Professional Documents
Culture Documents
CONSTITUCIONAL
(Conteúdo Programático TRF / TRE)
Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
ÍNDICE:
.................................................................................................................................................. .............1
DIREITO.......................................................................................................................................... .....1
CONSTITUCIONAL.................................................................................................... ....................1
I. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO............................................................................................... ...2
II. CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES......................................................................... .......2
III. PODER CONSTITUINTE............................................................................................ .................3
IV. A NOVA CONSTITUIÇÃO E AS NORMAS DO ORDENAMENTO ANTERIOR.................... ....4
V. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO À EFICÁCIA:...................4
VI. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS........................................................................................... ...4
VII. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE................................................................... .........6
A) A Supremacia da Constituição ................................................................................................ ....6
B) Os Tipos de Controle de Constitucionalidade............................................................................ .7
C) O Controle Jurisdicional......................................................................................................... .....7
D) Vantagens e Desvantagens dos Sistemas Difuso e Concentrado.......................................... ......7
E) O Controle da Constitucionalidade no Brasil.................................................................... .........8
F) O Controle Concentrado de Constitucionalidade na Constituição de 1988............................ ..9
G) O Controle Difuso de Constitucionalidade na Constituição De 1988.....................................10
VIII. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS...................................................................... .11
A) Direitos e garantias individuais: ................................................................................ ...............11
B) Direitos Sociais:............................................................................................... ...........................14
C) Da nacionalidade:............................................................................................................ ...........14
D) Direitos Políticos:..................................................................................................................... ...16
IX. A ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA:....................................................... .........17
A) Repartição de Competências Na Federação:................................................................... .........19
B) Intervenção:............................................................................................................. ...................20
X. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:........................................................................... ......................21
A) O Servidor Público:............................................................................................................ ........22
XI. PODERES DO ESTADO.................................................................................................... ..........26
PROCESSO LEGISLATIVO:........................................................................................................ .....28
C) PODER JUDICIÁRIO........................................................................................................ ...........33
XV. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA...................................................................... .................39
XVI. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.....................................43
XVII. ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL................................................................................. ........44
I. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
A Constituição pode ser conceituada, com base em diferentes critérios. É comum apontar-se os
conceitos sociológico, político e jurídico. O conceito sociológico foi desenvolvido por Ferdinand
Lassalle e enfatiza os fatores reais de poder na sociedade. O conceito político está relacionado a Carl
Shimitt, para quem a constituição se refere à decisão política fundamental. O conceito jurídico está
ligado a Hans Kelsen e entende a Constituição como uma norma jurídica fundamental. Kelsen também
elaborou um, conceito lógico de constituição ao desenvolver a norma fundamental hipotética que não é
norma jurídica, mas um fundamento lógico para o sistema de normas.
2
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
Os princípios jurídicos apresentam grau de generalidade maior do que as regras, por isso se
amoldam com mais facilidade às novas exigências normativas. Segundo Canotilho, os princípios
constitucionais são basicamente de duas categorias: os princípios político – constitucionais e os
princípios jurídico-constitucionais. Os primeiros correspondem às decisões políticas fundamentais, a
exemplo da forma de Estado, da forma e do sistema de Governo, do regime político. Os princípios
jurídico-constitucionais informam de modo geral a ordem jurídica nacional, podendo representar
desdobramentos dos princípios fundamentais, a exemplo do princípio da supremacia da constituição,
da legalidade, da isonomia, da autonomia individual, bem como dos princípios - garantias, de que são
exemplos a legalidade e a anterioridade no Direito Penal, o devido processo legal, o juiz natural, o
contraditório.
São princípios das relações internacionais: independência nacional; prevalência dos direitos
humanos; autodeterminação dos povos; não-intervenção; igualdade entre os Estados; defesa da paz;
solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade e concessão de asilo político.
5
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
Princípio participativo: A forma representativa não tem sido considerada suficiente para o exercício
da soberania popular. Deve-se assegurar também a participação direta do povo, através dos institutos
da democracia semidireta (referendo, iniciativa popular, plebiscito) ou mediante reivindicações
diretamente apresentadas. É competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar plebiscito e
convocar referendo.
Referendo – consulta feita aos eleitores sobre uma questão ou sobre um texto. Trata-se de
consulta posterior para ratificar ou não uma decisão.
Iniciativa popular – consiste em facultar ao povo a iniciativa das leis. No plano federal,pode
haver iniciativa popular para os projetos de leis complementares e ordinárias, mediante a reunião
de eleitores no percentual de 1% do eleitorado nacional, distribuídos em pelo menos cinco
estados com não menos de 0,3%, do eleitorado de cada um deles.Os estados deverão dispor,
através de lei, sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.A Lei Orgânica dos
Municípios deverá prever a iniciativa popular para as leis municipais, exigindo a manifestação
de cinco por cento do eleitorado municipal. Não cabe à iniciativa popular a apresentação de
propostas de emendas constitucionais.
A) A Supremacia da Constituição
6
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
O controle também pode ser classificado em função do órgão que o exerce. Existe o controle
político exercido pelo Parlamento e chefes de Executivo e também pode ser mencionado o controle
jurisdicional exercido por tribunais. O controle político pode ser preventivo, quando se destina a evitar
que projetos se transformem em leis inconstitucionais.
Pode também ser repressivo, quando, por exemplo, as casas do Congresso Nacional se
manifestam sobre a presença dos pressupostos constitucionais para a edição de medidas provisórias. O
controle jurisdicional, em regra, é repressivo, mas pode excepcionalmente ser preventivo, em face da
admissibilidade pela jurisprudência de mandado de segurança impetrado por parlamentar, visando a
combater a tramitação de proposta de emenda constitucional violadora de cláusula pétrea.
C) O Controle Jurisdicional
A jurisdição é o poder de dizer o direito, resolvendo os conflitos em caráter definitivo. Em
muitos países o controle da constitucionalidade é uma das atividades inerentes á função jurisdicional.
É possível classificar o controle jurisdicional em concentrado e difuso.
O sistema difuso apresenta a vantagem de permitir uma melhor discussão dos assuntos
constitucionais levando ao amadurecimento das decisões. A matéria é discutida em várias esferas
judiciais até chegar ao tribunal de maior hierarquia. Os tribunais inferiores costumam ser mais
ousados no reconhecimento de inconstitucionalidades, o que tem o aspecto positivo de ampliar os
debates sobre a aplicação da Constituição. No entanto, o sistema difuso acarreta muitas vezes
prejuízos para a segurança jurídica. É comum existirem decisões divergentes entre os vários
juizes e tribunais, criando uma situação de incerteza entre as pessoas sobre a validade das
normas jurídicas.
O controle jurisdicional foi estabelecido no Brasil pela Constituição de 1891 que adotou o
sistema difuso inspirada na Constituição norte-americana. Tornou-se possível questionar a
inconstitucionalidade das normas perante qualquer juiz ou tribunal, no exame do caso concreto. Não
havia, inicialmente no Brasil, o sistema concentrado de controle da constitucionalidade.
