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Dentro da fase de pré-evento como vimos na aula anterior, teremos que adequar nossa idéia
ou conceito do evento à realidade da empresa e do mercado no qual estaremos inseridos para
verificarmos se o evento proposto é viável e nos trará o retorno desejado.
Iremos relacionar aqui o evento dentro do marketing de uma instituição e analisar a sua
construção e alguns cuidados que se deve tomar. Não queremos ser prepotentes a ponto de
insinuar que nosso estudo aqui relatado é amplo o bastante para designar todos os cuidados,
mas damos algumas dicas e observamos elementos que julgamos importantes – baseado na
pedagogia da libertação e da autonomia de Paulo Freire – queremos pedir ainda a colaboração
dos discentes que lêem nosso texto para contribuírem nesta produção com seus casos e
experiências.
Para que o gerente de eventos possa produzir resultados que satisfaçam aos objetivos de
marketing de um evento, este evento precisa ter seu processo associado a função do
marketing.
Segundo Johnny Allen Robert Harris e Ian McDonell no livro Organização e gestão de eventos,
estratégia é...
...De longo prazo, em vez de curto prazo. Uma vez fixada uma estratégia de marketing, mudá-
la pode ser dispendioso, sem mencionar a ruptura na montagem do evento. Portanto, há que
se pensar cuidadosamente antes de decidir quais estratégias usar para atingir os objetivos.
...Diferente de tática. Entenda estratégia como o rumo geral que um evento toma a fim de
atingir seus objetivos; e táticas como as manobras detalhadas ou programas que levam a
estratégia a cabo. As táticas podem ser mudadas à medida que as condições do mercado se
alteram, mas a estratégia – o rumo genérico - permanece inalterada.
...baseada na análise cuidadosa dos recursos internos, e ambiente externo, e não uma reação
apressada a mudanças no mercado.
Entendamos então aqui que Marketing Estratégico de Eventos é o processo pelo qual a
organização de um evento ajusta os objetivos de negócios e de marketing e os
ambientes no quais eles ocorrem para uma atividade de mercado.
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Após a decisão política da empresa em realizar um evento, três elementos são vitais para
realizar o planejamento do mesmo:
Objetivos;
Público alvo;
Estratégias.
• Objetivos do Evento
É o que pretendemos alcançar, conseguir, como, quando, onde queremos chegar com a
realização do evento.
Exemplos: Estabelecer, criar, manter, firmar e ou divulgar o conceito e ou imagem da marca,
pessoa, empresa ou produto (lembre-se eu podemos ter três tipos de objetivos: para a
empresa, para o público alvo e para os parceiros e apoiadores).
No livro Organização e Gestão de Eventos p.150, temos uma tabela interessante que apontam
os diferentes interesses e objetivos por detrás de cada elemento presente na composição de
um evento:
Percebam que todos os eventos são claros e mensuráveis, evite objetivos vagos.
• Públicos-alvos do Evento
A quem se destina o evento, afinal precisamos realizar o evento em um formato e tipo que
atenda a necessidade e objetivos deste público. Não adianta realizarmos um evento se o
público não demonstra interesse em participar daquele tipo de evento.
Exemplos: levar funcionários do setor de metalurgia da Volkswagen do Brasil para assistir uma
apresentação de Balé Clássico.
Para não ficarmos apenas pensando que o público alvo é um segmento de nossos
consumidores vamos esclarecer o conceito de público segundo a profa. Margarida M. K.
Kunsh.
• Estratégias do Evento
O “como” realizaremos o evento. São as ações desenvolvidas e executadas para se alcançar
os objetivos propostos, atingindo os resultados, com a sensibilidade dos diversos públicos no
que diz respeito à organização.
Para criarmos uma estratégia forte e coerente precisamos nos atentar a detalhes como:
A análise de variáveis sócio-ambientais;
Análise dos concorrentes;
Alocação de recursos financeiros;
Alocação dos recursos humanos;
Definição de local;
Definição de data e horário;
Programação visual (orientando o público no local do evento);
A definição do estilo do evento – traje;
Divulgação.
