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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

JUAREZ GONÇALVES DE CARVALHO

PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA PARA O


ABASTECIMENTO PÚBLICO

TERESINA – PI
2008
JUAREZ GONÇALVES DE CARVALHO

PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA PARA O


ABASTECIMENTO PÚBLICO

Relatório do estágio curricular apresentado à


AGESPISA e a Universidade Federal do Piauí, como
parte dos requisitos para a obtenção do grau de
Bacharel em Química com Atribuições
Tecnológicas, curso de graduação do Centro de
Ciências da Natureza da UFPI.
Gerente da ETA: Engo Benedito Bezerra de Alencar
Professora: Msc. Mayza Franco Zampa

TERESINA – PI
2008

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JUAREZ GONÇALVES DE CARVALHO

PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE ÁGUA PARA O ABASTECIMENTO PÚBLICO

FOLHA DE APRESENTAÇÃO

Gerente da ETA: _______________________________________


Engo. Benedito Bezerra de Alencar
AGESPISA

Supervisores ETA: ______________________________________


Laboratório Físico-Químico

______________________________________
Laboratório Bacteriológico

______________________________________
Operacional

Professora: _____________________________________
Msc. Mayza Franco Zampa
UPPI

Graduando: ______________________________________
Juarez Gonçalves de carvalho

TERESINA – PI
2008

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CARVALHO, J. G. Processo de purificação de água para o abastecimento
público, Relatório final de estágio, UFPI-Universidade Federal do Piauí,
Teresina 2008.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a todas as pessoas que se fizeram presentes, que se


preocuparam, que foram solidárias ou que torceram por mim. Mas bem sei que
agradecer é sempre difícil.
Aos técnicos da ETA – Teresina: Helena, Kelson, Silvana, Rosy, Maria
Augusta, Maria Antonia, Rejane, Estefania, Kennya, Evandro e David por todo
auxílio, empenho e preocupação em compartilhar seus conhecimentos.
Aos amigos Herbert, Josivan, Suely, Luzineide e Ozando, parceiros de
estágio pela amizade e companheirismo.
À professora Mayza, que em suas aulas, nos permitiu espaços para discussão de
questões relevantes e importantes, pelo constante incentivo e por toda dedicação e
interesse em nos mostrar a importância do curso.
De qualquer forma, todos os que realizam um trabalho de pesquisa sabem
que não o fazem sozinhos, embora seja solitário o ato da leitura e o do escrever. O
resultado de nossos estudos foi possível apenas pela cooperação e pelo esforço de
outros antes de nós.

Juarez Gonçalves de Carvalho

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SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS 8
1.0 INTRODUÇÃO 9
2.0 OBJETIVOS 13
2.1 Objetivo Geral 13
2.2 Objetivos Específicos 13
3.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 14
3.1 Manancial 15
3.2 Gradeamento 16
3.3 Captação 16
3.4 Adução 17
3.5 Purificação de Água de Manancial Superficial 19
3.5.1 Processos de Clarificação 19
3.5.1.1 Teoria da Mistura 20
3.5.1.2 Teoria da Coagulação 20
3.5.1.2.1 Principais Agentes Coagulantes 21
3.5.1.3 Teoria da Floculação 23
3.5.1.4 Teoria da Decantação ou Sedimentação 24
3.5.1.5 Teoria da Filtração 25
3.5.1.5.1 Classificação dos Filtros 25
3.6 Purificação de Água de Manancial Subterrâneo 27
3.7 Desinfecção 28
3.8 Fluoretação 29
3.9 Correção do pH 30
3.10 Reservação 30
3.11 Distribuição 31
3.12 Qualidade da Água 32
3.12.1 Variáveis Físico-Químicas das Águas 33
3.12.1.1 Cor 33
3.12.1.2 Turbidez 34
3.12.1.3 Sabor e Odor 35
3.12.1.4 Temperatura 35
3.12.1.5 Potencial Hidrogeniônico (pH) 35
3.12.1.6 Alcalinidade 36
3.12.1.7 Dureza 37
3.12.1.8 Cloretos 38
3.12.1.9 Ferro Total 39
3.12.1.10 Nitratos e Nitritos 39
3.12.1.11 Alumínio 40
3.12.2 Variáveis Microbiológicas das Águas 41
3.12.2.1 Contagem do Número Total de Bactérias 42
3.12.2.2 Coliformes Totais e Termotolerantes 42
3.12.2.2.1 Ensaio Presuntivo para o Grupo Coliforme 43
3.12.2.2.2 Ensaio Confirmativo para o Grupo Coliforme 43
3.12.2.3 Cryptosporidium sp e Giardia sp 44

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4.0 DESENVOLVIMENTO 45
4.1 Local de Estágio 45
4.2 Processos de Purificação de água na ETA- Teresina 45
4.2.1 Manancial 47
4.2.2 Captação e Adução 47
4.2.3 Coagulação 48
4.2.4 Floculação 49
4.2.5 Decantação 50
4.2.6 Filtração 51
4.2.7 Desinfecção 53
4.2.8 Correção do pH 53
4.2.9 Fluoretação 53
4.2.10 Armazenamento 54
4.2.11 Distribuição 54
4.3 Casa da Química 54
4.3.1 Sulfato de alumínio 55
4.3.2 Cloro 55
4.3.3 Cal 55
4.4 Controle de Qualidade 56
4.4.1 Coletas das amostras 56
4.4.1.1 Coletas para o laboratório físico-químico 56
4.4.1.2 Coletas para o laboratório bacteriológico 57
4.4.2 Análises Físico-Químicas 57
4.4.2.1 Turbidez 57
4.4.2.2 Potencial Hidrogeniônico (pH) 57
4.4.2.3 Cor 57
4.4.2.4 Cloro residual 58
4.4.2.5 Alcalinidade 58
4.4.2.6 Cloretos 58
4.4.2.7 Dureza 58
4.4.2.8 Ferro Total 59
4.4.2.9 Flúor 59
4.4.2.10 Alumínio 59
4.5.2.11 Nitrato 60
4.4.2.12 Nitrito 60
4.4.3 Análises Microbiológicas 60
4.4.3.1 Contagem padrão de bactérias 60
4.4.3.2 Ensaio presuntivo para coliformes totais 61
4.4.3.3 Ensaio confirmativo para coliformes totais 61
4.4.3.4 Ensaio confirmativo para coliformes termotolerantes 62
5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO 63
6.0 CONCLUSÃO 67
7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 68
ANEXOS

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 01. Esquema de um sistema convencional de abastecimento de água 15


Figura 02. Vista aéria do Complexo ETA’s – Teresina 45
Figura 03. Fluxograma do Processo de Purificação de Água da ETA-Teresina 46
Figura 04. Canal de aproximação do rio Parnaíba 47
Figura 05. Bombas elevatórias 47
Figura 06. Chegada da água bruta ao canal de água bruta 48
Figura 07. Canal de água bruta 48
Figura 08. Calha Parshall 49
Figura 09. Câmaras de floculação 49
Figura 10. Tanque de decantação da ETA I 50
Figura 11. Tanque de decantação da ETA I 50
Figura 12. Lavagem de decantador da ETA I 51
Figura 13. Canal de água decantada 51
Figura 14. Filtros da ETA I 52
Figura 15. Lavagem de filtro da ETA I 53
Figura 16. Câmara de contato 53
Figura 17. Estação elevatória 54
Figura 18. Cilindros de Cloro 55

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1.0 INTRODUÇÃO

A água é um recurso fundamental para a existência da vida, na forma que nós


conhecemos e transformou-se num bem necessário e essencial para agrupamentos humanos,
animais, cidades e países. Foi na água que a vida floresceu, e seria difícil imaginar a
existência de qualquer forma de vida na ausência deste recurso vital. Nosso planeta está
inundado d’água; um volume de aproximadamente 1,4 bilhão de Km3 cobre cerca de 71% da
superfície da Terra. Apesar disso, muitas localidades ainda não têm acesso à quantidade de
água com características de potabilidade adequadas às necessidades do consumo humano
(UFPR, 2008; THEODORO, 2005).

A experiência mostrou que uma melhoria na qualidade do suprimento público de


água é seguida por uma melhoria na saúde pública. A poluição do suprimento público de água
e o aparecimento de doença têm sido vinculados a várias causas. Estudos científicos mostram
haver relação entre a água e a transmissão de muitas doenças, causadas por agentes físicos,
químicos e biológicos presentes na água. Com isso a sociedade começou a se preocupar com a
qualidade da água consumida e, para evitar problemas e prejuízos à saúde pública, passou a
realizar uma série de processos físicos e químicos para o tratamento dessas águas (BABITT et
al, 1976; RICHETER, 1991).

A qualidade da água pode ser definida como sendo um conjunto das características
físicas, químicas e biológicas de um determinado corpo de água cujos critérios de qualidade
dependem do propósito de uso (HARDENBERGH, 1964).

O conhecimento dos diversos tipos de impurezas, dos seus efeitos e do modo em


que se encontram na água é de grande importância para o delineamento do tratamento a ser
adotado, ou seja, são as impurezas que determinam as características da água bruta e em
função das quais se fixam os processos de tratamento que devem ser adotados. A
determinação de impurezas é feita através da analises físico-químicos e bacteriológicos
(HARDENBERGH, 1964; LEME, 1984).

As análises físico-químicas compreendem determinações: de temperatura, que


identifica valores de densidade, viscosidade, pressão de vapor, tensão superficial, taxas de
atividade biológicas, químicas e bioquímicas; de valores de turbidez, medidos pela
interferência da matéria em suspensão à passagem da luz e que são devidos à existência de
argila, silte, matéria orgânica, organismos microscópios; de cor que servem para revelar a

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existência de substancias dissolvidas e no estado colonial de origem vegetal ou matéria
turfosa; de odores, que identificam a existência de substância volátil, matéria orgânicas,
organismos vivos, algas, gases; de pH, que expressam a concentração dos íons de hidrogênio,
que são relacionados com o processo de coagulação e controle de corrosão; de alcalinidade,
definida como sendo a capacidade de neutralização de ácidos e é normalmente devida a
presença de íons carbonato ou bicarbonatos, importantes no processo de redução da dureza,
coagulação e controle de corrosão; de dureza, relacionadas com a redução de dureza e
controle de corrosão; de teores de nitrito, nitrato, ferro e cloretos (LEME, 1984).

As análises bacteriológicas devem ser visam estabelecer indicações a respeito do


grau de contaminação da água por bactérias e também interfere na escolha do processo de
tratamento, principalmente nos relacionados com a desinfecção, que é a cloração., a
interpretação é feita pelo índice de colimetria da água , caracterizado pelo número mais
provável de coliformes (LEME, 1984).

As análises efetuadas com a água, segundo Fair, são reunidas nas categorias:
Análises cujos resultados refletem a segurança e a salubridade; Análises que medem ou
refletem o sabor ou a aceitação estética da água; Análises que revelam as vantagens
econômicas da água que depende do fim para o qual ela se destina; Análises interligadas aos
processos de tratamento, alcalinidade, pH, teor de CO2, ferro, alumínio, relacionadas ao
coagulante usado ou ao processo de cloração (LEME, 1984).

O condicionamento de água para o consumo das comunidades envolve sistemas de


tratamento de águas. A necessidade do homem de purificar a água decorre de sua dificuldade
de encontrá-la em estado de pureza, isto em consequência da sua grande capacidade de
solvência. Na purificação, três objetivos são desejados: Obtenção de água que apresente
segurança para a saúde humana, o que é conseguido isentando-a de bactérias, elementos
venenosos, mineralização excessiva, teores elevados de compostos orgânicos, protozoários e
outros; Obtenção de água que satisfaça a um critério econômico, eliminando ou reduzindo as
impurezas que interferem na utilização; Obtenção de água com aspecto agradável ao
consumidos, conseguida através da obediência a padrões estabelecidos relativamente à cor,
turbidez, sabor e odor (LEME, 1984).

O Sistema de Abastecimento de Água deverá fornecer e garantir à população água


de boa qualidade do ponto de vista físico, químico, biológico e bacteriológico, sem impurezas

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prejudiciais à saúde. Para tanto, e em função das características qualitativas da água fornecida
pelos mananciais, procede-se o tratamento da água (HARDENBERGH, 1964).

As principais operações que se praticam nas estações de tratamento de água para


garantir a distribuição de água de boa qualidade para o consumo humano são: A captação,
bombeamento da água do manancial para a estação de tratamento; A coagulação, mistura de
um coagulante para reagir agregando as partículas de impurezas em suspensão existentes na
água; A floculação, agitação lenta da água para aumentar o tamanho das partículas formadas
na coagulação; A decantação, separação por sedimentação das partículas formadas nos
processos anteriores; A filtração, passagem da água por filtros de areia e carvão que retém
partículas e odores; A desinfecção ou cloração, adição de um desinfetante com a finalidade
de matar os microorganismos patogênicos; A fluoretação, mistura de flúor na água para
prevenção contra as cáries dentarias; A Correção de pH, adição de cal hidratada para
eliminar a acidez da água; A distribuição da água tratada para os reservatórios e residências;
e por fim o Controle de Qualidade da água realizado em laboratórios verificando-se a
eficiência do tratamento e a qualidade da água da casa do consumidor (LEME, 1984;
RICHETER & AZEVEDO Neto, 1991).

As necessidades de controle de qualidade da água tratada levam à elaboração de


normas e padrões de qualidade, e estas devem ser obedecidos nos processos de tratamento de
águas. No Brasil, os padrões de qualidade da água para o consumo humano são regidos por
portarias (PORTARIA Nº. 518/MS em 25 de março de 2004) e resoluções legais do
CONAMA, que dão subsídios aos laboratórios na expedição de seus laudos. A Portaria
518/04 estabelece que a água produzida e distribuída para consumo humano deve ser
controlada. A legislação define, ainda, a quantidade mínima e a freqüência que as amostras de
água devem ser coletadas, bem como os parâmetros e limites permitidos (LEME, 1984;
SABESP, 2008).

A AGESPISA- Água e Esgotos do Piauí S/A é uma sociedade de economia mista,


pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Indireta do Governo do Estado
do Piauí. Foi criada através das leis estaduais nº2281, de 27 de julho de 1962 e 2387, de 12 de
dezembro de 1962 e tem como objetivo executar a política de abastecimento de água e de
esgotamento sanitário do Piauí.

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A AGESPISA é responsável pelo tratamento da água para abastecimento público
de Teresina e para isso conta com um complexo de estações de tratamento, com manancial
superficial, e dois sistemas independentes, com manancial subterrâneo.

O complexo de tratamento de água localizado às margens do rio Parnaíba, no


bairro Distrito Industrial, zona sul de Teresina, abriga três estações de tratamento de água,
denominados ETA I, ETA III e ETA IV, funcionando 24 horas por dia, produzindo
diariamente um volume médio de 190.000m3 de água tratada e abastecendo 9 (nove)
reservatórios de distribuição.