O sistema concentrado, na época em que foi introduzido, somente poderia ser provocado pelo
Procurador Geral da República, mediante uma representação de inconstitucionalidade apresentada ao
Supremo Tribunal Federal.
8
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
O STF entende que as leis anteriores à Constituição não podem ser questionadas através de
ação direta vez que não se trata de um juízo de inconstitucionalidade, e sim de revogação pela
Constituição superveniente. Poderão, no entanto, ser objeto de ADPF. Também entende o Supremo que
as leis já revogadas não podem ser objeto de ação direta.
As leis do Distrito Federal somente podem ser questionadas em ação direta perante o STF
quando tratarem de assunto de competência própria de Estado. Sabe-se que o Distrito Federal tanto
exerce as Competências de Estado como as de município. Tratando-se de leis que disponha sobre
matéria de competência de município não poderá ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade
perante o STF.
O controle concentrado pode ser provocado pelas seguintes pessoas e entidades: Presidente da
República, mesa da Câmara dos Deputados, mesa do Senado Federal, Procurador Geral da Republica,
partido político com representação no Congresso Nacional, Conselho Federal da OAB, Governador de
Estado ou do Distrito Federal, Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF,
Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional.
É cabível na ação direta de inconstitucionalidade a concessão de uma medida liminar pela qual
o Supremo Tribunal Federal determina, desde logo, a suspensão da aplicação da norma questionada.
Tal suspensão ocorre a partir do momento da concessão da liminar. Por isso, afirma-se que produz
efeitos ex nunc, embora o STF possa atribuir-lhe efeitos retroativos..
9
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
A decisão definitiva do STF que considerar a lei inconstitucional produzirá efeitos perante
todos, ou seja, erga omnes. Esses efeitos vinculam a administração pública e o Poder Judiciário. Não
há necessidade de pronunciamento do Senado para que a decisão do Supremo produza tais efeitos
quando se tratar do controle concentrado. O efeito erga omnes e vinculante para o Poder Judiciário e a
Administração Pública Federal, Estadual e Municipal encontra-se expressamente previsto na
Constituição Federal, no §2o do art. 102, com a redação dada pela EC nº 45/04. Não há efeito
vinculante da decisão para o Poder Legislativo.
O controle difuso pode ser exercido inclusive pelo STF quando apreciar concretamente um
processo. Tal apreciação pode acontecer nos casos de ações que são propostas diretamente no
Supremo, os chamados casos de competência originária, ou através dos recursos. Os efeitos das
decisões do Supremo no exercício do controle difuso também estão limitados às partes. No entanto, a
Constituição Federal estabeleceu um mecanismo que permite generalizar esses efeitos. Julgada
10
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
inconstitucional uma lei no controle difuso por decisão definitiva do STF, a corte suprema fará
comunicação ao Senado que poderá editar uma resolução atribuindo efeitos erga omnes, ou seja, para
todos, à decisão do Supremo. O Senado não está obrigado a editar a resolução, cabendo-lhe apreciar a
conveniência e a oportunidade de generalizar os efeitos da decisão do Supremo. Predomina o
entendimento de que a resolução do Senado produz efeitos “ex nunc”.
11
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
Aplicam-se aos brasileiros, bem como aos estrangeiros, no território nacional. A Constituição
estabelece o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE: todos são iguais perante a lei. A Constituição proíbe as distinções
que não se destinem a atender a uma finalidade juridicamente protegida. É possível, por exemplo,
exigir idade máxima para provimento de um cargo público, se as respectivas atribuições assim
exigirem.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei. Nenhuma obrigação pode ser imposta às pessoas sem previsão em lei no
sentido formal.
12
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
públicas para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. Se for negado o
direito de certidão, é cabível mandado de segurança.
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: ninguém será privado da liberdade ou dos seus
bens sem o devido processo legal. Tem a sua origem na Magna Carta Inglesa. É também previsto na
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Implica a ampla defesa e o contraditório, que deverão
ser assegurados aos litigantes em processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral. Por
outro lado, também é possível apreciar o devido processo legal do ponto de vista substantivo ou
material, identificando-o com a proporcionalidade e a razoabilidade.
B) Direitos Sociais:
No início do século, surgiu a proteção dos direitos sociais no âmbito constitucional. A Constituição
de Weimar de 1919 e a mexicana de 1917 serviram de paradigma para o tratamento da matéria.
A enumeração constitucional não tem caráter taxativo. A maior parte dos direitos sociais está
disciplinada em normas de eficácia limitada.
Entre os direitos coletivos, incluem-se a sindicalização e o direito de greve. Foi prevista a autonomia
sindical. Não é necessária a autorização para a criação de sindicatos. A personalidade jurídica dos
sindicatos é adquirida na forma da lei. São registrados perante o Ministério do Trabalho para controle
do princípio da unidade sindical.
Foi adotado o princípio da unicidade sindical, não podendo haver mais de um sindicato da mesma
categoria profissional em idêntica base territorial. Compete aos trabalhadores a definição da base
territorial, que não pode ser inferior ao território de um município.
O direito de greve é assegurado pela Constituição competindo à lei definir serviços ou atividades
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. A lei 7783 de
28/07/89 disciplina a matéria.
C) Da nacionalidade:
A nacionalidade é um vínculo jurídico-político entre o indivíduo e o Estado. A nacionalidade
primária ou originária resulta do nascimento. É atribuída com base em dois critérios fundamentais: ius
soli e ius sanguinis. O primeiro confere a nacionalidade em função do lugar de nascimento, o segundo
considera a ascendência, os laços de família.
São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros.
No entanto, nem todos nascidos no Brasil são considerados brasileiros natos, porque se os pais forem
estrangeiros e aqui estiverem a serviço público dos seus países, os filhos não adquirirão a
nacionalidade originária brasileira. Existem duas hipóteses de atribuição de nacionalidade originária
brasileira pelo critério do jus sanguinis. A primeira está prevista no art. 12, I, “b” e exige que o pai
brasileiro ou a mãe brasileira esteja a serviço público da República Federativa do Brasil. Trata-se de
nacionalidade originária incondicionada. A segunda hipótese de aplicação do jus sanguinis está
prevista no art. 12, I, “c” da CF e não exige que o pai brasileiro ou a mãe brasileira esteja no
estrangeiro a serviço público do Brasil. No entanto, são estabelecidas duas condições, quais sejam, vir
a residir na República Federativa do Brasil e optar, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
Com a Emenda Constitucional de Revisão nº3/94, deixou de existir a exigência de residência no Brasil
antes de atingir a maioridade e de opção no prazo de 4 anos após a maioridade. O artigo 12, I, “c”
contempla a atribuição condicionada da nacionalidade brasileira.
A lei não pode fazer distinção entre brasileiros natos e naturalizados. A única distinção é feita pela
própria Constituição Federal que reserva os seguintes cargos para os brasileiros natos: Presidente e
Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal,
Ministro do Supremo Tribunal Federal, cargos da carreira diplomática, Oficial das Forças Armadas e
Ministro da Defesa. Esses cargos estão situados na linha de substituição do Presidente da República ou
se relacionam com a defesa nacional.
