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Resumo
I - Introdução
1
É necessária, sobretudo, a participação ativa. Uma das formas de
alcançar êxito nessa empreitada é, sem dúvida, o ajustamento das políticas
nacionais às exigências da economia internacionalizada, máxime no que se refere
à modernização da infra-estrutura portuária, elemento fundamental no processo de
desenvolvimento econômico do país.
3
“Quando nós estabelecemos ou propomos uma definição para uma palavra ou expressão com o desejo de
que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos, estamos fixando um Conceito
Operacional” (PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o
pesquisador do Direito. 8º ed. Florianópolis: OAB/SC-Editora-co-ediçao OAB Editora, 2003, p.45).
4
“Porto 0rganizado” – “o construído e aparelhado para atender as necessidades da
navegação e da movimentação e armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado
pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma
2
Com efeito, inicialmente, sob o influxo do capitalismo que, ainda
que se tenha desenvolvido com caracteres mundiais, desde o princípio, as
relações econômicas e estatais se operavam em âmbito nacional, onde se
estabeleciam as relações e negociações que diziam respeito aos internos de um
país5. As atividades de produção, circulação, distribuição, comercialização e
consumo de bens e serviços continham-se nos limites internos dos estados
nacionais.
3
“A uma Era de Catástrofe, que se estendeu de 1914 até depois da
Segunda Guerra Mundial, seguiram-se cerca de 25 ou trinta anos
de extraordinário crescimento econômico e transformação social,
anos que provavelmente mudaram de maneira mais profunda a
sociedade humana que qualquer outro período de brevidade
comparável.”7
7
HOBSBABAWM, Eric. Era dos Extremos. O Breve Século XX. 1914-1991. Companhia
das Letras. Tradução Marcos Santarrita, 2ª Edição, 25º Reimpressão.
8
IANNI, Octávio. Teorias da Globalização. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1996. p. 143.
9
“O surgimento das grandes corporações transnacionais, (GIDDENS, Anthony.
As conseqüências da Modernidade. Tradução de Raul Fiker.Editora Unesp. 6.
Reinpressão, 1991, p. 75).
4
surgimento, cada vez mais crescente, dos processos de integração econômica10
regional11 e supranacional12, estão em evidência.
10
[...] “a integração econômica não é somente o estudo do funcionamento das uniões
aduaneiras e seus efeitos, dos movimentos de capitais e de mão-de-obra etc. É isto tudo
simultânea e dinamicamente.” (ROMÃO, António. Portugal face à Comunidade Européia.
Lisboa: Horizonte, 1983, pp. 36 e 52.
11
“A integração regional”, segundo José Ângelo Estrella Faria, “surge como resultado de
acordos políticos entre países geograficamente próximos, com vistas à obtenção das
vantagens típicas do processo” (FARIA, José Ângelo Strella. O Mercosul: princípio,
finalidade e alcance do Tratado de Assunção. São Paulo: Aduaneiras, 1993, p. 26).
12
“O significado do termo supranacional expressa um poder de mando superior aos
Estados, resultado da transferência de soberania operada pelas unidades estatais em
benefício da organização comunitária, permitindo-lhe a orientação e a regulação de certas
matérias, sempre tendo em vista os anseios integracionistas”. (STELZER, Joana. União
Européia e Supranacionalidade. Desafio ou realidade?. 2ª Edição. Editora Juruá, 2005, p.
75).
13
Wallerstein Imannuel. The Politics of the World-Economy (The States, the Movements
and the Civilizatons), Cambridge University Press, Cambridge, 1988, pp. 2-3; citação do
cap. 1: World Networks and the Politics of the World-Economy”. In: IANNI, Octávio.
Teorias da Globalização. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. p. 65
5
externamente, assim como a internacionalização da economia tem produzido
mudanças nas instituições domésticas.
