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A IGREJA DE CRISTO DE BOSTON

Aldo dos Santos Menezes


Revista Defesa da Fé

Com a pretensão de ser a restauradora do cristianismo


primitivo, a Igreja de Boston (ICB), fundada por Kip
McKean, nos EUA, também se apresenta ao público
com outros nomes, a saber: Igreja de Cristo', Igreja de
Cristo Internacional, Igreja de Cristo acrescido do nome
da localidade onde esteja (ex. Igreja de Cristo em São
Paulo), Movimento de Multiplicaçâo, Movimento de
Discipulado, Discípulos de Cristo, Movimento Cristão,
entre outros.

Este grupo possui um culto agressivo a perigoso, apesar


de incutir em seus membros fortes valores morais, além
de características positivas, tais como: visão missionária,
comunidades unidas e fortes, reuniões cheias de
energia, etc. É altamente proselitista, praticando a arte de "pescar em aquário", pois dedica se a
retirar membros de outras igrejas evangélicas. Lamentavelmente, a maioria de seus membros saiu
de nossas igrejas.

Seus adeptos gostam de atuar onde há grandes ajuntamentos, de preferência em universidades.


Os jovens são o alvo principal desse movimento. Ocultam sua verdadeira identidade religiosa,
apresentando se apenas como "cristãos" ou membros da Igreja de Cristo, convidando seus
interpelados para um "bate papo bíblico", no qual tentarão levar as pessoas a viverem uma vida
cristã nos moldes do Novo Testamento (segundo sue visão particular de vida cristã). Caso a
pessoa seja membro de uma igreja evangélica, incutirão a idéia de que se o batismo dela não foi
ministrado visando perdão dos pecados, ela deverá ser rebatizada, pois seria nesse momento que
se daria sua conversão. O indivíduo, assim, deveria deixar sue igreja apóstata a filiar se à única
verdadeira a Igreja de Cristo de Boston.

A HISTÓRIA

No início do século XIX, nos EUA, Thomas Campbell, ministro irlandês presbiteriano, descontente
com sua igreja, fundou a Associação Cristã de Washington (Pensilvânia). Seu filho, Alexander
Campbell, em 1809, abraçou os ideais de seu pai a organizou o movimento "Discípulos de Cristo".
Sua principal intenção era unir os cristãos lutando contra o denominacionalismo, com a proposta
de restaurar as igrejas e resgatar o cristianismo do primeiro século. Porém, esse grupo também se
dividiu, dando origem às Igrejas de Cristo, em 1909. A ICB é uma divisão da Igreja de Cristo de
Crossroads que, por sue vez, é uma divisão das Igrejas de Cristo. Tudo começou quando um de
seus mais destacados ativistas, Kip McKean, foi enviado com sua esposa Elena, em 1979, para
Lxington, Massachusetts. A igreja naquela localidade cresceu de 30 membros, em 1979, pare
quase cinco mil, em 1993.

Em 1983, a Igreja de Cristo de Lexington teve seu nome mudado pare Igreja de Cristo de Boston.
Kip McKean, em 1985, assumiu em definitivo a liderança do movimento. O alvo da ICB é alcançar
milhões de membros, por meio de implantação de milhares de Igrejas. No Brasil, a ICB teve início
oficialmente em maio de 1987, embora a sue base tenha sido lançada em julho de 1986, quando
um grupo de 15 pessoas, liderado por Miguel e Anne-Brigitte Taliaferro, de Nova Iorque,
desembarcou em São Paulo. Tanto em São Paulo, quanto no Rio de Janeiro, a ICB tem atuado
incansavelmente a fim de cumprir sue mete de implantação de igrejas.

DOUTRINAS: a igreja
A ICB declara ser a única religião verdadeira, assim como as Testemunhas de Jeová, os Mormons
e outras seitas. A pessoa que se desgarra da ICB sente se psicologicamente abatida, achando que
não há mais lugar para aonde ir. A ICB declara ser a restauração da verdadeira Igreja que
supostamente desviou se da fé. Isso teria ocorrido por volta do ano 100 d.C., segundo informa uma
de suas literaturas para os novos discípulos. Nem mesmo a Reforma Protestante foi capaz de
devolver a identidade do Corpo de Cristo. A genuína "restauração" iniciou-se em 1979 por
intermédio de Kip McKean, que declarou: "Com essa convicção das Escrituras, veio a
característica principal, só encontrada em nosso movimento A igreja verdadeira a composta só de
discípulos. (...) Não conheço nenhuma outra Igreja, grupo ou movimento que ensine a pratique o
que ensinamos".

