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Resumo
Neste trabalho final, pretende-se, partindo das intervenções mais pertinentes, ocorridas durante o
Curso, nos Fóruns da Unidade Curricular Sociedade em Rede, estabelecer um fio condutor entre
a questão das identidades na rede e o exercício do poder e cidadania na (Ciber)Cultura.
Através de uma reflexão mais aprofundada, recorrendo à bibliografia da unidade curricular, usando
a experiência pessoal, na rede, nomeadamente no Facebook e Second Life, após descrição da
presença da Presidência da República Portuguesa no Second Life, infere-se que esta forma de
actuação possa ser uma consequência do novo exercício do poder e cidadania.
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NOTAS PRÉVIAS
Para imagem de fundo deste artigo, usou-se, em marca de água, a Roda de Amigos, resultante
das interacções no Facebook. Dessas interacções destaco, em particular, a que foi estabelecida
com o Vice-Presidente da CCV - Comunidade Cultural Virtual, Rui Lourenço, que permitiu uma
informação actualizada sobre as actividades desenvolvidas no âmbito da Presidência da República
Portuguesa, no Second Life.
2 – Para fundamentar a conclusão desta reflexão, foi muito importante e útil, todo o trabalho
desenvolvido na Unidade Curricular de Comunicação Educacional, aquando da preparação para o
Congresso “Face2Face e Comunicação mediada por computador”, bem como todas as
experiências de carácter cultural e social desenvolvidas no Second Life, quer de forma autónoma,
quer com a orientação da Professora Maria Balsamão (Mysan Randt).
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Curiosamente, esta questão não teve, no Fórum, a repercussão que desejávamos. Por exemplo, e,
na sequência das participações no Fórum acima identificado, o colega com que discutia o assunto
sugeriu que ninguém pudesse definir essas fronteiras, devendo depender de cada um, individuo ou
grupo, desenvolver as suas próprias capacidades (Quarta, 25 Março 2009, 23:31). Como resposta,
remeti para a leitura de quatro links, todos eles artigos informativos sobre a vontade de Estados se
mostrarem interessados em controlar o acesso dos cidadãos à Internet, tal como se pode ler
nestas palavras, no site da Ciberia (um dos links referenciados): A União Europeia quer que os
Governos dos vários países e as empresas do sector privado partilhem responsabilidades no
controlo da internet, preparando terreno para formar no futuro um organismo de controlo que conta
também com a ajuda dos Estados Unidos.
Utilizámos atrás um verbo volitivo (desejávamos), porque nos parece que, neste intricado de
vivências, que é estar em rede, seria importante aprender a estar em rede, enquanto sociedade
informacional (Castells, 2007) . E, quanto a nós, isso só será possível, contextualizado num novo
paradigma de cidadania. Aquele, onde, seguindo as reflexões de Castells [Castells, M. - A
Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política], “todos os intervenientes deverão colaborar
no sentido de "maximizar as hipóteses de cumprir os projectos individuais e colectivos expressos
pelas necessidades sociais e pelos valores, em novas condições estruturais." (idem) Devendo o
objectivo ser "caminhar para políticas-chave a fim de deliberadamente melhorarem o bem-estar
humano num novo contexto histórico." (idem). Esta última transcrição consta do wiki construído em
equipa, sobre o Poder e Cidadania aquando do desenvolvimento da Unidade II - A virtualização
das relações sociais. Optámos, na altura, por participar na construção do Wiki sobre esta
temática, por se revelar de grande interesse, quanto a nós, para a compreensão daquilo que deva
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Talvez a fragmentação de que fala a Mónica seja uma boa pista para começarmos a construir uma visão
mais complexa desta relação entre cibercultura e poder nas sociedades contemporâneas.