“[...] O mundo não pode mais ser viso como uma coleção de ...
nações e como um conjunto de blocos econômicos e políticos. Em
lugar disso, o mundo deve ser viso como um conjunto de nações e
regiões formando um sistema mundial, por meio de arranjos e
interdependências (...) O sistema mundial emergente requer uma
perspectiva holística no que se refere ao futuro desenvolvimento
mundial; tudo parece depender de tudo, devido à trama das
interdependências entre as partes e o todo” 14.
14
Mihajlo Mesarovic and Eduard Pestel. Mankind at the turning Point (The Second Report
to the Club of Rome), E. P. Dutton and Reade’s Digest Press, New York, 1874, pp. 18-21.
In: IANNI, Octávio. Teorias da Globalização. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1996. p. 65.
15
“As economias nacionais têm-se tornado crescentemente interdependentes, e os correlatos
processos de produção, troca e circulação adquiriram alcance global”. In: IANNI, Octávio.
Teorias da Globalização. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. (ver p.
ficham-)
16
SÁ, Luis. Soberania e Integração na CEE. Contribuição para o estudo das limitações de
soberania e independência decorrentes da adesão à CEE. 1. ed. Lisboa: Caminho
24/coleção universitária, 1987. p. 22
6
espaços para se desenvolverem. A palavra-chave desse regime de economia
internacional é “competitividade”.” 17
7
internacionalizada, reduzindo as complicações das atividades econômicas
internacionais, como também ensejem a fruição, em maior nível alcançável, dos
benefícios que ela pode proporcionar.
21
“O aumento da produtividade e a redução de custos fomentaram uma significativa
expansão na atividade portuária: entre 1993 e 2006, os portos e terminais ampliaram sua
movimentação em 73%, passando de 346 milhões para 650 milhões de toneladas; e os
terminais de contêineres apresentaram um crescimento de 277%, passando de 1,5 milhão
para 5,65 milhões de TEUs.” In: Pronunciamento de Wilen Manteli, Presidente da
Associação Brasileira dos Terminais Portuários – ABTP, na “III Conferência sobre
Administración Ejecutiva para América Latina y el Caribe” da American Association of
Port Authorities – AAPA, realizada de 22 a 24 de fevereiro de 2006, em Houston, EUA.
22
LACERDA, Sander Magalhães. BNDES Setorial. Rio de Janeiro, n. 22, pp. 297-315, set.
2005. Registrou esse autor, ainda, que “Entre 1990 e 2000, a taxa anual de crescimento do
transporte marítimo internacional foi de 4%. O comércio transportado pela via marítima
passou de 2,5 bilhões de toneladas em 1970 para 5,9 bilhões em 2002.”.
8
Para detectarmos a relevância da atividade portuária, basta
observar que
23
LACERDA, Sander Magalhães. BNDES Setorial. Rio de Janeiro, n. 22, pp. 297-315, set.
2005.
24
“A Lei n. 8.630/93 – Lei de Modernização dos Portos, originária do Projeto de Lei n. 8/91
e editada em 25 de fevereiro de 1993, tornou-se a partir de sua edição – e posteriormente
complementada pela Convenção n. 137 da OIT, Decreto n. 1.572/95, Decreto n. 1.886/96 e
Lei n. 9.719/98 – o instrumento legal regulamentador da relação capital-trabalho, entre a
categoria dos obreiros (trabalhadores portuários avulsos) e a categoria patronal (operadores
portuários, tomadores de serviços) existentes no âmbito da orla portuária brasileira.”
(STEIN, Alex Sandro. Curso de Direito Portuário. Editora LTR. São Paulo. 2002. p. 42).
9
25
sem precedentes.” . Com base nela, tencionou-se dar início a uma completa
reformulação nos portos brasileiros. E a respeito dela que passaremos a
considerar doravante.
10
bem, ganha a economia do país como um todo. Ao contrário, se vão mal, perde a
economia do país como um todo. Não há como olvidar a importância estratégica
dos mesmos à economia do País.
