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Misericórdia versus Moralidade

Misericórdia versus Moralidade

“A segunda maneira pela qual a revolução de Jesus me afeta centraliza-se em como devemos olhar para as
pessoas “diferentes”. O exemplo de Jesus convence-me hoje porque sinto uma guinada sutil na direção inversa.
Conforme a sociedade se desenvolve e a imoralidade aumenta, ouço alguns cristãos clamarem de que
precisamos demonstrar menos misericórdia e mais moralidade, clamores que retrocedem ao estilo do Antigo
Testamento.

Uma frase utilizada por Pedro e Paulo tornou-se uma de minhas imagens preferidas do Novo Testamento.
Temos que administrar, ou “ser despenseiros” da graça de Deus, dizem os dois apóstolos. A imagem traz à
mente um dos antiquados “vaporizadores” que as mulheres usavam antes de se aperfeiçoar a tecnologia dos
sprays. Apertava-se uma bomba de borracha e gotículas de perfume saíam dos buraquinhos na outra ponta.
Algumas gotas bastavam para o corpo inteiro; alguns poucos apertões bastavam para mudar a atmosfera de um
quarto. Creio que é assim que a graça deve operar. Ela não converte o mundo inteiro ou toda uma sociedade,
mais enriquece a atmosfera.

Agora receio que a imagem predominante dos cristãos tenha mudado de um vaporizador de perfume para
diferentes embalagens de sprays: o tipo utilizado para exterminar insetos, Veja, uma barata! Spray nela. Veja,
um foco do maligno. Spray nele. Alguns cristãos que conheço assumiram a tarefa de “dedetizadores morais”
para a sociedade infestada pelo mal que os rodeia.

Sinto uma profunda preocupação por nossa sociedade. Estou tocado, entretanto, pelo poder alternativo da
misericórdia demonstrada por Jesus, que veio para os doentes e não para os sãos, para os pecadores e não para
os justos. Jesus nunca aprovou o mal, mas estava pronto a perdoá-lo. De alguma forma, ganhou a reputação de
amigo dos pecadores, uma reputação que seus discípulos correm o risco de perder. Como diz Dorothy Day: “Eu
realmente só amo a Deus na proporção em que amo a pessoa que menos amo”.

Extraído do livro “Maravilhosa Graça” Phillip Yancey Pág. 149 Edição 2007

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