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11.

PERÍODO SECO

O período seco (PS) da vaca compreende os dois últimos meses de


gestação, importante para se adotar práticas especiais, a fim de proporcionar
boas condições de parição e proteger a saúde da futura cria. No período em
que está seca, a vaca tem que realizar grandes tarefas, como o
desenvolvimento de 2/3 do feto e a recuperação de reservas corporais para o
próximo parto e a nova lactação (FERREIRA et al., 2007).
Segundo ALMEIDA (2009), o PS é considerado parte importante do ciclo
completo de manejo do gado leiteiro. Os pecuaristas de leite de maior êxito
sabem que o PS não significa o fim de um ciclo de lactação, mas o início da
próxima. Os fatores de risco para a maioria das doenças pós-parição em vacas
leiteiras são observados durante o PS, sendo que os sinais clínicos das
doenças ficam evidentes após a parição.
Um período seco de 60 dias vem, há muito tempo, sendo adotado pela
maioria dos criadores de gado leiteiro a fim de permitir, entre uma lactação e
outra, a regeneração dos tecidos epiteliais desgastados da glândula mamária,
acumular colostro e assegurar o desenvolvimento do feto, e por último
completar as reservas corporais, quando estas ainda não ocorreram (LINO,
2009).
LINO (2009) disse que os motivos que levam à adoção de um PS
reduzido, são: possível incremento na produção de leite, na lactação em
questão, pelo aumento do número de dias em que a vaca é ordenhada;
simplificação do manejo de vacas secas; diminuição de desordens metabólicas;
alívio na superlotação das instalações para vacas secas.
Todavia, segundo FERREIRA et al. (2007) relatou que a falta de
cuidados adequados quando seca ocasiona queda na produção de leite na
lactação seguinte, redução na vida reprodutiva da vaca, alongamento do
intervalo de partos, nascimento de bezerros fracos e aumento de problemas
sanitários. Fatores estes desinteressantes para a alta eficiência reprodutiva do
rebanho.
A vaca deve ser bem manejada durante todo o período de lactação, para
que no momento de secagem apresente boas condições de saúde e boa
condição nutricional. Aquelas com condição corporal inferior devem ser
suplementadas (FERREIRA et al., 2007).
LINO (2009) afirmou que a duração do período seco (60 ou 30 dias)
parece não afetar alguns parâmetros reprodutivos, como período de serviço,
número de inseminações e taxa de prenhez. Já GRUMMER et al. (2007) disse
que um dos efeitos mais dramáticos quanto a redução do PS foi na reprodução,
acelerando o reinício da atividade ovariana.
Tradicionalmente, o PS foi definido como tendo 3 estágios funcionais:
involução ativa (regressão dos tecidos secretores); período de descanso;
lactogênese (retorno da capacidade de síntese do tecido secretor). A perda de
células mamárias é insignificante durante o período seco e, portanto, os termos
involução e regressão podem ser inapropriados. Foi demonstrado que o
desenvolvimento mamário começa no 25º dia do período seco, portanto, neste
contexto, não existiria período de descanso. Pela comparação de vacas que
foram continuamente ordenhadas, com as que tiveram PS padrão de 60 dias,
os mesmos autores concluíram que a importância do PS foi permitir reparos ou
substituição de danos, perdas ou envelhecimento de células e aumentar a
porcentagem de células epiteliais na gl. mamária, antes da próxima lactação.
Isto teve início no 35º dia antes do parto.
Essa fase representa também uma excelente oportunidade para o
tratamento das mastites subclínicas existentes e para a prevenção de novas
infecções no período seco, que afetam direta e negativamente a produção
leiteira da próxima lactação e a eficiência reprodutiva do rebanho. Apesar da
importância do período seco para a vaca leiteira, muitos produtores e técnicos,
por desconhecimento, não aplicam nessa fase uma das principais estratégias
para o controle de mastite, a terapia de vaca seca, que se baseia na infusão
intramamária de antibiótico de longa ação específico para esse fim, em cada
quarto do úbere, após a última ordenha do animal, geralmente, aos 60 dias
antes do parto (BOTARO, 2008)
Segundo FERNANDES (2009), a mastite bovina continua sendo fator
limitante da produção leiteira em muitas propriedades no Brasil, surgindo como
o mais freqüente causador de prejuízos aos produtores de leite. Para que este
quadro mude, é fundamental a conscientização do produtor sobre a
importância do manejo no controle da mastite. Muitos produtores não
percebem que todo o seu investimento na melhoria genética do rebanho,
instalações e nutrição, pode ir por terra na hora da produção leiteira, devido a
perdas com surgimento de mastites e por ausência de um planejamento no seu
controle. Normalmente, os produtores não agem de forma preventiva adequada
e só iniciam algum tipo de tratamento quando a doença já está em estágio bem
avançado. Por isso, é fundamental a adoção de um planejamento no controle
de mastite que envolva prevenção e tratamento para os casos clínicos
emergenciais.
Além disso, considerando que os efeitos deletérios da mastite sobre a
produção de leite é conhecido em vacas leiteiras, foi avaliado o impacto do
tratamento da vaca seca sobre o ganho de peso dos bezerros. Os resultados
indicaram uma interação significativa entre a terapia de vaca seca, o status
sanitário da glândula mamária e o ganho de peso do bezerro durante a
lactação subseqüente. O peso dos bezerros aos 110 dias de idade foi similar
entre os animais do grupo "tratamento" e "controle". Entretanto, o peso dos
bezerros foi maior para vacas diagnosticadas com mastite e que foram tratadas
com antibiótico na secagem. A terapia de vaca seca diminui a incidência de
mastite e permite aumentar o peso dos bezerros ao desmame, uma vez que as
vacas não têm a produção de leite afetada pela infecção, conforme pode-se
observar no Quadro 1.

Quadro 1: Médias de peso de bezerros (ajustadas para 205 dias de idade) na


lactação subseqüente de mães do grupo "controle" e "tratamento" que
apresentaram mastite à secagem. (Adaptado de LENTS et al., 2008).

Médias de um mesmo grupo considerado (Controle ou Tratadas), que


possuam letras sobrescritas diferentes (a ou b) são estatisticamente diferentes
umas das outras

Sendo assim, podemos concordar com FERNANDES (2009) que


resumiu as razões para secagem de vacas leiteiras no período pré parto em:
·• Vacas que parem ainda em lactação produzem bezerros fracos e não
apresentam boas condições corporais no momento do parto.
·• Boas condições corporais e sanitárias facilitam o parto, o
aparecimento do cio pós-parto e potencializam a produção de leite na
próxima lactação.
·• A secagem garante um descanso fisiológico ao úbere - são
necessários 50-60 dias entre o fim da lactação e o parto para
regeneração das células secretoras de leite.
·• Favorece a maior produção de colostro.

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