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ROBBINS, S.P. (2005). Capitulo 4: Personalidade e emoções.

In:
Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall
GONDIM, S.M.G e SIQUEIRA, M.M.M: O Poder nas Organizações. In:
ZANELLI, J.C.; ANDRADE, J.E.B. Psicologia, Organização e Trabalho no Brasil.
São Paulo: Artmed, 2000, p. 207-236.

Resumido por:
Rebeca Maria Rosa de Castilho – 09/15190
Universidade de Brasília
Psicologia Aplicada à Administração

As emoções são um fator crítico no comportamento dos funcionários. Apesar


disto é um tópico que não recebeu muita atenção no estudo do comportamento
organizacional. Isto se deve primeiro ao mito da racionalidade, ou seja, à crença que as
organizações devem ser isentas de sentimentos e ter o objetivo de controlar as emoções,
pois elas seriam a antítese da racionalidade. E segundo, a crença de que as emoções
seriam destruidoras, não sendo vistas como algo construtivo ou capaz de estimular
comportamentos de melhoria do desempenho.
Robbins define a seguir o que são sentimentos, emoções e humores. Para ele
sentimento é uma grande variedade de sensações que as pessoas experimentam.
Emoções são sentimentos intensos direcionados a alguém ou a alguma coisa. E humores
são sentimentos que costumam ser menos intensos que as emoções e não possuem um
estímulo contextual. O autor também define o esforço emocional, que é quando um
funcionário expressa emoções desejáveis pela organização durante transações
interpessoais. Esse esforço emocional pode gerar uma dissionância emocional que são
inconsistências entre as emoções que sentimos e aquelas que projetamos.
A seguir ele compara emoções sentidas e emoções demonstradas. As Emoções
sentidas são as verdadeiras emoções de uma pessoa e as emoções demonstradas são
emoções requeridas pela organização e consideradas apropriadas para um determinado
cargo. Normalmente, as emoções sentidas são diferentes daquelas que são
demonstradas. Isto se deve ao fato de que geralmente as organizações exigem que seus
funcionários demonstrem comportamentos emocionais que mascaram seus verdadeiros
sentimentos.
Quanto às dimensões emocionais, o autor as divide em variedade, intensidade e
freqüência e duração. Quanto à variedade, existem dezenas de emoções, que podem ser
classificadas em positivas e negativas. As positivas expressam uma avaliação favorável
de sentimento. As negativas expressam uma avaliação desfavorável. Não existem
emoções neutras. Existem seis emoções básicas, raiva, medo, surpresa, tristeza,
felicidade e desagrado, que podem ser conceituadas como existindo ao longo de um
continuum. Quanto mais próximas duas emoções estiverem uma da outra neste
continuum, mais provável é que sejam confundidas pelas pessoas.
Quanto à intensidade da resposta dada a estímulos emocionais diversos, isto
pode depender da personalidade do indivíduo ou pode ser uma exigência do trabalho.
Diferentes atividades têm demandas diversas em termos de esforço emocional. A
freqüência e a duração das emoções se referem a quantas vezes as emoções são
demonstradas e por quanto tempo as emoções são exibidas. O esforço emocional que
exige muita freqüência ou longa duração requer um maior sacrifício dos funcionários. O
sucesso de um indivíduo em atender às demandas emocionais de seu trabalho depende
das emoções que ele tem que demonstrar, de sua intensidade e da freqüência e duração
dessas demonstrações.
Quanto às diferenças entre homens e mulheres no que se refere às reações
emocionais e à habilidade para entender as emoções alheias, o autor afirma que as
mulheres mostram maior expressão emocional, experimentam as emoções mais
intensamente, demonstram com mais freqüência as emoções, sentem-se mais
confortáveis expressando suas emoções e são melhores na percepção de indícios não
verbais ou paralingüísticos. Afirma também que mostrar as emoções não é consistente
com a imagem masculina. Os homens são menos hábeis na percepção das emoções
alheias e precisam menos de aprovação social, assim como não precisam muito
expressar emoções positivas.
As emoções sofrem limites externos. Esses limites podem ser influências
organizacionais ou influências culturais. As organizações tendem a suprimir expressões
de emoções intensas, pois isto parece tumultuar o desempenho rotineiro das tarefas. As
influências culturais dizem respeito aos fatores culturais que influenciam o que se
considera emocionalmente apropriado. O que é aceitável em uma cultura pode ser
inapropriado em outra e as culturas diferem em relação à interpretação que dão às
emoções.
A teoria dos eventos afetivos, segundo Robbins, demonstra que os trabalhadores
reagem emocionalmente a fatos que ocorrem no trabalho e que isso afeta seu
desempenho. Essa teoria afirma que as emoções são uma resposta a eventos dentro do
ambiente de trabalho. Esses eventos geram reações emocionais positivas ou negativas,
que são moderadas pela personalidade e pelo humor de cada um. As emoções,
finalmente, influenciam diversas variáveis de desempenho e de satisfação no trabalho.
Testes desta teoria sugerem que um episódio emocional é um conjunto de experiências
emocionais precipitado por um único evento, sugerem também que a satisfação no
trabalho é influenciada pelas emoções correntes, que o efeito dos humores e das
emoções sobre o desempenho varia, que os comportamentos emocionais são sempre de
curta duração e de alta variabilidade e que as emoções costumam influenciar
negativamente o desempenho.
O conhecimento das emoções pode ajudar no estudo do comportamento
organizacional. Inicialmente nos processos de capacidade e seleção. As emoções
influenciam o desempenho dos funcionários, por isso os empregadores devem levar a
inteligência emocional em conta nos processos de seleção. As emoções são um aspecto
importante do processo de tomada de decisões na organização. As decisões são
influenciadas pelo aspecto emocional do individuo. O comprometimento emocional
com o trabalho e a alta motivação estão intimamente ligados. As emoções são
importantes para a aceitação das mensagens transmitidas pelos líderes. Os conflitos no
ambiente de trabalho e as emoções das pessoas estão intimamente relacionados. O
estado emocional do funcionário influencia o atendimento ao cliente, o que, por sua vez,
afeta o relacionamento com o cliente. E finalmente as emoções negativas podem levar a
diversos desvios de comportamento como, por exemplo, falhas na produtividade, roubos
e destruição do patrimônio da empresa, ações políticas e agressões pessoais.

