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Capítulo 2: Festa

Nota da Autora:

Muito obrigada por todos os comentários...

Aliás, a diversão acabou. Eu espero que ‘ver’ a luta interna de


Edward, ajude aquelas pessoas que ficaram muito bravas por ele ter ido
embora a entender os motivos dele. Coitado!

Obrigada como sempre ao meu beta team: Marcy, psymom, e


NoMoreThanUsual.

Esse ano da escola era diferente de qualquer outro que eu já tinha


experimentado. O purgatório não era tão ruim quando um anjo te
acompanhava. Nós tínhamos a maioria das aulas juntos, e ainda que o
material fosse um total desperdício, aprender sobre Bella era a educação
que eu mais desejava. Na sala de aula, suas reações eram ligeiramente
mais normais, mais previsíveis, mas ela ainda me surpreendia com seu
conhecimento e ponto de vista único. Cada dia trazia uma nova
informação sobre ela, e desta vez eu estava realmente gostando da
escola.

O dia passou voando, e cedo demais para o meu gosto eu estava


acompanhando Bella até sua picape. O resto da tarde seria gasto
tentando argumentar com suas tentativas de escapar da festa, o que
não era a mais atraente das tarefas. Eu esperava que a visão de Alice
não mudasse e que Bella concordasse em ir.

Sete horas, Edward, não esqueça. Os pensamentos de Alice


passaram zumbindo por mim enquanto ela se apressava para sair do
estacionamento no meu carro. Minha irmã parecia ter a impressão que
eu era incapaz de me lembrar da festa de aniversário de Bella, o evento
que ela estava planejando fazia um mês. Ela sabia perfeitamente que eu
lembraria; apenas mais uma das várias maldições de ser um vampiro
com uma memória infalível. Até recentemente, amaldiçoado era tudo
que eu sempre sentia. Nunca mais.

A resistência começou quando eu alcancei a porta da picape de


Bella e abri a porta do passageiro, como eu fazia todos os dias.

“É meu aniversário, eu não posso dirigir?” Bella exigiu.

Um argumento não muito sábio da parte dela... “Estou fingindo


que não é seu aniversário, como você queria.”

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“Se não é meu aniversário, então eu não tenho que ir para sua
casa hoje á noite...” E Alice iria fazer picadinho de mim.

“Tudo bem”. Eu preferia aguentar Bella dirigindo devagar a ira de


Alice, então eu dei a volta e abri a porta do motorista. “Feliz
aniversário”.

Sua face se contorceu de um jeito que parecia de dor. “Shiiii”, ela


sibilou fracamente antes de entrar.

Eu olhei para ela; seus olhos se estreitando ligeiramente com


concentração enquanto se dirigia para o final da fila de carros. Enquanto
ela virou a cabeça sobre os seus ombros, seus lábios cheios e cor-de-
rosa se curvaram em uma careta. Ela era linda, mesmo infeliz, e minha
garganta queimou mais forte ainda diante daquela imagem.

Agora era hora de eu representar o papel que eu tinha que fazer


para o benefício de Emmett. Eu mexi com o velho rádio da picape, nem
um pouco surpreso de que estática era quase tudo que eu conseguia
tirar daquilo. Eu balancei minha cabeça, fingindo insatisfação.

“Seu rádio tem uma recepção horrível.” Quando eu demonstrei a


falha do rádio, Bella me deu uma bronca, ela estava irada.

“Quer um bom sistema de som? Dirija o seu próprio carro.” As


palavras dela raramente eram ásperas comigo, aquilo me pegou
desprevenido e quase comecei a rir. Tanta ferocidade de uma criatura
tão gentil e altruísta era paradoxal e eu quase não pude me conter.

Ela continuou brava, enquanto eu me recuperava da força de sua


reação, minha alegria se transformando em frustração diante de sua
teimosia. Nós paramos em frente à sua casa, e eu decidi que era hora de
usar uma forma mais forte de convencimento para acabar com o mau
humor.

Eu segurei o rosto dela em minhas mãos, praticamente não


tocando sua pele de seda. Fechado na cabine da picape, seu cheiro
penetrava em todo meu ser, alimentando as chamas da minha garganta
até envolver todo meu corpo. A sensação, embora enraizada na dor,
diminuía para prazer á medida que chegava a ponta dos meus dedos. A
memória do gosto dela, e da euforia que vinha junto com isso, pairava
sobre o limite da minha percepção, sempre me tentando quando nós
estávamos juntos. Era uma tentação diferente, eu sucumbia á medida
que eu segurava seu delicado rosto e também me inclinava para mais
perto dela.

“Você deveria estar de bom humor, hoje mais do que os outros


dias,” eu disse delicadamente, deixando meu hálito soprar sobre ela de

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propósito. O efeito foi imediato, o pulso e a respiração de Bella
aceleraram.

“E se eu não quiser ficar de bom humor?” ela perguntou


fracamente. Um sorriso apareceu em meus lábios à medida que eu a
devorava com meus olhos. Seus olhos ficaram maiores, e embora fosse
eu que estava tentando deslumbrá-la, fui eu que parei de respirar.

“Isso é péssimo,” eu sussurrei. Lentamente eu me abaixei e


gentilmente pressionei meus lábios nos dela. Seu calor era sempre a
primeira sensação que ficava registrada quando eu a beijava, seguida
pela aguda, mas prazerosa corrente elétrica que passava por mim.
Minha respiração começava de novo e o paradoxo entre prazer e agonia
me preenchia com o perfume de frésia e lavanda que emanava do seu
delicioso sangue.