O sistema de abastecimento de água da Santa Maria da Codipi, possui 5 (cinco)


posso tubulares e 1 (um) reservatório de distribuição, abastecendo cerca de 25.000
consumidores. O sistema de abastecimento do Residencial Deus Quer, possui 2 (dois) poços
tubulares e 1 (um) reservatório de distribuição, abastecendo cerca de 3.500 consumidores. Os
poços dos dois sistemas são equipados com bombas e sistemas de cloração, com o objetivo de
preservar a qualidade da água até o ponto de consumo.

O órgão responsável pela vigilância da qualidade da água em Teresina e a


GEVISA – Gerencia de Vigilância Sanitária Municipal.

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2.0 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

• Ampliar os conhecimentos teórico-experimentais adquiridos durante o curso de


química e participar das etapas do processo de purificação de água realizado pela
AGESPISA no complexo de estações de tratamento ETA’s - Teresina.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Efetuar as coletas das amostras de águas para realização das análises;


• Realizar análises físico-químicas e bacteriológicas das amostras de águas coletadas;
• Conhecer os produtos químicos utilizados no tratamento da água;
• Analisar o processo de tratamento de água para obtenção de água que atenda ao
padrão de potabilidade e que não ofereçam riscos à saúde;
• Acompanhar os procedimentos operacionais durante o processo de purificação de
água;
• Acompanhar o controle de qualidade da água, desde a entrada no sistema até a sua
distribuição final;
• Comparar os resultados obtidos das análises com os padrões de potabilidade exigidos
pelas legislações vigentes.

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3.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A água é o elemento fundamental da vida. Seus múltiplos usos são indispensáveis


a um largo espectro das atividades humanas, onde se destacam, entre outros, o abastecimento
público e industrial, a irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de
lazer e recreação, bem como a preservação da vida aquática (CETESB, 2008).

A crescente expansão demográfica e industrial observada nas últimas décadas


trouxe como conseqüência o comprometimento das águas dos rios, lagos e reservatórios. A
falta de recursos financeiros nos países em desenvolvimento tem agravado esse problema,
pela impossibilidade da aplicação de medidas corretivas para reverter esta situação (CETESB,
2008).

As disponibilidades de água doce na natureza são limitadas pelo alto custo da sua
obtenção nas formas menos convencionais, como é o caso da água do mar e das águas
subterrâneas. Deve ser, portanto, da maior prioridade, a preservação, o controle e a utilização
racional das águas doces superficiais (CETESB, 2008).

Um Sistema de Abastecimento de Água, Figura 01, caracteriza-se pela retirada da


água da natureza, da adequação de sua qualidade, do transporte até os aglomerados humanos e
fornecimento à população em quantidade e qualidade compatíveis com suas necessidades
(LEME, 1984).

Uma das considerações fundamentais acha-se diretamente ligada ao grau de


poluição da água bruta disponível, pois as características da água bruta variam conforme a
fonte de suprimento. A seqüência de analise dos elementos do projeto abrange a avaliação da
quantidade de água a ser tratada, com base em estudos de crescimento populacional; a
avaliação da quantidade e características da água bruta disponível nas fontes de suprimento; e
a determinação da eficiência qualitativa da água tratada, se obedece aos padrões de
potabilidade. (LEME, 1984).

Sendo um sistema constituído de fonte de suprimento, captação, adução,


reservação e distribuição, a segurança sanitária da água não depende somente do tratamento.
Assim, quando se projetam e constroem sistemas de adução e distribuição seguros, evitam-se
muitos problemas relativos á contaminação, que muitas vezes são atribuídos ao tratamento. O
tratamento da água é conseguido utilizando-se processos físicos, químicos e bioquímicos,
para remover as impurezas (LEME, 1984).

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A escolha do manancial se constitui na decisão mais importante na implantação de
um sistema de abastecimento de água, seja ele de caráter individual ou coletivo. Havendo
mais de uma opção, sua definição deverá levar em conta, além da predisposição da
comunidade em aceitar, as águas do manancial a ser adotado (FUNASA, 2008).

Figura 01: Esquema de um sistema convencional de abastecimento de água.

3.1 MANANCIAL

Manancial para abastecimento de água é toda fonte de água utilizada para


abastecimento doméstico, comercial, industrial e outros fins. De maneira geral, quanto à
origem, os mananciais são classificados em manancial superficial, manancial subterrâneo e
águas meteóricas.

Os mananciais têm grande participação na concepção do projeto dos sistemas de


abastecimento d'água, pois eles são fontes naturais de onde se pode captar a água para os fins
pretendidos de abastecimento público. Os fatores decisivos para a escolha do manancial são: a
qualidade, a quantidade, a distância e as implicações técnicas e econômicas (PUPPI,1981).

Os mananciais superficiais (rios, lagos, barragens) por serem as águas naturais


potabilizáveis mais acessíveis, permitem o conhecimento do seu regime e favorecem a sua
captação. Os mananciais subterrâneos (lençóis do subsolo, ou aqüíferos), fornecem água de
qualidade satisfatória para uso imediato, principalmente os mais profundo; Porém apresentam
inconvenientes de uma exploração trabalhosa e às vezes dispendiosa. Já as águas meteóricas
(águas das chuvas) por serem naturais e potabilizaveis podem ser admitida, em condições
especiais, nos serviços de abastecimento de pouca monta (HARDENBERGH, 1964; NETTO,
1979).

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3.2 GRADEAMENTO

Os materiais que impurificam as águas podem ser assim classificados como:


Materiais que flutuam; Materiais em suspensão, bactérias, algas e protozoários, lodos;
Materiais dissolvidos; Colóides, matéria orgânica, sílica, resíduos industriais (PEREIRA,
1979).

A água dos lagos e rios pode carrear folhas, gravetos ou mesmo objetos maiores,
que flutuam na sua superfície, bem como peixes e vegetação aquática, que vivem na massa
líquida ou no fundo. A entrada desses objetos nos sistemas de abastecimento d’água é evitada
pelo uso telas (HARDENBERGH, 1964).

Um tratamento de água sempre se inicia com a remoção dos materiais que flutuam
ou estão suspensos com o uso de grades e telas. Grades são dispositivos formados de barras
metálicas que se destinam à remoção de sólidos grosseiros, em suspensão e corpos flutuantes,
tem a finalidade a proteção de dispositivos de transporte da água contra obstrução, tais como:
bombas, registros e tubulações (BASOL e ABREU, 1988; SOUTO, 1990).

Pode-se também utilizar as telas de malhas largas ou ralos com aproximadamente


6 cm2 de área livre. Esse tipo de grade é colocado no ponto de chegada da água, e torna-se
necessário uma manutenção para retirada dos resíduos, em geral, uma vez por semana
(CAMPOS, 2000).

3.3 CAPTAÇÃO

A seleção da fonte abastecedora de água é processo importante na construção de


um sistema de abastecimento. Deve-se, por isso, procurar um manancial com vazão capaz de
proporcionar perfeito abastecimento à comunidade, além de ser de grande importância a
localização da fonte, a topografia da região e a presença de possíveis focos de contaminação
(COPASA, 2008).

A captação pode ser superficial ou subterrânea. A superficial é feita nos rios, lagos
ou represas, por gravidade ou bombeamento. Se por bombeamento, uma casa de máquinas é
construída junto à captação. Essa casa contém conjuntos de motorbo-mbas que sugam a água
do manancial e a enviam para a estação de tratamento. A subterrânea é efetuada através de
poços artesianos, perfurações com 50 a 100 metros feitos no terreno para captar a água dos

16
lençóis subterrâneos. Essa água também é sugada por motor-bombas instaladas perto do
lençol d’água e enviada à superfície por tubulações (COPASA, 2008).

A captação se destina a recolher do manancial a quantidades de água demandada


para o abastecimento e varia conforme as condições locais, para águas superficiais,
hidrológicas, topográficas e, para as águas subterrâneas, hidrogeológicas. Além de estarem
subordinadas aos requisitos: garantia de funcionamento, economia das instalações, garantia da
qualidade (PUPPI, 1981).

Os principais tipos de captação existentes para águas superficiais são em função


das características dos mananciais: a captação direta, a barragem de nível, canal de derivação,
canal de regularização, reservatórios de regularização, torre de tomada, poço de derivação e a
captação das águas da chuva (LEME, 1984; PUPPI, 1981).

No caso das águas subterrâneas existem várias opções para a captação, sendo as
principais a caixa de tomada, as galerias filtrantes, os drenos os poços. Estes últimos podem
ser rasos, profundos, artesiano ou poço profundo semi-artesiano. Os poços rasos, conhecidos
como poço escavado ou caipira, são indicados quando o lençol aqüífero está a menos de 20
metros de profundidade e exigem a necessidade de sistemas de elevação da água através de
mecanismos manuais ou mecânicos como as bombas d'água (CAMPOS, 2000; PUPPI, 1981 ).

Os poços artesianos fornecem água que jorra sem necessidade de meios de


elevação mecânica e sem consumo energético. Em algumas regiões a água produzida nesses
poços apresenta temperaturas elevadas, podendo ser aproveitada em trocadores de calor. O
poço semi-artesiano também atinge o lençol freático a grandes profundidades e necessita de
um mecanismo de elevação da água até a superfície. Para esta elevação de água do subsolo
são utilizados sistemas motores-bombas (CAMPOS, 2000).

3.4 ADUÇÃO

No estudo de um sistema de abastecimento d’água, aparece quase sempre a


necessidade de se projetar uma adutora. A adução é a operação de conduzir a água do
manancial à estação de tratamento ao sistema de distribuição, passando pelos reservatórios.
Assim, a adutora é uma canalização destinada a conduzir água bruta e/ou água tratada entre as
unidades de um sistema de abastecimento, podendo ser canais e galerias, em superfície livre
ou condutas em pressão. Levando-se em conta a energia utilizada, as adutoras podem ser
classificadas em adutoras por gravidade, por recalque ou mistas (HARDENBERGH, 1964).

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A qualidade dos tubos a ser usado nas adutoras, ferro fundido, fibro-cimento, aço,
concreto ou mesmo madeira, dependerá das condições e custos locais, a serem estudados
tecnicamente. A seção da adutora é determinada pela pressão disponível (carga) e pela vazão
necessária. O fator econômico é mais preponderante no projeto da adutora do que em
qualquer outra parte do sistema de abastecimento (HARDENBERGH, 1964).

A adução por gravidade pode ser em conduto livre ou em conduto forçado. Em


adutora com conduto livre a água escoa sempre em declive, mantendo uma superfície livre
sob o efeito da pressão atmosférica; em sistemas maiores, apresentam grande seção, podendo
ser galerias, túneis ou canais e, em sistemas menores, são tubulações ou canais de pequena
seção. Nas adutoras em conduto forçado a água corre sob pressão, processando-se o
escoamento por gravidade (HARDENBERGH, 1964; SOUSA, 2001).

A adução por recalque, ou através de bombeamento, existe um conjunto elevatório


ou estação de bombeamento. A água é conduzida sob pressão de um ponto a outro mais
elevado, através de um conjunto motor-bomba. As demais características, no entanto, são
iguais às do conduto forçado (BARROS, 1995).

A adução do tipo combina trechos de escoamento por gravidade, quando possíveis,


com outros trechos de escoamento por recalque, aproveitando assim os desníveis favoráveis
do percurso e reduzindo o consumo de energia necessária para o bombeamento da água
(BARROS, 1995).

Estações elevatórias são instalações que servem para bombear a água a pontos
mais elevados a fim de garantir a vazão nas linhas adutoras, sendo consumidores
representativos de energia elétrica, basicamente pelo uso de bombas e seus motores de
acionamento (BARROS, 1995).

3.5 TRATAMENTO DE ÁGUA DE MANANCIAL SUPERFICIAL

O tratamento da água tem por objetivo condicionar as características da água bruta,


isto é, da água como encontrada na natureza, a fim de atender à qualidade necessária a um
determinado uso. A água a ser utilizada para o abastecimento público deve ter sua qualidade
ajustada de forma a (BARROS, 1995):

• Atender aos padrões de qualidade exigidos pelo Ministério da Saúde e aceitos


internacionalmente;

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• Prevenir o aparecimento de doenças de veiculação hídrica, protegendo a saúde da
população;

• Tornar a água adequada a serviços domésticos;

• Prevenir o aparecimento da cárie dentária nas crianças, através da fluoretação;

• Proteger o sistema de abastecimento de água, principalmente tubulações e órgãos


acessórios da rede de distribuição, dos efeitos danosos da corrosão e da deposição de
partículas.

O tratamento da água pode ser parcial ou completo, de acordo com a análise prévia
de suas características físicas, químicas e biológicas. O tratamento coletivo é efetuado numa
Estação de Tratamento de Água (ETA), onde passa por diversos processos de depuração.

Os processos de depuração são diversos, todos eles de alcance parcial ou limitado,


uma vez que não existe um com atuação universal que isoladamente promova a remoção ou
eliminação de todas as impurezas presentes. Daí a necessidade de sistematizá-los,
processando-se a potabilização por fases, cada uma correspondendo a um órgão específico da
estação de tratamento. As etapas do processo de depuração são: clarificação, desinfecção,
fluoretação e correção do pH (PUPPI, 1981).

3.5.1 Processo de Clarificação

A clarificação é definida como sendo a remoção da matéria finamente dividida e


em suspensão em água. A clarificação quando necessária é o primeiro passo a ser dado em
qualquer tipo de tratamento de água. A etapa de clarificação constitui-se de um conjunto de
operações unitárias, destinadas à remoção de sólidos presentes na água, incorporando as
operações básicas de coagulação, floculação, decantação e filtração (BARROS, 1995; PUPPI,
1981).

A clarificação, cuja função essencial consiste na remoção da turbidez, apresenta


uma grande importância no tratamento de águas de abastecimento, proporcional à importância
do parâmetro turbidez na potabilidade da água. Uma água que atenda aos rigorosos requisitos
de turbidez padrões de potabilidade garantem: uma aparência esteticamente adequada;
quantidades reduzidas de microrganismos; desempenho adequado durante o processo de
desinfecção, devido à ausência de sólidos capazes de proteger os patogênicos da ação do
desinfetante (BARROS, 1995).

19
3.5.1.1 Teoria da Mistura

O processo mecânico no qual a água é agitada para que nela se criem um gradiente
de velocidade que definam a intensidade da agitação, e denominado mistura. Fatores que
influem na eficiência da mistura: tempo de mistura do coagulante, que deve ser extremamente
curto; intensidade de agitação, que deve ser elevada para assegurar completa dispersão do
coagulante (LEME, 1984).

A mistura é efetuada em câmaras denominadas “câmaras de mistura rápida”, nas


quais se assegura uma coagulação homogênea. Por isso é imprescindível uma mistura intensa
no ponto de aplicação do coagulante na água, para que se possa garantir uma distribuição
homogênea e uma exposição das partículas finas existentes na água ao coagulante, antes que a
reação termine. A mistura é uma operação de pré-tratamento da água de grande importância
para o funcionamento eficiente dos decantadores (LEME, 1984).