Para responder a este último desafio do Professor, socorri-me precisamente do seu texto - A Cultura na
Sociedade em Rede - e detive-me, já no último capítulo, "Em busca de um sentido para os dias de hoje", nas
seguintes afirmações:
"...o aumento exponencial dos fluxos de pessoas e de informação que circulam pelo mundo conduziu a uma
intensificação tão grande das relações interculturais que, por vezes, somos levados a pensar que todas as
culturas se diluíram num mesmo referencial." - Esta ideia de cultura global, remete-me quase
automaticamente para o conceito de meta-rede de Castells (Sociedade em Rede, página 614), desenvolvida
a partir da construção social das novas formas dominantes do espaço e do tempo. E à ideia de que as
culturas se diluíram de Pedro Abrantes, perdendo, portanto, identidade, na meta-rede de Castells, as
funções não essenciais são ignoradas , sendo os grupos sociais subordinados e os territórios desavalorizados
("espaço dos lugares") .
Assim, subsiste a ideia de haver uma força dominante que se sobrepõe. São, segundo Pedro Abrantes, os
centros que "impõem o seu modelo cultural às periferias"; de acordo com Castells, a "forma fundamental de
dominação da nossa sociedade baseia-se na capacidade organizacional da elite dominante, que segue de
mãos dadas com a sua capacidade de desorganizar os grupos da sociedade..." (pág. 540) E é a partir destas
novas relações, onde conhecimento e imaginação se instituem poderes (Pedro Abrantes) que emerge uma
nova forma de exercer o poder, com base na informação e cultura.
O espaço através do qual essa informação circula deixou de ser físico. A internet permite a globalização e,
segundo Castells, o poder tem medo da internet: "...os poderes têm medo da Internet. Estive em não sei
quantas comissões assessoras de governos e instituições internacionais nos últimos 15 anos, e a primeira
pergunta que os governos sempre fazem é: como podemos controlar a Internet? A resposta é sempre a
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mesma: não podem. Pode haver vigilância, mas não controle." Mas podem. Veja -se o caso da China, por
exemplo.
Sem conseguir fundamentar, para já, com elementos textuais conclusivos, começo a sentir que a visão de
Castells da sociedade em rede é demasiado optimista. Isto é, despe-se quase do factor humano com vista a
defender as suas virtualidades. Acontece que por detrás de qualquer computador está um homem, uma
mulher, um jovem, uma criança. E, fazendo fé das palavras de Schopenhauer, em Sobre o Sofrimento do
Mundo, o alvo imediato e directo do homem é o sofrimento, isto porque, "...é absurdo pensar que as
infindáveis aflições de que o mundo está cheio e que emergem da necessidade e da angústia próprias da
vida, sejam sem sentido e puramente acidentais. "
Claro que não subscrevo o pessimismo de Schopenhauer, mas para já, parece-me ser a melhor forma de
equilibrar o que vou apreendendo.
A identidade na (ciber)cultura
Por identidade, entendo o processo pelo qual o actor social se reconhece a si próprio e constrói
significado, sobretudo, através de um dado atributo cultural ou conjuntos de atributos culturais
determinados, a ponto de excluir uma referência mais ampla a outras estruturas sociais. – Partindo
desta definição de identidade, Castells, no Prólogo da obra de referência desta Unidade
Curricular, [Castells, 2007, p. 26], conduz a discussão para a seguinte problemática: “Como
combinar novas tecnologias e memória colectiva, ciência universal e culturas comunitárias, paixão
e razão? De facto, como?! E porque observamos a tendência oposta em todo o mundo,
nomeadamente, a distância crescente entre globalização e identidade, entre Rede e o Self?
[Castells, 2007, p. 27]
A questão da rede e do self foi debatida no Fórum de apresentação: redes e identidades, e foi,
talvez, um dos tópicos com maior participação (83 Participações).
A propósito da distância crescente entre globalização e identidade, transcrevemos um excerto de
um das participações, registada a 28 Março 2009, pelas 23:36:
2º
Parece-me que a tal oposição bipolar entre rede e self surge, porque a distância entre globalização
(rede) e identidade (self) é cada vez maior. Isto porque as novas tecnologias de informação estão a
integrar o mundo em redes globais de instrumentalidade.
• Aqui [ainda] não entendi o seguinte: por que razão falar em oposição bipolar. Havendo
oposição, por inerência, têm de existir sempre dois pólos, dois termos que se oponham.