Eu fui cuidadoso, como eu sempre era; e Bella, como sempre, não


seguiu meu exemplo. O fogo em seus lábios mal tinha acabado de se
infiltrar em mim quando suas mãos acharam o caminho para meu
pescoço, me puxando para mais perto. Ela inalou profundamente e sua
boca começou a se mover contra a minha; sua língua implorando
entrada através dos meus lábios. Seu perfume se intensificou á medida
que ela pressionava seu corpo mais forte contra o meu, e eu sorri,
sempre maravilhado que eu pudesse provocar uma reação tão
apaixonada nela.

Ela continuou a me tentar, me puxando com toda força que ela


podia reunir. Eu tremi, imaginando o choque que eu sentiria se eu
pudesse explorar sua boca do modo que ela implorava para aproveitar a
minha. Bella não tinha ideia do quanto era difícil estar tão perto, mas ter
que parar, sabendo que muito mais prazer estava só a milímetros de
distância. Ela confiava em meu controle – e o testava frequentemente –
não sabendo que ela ateava um fogo dentro de mim que eu pensava
estar extinto há muito tempo. Eu sempre havia considerado humanos
como criaturas fracas e superficiais comparados aos vampiros, mas os
sentimentos humanos que Bella acendera em mim eram mais fortes do
que tudo que eu havia encontrado. Mais forte ainda do que a mais
poderosa sensação de um vampiro – sede.

Ela também era poderosa, para ter esse domínio sobre mim. Como
eu queria poder retribuir sua paixão com a mesma intensidade, mostrar-
lhe exatamente como ela me fazia sentir, mas isso não era possível. Ela
era tão frágil, tão quebradiça, e eu não podia me permitir o menor lapso
em meu controle, com medo de machucá-la, matá-la, ou pior ainda,
envenená-la.

Enquanto eu liberava suas mãos de meu corpo, eu senti seu pulso


martelando por causa de meu toque. “Seja boazinha, por favor,” eu

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suspirei. Ela sentou perfeitamente imóvel, e eu a beijei gentilmente, Seu
coração batia ruidosamente, e quando eu a soltei ela colocou sua mão
no peito.

“Acha que algum dia eu vou superar isso?” ela disse, sem olhar
para mim. “Que meu coração um dia vai parar tentar de pular do meu
peito sempre que você tocar em mim?”

“Eu realmente espero que não,” eu ri em silêncio. Seu coração não


era simplesmente o centro de sua humanidade, era também uma das
poucas janelas que eu tinha para dentro de seus pensamentos. A
maneira que seu pulso reagia a minha proximidade, meu toque, e até
minhas palavras era algo para ser protegido tanto quanto sua própria
vida.

Ao invés de discutir por mais tempo, ela revirou os olhos e abriu a


porta do carro. “Vamos ver os Capuletos e os Montéquios se dilacerando,
está bem?”

“Seu desejo é uma ordem.”

Uma vez dentro, eu sentei no velho sofá em frente á TV,


saboreando o gosto prolongado do nosso beijo. Ela começou a fita, e eu
a puxei contra mim suavemente, sem fôlego à medida que ela
assentava suas costas quentes e macias contra meu peito.

Enquanto eu a cobria com a manta do sofá, minha curiosidade me


venceu. “Sabe, eu nunca tive muita paciência com Romeu.” Eu já havia
assistido Romeu e Julieta sendo representado de todas as maneiras
possíveis e imagináveis e em mais línguas do que eu podia contar. Eu
não conseguia evitar ficar imaginando por que ela gostava tanto disso.

“O que há de errado com Romeu?” ela disse claramente chateada.

Romeu era tão impulsivo, tão imprudente em suas relações, e eu


era incapaz de me identificar com ele apesar de tudo. Bella parecia
ofendida por minha crítica, e minha incapacidade de ler seus
pensamentos me irritava pela centésima vez. Que apelo Romeu poderia
ter para a mulher inteligente e cheia de ideias que eu amava.

“Bem, antes de tudo ele está apaixonado por essa Rosalina - você
não acha que isso o torna meio volúvel? E então, minutos depois do
casamento, ele mata o primo de Julieta. Isto não é muito inteligente.”
Com certeza ela poderia ver as várias falhas de Romeu. “Um erro depois
do outro. Será que ele poderia destruir a própria felicidade de uma forma
mais completa?”

Os créditos terminaram e Bella suspirou. “Quer que eu veja o filme


sozinha?”

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Então essa seria a punição por causa da minha opinião? Dois
podiam jogar esse jogo. “Não, eu basicamente vou assistir você, de
qualquer jeito.” A delicada maciez de seu braço se tornou o centro de
minha atenção. Ao meu toque, arrepios surgiram em sua pele macia, e
eu amaldiçoei a temperatura gelada de meu corpo. “Você vai chorar? ,”
eu perguntei, lembrando do doce sabor de suas lágrimas.

“Provavelmente, se eu estiver prestando atenção,” ela disse com


os olhos na tela.