Agenda Portos, que tem por objetivo levantar os aspectos, sejam operacionais, legais e
institucionais, que comprometem as atividades portuárias. “A Agenda Portos é um grupo
interministerial da Casa Civil da Presidência da República, cuja coordenação geral é de sua
responsabilidade, sendo composto por representantes dos Ministérios dos Transportes,
Fazenda, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Agricultura e Planejamento.
Foram analisadas as situações das operações portuárias e detectados problemas
operacionais nos portos de Rio Grande (RS), Paranaguá (PR), Vitória (ES), Rio de Janeiro
(RJ), Santos (SP), Itajaí (SC), São Francisco do Sul (SC), Sepetiba (RJ), Salvador (B),
Aratu (BA) e Itaqui (MA), que juntos respondem por 89% das exportações brasileiras.
Desses portos, somente o de Itajaí não receberá recursos da União neste momento.” In:
KAPPEL. Raimundo F. Portos brasileiros. Novo desafio para a Sociedade.
http://www.reacao.com.br/programa_sbpc57ra/sbpccontrole/textos/raimundokappel.htm.
Acesso em 12 de maio de 2006. 19:00h.
27
STEIN, Alex Sandro. Curso de Direito Portuário. Editora LTR. São Paulo. 2002. p. 48).
11
limites deste trabalho e, ainda, com destaque para Lei nº. 8.630/93 28, denominada
Lei de Modernização dos Portos.
12
específica para que pudéssemos aproveitar as locações regionais
de cada terminal portuário.
A nova legislação coloca os portos brasileiros diante de grandes
desafios práticos e jurídicos, dentre eles: reformular o sistema de
gerenciamento de operações e de mão-de-obra, eliminar as
interferências corporativas e burocráticas, e, principalmente,
aproveitar, de forma racional, os espaços e as instalações.”30
13
de estabelecer de forma definitiva o que vem a ser Porto
Organizado, possibilitou reformas estruturais e administrativas,
buscando a adaptação dos portos nacionais ao mercado
globalizado; tentou racionalizar o ambiente de trabalho portuário,
mediante a criação de novos métodos, que devem ser
administrados pela figura do recém-criado Órgão Gestor de Mão-
de-Obra – OGMO, cujo objetivo principal é afastar a interferência
sindical das decisões relativas ao trabalho portuário, tais como
escalação de mão-de-obra e pagamento do trabalhador avulso;
criou também o Conselho de Autoridade Portuária – CAP, figura
jurídica, cuja principal função, constatada em uma análise mais
profunda dos artigos da Lei n. 8.630/93, é a implementação e
adoção dos critérios de eficiência;criou ainda a figura do operador
portuário (antigas entidades estivadoras), além de definir quais as
atividades consideradas trabalho portuário avulso.”31 (pp. 42-8)
31
STEIN, Alex Sandro. Curso de Direito Portuário. Editora LTR. São Paulo. 2002. Pp. 42-
8.
32
In: KAPPEL. Raimundo F. In: Portos brasileiros. Novo desafio para a Sociedade.
http://www.reacao.com.br/programa_sbpc57ra/sbpccontrole/textos/raimundokappel.htm.
Acesso em 12 de maio de 2006. 19:00h.
14
Sem dúvida, uma das inovações centrais introduzidas pela nova lei
e que permitiu grandes avanços no melhoramento da infra-estrutura portuária
brasileira foi a possibilidade de maior participação da iniciativa privada.33. Antes
dela, anote-se, o controle do Estatal com relação à atividade portuária era total.34
15
Como enfatizou Raimundo F. Kappel:
37
In: Portos brasileiros. Novo desafio para a Sociedade.
http://www.reacao.com.br/programa_sbpc57ra/sbpccontrole/textos/raimundokappel.htm.
Acesso em 12 de maio de 2006. 19:00h.
38
“Operação Portuária: a de movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ou
provenientes de transporte aquaviário, realizada no porto organizado por operadores
portuários;” (Lei nº. 8.630/93, art. 1º, § 1º, II).
39
“Operador Portuário: a pessoa jurídica pré-qualificada para a execução de
operação portuária na área do porto organizado;” (Lei nº. 8.630/93, art. 1º, § 1º, III).