Como nosso Brasil é um país de âmbito continental, ele também contempla diferenças
interessantes culturais e econômicas. Assim os eventos podem diferenciar de acordo com a
cultura local.
Por exemplo: No Rio Grande do Sul é comum haver jantares de negócios em churrascarias,
enquanto que em S.Paulo estes eventos ocorrem predominantemente no almoço. Na Bahia é
comum eles não discutirem de negócios depois do almoço, período destinado a uma sesta, ou
descanso, ao qual poderíamos chamar de “ócio criativo”.
Então ao tentar planejar um evento Nacional é preciso tomar cuidado com expressões
coloquiais (gírias locais) que podem não ter o mesmo significado em outras regiões do país
como a palavra “caiçara”.
No tocante ao ambiente econômico podemos apontar a recessão global como uma ameaça a
muitos eventos de entretenimento e lazer, pois a crise faz com que psicologicamente as
pessoas se sintam reticentes em gastar dinheiro para irem a um evento, procurando
economizar evitar gastos e ir em busca de eventos gratuitos.
Precisamos estar atentos a origem social do nosso público, sua história, ritos, música, cores,
clima, localização geográfica, pois elas influem no planejamento.
Com relação ao ambiente tecnológico, um professor amigo meu tem um caso bastante
interessante, ele era gerente de eventos de uma editora de RPG, seu papel no marketing era
aprimorar o relacionamento com atuais clientes fidelizando-os ao hobby e atrair novos
praticantes.
No entanto ele percebeu que com o avanço tecnológico e a entrada de eventos concorrentes
(animes) o público do maior evento da América latina, o Encontro Internacional de RPG vinha
diminuindo ano a ano. Vários fatores como: mudança de local, jogos on-line e dificuldade de se
reunir fisicamente com outros praticantes, início da cobrança de ingresso do público,
envelhecimento do público e mudança de psicográficas, de gosto artístico e cultural do público
(por temas ligados a anime) fez com que este público na cidade de S.Paulo caísse. Porém
paralelamente a isso, a esta perda crescente e acelerada na capital, cidades do interior
paulista, e de outros estados registravam crescimentos espantosos, e isso se deve a falta de
opções de lazer e entretenimento como falta de cinema, teatro, internet e TV a cabo nestes
locais, entre outros motivos. Logo o gerente de eventos viu uma oportunidade de tentar usar o
avanço tecnológico a seu favor e a favor do hobby. Ele criou o “Dia D RPG” um evento parecido
com o “live age” onde 21 cidades iriam interagir entre si ligadas pela web em um mega evento
nacional. Atingindo cidades distantes como Juazeiro, Fortaleza, Maceió, Natal, Cachoeira do
Sul, Blumenau, entre outras, o evento iria integrar os fãs do tema em todo o país e empolgá-los
com uma proposta diferenciada de entretenimento presencial e virtual nunca antes criado ou
imaginado no setor literário – na qual se inclui o RPG, uma forma de literatura.
Portanto é preciso saber quais os avanços comunicacionais via web e móbile para podermos
nos apropriar dele em eventos dos mais diferentes gêneros.
• Concorrentes e substitutos
Alguém que deseja deliberadamente se opor ao seu evento e fará questão de sempre,
sempre, sempre colocar o evento deles na mesma data do seu. A este tipo de
concorrente nossa sugestão é divulgue o seu melhor, fortaleça os laços com seus
parceiros e patrocinadores, não revele seus fornecedores e trabalhe bem, muito bem.
Aos concorrentes éticos e respeitosos, cabe um diálogo e negociação das datas para
que ambos consigam seu intuito e promovam sem problemas seus eventos. Afinal
eventos paralelos e concorrentes não há ganhador. Ambos saem perdendo, perdem
público, geram ruído na cabeça do consumidor eu misturará o conceito de ambos, e ao
disputar patrocínio e apoios perdem ambos oportunidades de negócios.
Todas empresas procuram gastar ou investir pouco e exigem cada vez mais dos profissionais
de eventos.
