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ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-graduação e

Faculdades integradas do Vale do Ivaí

Aluno: Everton Luiz Lasta

Curso: Educação Especial – Atendimento às Necessidades Especiais

Disciplina: Aspectos Neurológicos dos Processos de Aprendizagem

Cidade: Pato Branco - PR

Professor: Rafael B. Neto

Questão:

Cite três fatores fisiológicos e/ou patológicos e explique como eles


podem interferir sobre a atenção e, portanto, sobre a memória e a
aprendizagem.

Como sabemos, a atenção é uma função psíquica que nos permite


manter a vigilância em relação ao que acontece ao nosso redor, selecionar
os estímulos mais importantes em dado momento e colocá-los no centro de
nossa consciência através do processo de focalização de atenção.

A atenção exerce uma função muito importante na capacidade de


retenção de informações relevantes, pois é através dela, associada aos
processos de controle, que guardamos informações na memória de longa
duração.

Durante o processo da aprendizagem de qualquer atividade,


passamos por estágios em que ocorrem diversas mudanças, entre elas, nas
exigências nos processos da atenção.

TDAH – TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

Dentre os diversos problemas que podem comprometer a atenção e


as demais funções a ela relacionadas está o TDAH, um distúrbio
neuropsicológico. As suas características aparecem já na primeira infância e
se instalam antes dos 7 anos.

Este transtorno, segundo Rohde & Benczik (1999) é um problema de


saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação
e a impulsividade. Pesquisas tem demonstrado que no Brasil de 3 a 6% da
população com idade entre 7 e 14 anos apresentam TDAH num proporção
de dois meninos para uma menina.

Existem três formas de TDAH:


• TDAH com predomínio de déficit de atenção  Não enxerga
detalhes, comete erros por falta de cuidado, dificuldade em manter a
atenção, parece não ouvir quando falam com ela, dificuldade em
organizar-se, não gosta de tarefas que exigem muito esforço mental,
distrai-se facilmente, esquecimento nas atividades diárias.

• TDAH com predomínio de hiperatividade e impulsividade 


Inquietação, mexendo mãos e os pés ou se remexendo na cadeira,
corre sem destino, sobe nas coisas excessivamente, dificuldade de
engajar-se em uma atividade silenciosa, fala excessivamente,
responde perguntas antes de serem formuladas, age como se fosse
movida por um motor, dificuldades em esperar suas vez, interrompe
conversas e se intromete.

• TDAH combinado  Dificuldade em terminar uma atividade ou um


trabalho, ficar aborrecida com tarefas não estimulantes ou rotineiras,
falta de flexibilidade, imprevisibilidade de comportamento, não
aprende com erros passados, percepção sensorial diminuída,
problemas de sono, difícil de se agradar, dificuldades nos estudos.

O hiperativo não consegue corresponder às exigências curriculares


exigidas pelas escolas convencionais.

Crianças rotuladas como endiabradas, desobedientes e “com bicho


carpinteiro” podem ser portadoras de Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH). Este transtorno atinge de 3% a 6% de crianças em
todo mundo e está diretamente relacionado ao baixo rendimento escolar,
levando a repetências e problemas sérios de aprendizagem.

A desatenção nas crianças hiperativas é responsável pela sua


dificuldade básica em acompanhar o ritmo de uma aprendizagem formal.
Estas crianças possuem uma variação normal de aptidões intelectuais,
podendo-se considerar que a maioria está dentro dos limites médios, outras
brilhantes, atingindo limites superiores – como também, aquelas que ficam
abaixo da média de aptidões intelectuais.

Normalmente, a criança hiperativa não consegue controlar seu


comportamento a despeito de sua inteligência. Sua tendência é se ater a
circunstâncias secundárias frente a uma explicação que está sendo dada
pelo professor – geralmente, está envolvida numa atividade mais
improdutiva durante a aula. O comportamento da criança hiperativa é não-
reativo às intervenções normais do professor. O que poderá ser interpretado
como desobediência e conduz a uma cobrança mais rígida do professor.
Esta situação agrava o problema aumentando a frustração do professor e da
criança, podendo levar a utilização de instrumentos punitivos e o convite
para mudança de escola.

O hiperativo apresenta dificuldades de atenção, concentração e


impulsividade. Os sintomas de hiperatividade podem ser muito ou pouco
pronunciados. Desta forma, torna-se difícil para um leigo diferenciar uma
criança agitada de uma hiperativa.

