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RADIOGRAFIA

INDUSTRIAL
1. INTRODUÇAO

1.1 DESCOBERTA E EVOLUÇAO DOS RAIOS X

Na noite de 9 de Novembro de 1895 – Wilhelm Konrad Von Roentgen


descobre casualmente os raios x. Através da fluorescência de uma folha de
papel de platino cianeto de Bário durante as experiências no tubo de raios
catódicos (ampola de Hittorf-Crookes).
Quinze dias após, Roentgen faz a sua primeira radiografia a uma mão.
Em 28 de Dezembro de 1895 Roentgen faz a apresentação da descoberta na
sociedade de física médica de Wurtzbourg, onde Kolliker como presidente
da sessão propõe e é aclamado de que os raios passem a ser conhecidos por
raios Roentgen.
Em 2 de Fevereiro de 1896 o Dr. Henrique Teixeira Bastos, catedrático da
Física da faculdade de filosofia de Coimbra, obteve as primeiras
radiografias em Portugal a um dedo e uma chave.
Em 1896 começam os raios x a ser utilizados na medicina, sendo em
Portugal ministerialmente autorizados para serviço hospitalar em 4 de
Dezembro de 1897 e entrando em actividade em 2 de Outubro de 1898.
Em 1896 é descoberta a radioactividade no Urânio pelo físico francês
Henry Becquerel.
Em 1898 o físico Pierre Curie e sua mulher Marie Curie juntamente com o
físico G. Bémont descobrem que o Rádio (Ra) é dotado de intensa

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radioactividade (o Rádio encontra-se na pechblenda que é um oxido natural
de Urânio).
Só em 1900, Kienbock demonstrou serem os raios x causadores de lesões
da pele (radiodermite).
Só em 1912 é descoberta a natureza dos raios x. Radiações de natureza
electromagnética semelhante à luz visível, cujas propriedades são de:
- Propagação em linha recta
- Acção sobre emulsão fotográfica
- Produção de fluorescência e fosforescência
- Absorção pela matéria
- Produzir danos nas células vivas e modificações genéticas
- Ionizar os gases
- Natureza ondulatória com vários comprimentos de onda
- Dispersão de “reflexão”, difracção, refracção e polarização
- Indiferença aos campos eléctricos e magnéticos
- Velocidade de propagação igual (300 000 km/s)
- Não ser visível

Em 1914 apareceram as ampolas de colige que permitem a variação da


qualidade e da quantidade de radiação.
Em 1920 inicia-se na Europa o emprego dos raios x na inspecção de
metais.
Em 1922 nos Estados Unidos o Dr. Hester foi o pioneiro da utilização dos
raios x na indústria com utilização de um equipamento industrial.
Em 1928 (cinco anos após a morte de Roentgen aos 78 anos), no 2º
congresso internacional de radiologia (em Estocolmo), é criada a unidade
internacional de medição de radiação x, o Roentgen (R).
A partir de 1930 a radiação gama, com o Random, foi aceite como técnica
radiográfica industrial.
Em 1934 Mme Curie e o marido Frederic Joliot descobrem a
radioactividade artificial obtendo elementos radioactivos artificiais, mas só
a partir de 1948 através dos primeiros reactores nucleares é que se
começaram a produzir isótopos a preços acessíveis destinados à radiografia
industrial.

1.2 APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES DA RADIOGRAFIA

1.2.1 Aplicação da radiografia


Devido às propriedades de penetração e absorção da radiação x e gama, a
radiografia é usada para examinar diversos produtos, nomeadamente,
soldaduras, peças de fundição, forjados ou fabricados.

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O exame radiográfico é um dos principais métodos não destrutivos, usados
hoje em dia.
O exame radiográfico requer normalmente:
A exposição de um filme para registar os raios x ou gama que penetram
no objecto.

Revelação do filme exposto

E a interpretação da radiografia obtida

1.2.2 Vantagens da radiografia


 Pode ser usada na maior parte dos materiais

 Permite uma imagem em registo permanente

 Inspecciona o interior dos materiais

 Revela os erros de fabricação

 Evidencia descontinuidades estruturais

1.2.3 Limitações da radiografia


 Difícil aplicação em objectos de geometria complexa

 Necessidade de acesso às duas faces do objecto

 Difícil ou impossível a detecção de defeitos lamelares paralelos ao


filme

 É um método relativamente caro

 Necessita-se de aplicar condições de segurança

Como as radiações não podem ser detectadas por qualquer um dos cinco
sentidos, exigem-se rigorosas medidas de segurança. As radiações podem
causar danos ou mesmo destruição das células do corpo humano.
É essencial que os técnicos de radiografia tenham sempre em atenção o
perigo da radiação e o conhecimento das regras de segurança.
Terão de ser usados detectores de radiação.

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2. ORIGEM E NATUREZA DA RADIAÇÃO

2.1 ESTRUTURA DO ÁTOMO


A fim de se compreender o estudo da radiografia deve-se em primeiro lugar
saber algo acerca da natureza da matéria, sua estrutura e características.
Neste capítulo iremos abordar o estudo do átomo. Estudaremos também a
identificação dos átomos por um sistema que considera o tipo e o número
de partículas nos vários átomos.
Consideremos as três partículas fundamentais das quais é feita a matéria:
protão, neutrão e o electrão.
Existem outras, mas não são de particular importância para o nosso estudo.

Observemos então as três partículas:

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PROTÃO: Esta é uma partícula relativamente pesada com uma carga
eléctrica positiva
NEUTRÃO: Esta partícula é quase do mesmo tamanho e peso que o
protão, só que é neutro, ou seja, não tem carga eléctrica.
ELECTRÃO: Esta é uma partícula relativamente leve em relação ao
protão ou ao neutrão. Tem uma carga eléctrica negativa

O número de cada uma destas partículas que constituem o átomo,


determina a natureza do átomo.
Existem mais de 100 átomos diferentes e esse número vem aumentando
cada vez que os cientistas criam novos elementos. Cada um desses átomos
identifica-se como um elemento, e é dado um nome, Ex: Oxigénio, ferro,
Enxofre, Chumbo, são nomes comuns de elementos básicos.
Os elementos, ou combinações químicas dos elementos (moléculas),
formam todas as coisas que vemos no nosso dia a dia. A cadeira onde nos
sentamos, o tecto sobre a nossa cabeça, o ar à nossa volta, tudo é feito de
átomos ou de combinações de átomos, ou elementos diferentes.

Os átomos são partículas extremamente pequenas da matéria. Existem


biliões de átomos de carbono na ponta de um lápis! Este facto é tanto mais
extraordinário quando se ouve pela primeira vez, mas mais surpreendente
ainda é o facto de que mais de 99,9% de um átomo é espaço vazio.

Neste momento você está sentado em menos de 1/100 do que aquilo que
pensava!

Os protões e os neutrões estão agrupados no centro do átomo. Este grupo


de protões e neutrões é chamado o núcleo do átomo.

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Considerando o tamanho do núcleo e dos electrões, a distancia à qual
orbitam os electrões ser muito grande e todo o espaço entre o núcleo e os
electrões ser um vazio, daí o se ter afirmado anteriormente que 99,9% do
átomo ser um vazio.

O número de protões num átomo (e portanto o numero de electrões dado


serem iguais), determina a natureza do átomo ou elemento. Por exemplo,
todos os átomos que tenham 8 protões, são átomos de oxigénio, todos os
átomos que tenham 26 protões são átomos de ferro.

Observemos uma lista parcial dos elementos fundamentais começando pelo


mais simples, vejamos como se relacionam com o número de protões no
núcleo:
Nº de Protões Elemento
1 Hidrogénio
2 Hélio
3 Lítio
4 Berílio
26 Ferro
27 Cobalto
28 Níquel
77 Irídio
78 Platina

Os elementos fundamentais tais como os mencionados anteriormente,


podem ser identificados ou tabelados de várias maneiras.
A maneira óbvia é usar um nome. Por exemplo hidrogénio, hélio, cobalto,
etc.
Por outro lado, cada um dos elementos tem um símbolo ou abreviação que
substitui muitas vezes o nome completo:

Elemento Abreviação

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Hidrogénio H
Hélio He
Cobalto Co
Irídio Ir

Porém acontece em alguns casos o nome não corresponder ao símbolo. Por


exemplo, o símbolo do ouro é Au.
Existe uma outra maneira de identificar um elemento fundamental. Dado
que, cada elemento tem um número específico de protões, em cada um dos
seus átomos qualquer elemento pode ser identificado por este número.
O número de protões no núcleo de um átomo é conhecido por número
atómico ou numero Z. Não há dois elementos que tenham o mesmo número
de protões nos seus átomos.

Elemento Numero Z
Hidrogénio 1
Hélio 2
Cobalto 27
Irídio 77

Resumindo, um átomo que tenha 77 protões, 115 neutrões e 77 electrões,


tem um número atómico (Z) 77.

Como assunto de interesse, o átomo descrito é o irídio radioactivo, uma


fonte de radiação usada normalmente na radiografia.

Foi mencionado anteriormente que os protões e neutrões são quase iguais


em tamanho e peso. A única diferença que nos interessa, é que o protão tem
uma carga positiva, e o neutrão tem uma carga neutra.

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Se fosse possível pesar um único átomo, a maior parte do peso seria dado
pelo núcleo (protões e neutrões). Os electrões e outras partículas incidentais
são tão leves que não afectam o peso do átomo.

Dado que os átomos são pedaços extremamente pequenos de matéria, não é


possível tentar exprimir o seu peso em gramas. Em vez disso, é utilizada
uma unidade de peso muito pequena, a Unidade de Massa Atómica –
AMU.
Tecnicamente um AMU é 1/12 do peso da massa de um átomo de carbono
que tem 6 protões e 6 neutrões no seu núcleo. Contudo, na prática um
AMU é quase igual ao peso da massa de um neutrão.
Como se verá mais á frente, todos os átomos do mesmo elemento não têm o
mesmo peso porque existem variações no número de neutrões em átomos
diferentes do mesmo elemento.

Existe um meio de identificar átomos, não só pelo número Z, mas também


por outro meio que tenha em conta a variação do número de neutrões. Este
é feito através de um número que é igual ao número total de protões e
neutrões no núcleo. Dado que este numero é conhecido como o numero de
massa ou numero A.
Como radiologista, o termo AMU raramente surgirá.

2.2 Materiais radioactivos


Observemos alguns átomos do mesmo elemento nos quais o número A é
diferente. Tomemos como exemplo o elemento hidrogénio. É o mais
simples e o mais leve de todos os elementos. O hidrogénio tem o número Z
de 1, assim sabemos que todos os átomos de hidrogénio terão 1 protão no
seu núcleo.

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- Esta é a forma comum do hidrogénio.
- Tem 1 protão e um electrão em equilíbrio
- Não tem neutrões (Este é o único átomo que não tem neutrões no seu
núcleo)

- Esta é a forma mais rara do hidrogénio


- Sabe-se que é hidrogénio porque tem um protão
- Mas este átomo de hidrogénio tem um neutrão no seu núcleo, algumas
vezes chamam-no de “hidrogénio pesado” porque o seu peso é duas vezes
maior que o átomo normal.

Estes dois tipos de hidrogénio são chamados de isótopos de hidrogénio.

Os isótopos de um elemento poderiam ser comparados como as espécies


de cães ou de gatos. Tal como existem pastores alemães, galgos e outras
espécies de cães, existem isótopos ou “especies” de um elemento. Á família
de átomos que constituem um elemento qualquer são chamados Isótopos
desse elemento.

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A maior parte dos isótopos dos vários elementos surge na natureza
contudo, nos últimos anos foram criados artificialmente um grande numero
de novos isótopos nos reactores nucleares e aceleradores de partículas,
(cisão do átomo). Estes isótopos artificiais são criados pelo
bombardeamento de um elemento qualquer com grandes quantidades de
neutrões. Dado que um grande número de neutrões é liberto pelo processo
de cisão atómica, um reactor nuclear será o lugar ideal para criar novos
isótopos.
Após terem sido expostos durante certo tempo a uma alta concentração de
neutrões num reactor nuclear, os átomos do elemento básico absorverão
neutrões extra. O número “A” destes átomos aumentou. O número de
protões mantém-se o mesmo, logo o átomo pertence ainda ao mesmo
elemento, mas é um tipo ou isótopo diferente do elemento.

Quando um novo isótopo está contido na sua forma, portanto os neutrões


extra não alteram o equilíbrio no núcleo o isótopo diz-se “estável”. Mas se
não há esse equilíbrio, diz-se “instável”.
Um átomo instável desintegrar-se-á ou decairá até encontrar a sua forma
estável. Os átomos ao se desintegrarem emitem finas partículas de energia
até se tornarem estáveis. Tais átomos instáveis são também conhecidos
como RADIOACTIVOS.
Na natureza encontra-se um certo número de isótopos radioactivos
(radioisótopos). Contam-se muitas histórias acerca do rádio, como foi
descoberto e usado anos atrás. Juntamente com o urânio, serão concerteza
os isótopos radioactivos naturais mais conhecidos. Os radioisótopos na
natureza são escassos. Se em determinada época havia mais, eles foram-se
desintegrando e tornando-se estáveis após biliões de anos. Nos anos mais

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recentes, em virtude dos cientistas terem acesso aos reactores nucleares,
foram criadas famílias de novos isótopos radioactivos.
O processo de criação artificial dos radioisótopos é conhecido pela
activação. Um isótopo estável é activado num reactor nuclear quando os
neutrões livres penetram no núcleo e aumenta o número A. O novo isótopo
resultante é instável ou radioactivo.
Alguns destes radioisótopos artificiais desintegram-se tão rapidamente que
é quase impossível detectá-los. Outros têm vidas maiores e consoante as
suas características assim são aplicados na indústria e em investigações
científicas. A radiografia é uma das aplicações de certos isótopos.

Durante a desintegração são emitidas partículas finas, partículas de energia


que se propagam a alta velocidade na forma de ondas. Tudo isto é a
radiação – partículas e ondas. Tem a sua origem no núcleo do átomo
radioactivo.
A figura representa um pedaço de material radioactivo. Pode-se ver
graficamente claro a desintegração dos átomos.

A partícula alfa é a maior e a mais pesada das partículas e é composta por 2


protões e 2 neutrões. A partícula beta é uma partícula muito leve e é
fundamentalmente um electrão de velocidade elevada.

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A linha ondulada representa um raio gama. É uma onda na forma de
energia não uma partícula.

Como é que esta radiação afecta o núcleo atómico?


Tomemos por exemplo um átomo do elemento polónio (PO-210). Este tem
84 protões e 126 neutrões no seu núcleo, e ao desintegrar-se emite uma
partícula alfa (2 protões e 2 neutrões). O átomo resultante poder-se-á
descrever em termos A e Z da seguinte forma: Z= 82 e A= 206 ou seja
resultará um átomo diferente que será o átomo do Po-206.

De notar que o chumbo tem menos 4 do que o numero A do Polónio.


Resumindo a desintegração da partícula alfa resultará sempre num novo
elemento com menos 2 protões e com um numero A com menos 4 que o
original. Quando tem lugar a desintegração de um átomo pela emissão de
uma partícula beta, o processo é um pouco mais complicado. A fim de se
compreender este tipo de desintegração, observemos um neutrão, como se
fosse a combinação de um protão e de um electrão.

Não se alterou a ideia básica da partícula neutra. Assim, num átomo estável
os protões, neutrões e electrões estão perfeitamente instalados de modo a
que continuem nesse estado. Num estado instável ou radioactivo, o átomo
depara com forças que transformarão uma partícula noutra.
Alguns núcleos radioactivos emitem partículas beta (electrões de
velocidade elevada) quando se desintegram.

De observar que estes não são electrões orbitais, têm origem no núcleo.
Normalmente sabemos que um núcleo não tem quaisquer electrões,
contudo, e para exemplo admitiu-se que o neutrão era uma combinação de

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um protão e de um electrão. Quando o electrão é removido, o neutrão
torna-se num protão. É isso que acontece durante a desintegração beta. Um
neutrão no núcleo radioactivo expulsará uma partícula beta (electrão
nuclear) e torna-se num protão.
Como exemplo consideremos o isótopo radioactivo de irídio 192. Tem 77
protões e 115 neutrões no seu núcleo (77+115=192). Quando um electrão
se ejecta como uma partícula beta, um neutrão é convertido num protão.
Agora o novo átomo tem 78 protões e 114 neutrões. O número A mantém-
se o mesmo mas o número Z é 78 em vez de 77. O átomo de irídio
transformou-se no de Platina (Pt 192).

Vamos agora falar acerca de uma energia adicional reguladora no átomo


radioactivo quando emite uma partícula alfa ou uma partícula beta.
Esta energia resulta na emissão de um raio gama. As partículas alfa e beta
não têm valor na radiografia. Ao se operar com isótopos radioactivos
apenas os raios gama têm interesse para o radiologista.

Resumindo os modos ou processos comuns de desintegração radioactiva,


um átomo radioactivo depende do seu tipo, pode-se desintegrar por meio
das seguintes formas:

- Emissão Alfa apenas (Não tem interesse)


- Emissão Beta apenas (Não tem interesse)
- Emissão Alfa e Gama
- Emissão Beta e Gama

Existem outras formas de desintegração, mas são tão raras que não têm
interesse. Deve-se acrescentar que um isótopo radioactivo desintegrar-se-á
e acordo com uma forma característica.

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Por exemplo, uma quantidade de Túlio 170 (Tm170), emitirá sempre
partículas Beta dentro de uma faixa previsível de energia, acrescentado de
raios Gama de energia específica. Nenhum outro isótopo tem exactamente
a mesma forma de desintegração. Além disso, o produto da desintegração
radioactiva pode também ser radioactivo. Por exemplo, quando se dá a
desintegração do rádio, liberta uma partícula Alfa e torna-se o elemento
radioactivo Radão. O Radão por seu turno desintegra-se noutros elementos
radioactivos até se tornar finalmente num isótopo estável de chumbo (Pb
206).

Todos estes elementos resultantes de sucessivas desintegrações, quer sejam


radioactivas ou não, são chamados de produtos filhos do elemento
radioactivo original.
Como é que a energia origina raios Gama e como é que a energia oriunda
das partículas atómicas é ejectada?

E=m G C2
O criador desta equação foi Albert Einstein, e diz-nos que:
A energia e a massa são intermutáveis.
E é a energia, m é a massa e C é a velocidade da luz.
Como é lógico C2 é um número muito grande o que significa que a massa
muito pequena, pode ser convertida em energias bastante elevadas. Este é o
princípio no qual se fundamenta a bomba atómica e de hidrogénio, a
conversão de massa nuclear em energia. No caso da radioactividade, a
“perda de massa” no núcleo que resulta em energia, é insignificante.

Vejamos agra como a radioactividade é medida.