“Então eu não vou te distrair.” Pelo menos não com a minha voz,
eu pensei. Cada vez que eu tocava Bella, com minhas mãos ou com
meus lábios, seu coração reagia, algumas vezes acelerando, outras
vezes pulando uma batida. Embora eu adorasse provocá-la, quando
Bella esfregou seus olhos tentando se concentrar na televisão, eu
percebi que se não deixasse ela se concentrar, nós terminaríamos
assistindo o filme de novo. Eu sosseguei e desviei meus olhos para a
história se desenrolando á nossa frente. À medida que Romeu
confessava sua adoração por Julieta, eu me peguei encontrando novos
significados em suas palavras, e comecei a recitá-las junto com o ator.

Bella tremeu em meus braços enquanto eu sussurrava em seu


ouvido, ecoando suavemente as palavras vindas da televisão.

“Vede como ela apóia o rosto à mão. Ah! se eu fosse uma luva
dessa mão, para poder tocar naquela face!”

Eu continuei a repetir as falas de Romeu, gostando de como Bella


se aconchegava contra mim com cada discurso. Finalmente chegou o
momento crucial, quando Julieta encontra seu amor, morto. Bella não
disse as falas de Julieta em voz alta, mas seus lábios se moveram ao
mesmo tempo em que os da atriz.

“Que vejo aqui? Um copo bem fechado na mão de meu amor?


Certo: veneno foi seu fim prematuro. Oh! que sovina! Bebeste tudo, sem
que me deixasses uma só gota amiga, para alívio. Vou beijar esses
lábios; é possível que algum veneno ainda se ache neles, para me dar
alento e dar a morte.”

Enquanto Julieta beijava Romeu, esperando morrer com ele, as


lágrimas jorraram pela face de Bella. Meus lábios encontraram seu
cabelo, querendo acabar com sua tristeza, mesmo que imaginária. Seu
choro não diminuiu e eu tentei um tipo diferente de distração.

“Devo admitir que tenho um pouco de inveja dele aqui,” eu disse,


lembrando de Romeu virando o veneno em sua boca e sucumbindo em
segundos. Minha boca estava sempre cheia de veneno, mas mesmo

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assim eu continuava do mesmo jeito. Gentilmente eu removi suas
lágrimas com uma mecha de seu cabelo castanho.

“Ela é muito linda.” Bella disse em um tom amargo.

Eu quase engasguei com suas palavras. Ela pensava que eu


achava a atriz atraente quando eu tinha a perfeição em meus braços?
“Não o invejo por causa da garota – só pela facilidade do suicídio.” Sem
pensar, eu continuei. “Para vocês, é tão fácil! Só o que precisam fazer é
engolir um vidrinho de extratos de ervas...”

“Como é?” Bella exclamou, me interrompendo.

Ela realmente não entendia a profundidade de meus sentimentos


por ela. Como minha vida era irrevogavelmente ligada a dela; como eu
só podia existir se ela existisse. Eu tentei ordenar meus pensamentos
para explicar essa conexão.

“Foi algo que eu tive que pensar uma vez, e sabia pelas
experiências de Carlisle que não seria simples. Nem tenho certeza de
quantas maneiras Carlisle tentou se matar no começo... Depois de
perceber no que se transformara...” Eu pausei. Talvez eu também
pudesse diminuir seu desejo de se tornar imortal se ela percebesse o
quão inescapável era nossa maldição.

À medida que eu olhava seu perfil, podia ver o olhar angustiado


em seu rosto, então eu suavizei o tom. “E ele claramente ainda tem uma
saúde excelente.” Foi errado revelar meu plano, eu podia ver isso agora.

Ela se contorceu em meus braços, encontrando meus olhos com os


dela. “Do que está falando? O que quer dizer, essa história de que foi
algo que você já teve que pensar?” Raiva coloriu suas palavras, e meu
arrependimento se intensificou.

“Na primavera passada, quando você estava... quase morta...”


Minha mente retornou ao momento que eu a vi, jogada no chão e
machucada numa piscina de seu próprio sangue. Um caroço se formou
na minha garganta, me impedindo de falar por um segundo. Eu me
recompus para poder continuar. “É claro que eu tentava me concentrar
em encontrar você viva, mas parte de minha mente fazia planos
alternativos.” Eu me lembrei da terrível corrida através de Phoenix, da
tortura de não saber se ela ainda estava viva, e como eu percebi que a
minha vida iria terminar se a dela acabasse. “Como eu disse, não é fácil
para mim, como é para um humano.”

Eu podia ver as memórias passando pelo rosto de Bella tão


claramente como se eu pudesse ler sua mente, e eu me senti mal por
lembrá-la disso. Sem pensar, ela tocou a cicatriz que James deixara em
seu pulso. Eu vi sua expressão mudar de medo, para dor, e para raiva de

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novo à medida que ela considerava minhas palavras. “Planos
alternativos?” ela repetiu sem emoção.

“Bem, eu não ia viver sem você,” eu disse, frustrado por que eu


tinha que dizer isso com todas as letras tão rispidamente. Ela deveria
entender isso facilmente. “Mas eu não tinha certeza de como fazer... Eu
sabia que Emmett e Jasper não me ajudariam... Então pensei em talvez
ir á Itália e fazer algo para provocar os Volturi.”

Os Volturi tinham poder mais do que suficiente para acabar com


minha existência rapidamente. Séculos atrás Carlisle viu o poder deles
em primeira mão, e desde então, este poder só aumentou. Eu não iria
ser nada além de um empecilho, extinguido tão facilmente quanto à
chama de uma vela.

Bella interrompeu meus devaneios ruidosamente. “O que é um


Volturi?”, ela quase gritou.