SINDORME DE DOWN (Trissomia do cromossomo 21)

Outro distúrbio genético que resulta em diferentes características


morfofuncionais, dentre elas o retardo mental.

São indivíduos altamente sociáveis e facilmente integráveis em


qualquer ambiente. Em sala de aula, em função de algum rebaixamento
intelectual (que pode ser brando ou severo). Apresentam dificuldades em
acompanhar o currículo, sendo clientes de salas de reforço (salas de
recursos especiais).

Embora a Síndrome de Down seja classificada como uma deficiência


mental, não se pode nunca predeterminar qual será o limite de
desenvolvimento do indivíduo.
Historicamente, a pessoa com Síndrome de Down foi rotulada como
deficiente mental severa e em decorrência deste rótulo acabou sendo
privada de oportunidades de desenvolvimento. A classificação da deficiência
mental nos grupos profundos (severos), treináveis e educáveis é bastante
questionada hoje em dia. Estes diagnósticos, determinados a partir de
testes de QI (Medida do Quociente da Inteligência), nem sempre condizem
com a real capacidade intelectual do indivíduo, uma vez que os testes
aplicados foram inicialmente propostos para povos de outros países, com
culturas diferentes da nossa.

A educação da pessoa com Síndrome de Down deve atender às suas


necessidades especiais sem se desviar dos princípios básicos da educação
proposta às demais pessoas.

A criança deve freqüentar desde cedo a escola, e esta deve valorizar


sobretudo os acertos da criança, trabalhando sobre suas potencialidades
para vencer as dificuldades.

A aprendizagem da pessoa com Síndrome de Down ocorre num ritmo


mais lento. A criança demora mais tempo para ler, escrever e fazer contas.
No entanto, a maioria das pessoas com esta síndrome tem condições para
ser alfabetizada e realizar operações lógico-matemáticas.A educação da
pessoa com Síndrome de Down deve ocorrer preferencialmente em uma
escola que leve em conta suas necessidades especiais. As crianças com
deficiência têm o direito e podem beneficiar-se da oportunidade de
freqüentar desde cedo uma creche e uma escola comum, desde que
adequadamente preparadas para recebê-las. O professor deverá estar
informado para respeitar o ritmo de desenvolvimento do aluno com
deficiência, como, de resto, deve respeitar o ritmo de todos os seus alunos.
O papel do professor é muito importante pois caberá a ele promover as
ações para incluir a criança deficiente no grupo.
É preciso orientar a família da pessoa deficiente sobre quais os
recursos educacionais de boa qualidade que estão disponíveis em sua
comunidade. Para realizar tal orientação, o profissional deve procurar
conhecer melhor as opções de escola especial e escola comum de sua
cidade e região, para que o encaminhamento seja feito com segurança e
traga benefícios ao desenvolvimento global da criança.

Buckley e Bird (1994) levantam várias características relevantes


quanto ao desenvolvimento cognitivo e lingüístico da criança portadora de
síndrome de Down em seus primeiros cinco anos de vida, aqui sumarizadas:

• O atraso no desenvolvimento da linguagem, o menor reconhecimento


das regras gramaticais e sintáticas da língua, bem como as dificuldades
na produção da fala apresentados por essas crianças resultam em que
apresentem um vocabulário mais reduzido, o que, freqüentemente, faz
com que essas crianças não consigam se expressar na mesma medida
em que compreendem o que é falado, levando-as a serem subestimadas
em termos de desenvolvimento cognitivo.

• Essas mesmas alterações lingüísticas também poderão afetar o


desenvolvimento de outras habilidades cognitivas, pois há maior
dificuldade ao usar os recursos da linguagem para pensar, raciocinar e
relembrar informações.

• Vários estudos (ver abaixo) têm atestado que crianças portadoras de


Síndrome de Down apresentam uma capacidade de memória auditiva de
curto-prazo mais breve, o que dificulta o acompanhamento de instruções
faladas, especialmente se elas envolvem múltiplas informações ou
ordens/orientações consecutivas. Essa dificuldade pode, entretanto, ser
minimizada se essas instruções forem acompanhadas por gestos ou
figuras que se refiram às instruções dadas.