O artigo de Sônia Maria Guedes e Mirlene Maria Matias sobre emoções e afetos
no trabalho inicia afirmando que as emoções e os afetos cumprem pelo menos quatro
funções: a sobrevivência da espécie; a construção histórica; a aprendizagem e
ajustamento social e a expressão da subjetividade e da individualidade. Há estados
emocionais diversificados, que estão relacionados aos pensamentos e imagens mentais
ou ao ambiente externo.
A autora afirma que a forte ênfase dada à racionalidade das organizações tornava
disfuncional o estudo das emoções no trabalho. Entretanto, com o tempo passou a ser
reconhecido que o estudo das emoções e dos afetos ajuda a compreender, por exemplo,
o impacto de mudanças gerenciais nos trabalhadores. Apesar disso ainda é difícil
colocar as emoções e os afetos como alvo de investigação científica. Primeiramente
porque muitos consideram como uma experiência subjetiva de difícil delimitação
conceitual e devido aos obstáculos metodológicos e técnicos de pesquisa.
Ela afirma que as emoções estão relacionadas à percepção da prontidão para a
ação do organismo e são desencadeadas pelas sensações fisiológicas, os sentimentos são
desencadeados pela interpretação cognitiva da situação. O afeto seria a integração entre
emoção e humores. Quanto ao tempo de duração, a emoção teria uma vida curta,
enquanto o humor se estenderia por um período maior. A emoção tem um foco bem
definido, já o humor tem um foco difuso. E quanto ao estado, as emoções são breves
enquanto o humor um pouco mais longo.
Teóricos divergem quanto à função que a emoção cumpre na vida humana.
Alguns afirmam que a emoção tem uma função biológica, outros, psicológica e há
aqueles que atribuem sua importância ao papel que desempenha nas formas de
representação dos sentimentos e afetos dos povos pertencentes a diversas culturas.
Outro ponto de diversidade está na compreensão de como se dá o processo emocional.
Além disso, os teóricos divergem quanto ao nível de consciência da resposta emocional.
Algumas abordagens teóricas sobre as emoções são: a filosófica que foca na
importância das emoções no sentido da vida, a fisiológica que foca nas funções da
emoção no processo evolutivo, a fenomenológica, que foca na experiência consciente
daquele que vivencia emoções, a comportamental, que foca nos estímulos externos que
eliciam emoções, a cognitiva, que foca na avaliação subjetiva da emoção, a clínica, que
foca nos distúrbios da emoção e a social, que foca nas expressões verbais, gestuais e
faciais da emoção.
A seguir é tratada a relação entre cognição e emoção. Os cognitivistas passaram
a incluir em seus estudos a interdependência entre cognição (pensar), conação (querer) e
o afeto (sentir). Os psicanalistas centram seus estudos nos processos não-conscientes
que permitem a expressão psicopatológica de estados emocionais e afetivos no plano
consciente. Os neurofisiologistas acreditam que a emoção não é inteiramente controlada
pela cognição. A cognição permite avaliar o estímulo desencadeador de emoções
negativas e positivas e fazer com que possamos evitá-lo ou ativá-lo, em vez de reagir
automaticamente a ele.
Os estudos do comportamento organizacional se interessam mais pela cognição
do que pelo estudo das emoções, afetos e sentimentos. Isso se deve ao fato de que era
considerado que os sentimentos e emoções desorganizavam o pensamento e as ações
planejadas, o que colocava em risco a racionalidade organizacional. Hoje se admite que
