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Todas as pessoas têm senso comum, ou seja, encontram-se “adormecidas”,

inconscientes, mas, a partir do momento em que abrem os olhos, tornam-se


conscientes, isto é, tornam-se capazes de pensar e analisar tudo o que nos
rodeia, espantando-se, precisamente, com isso, passam a ser filósofos, passam
a saber que nada sabem para além de saberem que não sabem. Deste modo,
um filósofo é alguém que sabe que se encontram entre o saber e o não saber,
pois sabe que não sabe logo, à partida, sabe alguma coisa e sabe também que
não é sábio, pois se deseja o saber é porque não o tem. É esta mesma
percepção do filósofo, que sabe que não sabe, que o distingue das pessoas
vulgares o senso comum. As pessoas normais julgam saber o que não se sabe,
embora, teoricamente, admitam que não sabem determinadas coisas, todas
aquelas que consideram importantes dizem que sabem independentemente de
isso ser verdade ou não, e isso é o senso comum. As bases, os alicerces do
senso comum são todas aquelas coisas que consideramos óbvias, que dizemos
que são de uma dada forma sem nem sequer pensarmos nelas, e o mais
estranho de todas essa coisas e ideias do senso comum é que elas são bastante
óbvias e claras para nós, sem nem sequer reflectirmos sobre elas, mas se as
quisermos explicar ou definir não conseguimos. É o que se passa com o tempo
que é familiar a todos nós, mas que somos incapazes de o definir. O senso
comum como resposta às investidas da filosofia e da ciência, que “lutam”
precisamente contra essa “anestesia dos porquês” que é o senso comum,
contra as ideias que existem e que se têm sem sequer se pensar, diz que o que
nós vemos é assim tal qual como o vemos. Um exemplo do que é o senso
comum é o julgar saber que vamos morrer daqui a muitos anos, quando, na
realidade, não sabemos se vamos morrer daqui a uns anos ou nos próximos
segundos. Outro exemplo: quando olhamos para uma pessoa, tomamos como
certo que essa pessoa tem o coração do lado esquerdo, mas não sabemos,
essa pessoa pode ser um caso raro e ter o coração do lado direito. A vantagem
do senso comum, ou seja, do julgar saber o que não se sabe é, exactamente,
podermos viver sem preocupações, pois assim ao viver como julgamos viver,
podemos viver duma forma tranquila, não nos preocupando constantemente
com a perspectiva de tudo o que nos rodeia não passar duma mentira ou ilusão
ou ainda com a perspectiva de podermos morrer a qualquer momento.

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