É preciso, no entanto que todos entendam que sem a adequação mínima de recursos
financeiros e humanos para fazer face às necessidades exigidas pelo evento, demonstrada por
orçamentos com valores correntes de mercado; é inviável prosseguir. Em outras palavras,
podemos tentar o custo zero, mas precisamos de uma segurança mínima, um aporte de verba
e estrutura operacional humana para podermos dar sequência ao planejamento.
IMPORTANTE: cuidado para não seguirem com um evento sem que o mesmo tenha
esclarecido os recursos disponíveis, esta parte deve estar muito clara para podermos começar
a parte de contatos, fornecedores e parcerias, pois seu nome, sua reputação entrará em jogo a
partir daí.
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O equilíbrio entre o que se deve cobrar e o que ofertar é importante para o organizador de um
evento, se o evento for gratuito pode gerar uma percepção de negligência, evento chulo, ou
ainda popular, para a “massa”. Se ao contrário o evento for demasiadamente caro ele pode
afastar seu target. Há Feiras como a Bienal que procuram baratear o custo do ingresso e
tentam equilibrar seu orçamento cobrando caro o metro quadrado de seus expositores, afinal
se o evento for lotado mais expositores irão querer expor seus produtos na feira. Eventos caros
ao público podem ser mais acessíveis aos expositores no custo por metro quadrado. Em geral
nossa sugestão é barato, mas não de graça ao público e bem cobrado aos patrocinadores e
expositores.
- DEFINIÇÃO DE LOCAL
Para podermos escolher o local devemos entender o tipo de evento que estaremos realizando,
para uma palestra ou simpósio precisamos de um auditório, para um coquetel ou lançamento
necessitamos de um salão ou hall amplo, para um show um palco e assim sucessivamente.
Muitas vezes em Feiras e Exposições o local geográfico já foi previamente definido pelo
realizador e ao expositor caberá escolher no lay out ou planta baixa da feira, seu espaço dentro
do pavilhão.
Muitos locais oferecem junto com sua locação serviços essenciais para nós organizadores
como: manobristas, limpeza, segurança, enfermeiro ou médico, eletricista, garçons entre outros
profissionais. Vendo todos estes elementos você poderá escolher o melhor local para seu
evento.
No marketing este fator é trabalhado por Kotler como o P de “Place” ou local onde ofertamos
nossos serviços e produtos, o tempo em que isso se dá, com comodidade e segurança para o
cliente. Bem podemos levar este mesmo preceito para os eventos.
Acima de tudo o bom senso é fundamental na escolha de data e hora do evento. Muitas
pessoas não entendem que certas cidades por exemplo tem leis contra a poluição sonora
como o PSIU em São Paulo e isso pode gerar problemas para o organizador, público e local.
Precisamos verificar com o público e de acordo com seu perfil a data e horário mais
conveniente.
Por exemplo: Vamos fazer um festival de rock, precisamos saber:
Quando é o vestibular das principais universidades? Quando é o ENEM?
Tem algum evento marcado na data que pretendemos? Tipo passeata na Paulista, passeata na
Marginal, enfim...
Oportunidades Ameaças
- COORDENAÇÃO DO EVENTO
Para podermos coordenar o evento, e termos pleno controle no pré-evento, precisamos saber
delegar tarefas, instrumentalizar nossa equipe (treinar, gerir, cobrar) e ter um ótimo
entrosamento interpessoal.
IMPORTANTE: o maior, sim o MAIOR problema de organizar qualquer evento não é o recurso
material, mas o recurso humano, as pessoas são o fator que criam o maior número de
problemas, muitos por falta de comunicação, outros por falha na comunicação, outros por
simples e pura falta de bom senso e ética de algumas pessoas.
O Marketing de eventos segue os mesmos preceitos como podemos ver, do que o marketing
de serviços com suas características: intangibilidade, perecibilidade, inseparabilidade e
variabilidade.
Mandar: é ordenar por força de poder de autoridade conferido por outros eu não seus
subordinados. Logo não necessariamente aceito em tal posição de chefia.