as emoções são passíveis de auto e heterogerenciamento, atuando em harmonia com o
intelecto, sendo indispensáveis ao funcionamento da mente. As emoções devem ser
percebidas como a origem e o resultado de interações sociais e influências ambientais.
Há uma relação de interdependência entre emoção e razão, no que diz respeito ao fato
de que para se atingir um nível de racionalidade é necessário levar em consideração os
fatores afetivos e emocionais envolvidos. São esses fatores que levam qualidade as
relações humanas no trabalho.
Algumas teorias estudam a relação entre emoções e racionalidade. Eles se
dividem em três visões principais. A primeira delas assume que as emoções atrapalham
a racionalidade, a segunda diz que as emoções podem auxiliam a racionalidade, e a
terceira fala que os dois conceitos se entrelaçariam. E a dificuldade de encontrar um
meio termo ideal entre emoção e racionalidade faz com que se privilegie uma em
detrimento da outra.
A racionalidade pode ser mais eficiente se incluir aspectos afetivos, aumentando
o desempenho dos funcionários. Entretanto as empresas ainda pecam no fato de não
permitirem a flexibilidade das emoções, pois ainda busca uma conformidade,
controlando as emoções que podem ser expressas pelos funcionários. As organizações
devem gerenciar de perto os processos de mudança e prestar atenção aos aspectos
sociais, situacionais e individuais que possam contribuir para o aparecimento de
condutas agressivas que irão prejudicar a eficiência, a eficácia e a efetividade do
desempenho.
A seguir a autora discorre sobre a afetividade no trabalho. A afetividade seria o
estabelecimento de vínculos com pessoas, objetos, e também manifestações de emoções
e sentimentos. Existem três perspectivas de estudo a cerca deste tema. Uma é sobre os
traços afetivos-emocionais. Esta leva em consideração a personalidade e a inteligência
emocional. Nesta pode se incluir a teoria dos cinco fatores (big Five). Esta teoria agrupa
a personalidade em cinco grandes fatores: Neuroticismo, extroversão, sociabilidade,
realização e abertura à experiência. Há também a teoria que estuda a inteligência
emocional. Segundo ela existem três processos mentais que são utilizados para
processar informações de cunho emocional. A avaliação, a regulação e a utilização, e
pessoas mentalmente inteligentes utilizariam esses processos. Há ainda cinco categorias
de habilidades interdependentes como integrantes da inteligência emocional;
autoconsciência, automotivação, autocontrole, empatia e sociabilidade.
Outra perspectiva diz respeito às atitudes. Ela estuda as crenças, afetos e
tendências a ação. Seus respectivos estudos analisam a satisfação no trabalho, o
envolvimento com o trabalho e o comprometimento organizacional afetivo. A ultima
perspectiva que abrange estados afetivos-emocionais refere-se aos sentimentos e
emoções como positivos e negativos, destacam-se as formulações teóricas sobre os
estados de ânimo, a auto-estima e a satisfação geral com a vida.
As condições ambientais do trabalho influem na afetividade do trabalhador.
Essas condições podem ser físicas, temporais ou sociais, e podem influir tanto no bem
estar do trabalhador quanto em sua saúde. O profissional em psicologia pode intervir na
organização e no ambiente de trabalho a fim de zelar pelo equilíbrio emocional das
pessoas que são a parte mais importante da organização.

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