• No mesmo sentido, por apresentarem habilidades de processamento e


de memória visual mais desenvolvidas do que aquelas referentes às
capacidades de processamento e memória auditivas, as crianças
portadoras de Síndrome de Down se beneficiarão de recursos de ensino
que utilizem suporte visual para trabalhar as informações.

• É imprescindível que às crianças portadoras de Síndrome de Down seja


dada toda a oportunidade de mostrar que compreendem o que lhes foi
dito/ensinado, mesmo que isso seja feito através de respostas motoras
como apontar e gesticular, se ela não for capaz de fazê-lo
exclusivamente de forma oralizada.

PARALISIA CEREBRAL

É um termo amplo que abriga um grupo não progressivo, mas


geralmente mutável, de síndromes motoras (sempre uma deficiência física)
secundárias à lesão ou a anomalias do cérebro, ou do cerebelo, que
acontecem nos estágios precoces do desenvolvimento (durante a gravidez
até os três anos de idade). Com incidência de 1,5 a 2,5 crianças a cada
1000 nascidos por ano.

A Paralisia Cerebral nem sempre se acompanhará de deficiência


mental; não é contagiosa; as causas vão desde falta de oxigênio ao
nascimento, uma infecção congênita, até um acidente automobilístico em
tenra idade. As manifestações clínicas são tão variáveis quanto as causas; o
quadro pode se modificar consideravelmente ao longo do tempo
(NEUROPLASTICIDADE), não sendo possível, portanto, determinar de
antemão, até que ponto uma criança conseguirá ou não recuperar suas
funções, ou compensar suas dificuldades.

O tratamento é multidisciplinar e dependerá das funções acometidas,


do tipo de deficiência ou transtorno mental. Assim, por exemplo, a epilepsia
necessita de tratamento medicamentoso, operações ortopédicas podem
corrigir algumas deformidades. No entanto o papel principal é exercido
pelos terapeutas não médicos, incluindo os pedagogos.

Indivíduos portadores de Paralisia Cerebral, com comprometimento


global leve, movimentam-se com independência, realizam atividades
motoras finas, como desenhar, encaixar, recortar etc..., constroem frases
com mais de duas palavras; e demonstram uma boa adaptação social. Seu
desempenho intelectual favorece a aprendizagem acadêmica.

Sujeitos com quadro moderado apresentam dificuldades na


locomoção, sendo necessário suporte material e ou humano. A motricidade
fina é limitada, executando atividades sem domínio do freio inibitório. Utiliza
palavras - frases na comunicação verbal. Nas atividades da vida diária,
necessitam a manutenção e assistência. Os aspectos cognitivos limitados
parecem dificultar o desempenho escolar.

As pessoas paralíticas cerebrais com dependência total ao nível da


motricidade grossa e fina, com linguagem e fala, comprometidos
demonstram capacidade intelectual severamente prejudicada. Por
capacidade intelectual entenda-se a possibilidade de expressão da
capacidade mental. Via de regra, não existe relação direta em “quanto
maior o transtorno motor, maior o déficit mental”, principalmente porque
não é previsto no quadro da Paralisia Cerebral, o déficit mental. Se houver,
ele terá patogenias associadas.
Em muitos casos de Paralisia Cerebral, há limitação intelectual em
graus variáveis, e a maioria dos que apresentam inteligência normal, tem
dificuldades na vida acadêmica. No entanto, em função de fatores biológicos
(processo de maturação do Sistema Nervoso), fatores ambientais e
circunstanciais (estimulação e recursos), certas características decorrentes
da condição física limitadora, podem se modificar. Quando se ensina uma
criança com desenvolvimento a adquirir o controle das necessidades
básicas como comer, vestir-se ou lavar-se, é necessária assistência durante
algum tempo até que ela possa fazê-lo sozinha. O comportamento reativo
de resistência e cooperação pode ser observado através dos movimentos de
braços, pernas, cabeça e do próprio tronco. As habilidades para equilibrar-
se, promovem o ajustamento de posturas desconfortáveis, enquanto está
sendo manuseada.

Considerando que a criança adquire o conhecimento através da


exploração do meio, da manipulação de objetos, da repetição de ações e do
domínio do próprio esquema corporal com relação a situações de perigo, ela
necessita do controle maturacional do Sistema Nervoso. Portanto, a criança
com Paralisia Cerebral pode ficar mais limitada ao pensamento e menos à
execução do mesmo, perdendo oportunidades concretas de viabilizar
ampliações no seu repertório.

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