3.5.1.2 Teoria da Coagulação

A coagulação é um processo químico de pré-tratamento empregado para a


remoção de substancias no estado coloidal, produtoras de turbidez e de materiais finamente
divididos em suspensão, que resultam da decomposição de materiais ou despejos industriais,
entre os colóides, encontram-se partículas de argila, matéria orgânica, bactérias algas e
substancias produtoras de cor (LEME, 1984).

As principais funções da coagulação são: a desestabilização, agregação e adesão


simultânea de colóides, Os quais se caracterizam pela sua estabilidade, ou seja, falta de
tendência a aglomeração (LEME, 1984).

A coagulação exige a adição e mistura rápida de um coagulante à água a ser


tratada. A reação química resultante neutraliza as cargas das partículas coloidais e forma um
precipitado. O mecanismo da coagulação consiste em alterar a carga das partículas,
provocando a aglutinação das mesmas, formando aglomerados maiores. Com isso tem-se um
aumento na velocidade de sedimentação. A predominância de ânions na estrutura das
partículas resulta na carga negativa. A neutralização das cargas negativas acontece por que da
dissociação do coagulante resulta cátions polivalentes, estes substituem os monovalentes da
estrutura da partícula, havendo como conseqüência a neutralização das cargas, diminuindo o
potencial zeta e favorecendo a junção das partículas (LEME, 1984; MORGADO, 1994).

20
3.5.1.2.1 Principais agentes coagulantes

Muitas substâncias são utilizadas para a coagulação, mas principais coagulantes


disponíveis no mercado para tratamento de água são: Sulfato de alumínio, Sulfato ferroso,
Aluminato de sódio, cloreto férrico, Hidróxido de cálcio, hidroxicloreto de alumínio e sulfato
férrico. Dentre estes o sulfato de alumínio e mais utilizado nas estações de tratamento de
água (BABITT et Al, 1976; PAVANELLI, 2001).

O Sulfato de alumínio, também chamado de alúmen. Apresentam fórmula


Al2(SO4)3.18H2O ou Al2(SO4)3. 14H2O. O produto comercial é sólido cristalino, cinza, sujo ou
amarelado, a pureza é de acordo com o teor de Al 2O3, aproximadamente de 17%, a melhor
faixa de pH para coagulação depende da quantidade de sulfato de alumínio utilizado. O
produto com 14 moléculas de água de cristalização é aproximadamente 12% mais duro do que
o produto com 18 moléculas (BABITT et al, 1976).

O sulfato de alumínio líquido é produzido a partir de hidrato de alumínio. Deve-se


manter um teor de água suficiente para impedir a cristalização; apresenta 7 a 8% de Al 2O3,
com teores acima de 8,26%, o produto pode cristalizar. A boa qualidade do produto se mede
pelo teor de resíduos insolúveis e é incolor, um dos parâmetros é o teor de ferro, expresso em
função de Fe2O3, com valores menores de 0,02% (MACEDO, 2004).

A dosagem de sulfato de alumínio depende das características da água a ser


tratada. As águas com concentrações relativamente baixas de partículas coloidais, em geral,
águas superficiais utilizadas no abastecimento público, delimita-se a dosagem de sulfato de
alumínio entre 2 e 30 mg/L e faixa de pH de coagulação de 5,0 a 6,8 (MACEDO, 2004).

A determinação das dosagens ótimas dos coagulantes a serem empregados numa


estação de tratamento de água - ETA é definida através do teste do jarro, onde se monitora a
velocidade de agitação, pH, quantidade do produto químico, temperatura e tempo de
decantação (MACEDO, 2004).

O aparelho para o teste do jarro consta de seis cubas com pás misturadoras, nas
quais a velocidade de rotação possa ser ajustada. Sendo a melhor dosagem aquela da cuba na
qual aconteceu melhor floculação. (MACÊDO, 2004).

Para que o sulfato de alumínio possa reagir, para formar um precipitado, é


necessário que a água, dentro da qual é colocado, contenha alguma alcalinidade, usualmente

21
sob forma de bicarbonato de cálcio, que pode ser natural ou adicionada (BABITT et al, 1976;
MACEDO, 2004):
Reações químicas para o sulfato de alumínio:

• Reações com alcalinidade natural

1) Al2(SO4)3. 18 H2O + 3 Ca(HCO3) → 3 CaSO4 + 2 Al(OH)3 + 6 CO2 + 18 H2O

2) 2FeSO4.7H2O + 2Ca(HCO3)2 + ½ O2 → Fe(OH)3 +n 2CaSO4 + 4CO2 + 6H2O

3) 2FeSO4.7H2O + 3Ca(HCO3)2 + Cl2 → Fe(OH)3 + 2CaSO4 + CaCl2 + 6CO2 + 7H2O

4) Fe2(SO4)3 + 3Ca(HCO3)2 → 2Fe(OH)3 + 3CaSO4 + 6CO2

• Reações com alcalinidade adicionada

Al2(SO4)3 .18 H2O + 3 Na2CO3 + 3H2O → 3Na2SO4 + 2 Al(OH)3 + 3CO2 + 14,3 H2O

Al2(SO4)3. 14,3 H2O + 3 Ca(OH)2 → 3 CaSO4 + 2 Al(OH)3 + 14,3 H2O

Os principais auxiliares de coagulação são: Bicarbonato de sódio (NaHCO3),


Carbonato de sódio (Na2CO3), Hidróxido de sódio (NaOH), Óxido de cálcio (CaO) e o
Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2).

Agente coadjuvante de floculação é todo produto que, de alguma forma, aumenta


sensivelmente o desempenho do processo de coagulação, quando usados em conjunto com os
agentes coagulantes. Os principais coadjuvantes são a sílica ativada e os polieletrólitos.

Polieletrólitos são polímeros originários de proteína e polissacarídeos de natureza


sintética e natural. De acordo com a carga da cadeia polimérica pode ser catiônico e aniônico.
Os polieletrólitos são divididos em duas subclasses: fracos e fortes. No Brasil, em função das
características das águas e sólidos suspensos são utilizados os aniônicos (MACEDO, 2004)

Tanto polímeros sintéticos, como os naturais (amidos em geral), são considerados


auxiliares de floculação e filtração. Os sintéticos são utilizados para aumentar a velocidade de
sedimentação dos flocos, a resistência às forças de cisalhamento que podem ocorrer na
veiculação da água floculada e a diminuição da dosagem do coagulante primário. Já os
naturais são utilizados para reduzir a ocorrência de transpasse dos flocos no filtro e aumentar
a taxa de filtração (MACÊDO, 2004).
22
A sílica ativada utiliza-se de uma solução parcialmente neutralizada de silicato de
sódio, tratado com ácido sulfúrico. Como auxiliar de coagulação ela apresenta vantagens na
redução da dosagem de coagulante, aumenta a faixa de pH ótimo produzido flocos com
melhores propriedades de decantação e resistência. Quando utilizada junto com o sulfato de
alumínio ou sulfato ferroso, a sílica, por sua elevada carga negativa, promove a formação de
flocos maiores, mais densos e resistentes, com isso, aumenta a eficiência de coagulação
(MACÊDO, 2004).

3.5.1.3 Teoria da Floculação

A floculação é a aglomeração de partículas de coagulante e de meteria em


suspensão na água, formando conjuntos maiores e mais densos, denominados flocos. Ela é
efetuada por meio de processo mecânico que produz agitação na água, com o objetivo de criar
gradientes de velocidade que causem turbulência para provocar choques ou colisões entre as
partículas coaguladas se sulfato de alumínio e as existentes na suspensão e estado coloidal da
água. Os gradientes são limitados para que não ultrapassem a capacidade de resistência do
cisalhamento das partículas (LEME, 1984).

Os contatos formados permitem que os flocos aumentem de tamanho e densidade,


tornando-os mais fáceis a sedimentação, o que contribui para que se obtenha uma melhor
clarificação da água que esta sendo purificada. A dosagem ideal de coagulantes e floculantes
pode ser determinada experimentalmente através de um teste de Jarro (LEME, 1984).

A eficiência da floculação depende da intensidade da agitação fornecida, que deve


cair gradientes de velocidades tais que não conduzam a esforços cortantes, geradores de
tensões cisalhantes superiores às tensões admissíveis do material coagulado (LEME, 1984).

Os floculadores são dotados de mecanismos de agitação e, desta forma, são


divididos em hidráulicos e mecânicos. Os floculadores hidráulicos podem ser do tipo
chicanas, conjunto de cortinas verticais formando compartimentos em série; Nos de
floculação mecânica a energia utilizada para formação dos flocos é fornecida por agitadores,
acionados por sistema eletromecânico.

Os tipos mais comuns de floculadores mecânicos são os de eixo vertical e


horizontal. Com agitadores de do tipo paleta, do tipo hélice e do tipo turbina de fluxo axial.
Cada um destes tipos de equipamentos possui um consumo de energia elétrica devida aos
motores existentes para os acionamentos (BARROS, 2005; MACEDO, 2004).

23
3.5.1.4 Teoria da Decantação ou Sedimentação

A decantação ou sedimentação é um processo dinâmico de separação de partículas


sólidas suspensas nas águas, consiste na utilização da força gravitacional para separar
partículas de densidade superior a da água, depositando-as em uma superfície ou zona de
armazenamento. Essas partículas, sendo mais pesadas do que a água, tenderá a cair para o
fundo, com certa velocidade (NETTO, 1977).

Sedimentação é o efeito da gravidade sobre as partículas suspensas num liquido de


densidade inferior. Sob a influencia da gravidade, qualquer partícula com densidade maior
que a da água se sedimentara com velocidade crescente até o momento em que a resistência
do liquido se igualar ao peso efetivo da partícula (LEME, 1984).

A temperatura da água influência na sedimentação através da viscosidade, que


influencia na velocidade das partículas, assim as sedimentação é mais eficiente em águas de
temperaturas mais e elevados por nestas a viscosidade diminui (LEME, 1984).

As unidades onde se realiza o processo de decantação são denominadas de


decantadores. Tipos de decantadores:

a) Em função do escoamento da água

• Decantadores de escoamento horizontal: a água escoa na direção longitudinal, sendo


que o comprimento é a dimensão predominante;

• Decantadores de escoamento vertical: a água escoa em movimento ascendente da parte


inferior até a superfície dos tanques;

b) Em função das condições de funcionamento

• Decantadores do tipo clássico ou convencional: são aqueles em que se processa apenas


a sedimentação com água já floculada.

• Decantadores com contato de sólidos: são aqueles que promovem simultaneamente a


agitação, floculação e a decantação.

• Decantadores com escoamento laminar: o escoamento se dá em regime laminar.

A eficiência de funcionamento de um decantador depende das condições em que a


água entre e se distribui na unidade. Ou seja, a distribuição da água a ser decantada deve ser
tão uniforme quanto possível (NETTO, 1979).

24
3.5.1.5 Teoria da filtração

É um processo físico e químico empregado na purificação da água que remove


impurezas colidais através de sua passagem por um meio poroso que é constituído
normalmente de um leito de areia ou outro material granular. A água ao encher os poros deixa
as impurezas nas aberturas ou sobre o próprio material granular e os mecanismos de natureza
física e química envolvidos na filtração são a adsorção, a floculação, a sedimentação e a
coagem (LEME, 1984)

A adsorção, que caracteriza a adesão das impurezas á superfície dos grãos do leito
filtrante um fator importante no trabalho dos filtros e depende das características físicas da
suspensão e do filtro, sendo uma função da granulometria do leito e dos flocos. A floculação e
a sedimentação, embora sejam de menor importância, ocorre no interior dos poros, devendo-
se a elas o crescimento que se processa em alguns flocos em virtude da oportunidade
permitida pelo contato entre as partículas, graças ao qual os flocos ficam retidos nos poros. A
coagem é a retenção pura e simples que se processa nos flocos de maior tamanho que os poros
existentes. (LEME, 1984).

3.5.1.5.1 Classificação dos filtros

A classificação dos filtros pode ser feita de acordo com o material filtrante, de
acordo a disposição do material filtrante, de acordo com o sentido de escoamento da água ou
de acordo com a taxa de velocidade da filtração. Veja tabela 01 (LEME, 1984).

O meio filtrante pode ser constituído de diferentes materiais (antracito, areia e


granada) na filtração descendente; na filtração direta ascendente, emprega-se apenas areia
como meio filtrante e pedregulho na camada suporte. Na filtração direta ascendente, em geral,
o meio filtrante é constituído de areia com grãos se comparado com a filtração descendente, o
que leva a um maior consumo de água de lavagem na filtração (MACÊDO, 2004).

O filtro rápido é formado de uma camada de areia, e pode ainda, possui uma outra
camada de um meio poroso mais grosso e menos denso, como o antracito, que é colocado
sobre a areia, o que permite taxas de filtração ainda maiores. Em média a taxa nominal de
filtração dos filtros de uma camada, está compreendida entre 120 e 360 m3 / m2dia; enquanto
os de duas camadas variam de 240 a 600 m3/m2 dia (RICHTER e AZEVEDO NETO, 1991).

25
Tipo de material do Disposição do material do Sentido de Velocidade ou
meio filtrante. leito filtrante. escoamento da água. taxa de filtração.
De areia; Em camadas superpostas de De escoamento Lentos;
areia com granulometria descendente;
diferente;
De carvão ou Em camadas de areia e carvão; Rápidos;
antracinto;
De carvão-areia; Em camadas de areia, De escoamento De pressão;
antracinto, garnet; ascendente;
De terra diatomácea; De gravidade.
De antracinto, areia e De leito misturado. Duplo escoamento.
garnet.
Tabela 01: Classificação dos filtros.

Os filtros de gravidade de grande área - com finalidade de obter economia –


podem ser subdivididos em duas câmaras: filtros simples e filtros duplos. Os filtros de
camada única utilizam-se a camada torpedo que é uma camada de areia mais grossa, com
espessura de 0,08 a 0,125 m, colocada sob a camada filtrante de areia.

A camada de pedregulho assenta sobre uma placa provida de orifícios,


denominada de fundo falso, situado pouca acima do fundo verdadeiro. É composta de cinco
subcamadas, recebe também o nome de camada suporte.

Os filtros rápidos são lavados contracorrente, ou seja, por inversão de fluxo, com
uma vazão capaz de assegurar a expansão adequada para o meio filtrante. Expansões acima de
50% são indesejáveis, porque reduzem o processo de atrito entre os grãos e permitem a perda
do material filtrante. Na prática consideram-se como ideal, as expansões do material filtrante
que variam de 25 a 50% (sendo o valor mais comum de 40%). No filtro de duas camadas,
além da temperatura da água, velocidade ascensional da água de lavagem, deve-se levar em
consideração a expansão da areia e do antracito. Atualmente, recomenda-se que a velocidade
ascensional não seja inferior a 0,80 m/s (RICHTER e AZEVEDO Neto, 1991).

Os filtros, após certo período de trabalho, precisam ser submetidos a uma limpeza
feita por uma lavagem hidráulica por reversão do escoamento executada no próprio leito
filtrante. Esta lavagem algumas vezes pode ser auxiliada pela condução de jatos de água no
interior do leito expandido por meio de injeções de ar antes ou durante a lavagem (LEME,
1984).