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A unidade básica para descrever a actividade (radioactividade) de uma
quantidade de material radioactivo é o Curie, identificado assim depois da
descoberta do Rádio.

Diz-se que uma quantidade de material radioactivo tem uma actividade de


um Curie (C), quando 37 biliões dos seus átomos se desintegram num
segundo. Em termos científicos, escreve-se: 1C=3,7 x 1010 desintegrações /
segundo, ou 37 x 109 desintegrações / segundo. De outra maneira, por
exemplo uma fonte de material radioactivo de qualquer tamanho da que
sabemos que alguns dos átomos intáveis se estão a desintegrar em cada
segundo, se a gama de desintegração é de 37 biliões de átomos em cada
segundo a fonte tem uma actividade de 1 Curie.
Se mais do que 37 biliões se desintegram num segundo a fonte tem uma
actividade maior do que 1 Curie se for menos do que 37 biliões a fonte tem
menos do que 1 Curie.

Observemos uma fonte com o volume de 1 cm3 e que tem uma actividade de
4 Curies. Se cortássemos a fonte em duas partículas iguais de ½ cm3 cada,
que actividade terá cada uma delas?

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Portanto, o número de desintegrações por segundo em cada pedaço é
metade do original. Em raras ocasiões, podem-nos surgir actividades
extremamente pequenas. Existem submúltiplos do Curie para descrever a
actividade de tais fontes:

1 milicurie (mC) é 1/1000 de 1 Curie e


1 microcurie (μC) é 1/1000000 de 1 Curie

De notar que até aqui, ao se falar da actividade de uma fonte radioactiva


dizemos desintegrações dos átomos e não radiação resultante. Como se
afirmou antes, cada fonte radioactiva tem a sua própria forma de
desintegração.

Numa desintegração de uma fonte radioactiva, não significa


necessariamente que seja emitido um raio gama. Por exemplo, numa fonte
de Co 60 cada átomo desintegra-se pela emissão de uma partícula Beta
logo de seguida fazem-se ajustamentos de energia no átomo e são emitidos
dois raios gama. Cada um destes raios tem uma certa energia que é sempre
a mesma. No caso do Co 60, temos então que em cada desintegração
nascem dois raios Gama.

A actividade, em Curies, de uma grama de qualquer fonte, é conhecida


como a actividade específica da fonte. Por exemplo, se duas gramas de uma

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fonte de Co 60 têm uma actividade de 50 Ci, a actividade específica da
fonte é de 25 Ci / grama (25 Ci/g).

Na família dos isótopos utilizados geralmente na radiografia, a actividade


específica é importante porque é uma indicação do tamanho da pilha
radioactiva a ser solicitada para fornecer uma actividade suficiente para a
inspecção radiográfica.

Cada isótopo radioactivo tem uma forma própria de se desintegrar, não


apenas no que se refere à libertação de energia, como já se disse
anteriormente, mas também à sua duração. Alguns isótopos desintegram-se
rapidamente, enquanto que outros desintegram-se mais lentamente. Dos
primeiros, diz-se que têm uma actividade específica elevada, dos segundos
que têm uma actividade específica baixa.

A duração ou período de tempo no qual os isótopos desintegram metade


dos seus átomos é conhecida como meia vida. Cada radioisótopo tem a sua
própria meia-vida. As meias-vidas para os vários radioisótopos variam de
alguns micro segundos a muitos milhares de anos.

Por exemplo, a meia-vida do Césio 137 (Cs 137) é de 30 anos, significa


isto que ao fim de 30 anos ½ dos átomos de uma fonte de Césio 137
estariam desintegrados, deixando a outra metade intacta. Ao fim de 90
anos, a fonte teria 1/8 do original:

½ x ½ x ½ = 1/8

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Por outras palavras, se uma fonte de Túlio 170 (Tm 170) cuja meia-vida é
de 130 dias, tiver 50 Curies, a sua actividade ao fim de 130 dias será de 25
Ci. Agora aqui estão as meias-vidas de alguns de vários radioisótopos
usados na radiografia:

- Rádio 226 (Ra 226) 1620 anos


- Césio 137 (Cs 137) 30 anos
- Cobalto 60 (Co 60) 5,3 anos
- Túlio 170 (Tm 170) 130 dias
- Irídio 192 (Ir 182) 75 dias

2.3 Características dos raios x e dos raios gama

Existem geralmente duas espécies de radiação usadas na radiografia:


- Raios x
- Raios gama

A radiação gama como se sabe, é um dos produtos da desintegração


nuclear. Os raios x são produzidos artificialmente num tubo electrónico
com voltagens elevadas. Excepto quando a sua origem, fontes, raios gama e
raios x são exactamente da mesma natureza de radiação.

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- Ambos pertencem à radiação electromagnética

Os raios x e os raios gama, não são pedaços de matéria ou partículas como


o são a radiação alfa e beta. Não têm nem peso nem massa, são ondas de
energia, invisíveis, não têm cheiro, e não podem ser tocadas. Por outras
palavras, os nossos sentidos não detectam os raios x e os raios gama. Os
raios x e os raios gama fazem parte daquilo a que os cientistas chamam de
espectro electromagnético. A maior parte dos membros do espectro são-nos
familiares.

Aqui está o espectro electromagnético:

Diminui Comprimento de onda Aumenta


Raios x Raios Luz Raios Radar Ondas Ondas
e raios ultravioletas infra- curtas longas
gama vermelhos de rádio de rádio

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Cada ponto no espectro representa uma onda electromagnética de um
diferente comprimento de onda. Uma onda representa-se assim:

A distância entre os picos ou os cavados das ondas é o comprimento de


onda. Estas ondas variam muito em comprimento de uma lado ao outro do
espectro. Algumas ondas de rádio à direita têm um comprimento de vários
quilómetros, enquanto que os raios gama à esquerda são medidos em
Angstrons. Um Angstron é igual a 0,000 000 01 (10 biliões do centímetro).

Afirmámos anteriormente que os raios x e os raios gama não têm nem


massa nem peso, e agora acrescentámos que também não têm carga
eléctrica. Significa isto que não são influenciados por campos eléctricos e
portanto deslocam-se em linha recta. Uma outra característica dos raios x e
dos raios gama, compartilhada pelos outros membros do espectro
electromagnético, é o facto de se deslocarem à mesma velocidade (136 000
milhas por segundo), esta é a chamada velocidade da luz, que é na
realidade a velocidade de toda a radiação electromagnética.

Aqui estão dois raios x de diferentes comprimentos de onda:

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O número de ondas electromagnéticas que passam num dado ponto num
segundo, é chamado de frequência desse raio. Por vezes, dizemos ciclos
por segundo para definir frequência sendo o ciclo numa onda completa.

Fazendo uma comparação entre os comprimentos de onda, verificamos


que:

Comprimento de onda Frequência


Raio A 1 Unidade 8 C.P.S.
Raio B 2 Unidades 4 C.P.S.
Raio C 4 Unidades 2 C.P.S.

A frequência e o comprimento de onda das ondas electromagnéticas, são


inversamente proporcionais, o que significa que quando um aumenta, o
outro diminui.

Temos agora aqui representado parte do espectro magnético:

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De notar que à esquerda do espectro, os comprimentos de onda são mais
curtos e têm uma frequência maior, à direita são mais compridos e com
frequência menor.

Como se pode verificar os raios têm algo em comum, ou seja, a mesma


amplitude, ou altura.

Estas duas ondas têm diferentes comprimentos de onda e diferentes


frequências, mas têm a mesma amplitude, ou seja a mesma energia.

Mas neste caso:

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O raio de frequência elevada tem mais energia do que o raio de frequência
menor. Todas as ondas têm a mesma energia, mas num raio de frequência
maior existem mais ondas, portanto, mais energia.

Os raios x e gama de frequência elevada e de menor comprimento de onda


têm mais energia do que os raios de frequência menor e maior
comprimento de onda.

Falemos agora na medição de energia:


a energia dos raios x e raios gama são medidos em milhares de electrões-
volts (Kev), ou milhões de electrões-volts (Mev).

Um electrão-volt, é uma quantidade de energia igual à energia adquirida


por um electrão quando é acelerado por um volt. Por exemplo, se um
electrão for acelerado por um potencial de 100 mil volts (100 Kv) o
electrão terá uma energia de 100 mil electrões-volt (100 Kev). Se toda esta
energia for convertida em radiação electromagnética, o resultado seria de
um raio x de 100 Kev.

As energias dos raios x e dos raios gama, usados na radiografia, vão desde
um pequeno número de Kev e vários Mev dependendo sobretudo do tipo de
aparelho de raios x ou radioisótopo a ser utilizado.

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Qual o interesse que tem para o radiologista saber o que é a energia? É a
energia dos raios x ou raios gama que oferecem a capacidade de penetrar
objectos sólidos.

Os raios x e gama incluem uma larga faixa de energias, portanto têm uma
grande variação nas suas capacidades de penetração.

Por isso os “raios moles (baixa energia) não podem penetrar tão
profundamente como os raios duros (de energia elevada).

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De notar que nem todos os raios penetram com a mesma facilidade. Mas o
que interessa aqui focar, é que a média dos raios duros penetrará a uma
maior profundidade do que a média dos raios moles.

A energia é a chave de uma boa radiografia!

Uma penetração demasiado pequena ou demasiado grande de uma peça


resultará numa radiografia não satisfatória. Seria bom que um radiologista
tivesse à sua disposição uma grande variedade de fontes de radiação de
várias energias únicas. Poder-se-ia então escolher a energia mais adequada.
Tal radiação na qual todos os raios são do mesmo comprimento de onda, ou
energia, é chamada de monocromática. Infelizmente este tipo de radiação é
bastante raro.

Os raios x, que são produzidos em elevada kilovolt agem são uma mistura
heterogénea de um grande número de raios de várias energias. Os raios de
energia máxima n esta mistura são o resultado da voltagem aplicada ao
tubo de Rx e são identificados por esta voltagem.

Por exemplo, se fossem aplicados 50 Kv a um tubo de Rx, os raios


resultantes seriam uma mistura na qual os raios de energia mais elevada
serão os raios de 50 Kev. Mas existem grandes quantidades de raios x de
energias inferiores.

Os raios gama produzidos por um isótopo radioactivo não são uma mistura
de energias tão acentuada como nos raios x. De facto, em alguns casos são
mesmo monocromáticos.

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Por exemplo, o Co 60 emite sempre dois raios gama duros. Um deles tem
uma energia equivalente ao raio mais duro que seria produzido por 1,33
Mev, portanto um aparelho de 1330 Kv. O outro raio equivalente ao raio
mais duro que seria produzido por um aparelho de raio x de 1,17 Mev
(1170 Kv).

O Co 60 emite sempre raios gama de 1,17 e 1,33 Mev. O radiologista não


pode controlar esses raios. As suas energias são sempre as mesmas. O que
aconteceria se o tamanho de uma fonte de Co 60 de uma dada actividade
específica fosse duplicada?

Concerteza que a actividade da fonte duplicaria, mas a energia manter-se-ia


na mesma.

Recordemos que:

Actividade: é uma medida do número de desintegrações por segundo e


varia com o tamanho do isótopo. É medida em Curies!
Energia: é uma medida da capacidade de penetração dos raios individuais e
é independente do tamanho da fonte. Mede-se em Kev, ou em Mev.

27
2.4 Interacção com a matéria – absorção e dispersão

Neste ponto aprenderemos algo acerca do efeito de radiação x e gama na


matéria, e inversamente o efeito da matéria na radiação x e gama.

De todos os assuntos estudados até aqui, talvez este seja o mais importante.
Já foi dito que os raios x e gama penetram em toda a matéria e que a
profundidade de penetração depende fundamentalmente da energia dos
raios.

Consideremos um outro factor que determina a profundidade de


penetração:
- O material a ser penetrado. (Para facilitar o estudo, falaremos apenas em
raios x, mas as mesmas ideias servem para os raios game).

O ar á nossa volta é matéria. Os raios x penetram o ar a uma considerável


profundidade, como qualquer outro material, o ar absorve também os raios
x. Consideremos um metal leve o Alumínio. Os raios penetrarão
igualmente no Alumínio, mas a uma profundidade muito mais pequena que
no ar.

E no aço os raios x penetrarão a uma profundidade ainda mais pequena que


no alumínio. Por outras palavras, quanto mais densos ou mais pesados os
materiais, maior a resistência à penetração dos raios x.

Os átomos com um grande número Z têm mais electrões do que os átomos


com um pequeno numero

28
Mas o que acontece aos raios quando penetram nos materiais? Sabe-se que
alguns deles vão mais longe que outros, mas todos eles têm que parar em
algum lado. Os raios x ou fotões, são pequenas parcelas de energia
deslocando-se à velocidade da luz, e quando os fotões param, algo deve ter
acontecido.

A energia dos fotões não desaparece, tem de se transformar em algo. Esta é


uma das leis da natureza. A energia nunca se cria nem se destroi. Pode ser
convertida em variadíssimas formas mas a energia mantém-se.
Os raios x ao serem absorvidos pelos materiais, fazem-no por um processo
conhecido por “ionização”.

Os raios x criam “iões" nos materiais ao atravessá-los e a sua energia é


absorvida durante o processo.
Fundamentalmente, um ião é um átomo ou grupo de átomos ou partículas
atómicas carregadas que com sinal positivo quer com sinal negativo.
Se removêssemos um electrão a um átomo estável esse átomo incompleto
seria um "ião" positivo.

29
Ao remover-se um electrão do átomo, este torna-se electricamente
incompleto. Existem mais protões (cargas positivas) no núcleo do que
electrões (cargas negativas) para equilibrá-lo. O átomo tem mais uma carga
positiva, portanto é um ião positivo.
De forma inversa, o electrão que foi removido é um ião negativo e este não
se combina com outro átomo.

Um átomo mantém-se unido através de energia. Isto significa que cada


electrão mantém-se em orbita por uma certa quantidade de energia de
ligação. E para se desalojar um electrão do seu átomo é necessário uma
energia que no mínimo é igual á energia de ligação.

Um raio x ao "colidir" com um electrão no material penetrado, transfere


alguma ou toda a energia para o electrão e este é expulso do átomo.
Diz-se "colidir" porque esta é uma das causas de que falámos
anteriormente, na qual os raios x actuam como partículas. Dever-se-ia dizer
que um fotão colide com um electrão.

30
Os fotões são absorvidos por substâncias e penetram-nas através do
processo de expulsar os electrões dos átomos. Isto é, a ionização ou a
criação de iões pares.
Um ião par consiste em dois iões, um negativo e outro positivo, que são o
resultado de uma acção ionizante.
Existem outras formas além da ionização, na qual os fotões são absorvidos,
mas envolvem energias dos fotões fora dos limites que o radiologista
conhece.
A ionização dos átomos por raios x toma lugar de duas maneiras diferentes
-EFEITO FOTOELÉCTRICO E EFEITO COMPTON.

Iremos estudar em primeiro lugar o EFEITO FOTOELÉCTRICO.


Este efeito ocorre fundamentalmente com fotões de raios de baixa energia
da ordem dos 10 Kev a 500 Kev.
Envolve a absorção total do fotão durante o processo em que o electrão é
expulso da sua órbita.

Observemos um exemplo do efeito fotoeléctrico. Um fotão de 100 Kev


aproxima-se de um átomo colide com um electrão que tem uma força de
ligação de 50 Kev.

31
O electrão é ejectado do átomo e torna-se um ião negativo. 0 átomo do qual
o electrão foi removido é agora um ião positivo. Os dois iões são um ião
par. 0 fotão desaparece e é completamente absorvido.
Mas o que acontece ao resto da energia do fotão? Os restantes 50 Kev?
0 excesso de energia é dado ao electrão ejectado na forma de energia
cinética ou velocidade. No nosso exemplo, o electrão ejectado terá uma
energia cinética de 50 Kev o que significa que se deslocará a uma grande
velocidade.
Toda a energia do fotão foi gasta e deixa de existir.
Aqui está mais um exemplo do efeito fotoeléctrico.

De novo toda a energia do fotão foi usada na produção de um ião par. Nem
todos os electrões têm a mesma energia de ligação. Ela depende do
elemento (número Z) e da posição do electrão no átomo. quanto mais perto
estiver o electrão do núcleo, maior será a energia de ligação, portanto maior
a energia que será requerida para os separar.

Consideremos agora o EFEITO COMPTON (ou dispersão como é


algumas vezes chamado).

32
O Efeito Compton é um prolongamento do Efeito Fotoeléctrico, sendo a
diferença o facto de as energias iniciais dos fotões serem geralmente mais
elevadas. Se utilizarmos energias de fotões mais elevadas, nem toda a
energia é utilizada na remoção e aceleração de um electrão.
O FEITO COMPTON é comum quando os fotões trazem energias de 50
Kev a vários MEV. De notar que esta gama de energia~sobrepõe a gama de
energia do Efeito Fotoeléctrico. Em fotões de baixa energia, o efeito
fotoeléctrico é dominante, mas torna-se mais raro quando a energia do
fotão aumenta. O Efeito Compton vai-se formando nos níveis de baixa
energia e torna-se dominante a partir dos 100-150 kev.

33
No Efeito Compton, repetimos, nem toda a energia é absorvida pelo
electrão. Quando o electrão se ejecta, existe ainda alguma energia, energia

não utilizada.

Este excesso de energia toma a forma de um novo fotão que tem um


comprimento de onda maior do que o original e desloca-se num novo
trajecto.
~

Porque é que o novo fotão tem um comprimento de onda maior que o


original? Como tem menos energia, terá que ter um comprimento de onda
maior, o novo fotão disperso.

34
No exemplo anterior, o fotão penetrante tem uma energia de 450 Kev. Este
remove um electrão que tem uma energia de ligação de 12 Kev e dá lugar a
um ião negativo de 80 Kev. 0 fotão disperso toma um novo trajecto
diferente do fotão original e tem uma energia igual a :450 Kev-12 Kev-80
Kev=358 Kev.

Uma parte da energia do fotão original foi absorvida pelo material


penetrado através do processo da ionização.
0 fotão disperso de energia reduzida interactuará com a matéria e será
absorvido exactamente da mesma maneira de igual modo que actua um
fotão original de um feixe de raios x. De facto, o fotão disperso poderá
deslocar-se através de vários Efeitos Compton antes da energia ser
completamente absorvida.

35
-
De notar que a colisão entre o fotão e o electrão não é "um jogo de
bilhar". O ângulo (mudança de direcção) no qual se deslocam os novos
fotões está muito bem definido.
Assim, a partir do diagrama podemos verificar que quanto maior for a
energia do fotão, mais pequena será a mudança de direcção do novo
fotão.
Os fotões de energia elevada, após a colisão do Efeito Compton, tomam
um trajecto que não difere muito do trajecto original, mas nunca é
igual. Por outras palavras, os fotões de energia muito elevada não se
dispersam muito.