Deve-se ressaltar que a aquisição de outra nacionalidade não implicará a perda da nacionalidade
brasileira, nos casos de: 1) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira. 2)
imposição de naturalização pela norma estrangeira ao brasileiro residente em Estado estrangeiro como
condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
15
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
D) Direitos Políticos:
O regime democrático está fundamentado na soberania popular. A capacidade eleitoral ativa é o
direito ao sufrágio. Doutrinariamente, sufrágio é o direito de votar, voto é o exercício do direito e
escrutínio é a forma de exercer o direito. O sufrágio pode ser universal ou restrito. Sufrágio universal é
concedido a todos. Sufrágio restrito é reservado aos que têm capacidade econômica (sufrágio
censitário) ou capacidade intelectual (sufrágio capacitário).
No nosso país, o sufrágio é universal e obrigatório, para os maiores de dezoito anos, sendo
facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos, os maiores de dezesseis e menores de
dezoito anos. A aquisição do direito ao sufrágio pressupõe o alistamento eleitoral. São inalistáveis os
estrangeiros e os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório. A capacidade eleitoral
passiva é a possibilidade de ser eleito. Nos termos do artigo 14, parágrafo 3° da Constituição, são
condições de elegibilidade:
I – a nacionalidade brasileira;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
III – o alistamento eleitoral;
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
V – a filiação partidária;
VI – a idade mínima de:
A reeleição poderá ocorrer para um único período subseqüente. Os chefes de executivo não
precisarão afastar-se dos seus cargos para se candidatarem à reeleição. A Constituição estabelece casos
de inelegibilidade em razão do parentesco: são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins (ex: cunhada de Governador quando concorre a cargo
eletivo de Município situado no mesmo Estado), até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato
à reeleição. Outros casos de inelegibilidade são estabelecidos em Lei Complementar (Lei
Complementar n° 64/90 e n° 81/94). O Tribunal Superior Eleitoral entende que o cônjuge do Prefeito
somente poderá candidatar-se à chefia do executivo municipal para o período subseqüente, caso o
próprio titular ainda possa postular a reeleição.
A perda dos direitos políticos ocorre no caso de cancelamento da naturalização, por sentença
transitada em julgado. A suspensão dos direitos políticos ocorre nos casos de incapacidade civil
absoluta, condenação criminal com trânsito em julgado, enquanto durarem seus efeitos e improbidade
administrativa. A recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa é considerada,
16
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
por parte da doutrina, como hipótese de suspensão e, por outra parte, como hipótese de perda dos
direitos políticos.
O Estado Federal é o todo, com personalidade jurídica de direito público internacional. A União é
pessoa jurídica de direito público interno, com autonomia em relação aos Estados-membros e aos
municípios, cabendo-lhe exercer as prerrogativas de soberania do Estado brasileiro. A União não é
soberana. A soberania é do Estado Federal.
A criação de Estados, bem como incorporações e fusões entre Estados está disciplinada no artigo 18,
p.3º da Constituição que estabelece os seguintes requisitos: aprovação da população diretamente
interessada através de plebiscito e edição de uma Lei Complementar. A Constituição também exige a
manifestação das Assembléias Legislativas envolvidas cujos pronunciamentos, no entanto, não terão
caráter vinculante. A criação de territórios também requer Lei Complementar e prévia aprovação da
população através de plebiscito.
critérios para a apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal e divulgação dos
referidos estudos.
Existem vedações que a Constituição estabelece para todos os entes do Estado Federal conforme o
artigo 19 que tem o seguinte teor: “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios”:
A autonomia dos Estados-membros está caracterizada por três aspectos: capacidade de auto-
organização e normatização própria, autogoverno e auto-administração. A auto-organização
corresponde à existência das constituições estaduais representando o exercício do poder constituinte
decorrente. A normatização própria significa a existência de competências legislativas
constitucionalmente reservadas aos Estados. O auto-governo é a escolha dos titulares dos poderes
executivo e legislativo pelo próprio povo do Estado e a existência do Poder Judiciário Estadual. Os
Estados-membros possuem autonomia administrativa, instituindo e mantendo os seus próprios órgãos
administrativos.
A Federação brasileira, de maneira singular, inclui o município como ente federativo, reconhecendo-
lhe capacidade de auto-organização e normatização própria, autogoverno e auto-administração.
Não se estende aos Governadores de Estado a imunidade temporária à persecução penal que protege
o Presidente da República. No entanto, a instauração de processo por crime comum contra o
Governador pode estar condicionada à licença da Assembléia Legislativa.
Os deputados estaduais gozam da imunidade formal e material, nos mesmos termos em que a
proteção é concedida aos parlamentares federais.
18
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
O subsídio do Governado do Estado será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa., o
mesmo acontecendo com o subsídio dos deputados estaduais.
A constituição federal elencou os bens da União no artigo 20 e os bens dos Estados no artigo 26. As
ilhas oceânicas e costeiras são bens da União, mas é possível que ali existam áreas de propriedade
estadual. A Emenda Constitucional nº46/2005 estabeleceu que não se incluem no domínio da União as
ilhas que contenham a sede de município, com exceção das áreas afetadas ao serviço público e unidade
ambiental federal.
A competência legislativa foi distribuída da seguinte forma: competência privativa da União (art. 22,
CF), competência remanescentes dos Estados-membros, competência concorrente da União, dos
Estados e do Distrito Federal (art. 24 CF).
Sobrevindo a Lei Federal sobre normas gerais, ficará suspensa a eficácia da Lei estadual no que lhe
for contraditório. Observamos que não se trata de revogação da lei estadual pela lei federal.
19
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
A competência exclusiva do município está prevista no art. 30 da CF. o município pode suplementar
a legislação federal e estadual no que couber.
O Distrito Federal tem as competências reservadas aos Estados e municípios (art. 32 parágrafo 1 o da
CF).
B) Intervenção:
A União pode intervir nos Estados e nos municípios situados em territórios federais. Os Estados
podem intervir nos municípios. A intervenção é decretada pelo Poder Executivo. Existem casos em que
o Chefe do Executivo age de ofício e em outras hipóteses necessita de ser provocado.
A intervenção pode ser decretada de ofício para manter a integridade nacional, repelir invasão
estrangeira ou de uma unidade da federação em outra, por termo a grave comprometimento da ordem
pública e reorganizar as finanças públicas. Nos casos de garantir o livre exercício de qualquer dos
poderes nas unidades da federação, prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial e de
assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis, o Chefe do Poder Executivo age
mediante provocação.
Existindo coação contra o Poder Executivo ou o Poder Legislativo dos Estados, o Presidente da
República poderá decretar a intervenção por solicitação do Poder coagido. Apreciará, no entanto,
discricionariamente a necessidade da intervenção. Se a coação for exercida contra o Poder Judiciário, é
imprescindível requisição do Supremo Tribunal Federal. Nas hipóteses de intervenção para assegurar a
execução de lei federal, ordem ou decisão judicial e a observância dos princípios constitucionais
sensíveis também é imprescindível a requisição do Poder Judiciário.