Concluída esta fase do Curso e depois de todas as leituras, análises e reflexões efectuadas,
parece-nos que a oposição entre identidade e rede seja cada vez mais ténue. No Fórum sobre a
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(ciber)cultura: cultura e poder no século XXI, foi-nos pedido que escolhêssemos um símbolo
que, para nós, fosse representativo desta nova (ciber)cultura, justificando a escolha, à luz dos
conhecimentos mais teóricos sobre o tema. Houve vários exemplos que recaíram sobre indivíduos,
enquanto participantes na rede, tendo-se tornado símbolos pela criação de uma imagem digital de
si próprios. Sem dúvida que esse facto estará relacionado com a utilização da comunicação
mediada pelo computador, como refere Snyder (2001, p. 120), realçando nestas palavras a
importância que é dada à imagem:
‘The turn to the visual’ also represents a significant change associated with computer-mediated
communication as to how meanings are made. Certain developments in technology – electronic text
and data processing and reproduction, image and colour reproduction, and layout practices – are all
making the shift from the verbal to the visual possible.
Para símbolo representativo da (ciber)cultura, escolhemos Ana Free, como de seguida daremos
conta, bem como do processo de busca, leitura e reflexão cujo produto final se acabou por
concretizar em dois momentos, fruto da interacção com o Professor:
1º Momento
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A propósito de sonhos, termino a citar um excerto do capítulo 5 que me despertou interesse e que
tem a ver com cultura da primeira geração de utilizadores : "Mas à medida que as pioneiras e
heróicas tribos informáticas vão recuando face ao implacável fluxo de ''newbies'', o que resta da
contracultura original da Rede e a informalidade e a autonomia da comunicação, a ideia de que
muitos contribuem para muitos, mas, no entanto, cada um tem a sua própria voz e espera uma
resposta individualizada. " (pág. 466)
2º Momento
Neste vídeo, no canto inferior esquerdo, podemos ler: "Ana Free / Uma história verídica". E em
30s ficámos a saber que uma jovem, Ana Free, tornou conhecida a sua música através da Internet.
Ana Free, nome artístico de Ana Gomes Ferreira, é filha de pai português e mãe inglesa. Desde os
11 anos que compõe e toca guitarra desde essa altura também. Foi ensinada pelo pai.
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No entanto, tal como referimos, na mensagem do dia 6 Abril 2009, 20:41, parece-nos, cada vez
mais, que este será um movimento que provoca alterações no dia-a-dia das pessoas. Que lhes
altera comportamentos. Que questiona valores e poderes estabelecidos, onde as redes sociais
funcionam como ferramentas facilitadoras da interacção. Como refere Castells (2007, 458 e 463),
quando estabelece a comparação entre este momento que vivemos agora e o que se viveu no
advento da Rádio e Televisão, “…ao contrário da televisão, os consumidores de Internet são
também os seus produtores por fornecerem conteúdos e moldarem a rede. Portanto, o tempo
desigual de chegada das várias sociedades à constelação Internet terá consequências
duradouras no futuro modelo de comunicação e cultura mundial."
Estaremos, então, a falar de um movimento cultural e comunicacional.
É neste ponto que achamos pertinente introduzir o conceito de comunidade virtual, segundo
Castells (2007, p. 489):
Então, o que é um sistema de comunicação que, ao contrário da experiência histórica anterior,
gera virtualidade real? É um sistema em que a própria realidade (ou seja, a experiência simbólica /
material dos sujeitos) é inteiramente captada, totalmente imersa, numa composição de imagens
virtuais no mundo do faz-de-conta, no qual as aparências não se encontram apenas no ecrã
através do qual a experiência é comunicada, mas transforma-se em experiência. Todas as
mensagens, de todos os tipos são inseridas no médium porque este se tornou tão abrangente, tão
diversificado, tão maleável que absorve no mesmo texto multimédia toda a experiência humana,
passada, presente e futura, como aquele ponto único do Universo a que Jorge Luís Borges
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chamou “Aleph”. Deixem-me dar um exemplo, apenas isso, um exemplo que ajude a transmitir
ideias.”