Os fotões de baixa energia após a colisão do Efeito Compton tomarão um


trajecto bastante diferente do original, ou seja, são muito mais dispersos.
Eis um exemplo de vários fotões quando penetram numa substância e são
absorvidos numa série de interacções de Efeito Compton e numa acção
final do Efeito Fotoeléctrico.

36
Que nome se poderia dar aos fotões que resultam do Efeito Compton?
Poderíamos chamar-lhes "radiação secundária" ou dispersa Compton.
Dispersão Compton é um nome mais preciso para este tipo particular de
radiação electromagnética, já que radiação secundária inclui outros tipos de
radiação que resultam de uma acção de feixe original, isto é, os electrões
que são ejectados durante o efeito fotoeléctrico ou Efeito Compton.

Existe ainda um outro termo muito usado -RADIAÇÃO DISPERSA- Este


termo tem um significado muito amplo, para o radiologista é qualquer
radiação indesejável indiferentemente do tipo de fonte.
Aqui está um ciclo possível de fotões de dispersão Compton que tiveram
como origem um fotão de energia elevada.
(Ver figura da página seguinte)
Uma conclusão que se pode tirar deste exemplo é o facto de a energia do
fotão ser mais facilmente absorvida nos materiais mais pesados (mais
densos).
Cada fotão de raio X que é absorvido resulta no mínimo, em mais um fotão
provavelmente muitos mais electrões são expulsos dos átomos. A energia
cinética, (energia do movimento) de cada um destes electrões pode também
ser absorvida de alguma maneira.

37
As energias dos electrões podem ser absorvidas de várias formas. Uma das
mais comuns é a criação de mais iões pares. Um electrão de velocidade
elevada colide com um electrão num outro átomo e expulsa-o da sua
órbitra. A energia do primeiro electrão está agora reduzida, compartilhou-a
com o segundo electrão. Um ou ambos os electrões podem repetir o
processo até que muito pouca energia se mantenha em qualquer dos
electrões.
Estes electrões de baixa energia (iões negativos) reagirão eventualmente
com átomos, pelo que este fenómeno é conhecido como "sub-ionização".

Por outras palavras, os átomos não são ionizados. Aos electrões orbitais é
acrescentada um pouco mais de energia, que eventualmente emitirão uma
forma de radiação electromagnética de baixa energia, a que poderíamos
chamar de raios ultravioletas, luz e calor. Basta consultar o espectro
electromagnético, onde se verifica que quando o comprimento de onda
aumenta (a energia diminui) deixamo-nos de situar na banda dos raios x e
gama para nos deslocarmos para a luz ultravioleta, luz, etc.

38
Os efeitos do calor e luz durante a absorção não são absorvidos pelo
radiologista, a não ser com um equipamento laboratorial bastante sensível.
Uma segunda forma na qual a energia do electrão é absorvida, é um
processo conhecido como "BREMSSTRAHLUNG”. É uma palavra alemã
que significa "raios de prazer”. O BREMSSTRAHLUNG é um fenómeno
muito importante na radiografia. Ocorre quando os raios são gerados num
tubo de raios x.
Mas o que acontece neste fenómeno? O electrão a uma velocidade elevada
vai afrouxando ou pára mesmo na presença de um campo de força positiva
de um núcleo atómico. O electrão de 400 Kev, desloca-se rapidamente,
aproximando-se do núcleo, aqui interactua com o campo de força do núcleo
e reduz a sua velocidade, portanto com menos energia, no caso
exemplificado ele perde metade da sua energia e torna-se num electrão de
200 Kev.

A energia absorvida no campo de força nuclear é agora um excesso que o


átomo irradia imediatamente como um raio x de energia equivalente.

39
Se o electrão parasse completamente, o que pode ocorrer com núcleos
bastante densos, o raio x irradiado teria uma energia igual ao total de
energia cinética do electrão.

Como resultado do BREMSSTRAHLUNG, temos um outro raio x.


Agora a grande diferença é o facto que a energia do raio x original ficou
repartido em várias radiações secundárias de energias mais baixas.
Os novos raios x e o electrão reagirão de novo de forma idêntica, para
produzirem mais electrões de mais raios x de energias mais baixas até que
finalmente teremos apenas uma radiação electromagnética de longo
comprimento de onda (baixa energia) e uma excitação molecular (calor)
que excede ou caí fora do raio x.
Toda esta matéria é um pouco complicada, contudo, a menos que não seja
controlada, a radiação secundária pode tornar quase impossível a obtenção
de uma radiografia satisfatória.
No volume 4 serão discutidos os métodos de controlo e a consequência do
não controlo da radiação dispersa.
Mas agora, vamos considerar um outro aspecto do processo dos raios x.
(Camada de meio valor).

40
Recordemos para já que:
1º Os fotões de energia elevada têm maior poder de penetração que os
fotões de baixa energia. Todos os fotões, ainda que da mesma energia, não
penetrarão um dado material à mesma profundidade.

2º A penetração depende também da densidade (peso) do material a ser


penetrado. Quanto maior o número Z (mais denso) menor a penetração.
Posto isto, a absorção da energia de um feixe primário de raios x ou raios
gama, começa logo que o feixe entra num material.

Este processo de absorção é progressivo e quando o feixe penetra cada vez


mais profundo, energia adicional é absorvida através dos efeitos
Fotoeléctrico e Compton.

Algures abaixo da superfície, existe um nível no qual a intensidade


(número de raios) da radiação é metade da intensidade à superfície.

41
Esta profundidade é a CAMADA DE MEIO VALOR (C.M.V.) para aquele
feixe naquele material.
Se usássemos um feixe composto de fotões de energia mais elevada no
mesmo material, a C.M.V. localizar-se-ia a uma profundidade maior,
devido ao aumento do poder de penetração.
Aqui está um exemplo: (material=Alumínio)

As camadas de meio valor, mostradas na página anterior para Ir192 e Co 60


no alumínio, são sempre as mesmas. Nunca variam porque a energia dos
fotões do Ir 192 e do Co 60 nunca variam.

Tenha em mente, o facto de não ter importância que a intensidade (número


de raios) do feixe original seja diferente, metade dos raios serão sempre
absorvidos à mesma profundidade se a energia dos raios e os materiais
forem os mesmos.
Se mudássemos de material, por exemplo de alumínio para chumbo, a
camada de meio valor ficaria localizada a uma profundidade inferior.

42
A camada de meio valor para o Ir 192 no chumbo é 0,2", o que é
consideravelmente inferior à do alumínio que é de 1,9". A C.M.V. para o
Co 60 no chumbo é de 0,5" e para o alumínio é de 2,9".
Agora outra questão: Qual será a fracção da intensidade da radiação
original
a uma profundidade de duas camadas de meio valor?
-Concerteza que será de 1/4. (1/2xl/2=1/4).

Este conceito é idêntico ao da meia vida dos isótopos radioactivos.


A C.M.V. é uma matéria muito importante a ter em consideração nas
questões sobre segurança.

2.5 RADIAÇÃO DE NEUTROES, ALFA E BETA


Até aqui o nosso estudo tem-se baseado na radiação na forma de ondas
electromagnéticas -raios x ou gama. Neste capítulo abordaremos agora a
"Radiação Particularizada", radiação composta por partículas focando a sua
origem e algumas das suas características. Observaremos igualmente a
causa dessas características.
Este tipo de radiação não oferece grande perigo ao radiologista.
A radiação particularizada não tem qualquer utilidade na radiografia.
Contudo, devemos ter um conhecimento do assunto, dado a maior parte das
fontes de radiação gama serem também fontes de radiação particularizada.
Os tipos de radiação particularizada que possam ter interesse para o
radiologista são a radiação de neutrões, de alfa e de beta. Estas partículas já
foram estudadas no capítulo 2, mas iremos agora estudá-las um pouco mais
profundamente.
A radiação particularizada difere da radiação electromagnética em alguns
pontos.

43
Aqui está uma breve comparação:

Por outro lado, a radiação electromagnética e a particularizada são idênticas


no que se refere:

Aqui está uma partícula alfa. Como já se disse, é um dos produtos da


desintegração radioactiva nalguns isótopos radioactivos.

Uma partícula alfa contém 2 neutrões e 2 protões e coincide com um átomo


de hélio sem os seus electrões.
Esta é uma partícula relativamente pesada. O seu peso é 7000 vezes maior
que uma partícula beta ou um electrão.
Tem também uma carga eléctrica positiva de 2, indicada pelo número de
protões (2).
Dado o seu peso, carga e ligeira velocidade, tem um efeito considerável nos
materiais que penetra. Atinge e passa pelos electrões dos átomos.

44
A capacidade de ionização da radiação alfa é bastante elevada.
A partícula alfa sendo relativamente pesada e tendo uma carga duplamente
positiva, exerce uma forte atracção nos electrões (que são negativos e
muito leves).
A partícula alfa, não tem necessidade de atingir um electrão directamente,
para desalojar o átomo.

Na realidade, a partícula alfa ao passar nas proximidades do electrão, é


suficiente para que o electrão abandone o átomo.

E, quando um electrão é removido de um átomo em equilíbrio, forma-se


um ião par -1, ião negativo e 1, ião positivo.

Concerteza que esta partícula gasta energia para remover um electrão do


seu átomo. De cada vez que um electrão é desalojado, a partícula alfa perde
alguma da sua energia cinética ou velocidade.

45
Considerando então o facto de as partículas alfa criarem grandes
quantidades de iões quando penetram na matéria, elas reagem tão fácil
mente que gastam toda a sua energia rapidamente e param numa distância
relativamente curta.
De facto, a partícula alfa desloca-se numa distância muito curta, mesmo no
ar, por isso não são um perigo real para o radiologista. Uma simples folha
de papel absorvê-la-á totalmente.

Falemos agora sobre as fontes de partículas alfa.


O equipamento de raios x não gera radiação alfa. Também os isótopos
radioactivos mais utilizados na radiografia tal como o Ir-192 e o Co-60, o
Ce-137 e o Tm 170 não emitem partículas alfa nos seus processos de
desintegração. Apenas o Ra-226 emite radiação alfa.

Mas, sempre que se utiliza o rádio 226 temos de ter em conta que a pilha
radioactiva está dentro de uma cápsula de metal, o que significa que todas
as partículas alfa serão absorvidas antes de atravessarem a cápsula.

As partículas beta são também um produto da desintegração radioactiva de


alguns isótopos radioactivos.

46
Aqui está uma representação de uma partícula beta:

Parece familiar não? Certo, realmente é um electrão de velocidade


elevadíssima mas, quando resulta de uma desintegração radioactiva,
chama-se uma partícula Beta.

Se bem recorda, um electrão é muito leve, em comparação com um protão


ou um neutrão, ou com uma partícula alfa e transporta uma carga negativa
de -1.

A partícula beta desloca-se a uma velocidade muito mais elevada do que


Uma partícula alfa da mesma energia, devido ao seu reduzido peso.

Com tudo o que se acabou de dizer pode-se concluir que as partículas beta
não ionizam os materiais tão facilmente como as partículas alfa.

As partículas beta ionizam os materiais à passagem muito próxima ou por


colisão directa com os electrões nos átomos, as partículas alfa ionizam só à
passagem na proximidade dos electrões atómicos.

Numa primeira conclusão poderíamos dizer que as partículas beta têm


menos interesse que as partículas alfa, para o radiologista. Contudo observe
os seguintes factos:

47
Devido ao seu reduzidíssimo peso, as partículas beta são muito mais
rápidas do que as partículas alfa.

As partículas beta não perdem a sua energia tão facilmente na ionização da


matéria.

Então considerando estes factos, pode-se dizer que as partículas beta são
muito mais penetrantes que as partículas alfa, logo este tipo de partículas
interessa ao radiologista.

As partículas alfa, se pudessem atravessar a cápsula que encerra o rádio,


seriam obstruídas por uma polegada de ar, ou por uma camada de pele do
nosso corpo ou por uma fina camada de outro qualquer material.

A ionização dentro destas distâncias tão curtas seria bastante densa, mas
estaria confinada com tal espaço limitado que não seria prejudicial à saúde
ou à qualidade da radiografia.

As partículas beta, por outro lado, não ionizam a matéria tão facilmente,
mas, penetram muito mais. Isto faz com que estas partículas sejam um
problema devido à sua influência que é sentida a uma profundidade maior.

Eis aqui uma outra razão que faz com que as partículas beta tenham
interesse para o radiologista:

48
Recorda-se deste diagrama?
Este é o fenómeno BREMSTRAHLUNG, a criação de um raio X devido ao
efeito de desaceleração ou paragem de um núcleo atómico num electrão de
energia elevada (velocidade grande).

Mas o que é que este fenómeno tem a ver com as partículas beta?

Dado que as partículas beta (electrão de velocidade elevada) podem gerar


raios X através da passagem na matéria, isto significa que o radiologista
está perante uma outra fonte de radiação dispersa ou secundária.

Na prática, contudo, o problema não é tão grande como aparenta, porque


apenas uma pequena percentagem de partículas beta entram na reacção
BREMSSTRAHLUNG.

Quanto às fontes de partículas beta, pode-se dizer que todos os isótopos


radioactivos usados na indústria emitem partículas beta juntamente com a
radiação gama.

A excepção é o Tm l70, no qual as partículas beta reagem com os átomos


na própria fonte, antes das partículas abandonarem a pilha. Por outras
palavras, a pilha actua tanto como fonte, como alvo de partículas beta.

49
Existe ainda um outro tipo de radiação particularizada que deve ser
mencionada antes de acabarmos o capítulo. É a radiação de neutrões.

Nenhuma das fontes de raios X ou raios gama utilizados na radiografia


emite radiação de neutrões. No entanto, devido à forma peculiar das
qualidades de penetração dos neutrões, tornam-na bastante útil.

Este tipo de radiação penetra facilmente os elementos muito densos e são


absorvidos rapidamente por alguns dos elementos mais leves,
particularmente o Hidrogénio.

Esta característica é precisamente contrária nos raios X e gama, e forma a


radiação de neutrões imprescindível em algumas aplicações onde a
radiografia por raios X e gama falham.

É inevitável que num futuro já bastante próximo, a radiografia por neutrões


venha substituir a radiografia por raios X e gama.

50
SELF-TESTE -l
1º-Diga quais são as três partículas básicas que constituem um átomo e
mencione a sua carga eléctrica (positiva, negativa, neutra).
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
______________________________
2º-O número atómico (Z) baseia-se no número de_________ no átomo.

3º-Um elemento identifica-se pelo número de___________ no núcleo dos


seus átomos.

4º-O número de massa (A) baseia-se na combinação dos números


de________________e de __________________no núcleo de um átomo.

5º-O neutrão pode-se considerar uma combinação de um e de


um_________________e de um________________.

6º-Os elementos pesados têm um número z ___________________

7º-0s isótopos do mesmo elemento, variam no número de____________nos


seus núcleos.

51
8º-0s isótopos do mesmo elemento têm o mesmo número
de_______________ nos seus núcleos.

9º-Um isótopo estável pode tornar-se radioactivo expondo-o a uma grande


concentração de ___________(neutrões, protões, partículas alfa) num
reactor nuclear.

10º-Quase todas as fontes de raios gama utilizada na radiografia são


activadas artificialmente. Chamam-se:
a)Partículas c) isótopos
b) Rádios d) aparelhos de raios X

11º-Quais dos seguintes isótopos são geralmente usados na radiografia


Industrial? (escolha dois)

a) Irídio 192· c) Coba1to 60


b) Ósmio 188 d) Rubídio 87

12º-0 Processo inerente a um isótopo radioactivo:


a) Aquecimento c) sexo
b) Desintegração d) Curie

13º-Um isótopo radioactivo pode emitir dois tipos de radiação:


Partículas________________ ou ______________, ou raios ___________.

14º-Uma partícula alfa é uma partícula relativamente ___________(leve,


pesada)

15º-Uma partícula beta é um ______________de velocidade elevada.

52
16º-Qual dos seguintes tipos de radiação é geralmente utilizado no controle
radiográfico?

a)Partículas alfa c)Raios gama


b)Neutrões· d)Raios beta

l7º- O Curie é uma medida do número de_________ por segundo de uma


fonte radioactiva
.
l8º- A actividade de uma dada fonte radioactiva é medida em_________
19º-Um Curie de material radioactivo desintegrar-se-á à média de:

a)37 Milhões (3,7xlO7) desintegrações por segundo.


b)37 Biliões (3,7xlO1O) desintegrações por segundo.
c)37 Zilhões (3,7xlOZ) desintegrações por segundo.

20º-O "Curie" é uma medição do__________ (actividade, tamanho,


actividade específica).

21º-Uma variação no tamanho físico de uma fonte radioactiva não variará a


________ (actividade específica, actividade), mas variará a_________
(actividade específica, actividade).

22º-A actividade específica dos isótopos radioactivos é medida em:

a)Mev (milhões de electrões volts)


b)C/gr (Curies por grama)
c)R/hr (Roentgens por hora)
d)C/min (contagem por minuto)

53
23º-Quando a frequência de um raio X ou gama aumenta, a energia
__________(aumenta, diminui), e quando o comprimento de onda
aumenta, a energia______________ (aumenta, diminui).

24º-Uma maior penetração pode ser obtida a partir de radiação x ou gama


de energia__________ (elevada, reduzida).

25º-Quando o tamanho de uma fonte radioactiva aumenta, a actividade ou


número de curies aumentará, e a energia dos raios gama____________ .
(aumentará, diminuirá, manter-se-á a mesma).

26º-A energia da radiação é expressa normalmente em termos


de______________(Kev ou Mev, Curies por grama, Roentgens por hora).

27º-A quantidade de radiação X ou gama é mencionada muitas vezes


como___________da radiação.

a)Comprimento de onda
b)Energia
c)Intensidade
d)Frequência

28º-Quando o número de curies, ou actividade, de uma fonte radioactiva


aumenta a ______________da radiação gama também aumenta.

29º-O tempo necessário para que 50% dos números de átomos original de
uma fonte radioactiva, se desintegre, é chamado de_________________.

54
30º-A meia-vida do Co 60 é de 5,3 anos. Que tempo leva uma fonte de 10
Ci de Co 60 a desintegrar-se até que fique com 2,5 Ci?

31º-A radiação gama de uma fonte Co 60 tem uma energia média de 1,2
Mev
Que energia de radiação terá ao fim da sua meia vida (5,3 anos)?

32º-Uma fonte de Ir 192 tem hoje uma actividade de 20 curies. Qual será a
sua actividade ao fim de 5 meses? (a meia-vida do Ir 192 =74 dias)

33º-Qual é a diferença básica entre os raios X e os raios gama da mesma


energia?
a)Comprimento de onda
b)Frequência
c)Velocidade
d)Origem

34º-A velocidade na qual os raios X e gama se deslocam é:


a)A velocidade da luz
b)A velocidade do som
c)Varia com o comprimento de onda.

