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In:
Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall
GONDIM, S.M.G e SIQUEIRA, M.M.M: O Poder nas Organizações. In:
ZANELLI, J.C.; ANDRADE, J.E.B. Psicologia, Organização e Trabalho no Brasil.
São Paulo: Artmed, 2000, p. 207-236.
Resumido por:
Rebeca Maria Rosa de Castilho – 09/15190
Universidade de Brasília
Psicologia Aplicada à Administração
O artigo de Sônia Maria Guedes e Mirlene Maria Matias sobre emoções e afetos
no trabalho inicia afirmando que as emoções e os afetos cumprem pelo menos quatro
funções: a sobrevivência da espécie; a construção histórica; a aprendizagem e
ajustamento social e a expressão da subjetividade e da individualidade. Há estados
emocionais diversificados, que estão relacionados aos pensamentos e imagens mentais
ou ao ambiente externo.
A autora afirma que a forte ênfase dada à racionalidade das organizações tornava
disfuncional o estudo das emoções no trabalho. Entretanto, com o tempo passou a ser
reconhecido que o estudo das emoções e dos afetos ajuda a compreender, por exemplo,
o impacto de mudanças gerenciais nos trabalhadores. Apesar disso ainda é difícil
colocar as emoções e os afetos como alvo de investigação científica. Primeiramente
porque muitos consideram como uma experiência subjetiva de difícil delimitação
conceitual e devido aos obstáculos metodológicos e técnicos de pesquisa.
Ela afirma que as emoções estão relacionadas à percepção da prontidão para a
ação do organismo e são desencadeadas pelas sensações fisiológicas, os sentimentos são
desencadeados pela interpretação cognitiva da situação. O afeto seria a integração entre
emoção e humores. Quanto ao tempo de duração, a emoção teria uma vida curta,
enquanto o humor se estenderia por um período maior. A emoção tem um foco bem
definido, já o humor tem um foco difuso. E quanto ao estado, as emoções são breves
enquanto o humor um pouco mais longo.
Teóricos divergem quanto à função que a emoção cumpre na vida humana.
Alguns afirmam que a emoção tem uma função biológica, outros, psicológica e há
aqueles que atribuem sua importância ao papel que desempenha nas formas de
representação dos sentimentos e afetos dos povos pertencentes a diversas culturas.
Outro ponto de diversidade está na compreensão de como se dá o processo emocional.
Além disso, os teóricos divergem quanto ao nível de consciência da resposta emocional.
Algumas abordagens teóricas sobre as emoções são: a filosófica que foca na
importância das emoções no sentido da vida, a fisiológica que foca nas funções da
emoção no processo evolutivo, a fenomenológica, que foca na experiência consciente
daquele que vivencia emoções, a comportamental, que foca nos estímulos externos que
eliciam emoções, a cognitiva, que foca na avaliação subjetiva da emoção, a clínica, que
foca nos distúrbios da emoção e a social, que foca nas expressões verbais, gestuais e
faciais da emoção.
A seguir é tratada a relação entre cognição e emoção. Os cognitivistas passaram
a incluir em seus estudos a interdependência entre cognição (pensar), conação (querer) e
o afeto (sentir). Os psicanalistas centram seus estudos nos processos não-conscientes
que permitem a expressão psicopatológica de estados emocionais e afetivos no plano
consciente. Os neurofisiologistas acreditam que a emoção não é inteiramente controlada
pela cognição. A cognição permite avaliar o estímulo desencadeador de emoções
negativas e positivas e fazer com que possamos evitá-lo ou ativá-lo, em vez de reagir
automaticamente a ele.
Os estudos do comportamento organizacional se interessam mais pela cognição
do que pelo estudo das emoções, afetos e sentimentos. Isso se deve ao fato de que era
considerado que os sentimentos e emoções desorganizavam o pensamento e as ações
planejadas, o que colocava em risco a racionalidade organizacional. Hoje se admite que
as emoções são passíveis de auto e heterogerenciamento, atuando em harmonia com o
intelecto, sendo indispensáveis ao funcionamento da mente. As emoções devem ser
percebidas como a origem e o resultado de interações sociais e influências ambientais.
Há uma relação de interdependência entre emoção e razão, no que diz respeito ao fato
de que para se atingir um nível de racionalidade é necessário levar em consideração os
fatores afetivos e emocionais envolvidos. São esses fatores que levam qualidade as
relações humanas no trabalho.
Algumas teorias estudam a relação entre emoções e racionalidade. Eles se
dividem em três visões principais. A primeira delas assume que as emoções atrapalham
a racionalidade, a segunda diz que as emoções podem auxiliam a racionalidade, e a
terceira fala que os dois conceitos se entrelaçariam. E a dificuldade de encontrar um
meio termo ideal entre emoção e racionalidade faz com que se privilegie uma em
detrimento da outra.
A racionalidade pode ser mais eficiente se incluir aspectos afetivos, aumentando
o desempenho dos funcionários. Entretanto as empresas ainda pecam no fato de não
permitirem a flexibilidade das emoções, pois ainda busca uma conformidade,
controlando as emoções que podem ser expressas pelos funcionários. As organizações
devem gerenciar de perto os processos de mudança e prestar atenção aos aspectos
sociais, situacionais e individuais que possam contribuir para o aparecimento de
condutas agressivas que irão prejudicar a eficiência, a eficácia e a efetividade do
desempenho.
A seguir a autora discorre sobre a afetividade no trabalho. A afetividade seria o
estabelecimento de vínculos com pessoas, objetos, e também manifestações de emoções
e sentimentos. Existem três perspectivas de estudo a cerca deste tema. Uma é sobre os
traços afetivos-emocionais. Esta leva em consideração a personalidade e a inteligência
emocional. Nesta pode se incluir a teoria dos cinco fatores (big Five). Esta teoria agrupa
a personalidade em cinco grandes fatores: Neuroticismo, extroversão, sociabilidade,
realização e abertura à experiência. Há também a teoria que estuda a inteligência
emocional. Segundo ela existem três processos mentais que são utilizados para
processar informações de cunho emocional. A avaliação, a regulação e a utilização, e
pessoas mentalmente inteligentes utilizariam esses processos. Há ainda cinco categorias
de habilidades interdependentes como integrantes da inteligência emocional;
autoconsciência, automotivação, autocontrole, empatia e sociabilidade.
Outra perspectiva diz respeito às atitudes. Ela estuda as crenças, afetos e
tendências a ação. Seus respectivos estudos analisam a satisfação no trabalho, o
envolvimento com o trabalho e o comprometimento organizacional afetivo. A ultima
perspectiva que abrange estados afetivos-emocionais refere-se aos sentimentos e
emoções como positivos e negativos, destacam-se as formulações teóricas sobre os
estados de ânimo, a auto-estima e a satisfação geral com a vida.
As condições ambientais do trabalho influem na afetividade do trabalhador.
Essas condições podem ser físicas, temporais ou sociais, e podem influir tanto no bem
estar do trabalhador quanto em sua saúde. O profissional em psicologia pode intervir na
organização e no ambiente de trabalho a fim de zelar pelo equilíbrio emocional das
pessoas que são a parte mais importante da organização.