“Os Volturi são uma família.” Clã seria uma descrição melhor – eles
não tinham laços emocionais como nossa família – mas família era um
termo que ela podia entender. “Uma família muito antiga e poderosa de
nossa espécie. São a coisa mais próxima que nosso mundo tem de uma
família real, eu acho. Carlisle morou com eles por pouco tempo em seus
primeiros anos, na Itália, antes de ele se estabelecer na América – você
se lembra da história?”

“É claro que eu lembro,” ela disse bruscamente.

“De qualquer modo, não se deve irritar os Volturi. A não ser que se
queira morrer... Ou o que quer que aconteça conosco.” Morte não era o
termo correto, mas, de novo, seria suficiente para ela. Eu só podia
esperar que o fim me trouxesse algum tipo de paz.

Seu olhar se voltou para mim, e sua expressão de raiva se


transformou em terror. Ela segurou meu rosto entre suas mãos enquanto
falava, obviamente querendo que eu a ouvisse.

“Você nunca, nunca, jamais pense em nada parecido de novo!”,


ela me censurou severamente. Tão amável. Uma memória antiga e
apagada se agitou no fundo de minha mente. Ela se parecia com minha
mãe humana. “Não importa o que possa acontecer comigo, você não
pode se machucar!.” E mesmo assim ela ainda não conseguia
entender...

“Eu jamais a colocarei em risco de novo, então esta é uma


discussão inútil.” Essa promessa eu fiz para ela e a mim mesmo.

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“Me colocar em risco! Eu pensei que tínhamos combinado que
todo o azar é minha culpa?” Como você se atreve a pensar desse
jeito?”Sua voz ficava cada vez mais estridente.

É claro que eu ia colocá-la em perigo. O dia em que eu decidi ir por


esse caminho egoísta, o caminho mais fácil, compartilhar meu mundo
com ela, eu trouxe mais perigo do que ela jamais poderia ter imaginado.
Sua propensão para atrair problemas pode ter iniciado o processo, mas
eu permiti isso com minha decisão. Eu soube desde o começo que o
caminho certo era eu ir embora de sua vida humana, mas eu não era
forte o suficiente para agüentar essa separação. Além do mais, ela
precisava de proteção, sendo como ela era, um imã para todas as coisas
perigosas.

Será que ela não conseguia ver as coisas da minha perspectiva?


“O que você faria, se a situação se invertesse?”

“Não é a mesma coisa,” ela respondeu rapidamente. Eu esperei


enquanto seu cérebro percebesse o que ela havia dito. Seu rosto ficou
pálido quando ela falou de novo. “E se alguma coisa acontecesse com
você? Você gostaria que eu acabasse comigo mesma?”

Num piscar de olhos, a imagem do corpo sem vida de Romeu foi


substituída pelo meu, e Bella soluçava sobre mim. Esse era um cenário
que eu não havia considerado. Minha Bella imaginária levantava a adaga
sobre seu peito, e eu me encolhi, rapidamente apagando a cena de
minha mente. Não era a mesma coisa. De qualquer maneira, ela
morreria algum dia. Sua mente humana iria encontrar um jeito de seguir
em frente, diferente da minha memória perfeita, e em algumas décadas,
ela encontraria seu descanso, indo tranqüilamente para o paraíso. Ela
não seria condenada ao inferno e a passar a eternidade sozinha,
infinitamente sem motivo.

Mas eu realmente senti a dor que ela sentiu, quando compreendeu


como seria viver sem mim, mesmo que isso fosse completamente
impossível. “Acho que entendo seu argumento... Um pouco. Mas o que
eu faria sem você?” Na minha mente, Romeu agora se curvava sobre o
corpo de sua Julieta morta, imitando o jeito que eu tinha me ajoelhado
junto ao corpo de Bella ensangüentado no Arizona.

“O que você estava fazendo antes de eu aparecer e complicar sua


vida.” , ela disse como se isso fosse óbvio.

Eu suspirei, sabendo que certamente ela não poderia entender


como sua vida, seu amor, era o único propósito da minha existência.
Antes, eu estava somente procurando por ela, uma vez que ela se fosse,
não haveria nada mais para ser encontrado. “Parece tão fácil, do jeito
que você fala”, eu disse, derrotado. Ela não conseguia entender.

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“Devia ser. Eu não sou assim tão interessante.”

Ela era tão teimosa... Ainda, depois de todo esse tempo, incapaz
de aceitar o quão desejável ela era para todos, mas muito mais ainda
para mim. Como aquele desejo não tinha nada a ver com o seu cheiro ou
gosto do seu sangue.

Eu comecei a argumentar, mas me lembrei que este deveria ser


um dia de celebração. “Discussão inútil”. Eu não iria discutir mais isso.

Antes que ela pudesse formular uma resposta eu ouvi os


pensamentos enevoados de Charlie, e mudei a posição de Bella para
que nós não nos tocássemos. Dessa vez eu não precisei me explicar.

“Charlie?” ela perguntou, e sorriu, feliz com a mudança de


assunto. Bella alcançou minha mão, e me deu um olhar desafiador
enquanto seu pai entrava com o jantar.

Como sempre, os pensamentos de Charlie eram impenetráveis,


escondidos sob uma densa névoa. Ele estava contente, eu podia dizer,
somente ligeiramente preocupado por que se aproximava o dia que sua
filha adulta iria deixá-lo. Eles comeram em silêncio, Charlie olhando
ocasionalmente para Bella, notando como ela se parecia com a mãe.
Esta revelação trouxe uma mistura de alegria e tristeza, embora o
motivo não estivesse claro.