E de seguida, Castells descreve a situação que envolveu Dan Quayle, na campanha presidencial
norte-americana em 1992, para exemplificar. Nós iremos tentar mostrar que a presença da
Presidência da República no Second Life se enquadra nestes parâmetros descritos por Castells.
A definição de comunidade virtual de Castells poderia ser sintetizada por estas palavras: a free
online virtual world imagined and created by its Residents (definição de Second Life, disponível no
respectivo site), enquanto “sistema em que a própria realidade (ou seja, a experiência simbólica /
material dos sujeitos) é inteiramente captada, totalmente imersa, numa composição de imagens
virtuais no mundo do faz-de-conta, no qual as aparências não se encontram apenas no ecrã
através do qual a experiência é comunicada, mas transforma-se em experiência.”
Num cenário em que predomina a ecologia e a harmonia com o ambiente, combinam-se elementos
da nossa história e cultura com linhas arquitectónicas futuristas, recriados em 3D e Multimédia. A
Ilha é envolta em espaços verdes e recriações de animais como golfinhos, baleias, pássaros, com
os quais será possível interagir de várias formas.
A Ilha está organizada em 5 áreas principais: Auditório Armilar, Exposição "Portugal 12.21
Identidade", Museu da Presidência da República, Miradouro da Poesia e Espaço "Tesouro
Passado e Futuro".
À data em que concluímos esta reflexão, estão previstos, na Ilha da Presidência da República
Portuguesa, no Second Life, para dia 22 de Julho, os seguintes eventos, a propósito da
INAUGURAÇÃO DA REABILITAÇÃO DOS VIVEIROS DO JARDIM DA CASCATA:
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Transmissão em directo e exclusivo para o Second Life da estreia da Ópera “Dido e Eneas” de Henry Purcell,
uma produção do Teatro Nacional de São Carlos encomendada pela Presidência da República Portuguesa.
Com encenação do jovem brasileiro André Heller-Lopes, direcção musical do Maestro Geoffrey Styles,
cenografia e figurinos de Rita Pereira e desenho de luz de Pedro Martins, esta obra-prima universal será
apresentada nos Jardins da Residência Oficial da Presidência da República Portuguesa por jovens cantores
portugueses integrados no projecto “Estúdio de Ópera” do Teatro Nacional de São Carlos.
Assim, a democracia digital define-se como “um conjunto de experiências de prática democrática
sem limites de tempo, espaço e outras condições físicas, recorrendo às TIC ou à CMC
(comunicação mediada por computador), como um complemento e não como uma substituição de
práticas políticas tradicionais ‘análogas’. Nesta definição denota-se uma orientação moderada na
análise dos impactos dos novos media no sistema político, na esteira de outros autores como
Anthony Giddens (1999, 2000), quando defende que as novas tecnologias não irão destronar a
democracia representativa, mas podem ser um complemento útil para a conciliação do processo de
tomada de decisões políticas com as preocupações correntes dos cidadãos.
Assim, infere-se que esta possa ser uma forma de exercer o poder e cidadania, nas sociedades em
rede. Do poder, porque todas as iniciativas provêm da Presidência da República Portuguesa, na
acção de promover iniciativas / eventos / projectos que permitam aos cidadãos, no exercício da sua
cidadania, ter acesso à informação de todo o mundo.
O contacto com outros povos que vivem, pensam e sentem os problemas sociais, ambientais,
económicos e políticos de forma diferente, tende a modificar os referenciais tradicionais das
sociedades. O Second Life permite isso, dado que se trata de uma comunidade global.
Circunstância que poderá anular as fronteiras geopolíticas, fomentando a pluralidade de pontos de
vista e aumentando a possibilidade de contestação dos padrões, valores, opiniões vigentes pelos
indivíduos ou grupos sociais, que no caso da Presidência da República Portuguesa, podem,
também, interagir através das redes sociais como: twitter, videos.sapo, flickr e youtube.
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