si sem o
auxílio dos
sentidos externos (In Sent., 11, dist. 39, a. 1, q. 2). Mas por outro
lado
tem também de admitir que alma não pode fornecer por si só todo o
conhecimento. O material desse conhecimento deve provir
necessàriamente do
exterior, através dos sentidos, já que é constituído por
semelhanças das
coisas, abstraídas das imagens sensoriais (De scientia Christi, q. 4).
Diz S.
Boaventura: "As espécies e as semelhanças das coisas adquirem-se
mediante os
sentidos, como diz explicitamente o filósofo (isto é, Aristóteles)
em muitas
passagens; e também o ensina * experiência. Com efeito ninguém
poderia
conhecer * que é o todo ou a parte, ou o pai ou a mãe, se não recebe
a
espécie de um dos sentidos externos" (lt-i Sent., 11, dist. 39, a. 1, q.
s).
Se entendemos por espécie as semelhanças das coisas, que são
como que
retratos das próprias coisas, teremos de dizer que a alma foi
criada
vazia de toda a esp&e, e que Aristóteles tinha razão ao afirmar
que ela é
uma tábula rasa (In Sent., 1, dist. 17, a. q. 4).
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negar este último argumento admitindo uma palingenesia, uma real
unidade das
almas dos homens: mas isto não só é contrário à fé cristã como
também é
declarado falso pela filosofia (1b., 11, dist. 1, a. 1, q. 2). A criação
como
início do mundo no tempo é pois uma verdade necessária. S.
Boaventura assume
aqui, como dotadas de valor demonstrativo as razões aduzidas por
MaÀmónidas
(§ 250) e procede sem a mínima hesitação. A sua atitude está neste
ponto em
franco contraste com a prudente cautela com que o próprio
Maimónidas (e mais
tarde S. Tomás) considera a questão, declarando impossível a sua
solução
demonstrativa.
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corpos. Se fosse um corpo, dado que é próprio dela multiplicar-se
por si
mesma, seria necessário admitir que fosse possível a um corpo
multiplicar-se
sem adjunção de matéria, o que é impossível. A luz é a forma
substancial de
qualquer corpo natural. Todos os corpos dela participam em maior
ou menor
quantidade, e conforme a sua participação, assim é maior ou menor
a sua
dignidade ou valor na hierarquia dos seres. A luz é o princípio da
formação
geral dos próprios corpos; a sua especial é devida à adição de
outras formas,
elementares ou mixtas (In Sent., 11, dist. 13, a. 2, q. 1-2).
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NOTA BIBLIOGRÃFICA
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íND1CE
TERCEIRA PARTE
FILOSOFIA ESCOLÃSTICA
281
DIALr@,
§ 187. § 188.
ANSEI,
§ 189. § 190. § 191. § 192. § 193. § 194. § 195. § 196. § 197. § 198.
§ 199.
CTICOS E ANTIDIAL1,=ICOS
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78
V_A DIS
SAIS
§ 200.
VI - ABE
§210. §211.
A figura histõrica ... ... ... ... 91 -ida e Escritos ... ... ...
... 92
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1. X ... 100
A Liberdade ... ... ... ... ...
r~ aç o ... ... ... ... A Trindade Divina ... ... ... 102 A
Unidade Divina ... ... ... 105
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VII-A ESC
§220.
viu -o MIS
§ 221.
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IX - A SIS
§ 230. § 231.
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§ 232. § 233.
Isaac de Stella ... ... ... ...
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O naturalismo chartrense ... ... Gilberto de ia Porrêe, ... ... ... T-5-
A.
Salisbúria
olo-ia Mistica
... ... ... ... Alano de Lille ... ... ... ...
TEMATIZAÇÃO DA TEOLOGIA
T->.A,- T-1-1-
Caracíceristicas e origens ... ... Al-Kindi ... ... ... ... ... ...
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§234. AI Farabi ... ... ... ... ... 188 §235. Avicena: a
Metafisica ... ... 191 §236. Avicena: a Antropologia
... ... 198 §237. AI Gazali. ... ... ... ... ... 201 §238.
Ibn-Badja ... ... ... ... ... 204 §239. Ibn-Tofail ...
... ... ... ... 205 §240. Averróis: Vida e Obra ... ...
207 §241. Averróis: FiIosofia e Religião ... 209 §242.
Averróis:
a Doutrina do Intelecto 211 §243. Averróis: a Eternidade do
Mundo 215
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XH --A POLI=CA CONTRA O ARISTOTELISMO ... ... ... ... ... ...
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... 2@
teles ... ... ... ... ... ... ... 24 § 253. Guilherme d'Auvergne
... ... ... 2@ § 254. Alexandre de Hales ... ... ...
2@ § 255. Roberto Grossetê te: A Teologia 2,1 § 256.
Roberto
Grossetête: A Física ... 2,1 § 257. João de ia Rochelle
... ... ... 2,1
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