Nos casos de observância dos princípios constitucionais sensíveis e de prover a execução de lei
federal, ordem ou decisão judicial, a intervenção não será decretada se a mera suspensão do ato for
suficiente.
A intervenção será formalizada por decreto, que nomeará o interventor e indicará o prazo e a
amplitude da intervenção. Exceto no caso de requisição do Poder Judiciário, o decreto será submetido
ao controle político do Congresso Nacional no prazo de vinte e quatro horas. Se for rejeitado, a
intervenção deverá cessar imediatamente sob pena de crime de responsabilidade do Presidente da
República. Nem sempre haverá necessidade de nomeação de interventor
Os Estados poderão intervir nos municípios e a União poderá intervir nos municípios localizados em
território federal para restabelecer a normalidade das finanças públicas nos casos de não pagamento,
sem motivo de força maior, da dívida fundada por dois anos consecutivos e de não prestação de contas.
Também enseja a intervenção a não aplicação do mínimo exigido da receita municipal na manutenção
e desenvolvimento do ensino. Nos referidos casos, o Chefe do Executivo Estadual poderá agir de
ofício.
A Constituição Estadual não poderá criar outras hipóteses de intervenção nos municípios, além das
que estão previstas na Constituição Federal.
X. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
Pode ser apreciada em dois aspectos: o orgânico, que corresponde às estruturas governamentais
instituídas para o desempenho da função administrativa e o material ou funcional, que significa a
atividade destinada a atender de modo concreto e imediato necessidades coletivas.
A Constituição de 1988 trouxe capítulo específico sobre a Administração Pública, que recebeu
modificações significativas com a Emenda Constitucional n°19 e também com as Emendas 20, 41 e
47.
Existem normas constitucionais que devem ser observadas pela Administração pública direta,
indireta e fundacional, em todas as entidades federativas, sendo interessante destacar os seguintes
aspectos:
- Acessibilidade aos cargos, empregos e funções públicas a todos os brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. Não podem ser
estabelecidas exigências para o provimento dos cargos públicos que não resultem da lei.
21
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
- Não são inconstitucionais exigências de idade máxima e altura mínima, quando se revelarem
necessárias ao exercício do cargo, observada a razoabilidade e proporcionalidade. O exame
psicotécnico pode ser exigido, se houver previsão legal e possibilitar apreciação objetiva.
- Exigência de prévia aprovação em concurso público para a investidura em cargo ou emprego público:
estende-se à Administração direta e indireta. Implicou a proibição de provimentos derivados para
carreiras diversas (afastou a ascensão funcional e a transferência).
- Exigência de Lei para fixar e alterar a remuneração dos servidores públicos e o subsídio e proibição
de que excedam o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal. A Emenda
Constitucional 41 alterou a redação do art.37, XI, da Constituição, estabelecendo que a fixação do
subsídio de Ministro do STF não mais necessita de projeto de lei de iniciativa conjunta, sendo apenas
do próprio STF a iniciativa do processo legislativo em tal caso. Foram instituídos pela referida emenda
subtetos no âmbito dos Estados e do Distrito Federal. Em relação ao Poder Executivo Estadual, o teto é
o subsídio do Governado: para o Poder Legislativo, o subsídio dos Deputados Estaduais: para o Poder
Judiciário e membros do MP, Procuradores do Estado e Defensores Públicos, prevalece o subsídio dos
Desembargadores do TJ, que não poderá superar 90,25% do subsídio de Ministro do STF. A Emenda
47 permitiu que os Estados e o Distrito Federal, através de Emenda às respectivas constituições e Lei
Orgânica estabeleçam um teto único equivalente ao subsídio mensal dos desembargadores do Tribunal
de Justiça. Essa regra, no entanto, não alcançará os deputados estaduais. O teto remuneratório deve
abranger todas as vantagens percebidas pelos agentes públicos, exceto as de caráter indenizatório.
- Possibilidade de ser adotado o contrato de gestão para ampliar a autonomia gerencial, orçamentária e
financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta.
- Exigência de lei específica para criar autarquia e autorizar a criação de empresa pública, de sociedade
de economia mista e de fundação, bem como de suas subsidiárias e também para que possam participar
de empresas privadas..
A) O Servidor Público:
22
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
As Leis que instituíram regimes jurídicos no âmbito da União (8.112/90), Estados e Municípios
continuam em vigor. Deixou, no entanto, de existir a exigência de regime único.
é definido por oposição ao regime contratual – os empregados em geral regidos pela CLT
possuem um regime contratual o que significa dizer que em princípio ajustam as
condições de trabalho e assim ajustadas não podem ser modificadas unilateralmente.
Consequentemente, pode a Lei alterar as condições de prestação do serviço. Não significa que
inexista a possibilidade de aquisição de direitos no Regime Estatutário.
Não tem a possibilidade de se opor à modificação desses direitos para o futuro. Ex.: Adicional por
tempo de serviço: foram previstos os anuênios – no Regime Jurídico Único – no entanto, a partir da
vigência de uma Lei que modificou o sistema dos anuênios para o de qüinqüênio, não pode o servidor
se opor aos efeitos para o futuro – conservou o que já havia adquirido, mas, para o futuro terá que se
submeter às novas regras.
Não tem o servidor o direito à preservação das mesmas normas, das mesmas regras.
No caso do servidor público não existe contrato, existe um Estatuto ao qual se submete – que é o
Regime Jurídico Estatutário o qual se ajusta ao interesse público. As modificações são unilaterais
porque são ditadas pelo interesse público, daí porque preservam a sua supremacia.
Cada unidade federada tem seu Regime Jurídico – seus estatutos – que é uma decorrência da
autonomia dessas entidades.
23
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
A Lei nº 9.527, de 10.12.97, derrogou a Lei nº 8112/90, excluindo a transferência e ascensão como
formas de provimento dos cargos públicos.
Estabilidade
Efetividade é uma característica do provimento do cargo, os cargos públicos podem ser providos em
caráter efetivo ou em comissão.
Efetivos: são aqueles cargos em que se exige aprovação em concurso público e pressupõem uma
situação de permanência.
Comissão: são os livremente nomeados, mas em caráter provisório. São de livre nomeação e
exoneração.
Estabilidade é a permanência do Servidor Público que satisfez o estágio probatório e exige avaliação
especial de desempenho por comissão constituída para essa finalidade. É por isso que se diz que
estabilidade se dá no Serviço Público e não no cargo – é o direito de permanência no Serviço
Público, mas não é o direito de permanência no mesmo cargo para o qual o Servidor foi nomeado.
É por isso que o Servidor Estável não pode se opor à extinção do cargo. Se este for extinto, ficará em
disponibilidade.
Nos termos da Emenda Constitucional n° 19, a estabilidade será adquirida após três anos de
exercício.
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias concedeu estabilidade aos celetistas, desde que
tivessem pelo menos 5 anos de serviço anteriores a 1988.