26
3.6 TRATAMENTO DE ÁGUA DE MANACIAL SUBTERRÂNEO

Uma parte da água da chuva, que se infiltra no solo, reaparece à superfície deste,
não somente como agente capaz de manter uma certa uniformidade na descarga dos cursos
d’água como também sob a forma de poços e fontes. Água Subterrânea pode ser definida
como a água existente no subsolo. Preenchendo os poros e fraturas das rochas, a água passa
por um processo de filtragem natural e fica acumulada, dando origem aos aqüíferos. A
formação desses aqüíferos subterrâneos ocorre de formas variadas, com diversos níveis de
profundidade. Através da construção de poços artesianos, essa água pode ser captada para ser
utilizada no abastecimento público (AGUA.BIO, 2008; HARDENBERGH, 1964).

As águas subterrâneas normalmente contêm menos bactérias, menos matéria


orgânica e maior quantidade de substâncias minerais do que as águas de superfície. Com
exceção dos terrenos calcáreos, as águas subterrâneas podem carregar grande quantidade de
matéria orgânica e bactérias, uma vez que circulam elas nesses terrenos através das fendas e
canais que ordinário ali se formam por efeito da erosão (HARDENBERGH, 1964).

A água de lençóis subterrâneos muito profundos tem geralmente uma excelente


qualidade, apresentando uma composição constante num mesmo lençol, sendo menos
vulnerável à poluição que a água de camadas menos profundas (NATURLINK, 2008).

De um modo geral, a água subterrânea não contém oxigênio dissolvido. Podem


encontrar-se neste tipo de água algumas substâncias como o gás carbônico, ferro, manganês,
amônia ou ácidos húmicos e mais raramente nitratos e pesticidas, quando em zonas onde se
pratica uma agricultura intensiva (NATURLINK, 2008).

Os poços artesianos fornecem água que jorra sem necessidade de meios de


elevação mecânica. O poço semi-artesiano também atinge o lençol freático a grandes
profundidades, mas, no entanto, necessita de um mecanismo de elevação da água até a
superfície, Para esta elevação de água do subsolo são utilizados sistemas motores-bombas.
Quando o manancial fornece água naturalmente potável, o tratamento pode ser dispensado.

Depois de captada, a água proveniente dos poços é levada para um reservatório


apropriado e recebe o tratamento adequado. O tratamento se dá em função dos problemas
existentes, podendo-se recorrer às seguintes tecnologias de tratamento para tornar a água
potável (NATURLINK, 2008):

• Arejamento: para oxigenar e retirar gás carbônico;

27
• Filtração: através de areia para eliminar ferro e manganês e eventualmente amônia;

• Desinfecção: para garantir a qualidade bacteriológica durante a adução até à


distribuição. A desinfecção é realizada geralmente com cloro através de uma solução de
hipoclorito de sódio (NaOCl);

• Tratamentos específicos: para eliminação de nitratos e pesticidas (por exemplo, remoção


de azoto e filtração em carvão ativado granular, respectivamente).

3.7 DESINFECÇÃO

A importância da desinfecção da água está intimamente ligada ao problema da sua


segurança sanitária, conseguida através da eliminação dos agentes capazes de produzir as
doenças de veiculação hídrica. Ela só pôde ser realmente conhecida pelo homem após as
experiências de Pasteur, que comprovaram a tese de que as doenças eram produzidas por
microrganismos. O emprego da desinfecção no tratamento da água permitiu que se
conseguissem excelentes resultados na eficiência do sistema de controle e eliminação de
vários tipos de doenças. (LEMME, 1984).

Tecnicamente, aplica-se a simples desinfecção como meio de tratamento para


águas que apresentam boas características físicas e químicas, a fim de garantir seu aspecto
bacteriológico. É o caso das águas de vertentes ou nascentes, águas de fontes ou de poços
protegidos, que se encontram enquadradas na classe Especial da Resolução CONAMA nº 20/
86. Na prática, a simples desinfecção, sem outro tratamento, é muito aplicada. Em épocas de
surtos epidêmicos, a água de abastecimento público deve ter a dosagem de desinfetante
aumentada. Em casos de emergências, deve-se garantir, por todos os meios, a água potável, e
a desinfecção, em alguns casos, é mais prática que a fervura. A desinfecção é também
aplicada à água após seu tratamento, para eliminar microorganismos patogênicos porventura
presentes no sistema de distribuição.

A desinfecção é a destruição de microrganismos patogênicos presentes na água,


incluindo bactérias, protozoários, vírus e algas capazes de infectar o homem através de seu
consumo em água contaminada. A desinfecção pode ser feita por cloração, ozonação ou por
meio de radiação ultravioleta. Entre os processos utilizados numa desinfecção o mais
largamente empregado no tratamento da água é a cloração (LEME, 1984).

A cloração é a injeção de um produto químico clorado, altamente oxidante à água.


A finalidade desta operação é oxidar diversas impurezas contidas na água. A cloração é usada

28
no tratamento de água para efetuar a desinfecção, visando á destruição de microorganismos
patogênicos, controle dos microorganismos e para a oxidação. Como agente oxidante é usado
na remoção de ferro e manganês, destruição de compostos causadores de gosto e odor, e na
eliminação do N2 amoniacal (MACEDO, 2004).

O cloro é mais pesado do que o ar. Possui cor verde-amarelado, é um gás tóxico.
O cloro em reação com a água tende a abaixar o pH desta, enquanto os hipocloritos tende a
aumentá-los. É um agente oxidante forte; reagindo com uma grande numero de substâncias.
O cloro líquido é extremamente corrosivo, as tubulações deverão ser de materiais resistentes à
corrosão. O seu vapor irrita o sistema respiratório, podendo causar acidentes se houver
exposição prolongada ao mesmo. Os hipocloritos são sais do ácido hipocloroso. A forma mais
utilizada é a do Hipoclorito de Cálcio (Ca(OCl)2. O hipoclorito de sódio (NaOCl),
normalmente está disponível no mercado na forma líquida, tendo concentração entre 5 e 15%
de cloro disponível. A maioria das estações de tratamento de água utiliza o cloro liquido ou
gasoso por ser mais econômico (MORGADO, 1994).

A pratica atual da desinfecção é baseada no estabelecimento de um dado residual


de cloro durante o tratamento e, depois, manter um outro valor adequado até atingir o
consumidor. Assim, a maior parte de qualidade da água tratada se resume na determinação do
residual de cloro no sistema de distribuição (MORGADO, 1994).

3.8 FLUORETAÇÃO

Fluoretação é um processo utilizado para a aplicação de produtos de flúor na água


de abastecimento público, constituído de uma simples adição de maneira controlada. O flúor
traz efeitos benéficos se a criança o ingere regularmente, desde o seu nascimento até a
formação dos dentes. A estatística, incluindo as efetuadas em algumas cidades brasileiras, tem
comprovado sua eficiência na redução de 50 a 70% da incidência de cáries. A fluoretação
sendo um processo simples, seguro, barato e de grande alcance social vem tendo gradativa
aceitação em nosso país (SABESP, 2008).

Os compostos mais utilizados no processo de fluoretação são: fluorsilicato de


amônio [(NH4)2SiF6] que se apresenta como cristais brancos; fluorita ou fluoreto de cálcio
(CaF2) na forma de pó; ácido fluorsilicíco (H2SF6) como líquido altamente corrosivo; fluoreto
de sódio (NaF) sob forma de pó e flúorsilicato de sódio (Na2SiF6) (YAGUINUMA, 1979).

29
Além da redução dos níveis de cáries, a fluoretação das águas contribui para a
maturação do esmalte, e estes impactos são mais sensíveis nas populações de baixa renda. O
excesso da concentração do íon fluoreto na água, responsável pelo desfiguramento do esmalte
e causando manchas nos dentes (YAGUINUMA, 1979).

3.9 CORREÇÃO DO pH

Ocorre a correção de pH, quando é adicionada cal hidratada ou barrilha leve


(carbonato de sódio) para uma neutralização adequada à proteção da tubulação da rede e da
residência dos usuários (COPASA, 2008).

A corrosão de canalizações, válvulas e equipamentos metálicos representam um


grande prejuízo anual para os serviços de abastecimento da água. As tubulações corroídas,
além de terem a sua vida útil reduzida, apresentam menor capacidade de condução de água
(NETTO, 1977).

Depois do tratamento químico para o tratamento da água, estas ficam agressivas e


geralmente mais corrosivas do que as águas naturais. Algumas impurezas (CO2, ácidos
diluídos, cloretos) presentes nas águas podem favorecer e acelerar a corrosão (NETTO, 1977).

As águas tratadas, antes de serem distribuídas, deveram ser alcalinizadas, isto é,


deverão receber uma quantidade de um alcalinizante para que ocorra correção do Ph, ou seja,
a elevação do pH, tornando a água menos ácida ( NETTO, 1977).

3.10 RESERVAÇÃO

Nos serviços de água os reservatórios são usados para repesar a água, pára
acumular água, para equilibrar vazões, para equilibrar pressões no sistema de distribuição e
para outros fins. Um reservatório usado para armazenar água é um reservatório de
armazenamento, o que é usado para compensar as vazões é um reservatório de compensação e
o que é usado para compensar as pressões num sistema de distribuição é conhecido como um
reservatório de distribuição. Um reservatório de compensação situado no lado da sucção de
uma bomba pode ser chamado câmara de sucção, poço de sucção ou poço úmido. Os
reservatórios são usados para uma multiplicidade de objetivos (BABITT, 1976).

No sistema de distribuição os reservatórios podem ser classificados, de acordo


com sua posição, como superficial ou elevado, ou de acordo com o material com que foram

30
construídos, tais como aço, concreto, madeira ou terra (BABITT, 1976; HARDENBERGH,
1964).

Após o tratamento, a água segue para a distribuição para a população, ou então,


para a reservação estratégica em reservatórios de água tratada. Os reservatórios podem ser ao
nível do terreno, enterrados ou semi-enterrados, elevados e standpipes. Os reservatórios
elevados estão numa estrutura de sustentação e são empregados quando há necessidade de
aumentar a pressão em conseqüência de condições topográficas. Os standpipes são
reservatórios de grande diâmetro, assentados verticalmente sobre o terreno. Seu objetivo é a
equalização da pressão na rede (PUPPI, 1981; COPASA, 2008).

No processo de abastecimento os reservatórios têm como principais funções operar


como reguladores da distribuição, atendendo à variação horária do consumo, assegurando
uma reserva d'água para atender as condições de emergência, atender à demanda no caso de
interrupções de energia elétrica e a manutenção de pressões na rede distribuidora
(HARDENBERGH, 1964).

3.11 DISTRIBUIÇÃO

O projeto de um sistema de distribuição compreende os seguintes pontos


característicos: a seleção do método de armazenamento e de distribuição de água; a
determinação da pressão exigida nas tubulações; a localização dos vários reservatórios, tubos,
registros, válvulas e hidrantes; e os cálculos para a determinação das capacidades dos
reservatórios e dos diâmetros das tubulações. Antes de iniciar o projeto, é necessário obter
informações fundamentais por meio de levantamentos completos e preparo de plantas que
possam ser usadas no estudo do sistema (HARDENBERGH, 1964).

Um sistema de distribuição de água inclui tubos, registros, hidrantes e acessórios


para o transporte da água; reservatórios para fins de armazenamento, compensação e
distribuição; tubos de derivação para os consumidores; hidrômetros; e todas as demais peças
do sistema de transporte, após a água deixar a estação de bombeamento ou os reservatórios de
distribuição. Uma rede de distribuição atravessa todas as ruas da cidade, onde, em frente a
cada um dos prédios é efetuada uma ligação a um outro tubo de menor diâmetro denominado
ramal predial. Este ramal se encarregará de abastecer os consumidores. (BABITT, 1976).

O traçado dos sistemas de distribuição pode ser classificado, por conveniência,


como: (1) sistemas em anel ou circuitos; (2) sistemas em malha e (3) sistemas em árvore. Os

31
nomes são descritivos da maneira pela quais os tubos de distribuição são dispostos no plano.
A maioria dos sistemas de distribuição contém aspectos de cada tipo de traçado; praticamente
nenhum é um exemplo de apenas um sistema, embora o sistema em malha seja,
provavelmente, o mais comum, especialmente nas grandes cidades (BABITT, 1976).

Numa rede malhada as tubulações são distribuídas pela área a ser abastecida,
formando malhas. A água circula em qualquer direção de acordo com as solicitações do
consumo, evitando assim as extremidades mortas no sistema. As redes malhadas são as mais
comuns, já que quase todos os centros urbanos se estendem em várias direções. No caso de
cidades pequenas, pode haver um único anel; nas cidades maiores, poderão existir diversos,
cada qual abastecendo um determinado setor da cidade.

Quando a pressão se situa numa faixa abaixo do satisfatório, o sistema encontra-se


prejudicado, pois não conta com pressão mínima que permita ao usuário receber água em
vazão suficiente, ou sequer receber água. A pressão insuficiente na rede ainda pode
comprometer a qualidade da água fornecida, uma vez que as infiltrações poderão ocorrer
sendo a pressão externa à rede maior que a interna. Já quando a pressão for maior que o
satisfatório, a rede estará mais propensa a vazamentos.

A suficiência de um sistema de distribuição é determinada pelas pressões que


existem em vários pontos do mesmo, sob condições de operação. Por outro lado, as pressões
devem ser suficientes para atender aos consumidores e à demanda contra incêndio; por outro
lado, as pressões desnecessariamente altas são onerosas (BABITT, 1976).

3.12 QUALIDADE DA ÁGUA

A água a ser usada num suprimento público deve ser potável, não deve ser
quimicamente pura, porque a água carente de matéria dissolvida e em suspensão não tem
paladar e é anti-higiênica, acredita-se que a presença de certos minerais na água é essencial à
saúde, e por este motivo algumas águas são consideradas mais saudáveis que outras. A água
que é ideal como bebida, pode não ser própria para outros fins (BABITT, 1976).

Água quimicamente pura não é encontrada na natureza, devido ao seu poder


solvente quase universal. As águas naturais podem ser poluídas pela drenagem das áreas
urbanas e rurais. A água poluída é definida como uma água inofensiva maculada pelo esgoto
ou outros líquidos ou suspensões, tornando-se ofensiva a visão e ao olfato, e insatisfatória
para bebida, uso doméstico ou fins industriais. Água contaminada é aquela especificamente

32
poluída pela introdução de materiais tóxicos, bactérias, ou outras substâncias deletérias, as
quais tornam a água imprópria para uso. Água infectada é aquela contaminada com
organismos patogênicos (BABITT, 1976).

A qualidade de um manancial proposto para o suprimento público de água deve


ser apreciada tendo por base uma pesquisa sanitária do mesmo, uma análise completa, e um
estudo das considerações econômicas e estéticas envolvidas (BABITT, 1976).