Ora, não negamos que houve apostasia no seio da igreja primitiva. Mas dizer que todos os cristãos
apostataram a que a igreja deixou de existir, precisando ser restaurada em pleno século XX é, na
melhor das hipóteses, falta de imaginação! De acordo com o Santo Espírito, alguns e não todos ,
apostatariam da fé (I Tm 4:1). Todos os outros textos bíblicos que tratam do mesmo tema sempre
apontam para uma apostasia parcial, nunca total (II Pe 2:1, 2; Jd 17 24; 11 Ts 2:3 12). A Bíblia
freqüentemente enfatiza a indestrutibilidade da igreja de Jesus (Mt 16:18; 7:24, 25; 28:20; Ap
17:14; Jo 15:16; I Tm 3:15; Ef 3:20, 21).

Discipulado

Os membros da ICB, embora afirmem crer na Bíblia, não a interpretam sem a visão de McKean,
mesmo que os pontos de vista dele estejam em antagonismo com as Escrituras. A doutrina do
discipulado é um exemplo fiel disso. McKean ensinou que assim como Jesus controlava a vida dos
apóstolos em todos os aspectos, da mesma forma quando alguém se tornasse membro da ICB
deveria ter um discipulador que fizesse o mesmo submetendo o a confessar seus pecados ao
discipulador.

Esse proceder causou muita polêmica. McKean, num esforço de salvaguardar seu movimento,
realizou entre 1986 a 1989 uma série de mudanças doutrinárias, incluindo a questão do
discipulado. Ele declarou: "Estava errado em alguns dos meus pensamentos sobre a autoridade
bíblica. Eu achava que os líderes poderiam chamar as pessoas para lhes obedecerem e seguirem
nos em todas as áreas. Isto estava incorreto. Sinto me muito mal pelas pessoas que foram
prejudicadas por esse erro".

O reconhecimento da parte de McKean deque prejudicou muita gente poderia ser uma atitude
elogiável, caso tal prática tivesse sido totalmente eliminada na ICB. Mas isso não aconteceu. Não
se engane com o aparente arrependimento de McKean. Essa dependência do discipulando em
relação ao discipulador que deve acompanhá lo em todas as áreas de sua vida ainda existe a
continua a prejudicar psicologicamente as pessoas no Movimento de Boston.' McKean ensinou o
seguinte princípio aos seus discípulos: "Falar quando a Bíblia fala e silenciar quando ela silencia".
Desconsiderando suas próprias orientações, McKean fez "ouvidos de mercador", não dando
consideração às palavras da Bíblia quando disse ser impossível a um crente ter domínio sobre a fé
de outro (II Co 1:24; I Pe3:5; Rm 14). Enquanto o jugo de Jesus era leve, aliviando os cansados a
sobrecarregados, que achavam nEle descanso para as suas almas (Mt 11:28 30), o de McKean era
pesado a prejudicial.

Batismo

Mckean apresenta quarto requisitos para a salvação: fé, arrependimento, confissão e batismo. Ele
é categórico: "Para recebermos o perdão dos nossos pecaods precisamos ser batizados. (...) Para
nos tornarmos filhos de Deus é preciso receber o batismo. (...) Recebemos o Espírito de Deus no
batismo." Para corroborar a tese de que o batismo é essencial para a salvação, a ICB cita as
seguintes passagens bíblicas : At 2:38; 22:16; Mc 16:16; I Pe 3:20, 21.