A Lei n° 8112 fez incluir no Regime Jurídico Único esses servidores que adquiriram estabilidade nos
termos do ADCT.
24
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
O Servidor Estável que ocupar o cargo extinto ou declarado desnecessário será colocado em
disponibilidade.
Acumulação: Hoje a sua vedação é extensiva aos cargos e empregos nas Empresas Públicas.
Autarquias, Sociedade de Economia Mista e Fundações.
Exceções: Dois cargos de profissões regulamentadas na área de saúde (alterada pela EC n° 34)
Dois cargos de Professor
01 de professor e outro de natureza técnico-científica.
Os servidores públicos estatutários e ocupantes de cargos efetivos têm assegurado pela Constituição
regime previdenciário próprio. Os ocupantes de cargos em comissão, embora regidos pelos estatutos,
estarão sujeitos ao regime geral da previdência social.
A aposentadoria será concedida nas seguintes situações: por invalidez, compulsoriamente por idade
(70 anos) ou voluntariamente.
A aposentadoria por invalidez será com proventos integrais se resultar de acidente em serviço ou de
doença específica em lei. Será com proventos proporcionais ao tempo de contribuição quando decorrer
de outras causas.
A aposentadoria compulsória por idade (70 anos) será concedida com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição.
25
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
A aposentadoria voluntária exige sempre o mínimo de dez anos de serviço público e de cinco anos
no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.
Será concedida com proventos proporcionais ao tempo de contribuição ao homem com a idade de 65
anos e à mulher com a idade de 60 anos.
Os proventos de aposentadoria não são mais calculados com base na última remuneração do
servidor e sim de acordo com um critério legal, sendo atualizados monetariamente todos os salários de
contribuição considerados para o cálculo. O valor dos proventos não poderá superar o que o servidor
percebia em atividade.
As pensões também não correspondem ao total da remuneração ou dos proventos do servidor. São
calculados em duas parcelas: até o limite do valor dos benefícios do regime geral será considerado o
valor integral. Sobre o que ultrapassar tal limite será aplicado o percentual de 70%.
Está previsto um abono de permanência para os servidores que satisfizerem os requisitos para a
aposentadoria voluntária integral e continuarem em atividade, no valor equivalente ao da contribuição
previdenciária.
Poderá ser instituído o regime de previdência complementar por lei de iniciativa do respectivo Poder
Executivo, possibilitando que o valor dos benefícios no regime previdenciário do servidor público
também passe a observar o teto fixado para os benefícios do regime geral da Previdência Social.
A) PODER LEGISLATIVO
O Poder Legislativo tem a função primordial de legislar e fiscalizar. No âmbito da União, foi
adotado o bicameralismo, compondo-se, o Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
Cada legislatura terá a duração de 4 anos, tanto para o Senado como para a Câmara, não obstante o
mandato de 8 anos que têm os senadores. O período anual corresponde à sessão legislativa, que se
divide em 2 períodos legislativos (15 de fevereiro a 30,de junho e 1 de agosto a 15 de dezembro)
Poderá haver a convocação extraordinária do Congresso Nacional, nos casos previstos no art. 57,
§6º da CF. Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso deliberará sobre a matéria objeto da
convocação, sendo automaticamente incluída na pauta a apreciação das medidas provisórias pendentes.
26
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
A Câmara dos Deputados constitui-se de representantes do Povo eleitos em cada Estado, no Distrito
Federal e nos Territórios pelo sistema proporcional.
A Constituição no artigo 45, parágrafo 1 o estabelece que o número de Deputados será determinado
por Lei Complementar (Lei Complementar n° 78, de 30.12.93), proporcionalmente à população de
cada Estado e do Distrito Federal, observado o mínimo de oito e o máximo de setenta Deputados. Cada
território (se for criado) elegerá quatro Deputados.
O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três senadores com mandato de oito
anos. Os territórios não elegem senadores.
As Casas do Congresso Nacional são dirigidas pelas respectivas Mesas. Existem as Mesas do
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A Mesa do Congresso será
composta pelo Presidente do Senado, 1o Vice-Presidente da Câmara, 2o Vice-Presidente do Senado, 1o
Secretário da Câmara, 2o Secretário do Senado, 3o Secretário da Câmara e 4o Secretário do Senado.
Não há predominância de uma Casa sobre a outra. No entanto, os projetos de lei, de iniciativa do
Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e dos cidadãos
começam a tramitar pela Câmara dos Deputados.
A competência privativa da Câmara dos Deputados está prevista no art. 51 e a do Senado no art. 52.
Funcionam no Congresso as Comissões Parlamentares, que têm participação no processo legislativo,
exercem papel fiscalizador e outras atribuições. Podem ser permanentes, mantendo-se nas diversas
legislaturas ou temporárias, constituídas para apreciação de determinada matéria ou se extinguindo
com o término da legislatura. As Comissões Mistas são formadas de Deputados e Senadores.
Podem ser constituídas Comissões Parlamentares de Inquérito, para a apuração de fato determinado
e por prazo certo, com poderes de investigação próprios das autoridades judiciárias, sendo as suas
conclusões encaminhadas ao Ministério Público para que promova a responsabilidade civil ou criminal
dos infratores. A constituição de Comissões Parlamentares de inquérito exige o apoio de 1/3 da Câmara
ou 1/3 do Senado. As referidas comissões não exercem a jurisdição, por isso, não podem restringir
direitos individuais quando as restrições estão sob reserva de jurisdição. Por exemplo, não pode a CPI
decretar prisão ( a não ser realizar a prisão em flagrante), determinar a interceptação das comunicações
telefônicas ou determinar a busca e apreensão domiciliar, sem ordem judicial. A Jurisprudência do STF
reconhece a possibilidade de a CPI quebrar o sigilo bancário, fiscal e telefônico, independentemente de
ordem judicial, através de decisão devidamente fundamentada. A quebra do sigilo telefônico enseja o
acesso aos dados sobre as ligações realizadas, mas não se confunde com a interceptação telefônica, ou
seja, a escuta da conversa.
Os Deputados e Senadores têm a imunidade parlamentar, que sofreu modificações com a EC n° 35.
Foi preservada a imunidade material, também chamada de inviolabilidade pela qual os Deputados e
Senadores não respondem civil e penalmente por quaisquer das suas opiniões, palavras ou votos. Foi
sensivelmente modificada a imunidade formal que tornava imprescindível a licença da Casa respectiva
para processo criminal contra os parlamentares. A partir da vigência da referida Emenda, os processos
podem ser instaurados sem necessidade de licença, devendo o Supremo Tribunal Federal, foro
27
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
competente para o processo, comunicar o recebimento da denúncia à Casa respectiva que, tratando-se
de crime cometido após a diplomação, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação, caso em que
ficará suspensa a prescrição. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, não poderão
ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, hipótese na qual os autos serão remetidos dentro
de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
As imunidades dos Deputados e Senadores subsistirão durante o Estado de Sítio, só podendo ser
suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora
do recinto do Congresso Nacional que sejam incompatíveis com a execução da medida.