35º-Mencione ou sublinhe as afirmações que se aplicam tanto à radiação X


como à radiação gama:

É uma partícula____ Tem massa____


Ioniza a matéria____ Velocidade da luz___
É prejudicial às pessoas____ Frequência elevada___
Electromagnética ____ Longo comprimento de onda___

55
Tem cheiro_____ É visível____

36º-Um feixe de radiação que consiste de um único comprimento de onda é


conhecido como:

a)Radiação microscópica
b)Radiação monocromática
c)Radiação heterogénea
d)Radiação fluoroscópica

37º-Os raios gama do mesmo isótopo, têm sempre a mesma energia._____.


(verdadeiro, falso)

38º-Todos os raios gama têm a mesma energia.__________

39º-A radiação X é monocromática. __________

40º-Os raios X têm um comprimento de onda mais curto do que as ondas


de rádio. _________

41º-Os raios X de curto comprimento de onda são descritos normalmente


como_________ (duros, moles), enquanto que os raios X de longo
comprimento de onda são descritos como________ duros, moles).

42º-Os raios X moles têm________ (mais, menos) energia do que os raios


X duros.

43º-0 que é que determina a capacidade de penetração de um feixe de raios


X?

56
a)Kilovoltagem
b)Tempo
c)Actividade
d)Miliamperagem

44º-Quanto mais curto for o comprimento de onda dos raios X e


Gama__________ _(escolha duas).

a)Mais elevada será a sua energia


b)Mais rápido se deslocam
c)Maior será o poder de penetração
d)Mais próximo estarão das ondas de rádio.

45º-Muitas vezes, é mais conveniente pensar a radiação X ou gama como


pedaços
de energia ou______________ .

46º-A formação de partículas carregadas, umas positivas outras negativas,


pela passagem de radiação através da matéria é chamada
de_________________________

47º-Durante o processo de absorção, as duas mais importantes interacções


ionizantes entre a radiação X ou Gama e a matéria são o
efeito_______________ e o efeito______________

48º-Quando um fotão expulsa um electrão de um átomo, as duas partes,


uma negativa (electrão) e uma positiva (o átomo menos electrão) são
chamados de_____________ par.

57
49º-0S elementos__________ (pesados, leves) são mais absorventes da
radiação.
Este é o motivo pelo qual se utiliza o ___________como material de
protecção.

50º-O "Efeito fotoeléctrico" refere-se à__________________ .

a)Uma câmara eléctrica


b)Absorção completa de um fotão
c)Espectro electromagnético

5lº-A radiação dispersa tem_________ (mais, menos) energia do que a


radiação original.

52º-0S raios X que mudem de trajecto como consequência do efeito de


compton são referidos frequentemente como dispersão__________.

53º-0 "Efeito de Compton" é o mecanismo onde uma parte da radiação X é


absorvida e outra parte é___________.

54º-0s raios X ou gama de energia_________ (elevada, reduzida), não são


absorvidos tão facilmente como os raios de energia________elevada) ou
(reduzida).

55º-A espessura do material absorvente que reduza a intensidade de um


feixe de raios X ou gama a metade do seu valor original: conhecido como a
________________do material.

58
56º-As fontes radioactivas emitem muitas vezes partículas_________ou
juntamente com os raios gama.

57º-Serão as partículas alfa e beta tão penetrantes como os raios gama?


___________(sim, não)
58º-Qual é a carga eléctrica de uma partícula alfa? ______. E de uma
partícula beta? _________
59º-Os raios beta e alfa ionizam a matéria? _________(sim, não).

Fim do self-teste

59
RESPOSTAS AO SELF-TESTE

l- Protão (+), +1 Neutrão (0),neutral e Electrão(-),-l


2-Protões
3-Protões
4-Neutrões,protões
5-Protão,Electrão
6-Elevado
7-Neutrões
8-Protões
9-Neutrões
lO-c)Isótopos
ll-a)Irídio 192
c)Cobalto 60
l2-b)Desintegração
l3- Alfa ou beta, Gama
14-Pesada
l5- Electrão
l6-c) Raios gama
17- Desintegrações
l8- Curies
19-b) 37 biliões de desintegrações por segundo
20- Actividade
2l- Actividade específica

60
22-b) C/gr
23-Aumenta, diminui 24-
E1evada
25-Manter-se-á a mesma
26-Kev ou Mev
27-c Intensidade
28-Intensidade
29-Meia-vida
30-10,6 Anos
31-1,2 Mev (a energia é sempre a mesma)
32- 5 Curies
33-d) Origem
34-a) A velocidade da luz
35-Ioniza a matéria; é prejudicial às pessoas;
Electromagnética; Velocidade da luz
Frequência elevada;
36-b) Radiação monocromática
37-Verdadeiro
38-Falso
39-Falso
40-Verdadeiro
4l-Duros,Moles
42-Menos
43-a) Kilovoltagem
44-a) mais elevada será a sua energia
c)Maior será o poder de penetração
45-Fotões
46-Ionização 47-
Fotoeléctrico,Compton

61
48-Ião
49-Pesados,Chumbo
50-b) Absorção completa de um protão
5l-Menos
52-Compton
53-Dispersa
54-Elevada,reduzida
55-Camada de meio valor
56-Alfa e Beta·
57-Não
58-Partícula alfa+2/Partícula beta = l
59-Sim

62
3. CONCEITOS BÁSICOS

3.1 INTRODUÇÃO
Em fins de 1895, Roentgen descobre os raios x. Esta radiação, invisível e
penetrante, assume imediatamente uma grande importância na medicina,
pois ela torna-se possível obter imagens do interior do corpo humano. O
seu emprego na indústria inicia-se, somente, por volta de 1920 na
inspecção de materiais.

Pouco depois da descoberta de Roentgen, Becquerel realiza varias


experiências no convencimento (errado) que a fosforescência de certos
corpos era susceptível de produzir raios x.

As suas experiências, prosseguidas depois pelo casal Curie, levam à


descoberta de uma radiação espontânea emitida por determinados
elementos. Esta radiação pode ser de diversos tipos, mas a que interessa em
radiologia industrial é a do tipo γ (gama), cujas propriedades são análogas à
radiação x. A sua utilização está condicionada até cerca de 1950, altura em
que a industria nuclear começa a produzir subprodutos radioactivos a
preços acessíveis. Os mais utilizados são: Césio 137; Túlio 170; Cobalto
60; Irídio 192, principalmente estes dois últimos.

A utilização da radiação x ou gama deve ser objecto de cuidados especiais


pois podem causar danos aos seres vivos e os radiologistas, mais do que
ninguém, devem conhecer e aplicar com rigor, as normas de segurança
estabelecidas.

3.1.1 Princípio Fundamental (absorção diferencial)


A radiografia é um método de inspecção de peças por “transparência”,
baseada na absorção desigual das radiações ionizantes. As radiações, ao
atravessarem uma dada espessura de material, sofrem uma maior absorção
que ao atravessarem uma espessura menor do mesmo material. Logo, a
intensidade da radiação emergente varia em função da espessura
atravessada.

O registo destas variações de intensidade, feito habitualmente em filme,


fornece um meio de inspecção interna da matéria e das suas
descontinuidades.

63
A imagem latente produzida no filme fornece, após processamento, um
cliché (imagem negativo), onde as espessuras menores e as de material
menos denso dão zonas mais escuras no filme.

3.1.2 Princípios genéricos de formação de imagem


A formação de imagem radiográfica segue as mesmas leis geométricas que
regem a formação das sombras pela luz visível, dependendo a definição
(nitidez) da imagem projectada no filme, das dimensões da fonte de
radiação e das distancias existentes entre o objecto, a fonte de radiação e o
filme.

64
3.1.2.1 Ampliação

Considere-se uma fonte pontual e que o filme não se encontra em contacto


com o objecto. Neste caso, a imagem é ampliada, sendo a ampliação dada
pela seguinte fórmula:

Onde: Df – Distancia fonte/filme


Do – Distancia fonte/objecto
df – Dimensão da imagem
do – Dimensão do objecto

Daqui se pode deduzir que a dimensão da imagem será maior que a


dimensão do objecto, a não ser que este, considerado de espessura
desprezável, se encontre em contacto com o filme (Df=Do), ou que a fonte
se encontre no infinito, caso em que o feixe de radiação será constituído
por raios paralelos; nestes dois casos não haverá ampliação.

3.1.2.2 Definição da imagem – Penumbra e seus limites

Como se mostra na figura, a penumbra é devida ao facto de a fonte não ser


pontual, o que implica uma perda de definição da imagem. Esta definição
será tanto melhor quanto mais pequenas forem as dimensões da fonte.

Para se obter uma zona mínima de penumbra, são necessárias as seguintes


condições:
- Dimensões mínimas da fonte
- Distancia fonte/objecto máxima
- Distancia objecto/filme mínima

65
3.1.2.3 Distorção da imagem

Duas causas possíveis de distorção da imagem estão representadas na


figura. No primeiro caso, o plano do objecto não é paralelo ao plano do
filme e no segundo caso, o feixe de radiação não é perpendicular ao plano
do objecto.

3.1.2.4 Penumbra

A penumbra (motivada por factores geométricos) é dada pela seguinte


formula:

Onde: Ug – Penumbra
d – Dimensão da fonte
a – Distancia defeito/filme
Df – Distancia fonte/filme

66
O valor de Ug será máximo quando o defeito se encontra à distância
máxima do filme (a=e):

Pela formula verifica-se que, quanto maior for Df, menor será Ug.
Contudo, para se evitarem tempos de exposição muito longos, não se deve
afastar demasiado a fonte. Com efeito, o tempo de exposição aumenta com
o quadrado da distância, como se verá em 1.2.5.

Para determinar o valor de Ug utiliza-se, na prática, o ábaco da figura:

67
Veja-se o seguinte exemplo:

Df = 1000 mm
d= 5 mm
e= 38 mm

Traçando se uma recta (a tracejado na figura) unindo d = 5mm (dimensão


da fonte) e e = 38mm (espessura do objecto), ela intersectará o eixo no
ponto P. Em seguida traça-se uma recta (a cheio na figura) unindo o ponto
P com Df = 1000mm (distancia fonte/filme) que se prolonga até intersectar
a escala Ug, o que dá, neste caso, uma penumbra igual a 0,19mm.
De um modo geral, Ug deve ser inferior a 0,2 e 0,4mm, respectivamente
para os raios x e raios gama.

3.1.2.5 Lei do quadrado das distâncias


A intensidade da radiação por unidade de superfície de filme é
inversamente proporcional ao quadrado da distância fonte/filme.

Com efeito, tal como mostra a figura, a uma distancia de 2Df do foco, o
feixe de radiação ocupa uma superfície (a) quatro vezes maior que a
distancia Df (b), donde se infere que a intensidade por unidade de
superfície em (b) será ¼ da de (a).
Então, se a intensidade por unidade de superfície for igual a I1 à distancia
Df, e igual a I2 à distancia 2Df, verifica-se que:

68
4. FONTES RADIAÇÃO IONIZANTE

Os raios x e gama são ondas electromagnéticas da mesma natureza que as


ondas hertzianas, a luz visível e os raios ultravioletas, unicamente o
comprimento de onda são mais pequeno e a energia mais elevada.
A diferença entre os raios x e gama reside no espectro e modo como são
produzidos.

4.1. Raios X

Os raios x podem ser produzidos quando electrões fortemente acelerados


chocam com a matéria. Há a considerar dois casos:
1 – Os electrões interagem com os electrões dos átomos
2 – Os electrões interagem com os núcleos dos átomos
No segundo caso, a radiação tem um espectro contínuo, enquanto que no
primeiro tem um comprimento de onda característico do átomo.

Para se produzirem raios x é necessário:

Uma fonte de electrões

Um dispositivo para acelerar os electrões

Um alvo que receba o impacto dos electrões

As condições a) e c) são satisfeitas pelo tubo de raios x, enquanto que b) o


é pela fonte de alta tensão aplicada entre o ânodo e o cátodo.

69
O tubo é constituído essencialmente por uma ampola de vidro, na qual se
fez um vazio da ordem de a mm Hg, e em cujo interior se
encontra um filamento (cátodo) e o ânodo contendo o alvo (anti-cátodo).

Fazendo passar uma corrente eléctrica no filamento do cátodo, a


temperatura deste eleva-se e emite electrões (efeito termo iónico). A
quantidade de electrões emitidos depende da temperatura a que se encontra
o filamento, temperatura que pode ser regulada variando a intensidade da
corrente de alimentação do filamento.

O feixe de electrões produzido dirige-se para o anti-cátodo, criando uma


corrente eléctrica cuja intensidade se mede em miliamperes (mA). Desta
intensidade depende a intensidade da radiação emitida, visto ser função do
fluxo de electrões. No cátodo existe uma espécie de reflector parabólico
que serve para concentrar o fluxo electrónico. O filamento (cátodo) está
ligado ao pólo negativo do circuito de alta tensão.

O ânodo é constituído por um material de bom condutor de calor,


geralmente cobre, no qual se encontra o alvo (anti-cátodo), que é uma placa
de metal de alto ponto de fusão, de forma variável e com uma inclinação de
20◦ a 30◦, como se pode ver na figura.

O alvo está ligado ao pólo positivo de circuito de alta tensão. O tubo que
se descreveu pertence ao tipo de Tubos de Coolidge, que são os mais
usados em radiografia industrial.

A superfície do anti-cátodo atingida pelo fluxo electrónico é denominada


foco térmico. A projecção do foco térmico numa superfície perpendicular
ao eixo do feixe de radiações emitido tem o nome de foco. As dimensões
do foco óptico dependem de:

1) Dimensão do foco térmico

70
2) Valor do ângulo α

Quando se mencionam as dimensões do foco, sem mais nada especificar,


trata-se das dimensões do foco óptico.

A energia cinética de um electrão que parte da superfície do cátodo com


velocidade zero e é acelerado devido à diferença de potencial existente
entre o ânodo e o cátodo, é igual a:

½ me v2 = eV

v – velocidade do electrão ao atingir o alvo


V – diferença de potencial entre o ânodo e o cátodo

Quando um electrão com esta energia choca com o núcleo de um átomo do


alvo produz um quanta de radiação, cujo comprimento de onda mínimo é
igual a:

eV =
λ – comprimento de onda mínimo da radiação

λmin =
Substituindo-se as constantes físicas pelos seus valores, obtém-se:

λmin =
Contudo, a maior parte dos electrões emitidos pelo cátodo sofre interacções
com os electrões dos átomos do alvo, perdendo parte da sua energia antes
de atingir o núcleo. O quanta x produzido tem então uma energia menor
que a energia do electrão original, isto é, tem um comprimento de onda
maior que λmin.

71
4.1.1 Regulação da intensidade dos raios x

Como já se disse, a intensidade da corrente electrónica (corrente catódica)


expressa-se em mA. A intensidade da radiação é aproximadamente
proporcional à corrente catódica.

4.1.2 Regulação da qualidade dos raios x

A tensão no tubo, expressa em kV, determina a velocidade com que os


electrões se deslocam desde o cátodo até ao ânodo, e é uma medida
aproximada do poder de penetração dos raios x produzidos.
A dureza ou poder de penetração dos raios x aumenta com a energia
cinética dos electrões.
É de notar que permanecendo constante a corrente catódica (mA), um
aumento de tensão no tubo (kV) dá origem a um aumento simultâneo da
intensidade dos raios x.

4.2 Raios Gama (γ)

Os raios γ são emitidos espontaneamente por desintegração de núcleos de


átomos radioactivos artificialmente, tanto por bombardeamento neutrónico
num acelerador de partículas, como por cisão num reactor nuclear.

A desintegração do núcleo de uma substância radioactiva pode-se efectuar


por emissão de raios alfa ( ), beta (β) e gama (γ). As partículas alfa são
núcleos de hélio e, mesmo que possuam grande energia cinética, têm
pequeno poder de penetração, sendo absorvidas em poucos centímetros de

72
ar. As partículas beta são constituídas por electrões. Têm poder de
penetração superior às partículas alfa, mas o seu alcance é ainda pequeno.

As radiações gama são da mesma natureza física que os raios x, sendo, em


geral, os comprimentos de onda menores e característicos da substancia
emissora.

A transformação de uma substância radioactiva é um fenómeno


absolutamente independente de toda a acção exterior, isto é, não pode ser
influenciado por qualquer agente físico (altas temperaturas, campo
magnético ou eléctrico, etc.). A sua radioactividade não é constante,
diminuindo com o tempo, de acordo com a seguinte lei exponencial:

N = N0
N – numero de átomos ao fim do tempo t
N0 – número de átomos iniciais
Λ – Constante radioactiva

A forma mais usual de expressar a velocidade de desintegração radioactiva


é considerar a “meia vida”, entendendo-se como tal o tempo necessário
para que qualquer número de átomos radioactivos inicialmente presentes se
reduza a metade, ou seja, que a actividade se reduza a metade da inicial.
Então:

=
=
tm = tm - meia vida

73
Para o rádio, Λ é igual a por segundo, ou seja, =
1/2300 por ano. Isto significa que em 2300 átomos há probabilidade de se
desintegrar um por ano. A meia vida do rádio será de:

tm = anos

Existem algumas dezenas de isótopos radioactivos. No entanto, em


radiografia industrial utilizam-se normalmente e apenas o cobalto 60, césio
137, o irídio 192 e o Túlio 170. Apesar de ter uma meia vida curta (74 dias)
o irídio 192 é dos mais utilizados, pois consegue concentrar num pequeno
volume uma grande actividade radioactiva, o que implica uma boa
definição de imagem radiográfica, mesmo para distâncias fonte/filme
pequenas e tempos de exposição curtos.

Radioisótopo Cobalto 60 Césio 137 Irídio 192 Túlio 170


Meia vida 5,26 Anos 30 Anos 74 Dias 127 Dias

Campo de
aplicação
preferencial
(espessuras)

Aço (cm) 5 – 15 5 – 10 1–7 0,25 – 1,25

Ligas leves 15 – 45 15 – 30 3 – 20 0,75 – 3,75


(cm)

Outros 40 – 120 40 – 80 8 – 50 2 – 10
materiais
(g/cm2)

4.3 Unidades

Existem duas unidades de medida de actividade radioactiva


(radioactividade):
1) O Becquerel (Bq) é a actividade de uma fonte radioactiva que se
desintegra à razão de uma desintegração por segundo.

74
2) O Curie (Ci) é a actividade de uma fonte radioactiva que se
desintegra à razão de desintegrações por segundo.

Como se verifica, o Curie é uma unidade muito maior que o Becquerel.