Depois do jantar, e depois de salvar a câmera de Bella de um


desastroso encontro com o chão, nós saímos e fomos para minha casa e
para esperada festa de aniversário. Desta vez eu dirigi, sem nenhuma
reclamação de Bella, ainda bem.

Nós fomos de encontro ao crepúsculo em uma velocidade muito


abaixo do que eu toleraria no meu carro. Que pena que Rosalie era tão
negativa com relação à Bella; ela iria adorar reformar esse veículo
obsoleto. Eu empurrei o acelerador para um pouco mais perto do chão.

“Calma aí,” Bella disse. Ela era tão super protetora em relação a
esse pedaço de lixo.

“Sabe o que você iria adorar? Um pequeno e lindo cupê Audi,


muito silencioso, muita potência...”

“Não há nada de errado com a minha picape,” ela disse defensiva,


levantando o queixo em minha direção. Eu sorri para mim mesmo. O
gatinho que queria ser um tigre. “E por falar em coisas supérfluas e
caras, se você sabe o que é bom para você, você não gastou nenhum
centavo com presentes de aniversário.”

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Mesmo que eu quisesse comprar algo grande para ela, como o
Audi, eu tinha atendido seu pedido e resistido á tentação. “Nem um
centavo,” eu disse orgulhosamente.

“Ótimo.”

Eu virei os olhos enquanto olhava para a estrada, mas ela não viu
minha frustração. Nós estávamos perto do ponto onde ela teria que
decidir se ela nos deixaria ou não celebrar seu dia especial. ”Você pode
me fazer um favor?” eu testei.

“Depende do que for,” ela disse desconfiada.

É claro. Eu me virei para ela, esperando que não tivéssemos que


discutir esse assunto. “Bella, o último aniversário de verdade que
tivemos foi o de Emmett, em 1935. Relaxe um pouco e não seja difícil
demais. Todos estão muito animados.” Bem, quase todos...

A expressão de Bella relaxou surpresa. O que ela estava esperando


de mim? “Tudo bem, eu vou me comportar...”

Mas tinha mais alguma coisa. “Eu preciso avisá-la...”

Surpreendentemente, sua atitude não mudou. “Por favor.”

“Quando eu digo que estão todos animados... Eu quero dizer todos


eles.”

Nesse instante, a reação de Bella foi exatamente a que eu havia


esperado. Seu rosto se contorceu com medo enquanto ela falava.
“Todos?” Sua voz falhou na palavra, e era claro que ela estava pensando
em encarar Rosalie.

“Emmett queria estar aqui.” Com sorte Bella iria prestar mais
atenção nele – ela amava meu irmão e seu tosco senso de humor.

“Mas... Rosalie?”

“Eu sei, Bella. Não se preocupe, ela vai se comportar bem.” Se


Rosalie saísse dos limites eu iria pessoalmente esmagar cada um de
suas queridas ferramentas mecânicas com minhas próprias mãos, e
depois moldar um busto do lindo rosto de meu amor e encravá-lo no
capô de sua BMW.

Bella sentou silenciosamente enquanto nós nos dirigíamos


ruidosamente para minha casa. Minha família nos ouviu chegando,
Emmett gargalhava por causa da picape barulhenta, enquanto Alice
alegremente me mostrava sua última visão. Eu me vi rindo enquanto
acompanhava Bella para dentro de casa. Como nós chegaríamos aquele

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futuro de onde nós estávamos eu não sabia, mas eu tentei deixar meu
humor mais leve.

“Então, já que você não me deixa comprar o Audi, não há nada


que você gostaria de aniversário?” Logo que a pergunta deixou meus
lábios, eu me arrependi de ter falado.

“Você sabe o que eu quero,” ela respondeu silenciosamente, e


suas palavras eram como uma facada em meu coração. Seu aniversário
era o limite sob o qual nosso impasse se equilibrava: para ela, a
passagem do tempo; para mim, o tempo que havia parado. O verão
inteiro, Bella tinha pedido, implorado, suplicado e exigido que eu fizesse
com ela o que havia sido feito comigo, tirar sua alma e transformá-la em
uma vampira. O argumento dela era simples – ela queria estar comigo
para sempre. Ela ignorava todos os tortuosos aspectos de minha
existência: o ostracismo, a sede devastadora, o tédio – deixando de lado
a perdição eterna – insistindo que nosso amor iria compensar por
qualquer dor que ela sentisse. Ela não podia entender que esse inferno
não era lugar para ela.

Mas com ela não havia acordo, e eu estava cansado desta


discussão. “Hoje não, Bella. Por favor.”

“Bom, talvez Alice me dê o que eu quero.” Ela disse levianamente.

Suas palavras provocaram um grunhido de raiva em mim. Coitada


da Alice se ela apenas pensasse em uma coisa dessas. A ingenuidade de
Bella teria que ser contornada, e eu iria discutir esse assunto com Alice –
e Carlisle também – quando surgisse uma oportunidade. “Esse não vai
ser seu último aniversário, Bella.”

“Isso não é justo!” ela gritou infantilmente.

Meus dentes trincaram, impedindo uma resposta igualmente


infantil. Não era culpa dela que ela não pudesse entender, eu disse para
mim mesmo, tentando reprimir minha frustração.