Os Deputados Estaduais podem ter imunidade material e formal, nos mesmos moldes previstos para
os parlamentares federais. Os vereadores terão apenas a inviolabilidade (imunidade material) pelas
opiniões, palavras e votos que emitirem no exercício do mandato, no âmbito do Município.
PROCESSO LEGISLATIVO:
É o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos visando à formação das leis constitucionais,
complementares e ordinárias, resoluções e decretos-legislativos (José Afonso da Silva).
Os regimes ditatoriais em que o próprio governante faz as leis caracterizam o processo autocrático.
A formação das leis em assembléias populares corresponde ao processo direto. A escolha de
representantes do povo que elaborarão as leis é o processo legislativo indireto. No processo legislativo
semidireto, as decisões do órgão representativo são submetidos ao referendo popular..
As fases do processo legislativo podem ser apresentadas da seguinte forma: iniciativa legislativa,
emendas, votação, sanção e veto, promulgação e publicação.
Iniciativa é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao
Legislativo. Em regra, a iniciativa do processo legislativo é atribuída concorrentemente ao Presidente
da República, Deputados, Senadores e aos cidadãos. O Supremo Tribunal Federal tem a iniciativa da
Lei Complementar dispondo sobre o estatuto da magistratura, das leis de criação e extinção de cargos e
fixação de vencimentos de seus membros e de seus serviços auxiliares.
Os Tribunais Superiores têm a iniciativa das leis de alteração do número dos membros dos Tribunais
inferiores, de criação e extinção de cargos e fixação de vencimentos de seus membros, dos juízes,
inclusive dos Tribunais inferiores, onde houver, dos serviços auxiliares e os dos juízes que lhes forem
vinculados.
O Procurador Geral da República tem a iniciativa das leis de organização do Ministério Público da
União concorrentemente com o Presidente da República.
28
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
As matérias previstas no art. 61, parágrafo 1o da Constituição Federal somente podem ser tratadas
por leis de iniciativa privativa do Presidente da República.
A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
subscrito, por no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
Estados com não menos de três décimos por cento dos eleitores em cada um deles.
Emendas:
Correspondem à atribuição que têm os parlamentares de poderem alterar os projetos que lhes são
submetidos. Não se admitem Emendas que aumentem despesas em projetos de lei de iniciativa
exclusiva do Presidente da República, nem nos projetos sobre organização dos serviços administrativos
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.
Votação:
É a decisão sobre os projetos, no âmbito das Casas Legislativas. Exige-se a maioria dos membros
presentes (maioria simples), para a aprovação dos projetos de lei ordinária, maioria absoluta dos
membros das Casas Legislativas, para aprovação dos projetos de lei complementar e maioria de três
quintos dos membros das Casas do Congresso para aprovação de Emendas Constitucionais.
Sanção:
Veto:
Promulgação:
O projeto de lei torna-se lei com a sanção presidencial ou a derrubada do veto pelo Congresso
Nacional. A promulgação apenas constata a existência da lei. Existem autores, no entanto, entendendo
que a promulgação transforma o projeto em lei.Se houver rejeição do veto ou sanção tácita, a
promulgação, em princípio, deverá ser realizada pelo Presidente da República. No entanto, se este não
promulgar dentro de 48 horas, o Presidente do Senado promulgará a lei e se este não fizer em igual
prazo, caberá ao vice-presidente do Senado fazê-lo.
Publicação:
29
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
É condição para a lei entrar em vigor. É realizada pela inserção do texto promulgado no Diário
Oficial.
Espécies Normativas:
O artigo 59 da Constituição Federal menciona as espécies normativas primárias, ou seja, aquelas que
retiram seu fundamento de validade diretamente da Constituição Federal. O processo legislativo
compreende a elaboração de Emendas à Constituição, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Leis
Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos-Legislativos e Resoluções.
Leis Delegadas – são elaboradas pelo Presidente da República, mediante delegação do Congresso
Nacional que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. A delegação será expressa em
uma Resolução do Congresso Nacional. Não serão objeto de delegação os atos de competência
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal, a matéria reservada à Lei Complementar, nem a legislação sobre a organização do
Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros, a nacionalidade,
cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais, planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
orçamentos.
B) PODER EXECUTIVO
31
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
32
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
Os Ministros de Estado, no Brasil, são meros auxiliares do Presidente, que pode, livremente, nomeá-
los e demiti-los. Entre as atribuições dos Ministros de Estado encontra-se a de referendar os atos
praticados pelo Presidente da República, sendo predominante o entendimento de que o referendo é
requisito de validade dos atos.
Tratando-se de crimes comuns, o processo, após a autorização da Câmara, será instaurado perante o
Supremo Tribunal Federal, com o recebimento da denúncia ou queixa-crime, ficando o Presidente
suspenso imediatamente de suas funções. Nos casos de crime de responsabilidade, recebida a
autorização da Câmara, o Senado prosseguirá com o processo e realizará o julgamento sob a
presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal. Instaurado o processo no Senado, o Presidente
também ficará suspenso das suas funções. Em ambos os casos, a suspensão das funções perdurará por
180 dias após o que se o julgamento não tiver sido realizado, o Presidente retomará o exercício das
suas funções. O julgamento condenatório por crime de responsabilidade exige dois terços dos votos do
Senado, limitando-se a decisão à perda do cargo, com inabilitação por oito anos para o exercício de
função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. Apenas o cidadão está legitimado a
oferecer a acusação por crime de responsabilidade à Câmara dos Deputados A renúncia do Presidente,
após a instauração do processo, não impede a sua continuidade, vez que ainda é cabível a aplicação da
pena de inabilitação para o exercício de cargo ou função pública por oito anos.
As contas do Presidente da República serão inicialmente apreciadas pelo Tribunal de Contas da
União que emitirá um parecer sem caráter vinculante. O julgamento das contas é ato de competência
exclusiva do Congresso Nacional. No âmbito do congresso caberá a uma comissão mista examinar e
emitir parecer sobre as referidas contas. Se o Presidente, após 60 dias do início da sessão legislativa,
não houver prestado as suas contas, caberá à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas, mas
o julgamento será realizado sempre pelo Congresso Nacional.
C) PODER JUDICIÁRIO
A função típica do Poder Judiciário é resolver em definitivo os conflitos de interesses. Exerce, ainda,
funções administrativas, organizando e mantendo seus serviços auxiliares e tem a iniciativa das leis de
sua organização, criação de cargos e fixação de vencimentos.
33
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
A vitaliciedade é adquirida na primeira instância, após dois anos de exercício e nos Tribunais, a
partir da posse. Somente por decisão judicial poderá o juiz perder o cargo.
A inamovibilidade é a permanência do juiz no cargo para o qual foi nomeado, podendo ser removido
por interesse público em decisão tomado pelo voto da maioria absoluta do Tribunal a que estiver
vinculado ou do Conselho Nacional de Justiça (EC nº 45/04).