Com efeito, a relação entre elas é:

1 Ci = Bq

Define-se actividade específica como a actividade radioactiva por unidade


de massa da substância que contém os átomos radioactivos. De facto, nem
todos os átomos de uma substância radioactiva são radioactivos e, portanto,
quanto mais for a proporção de átomos radioactivos maior será a actividade
especifica.

Por exemplo, no caso de duas fontes radioactivas de igual actividade, se


uma delas tiver uma actividade especifica de Bq/g (1 Ci/g) e a
outra Bq/g (10Ci/g), a primeira terá uma massa dez vezes maior
que a segunda.

A quantidade de radiação x ou gama pode-se exprimir em unidades do


sistema SI ou do sistema CGS.
A unidade do sistema SI é o Coulomb por quilograma:
O Coulomb por quilograma (C/kg) é a quantidade de radiação x ou gama
que produz, em 1 kg de ar, um número de electrões de carga total igual a 1
Coulomb.

A unidade do sistema CGS, normalmente utilizada, é o Roentgen.

O Roentgen (R) é a quantidade de radiação x ou gama que produz em 1,293


mg de ar, um numero de electrões de carga total igual a uma unidade
electrostática de carga eléctrica.
A relação entre o Coulomb por quilograma e o Roentgen é a seguinte:

1 C/Kg = R

A energia dos raios x ou gama expressa-se em electrão – volt (eV). O


electrão – volt corresponde à energia adquirida por um electrão quando
acelerado por uma diferença de potencial de 1 volt.

75
4.4 Propriedades das Radiações Ionizantes

4.4.1. Absorção – Difusão

A diminuição da intensidade de radiação x ou gama ao atravessar a matéria,


é devido aos seguintes fenómenos:
1) Efeito fotoeléctrico

2) Efeito Comptom

3) Formação de pares

A predominância de um ou outro fenómeno depende da energia da radiação


incidente e o material atravessado.

4.4.1.1 Efeito fotoeléctrico (quanta de 0,5 Me V ou menos)

Quando uma radiação de energia relativamente pequena atravessa a


matéria, um quanta pode arrancar ao átomo um electrão orbital das
camadas mais próximas do núcleo. Toda a energia do quanta é cedida ao
electrão. Este é o efeito fotoeléctrico

4.4.1.2 Efeito Compton (quanta de 0,1 a 10 Me V)

Neste caso há uma interacção da quanta incidente com um electrão livre ou


com um electrão orbital das camadas exteriores do átomo, havendo
transferência de parte da energia para estes electrões, que são ejectados.

O quanta sofre uma mudança de direcção e perde energia na colisão. Como


consequência, há difusão e diminuição da energia de radiação.

76
4.4.1.3 Formação de pares (quanta de 1,02 Me ou mais)

A formação de pares produz-se quando os quanta têm uma energia muito


elevada. A energia do quanta é utilizada para formar um electrão (-) e um
positrão (+), e fornecer a ambos energia cinética. O positrão, que possui a
mesma massa do electrão, tem uma vida extremamente curta,
desaparecendo ao colidir com um electrão. Como resultado, ambos
desaparecem, dando origem a dois fotões de 0,51 Me V

4.4.2 Difusão – Emissão Secundária

Os três fenómenos atrás descritos libertam electrões em todas as direcções.


Por outro lado, como os raios x são gerados por colisão de electrões com as
partículas que constituem os átomos, é evidente que haverá radiação
secundária. Esta não é mais do que uma pequena parte da radiação difusa.
A parte principal é constituída por “quantas” de baixa energia produzidos
por efeito Compton.

Quando um feixe de raios x ou gama atinge um objecto qualquer de


espessura adequada, uma parte da radiação emerge sem mudança de
direcção, enquanto que outra é difundida em todas as direcções. A
importância deste fenómeno está relacionada com a energia da radiação
incidente e com a natureza dos átomos do material atravessado pela
radiação. A radiação difusa tem menor poder de penetração que a radiação
incidente (radiação primária) e é absorvida preferencialmente pela emulsão
fotográfica, constituindo uma verdadeira radiação parasita, que produz um

77
véu uniforme no filme radiográfico, tirando, por consequência definição à
imagem.

4.4.3 Absorção da radiação Monocromática

Quando uma radiação monocromática de intensidade I0 atravessa um


material homogéneo, a diminuição relativa da intensidade (-Δ I) é
proporcional à espessura (Δx) do material atravessado. Esta diminuição é
dada pela seguinte formula:

= -μℓ Δ x ( l )

78
μℓ - Coeficiente de absorção linear do material
I0 – Intensidade de radiação incidente

O coeficiente de absorção linear (μℓ) é função da massa específica do


material.

O coeficiente de absorção mássico (μm) é igual ao quociente:

Onde ρ - massa especifica

Este coeficiente tem a vantagem de ser independente da massa específica


do material.

O valor do coeficiente da absorção linear calcula-se pela fórmula de Bragg


e Pierce:
μℓ = K λ – Comprimento de onda da radiação primária
Z – Número atómico do elemento
K – Factor de proporcionalidade

Assim pode-se concluir que o valor de μℓ depende:

a) Do comprimento de onda da radiação primária. Os raios moles (raios


de maior comprimento de onda) serão mais absorvidos que os raios
duros.

b) Do numero atómico (Z) do elemento

79
c) Do factor proporcionalidade (K), em função da massa específica

Para um dado comprimento de onda e um determinado material, o valor de


μℓ é constante. Integrando a formula (1) obtém-se:

I = I0
Na sua forma logarítmica é:

ln = - μℓ x
ln = -μm ρ x
4.4.4 Absorção da radiação policromática

Neste caso, a complexidade dos fenómenos não permite calcular o valor de


μℓ com suficiente aproximação. É necessário determina-lo
experimentalmente.
Se fizer a representação gráfica, colocando em ordenadas os logaritmos da
intensidade da radiação restante e em abcissas as espessuras crescentes do
material, não se obtêm uma recta, (como no caso da radiação
monocromática), mas sim uma curva, cuja inclinação diminui
progressivamente (devido à absorção selectiva) até um ponto chamado
“ponto de homogeneidade” A partir deste ponto, o coeficiente de absorção
é praticamente constante, como se a radiação fosse monocromática. A
posição do ponto de homogeneidade varia com a natureza do material
examinado.

É de notar que a inclinação da curva de absorção logarítmica é igual ao


coeficiente de absorção linear.

80
4.4.5 Ionização

Ao atravessar a matéria os raios x e gama cedem energia aos átomos,


ionizando-se de acordo com os três fenómenos atrás descritos: efeito
fotoeléctrico, efeito compton e formação de pares. É provavelmente a
propriedade mais importante dos raios x e gama.

Este fenómeno é o mais utilizado nos aparelhos de detecção das radiações:


dosímetro de caneta, contador de câmara de ionização.

4.4.6 Efeito fotográfico

Os raios x e gama produzem uma imagem latente na emulsão fotográfica.


Esta imagem é tornada visível após o processamento do filme, como se
verá mais adiante.
Quando um quanta x ou γ encontra uma nuvem electrónica, pode-se
produzir o efeito fotoeléctrico. Os electrões livres assim obtidos vão
transformar em prata os sais de prata que constituem a película
radiográfica, dando origem à imagem latente.

4.4.7 Fluorescência e Fosforescência

Certas substâncias, quando submetidas a uma radiação electromagnética,


têm a propriedade de emitir em todas as direcções uma radiação de
comprimento de onda determinado e diferente do da radiação incidente.
Esta conversão de energia processa-se de modo que a radiação

81
electromagnética recebida pela substância é convertida noutra com maior
comprimento de onda.

Uma substância diz-se fluorescente quando a emissão de luz visível ou


ultravioleta se produz e cessa quase simultaneamente com a radiação. Nas
substâncias fosforescentes, a emissão mantém-se algum tempo após a
radiação ter terminado.

5. CONTROLO DAS RADIAÇÕES

5.1 Efeitos Biológicos da radiação

À escala da célula viva, as radiações podem provocar o desregulamento das


funções celulares e, em casos extremos, dá-se a transformação completa da
célula. Neste caso, a reprodução celular será desordenada e aparecerá, no
caso extremo, o cancro.
Também podem aparecer modificações à escala celular, modificando
definitivamente as características da célula, serão as modificações
genéticas.
Por fim, uma radiação prolongada pode provocar a morte da célula. À
escala dos tecidos, os efeitos são diferentes de acordo com a sua natureza.

Na pele, pode-se observar desde o eritema (mancha vermelha) até à morte


do tecido. Nos olhos, as radiações podem provocar cataratas. Na medula
óssea, a radiação destrói o equilíbrio na formação de glóbulos vermelhos e
brancos, podendo dar origem à leucemia.

As gónadas, muito sensíveis às radiações, podem sofrer um desequilíbrio


hormonal, que pode ir até à esterilidade.

5.2 Detecção de radiações e normas de segurança

5.2.1 Sistema de detecção e instrumentos de medida

Como as radiações ionizantes são potencialmente perigosas para o corpo


humano, é fundamental detectar e medir as doses de radiação recebidas
individualmente por cada operador.

82
O funcionamento de todos os detectores de radiação baseia-se na perda de
energia de certas partículas, num meio conveniente, e a sua distribuição
pelos elementos detectores. Assim, a partir de uma única partícula que
forneça energia, provoca-se a excitação de numerosos elementos. Estes
podem ser átomos ionizados, electrões livres, etc.

São vários os sistemas de detecção e medição em que se baseiam os


equipamentos usados normalmente pelos operadores. Cada um apresenta as
suas vantagens e inconvenientes.

5.2.1.1 Dosímetro de filme

Este dosímetro é constituído por um pequeno filme montado num suporte


próprio. Existem vários tipos de filmes com diferentes sensibilidades de
resposta às radiações, mas tanto as radiações β como as radiações x e γ
originam o escurecimento do filme. Como os filmes dão uma imagem em
negativo, quanto maior for a dose de radiação recebida, maior será esse
escurecimento. Comparando o filme de um determinado operador com
filmes padrão, determina-se o nível de exposição às radiações que o
operador sofreu.

Os suportes do filme têm geralmente janelas e filtros para diferenciar as


radiações x e¤, das radiações β

Vantagens:
1) Proporciona um registo permanente da exposição às radiações

2) Os suportes são, em regra, suficientemente resistentes ao choque

83
3) Deixando, eventualmente, cair o dosimetro, as leituras da exposição
não são efectuadas e alguns filmes são mesmo envolvidos por
pequenos sacos de plástico que os protegem em ambientes húmidos.

Desvantagens:
1) Os resultados do filme são efectuados por reagentes químicos e
agentes externos

2) Não é possível efectuar uma leitura directa e, portanto, o operador


não detecta a sua própria exposição no momento em que recebe as
radiações.

3) O filme necessita de ser processado, o que leva geralmente, alguns


dias.

5.2.1.2 Dosímetro de caneta

Este dosímetro é um electroscópio portátil, tendo normalmente a forma de


caneta. Contém uma câmara de ionização, o electroscópio, lentes ópticas e
uma escala.
O dosímetro inicialmente, está electroliticamente carregado. Sob a acção da
radiação, a atmosfera da câmara ioniza-se e as armaduras descarregam-se,
o que permite medir imediatamente na escala a intensidade de radiação.

84
1 – Câmara de ionização 6 – escala
2 – Electrómetro 7 – janela
3 – Condensador 8 – fole
4 – Isolamento 9 – agulha de carga
5 – Microscópio

Contudo, este tipo de dosímetro apresenta alguns inconvenientes,


nomeadamente o de não constituírem um registo permanente da exposição.
Se for deixado cair pode descarregar-se e, em comparação com o dosimetro
de filme, não se revela tão preciso.
O dosimetro de caneta e o dosimetro de filme completam-se e é por essa
razão que são geralmente utilizados em conjunto.

5.2.1.3 Dosímetros Termoluminescentes

Este tipo de dosímetro utiliza a propriedade que certas substancias possuem


de, sob a acção de radiação, armazenarem energia nas câmaras de electrões
do átomo e, após aquecimento, libertarem essa energia sob a forma de luz
visível. A quantidade de luz emitida é proporcional ao nível de exposição à
radiação.

Os dosímetros termoluminescentes têm óptima resposta energética, mas o


inconveniente de somente com uma leitura se destruir a informação.

5.2.1.4 Câmara de ionização

Estes aparelhos são constituídos por uma câmara contendo um gás e dois
eléctrodos.
A radiação que entre na câmara produz pares de iões com cargas de sinal
contrário e que são atraídos pelos eléctrodos, isso origina um impulso de
corrente muito pequena. Esta corrente é amplificada e pode ser medida,
sendo em seguida relacionada com a dose de radiação que entrou na
câmara.

São geralmente pequenos aparelhos portáteis e têm um poder de resposta


bastante rápido. A leitura é, portanto, quase imediata.

85
5.2.1.5 Contador Geiger

É também constituído por uma câmara contendo um gás e dois eléctrodos,


mas o modo de funcionamento é ligeiramente diferente.

Entre os dois eléctrodos aplica-se uma diferença de potencial tão grande


quanto possível, mas sujeita à condição de que não passe nenhuma
descarga.
A ionização ocorre dentro da câmara mas, à medida que os iões são
atraídos para os eléctrodos, são acelerados e, por colisão com outras
moléculas, provocam o aparecimento de novos iões.

Este processo de multiplicação dos pares de iões dá origem a um impulso


de corrente mensurável, que, depois de amplificado, fornece a indicação do
nível de radiação.
São normalmente aparelhos portáteis, sendo mais eficientes para baixos
níveis de radiação.

5.2.2 Dose de radiação

Quer se trate de radiação x ou gama, os seus efeitos são medidos pela


quantidade de radiação absorvida pelo meio receptor.

Esta quantidade pode ser medida em Grey, (antigamente em Rad


,abreviatura de “Radiation absorved dose”).

O Gray (Gy) é a dose correspondente à absorção de 1 Joule por quilograma


de matéria.

86
O Rad (rd) é a dose correspondente à absorção de 100 erg por grama de
matéria.

A relação entre estas duas unidades é a seguinte: 1 Gy = 100 rd

De acordo com as definições de roentgen e rad, vê-se que o roentgen se


baseia na ionização do ar pela radiação x ou gama, enquanto que o rad
exprime a energia absorvida pelo meio, contudo, para as energias
normalmente utilizadas na radiação x ou gama, e para fins correntes de
protecção contra radiações, pode-se considerar o rad equivalente ao
roentgen.

Os factos provaram que os diversos tipos de radiação produzem no


organismo efeitos biológicos diferentes. Assim, é necessário considerar o
factor “efeito biológico relativo – EBR”, que serve para determinar os
efeitos biológicos dos diferentes tipos de radiação.

Daí o aparecimento de duas outras unidades:


- O Sievert (Si) é igual ao produto de 1 gray pelo factor “efeito biológico
relativo”
O rem igual ao produto de 1 rad pelo factor “efeito biológico relativo” era a
antiga unidade.

A equivalência entre as duas unidades é a seguinte: 1 Si = 100 rem

Os valores de EBR, para diversos tipos de radiação, são os seguintes:

Radiação x e gama 1
Radiação beta 1
Radiação alfa 10

Para os raios x, gama e beta, verifica-se que: 1 rd = 1 rem

É conveniente conhecer e ter sempre presente as intensidades (doses de


radiação recebidas por unidade de tempo) a 1 metro, com uma fonte de 1
curie, dos isótopos mais utilizados em radiografia industrial:

1 Ci de Co 60 1310 mrem/h a 1 m
1 Ci de Cs 137 330 mrem/h a 1 m
1 Ci de Tm 170 2,5 mrem/h a 1 m
1 Ci de Ir 192 500 mrem/h a 1 m

87
5.3 Princípios básicos de protecção contra radiações

A principal preocupação dos operadores deve ser a redução da exposição às


radiações. Os conceitos da influência de tempo, da distância e da protecção,
quando eficientemente utilizados, permitem a concretização desse
objectivo.

5.3.1 Influência da duração da exposição

A dose recebida será tanto maior quanto mais prolongada for a exposição,
visto que a dose é igual à intensidade multiplicada pelo tempo de
exposição.

Exemplo: Em duas horas de trabalho a 1 m de uma fonte de 1 Ci de Ir 192,


o operador receberá uma dose de: 2h x 500 mrem/h = 1000 mrem

5.3.2 Influência da distância

A intensidade da radiação varia de razão inversa do quadrado da distância


entre o ponto e a fonte : lei do quadrado das distâncias.

Exemplo: A intensidade a 10 m de uma fonte de 5 Ci é igual a:


= => = 25 mrem/h

5.3.3 Influência de uma barreira de protecção

Sendo constante a emissão da fonte de radiação, o tempo de exposição e a


distância entre a fonte e o ponto considerado, a dose recebida nesse ponto
poderá ser reduzida pela introdução de uma placa de material entre a fonte
e o ponto.

Este meio de protecção é dos mais importantes na prática, já que a redução


do tempo e o aumento da distância nem sempre são possíveis e suficientes
para reduzir as doses no ponto de interesse a valores inferiores ou iguais às
doses máximas admissíveis.

88
A atenuação produzida por uma barreira, depende da sua espessura, e da
capacidade de absorção do material que a constitui relativamente à radiação
em causa. Convém ainda notar que as pessoas protegidas do feixe primário
por uma barreira, podem ser atingidas por radiação difusa.

Sob o ponto de vista prático, tem grande importância os conceitos de


espessura hemi-transmissora e espessura deci-transmissora.

Espessura hemi-transmissora: espessura de um dado material que deixa


passar metade da intensidade de um feixe de um dado tipo de radiação.

Espessura deci-transmissora: espessura de um dado material que deixa


passar um décimo da intensidade de um feixe de um dado tipo de radiação.

A atenuação da radiação pela matéria não se produz de forma uniforme em


toda a sua espessura. De facto, por um lado as radiações de maior
comprimento de onda são atenuadas mais rapidamente que as de menor
comprimento de onda e, por outro, certos materiais, quando sobre eles
incide a radiação, produzem radiações secundárias cuja intensidade se pode
adicionar à da radiação incidente.

89
Raios γ
Espessura hemi-transmissora em mm
Isótopo
Betão (1) Aço Chumbo
Co 60 100 20 13
Cs 137 80 15 6
Tm 170 --- 1,5 0,13
Ir 192 60 12 4

(1) Betão de densidade 2,3

Raios x
Espessura deci-transmissora em mm
Tensão
Betão (1) Aço Chumbo
50 Kv 7 0,7 0,2
100 KV 18 1,8 0,4
200 KV 28 7 0,7
300 KV 31 16 2,1

(1) Betão de densidade 2,3

Conclusões:
• Se tiver de trabalhar próximo de uma fonte, é necessário faze-lo
rapidamente

• É necessário evitar o contacto directo com a fonte e, em caso de


extrema necessidade, somente utilizar pinças, telemanipulação, etc.
Com efeito, a dose aumenta rapidamente a curta distancia.