Quando nos aproximávamos de casa, eu me concentrei nos


pensamentos dos outros á medida que eles esperavam que nós
chegássemos. Todos estavam felizes e animados; todos menos Rosalie,
aumentando minha irritação. Seu ódio por Bella estava fluindo, ela havia
sido forçada por Emmett a participar da festa de hoje. Isso é
completamente ridículo, ela pensou.

Jasper estremeceu com as emoções conflitantes que ele estava


sentindo enquanto esperava, desejando, como ele fazia quase todos os
dias, ser livre do dom que ele via como uma maldição. Nós viramos a
última curva, de onde já podíamos enxergar a casa.

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“Nããão,” Bella gemeu quando viu os degraus super decorados.

Alice tinha ido longe demais, como sempre, e agora Bella estava
ainda mais chateada. Eu tentei me acalmar, colocando de lado nossa
briga. Minha única esperança de conseguir fazer com que Bella entrasse
comigo seria deslumbrá-la de novo. Eu respirei fundo algumas vezes,
tentando encontrar a calma que eu precisaria para influenciá-la.

Eu parei a picape e me virei para Bella. Ela também estava


tentando controlar sua respiração. “Isso é uma festa. Procure levar na
esportiva,” eu disse serenamente.

“Claro,” ela murmurou, e eu corri para abrir sua porta.

Enquanto ela segurou minha mão, o vinco familiar apareceu entre


suas sobrancelhas. “Eu tenho uma pergunta,” ela disse.

Eu me preparei para sua pergunta, mas não disse nada.

“Se eu revelar esse filme, vocês vão aparecer nas fotos?”

Como sempre, Bella tinha aparecido com algo totalmente


inesperado. Ela ainda não havia percebido que todos os mitos eram
apenas mitos? O pensamento que eu podia não aparecer em filmes ou
espelhos era totalmente hilário e eu comecei a rir. Risos ecoaram na
casa também, melhorando o humor de todos, exceto o de Rosalie. Ela
deu uma cotovelada forte em Emmett, forçando-o a parar de rir com um
“Aii...”.

Naquele humor, eu acompanhei Bella enquanto ela subia os


degraus e através da porta, onde ela foi recebida por um alto “Feliz
Aniversário!”

Eu beijei o alto de sua cabeça e adicionei meu próprio desejo


silencioso. Feliz Aniversário, Bella, meu amor. Que possa ter muitos
mais. Bella era o centro das atenções de quase todos em graus
diferentes, mas quando eu fechei a porta atrás de nós o foco mudou em
um instante. O movimento da porta fez o perfume de Bella se espalhar
pela sala, tornando o autocontrole a primeira preocupação de todos. O
que me chamou a atenção foi à reação de Jasper.

Ele agarrou com força o corrimão quando foi atingido pela sede
violenta dos outros seis vampiros. Eu encontrei seu olhar e ele balançou
a cabeça. Eu estou bem. É apenas o choque inicial que é difícil. Eu me
preparei, Edward. Uma sensação de irritação coloriu seus pensamentos
á medida que ele percebeu os olhares do resto da família também.

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Meu irmão abriu mais os olhos num tom de desafio, para que
todos pudessem ver o dourado de um imortal bem alimentado
encarando de volta. Ele parecia calmo agora, mas mesmo assim...

Vai ficar tudo bem, dê um tempo pro Jasper, Alice pensou, me


mostrando o som da risada que viria logo quando Bella abrisse seus
presentes.

Relutante, eu soltei Bella para que Esme pudesse cuidadosamente


colocar os braços ao redor de meu amor. Seus pensamentos se
encheram com o mesmo tipo de amor que ela tinha por todos seus
filhos, aceitando Bella facilmente como sua filha. Se apenas isso
pudesse ser verdade. Quando ela beijou a testa de Bella, eu fiquei
estarrecido. Nem mesmo um único pensamento predatório passou pela
mente de minha mãe; era como se ela estivesse beijando um de nós.
Aparentemente meu amor não era o único forte o suficiente para
superar a sede.

Bella se encolheu quando olhou para o exagero de rosa que enchia


a sala. Alice tinha comprado cada rosa e vela cor de rosa daqui até
Seattle, e elas estavam em todo lugar. Se Bella não estivesse presente,
a sala cheiraria cera e fumaça; apenas traços do perfume das rosas
seriam percebidos. Com ela do meu lado, eu não podia sentir nada
disso.

“Me desculpe por isso,” Carlisle sussurrou para Bella. Tocar Bella
não era para Carlisle nem de perto o desafio que havia sido para Esme,
e ele pôs os braços em seus ombros. “Não conseguimos refrear Alice.”

Rosalie e Emmett vieram cumprimentar Bella em seguida, e minha


irmã conseguiu manter sua expressão sem demonstrar nada. Emmett,
no entanto estava sorrindo de orelha a orelha.

“Você não mudou nada,” ele disse, provocando. “Eu esperava uma
diferença perceptível, mas aqui está você, com a cara vermelha de
sempre.”

Na verdade, Emmett havia notado cada pequena mudança. O


cabelo de Bella estava mais comprido, precisando de um corte em
breve. Sua silhueta estava ligeiramente mais definida, acentuada pelos
jeans justos. Os vestígios da última sessão de manicure e pedicure de
Alice ainda eram visíveis nas unhas de Bella, que ainda estavam suaves
e redondas. Ela não tinha crescido, mas tinha se tornado mais confiante
em relação a minha família, andando mais reta; mas ela se encolheu em
frente de meu irmão enorme. Ele parecia ainda maior perto de Bella,
resistindo à tentação de passar a mão em sua cabeça como se ela fosse
um bicho de estimação...