I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (EC nº 45/04)
Em regra, as vedações estabelecidas para a magistratura coincidem com as que são fixadas para
os membros do MP, no entanto, podemos observar algumas diferenças, como por exemplo: o exercício
da advocacia e de atividade comercial é vedação expressa para os membros do MP e implícita para os
magistrados. Em relação ao exercício de atividade político-partidária, conforme alteração promovida
pela EC nº 45/04 que já era absoluta para os magistrados passou a ter o mesmo caráter para os
membros do MP.
34
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
E s t r u t u r a d o P o d e r J u d i c i á r io
STF CN J
C o n s e lh o N a c i o n a l d e J u s t iç a
J u i z a d o s E s p e c i a is J u í z e s d e D ir e ito J u í z e s F e d e r a is J u n t a s e J u í z e s E l e i t o r a is A u d it o r ia s M ilit a r e s J u í z e s d o T r a b a lh o
Supremo Tribunal Federal – tem a função precípua de apreciar questões constitucionais. Não
é uma Corte, exclusivamente, constitucional, haja vista que possui outras competências, como por
exemplo, processar e julgar determinadas autoridades originariamente. Os seus membros são
magistrados vitalícios, que vão apreciar as questões constitucionais com o critério técnico-jurídico,
exercendo o controle de constitucionalidade não apenas através das ações diretas, mas também nos
casos concretos, como por exemplo, mediante o recurso extraordinário.
A competência do STF está prevista no art. 102 da Constituição. Entre as hipóteses de Competência
Originária podemos destacar: todas as ações de controle concentrado de constitucionalidade em face da
Constituição Federal, o litígio entre Estado estrangeiro ou Organismo Internacional e a União, o
Estado, O DF ou Território (é importante lembrar que se a causa envolver de um lado o estado
Estrangeiro ou Organismo Internacional e do outro lado Município ou pessoa domiciliada ou residente
no Brasil, a competência será da Justiça Federal de 1ª instância com recurso ordinário para o STJ), as
causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o DF, ou entre uns e outros, inclusive as
respectivas entidades da Administração Indireta ( a Jurisprudência do Supremo entende que em tal
caso só haverá competência originária daquela corte se houver uma questão de repercussão federal
para ser decidida). As ações em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente
interessados e aquela em que mais da metade dos membros do Tribunal de origem estejam impedidos
ou sejam direta ou indiretamente interessados. Conforme a EC nº 45/04 não mais compete ao Supremo
a homologação das sentenças estrangeiras nem a concessão do exequatur às cartas rogatórias, vez que
tais competências foram transferidas para o STJ.
O STF apreciará originariamente Habeas Corpus quando o coator ou paciente for pessoa que esteja
diretamente submetida a sua Jurisdição, no entanto, se o coator for Ministro de Estado ou Comandante
da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, a competência para julgar o HC será originariamente do
STJ devendo-se registrar que os habeas-corpus contra atos de Tribunais serão de competência
originária do STF quando o coator for Tribunal Superior. A Jurisprudência entende que o habeas
corpus contra decisões das Turmas recursais dos juizados especiais é de competência originária do
STF. O HC contra decisões de tribunais de segundo grau é de competência originária do STJ.
O conflito de competência será dirimido pelo STF quando envolver Tribunal Superior. Caso o
conflito ocorra entre outros tribunais ou entre juizes vinculados a tribunais diversos a competência
originária para solucioná-los será do STJ.
Nos termos da EC nº 45/04, são de competência originária do STF, as ações contra o Conselho
Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público.
A competência recursal do STF abrange o recurso extraordinário quando a questão envolver matéria
constitucional devidamente preqüestionada, sendo também cabível contra as decisões das turmas
recursais dos juizados especiais, vez que a CF não estabeleceu que tal recurso somente caberia contra
decisões de tribunais. A EC nº 45/04, ao acrescentar o §3º ao art. 102 da CF, estabeleceu que: “no
recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da Lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de 2/3 dos seus membros”.
No que diz respeito, ainda à competência recursal do STF, está previsto o recurso ordinário em duas
hipóteses: habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos tribunais superiores se denegatória a decisão e o crime político, que é julgado em
primeira instância pelo Juiz Federal.
A EC nº 45/04 acrescentou o art. 103, a, estabelecendo que o STF poderá, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de 2/3 dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública Direta e
Indireta, nas esferas Federal, Estadual e Municipal, bem como proceder à revisão ou cancelamento da
súmula, na forma estabelecida em Lei. Trata-se da Súmula Vinculante. Deve-se esclarecer que
somente o STF poderá instituir súmula vinculante. As atuais súmulas do STF somente terão efeito
vinculante se forem confirmadas por 2/3 dos integrantes daquela Corte e após publicação na imprensa
oficial. A súmula vinculante terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
Administração Pública, que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos
sobre questão idêntica. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em Lei, a aprovação, revisão ou
cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a Ação Direta de
36
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
A competência que caracteriza a função peculiar do STJ é a de julgar em recurso especial as causas
decididas em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios quando a decisão recorrida contrariar tratado ou lei
federal ou negar-lhe vigência, julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal, der
a lei interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro Tribunal. Não cabe recurso especial para
o STJ contra decisões das turmas recursais dos juizados especiais, vez que a CF admite tal recurso,
apenas contra decisões de tribunais. Outras competências são atribuídas ao STJ pelo art. 105 da
Constituição. Podemos destacar a competência para processar e julgar os governadores de estado nos
crimes comuns. Ressalte-se que nos crimes de responsabilidade os governadores são processados e
julgados por tribunais especiais constituídos por deputados estaduais e membros dos tribunais de
justiça ou pelas Assembléias Legislativas. Nos crimes comuns e de responsabilidade, o STJ processa e
julga os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribunais Regionais Federais e dos
Tribunais Regionais do Trabalho, os membros dos Tribunais de contas Estaduais e Municipais e os
membros do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais. Os membros do MPU que
oficiem perante a primeira instância serão processados e julgados pelos Tribunais Regionais Federais.
Deve-se lembrar que a EC nº 45/04 conferiu ao STJ a competência para a homologação de sentenças
estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.
proferir. Poderá, ainda, a Lei atribuir à Justiça do Trabalho a resolução de outras controvérsias
decorrentes da relação de trabalho.
A Justiça Militar é competente para processar e julgar os crimes militares definidos em lei. O art.9
do Código Penal Militar prevê as situações que caracterizam crime militar.
VI. um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII. um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
XII. dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
XIII. dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara
dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
38
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
O Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, que votará em caso de
empate, ficando excluído da distribuição de processos naquele tribunal.
- O MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público na Constituição de 1967 estava incluído no âmbito do Poder Judiciário. A atual
Constituição não previu expressamente o posicionamento do MP em nenhum dos poderes do Estado,
tratando-o como instituição essencial à Justiça.
39
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
Cada ramo do MPU terá a sua chefia. O MPF terá por chefe o próprio Procurador-Geral da
República. O MPT e o MPM terão as respectivas chefias designadas pelo PGR entre uma lista tríplice
composta por integrantes da Instituição eleitos pelos membros do respectivo ramo.
O mandato dos Procuradores Gerais dos MP’s Estaduais e do MP do DF será de dois anos
admitindo-se, apenas uma prorrogação.