A qualidade de uma água é definida por sua composição química, física e


bacteriológica. Para o consumo humano há necessidade de uma água pura e saudável, livre de
matéria suspensa visível, cor, gosto e odor, de quaisquer organismos capazes de provocar
enfermidades e de quaisquer substâncias orgânicas ou inorgânicas que possam produzir
efeitos fisiológicos prejudiciais (LEME, 1984).

A qualidade de determinada água é avaliada por um conjunto de parâmetros


determinados por uma série de análises físicas, químicas e bacteriológicas (RICHTER e
AZEVEDO Neto, 1991).

3.12.1 Variáveis Físico-Químicas das Águas

3.12.1.1 Cor

A cor na água é, usualmente, devido a matéria orgânica em suspensão coloidal,


podendo, porém, ser devido a matéria mineral em solução, como um colóide, ou em
suspensão. Os materiais corantes podem ser associados pelas águas de superfície ao fluir
através de pântanos, ou pelas águas subterrâneas ao dissolverem minerais. As águas túrbidas
são menos prováveis de ser altamente coloridas como as águas claras, devido a possível
remoção de matéria coloidal por adsorção nas maiores partículas da matéria em suspensão,
que causa turbidez (BABITT, 1976).

A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de intensidade


que a luz sofre ao atravessa, devido à presença de sólidos dissolvidos, principalmente material
em estado coloidal orgânico e inorgânico. Dentre os colóides orgânicos pode-se mencionar os
ácidos húmico e fúlvico, substâncias naturais resultantes da decomposição parcial de
compostos orgânicos presentes em folhas, dentre outros substratos (CETESB, 2008)

A cor da água é o resultado principalmente dos processos de decomposição que


ocorrem no meio ambiente. Por isso, as águas superficiais estão mais sujeitas a ter cor do que

33
as águas subterrâneas. Além disso, pode-se ter cor devido à presença de alguns íons metálicos
como ferro e manganês, plâncton, macrofilas e despejos industriais (MACEDO, 2004).

A cor, em sistemas públicos de abastecimento de água, é esteticamente indesejável


para o consumidor e economicamente prejudicial algumas indústrias. A cor é medida em uH,
unidade de escala de Hanzen-platina/cobalto.Os padrões de potabilidade de água para o
consumo humano descrito na portaria 518/2004 do Ministério da Saúde, estabelece para
água tratada o limite recomendado de 15 unidades de cor(MACÊDO, 2004).

3.12.1.2 Turbidez

A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de intensidade que um


feixe de luz sofre ao atravessá-la (e esta redução se dá por absorção e espalhamento, uma vez
que as partículas que provocam turbidez nas águas são maiores que o comprimento de onda
da luz branca), devido à presença de sólidos em suspensão, tais como partículas inorgânicas
(areia, silte, argila) e de detritos orgânicos, algas e bactérias, plâncton em geral, etc. A erosão
das margens dos rios em estações chuvosas é um exemplo de fenômeno que resulta em
aumento da turbidez das águas e que exigem manobras operacionais, como alterações nas
dosagens de coagulantes e auxiliares, nas estações de tratamento de águas (CETESB, 2008).

Os esgotos sanitários e diversos efluentes industriais também provocam elevações


na turbidez das águas. Um exemplo típico deste fato ocorre em conseqüência das atividades
de mineração, onde os aumentos excessivos de turbidez têm provocado formação de grandes
bancos de lodo em rios e alterações no ecossistema aquático (CETESB, 2008).

Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e algas. Esse


desenvolvimento reduzido de plantas pode, por sua vez, suprimir a produtividade de peixes.
Logo, a turbidez pode influenciar nas comunidades biológicas aquáticas. Além disso, afeta
adversamente os usos doméstico, industrial e recreacional de uma água (CETESB, 2008).

O método padrão para medir a turbidez é feito pelo “Turbidímetro de Jackson”,


que consiste essencialmente de uma vela e um tubo de vidro calibrado. È um método visual,
que se baseia na determinação da altura de uma coluna de amostra de água, que, observada
verticalmente, faz com que a imagem da chama da vela deixe ser visível.
Atualmente, utilizam-se os métodos denominados nefelométricos, mais sensíveis,
que consistem em equipamento com luz de tungstênio e detectores fotoelétricos, capazes de
detectar a luz que é dispersa num ângulo de 900C com a luz incidente. A unidade de turbidez

34
passou a ser denominada de “unidades nefelométricas de turbidez” (UNT) (RICHTER e
AZEVEDO Neto, 1991).

3.12.1.3 Sabor e Odor

Sabores e odores na água podem resultar de um ou combinações de fatores, como


a presença de microrganismos; mortos ou vivos, gases dissolvidos, tal como o sulfeto de
hidrogênio, metano, dióxido de carbono, ou oxigênio, matéria orgânica, substâncias minerais,
tal como cloreto de sódio, compostos de ferro, e carbonatos e sulfatos de outros elementos, e
fenóis e outras matérias alcatroadas e oleosas, ou ainda de fontes industriais de poluição
(BABITT, 1976).

A água pura não produz sensação de odor ou sabor nos sentidos humanos.
Espe1cialmente após a cloração. Alguns gostos, tais como aqueles conferidos pelo oxigênio
dissolvido ou dióxido de carbono, são desejáveis (BABIT, 1976; MACÊDO, 2004).

A detecção de sabor e odor e sua quantificação são bastante difíceis, pois depende,
exclusivamente, da sensibilidade dos sentidos humanos. Além disso, essa sensibilidade varia
de indivíduo para indivíduo e tende a diminuir com a constante exposição (MACÊDO, 2004).

3.12.1.4 Temperatura

A temperatura desempenha um papel principal de controle no meio aquático,


condicionando as influências de uma série de parâmetros físico-químicos. Em geral, à medida
que a temperatura aumenta a viscosidade, tensão superficial, compressibilidade, calor
específico, constante de ionização e calor latente de vaporização diminuem, enquanto a
condutividade térmica e a pressão de vapor aumentam as solubilidades com a elevação da
temperatura. Organismos aquáticos possuem limites de tolerância térmica superior e inferior,
temperaturas ótimas para crescimento, temperatura preferida em gradientes térmicos e
limitações de temperatura para migração, desova e incubação do ovo (CESTEB, 2008).

3.12.1.5 Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH é uma medida que estabelece a condição ácida ou alcalina da água sendo


importante em cada fase do tratamento da água. É um parâmetro de caráter operacional que
deve ser acompanhado para otimizar os processos de tratamento e preservar as
tubulações contra corrosões ou entupimentos. É um parâmetro que não tem risco sanitário
associado diretamente à sua medida (SABESP, 2008).
35
A concentração do íon hidrogênio numa solução é geralmente expressa em termos
do seu pH. O pH é o logaritmo, ou logaritmo negativo, do inverso da concentração do íon
hidrogênio, quando expresso em moles por litro. Modificações na concentração do íon
hidrogênio num suprimento de água as vezes afetam o metabolismo dos consumidores. A
maioria dos suprimentos de água tem um pH entre 6,8 e 7,2, porém existem águas potáveis
com um pH além desta faixa. Valores menores podem indicar corrosividade e valores
elevados podem indicar possibilidade de efeitos fisiológicos, assentamento de crosta ou
sedimento, ou dificuldade na cloração (BABITT, 1976).

Podemos determinar o valor do pH de acordo com a equação: pH= -log10 [H+].

Algumas substâncias são usadas como indicadores e possibilitam uma


determinação aproximada do pH por sofrer alterações de cor a vários níveis de pH. Algumas
gotas adicionadas a uma amostra, dão a esta amostra uma certa coloração que, comparada a
um disco colorímetro, corresponde ao valor do pH (RICHTER e NETTO, 1991).

Também se pode fazer leitura do pH através de pHmetros com eletrodos de vidro.


Esses aparelhos são mais precisos, além de sofrerem interferências de cor, turbidez ou
variedade de íons.

Nos sistemas de abastecimento público de água, o pH está geralmente


compreendido entre 6,5 e 9,5. De modo geral, águas de pH baixo tendem a ser corrosivas ou
agressivas a certos metais, paredes de concreto e superfícies de cimento-amianto, enquanto
que águas de alto pH tendem a formar incrustações (RICHTER e NETTO, 1991).

De acordo com a Portaria 518/04 do Ministério da Saúde a faixa recomendada de


pH na água distribuída é de 6,0 a 9,5 (SABESP, 2008).

3.12.1.6 Alcalinidade

A alcalinidade representa o teor de carbonatos, bicarbonato e hidróxidos e,


ocasionalmente, silicatos e fosfatos presentes na água. A alcalinidade é comumente
encontrada nas águas naturais sob forma de carbonato de sódio ou bicarbonato de cálcio e
magnésio. A alcalinidade cáustica, causada por hidróxidos, é uma caracter5stica indesejável.
É raramente encontrada nas águas naturais (BABITT, 1976).

A quantificação da alcalinidade em uma água tem grande importância, pois se


relaciona com o processo de coagulação com floculantes, que é uma das etapas do tratamento

36
convencional de água e com a prevenção de incrustações e da corrosão de canalizações de
ferro fundido (MACÊDO, 2004).

Os três tipos de alcalinidade são possíveis de serem encontradas em uma água


natural, alcalinidade a hidróxido (OH-), a carbonato (CO3-), e a bicarbonato (HCO3-). Sendo
que, somente dois tipos podem estar presentes simultaneamente numa mesma amostra, pois
haveria uma reação entre hidróxidos e bicarbonatos, que levaria a forma de carbonatos. A
tabela 02 apresenta a relação entre o pH e as alcalinidade (MACÊDO, 2004).

Faixa de pH Alcalinidade
> 9,4 Hidróxidos e carbonatos
8,3 – 9,4 Carbonatos e bicarbonatos
4,4 – 8,3 Bicarbonatos
Tabela 02: A relação entre pH e as diversas formas de alcalinidade.

3.12.1.7 Dureza

A propriedade da água conhecida por dureza é devida principalmente à presença


de carbonatos, bicarbonatos, sulfatos ou outros compostos de cálcio e magnésio. Compostos
de cálcio são a causa mais comum de dureza nos abastecimentos d’água, pois são facilmente
dissolvidos dos depósitos de calcáreo. Todavia, os compostos de magnésio são também causa
importante de dureza. Em um grau menor, a dureza pode ser causada por certos compostos de
ferro e alumínio (HARDENBERGH, 1964).

A dureza na água é a característica que evita a espuma do sabão. Esta condição é


causada, principalmente, pelos cátions bivalentes de cálcio e magnésio. Os principais
compostos solúveis, exigindo remoção no abrandamento dos suprimentos públicos de água,
são os carbonatos e os sulfatos de cálcio e magnésio. Os cloretos e os nitratos desses dois
elementos são eficazes, em menor grau, em causar dureza na maioria das águas naturais
(BABITT, 1976).

A dureza na água é comumente classificada em dureza temporária e dureza


permanente. A dureza temporária pode ser removida pela ebulição da água, o que não se dá
com a dureza permanente. Para fins técnicos, uma classificação melhor da dureza é a que se
designa pelos termos dureza de carbonato e dureza sem carbonato. A dureza de carbonato é
devida a carbonatos e bicarbonatos de cálcio e magnésio; e a dureza sem carbonato é devido a

37
sulfatos, cloretos e nitratos de cálcio e magnésio, e a outros compostos não carbonatados que
causam dureza. A fervura não remove da água toda a dureza de carbonato e, por conseguinte,
dureza temporária não é o mesmo que dureza de carbonato (HARDENBERGH, 1964).

Os níveis de dureza dão classificação das águas em relação à suas respectivas


durezas. A Tabela 03 abaixo mostra a classificação da água. O valor máximo permitido para a
dureza total é de 500 mg de CaCO3/ L, segundo a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde
(RICHTER e AZEVEDO Neto, 1991; MS, 2004).

Classificação da água Concentração de CaCO3/L


Águas moles < 50 mg CaCO3/L
Águas de dureza moderada Entre 50 e 150 mg CaCO3/L
Águas duras Entre 150 e 300 mg CaCO3/L
Águas muito duras > A 300 mg CaCO3/L
Tabela 03: classificação da água em função dos níveis de dureza

3.12.1.7 Cloretos

A presença de cloretos numa concentração mais elevada que a encontrada nas


águas naturais numa região é uma indicação de poluição. Um excesso de cloretos é
usualmente um sinal de perigo. Como os cloretos solúveis não são comumente afetados pelos
processos biológicos são reduzidos em concentração principalmente por diluição. Teor
elevado de cloreto é indesejável para algumas finalidades industriais e pode aumentar a
corrosividade da água (BABITT, 1976).

O teor elevado de cloretos é um indicador de poluição por esgotos domésticos nas


águas naturais e podem interferir na coagulação e floculação, etapas do tratamento de água
Além de inferir um sabor salgado na água. O teor de cloretos é utilizado na caracterização de
águas brutas. O valor máximo permitido é de 250 mg de CL- / L para água tratada, segundo a
portaria 518/2004 do Ministério da Saúde (MACÊDO, 2004: MS, 2004).

3.12.1.8 Ferro Total

O ferro é objetável num abastecimento público de água porque mancha as peças de


louça sanitária, roupas e tecidos na lavagem, pode causar gostos e odores, e oferece
dificuldades nos processos de manufatura. O sulfato de ferro provoca acidez e corrói o metal
ferroso e o latão. Para transportar águas ricas em sulfato de ferro são necessários tubos de

38
bronze e revestidos de chumbo. A presença do ferro na água normalmente não tem
significação sanitária. (BABITT, 1976).

O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do


minério pelo gás carbônico da água. O ferro constitui-se em padrão de potabilidade, sendo o
valor máximo permitido, segundo a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde, concentração
limite de 0,3 mg/L (CESTEB, 2008; MS, 2004)

O carbonato ferroso é solúvel e frequentemente é encontrado em águas de poços


contendo elevados níveis de concentração de ferro. Nas águas superficiais, o nível de ferro
aumenta nas estações chuvosas devido ao carreamento de solos e a ocorrência de processos de
erosão das margens. Também poderá ser importante a contribuição devida a efluentes
industriais, pois muitas indústrias metalúrgicas desenvolvem atividades de remoção da
camada oxidada (ferrugem) das peças antes de seu uso, processo conhecido por decapagem,
que normalmente é procedida através da passagem da peça em banho ácido.
Nas águas tratadas para abastecimento público, o emprego de coagulantes a base de ferro
provoca elevação em seu teor (CESTEB, 2008).

A presença de ferro influencia na etapa de coagulação e floculação no tratamento


de águas para abastecimento. As águas que contêm ferro caracterizam-se por apresentar cor
elevada e turbidez baixa. Os flocos formados geralmente são pequenos e com velocidades de
sedimentação muito baixa. Em muitas estações de tratamento de água este problema é
resolvido, através da oxidação do ferro, mediante a aplicação de cloro, a chamada pré-
cloração (CESTEB, 2008; MACÊDO, 2004).