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E ela ainda é humana, ele adicionou para meu benefício. Irmãos...

Bella corou ainda mais, “Muito obrigada, Emmett.”

Ele riu. “Preciso sair por um segundo. Não façam nada divertido na
minha ausência.” Eu queria ver a cara dela quando ela abrir a caixa. Ele
riu silenciosamente enquanto saia pela porta da frente.

“Eu vou tentar,” Bella disse virando os olhos.

Ela olhou através da sala para Jasper, e quando ele não seguiu
Alice, ela cuidadosamente sorriu para ele. Eu senti uma ponta de
esperança que a autopreservação de Bella poderia ainda estar intacta.
Talvez ela pudesse perceber a luta de Jasper também.

“Hora de abrir os presentes,” Alice anunciou, levando Bella para


uma longa mesa perto de meu piano. No meio da mesa havia um
enorme bolo cor de rosa, rodeado por outro vaso de rosas cor de rosa de
um lado, e uma pilha pequena de presentes embrulhados em papel
prateado do outro. A cor escura do piano contrastava com a cor de rosa
brilhante do bolo.

Colocado atrás dos presentes havia uma pilha alta de pratos de


vidro, e eu abafei um gemido. Eu esperava que Alice não quisesse que
nós comêssemos o bolo. Vômito em massa geralmente não era parte
das atrações de uma festa de aniversário normal.

O rosto de Bella continuou normal, mas alguma coisa em seu olhar


mostrava que ele era falso. Será que ela iria aceitar os presentes
graciosamente?

“Alice, eu te disse que eu não queria nada –”

“Mas eu não ouvi,” Alice interrompeu, brilhando de felicidade ao


ver a menor centelha de excitação nos olhos de Bella. “Abra,” ela
ordenou, entregando para Bella o maior dos três presentes.

Eu previ a reação de Bella, sua hesitação para rasgar e papel e


rapidamente descobrir o prêmio. Ela segurou a caixa com cuidado,
visivelmente surpresa por ser tão leve. Primeiro ela leu o cartão, depois
virou a caixa, procurando um lugar para rasgar o papel, e descobriu que
o conteúdo da caixa não fazia nenhum barulho. Seus olhos se moveram
rapidamente em nossa direção enquanto ela rasgava um canto do papel,
revelando as etiquetas da caixa.

Ainda confusa, ela espremeu os olhos enquanto examinava o que


estava escrito, e eu fechei meus lábios quando ela achou a tampa da
caixa e abriu-a. Ela olhou dentro, e seus olhos ficaram enormes ao
encontrar a caixa vazia.

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Ela não tem a menor ideia do que é ! Rosalie pensou alto, e deu
uma risadinha para variar.

“Hmmm... Obrigada.” Bella disse não em tom de afirmação mas


sim de pergunta.

Jasper foi quem riu mais alto, cobrindo meu risinho. “É um sistema
de som para sua picape. Emmett está instalando agora mesmo para que
você não possa devolver.”

Bella suspirou para Alice, e depois riu amigavelmente. “Obrigada,


Jasper, Rosalie,” e depois olhou para mim. Ela franziu os lábios, ainda
sorrindo, mostrando que havia facilmente lembrado dos insultos que eu
havia feito a sua picape mais cedo. Não havia nada além de alegria no
seu olhar, me aquecendo como apenas o sol podia fazer.

“Obrigada, Emmett,” Bella gritou um pouco mais alto, e juntou a


risada estrondosa dele com seu próprio riso.

Ela é mesmo maravilhosa, Edward, Carlisle pensou, reconhecendo


que Bella já havia aceitado que Emmett podia ouvi-la sem gritar.

“Abra agora o meu e do Edward,” Alice quase gritou. Ela ainda não
tinha visto a reação que ela teria ao abrir o presente – o futuro estava
misteriosamente nebuloso. Bella iria se recusar a abrir meu presente ?

Em resposta, ela se virou e olhou para mim com um olhar


venenoso. “Você prometeu,” ela disse seriamente.

Bem naquela hora Emmett entrou na sala, tendo completado sua


tarefa. “Bem na hora!”, ele urrou, com todos os seus dentes brancos
cintilando com a luz.

O olhar de Bella não tinha saído do meu rosto. “Eu não gastei um
centavo,” Eu jurei, levantando a minha mão. Ela tinha aceitado bem o
rádio - será que eram só os meus presentes que a incomodavam?

Uma mecha de cabelo caiu sobre o rosto de Bella, escondendo


ligeiramente seus olhos de mim, eu tirei-a gentilmente e coloquei atrás
de sua orelha. O coração de Bella pulou uma batida, e Esme apertou a
mão de Carlisle por causa do som.

Ele é tão gentil com ela ... Isso é adorável, Edward

Bella respirou fundo, ainda sem sorrir. “Pode me dar,” ela disse
conformada.

Emmett riu de prazer. Ela realmente não aceita nada de você, não
é?

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Eu olhei para ele e revirei os olhos. Parecia que sim.

Bella pegou o pacote, mas não faz nenhum esforço para descobrir
o que era. A forma e o tamanho deixavam óbvio o que era, mas sem
pensar ela colocou o dedo embaixo da ponta do embrulho.