16
O exame detalhado destas, no entanto, em face da extensão deste
trabalho, não é possível. Trazendo uma visão geral, abriram elas caminhos à
modernização das atividades portuária, aumentando a capacidade produtiva e a
competitividade dos portos nacional, frente aos seus pares estrangeiros, com o
que, contribuem decisivamente com a inserção mais ativa da economia do país no
cenário de uma economia cada vez internacionalizada.
IV - Considerações finais
17
Com esse intuito, um largo passo foi dado com a Lei nº. 8.630/93,
que conferiu base jurídica a amplas perspectivas de modernização do setor. Por
certo, muito falta a fazer. Principalmente, a implementação completa e rigorosa da
nova lei.
REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS:
GIDDENS, Anthony. As conseqüências da Modernidade. Tradução de Raul Fiker.Editora
Unesp. 6. Reinpressão, 1991.
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do
Direito. 8º ed. Florianópolis: OAB/SC-Editora-co-ediçao OAB Editora, 2003, p.45).
HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro. Estudos de teoria política. Tradução de George
Sperber e Paulo Astor Soethe. Edições Loyola: São Paulo.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela Mão de Alice, o social e o político na pós-
modernidade. Cortez Editora, 10. edição.
HOBSBABAWM, Eric. Era dos Extremos. O Breve Século XX. 1914-1991. Companhia
das Letras. Tradução Marcos Santarrita, 2ª Edição, 25º Reimpressão.
IANNI, Octávio. Teorias da Globalização. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1996.
ROMÃO, António. Portugal face à Comunidade Européia. Lisboa: Horizonte, 1983.
FARIA, José Ângelo Strella. O Mercosul: princípio, finalidade e alcance do Tratado de
Assunção. São Paulo: Aduaneiras, 1993.
STELZER, Joana. União Européia e Supranacionalida. Desafio ou realidade?. 2ª Edição.
Editora Juruá, 2005.
WALLERSTEIN, Imannuel. The Politics of the World-Economy (The States, the
Movements and the Civilizatons), Cambridge University Press, Cambridge, 1988, pp. 2-3;
citação do cap. 1: World Networks and the Politics of the World-Economy.”
MESAROVIC, Mihajlo and PESTEL, Eduard. Mankind at the turning Point (The Second
Report to the Club of Rome), E. P. Dutton and Reade’s Digest Press, New York, 1874.
SÁ, Luis. Soberania e Integração na CEE. Contribuição para o estudo das limitações de
soberania e independência decorrentes da adesão à CEE. 1. ed. Lisboa: Caminho
24/coleção universitária, 1987.
A mundialização do capital. Ed. Xamã, São Paulo, 1996.
18
HELD, David & MCGREW, Anthony. Prós e Contras da Globalização. Tradução de Vera
Ribeiro. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro. 2001.
MANTELI, Wilen. Presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários – ABTP.
Pronunciamento na “III Conferência sobre Administración Ejecutiva para América Latina y
el Caribe” da American Association of Port Authorities – AAPA, realizada de 22 a
24 de fevereiro de 2006, em Houston, EUA.
LACERDA, Sander Magalhães. BNDES Setorial. Rio de Janeiro, n. 22, pp. 297-315, set.
2005.
KAPPEL. Raimundo F. Portos brasileiros. Novo desafio para a Sociedade.
http://www.reacao.com.br/programa_sbpc57ra/sbpccontrole/textos/raimundokappel.htm.
Acesso em 12 de maio de 2006. 19:00h.
GIBERTONI, Carla Adrina C. “A LEI DE MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS
http://www.infojus.com.br/webnews/noticia.php?id_noticia=864& - acesso em 23 de
maio de 2006, às 16:00h. Outrossim, quanto aos demais diplomas normativos afins: ver
STEIN, Alex Sandro. Curso de Direito Portuário. Editora LTR. São Paulo. 2002.
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