• É rigorosamente proibido pegar nas cápsulas das fontes activadas com


as mãos.

• Devem-se sempre utilizar as barreiras de protecção existentes.

5.4 Dose máxima admissível para os operadores

90
A comissão internacional de protecção radiológica recomenda, para os
operadores, os seguintes máximos admissíveis:

Dose acumulada até à idade N


D = 5 (N – 18) rem

Em que N é a idade do operador em anos, que tem de ser sempre superior a


18, pois não se permite que menores de 18 anos trabalhem com radiações.

Pela fórmula verifica-se que o operador pode receber até 5 rem/ano. De


qualquer modo, não se deve ultrapassar a dose de 3 rems em 13 semanas.

5.5 Protecção Individual

O operador tem de trazer sempre consigo, enquanto trabalhe, o dosímetro


de filme colocado por fora da roupa e ao nível do peito. Este dosímetro é
individual e mede as doses recebidas a nível do corpo inteiro. Não pode ser
cedido a terceiros, nem servir para experiências.
Além do dosímetro de filme, o operador deve utilizar outros tipos de
dosimetros:

1) Dosímetros de leitura directa

2) Dosímetros de alarme

O pessoal deve sempre respeitar as normas de segurança e zelar para que


em todos os casos as doses recebidas sejam inferiores às máximas
admissíveis.

No caso de uma radiação geral intensa, as perturbações começam por um


estado de fraqueza, náuseas, vómitos, diarreias. As consequências mais
graves aparecem algum tempo depois.

6. EQIPAMENTO RADIOGRAFICO

6.1 Aparelhos de Raios x

91
6.1.1 Tipos de tubos de raios x

Os tubos de raios x empregues em radiografia industrial são de dois tipos:

a) Tubos bipolares

b) Tubos unipolares

6.1.1.1 Tubos bipolares

No tubo bipolar, o ânodo e o cátodo estão ligados à fonte de alta tensão.


Este tipo de tubos encontra-se na maioria dos aparelhos portáteis e também
em aparelhos fixos.

São normalmente isolados por gás ou óleo e concebidos para tensões de


100 a 400Kv, podendo a intensidade da corrente electrónica atingir 10 mA.
Estes tubos podem produzir os seguintes tipos de feixe:

1) Feixe unidireccional

2) Feixe panorâmico ou oblíquo

3) Feixe panorâmico ortogonal

Existem tubos com filtros de berílio que deixam passar as radiações de


maior comprimento de onda.

É por esta razão que estes tubos têm particular interesse para a radiografia
de materiais de pequena massa específica.

92
6.1.1.2 Tubos unipolares

Estes tubos são de emprego menos frequente, usados normalmente em


instalações fixas para fins especiais. Só o cátodo está ligado à fonte de alta
tensão. O isolamento é a óleo ou a gás, sendo a refrigeração feita por água
ou ar.

Existem dois tipos de tubos unipolares:

1) Com ânodo curto

2) Com ânodo longo e oco

Este ultimo permite colocar o foco dos raios x no interior de objectos ocos,
onde não seja possível, por demasiado pequeno, posicionar
convenientemente uma película radiográfica. Neste caso, a película será
colocada no exterior e a radiação far-se-á do interior para o exterior.

6.1.2 Tipos de geradores para aparelhos de raios x.

No caso de geradores de baixa e media energia, produz-se a alta tensão a


partir da tensão alternada da rede e de um transformador.
Até uma tensão da ordem dos 200Kv, o tubo é ligado directamente ao
secundário do transformador.

93
A variação da intensidade da radiação x em função dos comprimentos de
onda, depende das características da tensão aplicada ao tubo. Se, para um
mesmo valor de kV máximo, um tubo de raios x é alimentado por uma
corrente de tensão constante e outro por uma corrente de tensão variável, as
curvam que representam a distribuição da intensidade de radiação x em
função do comprimento de onda são diferentes. No caso da tensão variável,
há momentos de menor tensão que dão origem a radiações de maior
comprimento de onda (radiações moles). Isto significa que a radiação
produzida com uma tensão constante tem uma maior intensidade de
radiações duras que a produzida com uma tensão variável.
Os principais tipos de circuitos utilizados são os que a seguir se indicam.

6.1.2.1 Circuito auto-rectificador

Normalmente não se pode estabelecer uma corrente de electrões do ânodo


para o cátodo, no tubo de raios x. Durante o meio ciclo negativo de uma
corrente alternada, não há produção de radiação.

Um inconveniente deste circuito é a necessidade de se limitar a


miliamperagem, já que o aquecimento exagerado do anti-cátodo pode
provocar uma emissão de electrões em sentido oposto ao desejado que irá
destruir o filamento do cátodo.

6.1.2.2 Circuito Villard

Dois condensadores são introduzidos neste circuito e em paralelo com o


tubo liga-se uma valvula termo-iónica, cujos pólos estão invertidos em
relação aos do tubo. Cada condensador durante meio ciclo é carregado
através da válvula e durante o outro meio ciclo descarrega-se através do

94
tubo, obtendo-se então uma voltagem que é a soma da diferença de
potencial nos terminais do transformador e da diferença de potencial
fornecida pelos condensadores, quando a corrente passa na válvula.

6.1.2.3 Circuito Graetz


Neste circuito, durante cada ciclo a corrente passa pelo tubo de raios x
sempre no mesmo sentido.

6.1.2.4 Circuito Greinacher

Neste circuito, durante cada meio ciclo, está em carga alternadamente ou o


condensador C1 ou o condensador C2. O tubo de raios x está montado em
paralelo com os condensadores estes, por sua vez, estão montados em série.
Este circuito apresenta duas vantagens:

a) Fornece uma voltagem praticamente constante aos terminais do tubo.

b) Esta voltagem é dupla da fornecida pelo transformador.

95
A escolha da tensão do tubo e do tipo de circuito é determinada pela
qualidade da imagem radiográfica que se deseja obter, pela espessura e
natureza do objecto a examinar, pelo peso e volume do equipamento e por
considerações de ordem económica.

6.1.2.5 Quadro comparativo

No quadro que se segue estão indicados os equipamentos (tubos e


circuitos) mais comuns, bem como a espessura máxima (em mm) das peças
de aço que é possível radiografar, quando se exige uma qualidade de
imagem (sensibilidade) medida com indicadores de qualidade de imagem
(IQI) DIN, de 1% (ver mais adiante).

96
Espessura máxima –
aço (mm)
KV mA max Foco Circuito
Tipo 2* Tipo 3*
Ecrãs de chumbo
Auto-
rectificador
140 5 1,7 Greinacher 13 19
150 20 4 Auto- 16 25
160 6 2,3 rectificador 15 23
200 5 2,2 Auto- 23 33
300 5 3 rectificador 45 58
300 10 4 Auto- 57 70
400 10 4 rectificador 80 95
Greinacher
Greinacher

Distância fonte/filme 80 cm
Tempo de exposição 4 min.
Duração da revelação 5 min. a 20◦ C
Densidade 1,5

(*) Classificação ASTM

6.1.3 Considerações gerais sobre os equipamentos de Raios X

6.1.3.1 Invólucro exterior

O tubo está encerrado num invólucro metálico, contendo um líquido ou um


gás. Existe ainda a protecção em chumbo ou outro material pesado, a fim
de absorver os raios x não direccionais.

6.1.3.2 Painel de controlo

Todos os comandos necessários para a utilização de um tubo de raios x


estão agrupados no painel de controlo.
Este é geralmente equipado com um controle remoto de alta e baixa tensão,
um miliamperimetro para medição da corrente electrónica no tubo, um
interruptor para a corrente de aquecimento do filamento, um

97
quilóvoltimetro para medição da alta tensão e um dispositivo de regulação
desta.
O painel pode também ser equipado com um interruptor de relógio, um
voltímetro para medir a tensão da rede e, por vezes, um relógio para medir
o tempo de utilização do equipamento.

Por outro lado, algumas unidades mais simples de raios x são equipadas
apenas com um sistema de regulação da alta tensão, mantendo-se fixa, por
construção, a corrente electrónica, é o caso da maioria dos aparelhos
portáteis.
O painel de comando e todos os seus circuitos estão concebidos numa
pequena caixa ligada ao tubo ou aos transformadores (de acordo com o
sistema), por meio de cabos de comprimento suficiente para permitir ao
operador trabalhar na zona de segurança.

6.1.4. Classificação dos equipamentos

Podem-se classificar os equipamentos de acordo com os sistemas de


arrefecimento utilizados.

O arrefecimento por convecção é geralmente utilizado nos aparelhos


simples e portáteis e, por esta razão, são por vezes denominados de
equipamentos “monobloco” ou “tipo tanque”. Nos equipamentos “tipo
tanque” usados em estaleiro, os transformadores e o tubo formam uma só
unidade, que funciona como um auto-rectificador, com uma pequena
corrente electrónica, normalmente igual a 5 mA.
A única ligação com o painel de comando faz-se por intermédio de um
cabo de baixa tensão.

O arrefecimento por circulação forçada necessita, geralmente, de


equipamento adicional, que lhe tira maneabilidade, mas em contrapartida
permite correntes electrónicas da ordem dos 10 mA e um melhor ritmo de
trabalho.

Estes equipamentos são, por vezes, de voltagem constante (circuito


Greinacher), o que permite, para a mesmo miliamperagem e quilovoltagem,
uma considerável redução do tempo de exposição em comparação com o
circuito Villard ou auto-rectificador, ou então, para o mesmo tempo de
exposição, um aumento de espessura que pode ser examinada.

98
6.2 Equipamentos de raios Gama

Os isótopos radioactivos só podem ser utilizados se tomarem certo número


de precauções. Assim, são encerrados numa cápsula hermeticamente
fechada à prova de choques mecânicos, corrosão, etc., e que deve absorver
só uma pequena parte da radiação.

Um equipamento de raios γ é constituído essencialmente por:

a) Um isótopo radioactivo montado na respectiva cápsula

b) Um contentor de armazenagem

O nível de radioactividade no exterior do contentor, quando o isótopo está


recolhido e segundo normas inglesas, não deve ser superior a 20 mR/h a 5
cm de superfície do contentor ou 2 mR/h à distancia de um metro. Para
isso, os contentores têm uma protecção constituída por material altamente
absorvente das radiações, por exemplo, “urânio inerte”.

Nas figuras que se seguem, estão esquematizados três tipos de


equipamentos de raios γ:

99
Este último equipamento é o mais utilizado, visto ser fácil o
posicionamento da fonte radioactiva e, como é manobrado por controlo
remoto, protege mais o operador.

100
6.3. Comparação entre raios x e γ

Raios X Raios γ
Fonte de energia A energia eléctrica Não é necessária fonte
pode ser fornecida de energia
directamente da rede
ou de um gerador
Supervisão Durante a exposição o O operador necessita
operador necessita de unicamente de se
verificar os controlos preocupar com as
através do painel de condições de segurança
comando
Peso e dimensões O equipamento é O equipamento é
volumoso e relativamente leve.
relativamente pesado Uma excepção são os
equipamentos de
Cobalto 60,
particularmente os que
se destinam a examinar
grandes espessuras (>
100mm)
Manuseamento O tempo de preparação Fácil de posicionar e
do trabalho é transportar (excepto os
considerável grandes equipamentos
de Cobalto 60)
Segurança O problema da O perigo de radiações é
segurança contra as permanente
radiações limita-se ao
tempo de exposição
Energia da radiação Pode ser escolhida Nenhum ajustamento é
variando a possível
quilovoltagem
Foco Nenhuma diferença importante
Formato do feixe Normalmente um cone A radiação é emitida
de 60◦, perpendicular à em todas as direcções
direcção longitudinal
do tubo
Tempo de exposição Tempos de exposição A intensidade da
pequenos para a gama radiação sendo menor
de espessuras normais obriga a tempos
maiores

101
Contraste radiográfico Bom contraste se a O contraste é quase
miliamperagem e sempre inferior ao dos
quilovoltagem forem raios x
bem escolhidas
Custo e manutenção O custo e manutenção O custo do
do equipamento são equipamento é bastante
caros menor, embora a
manutenção seja cara
(é necessário renovar
de tempos a tempos, os
isótopos)

7. CONTROLO RADIOGRAFICO

7.1 Filme

Uma película radiográfica é constituída por:

1) Uma base de acetato de celulose ou poliéster

2) A base é revestida dos dois lados por:

a) Uma camada de gelatina endurecida que protege a emulsão

b) Uma camada de emulsão

c) Uma camada muito fina que assegura a aderência da emulsão à


base

A película radiográfica é basicamente análoga à empregada em fotografia.


A diferença essencial entre a película fotográfica normal e a radiográfica, é
que nesta ultima a emulsão encontra-se dos dois lados da base. Desta
forma, consegue-se reduzir o tempo de exposição e obter uma imagem
radiográfica mais contrastada
.
A emulsão consiste numa suspensão de cristais de halogéneos de prata em
gelatina.
O tamanho do grão da emulsão é uma característica importante da
qualidade do filme radiográfico.

102
7.1.1 Imagem Latente

Quando uma imagem luminosa (ou radiante) é projectada numa camada


fotossensível, esta sofre uma transformação nas zonas que recebem uma
quantidade suficiente de luz (ou de radiação).
Estas transformações dão origem à formação de uma imagem (invisível),
na camada fotossensível, que se designa por “imagem latente”.

7.2 Sensitometria

A sensitometria tem por objecto o estudo das propriedades fotográficas de


uma película, bem como os métodos que permitem medi-las.

7.2.1 Densidade (fotográfica)

O grau de enegrecimento de uma emulsão fotográfica depois do


processamento do filme (revelação e fixação) é de grande importância na
radiografia industrial. O termo empregado, tanto em fotografia como em
radiografia, para designar esse grau, é a densidade (fotográfica), que é por
definição:

D=

em que I0 é a intensidade da luz incidente sobre a película e It a intensidade


da luz transmitida.

Uma característica importante dos filmes é a sua velocidade de


enegrecimento. Quanto menor for o tempo de exposição para se obter uma
dada densidade, tanto mais rápido é o filme.

7.2.2. Contraste

Quando se observa uma radiografia à transparência, normalmente


utilizando um negatoscópio, a vista humana vê a imagem como variações
de intensidade de luz transmitida, devido às diferentes densidades da

103
película. Chama-se contraste (objectivo) à diferença de densidades entre
duas zonas de película radiográfica.

Por exemplo, este contraste, C, entre duas zonas com densidades: D1 = 1,5
D2 = 3,2 é
C = D2 – D1 = 3,2 – 1,5 = 1,7
O contraste de que o observador se apercebe é um contraste subjectivo, já
que depende do próprio observador e das condições em que se realiza a
observação. Este contraste, que não se pode medir, depende de muitos
factores, tais como a intensidade e a cor da iluminação, a variação de
densidades, etc. O contraste subjectivo deve ser o maior possível e, por
isso, a observação das películas faz-se normalmente num local escuro e
com negatoscópio adequado.

7.2.3 Exposição

Designa-se por exposição a quantidade de luz (ou radiação) que actua sobre
uma zona determinada da emulsão, ou seja, o produto da intensidade
luminosa ou radiante pelo tempo de exposição.

7.2.4. Curvas características dos filmes

Estas curvas, também chamadas curvas sensitométricas, relacionam as


exposições aplicadas a uma película radiográfica com as densidades
resultantes obtidas em condições predeterminadas de revelação e fixação.

Cada curva obtém-se expondo a película de forma que nela se formem uma
série de bandas correspondentes a exposições perfeitamente determinadas.

As exposições realizam-se mantendo constante a intensidade da radiação e


variando o tempo, de forma a que cada zona ou banda da película, cujas
características se deseja determinar, receba uma exposição de tempo dupla
da anterior.

Os valores das densidades obtidas colocam-se no eixo das ordenadas e os


logaritmos das exposições relativas correspondentes no eixo das abcissas.
Na figura estão representadas as curvas características de quatro tipos de
películas.

104
As curvas das películas tipos 1, 2, e 3 obtiveram-se colocando as películas
entre ecrãs de chumbo e a do tipo 4 empregando ecrãs fluorescentes de
grande definição (ver ecrãs reforçadores).
As curvas não começam por uma densidade zero, porque todas as películas
radiográficas apresentam uma pequena densidade inerente ou véu, que
pode ser medida numa película que não tenha sido exposta às radiações e
revelada em condições normais.

Este véu deve-se fundamentalmente a duas causas:


1) Absorção de luz pela base da película

2) Acção exercida pelos reagentes químicos utilizados nos banhos de


revelação e fixação

Em todas as curvas existe a zona A – C, denominada de zona de sub-


exposição, em que se começa a verificar uma variação da densidade. Na
película tipo 4, verifica-se também que, de A até B a densidade não
aumenta com a exposição.
Depois de C, surge a zona praticamente rectilínea, que é a zona de trabalho
em radiografia industrial

105
7.2.5 Contraste do filme (gradiente)

O gradiente ou contraste do filme é dado pela expressão:

Cfilme = E2, E1 – exposições relativas

Este gradiente, num ponto determinado da curva, é dado pela inclinação da


tangente à curva nesse ponto.

Na curva característica da película 2, estão desenhadas as tangentes em


dois pontos, correspondentes às densidades 0,54 e 2,5 cujos gradientes são
0,8 e 5, respectivamente.
Pode-se observar que estes gradientes são inferiores a 1,0 na zona de
baixas densidades, enquanto que para densidades altas são superiores a 1,0.

Veja-se agora o caso de um objecto com duas espessuras diferentes e que


deseja radiografar.
É evidente que a intensidade da radiação emergente da peça será diferente,
de acordo com a espessura atravessada.
Por hipótese, considere-se que a menor espessura deixa passar 20% mais
de radiação que a parte mais espessa da peça. A diferença do logaritmo de
exposição relativa será de 0,08, independente dos factores que intervenham
na exposição. Se a peça é radiografada de forma a obter-se uma película de
densidade baixa (D = 0,54), o gradiente é de 0,8, e portanto a diferença de

106
20% na intensidade da radiação emergente provoca uma variação da
densidade de 0,06, enquanto que se a exposição se fizer na zona de maior
densidade (D = 2,5), em que o gradiente é de 5,0, a diferença de 20% na
intensidade de radiação provoca uma diferença de densidade de 0,40.

7.2.6. Latitude

É a diferença entre duas densidades extremas na zona prática de trabalho.


Correspondem a dois valores da exposição, que, por sua vez, correspondem
às duas espessuras extremas que se podem radiografar numa só película.

7.2.7. Tipos de filmes

As películas radiográficas podem constituir dois grandes grupos. Num


deles incluem-se as películas preparadas para ser expostas directamente à
acção da radiação x ou gama, ou para serem usadas com ecrãs reforçadores
de chumbo. As películas deste grupo são designadas por “películas sem
ecran”.