3.12.1.9 Nitratos e Nitritos

O nitrogênio é um gás inerte constituindo cerca de 80 por cento da atmosfera. Não


tem significação sanitária na água. Numa análise sanitária da água os compostos de nitrogênio
são registrados como nitrogênio orgânico total, amônia albuminóide, amônia livre, nitritos e
nitratos. A presença de compostos de nitrogênio na água é usualmente admitida como
indicação da presença de matéria orgânica. A natureza do composto indica a relativa
remotividade do contato da água com a matéria orgânica. A amônia livre ou albuminóide na
água é considerada, geralmente, evidência de poluição recente, exceto se presente em baixa
concentração. Na água tratada os compostos nitrogenados servem para posterior proliferação,
nas canalizações de distribuição e nos reservatórios, e são considerados indesejáveis
(BABITT, 1976).
39
O nitrogênio em recursos hídricos pode se apresentar de diversas formas, como
nitrato (NO3-), nitrito (NO2-), amônia (NH3), nitrogênio molecular (N2) e nitrogênio orgânico.
É um elemento indispensável para crescimento de algas, entretanto, quando em grande
quantidade, também pode levar a um processo de eutrofização de lagos e represas. O VPM
para nitratos é de 10 mg de N/L; e para o nitrito e de 1 mg N/L, segundo a Portaria 518/2004
do Ministério da Saúde (MACEDO, 2004; MS, 2004).

São diversas as fontes de nitrogênio nas águas naturais. Os esgotos sanitários


constituem em geral a principal fonte, lançando nas águas nitrogênio orgânico devido à
presença de proteínas e nitrogênio amoniacal, devido à hidrólise sofrida pela uréia na água.
Alguns efluentes industriais também concorrem para as descargas de nitrogênio orgânico e
amoniacal nas águas; A atmosfera é outra fonte importante devido a diversos mecanismos;
Nas áreas agrícolas, o escoamento das águas pluviais pelos solos fertilizados também
contribui para a presença de diversas formas de nitrogênio; Também nas áreas urbanas, as
drenagens de águas pluviais associadas às deficiências do sistema de limpeza pública,
constituem fonte difusa de difícil caracterização (CESTEB, 2008).

3.12.1.10 Alumínio

O alumínio em concentração apreciável não é comum nas águas naturais, podendo,


porém, ser dissolvido dos utensílios de cozinha, nos suprimentos domésticos, sem
significação higiênica. Os suprimentos de água tratados adequadamente com compostos de
alumínio, tal como o sulfato de alumínio, contêm menos alumínio do que a água não tratada,
devido à insolubilidade dos compostos de alumínio formados e sua remoção por sedimentação
e filtração (BABITT, 1976).

Na água, o alumínio é complexado e influenciado pelo pH, temperatura e a


presença de fluoretos, sulfatos, matéria orgânica e outros ligantes. A solubilidade é baixa em
pH entre 5,5 e 6,0. O alumínio deve apresentar maiores concentrações em profundidade, onde
o pH é menor e pode ocorrer anaerobiose. Se a estratificação, e conseqüente anaerobiose, não
for muito forte, o teor de alumínio diminui no corpo de água como um todo, à medida que se
distancia a estação das chuvas. O aumento da concentração de alumínio está associado com o
período de chuvas e, portanto, com a alta turbidez (CESTEB, 2008).

A principal via de exposição humana não ocupacional é pela ingestão de alimentos


e água. O acúmulo de alumínio no homem tem sido associado ao aumento de casos de
demência senil do tipo Alzheimer. Brown (1989, apud Moore, 1990) correlacionou o aumento
40
do risco relativo da ocorrência do Mal de Alzheimer com o nível de alumínio na água de
abastecimento. Não há indicação de carcinogenicidade para o alumínio (CESTEB, 2008).

3.12.2 Variáveis Microbiológicas das Águas

São analisadas amostras de água de vários pontos do processo de produção de


água. A qualidade microbiológica da água bruta e quaisquer alterações na carga microbiana
proporcionam informações importantes para as decisões operacionais sobre o tratamento da
água. Também são colhidas amostras de água à saída da estação de tratamento, no sistema de
distribuição, e deve incluir amostras colhidas nas torneiras dos clientes (LIGHTFOOT e
MAIER, 2003).

As espécies de bactérias são quase incontáveis, a vasta maioria sendo inofensiva


ou benéfica ao homem. As bactérias que causam doenças no homem são conhecidas como
bactérias patogênicas, as bactérias que não produzem doença são denominadas não
patogênicas (HARDENBERGH, 1964).

As bactérias que podem ser consideradas normais nas águas naturais e que não
causam doenças no homem incluem os gêneros Pseudomonas e várias espécies do gênero
Serratia, Flavobacteriuin e Chromobacfrrium. As bactérias não patogênicas que podem ser
carreadas do terreno para dentro da água incluem os gêneros da família Bacilius, como
B.subtilis e B. cereus variedades mycoides, B. macerans e B. polymyrax. Estas bactérias,
incluindo o Sphaeroiilus dichotomus, não possuem significação sanitária, porém algumas
podem interferir com os testes padrões para os coliformes. As bactérias do ferro e do enxôfre,
não têm significação sanitária, mas podem causar dificuldades nos sistemas de distribuição de
água, particularmente a deterioração da qualidade da água após tratamento (BABITT, 1976).

As águas de abastecimento apresentam o risco de serem poluídas por águas


residuárias e excretas de origem humana ou animal podendo, desta forma, conter organismos
patogênicos, tornando-se assim um veículo de transmissão de doenças. Por isso, impõe-se a
necessidade de exames rotineiros das mesmas, par determinar seu grau de segurança do ponto
bacteriológico (CETESB, 1984).

O exame bacteriológico da água consiste em duas partes principais: (1) a


determinação do número total de bactérias por mililitro d’água, e (2) a determinação da
presença ou ausência na água de bactérias do grupo coliforme (HARDENBERGH, 1964).

41
3.12.2.1 Contagem do número total de bactérias

A determinação numérica das bactérias na água, consiste em diluir a amostra


colocando 1 mililitro da mesma em 9 ou 99 mililitros de água (não destilada) esterilizada, a
diluição dependendo do número provável de bactérias na amostra. Então, 1 mililitro da
diluição bem misturada e 10 mililitros do meio de cultura, que é usualmente ágar ou gelatina,
são colocados numa placa de Petri, deixando o meio solidificar. As placas inoculadas são
colocadas na estufa. O período de incubação é de 24 ou 48 horas (BABITT, 1976).

A contagem padrão de bactérias é utilizada para estimar a população de bactérias


heterotróficas aeróbicas e anaeróbicas facultativas, presentes na água, quem tem a capacidade
de se desenvolver nas condições de nutrição, temperatura e tempo de incubação definidos
para o teste (CETESB, 1984).

Um número elevado de bactérias não é obrigatoriamente indicativo de poluição,


variações bruscas nos resultados dos exames podem ser interpretadas como poluição, águas
pouco poluídas geralmente apresentam resultados expressos por números baixos (RICHTER e
NETTO, 1991).

3.12.2.2 Coliformes Totais e Termotolerantes

O grupo coliforme inclui todos os bacilos aeróbios ou anaeróbios facultativos, que


fermentam a lactose com formação de gás; não formam esporos e são Gram-negativos, isto é,
não corados pelo corante de Gram (HARDENBERGH, 1964).

As bactérias do grupo coliforme são consideradas os principais indicadores de


contaminação fecal. O grupo coliforme é formado por um número de bactérias que inclui os
gêneros Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactéria. Todas as bactérias
coliformes são gran-negativas manchadas, de hastes não esporuladas que estão associadas
com as fezes de animais de sangue quente e com o solo (BABITT, 1976; CESTEB,2008).

As bactérias coliformes termotolerantes reproduzem-se ativamente a 44,5ºC e são


capazes de fermentar o açúcar. O uso das bactérias coliformes termotolerantes para indicar
poluição sanitária mostra-se mais significativo que o uso da bactéria coliforme "total", porque
as bactérias fecais estão restritas ao trato intestinal de animais de sangue quente (CESTEB,
2008)

42
A determinação da concentração dos coliformes assume importância como
parâmetro indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos,
responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide, febre
paratifóide, desinteria bacilar e cólera (CESTEB, 2008).

A técnica comumente utilizada para exame bacteriológico da água e dos esgotos


com a finalidade de detectar bactérias do grupo coliforme é a dos Tubos Múltiplos (CETESB,
1984).

3.12.2.2.1 Ensaio Presuntivo para o Grupo Coliforme.

O ensaio presuntivo para a presença do grupo coliforme na água consiste em


incubar, durante 24 ou 48 horas, a 37° C, uma quantidade determinada de uma amostra
diluída da água era um tubo de fermentação padrão, contendo caldo lactosado. Se houver
produção de gás em 24 horas, considera-se o ensaio como presuntivo positivo. Em trabalho de
campo ou em casos de emergência ou catástrofe, um ensaio presuntivo positivo é usualmente
considerado suficiente para condenar a água (HARDENBERGH, 1964).

3.12.2.2.2 Ensaio Confirmativo para o Grupo Coliforme

O ensaio confirmativo para a presença do grupo coliforme total na água consiste


em incubar, durante 24 ou 48 horas, a 37° C, uma quantidade determinada de uma amostra
que deu ensaio presuntivo positivo para um tubo de fermentação padrão, contendo caldo Bile
Verde Brilhante. Se houver produção de gás em 24 horas, considera-se o ensaio como
confirmativo positivo para coliformes totais.

O ensaio confirmativo para a presença do grupo coliforme Escherichia, coli. na


água consiste em incubar, durante 24 ou 48 horas, a 37° C, uma quantidade determinada de
uma amostra que deu ensaio presuntivo positivo para um tubo de fermentação padrão,
contendo caldo E. C. Se houver produção de gás em 24 horas, considera-se o ensaio como
confirmativo positivo para Escherichia, coli.

3.12.2.3 Cryptosporidium sp e Giardia sp

As doenças parasitárias representam uma parcela significante de casos de


morbidade e mortalidade e, a Giardia lamblia e Cryptosporidium parvum estão entre os
protozoários capazes de causar diarréias graves tanto em indivíduos imunocompetentes
quanto imunodeficientes. A partir da década de 80, a preocupação com estes protozoários
43
aumentou principalmente em relação aos casos de criptosporidiose. Dentre os vários modos
de transmissão destas duas protozooses, a veiculação hídrica tem sido considerada a mais
importante, sendo implicada na ocorrência de mais de cem surtos de gastroenterite por
Giardia e Cryptosporidium, de acordo com relatos nos Estados Unidos, Canadá e países da
Europa nos últimos 25 anos (CESTEB, 2008).

Nos Estados Unidos, o "Federal Register" estabelece para essas águas um limite
máximo de 10 cistos por litro de água bruta. Os coliformes termotolerantes podem não ser
bons indicadores da presença destes protozoários. Outro importante aspecto que justifica a
avaliação dos protozoários em águas reside no fato de que estes não são eliminados pela ação
do cloro (CESTEB, 2008).

44
4.0 DESENVOLVIMENTO

4.1 Local do Estágio

Complexo de Estações de Tratamento de Água de Teresina (ETA – Teresina);


Sediada à Rua D, S/N;
Distrito Industrial.

Figura 02: Vista aéria do Complexo ETA – Teresina

4.2 Processos de Purificação de Água na ETA –Teresina

Devido à boa qualidade da água do manancial, O processo, figura 03, de


tratamento da água realizado na ETA-Teresina e um tratamento convencional, no qual são
empregados os processos: captação, coagulação, floculação, decantação, filtração,
desinfecção, correção do pH, fluoretação, reservação, distribuição e controle de qualidade.
As operações do processo de tratamento são executadas por operadores, sob a
supervisão do engenheiro Benedito Bezerra de Alencar, responsável pela gerencia do
complexo de estações de tratamento de água ETA – Teresina.

45
A parte operacional do complexo funciona 24 (vinte e quatro horas) por dia, para
isso os operadores trabalham em turnos ininterruptos de revezamento. As operações contam
ainda com laboratório para análises de Turbidez, pH, Flúor e cloro, que são feitas em
intervalos de 1 hora. Estas análises é que subsidiam as decisões dos operadores a respeito da
tomadas de decisões para manter a eficiência do processo e a qualidade da água tratada.
Os operadores também trocam informações com os outros laboratórios específicos,
encarregados do controle de qualidade, com o intuito de manter a água tratada dentro dos
padrões de potabilidade exigidos pelas legislações vigentes.
Os operadores têm deveres e funções bem definidas a saber: Aumentar ou diminuir
a dosagem das substâncias químicas que são adicionadas durante o tratamento; Aumentar ou
diminuir a rotação das bombas; Abrir ou fechar comportas; Controlar os níveis dos
reservatórios e lavar os decantadores e filtros.

CAPTAÇÃO
Sulfato de
alumínio
COAGULAÇÃO

FLOCULAÇÃO

DECANTAÇÃO

FILTRAÇÃO
DESINFECÇÃO
FLUORETAÇÃO
CORREÇÃO
DO pH
RESERVAÇÃO

DISTRIBUIÇÃO

Figura 03: Fluxograma do Processo de Purificação de Água da ETA-Teresina.

46
4.2.1 Manancial

O complexo de estações de tratamento de água de Teresina utiliza o rio Parnaíba


como o manancial. Já o sistema de abastecimento de água da Santa Maria da Codipi e o do
Residencial Deus Quer utilizam mananciais subterrâneos, sendo abastecidos por poços
tubulares.

4.2.2 Captação e Adução

A Capitação se faz pelo canal de aproximação do Rio Parnaíba, figura 04, e a


adução é feita com a utilização de duas bombas elevatórias de 2000 CV, figura 05, com
vazão de 1300 L/s por segundo cada, que abastecem o canal de água bruta, figura 07.

Figura 04: Canal de aproximação do rio Parnaíba

Figura 05: Bombas elevatórias


47
Figura 06: Chegada da água bruta ao canal de água bruta

Figura 07: Canal de água bruta

4.2.3 Coagulação

A água bruta captada é conduzida às estações de tratamento através de um canal,


figura 07. Antes da entrada da água nos floculadores é feita a leitura da medição da vazão e
aplicação do coagulante, sulfato de alumínio, utilizando-se uma calha Parshall, figura 08, que
faz uma distribuição uniforme. O sulfato de alumínio será o agente que promoverá a
agregação do material coloidal e particulado presentes na água bruta. A reação entre Sulfato
de alumínio e a alcalinidade da água é rápida, e ocorre em poucos segundos e tem função
precípua resultante neutralizar as cargas das partículas coloidais e formar precipitados.

48
Figura 08: Calha Parshall

4.2.4 Floculação

Depois da mistura rápida do sulfato de alumínio à água bruta, esta segue para as
câmaras de floculação, figura 09. Os floculadores são dotados de mecanismos de agitação,
conjunto de cortinas verticais formando compartimentos em série, para produzir agitação na
água, com o objetivo de criar gradientes de velocidade que causem turbulência para provocar
choques ou colisões, com isso, ocorrerá a aglomeração de partículas em suspensão na água,
formando conjuntos maiores e mais densos e propensos à sedimentação. A água floculada
escoa para os decantadores. As câmaras de floculação são lavadas periodicamente para a
remoção das partículas que aderem em suas paredes.