Antes que Bella pudesse rasgar o papel, a pele de seu dedo cedeu
por causa da ponta surpreendentemente afiada. Para meu terror, uma
única gota de sangue começou a aparecer, e o tempo começou a se
mover com lentidão. Só a visão do minúsculo mas crescente ponto
vermelho foi o suficiente para que minha garganta explodisse em dor, e
meu estômago ficasse embrulhado, antecipando o gosto da doce
perfeição de seu sangue. Quando o magnífico aroma do sangue de Bella
se espalhou, o caçador dentro de mim, o monstro, voltou à vida,
rapidamente escolhendo quais artérias iriam fornecer a melhor refeição
e prolongar o prazer por mais tempo. Minha visão ficou borrada por um
segundo quando o cheiro se transformou em um gosto, um gosto
delicioso e muito intenso, me lembrando da última vez em que seu
sangue havia passado por meus lábios.

“Droga,” Bella disse um segundo depois do corte, e como antes, a


som de sua voz me tirou de minhas fantasias. Eu parei de respirar, o que
não trouxe conforto algum, mas me permitiu manter meu tênue
autocontrole. Os pensamentos de minha família me esmagaram
enquanto eles lutavam para manter a compostura, parando de respirar
um por um. A sede deles não era nada comparada com a minha, mas
seus pensamentos serviram para fazer minha garganta queimar mais
ainda. Eu lutei de novo contra o monstro. Eu não podia machucar Bella.
Eu não ia machucá-la.

Meu amor estava inconsciente do que estava acontecendo ao seu


redor, e ela lentamente girou o corte e a única gota de sangue para
perto de seu rosto. Nesse momento, duas imagens apareceram,
sobrepostas em minha mente: na mente de Alice, a visão de Jasper se
jogando em cima de Bella; na mente de Jasper, as mechas do cabelo
castanho de Bella a centímetros de seus olhos enquanto seus lábios
chegavam perto de sua garganta. No próximo milionésimo de segundo
Jasper se preparou para o ataque, e minha reação foi puramente
instintiva.

Com o resto de ar que eu tinha gritei, “NÃO!”, me movendo


rapidamente para tentar impedir meu irmão. Ele era tão rápido que
minha única opção era empurrar Bella, me tornando uma proteção entre
sua pele fina e os dentes afiados de Jasper. Seu corpo colidiu com o
meu, sua mente completamente preenchida com uma sede, não tão
forte quanto a minha, mas sem nenhuma intenção de ser refreada.

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Nossos braços se entrelaçaram, e com uma fúria tão forte quanto sua
sede, eu o segurei.

Ela – eu tenho que pegá-la! Saia da minha frente!, Seus


pensamentos gritavam. Era como se Jasper tivesse regredido para um
vampiro recém nascido – todo o ser dele era movido simplesmente por
uma palavra: sangue. Quando eu o segurei com mais força, eu ouvi uma
batida, e a luta de Jasper aumentou.

Seus pensamentos corriam soltos enquanto ele via Bella, deitada


em uma pilha de vidros quebrados, o braço dela coberto de pedacinhos
de vidro. Eu assistia a carnificina por seus olhos, e o fogo saiu de minha
garganta e me encheu completamente. O cheiro de seu sangue era tão
forte que eu podia sentir o gosto através dos pensamentos de Jasper,
mas ele só tinha uma ideia muito vaga do verdadeiro gosto que o líquido
quente e vermelho simbolizava.

Sangue... Desperdiçado... Meu... Incapaz de pensar


coerentemente, Jasper só se concentrava no sangue se acumulando em
uma piscina em volta de Bella. Um grunhido profundo e animal saiu de
seu peito, seus dentes se moveram rapidamente enquanto ele
repetidamente se atirava contra mim para tentar chegar até Bella. Suas
defesas caíam á medida que ele era consumido por seu desejo
avassalador, e eu vi minha chance de pular em sua garganta, acabando
com a ameaça a meu amor.

NÃO EDWARD, NÃO! Alice gritou em seus pensamentos, sua visão


do futuro me mostrando não somente seu pesar, mas também o horror
de Bella ao ver a cabeça cortada de Jasper rolando pelo chão. A visão
me distraiu só o suficiente para ver Emmett se aproximando sedento por
trás de nosso irmão maluco.

Será que ele estava vindo para ajudar Jasper ou eu ? “Ela é


minha,” eu grunhi, colocando o corpo de Jasper entre Bella e Emmett,
enquanto ele continuava se debatendo contra meu aperto. Eu vasculhei
os pensamentos ao meu redor, procurando por mais ameaças, mas
ninguém mais se moveu. Emmett colocou seus braços ao redor de
Jasper, puxando-o para trás, nos separando.

Atrás de mim, Bella estava no chão sangrando, e enquanto eu


lutava para protegê-la de Jasper, eu também lutava contra mim mesmo.
O veneno estava quase escorrendo pelos meus lábios, a ardência em
minha garganta era tão forte que quando minhas mãos ficaram livres,
eu quase não resisti ao desejo de transformá-la eu mesmo. Eu vi o rosto
do meu amor através dos olhos de Alice, e percebi que Jasper não era a
razão dela estar coberta em sangue, mas porque sem pensar eu a atirei
em cima da mesa cheia de vidro.

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O que eu tinha feito ?

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