O outro grupo é designado por “películas com ecoa”, e é constituído pelas


películas que são utilizadas com ecrãs reforçadores fluorescentes.

Classificação ASTM das películas radiográficas em função da velocidade,


contraste e tamanho do grão.

Tamanho do
Tipo Velocidade Contraste
grão
1 Lenta Muito alto Muito pequeno
2 Média Alto Pequeno
3 Alta Médio Grande
4 Muito alta a) Muito alto a) b)

a) Películas com ecrãs reforçadores fluorescentes. Quando estas


películas são usadas com ecrãs reforçadores de chumbo, a rapidez,
contraste e tamanho do grão são médios.

b) O tamanho do grão depende dos ecrãs reforçadores fluorescentes


utilizados.

107
As curvas características deste tipo de filmes são indicadas em 5.2.4.

A norma DIN 54111, por seu lado, classifica as películas radiográficas em


três classes distintas:

Poder de Tamanho do
Classe Velocidade
resolução grão
I Elevado Reduzida Muito fino
II Médio Média Fino
III Reduzido Elevada Médio

Obs: Poder de resolução pode-se considerar como a capacidade de


destrinçar pormenores

7.3. Processamento dos filmes

A imagem latente só se tornará visível e permanecerá estável após um


processamento químico adequado a que se submete o filme, que consiste
essencialmente nas seguintes operações:

1) Revelação

2) Lavagem intermédia

3) Fixação

4) Lavagem final

5) Secagem

7.3.1 Revelação

Quando se introduz a película no banho de revelação, os cristais de


halogénetos de prata que não foram impressionados pela radiação não
sofrem alteração, pelo contrário, o revelador actua rapidamente sobre os
cristais impressionados, reduzindo-os a prata. É esta prata que vai formar a
imagem.

Na revelação são importantes os seguintes factores:

1) Natureza do revelador

108
2) Temperatura do revelador

3) Tempo de revelação

4) Grau de exaustão do revelador

5) Agitação do revelador

6) Tipo de filme que se quer revelar

A temperatura e o tempo são as variáveis mais importantes na revelação.


Para um revelador frequentemente utilizado, recomenda-se, por exemplo,
um tempo de revelação de 5 minutos a uma temperatura de 20◦ C. O gráfico
indica o modo como varia o tempo de revelação com a temperatura.

Em certos climas, pode não ser possível manter a 20◦ C a temperatura do


banho de revelação. Neste caso, será necessário reduzir o tempo de
revelação de acordo com os valores indicados no gráfico. Contudo, se a
temperatura é superior a 24◦ C, a emulsão tende a deslocar-se da base e dar
origem a películas defeituosas.

Com fim de evitar isso, deve-se juntar ao revelador que tenha de ser
utilizado a temperaturas superiores a 24◦ C, sulfato de sódio cristalizado na
proporção de 105 g por litro de revelador. Neste caso, o gráfico tempo –
temperatura de revelação é o da figura.

109
Convém ainda notar que os filmes devem ser agitados durante os primeiros
30 segundos, a fim de permitir o desprendimento de eventuais bolhas
gasosas que, a manterem-se na superfície da película, iriam impedir uma
acção uniforme do revelador.

7.3.2. Lavagem intermédia

Completada a revelação, a película deve ser escorrida durante alguns


segundos sobre o tanque de revelação, para evitar uma perda excessiva de
revelador. Em seguida deve ser lavada, de preferência com agua corrente e
durante pelo menos um minuto, para ser retirado o excesso de revelador. É
aconselhável agitar a película durante a lavagem. Em substituição da
lavagem intermédia, pode-se introduzir a película num “banho de
paragem”, que neutraliza a acção do revelador.

7.3.3. Fixação

Esta é a ultima etapa do tratamento químico das películas e tem por


objectivo a fixação dos sais de prata impressionados, a eliminação dos sais
de prata não impressionados e o endurecimento da gelatina.
O tempo de duração da fixação, ao contrário do da revelação, não exerce
qualquer influência sobre os característicos da película, sendo normalmente
o dobro da revelação.

7.3.4. Lavagem final

Após a fixação, a emulsão está saturada de produtos químicos deste ultimo


banho, o qual, a permanecerem, provocam a descoloração da imagem. Para
se evitar este inconveniente, estes produtos devem ser removidos da

110
película, o que se consegue mediante uma lavagem, de preferência em água
corrente.
Como regra prática, pode-se dizer que em 10 minutos se faz uma lavagem
conveniente, se o caudal é suficiente para renovar a água do tanque 4 vezes
por hora, para temperaturas de água não inferiores a 10◦ C.

7.3.5 Secagem

Esta operação tem maior importância do que à primeira vista se poderia


supor, visto que é necessário evitar:

a) Qualquer acção mecânica sobre a gelatina húmida, muito sensível


nesta fase.

b) Que a película seja exposta a poeiras, muito difíceis de remover.

A película deve ser posta a secar naturalmente na atmosfera, ou caso se


queira uma secagem mais rápida, utiliza-se uma câmara especial de
secagem, na qual se cria uma corrente forçada de ar de ambos os lados da
película.

7.3.6. Câmara escura e Equipamentos

Na câmara escura, como é evidente, não deve entrar luz. Por esta razão, a
entrada deve ser um labirinto ou porta giratória. A entrada em labirinto é na
prática melhor solução, embora exija bastante espaço.

Na câmara escura utiliza-se uma iluminação especial enquanto recorre a


revelação e a fixação. Usam-se lâmpadas de luz branca inseridas em
suportes próprios, nos quais se colocam os filtros, normalmente de vidro
laranja ou vermelho. Os suportes são feitos de forma que não deixem
passar nenhuma luz branca.
É também de grande importância utilizar lâmpadas com a correcta
voltagem, pois embora a luz possa ter a cor apropriada, se for muito intensa
afecta a emulsão da película. A iluminação normal deve fazer-se por
intermédio de um interruptor de não muito fácil acesso, para reduzir o risco
de uma ligação acidental.

Na câmara escura devem-se estabelecer duas zonas: a zona seca e a zona


húmida.

111
Na zona seca procede-se ao trabalho de abertura das cassetes que contêm
os filmes e à colocação das películas nas grades. Estas grades feitas em
inox, permitem uma mais fácil movimentação das partículas na câmara
escura, sem serem tocadas pelos dedos do operador.

Na zona húmida, que deve ser do lado oposto a fim de evitar a


possibilidade das películas serem salpicadas com produtos químicos ou
água, encontram-se os recipientes com os banhos, normalmente agrupados
num conjunto.

7.3.7. Defeitos e causas prováveis

Quando a técnica radiográfica não é aplicada com os cuidados necessários,


obtém-se radiografias de baixa qualidade.

112
A seguir faz-se uma listagem dos defeitos mais vulgares e das suas
possíveis causas:

Radiografias com densidades elevadas:

1) Exposição elevada

2) Revelação prolongada ou feita a uma temperatura demasiado alta

3) Revelador mal preparado ou inadequado

Radiografias com densidades baixas:

1) Exposição insuficiente

2) Tempo de revelação insuficiente

3) Revelador mal preparado ou inadequado

Radiografias com contraste excessivo:

1) Radiação pouco penetrante

2) Exposição curta, compensada por uma revelação prolongada

3) Revelador mal preparado ou inadequado

Radiografias com pouco contraste:

a) Densidade correcta

1) Radiação muito penetrante

2) Exposição longa, compensada por uma revelação curta

3) Revelador mal preparado ou inadequado

4) Revelação prolongada num revelador frio

b) Densidade baixa

113
1) Revelação curta

2) Revelador exausto

3) Revelador mal preparado ou inadequado

Radiografias com falta de definição

1) Pequena distancia foco/filme

2) Distância filme/objecto excessiva

3) Movimentos ou vibrações da fonte ou do objecto durante a exposição

4) Foco demasiado grande

5) Mau contacto filme – ecran

6) Excesso de radiações difusas

Radiografias com coloração amarela

1) Revelação prolongada em revelador oxidado

2) Lavagem intermédia incorrecta

3) Exaustão do fixador

Radiografias com forte véu de fundo

1) Filme exposto involuntariamente à luz ou às radiações

2) Forte radiação difusa

3) Iluminação inadequada da câmara escura

4) Filme velho ou conservado em más condições

5) Revelador exausto ou inadequado

6) Cassete mal fechada

7) Filme exposto a temperaturas elevadas

114
8) Exposição muito curta compensada por uma revelação
excessivamente longa

Radiografias com manchas esbranquiçadas

1) Pequenas manchas redondas de contornos perfeitamente delimitados:

- O filme não foi agitado durante os 30 segundos iniciais de


revelação e, portanto, as bolhas gasosas aderentes ao filme
impediram que o revelador actuasse nesses locais

2) Manchas muito pequenas de contornos pouco nítidos:

- O filme teve uma lavagem intermédia insuficiente, de modo


que houve um desprendimento de anidrido carbónico na
emulsão, originado pela reacção dos produtos alcalinos do
revelador com os produtos ácidos do fixador.

3) Gotas de banho de fixação (ou banho de paragem) que caíram no


filme antes da revelação

4) Acções mecânicas sobre a película antes da exposição

5) Secagem rápida ou irregular do filme

6) Filme colado a outro ou ao recipiente durante a revelação

Radiografias reticuladas

1) Diferença excessiva de temperatura entre os banhos

Existe ainda outros tipos de defeitos, como, por exemplo, os originados por
dedadas e descargas de electricidade estática. Esta electricidade estática
acumula-se nos filmes e é originada pelo atrito, em atmosfera com pouca
humidade

115
7.4. Ecrãs Intensificadores

A intensidade da acção fotográfica da radiação x ou gama é função da


quantidade de energia absorvida pela emulsão da película. Esta quantidade
é cerca de 1% para as radiações de poder de penetração médio. Esta
percentagem aumenta substancialmente colocando o filme entre dois ecrãs
intensificadores. Estes, sob a acção de raios x ou gama, tornam-se
fluorescentes (ecoais intensificadores fluorescentes), ou emitem electrões
(ecoais intensificadores de chumbo). Consegue-se, assim, um efeito
fotográfico suplementar, pois a emulsão é sensível tanto à luz como aos
electrões.

Para se obterem boas imagens radiográficas, a película e os ecrãs devem


estar em contacto íntimo. O conjunto, película e ecrãs, é colocado dentro de
uma cassete, cuja função é não deixar passar a luz.

7.4.1. Ecrãs Fluorescentes

Os ecrãs intensificadores fluorescentes são constituídos por uma cartolina


com uma face recoberta por uma película de uma substância fluorescente,
quase sempre o Tungstato de cálcio.
A radiografia industrial utiliza principalmente dois tipos de ecrãs
fluorescentes:

a) Ecrãs de grande definição (grão fino)

b) Ecrãs de grande poder intensificador

A acção intensificadora destes últimos é, pelo menos, dupla da dos ecrãs de


grande definição.

7.4.1.1 Acção dos ecrãs intensificadores fluorescentes

Sob a acção da radiação x ou gama, os ecrãs emitem raios luminosos, a que


a película é sensível. Este efeito é proporcional à radiação. Daí resulta uma
intensificação da radiação actínica, bem como um aumento do contraste da
imagem.

116
Factor de intensificação =

Este factor varia entre 10 e 20 para os ecrãs de grande definição e é


aproximadamente igual a 100 para os ecrãs de maior poder intensificador.

7.4.1.2. Campo de aplicação

Estes ecrãs provocam uma diminuição de qualidade da imagem, tornando-a


menos nítida, por isso, utilizam-se somente quando se deseja evitar uma
exposição muito longa.

Os ecrãs fluorescentes são usados com películas especialmente destinadas a


este fim, e não devem ser empregues, nem com radiação x muito penetrante
(1000Kv), nem com radiação gama, devido à falta de nitidez da imagem
fluorescente que estas radiações produzem.

7.4.2. Ecrãs de Chumbo

Estes ecrãs são constituídos por uma cartolina com uma face recoberta por
uma fina camada de chumbo. A superfície metálica é polida, a fim de
favorecer o intimo contacto entre o ecran e a película.

7.4.2.1. Acção dos ecrans de chumbo

1) Absorção parcial da radiação primária pelo ecran anterior

2) Maior absorção de todos os raios de maior comprimento de onda e


dos raios oblíquos.

3) Sob a influência dos raios x e gama emitem radiação β (electrões)


que vai sensibilizar a película. Esta radiação, tanto mais intensa
quanto mais dura é a radiação, não produz véu de fundo.

117
7.4.2.2. Efeitos produzidos pelos ecrans de chumbo

1) Melhor definição dos pormenores, por eliminação da radiação difusa

2) Diminuição do tempo de exposição, no caso do efeito intensificador


ser maior que a diminuição devida à absorção da radiação primária
pelo ecran anterior. O factor de intensificação é normalmente inferior
a cinco. O efeito intensificador obtém-se somente quando se utiliza
uma radiação bastante dura.

7.4.2.3. Campo de aplicação

Os ecrans de chumbo utilizam-se para se obter uma melhor definição dos


pormenores e uma diminuição do tempo de exposição.

7.4.3. Ecrãs fluoro-metálicos

Além dos ecrans de chumbo e fluorescentes, existem também ecrans


fluoro-metálicos, que são uma combinação de ambos, reunindo, de certo
modo, as vantagens de uns e outros. Estes ecrans são constituídos por uma
cartolina, uma camada de chumbo e uma película fluorescente.

7.5. Sensibilidade radiográfica

É a capacidade para indicar por uma variação apreciável e bem definida da


densidade da película, uma pequena variação de espessura da peça (defeito
tipo poro, por exemplo), ou uma variação localizada de absorção (defeito
tipo escória, por exemplo).
Para se verificar a sensibilidade de uma radiografia, utilizam-se os
indicadores de qualidade de imagem (IQI).

Os indicadores podem ser constituídos por lâminas ou arames de diferentes


diâmetros e devem colocar-se do lado da fonte, em contacto com o objecto
que pretende radiografar. O material que é feito o IQI deve ser igual ao do
objecto a examinar.

118
A sensibilidade de uma radiografia pode vir expressa pelo número do
arame mais fino ainda visível ou em percentagem. Se, por exemplo, o
diâmetro do fio mais fino ainda perceptível na radiografia representa 5% da
espessura do objecto examinado, dir-se-á que a sensibilidade é de 5%.

Os IQI’s não permitem determinar a dimensão mínima dos defeitos


detectáveis, servindo unicamente como medida convencional da qualidade
da técnica radiográfica empregue.
Existem vários tipos de IQI, embora os mais utilizados entre nós sejam os
IQI – DIN 54109 (1962)

7.5.1. IQI – DIN 54109 (1962)

Estes indicadores são constituídos por séries de arames paralelos


equidistantes e de diferentes diâmetros. Estes diâmetros são decrescentes
segundo uma dada progressão e a cada um corresponde um enumero. Para
cada material, os arames estão agrupados em três indicadores de qualidade,
respectivamente do número 1 a 7, 6 a 12 e 10 a 16.

DIN 1/7 DIN 6/12 DIN 10/16


Diâmetro Diâmetro Diâmetro
Nº do arame Nº do arame Nº do arame
(mm) (mm) (mm)
1 3,20 6 1,00 10 0,40
2 2,50 7 0,80 11 0,32
3 2,00 8 0,63 12 0,25
4 1,60 9 0,50 13 0,20
5 1,25 10 0,40 14 0,16
6 1,00 11 0,32 15 0,13
7 0,80 12 0,25 16 0,10

119
A norma DIN 54109 prevê três classes de indicadores: uma para o aço
(ferro), outra para o alumínio (e ligas) e uma terceira para o cobre e zinco
(e suas ligas).

A qualidade de imagem é dada pelo arame mais fino ainda visível na


radiografia, desde que o indicador esteja colocado entre a fonte e o objecto
a examinar, e em intimo contacto com este último. O número desse arame
constitui uma medida da qualidade da imagem.

No que se refere à sensibilidade, a norma DIN 54109 classifica as


radiografias em duas categorias:

Categoria 1 – radiografias de sensibilidade elevada


Categoria 2 – radiografias de sensibilidade normal

O quadro seguinte permite determinar a categoria baseando-se em:

a) Qualidade da imagem pretendida

b) Espessura da peça a examinar

CATEGORIA 1 CATEGORIA 2
Nº do arame Nº do arame
Espessura (e) Espessura (e)
mais fino mais fino
em (mm) em (mm)
visível visível

120
0<e≤6 16 0<e≤6 14
6<e≤8 15 6<e≤8 13
8 < e ≤ 10 14 8 < e ≤ 10 12
10 < e ≤ 16 13 10 < e ≤ 16 11
16 < e ≤ 25 12 16 < e ≤ 25 10
25 < e ≤ 32 11 25 < e ≤ 32 9
32 < e ≤ 40 10 32 < e ≤ 40 8
40 < e ≤ 50 9 40 < e ≤ 60 7
50 < e ≤80 8 60 < e ≤80 6
80 < e ≤200 7 80 < e ≤150 5
150 < e ≤ 170 4
170 < e ≤ 180 3
180 < e ≤190 2
190 < e ≤ 200 1

Os IQI DIN 54109 são utilizados de acordo com o quadro seguinte:

Espessura (mm) IQI


0 a 25 10 / 16
15 a 25 6 / 12 ou 10 / 16
25 a 60 6 / 12
> 60 1/7

7.5.2. IQI ASTM

São constituídos por pequenas placas metálicas (aço, alumínio, cobre,


magnésio, etc.), com espessuras normalmente iguais a 2% da espessura do
material a radiografar. Estas placas trazem a indicação da espessura, em
milésimos de polegada, inscrita em números de chumbo, em relevo, e têm
pequenos orifícios circulares de diâmetros diferentes. Estes diâmetros são

121
múltiplos (1, 2, 4) da espessura da placa. A qualidade da imagem vem dada
pelo orifício mais pequeno ainda visível.

7.5.3. IQI BWRA

Estes indicadores são constituídos por placas com 4 ou 5 degraus de forma


quadrada de ½” de lado e espessuras crescentes. Em cada degrau existe
uma série de orifícios de igual diâmetro formando um número. Este
número permite conhecer a espessura do degrau (ex.: 1 = 0,01”). O número
correspondente à espessura mais pequena ainda visível na radiografia
determina a sensibilidade.

7.5.4. IQI AFNOR NF A04 – 304 – 1958

Estes IQI´s são constituídos por placas com degraus, em que as espessuras
variam segundo uma dada progressão. Em cada degrau existem um ou dois
orifícios de diâmetro igual à espessura. Os degraus de espessuras superiores
ou iguais a 0,8 mm só têm um orifício e os da espessura inferior a 0,8 mm
têm dois orifícios.