Um bom gerente lidera, o mau gerente manda.
A coordenação para Meirelles deve ser dividida entre geral e setorial. A organização do evento
estabelecerá quais as atribuições e responsabilidades destas equipes, mas segue aqui um
modelo proposto por Meirelles em seu livro “Tudo sobre Eventos”.
IMPORTANTE: é preciso que o coordenador tenha clara quais são suas funções e quem
pertence a sua equipe. A duplicidade de cargos ou funções pode gerar problemas interpessoais
e atrapalharem o andamento do pré-evento causando desgastes e mal estar.
PROBLEMA: como dissemos o fato humano é o maior empecilho para o bom planejamento
de eventos, caso você dependa de pessoas que tem outras atribuições além de lhe ajudar,
peça para que eles passem por e-mail ou por escrito o prazo em que poderão cumprir a tarefa
que você os designou, crie uma metodologia ou comunicação com esta pessoa para que você
consiga ser informado constantemente do andamento do trabalho dela. Veja que planejar o
evento envolve certo grau de neurotização.
Veja o exemplo:
“Um evento “hipotético” esta sendo montado, o coordenador de eventos, passa a estagiária
“Teresa” ou “Maria” para que ela faça uma cotação de preços. Passa-se algum tempo (5 dias)
e o mesmo cobra um feed back ela diz que nem começou a fazer a tarefa, obviamente isso
gerará um problema no cronograma do planejamento. Por isso, avise qualquer pessoa que se
proponha a ajudar de sempre mantê-lo a par do que esta sendo feito e do que NÃO ESTA
sendo feito, e porque. O bom gestor é aquele que resolve os entraves de sua equipe e permite
que estes produzam.
Vejamos outro problema “hipotético” você liga para a gráfica responsável por imprimir os
convites de um lançamento e que haviam previsto a entrega para a segunda feira dia 7; só que
pelo tempo chuvoso o papel úmido precisa de mais tempo para ser impresso e seco, e ele lhe
diz eu só poderá entregar quarta dia 9. Como você sabe planejar, você tinha já uma margem
de segurança e sabia que a real necessidade do convite era sexta, mas por neurose,
precaução e até obstinação perfeccionista havia antes colocado o prazo limite de segunda-
feira, dia 7. Você faz um jogo de linguagem, mas acaba por aceitar que seu fornecedor lhe
entregue dia 9, quarta. Você vê no relógio que é sexta e tem uma reunião externa, sai sem
comunicar nada a sua estagiária... pois bem, o tempo passa, o fim de semana passa, e na
terça, dia 08 você resolve informalmente tocar no assunto convites no almoço em que por
acaso aquela sua estagiária esta presente.dizendo a ela “ Você avisou a livraria que os
convites chegam amanhã e enviaremos a eles?”
Ela lhe responde com uma cara de interrogação – que convite? Você fechou outra gráfica?”
Você assustado diz: “como assim outra gráfica, eu liguei para o Sr.José da gráfica X, ele
combinou sexta a tarde comigo que iria entregar quarta dia 09 no lugar de segunda dia 07!”
Sua estagiária com cara de dois “AH! Mas eu liguei sexta antes de sair às 18 horas e ele me
disse que não podia entregar segunda, eu insisti, e ele mau educado falou que não dava , eu
falei que ou ele entregava segunda ou podia esquecer, e ele desligou na minha cara,
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ALLEN, Johnn e outros autores. Organização e Gestão de eventos. Rio de Janeiro: Elsevier,
2003.(p.110 à164).
Ver tabela p.124 e tabela p.138
Pesquisa de satisfação modelo p.144
MEIRELLES, Gilda Fleury. Tudo sobre eventos.São Paulo : Editora STS, 1999 (p.71 a 94).
Texto complementar:
JONES, John Philip.A publicidade como negócio. São Paulo: Editora Nobel, 2002. (p.441 à
453).
Ver tabela p.443 à 445 e tabela de eventos (oportunidades) (p.447).
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