Figura 09: Câmaras de floculação

49
4.2.5 Decantação

A água floculada abastece os tanques de decantação, figuras 10 e 11, com baixa


velocidade. As partículas floculadas, sendo mais pesadas do que a água, tenderão a
sedimentar-se no fundo dos decantadores pela ação da gravidade. A água decantada é
coletada, por canaletas que abastecem o canal de água decantada, e escoada para os filtros.
A temperatura da água influência na sedimentação através da viscosidade, que
influencia na velocidade das partículas, assim as sedimentação é mais eficiente em águas de
temperaturas mais e elevados, por estarem menos viscosas.

Os Tanques de decantação, figuras 12, e canais de água decantada, figura 13, são
lavados periodicamente para a remoção do material decantado. Com isso mantém-se a
eficiência do processo.

Figura 10: Tanque de decantação da ETA I

Figura 11: Tanque de decantação da ETA I


50
Figura 12: Lavagem de um decantador da ETA I

Figura 13: Canal de água decantada

4.2.6 Filtração

A água decantada abastece os filtros, figura 14, que reterão impurezas que não
foram removidas nos floculadores e decantadores. As impurezas ficam retidas no leito
filtrante. O leito filtrante dos filtros da ETA – Teresina, é composto de 7 camadas sendo, duas
de areia e cinco de seixo, com granulometria diferentes. A granulomentria da areia e do seixo

51
aumenta da camada superior para a camada inferior. A água passa por gravidade no meio
filtrante e é recolhida num canal geral de água filtrada.
Sempre que se observa que a capacidade filtrante está ficando baixa, procede-se a
lavagem dos filtros, figura 15, para que se mantenha a eficiência da filtragem e do
abastecimento. A lavagem é feita por retrolavagem, ou seja, é uma injeção de água no sentido
contrário ao da filtração, Alem da água faz-se também uso de sopradores (jatos fortes de ar)
para promover uma agitação no leito filtrante, para proteger o leito filtrante de arraste de seus
materiais, existe uma tela metálica superior e outra inferior no leito filtrante.

Figura 14: Filtros da ETA I

Figura 15: Lavagem de filtro da ETA I


52
4.2.7 Desinfecção

Após a fase de filtração, a água que já está totalmente límpida segue a câmara de
contato, figura 16, onde é feita a aplicação do cloro para a desinfecção, ou seja, a destruição
de bactérias e outros microorganismos patogênicos que não tenham sido eliminados nos
processos de tratamento anteriores. O cloro passa para o estado gasoso através dos
evaporadores sendo dosado por cloradores de controle automático.

4.2.8 Correção do pH

O sulfato de alumínio adicionado para a coagulação tem influencia direta no pH da


água, como o pH baixa, o caráter ácido da água aumenta, por isso tem-se a necessidade da
correção do pH. A correção do pH é feita pela adição de Cal Hidratada na câmara de contato,
figura 16. A cal age elevando o pH da água, tornando-a alcalina, para proteger as
canalizações das redes das casas contra corrosão ou incrustações nas tubulações.

4.2.9 Fluoretação

A fluoretação, mesmo não sendo etapa obrigatória no tratamento da água tem


função muito importante na saúde publica. O flúor tem comprovado sua eficiência na redução
da incidência de cáries e preservação do esmalte dos dentes.
A adição de flúor à água ocorre na câmara de contato, figura 16. Na ETA-
Teresina utiliza-se o flúor silicato de sódio 50%.

Figura 16: Câmara de contato

53
4.2.10 Armazenamento

Terminado as etapas de tratamento, a água está pronta para o consumo, então esta
é encaminha a para um poço de sucção no subsolo da estação. Do poço de sucção a água é
recalcada, com o auxilio de duas bombas pelas estações elevatórias, figura 17, da ETA I e da
ETA IV, para o reservatório principal do Parque Piauí com capacidade aproximada de 25
milhões de litros de água.

Figura 17: Estação elevatória

4.2.11 Distribuição

As bombas de recalque fazem o bombeamento da água tratada diretamente para o


reservatório principal com capacidade de armazenar aproximadamente 25 milhões de litros de
água aproximadamente. Do reservatório principal á água é então distribuída, por gravidade
através das linhas adutoras, aos demais reservatórios espalhados pelos bairros da cidade.

4.3 Casa da Química

No setor operacional do complexo de estações de tratamento de água existe a casa


da química, que é o local aonde são armazenadas as matéria primas e preparadas as tinas dos
produtos utilizados no processo de tratamento da água.

54
4.3.1 Sulfato de alumínio

A AGESPISA utiliza com agente coagulante o sulfato de alumínio líquido,


para a ETA I e ETA IV, e o sólido para a ETA III. O sulfato de alumínio sólido é armazenado
na casa da química, onde se procede a dissolução pra o uso na ETA III. Já o sulfato de
alumínio líquido chega à estação através de tubulações que interligam o distribuidor e o
complexo ETA – Teresina. Para a estocagem do coagulante o complexo dispõe de seis
tanques. A dosagem de sulfato é feita com auxilio de bomba, que envia o sulfato das tinas
para o dosador no canal de água bruta.

4.3.2 Cloro

A desinfecção da água é feita com a utilização de cloro, sendo cloro granulado


para a ETA III, e cloro gasoso para a ETA I e ETA IV. O cloro gasoso, figura 18, vem
acondicionado sob pressão em cilindros de aço, e é armazenado em área aberta da casa da
química. A dosagem de cloro acontece de maneira a manter o limite de cloro residual não
ultrapassando os valores máximos permitidos pela legislação.

Figura 18: Cilindros de cloro.

4.3.3 Cal

A cal hidratada é utilizada para fazer a correção do pH. Pois, com a ação
coagulante do sulfato de alumínio, o pH da água baixo, daí então a necessidade de correção. A
cal é dissolvida, sendo transformada é um leite de cal, para só então ser dosada á água na
câmara de contato.

55
4.4 CONTROLE DE QUALIDADE

Para assegura a qualidade da água tratada do complexo ETA’s–Teresina a


AESPISA, conta com controle de qualidade realizado pelos Laboratórios físico-químico e
bacteriológico, que analisam amostras a água colhidas em todas as etapas do processo e em
pontos da cidade, após a distribuição.
O controle de qualidade também assegura se a água está de acordo com o
recomendado pela Portaria 518/2004 do MS, que estabelece normas e padrões de
potabilidade da água destinada ao abastecimento público. Os métodos de análise são baseados
na edição do “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”.

A coleta de amostras de água distribuída é feita diariamente em pontos da cidade,


de acordo com um roteiro de coleta. Já as amostras de água das estações de tratamento são
feitas em pontos específicos a cada 2 (duas) horas, denominadas de acordo o local de coleta:
água bruta, no canal de água bruta; água decantada, nos canais de água decantada; e tratada
final, em torneira de escoamento continuo do laboratório.

4.4.1 Coletas de amostras

4.4.1.1 Coletas das amostras para o laboratório físico-químico


a) Nas estações de tratamento
1. Mergulhou-se o frasco de coleta diretamente no canal de água bruta;
2. Agitou-se o frasco e fez-se o descarte, para a eliminação de possíveis resíduos ou
resquícios de amostras anteriores.
3. Mergulhou-se novamente o frasco no canal para a coleta da amostra para ser analisada.
4. Procedeu-se a identificação da amostra e anotou-se o horário, o local da coleta.
5. Os procedimentos anteriores foram repetidos para amostra de água decantada e tratada
final.

b) Em pontos da cidade
1. Abriu-se a torneira e deixou-se escoar á água por dois a três minutos, tempo suficiente
para eliminar a água acumulada na canalização.
2. Procedeu-se a coleta em fracos, descartando a primeira amostra, para ambientação do
recipiente de coleta.
3. Fez-se a identificação da amostra e anotou-se a hora e o local da coleta.

56
4.4.1.2 Coletas das amostras para o laboratório bacteriológico

1. Abriu-se a torneira e deixou-se escoar á água durante dois a três minutos, tempo suficiente
para eliminar a água acumulada na canalização.
2. Fez-se a assepsia da torneira, primeiro com detergente e depois com álcool.
3. Fez-se a flambagem ao redor do fluxo de água no momento da coleta.
4. Remevou-se a tampa do frasco, previamente esterilizado e cuidadosamente, coletou-se
100mL da água, fechou-se e rotulou-se os frascos.
5. Colocou-se os frascos em uma caixa de isopor contendo gelo para conservar as amostras
durante o transporte até o laboratório.

4.4.2 Análises Físico-Químicas

São feitas para conferir se o sistema o funcionamento e o rendimento do processo.


Além de verificar se as variáveis físico-químicas estão dentro dos padrões de potabilidade
estabelecidos pelas legislações vigentes.

4.4.2.1 Turbidez

1. Colocou-se a amostra na cubeta, limpou-se e secou-se a cubeta por fora.


2. Colocou-se a cubeta com a amostra dentro da câmara do turbidimetro e fez-se a leitura
numérica do valor dado pelo equipamento.

4.4.2.2 Potencial Hidrogeniônico (pH)

1. Colocou-se a amostra num Becker de um pHmetro.


2. Fez-se a imersão do eletrodo do pHmetro na amostra e procedeu-se a leitura do valor
numérico fornecido pelo equipamento.
3. Anotou-se o resultado.

4.4.2.3 Cor

1. Colocou-se 20 mL de água destilada na cubeta “A”, e levou-se para o colorimetro.


2. Colocou-se 20 mL da amostra na cubeta “B”, e levou-se à câmara do colorímetro.
3. Fez-se a comparação de cor com o disco do colorímetro até encontrar a equivalência entre
as cores da cubetas “A” e “B”
4. Anotou-se a leitura.

57
4.4.2.4 Cloro Residual

1. Colocou-se 10 mL de água destilada no tubo de ensaio “A”


2. Colocou-se 10 mL da amostra no tubo de ensaio “B” e adicionou-se o gotas do
ortotolidina.
3. Colocou-se os dois tubos nas câmaras A e B, respectivamente do medidor de Cloro.
4. Fez-se a comparação de cor com o disco até encontrar a equivalência de cores entre os
dois tubos de ensaio.
5. Anotou-se a leitura.

4.4.2.5 Alcalinidade

1. Adicionou-se 100 mL da amostra em um erlemeyer de 250 mL e adicionou-se 3 gotas de


fenolftaleína e depois 3 gotas e metil orange.
2. Titulou-se com ácido sulfúrico (H2SO4) N/50 até formação de leve coloração avermelhada
3. Anotou-se o volume de titulante gasto e aplica-se na fórmula que expressa a Alcalinidade
Total, em termos de CaCO3 em mg/L

4.4.2.6 Cloretos

1. Adicionou-se 100 mL da amostra em um erlemeyer de 250 mL e adicionou-se 7 gotas de


cromato de potássio.
2. Titulou-se com nitrato de prata até formação da coloração vermelho tijolo.
3. Anotou-se o volume de titulante gasto, e fez-se o calculo da concentração de cloretos.

4.4.2.7 Dureza

1. Adicionou-se 50 mL da amostra em um erlemeyer de 50 mL e a adicionou-se 1 mL de


solução tampão;
2. Adicionou-se alguns cristais de eriocromo e uma pitada de NaCN;
3. Titulou-se com solução de EDRA N/50 até a mudança de coloração de avermelhado para
azul brilhante.
4. Anotou-se o volume gasto e fez-se o calculo para a obtenção da dureza em mg/L de
CaCO3.

58
4.4.2.8 Ferro Total

1. Adicionou-se 50 mL de água destilada em 4 elermeyers de 50 mL, para preparar os


padrões, 0,0; 0,1; 0,3 e 0,5 ppm;
2. Adicionou-se à solução padrão de análise, os padrões de ferro, colocaram-se 0,0; 0,5; 1,5 e
2,5 mL respectivamente da solução padrão de ferro;
3. Adocionou-se 50 mL da amostra de água, a serem analisadas, em elermeyer de 50 mL;
4. Adicionou-se 5 mL da solução de ácido nítrico 6N em todos os elermeyers, aqueceu-se
por 30 minutos na chapa a 300 °C e adicionou-se 3 gotas de KMnO4 0,02N e deixou-se
esfriar;
5. Em seguida adicionou-se 10 mL de tiocionato de potássio 2%, em todos os elermeyers e
fez-se a leitura imediatamente comparando a cor da amostra com os padrões e anotou-se
os valores.

4.4.2.9 Flúor

1. Preparou-se os padrões 0,0; 0,4; 0,6 e 0,8 ppm de flúor.


2. Colocou-se 50 mL de água destilada num tubo de Nessler e o identificou com o valor 0,0
ppm.
3. Colocou-se 30 mL nos outros 4 tubos e acrecentou-se 4,0; 6,0 e 8,0 mL da solução padrão
de flúor, aos tubos respectivamente, indetificou-os com 0,4; 0,6 e 0,8 ppm e comptetou-se
o volume para 50 mL dos tubos.
4. Adicionou-se 50 mL da amostra em outro tubo de Nessler.
5. Acresentou-se 2,5 mL de zirconil e 2,5 mL de vermelho de alizarina a todos os tubos e
homogeneizou-se.
6. Fez-se a leitura, depois de 1 hora comparando-se a coloração da amostra com os padrões
preparados.
7. Anotou-se o resultado.

4.4.2.10 Alumínio

1. Preparou-se os padrões 0,0; 0,2; 0,4 e 0,6 ppm de alumínio.


2. Colocou-se 50 mL de água destilada em 5 tubos de Nessler e os identificou com o valor
0,0; 0,2; 0,4 e 0,6 ppm.
3. Acrecentou-se 0,0; 0,2; 0,4 e 0,6 mL da solução padrão de alumínio, aos tubos
respectivamente.

59
4. Adicionou-se 50 mL da amostra em outro tubo de Nessler.
5. Adicionou-se 1,0 mL da solução de carbonato de amônia saturado e 1,0 mL da solução de
hematoxilina a todos os tubos e homogeneizou-se. Deixou-se em repouso por 15 minutos.
6. Adicionou-se 1,0 mL de ácido acético 30% a cada tubo e fez-se a leitura após 5 minutos
comparando-se a coloração das amostras com os padrões preparados.
7. Anotou-se os resultados.

4.4.2.11 Nitrato

1. Adiciona-se 2,0 mL da amostra em um tubo “A” e 2,0 mL de água destilado


em um tubo “B”.
2. Adicionou-se um reagente, que vem pronto, ao tubo da amostra “A” e fez
agitação.
3. Colocou-se os tubos na câmara de leitura do medidor de nitrato.
4. Fez-se a comparação de cor com o disco até encontrar a equivalência de cores
entre os dois tubos.
5. Anotou-se a leitura.