Refutamos essa forma de pensar usando as mesmas passagens bíblicas:


# Atos 2:38: "Pedro então lhes respondeu: Arrependei vos, a cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados, a recebereis o dom do Espirito Santo." A
palavra chave é arrependimento. Ninguém recebe o perdão de pecados por ser batizado, mas por
se arrepender dos mesmos. Provavelmente, Pedro queria dizer o seguinte: 'Arrependei vos, e
sereis batizados; arrependei vos, a tereis vossos pecados remidos; arrependei vos, a recebereis o
dom do Espírito Santo'. Sem o genuíno arrependimento que somente o Espírito de Deus pode
proporcionar, o batismo, a remissão de pecados e o recebimento do dom do Espírito Santo não se
tornariam realidade (At 3:19; 5:31; 20:21).

# Atos 22:16: "Agora por que to demoras? Levanta te, batiza to a lava os teus pecados, invocando
o seu nome". Saulo teria seus pecados lavados, não por ser batizado, mas por invocar o nome de
Jesus, em sinal de arrependimento, como uma evidência da atuação do Espírito Santo em sua vida
(Jo 16:7 11; I Co 12:3).

# Marcos 16:16: "Quem crer a for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado" Se
alguém afirma que crê em Jesus, será batizado. Este é o sinal externo de sua conversão. Logo, a
pessoa é salva não por ser batizada, mas por crer. O texto termina dizendo: "quem não crer será
condenado". A passagem não diz: 'Quem não crer a não for batizado'. E quem batizaria alguém
que nega a fé em Jesus? A ênfase está no verbo crer a não no substantivo batismo.

# I Pe 3:20, 21: "Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus
esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparaa a arca; na qual poucas, isto é, oito almas se
salvaram através das águas, que também agora, por uma verdadeira figura o batismo, vos salva, o
qual não é o despojamento da imundícia a carne, mas a indagação de uma boa consciência para
com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo." Este é o texto mais difícil das Escrituras sobre o
assunto. Pedro disse que Paulo "coisas difíceis de se entender" (II Pe :16). Pelo visto, Pedro
também escreveu. Em vista das passagens anteriores a da exegese dos mesmos, não podemos
afirmar que o batismo salva. Então como entender esse texto? Podemos dizer o seguinte: o
batismo nas águas é símbolo da morte a sepultamento do velho homem para uma nova vida. É
apenas um símbolo que aponta para a realidade do que Cristo realiza em nós. Somos sepultados
com Cristo e com Ele ressuscitamos. A salvação do homem somente se torna possível mediante a
morte e ressurreição de Senhor Jesus Cristo (Rm 6:3 11).. O sangue de Cristo tem poder para
salvar a purificar (a água do batismo, não).

Conclusão

A maioria dos adeptos da ICB é sincera no que crê. Segue fielmente as ordenanças de sua
organização religiosa; contudo, precisa aprender que só a sinceridade não basta. Certa vez Jesus
disse: "... vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar serviço a Deus" (jo 16:2). Tais
homens matadores de cristãos, em sua sinceridade, talvez achassem que estivessem servindo
fielmente a Deus; todavia, agiam de modo contrário à Sua vontade. É como diz Provérbios 14:12:
"Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte."

Nenhuma organização religiosa, por melhor que pareça ser, nem nada do que venhamos a praticar,
mesmo nos atendo aos usos e costumes impostos por nossas igrejas a por tradições puramente
humanas, não nos darão em troca a vida eterna. Somos salvos pela fé no Filho de Deus, Jesus.
Nossa plenitude está n'Ele. (Ef 2:8, 9; C1 1:13, 14; 2:10 13).

Notas finais

A ICB não deve ser confundida com as Igrejas de Cristo que formam uma denominação evangélica
proveniente dos Discípulos de Cristo (um movimento desenvolvido no EUA, em 1809 e que
tencionava restaurar o cristianismo primitivo, unindo os cristãos a eliminando as barreiras
denominacionais)..
Bibliografia
1. Champlin, Russel Normam, Bentes, João Marques, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
Volumes 1,2 e 3. São Paulo: Candeia, 1991
2. Elwell, Walter A. (ed.). Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã . Volumes 1 e 2. São
Paulo: Vida Nova, 1990
3. Hinnells, John R. (ed.). Dicionário das Religiões. São Paulo: Círculo do Livro, s.d.

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