As vedações aplicáveis aos membros do MP constam do art. 128, §5o, II, quais sejam:
A EC nº 45/04 passou a exigir três anos de atividade jurídica para o ingresso na carreira do
Ministério Público.
A ação Penal Pública é de titularidade exclusiva do MP. Nas ações cíveis, o MP tem
legitimidade concorrente para a Ação Civil Pública e a Ação de Improbidade Administrativa. O
Inquérito civil é atribuição exclusiva do MP.
Também criado pela EC nº 45/04, o Conselho Nacional do Ministério Público será composto
de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de
Justiça;
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal.
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos
regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados,
podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou
dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e
aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do
Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no
art. 84, XI.
41
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público, competentes para receber
reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público,
inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do
Ministério Público.
A ADVOCACIA PÚBLICA
A representação da União em juízo cabe à Advocacia Geral da União que também exerce funções de
consultoria. Nas causas de natureza fiscal, a União será representada pela Procuradoria da Fazenda
Nacional. O Advogado Geral da união é nomeado pelo Presidente da República não sendo a escolha
submetida ao Senado. Nos crimes de responsabilidade, ele será julgado pelo Senado e nos crimes
comuns pelo STF, tendo em vista que tem o status de ministro de Estado.
A DEFENSORIA PÚBLICA
Tem a incumbência de exercer a orientação jurídica e a defesa em todos os graus dos necessitados.
Os defensores públicos serão nomeados após aprovação em concurso público de provas e títulos e não
poderão exercer a advocacia privada.
Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios
e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na
classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia
da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
A ADVOCACIA
42
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
O estado de sítio correspondia a uma instituição militar existente em praças de guerras sujeitas a
ataques ou assédio. Essa instituição evoluiu para caracterizar o estado de sítio político ou fictício. A
Constituição de 13/12/1799 incorporou a “suspensão da Constituição”. No séc. XIX, os institutos de
defesa do Estado encontraram a sua adequada disciplina constitucional consolidando-se o
entendimento de que não poderiam implicar suspensão da Constituição, devendo haver previsão
constitucional das medidas de defesa, que podem exigir suspensão de algumas garantias
constitucionais. Surgiu, portanto, o chamado sistema constitucional de crises.
É possível apontar os seguintes aspectos comuns às duas medidas de defesa do Estado: decretação
pelo Presidente da República, após audiência, sem caráter vinculativo dos Conselhos da República e da
Defesa Nacional, possibilidade de controle jurisdicional da legalidade, temporariedade das medidas,
acompanhamento pelo Congresso Nacional, responsabilidade dos executores pelos ilícitos cometidos,
prestação de contas do Presidente da República ao Congresso Nacional, após a execução das medidas,
crime de responsabilidade do Presidente da República.
O Estado de Defesa é cabível nas situações de ordem pública ou paz social ameaçada de
instabilidade institucional e de calamidade natural. Será decretado por no máximo trinta dias,
prorrogáveis uma única vez, abrangerá locais restritos e determinados e admitirá restrições aos
seguintes direitos: sigilo de correspondência e de comunicações telegráficas e telefônicas, direito de
reunião e exigibilidade de prisão somente em flagrante delito ou por ordem escrita da autoridade
judicial competente.
O Estado de Sítio poderá ser decretado em caso de comoção nacional ou de ineficácia do Estado de
Defesa e, ainda, nas hipóteses de declaração de guerra ou de resposta à agressão armada estrangeira. É
imprescindível a prévia autorização do Congresso Nacional, por maioria absoluta, solicitada pelo
Presidente da República, após os pareceres dos Conselhos da República e de Defesa Nacional. A
vigência será de trinta dias, prorrogáveis por trinta dias, de cada vez, nos casos de comoção nacional e
de ineficácia do Estado de Defesa. Nas hipóteses de declaração de guerra e de resposta à agressão
armada estrangeira durará o tempo necessário da guerra ou para repelir a agressão. As medidas
poderão ser aplicadas no âmbito nacional. Poderão ser restringidas as garantias previstas no artigo 5 o ,
43
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE ___ Marcos Godoy
XI, XII, XXV, LXI e art. 220 da Constituição Federal. Nos casos de guerra ou de agressão armada
estrangeira, poderão ser suspensas todas as garantias constitucionais.
A Constituição de 1988 conferiu autonomia à Ordem Social. Tratou em títulos próprios à Ordem
Econômica e à Ordem Social.
O artigo 170 da Constituição estabeleceu os princípios gerais da atividade econômica. Segundo Raul
Machado Horta, há princípios-valores (soberania nacional, propriedade privada, livre concorrência).
Há princípios-intenções (redução das desigualdades regionais, busca do pleno emprego, tratamento
favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua
sede e administração no país) , função social da propriedade), há princípios de ação-política (defesa do
consumidor, defesa do meio ambiente).A Emenda Constitucional 42/2003 deu nova redação ao artigo
170, inciso VI, da CF, estabelecendo que a defesa do meio ambiente poderá ser realizada,
inclusive,mediante tratamento diferenciado,conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação.
A desapropriação para fins de reforma agrária é privativa da União. A indenização será prévia e justa
em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão. As benfeitorias úteis e necessárias serão pagas em
dinheiro. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média
propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; a propriedade
produtiva.O art. l9l prevê o denominado usucapião pro labore, que será reconhecido em favor de quem,
não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia
O sistema financeiro nacional será regulado em leis complementares, conforme previsto no art. l92
da Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional 40/2003. A referida Emenda retirou
do texto constitucional a previsão de limitação das taxas de juros reais em l2% ao ano, que conforme
entendia o STF caracterizava norma de eficácia limitada. Com a nova redação podem existir diversas
leis complementares regulando o sistema financeiro nacional.
No título da Ordem Social a Constituição de 1988 tratou dos seguintes assuntos: seguridade social
(direito à saúde, à previdência e à assistência social), educação, cultura e desporto, ciência e
tecnologia, comunicação social, meio ambiente, família, criança, adolescente e idoso, índios.
A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos
e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios e das
contribuições sociais previstas nos incisos do art. 195 da Constituição. Outras contribuições poderão
ser instituídas por Lei Complementar, obedecido ao disposto no art.. 154, I, da Constituição. As
contribuições para a seguridade social estão sujeitas à anterioridade específica de 90 dias.
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem
um sistema único.
A educação é considerada direito de todos e dever do Estado e da família. O ensino será ministrado
com base nos princípios da igualdade de acesso e permanência na escola, liberdade, pluralismo,
coexistência de instituições públicas e privadas, gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais, valorização dos profissionais do ensino, gestão democrática do ensino público, na forma da
lei, garantia de padrão de qualidade. É assegurada a autonomia didático-científica e de gestão
financeira e patrimonial das universidades. O Estado deverá garantir ensino fundamental obrigatório e
gratuito. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito por cento e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
BIBLIOGRAFIA:
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. MALHEIROS. 2005.
46
DIREITO CONSTITUCIONAL – TRF / TRE Marcos Godoy