4.4.2.12 Nitrito

1. Adiciona-se 2,0 mL da amostra em um tubo “A” e 2,0 mL de água


destilado em um tubo “B”.
2. Adicionou-se um reagente, que vem pronto, ao tubo da amostra “A” e
fez agitação.
3. Colocou-se os tubos na câmara de leitura do medidor de nitrito.
4. Fez-se a comparação de cor com o disco até encontrar a equivalência de
cores entre os dois tubos.
5. Anotou-se a leitura.

4.4.3 Análises Microbiológicas

São realizadas, no laboratório bacteriológico, analises para avaliar as condições


sanitárias da água, tendo como parâmetro pesquisa de bactérias heterotróficas e bactéria do
grupo coliforme.
Os métodos utilizados para identificação e quantificação de coliformes são: técnica
dos tubos múltiplos, contagem padrão de bactérias e Colilert®.

60
4.4.3.1 Contagem padrão de bactérias

1. Aqueceu-se um tubo de ensaio contendo ágar nutriente, meio de cultura, para a liquefação.
2. Agitou-se o frasco com a amostra e pipetou-se 1,0 mL e adicionou-se a uma placa de
Petri, flambando-a.
3. Adiciono-se à placa de Petri 1,0 mL de ágar nutriente, e fez-se movimentos em círculos
para homogeneizar e espalhar bem.
4. Esperou-se 15 minutos, tempo de solidificação do ágar nutriente.
5. Levou-se a placa para estufa incubadora com temperatura de 35,0 ºC.
6. Procedeu-se a leitura dos tubos com 24h depois da incubação para verificação de possível
crescimento bacteriano.

4.4.3.2 Ensaio presuntivo para coliformes totais

a) Técnica dos tubos múltiplos - TM

1. Agitiou-se a amostra, pipetou-se 10 mL da amostra e inoculo-se em um tubo de ensaio


contento 10 mL de caldo glicosado, que é o meio de cultura.
2. Repetiu-se o procedimento anterior para mais 4 tubos contento 10 mL de caldo glicosado.
3. Incubadora os tubos em estufa com temperatura de 35,0ºC,
4. Procedeu-se a leitura dos tubos com 24h e 48h depois da incubação para verificação de
possível fermentação.
b) Técnica do Substrato Cromogênico Definido ONPG-MUG

1. Coleto-se 100 mL da amostra em frasco.


2. Adicionou-se todo o conteúdo do Substrato e fez-se agitação para a dissolução.
3. Fecho-se o frasco e fez-se a agitação levemente para dissolver completamente o reagente.
4. Incubou-se em estufa o frasco contendo a amostra e o substrato por 24 horas a 35 ºC.
5. Após a incubação, observou-se visualmente os frascos para a interpretação dos resultados.

4.4.3.3 Ensaio confirmativo para coliformes totais

a) Técnica dos tubos múltiplos – TM

1. Pegou-se tubo do ensaio presuntivo com resultado positivo.


2. Aqueceu-se uma alça de platina até ficar incandescente imergiu-se no tubo positivo.
61
3. Retirou-se uma gotícula e inoculo-se em um tubo contento caldo B.V.B,
4. Repetiu-se o procedimento para mais 3,0 tubos contento caldo B.V.B.
5. Incubou-se os tubos em estufa a 35°C, por 24 e 48 horas.
6. Após a incubação, observou-se visualmente os frascos para a interpretação dos resultados.

b) Técnica do Substrato Cromogênico Definido ONPG-MUG

1. Coleto-se 100 mL da amostra em frasco.


2. Adicionou-se todo o conteúdo do Substrato e fez-se agitação para a dissolução.
3. Fecho-se o frasco e fez-se a agitação levemente para dissolver completamente o reagente.
4. Incubou-se em estufa o frasco contendo a amostra e o substrato por 24 horas a 35 ºC
5. Após a incubação, observou-se visualmente os frascos para a interpretação dos resultados.

4.4.3.4 Ensaio confirmativo para coliformes termotolerantes

b) Técnica dos tubos múltiplos – TM

1. Pegou-se tubo do ensaio presuntivo com resultado positivo.


2. Aqueceu-se uma alça de platina até ficar incandescente imergiu-se no tubo positivo.
3. Retirou-se uma gotícula e inoculo-se em um tubo contento caldo E.C.
4. Repetiu-se o procedimento para mais 3,0 tubos contento caldo E.C.
5. Incubou-se os tubos em estufa a 44,5°C, por 24 horas.
6. Após a incubação, observou-se visualmente os frascos para a interpretação dos
resultados.

b) Técnica do Substrato Cromogênico Definido ONPG-MUG

1. Coletou-se 100 mL da amostra em frasco.


2. Agitou-se o frasco com a amostra para a homogeneização, adicionou-se todo o conteúdo
do Substrato e fez-se agitação para a dissolução.
3. Fechou-se o frasco e fez-se a agitação levemente para dissolver completamente o reagente.
4. Incubou-se em estufa o frasco contendo a amostra com o substrato por 24 horas a 35 ºC
5. Após a incubação, observou-se visualmente os frascos para a interpretação dos resultados.

62
5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tratamento de água consiste em melhorar suas características organolépticas,


físicas, químicas e bacteriológicas, a fim de que se torne adequada ao consumo humano. As
águas de superfície são as que mais necessitam de tratamento, porque se apresentam com
qualidades físicas e bacteriológicas impróprias.
Para este trabalho foi utilizado apenas resultados de uma análise diária do
laboratório físico-químico e do laboratório bacteriológico. Vale ressaltar que as análises do
laboratório físico-químico ocorrem a cada 2 horas para as amostras das estações de tratamento
e diária para a água distribuída. Já o laboratório bacteriológico faz duas análises diárias das
amostras de água das estações de tratamento e uma análise diária da água distribuída.
A coleta de amostras de água para as análises no laboratório físico-químico, não
requere cuidados específicos relacionados ao tipo de frasco ou procedimentos de esterilização
de recipientes ou torneiras. Bastando encher o recipiente e descartar e descartar a primeira,
para a ambientação da amostra e a retirada de possíveis requisitos de amostra anteriores.

Pode-se constatar pelas análises demonstradas na tabela 04 que a água do


manancial escolhido para ao abastecimento de Teresina tem baixo teor de poluição,
provalvemente pelo fato de ser muito pequeno os despejos poluentes antes do ponto de
capitação da água para ao tratamento. A qualidade da água bruta é que determina o processo
de purificação. Assim, como dispomos de água bruta consideravelmente de boa qualidade, o
tratamento convencional com floculação, decantação filtração correção de pH e cloração se
faz suficiente para que se tenha uma água tratada de boa qualidade.
A turbidez é o indicador da presença de material em suspensão. Nas ETAS faz-se
a medição de turbidez das águas bruta, decantada, filtrada e final. Avalia-se a eficiência da
remoção do material em suspensão, comparando-se a turbidez da água bruta com a decantada
e com a filtrada
O pH representa a concentração de íons hidrogênio em uma solução. É fator
primordial nos processos de coagulação, desinfecção e abrandamento das águas, no controle
da corrosão e no tratamento dos esgotos e despejos industriais. A desinfecção das águas se
processa melhor em pH ácido do que em pH alcalino.
A cor são substâncias dissolvidas de origem mineral e orgânica nas águas que
acarretam maior ou menor intensidade da cor, dependendo da concentração dessas
substâncias.

63
Amostra de Turbidez pH Cor Alcalinidade Cloreto Dureza Ferro Alumínio Cloro
água (UNT) mgPt/L CaCO3(mg/L) s mg/L mg/L (mg/L) mg/L
(mg/L)
Bruta 50,0 7,5 100 15,0 10,0 26,0 0,3 - -
D IV 6,4 6,9 15,0 12,0 12,0 33,0 0,2 0,20 -
D III 7,5 7,0 15,0 11,0 12,0 33,0 0,2 0,20 -
DI 7,4 6,8 15,0 10,0 12,0 33,0 0,2 0,15 -
TF 2,9 7,2 5,0 12,0 13,0 35,0 0,0 0,05 1,5
Distribuída 3,5 7,3 7,0 13,0 14,0 36,0 0,0 0,05 -
VPM 5,0 6,0 15,0 14,0 250,0 500,0 0,3 0,2 0,2 a
a 5,0
9,5
Tabela 04: Resultados das análises Físico-Químicas
Legenda: Bruta: água sem tratamento; D IV: Decantada ETA IV; D III: Decantada ETA III; D I: Decantada
ETA I; TF: Tratada final; Distribuída: Coletada em um ponto da cidade; VPM: Valores máximos permitidos
pela portaria 518/2004 do Ministério da Saúde.

A alcalinidade de uma água tem grande importância, pois se relaciona com o


processo de coagulação que é uma das etapas do tratamento convencional de água, e , com a
prevenção de incrustações e da corrosão de canalizações de ferro fundido.
Um excesso de cloretos é usualmente um sinal de perigo, além de ser indesejável
para algumas finalidades industriais e pode aumentar a corrosividade da água.
O ferro é objetável num abastecimento público de água porque mancha as peças
de louça sanitária, roupas e tecidos na lavagem, podendo causar gostos e odores, e oferece
dificuldades nos processos de manufatura. A presença do ferro na água normalmente não tem
significação sanitária. O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à
dissolução do minério pelo gás carbônico da água.

O alumínio deve apresentar maiores concentrações em profundidade, onde o pH é


menor e pode ocorrer anaerobiose. Se a estratificação, e conseqüente anaerobiose, não for
muito forte, o teor de alumínio diminui no corpo de água como um todo, à medida que se
distancia a estação das chuvas. O aumento da concentração de alumínio está associado com o
período de chuvas, por que neste a turbidez está mais alta, assim uso de sulfafto de alumínio
para a coagulação da água é aumentado.

O cloro é o desinfetante químico mais comumente usado na desinfecção da água


para consumo humano. A quantidade de cloro na água como Cl2 é denominada de cloro
residual livre e é de extrema importância na inibição do crescimento bacteriano.

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A água distribuída pela AGESPISA em Teresina apresenta características físico-
químicas dentro dos padrões de potabilidade exigidos pela Portaria 518/2004 do Ministério
da Saúde, evidenciando que o tratamento adotado é eficaz.

A coleta de amostras de água para serem analisadas no laboratório bacteriológico,


requer cuidados específicos de higienização e esterilização, Para a coleta de amostra em
canais da estação de tratamento, procede-se a esterilização e a flambagem do frasco durante a
coleta. Já para a coleta de amostras de água distribuída, faz-se a limpeza e assepsia tanto dos
fracos quanto das torneiras das quais se faz a coleta.

Amostras 1 2 3 4 5 VR
Contagem padrão de bactérias heterotróficas P A A A A -
Ensaio presuntivo Tubos Múltiplos P A A A A A
Ensaio confirmativo Coli total Tubos Múltiplos A A A A A A
Ensaio confir Coliforme termotolerantes Tubos Múltiplos A A A A A A
Ensaio presuntivo Coliforme total Colilert® A A A A A A
Ensaio presuntivo E. Coli Colilert® A A A A A A
Tabela 05: Resultados das análises do laboratório bacteriológico.
Legenda: P: Presença; A: ausência; VR: Valor de referencia segundo a portaria 518 MS.

A detecção e quantificação de todos os microorganismos patogênicos


potencialmente presentes na água é trabalhoso e nem sempre se obtém resultados positivos ou
que confirmem a presença do microorganismo. O objetivo do exame microbiológico da água
é fornecer subsidio a respeito da sua portabilidade, ou seja, ausência de risco de ingestão de
microorganismos causadores de doenças. Vale ressaltar que os microorganismos presentes nas
águas naturais são, em sua maioria, inofensivos à saúde humana. Os microorganismos
patogênicos incluem vírus, bactérias, protozoários e helmintos. Como indicadores de
contaminação fecal, são eleitas como bactérias de referência as do grupo coliforme, por
reunirem as seguintes características.

As bactérias do grupo coliforme são consideradas os principais indicadores de


contaminação fecal. O grupo coliforme é formado por um número de bactérias que inclui os
generos Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactéria. Todas as bactérias
coliformes são gran-negativas manchadas, de hastes não esporuladas que estão associadas
com as fezes de animais de sangue quente e com o solo.

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As bactérias coliformes termotolerantes reproduzem-se ativamente a 44,5ºC e são
capazes de fermentar o açúcar. O uso das bactérias coliformes termotolerantes para indicar
poluição sanitária mostra-se mais significativo que o uso da bactéria coliforme "total", porque
as bactérias fecais estão restritas ao trato intestinal de animais de sangue quente.

A determinação da concentração dos coliformes assume importância como


parâmetro indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos,
responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide, febre
paratifóide, desinteria bacilar e cólera.

Pode-se observar que a qualidade sanitária da água distribuída pela AGESPISA


atende aos padrões de potabilidade exigidos pela legislação vigente, a Portaria 518 do
Ministério da Saúde. Determina como parâmetro de qualidade bacteriológico a ausência de
coliformes totais e coliformes termotolerantes. O resultado deu positivo para bactérias
heterotróficas, mas isso não evidencia contaminação fecal, pois estas não são consideradas
bactérias patogênicas.

66
6.0 CONCLUSÃO

A água é o elemento fundamental à vida, e a qualidade da água está relacionada


com um conjunto das características físicas, químicas, biológicas e o propósito do uso. Sendo
assim é de suma importância que o cidadão tenha consciência da necessidade de avaliação da
água por ele consumida.
O tratamento da água tem por objetivo sua adequação a determinado uso. A água a
ser utilizada para o abastecimento público deve ter sua qualidade ajustada de forma prevenir a
veiculação de doenças e deve também atender os padrões de potabilidade exigidos pela
legislação vigente.

O resultado das análises físico-químicas e bacteriológicas de uma água é que


determinarão a necessidade ou não de submeter essa água a processos corretivos, a fim de
garantir a boa qualidade da água e a segurança no abastecimento.
Um sistema de tratamento de água de abastecimento deverá produzir uma água
sem cor, turvação, cheiros, com um pH e teores de cálcio, alcalinidade e flúor aceitáveis e
apropriados ao organismo humano. Além disso, desinfectada, de modo a eliminar a poluição
microbiológica. Assim teremos uma água de qualidade aceitável e apropriada para consumo
humano, bem como evitar riscos para a saúde pública.

A água que não contém microrganismos patogênicos nem substâncias químicas


nocivas para a saúde é denominada de potável. Os aspectos mais importantes no que se refere
ao fornecimento de água potável são a ausência de microrganismos patogênicos e a de
produtos químicos nocivos ou desagradáveis.

A distribuída pela AGESPISA em Teresina tem baixo teor de poluição e apresenta


características físico-químicas e bacteriológicas dentro dos padrões de potabilidade exigidos
pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde, o tratamento convencional com floculação,
decantação filtração correção de pH e cloração se faz suficiente para que se tenha uma água
tratada de boa qualidade.
Não resta duvida, que o estágio na AGESPISA, ampliou de maneira muito
significativa meus conhecimentos teórico-experimentais adquiridos durante o curso de
Química. Sendo a participação nas análises e nas etapas do processo de purificação de água o
elemento determinante.

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7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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