122
Para cada radiografia determina-se:

1) O numero (a) de orifícios visíveis na radiografia

2) O numero (b) de orifícios que seriam visíveis, se o limite de


visibilidade correspondesse a um orifício cujo diâmetro fosse
igual ou imediatamente superior a 5 % da espessura do material
radiografado.

OBS: Cada grupo de orifícios de igual diâmetro conta somente como uma
unidade para a determinação de (a) e (b).
O índice de visibilidade é dado pela fórmula:

N=a–b

O índice de visibilidade pode ser, por ordem decrescente de qualidade,


positivo, nulo ou negativo.

7.6. Contraste e definição

As radiografias devem ter a sensibilidade suficiente que permita detectar os


pequenos defeitos.

123
A sensibilidade depende:
- Do contraste
- Da definição da imagem

O contraste depende:
- Do material que constitui o objecto
- Da radiação
- Dos filmes utilizados
- Do processamento dos filmes

A definição da imagem radiográfica, depende:


- Das dimensões da fonte.

Para se obterem radiografias de boa qualidade, apresentam-se em seguida


algumas regras práticas:

1) Utilizar radiações com o maior comprimento de onda que ainda


permita uma penetração suficiente.

2) Afastar ao máximo a fonte de radiações, mas de modo a obterem-se


tempos de exposição aceitáveis.

3) Reduzir ao máximo a difusão

4) Utilizar filmes de alto gradiente, que permitam tempos de exposição


aceitáveis.

5) Utilizar criteriosamente os ecrans, principalmente os de chumbo.

124
6) Revelar os filmes nas condições indicadas pelos fabricantes

8. CONTROLO RADIOGRAFICO

Uma boa radiografia deve produzir da melhor maneira as descontinuidades


da matéria. Para isso, é necessário uma distorção mínima, alto contraste da
imagem e boa definição com uma suficiente sensibilidade.

8.1 Considerações gerais sobre a preparação do trabalho

Antes de iniciar o trabalho radiográfico:

-deve-se escolher os filmes (com ou sem ecrã), de preferência de grão fino.


-No caso dos raios x, deve-se determinar a tensão do tubo de raios x,
encontrando um compromisso entre a limitação do contraste e o aumento
do poder de penetração.

-O tempo de exposição pode ser reduzido aumentando a intensidade (mA)

Obs:
Em alguns aparelhos de raios x, a intensidade é pré-regulada e não pode ser
modificada.

Por razões económicas e devido ao aquecimento do tubo de raios x, deve-se


limitar ao máximo o tempo de exposição.

No caso dos raios gama, devem-se utilizar fontes com uma actividade (Ci),
que permita tempos de exposição aceitáveis. O ideal seria conseguirem-se
tempos de exposição de 2 a 3 minutos.

8.1.1. Distância fonte/filme

Como a intensidade da radiação vária na razão inversa do quadrado da


distância fonte/filme, o tempo de exposição reduz-se rapidamente
diminuindo essa distância.

125
A diminuição da distância fonte/filme só é possível até um determinado
limite, para evitar:

a) Uma penumbra excessiva com a consequente perda de definição

b) Uma grande diferença de densidade entre a zona central e as


extremidades do filme, devido às diferentes espessuras atravessadas
(inclinação dos raios periféricos)

Num trabalho de muito boa qualidade, a diferença de espessuras


atravessadas não deve exceder 10%

Na prática admitem-se valores de 15% a 20%

8.1.2. Determinação da exposição

É do maior interesse possuir diagramas de exposição exactos, estabelecidos


com base em experiências efectuadas nas mesmas condições da prática.

Os diagramas de exposição são feitos para:

a) Uma determinada densidade

b) Um determinado tipo de película

c) Um determinado material

O diagrama depende:

126
1) Do tipo de aparelho de raios x ou da fonte radioactiva

2) Da distancia fonte/filme

3) Do material

4) Do tipo de filme utilizado

5) Do tipo de ecrãs intensificador

6) Da densidade escolhida

7) Da revelação

8.2. Diagrama da exposição

Para se conseguir fazer um diagrama de exposição é necessário uma cunha


com degraus. Deve ser feito do mesmo material para o qual se deseja
estabelecer o diagrama. O aumento de espessuras de cada degrau para o
seguinte é constante.

Considera-se o seguinte exemplo:

1) Aparelho - Circuito auto-rectificador

- Tensões de 60 a 200 kV

- Corrente catódica de 2 a 5 mA

2) Distancia foco/filme de 80 cm

3) Material: Aço

4) Ecrans intensificadores: nenhum

5) Película: Classe 3 (ASTM)

127
6) Densidade: 2

7) Revelação: 5 minutos a 20◦ C

8.2.1. Exposição

Com a corrente de 4 mA, por exemplo, e um tempo de exposição de 30


segundos (2 mA/min), tiram-se radiografias da cunha em degrau, usando as
seguintes quilovoltagens: 75, 90, 105, 135, 150, 165, 180 e 195.

Em cada radiografia utiliza-se somente uma pequena banda da película.


Repete-se, em seguida, esta operação com uma corrente de 5 mA e um
tempo de exposição de 10 min (50 mA/min).

8.2.2. Medição das densidades

Após a revelação, medem-se as densidades das radiografias, utilizando um


densitómetro.

8.2.3. Diagramas preliminares

Nestes diagramas colocam-se as densidades obtidas em ordenadas e as


espessuras correspondentes em abcissas.

Os pontos correspondentes a uma dada tensão, são unidos por uma linha.

Deste modo, obtém-se um primeiro diagrama para 2 mA/min e um segundo


para 50 mA/m.

128
8.2.4. Diagrama intermédio

A partir dos diagramas preliminares pode-se construir o diagrama de


exposição, mas, para evitar qualquer erro acidental, constrói-se em
primeiro lugar, para a densidade 2, um diagrama intermédio, colocando em
abcissas as espessuras (em mm) e em ordenadas as tensões (em kV).
Em seguida unem-se os pontos correspondentes a uma mesma série de
exposições. Desta forma obtém-se o diagrama intermédio.

8.2.5. Diagrama de exposição

Emprega-se de preferência papel milimétrico, com as ordenadas em escala


logarítmica e as abcissas em escala aritmética. Coloca-se em abcissas os
valores (em mm) das espessuras do material e em ordenados os valores das
exposições (em mA/min). Para uma dada tensão (por exemplo 150 Kv)
determina-se, empregando o diagrama intermédio, as espessuras
correspondentes a 2 mA/min e 50 mA/min, ou seja, 4, 5, e 15,2 mm.

129
Obtém-se assim os pontos A e B. Em seguida traça-se uma recta para unir
estes dois pontos. Esta recta indicará, para outras exposições à tensão de
150 Kv, a espessura do material para o qual se obtêm a densidade 2. Para
outras tensões proceder-se-á da mesma forma.

8.2.6. Utilidade dos diagramas de exposição

Os diagramas de exposição permitem poupar tempo e são uma garantia de


eficácia. Com o seu uso, evita-se empirismo nos trabalhos que fujam um
pouco da rotina diária. Convém não esquecer que dois aparelhos de raios x
do mesmo tipo, podem ter diagramas de exposição diferentes. Por isso, é
necessário verificar se o diagrama que acompanha o aparelho corresponde
à realidade. Este trabalho serve, além do mais, de excelente rodagem, tendo
em vista a sua posterior utilização.

8.3. Raios gama

Para os raios gama não é vulgar a utilização de diagramas de exposição. Na


prática, devido à facilidade de manejo, empregam-se réguas de cálculo que
permitem o cálculo de exposições com rapidez e suficiente exactidão.

8.4. Exame de películas

A densidade de imagem radiográfica deve ser:

130
1) Compreendida entre 1,3 e 3 para as películas com ecrans
fluorescentes

2) Superior a 1,3 (normalmente entre 2 e 3) para as películas com ou


sem ecrans de chumbo.

Para se poder fazer uma observação conveniente das películas


radiográficas, é necessário um certo número de condições. Algumas delas
são a seguir descritas.

1) Iluminação do negatoscópio

A iluminação do negatoscópio deve ser regulável para se poder


adaptar à densidade das películas.

2) Cor da luz

A cor branca é normalmente utilizada

3) Difusão da luz

A luz proveniente do negatoscópio deve ser difusa

4) Luz ambiente

As películas devem ser examinadas em locais com pouca luz


ambiente e, de preferência, na câmara escura.

Ao observar-se uma película radiográfica, é sempre necessário conhecer a


espessura do material examinado e verificar se a imagem do IQI utilizado é
visível de acordo com a norma respectiva.

9. TÉCNICAS RADIOGRAFICAS

9.1. Filtros

As radiações de maior comprimento de onda, são proporcionalmente mais


absorvidas e são também as que provocam mais difusão, por isso, devem-se

131
procurar eliminar utilizando filtros. O poder de filtragem diminui
progressivamente desde o chumbo até ao aço, passando pelo cobre e pelo
zinco.

Na curva de absorção logarítmica indicada em 2.4.4. verifica-se que um


filtro do mesmo material da peça a examinar, só será util se a espessura do
material for menor que a correspondente ao ponto de homogeneidade. Toda
a espessura suplementar deste material, absorve a radiação sem a filtrar. O
emprego de filtros de materiais mais densos, permite uma filtragem mais
eficaz.

9.1.1. Posição do filtro

O filtro é colocado entre o objecto e a fonte, ou entre o objecto e a película.


Neste ultimo caso, tem por objectivo essencial eliminar os raios difusos.
Com o fim de reduzir, na medida do possível, os efeitos da radiação difusa,
utiliza-se um diafragma (raios x) ou um colimador (raios gama)

9.1.2. Efeitos de filtragem

a. Filtro colocado entre a fonte de raios x e o objecto

Obtém-se uma radiação primária mais dura. Daí resulta uma


diminuição do contraste e também uma diminuição da
penumbra. A qualidade da imagem é a resultante do
compromisso entre a atenuação do contraste e a eliminação da
penumbra.

b. Filtro colocado entre o objecto e a película

O filtro tem por função essencial reduzir a radiação difusa


provocada pelo objecto, que é proporcionalmente mais
absorvida que a radiação primária.

A absorção selectiva é devida a dois factores:

132
1. O poder de absorção do filtro é maior para as radiações de
maior comprimento de onda que para as radiações mais
penetrantes.

2. Os raios difusos, ao atravessarem o filtro em diagonal,


percorrem um caminho mais longo que a radiação primária e,
portanto, sofrem uma maior absorção.

Observação: A diminuição do contraste é desejável quando se pretende


obter numa só película a imagem radiográfica de um objecto que apresente
grandes diferenças de espessura. Neste caso, ao diminuir o contraste, evita-
se a sobre exposição das zonas de menor espessura e a sub-exposição das
zonas mais espessas do objecto.

9.2. Radiografia de objectos que apresentam grandes


diferenças de espessura

Neste caso podem-se utilizar várias técnicas:

a) Utilizar simultaneamente duas películas de velocidades


diferentes. É a técnica mais prática e simples.

b) Realizar duas exposições com películas de velocidade igual.


Uma exposição para a zona mais espessa e outra para a zona
menos espessa.

c) Utilizar dispositivos compensadores constituídos por um


material homogéneo e absorvente, ou colocar o objecto num
meio (líquido, grãos metálicos, pasta) cujo poder de absorção
seja praticamente igual ao do objecto.

d) Utilizar filtros de chumbo, cobre ou estanho, por exemplo:

133
9.3 Difusão

A difusão diminui o contraste em virtude da penumbra uniforme que tende


a criar. Por isso, é necessário eliminá-la utilizando os meios já descritos.

Existe um teste para determinar a importância da radiação retro difundida,


que consiste em colocar uma letra (por exemplo B) em chumbo no filme,
do lado oposto à fonte.

As dimensões desta letra podem ser aproximadamente 12mm de altura e


2mm de espessura.

Se a imagem desta letra não aparecer nos filmes, é porque a radiação


rectrodifundida não é importante.

Se aparecer, será necessário utilizar, por exemplo, uma placa de chumbo de


espessura conveniente, para eliminar estas radiações e impedir o
aparecimento da imagem da letra no filme.

9.4. Determinação da profundidade de um defeito

A profundidade de um defeito pode determinar-se com precisão, para isso,


é necessário colocar uma marca de chumbo sobre o objecto a examinar e
fazer duas exposições numa só película, colocando a fonte sucessivamente
nos pontos A e B.

134
O tempo de cada uma das exposições deve ser aproximadamente metade do
de uma exposição normal. Obtém-se assim duas radiografias sobrepostas.

Em seguida, medem-se as distâncias G1 e G2 em que G1 é a distância entre


duas projecções do defeito.

Conhecida a espessura D do material, pode-se calcular o valor “d” a partir


da fórmula:
d=D

10. CONTROLO DE SOLDADURAS

10.1. Preparação da superfície

A preparação das superfícies a examinar pode não ser necessária para se


obterem boas radiografias, porém, se as irregularidades da superfície do
cordão de soldadura dificultarem a detecção de defeitos internos, então é
necessário eliminá-las, utilizando normalmente a rebarbagem. A
rebarbagem do cordão deverá ser feita de modo a não produzir, em caso
algum, o efeito do entalhe.

10.2. Identificação das radiografias

Em todas as zonas a radiografar devem ser colocadas letras ou números em


chumbo para identificação das radiografias obtidas. Estas letras ou números
são colocados no objecto a radiografar do lado da fonte de radiação, de
forma que sejam perfeitamente visíveis na radiografia.

135
Em cada radiografia deve aparecer o numero de ordem do trabalho, o
numero de soldadura e, se possível, uma escala que tem por fim a rápida
localização de defeitos na soldadura.

Ao radiografar uma soldadura na totalidade, quando são necessários vários


filmes, estes devem ter uma zona de sobreposição suficiente, de modo a
ter-se a certeza que não ficou nenhuma zona por examinar.

10.3 Posição fonte/filme

O posicionamento do filme e da fonte de radiação é função da forma,


dimensões e acesso da junta soldada

10.4. Juntas planas

Este caso não apresenta qualquer dificuldade, pois, em geral, a junta tem
acesso pelos dois lados e portanto o posicionamento da fonte e do filme é o
indicado na figura.

136
As soldaduras de canto podem ser consideradas como um caso particular
das juntas planas. Contudo, pode ser necessário a utilização de cunhas
(dispositivos compensadores) para uniformizar as espessuras atravessadas
pela radiação.

137
10.5. Juntas circulares

Técnica de parede simples

Em tubos ou aparelhos com um diâmetro tal que permita um fácil acesso do


equipamento de radiação pelo interior, utiliza-se uma exposição
panorâmica. Este tipo de exposição só se utiliza, em geral, para diâmetros
iguais ou superiores a 80cm para a radiação x.

Quando o diâmetro do aparelho ou do tubo o permita, poder-se-á colocar o


filme no interior e o equipamento de radiações no exterior, de forma que o
eixo do feixe seja perpendicular à junta soldada.

Técnica de dupla parede

a) Tubos ou peças de diâmetro inferior a 75mm (3”). Neste caso, a


disposição do filme e da fonte está indicada na figura.

São necessárias no mínimo duas exposições a 90◦ e a fonte é


colocada para que o eixo do feixe de radiações fique inclinado em
relação ao tubo e passe pelo centro da circunferência que contém a
soldadura. A imagem obtida é uma elipse.

138
b) Tubos ou peças de diâmetro igual ou superior a 75mm (3”)

É o caso indicado na figura.

A técnica de dupla parede apresenta algumas limitações devidas às


espessuras que têm de ser atravessadas pelas radiações, Foi
estabelecido como limite prático para esta técnica, uma espessura de
40mm (1,6”) e um diâmetro exterior de 610mm (24”).

Contudo, não há qualquer inconveniente em utilizar esta técnica para


espessuras e diâmetros superiores aos indicados. Mas obrigará à
utilização de fontes de radiação ou máquinas de raios x com
actividades ou potencias muito grandes, para que os tempos de
exposição não sejam muito longos, o que implica utilizar
equipamentos não portáteis.

139
10.6. Colocação do IQI – DIN 54109 (1962)

Os indicadores de qualidade de imagem (IQI) servem, como já se viu, para


determinar a qualidade da imagem radiográfica. Em princípio, o IQI deve
ser sempre colocado do lado da fonte de radiações. Só no caso em que isso
não seja possível, é que será colocado do lado do filme.

A sua posição correcta é sempre numa das extremidades da película e


disposto transversalmente ao cordão de soldadura. O fio mais fino deve
estar do lado da extremidade da película.

10.7. Número de filmes

O número de filmes utilizados na radiografia de tubos depende do seu


diâmetro e espessura, e da dimensão dos filmes. Apresenta-se a seguir uma
tabela que estabelece o número e dimensões dos filmes em função do
diâmetro do tubo e suas espessuras:
Tabela de filmes por diâmetro e espessura do tubo

Diâmetro Espessura Filmes


Nominal Nominal Quantidade Dimensão
1” 2,0 / 5,0 2 10 / 12
1 ½” 2,0 / 5,2 2 10 / 12
2” 2,0 / 6,3 2 10 / 12
2,0 / 5,0 2 10 / 12
2 ½”
5,1 / 11,0 3 10 / 12
3” 2,0 / 11,0 3 10 / 12
4” 2,0 / 15,0 4 10 / 24
6” 2,0 / 18,0 4 10 / 24
8” 2,0 / 22,0 4 10 / 24
10 / 24 Ou 10 /
2,0 / 24,0 2
10” 48
28,0 5 10 / 24
2,0 / 25,0 4 10 / 48
12”
30,0 / 34,0 5 10 / 48
14” / 38,0 4 10 / 48
16” 2,0 /26,0 4 10 / 48
20” 2,0 / 17,5 4 10 / 48

140
24” 2,0 / 17,5 5 10 / 48
28” 2,0 / 17,5 5 10 / 48
32” 2,0 / 17,5 6 10 / 48
36” 5,1 / 17,5 8 10 / 48
40” 5,1 / 17,5 9 10 / 48
48” 5,1 / 17,5 10 10 / 48
56” 5,1 / 17,5 12 10 / 48
64” 5,1 / 17,5 13 10 / 48

11. INTERPRETAÇAO

11.1. Introdução

Não basta identificar os defeitos detectáveis no filme, é também necessário


verificar se o filme foi obtido em condições que permitam o aparecimento
de todos os defeitos existentes na peça. Nestas condições, qualquer exame
de um filme deve ser procedido de um exame de técnica radiográfica
utilizada, de modo a verificar se é a correcta.

11.2. Descrição de defeitos

Os defeitos mais frequentes nas juntas soldadas são:

Porosidade: cavidades devidas a inclusões gasosas

141
Inclusões de escória: escória ou outro material estranho aprisionado
durante o processo de soldadura

Falta de fusão: defeito bidimensional devido a uma falta de ligação


entre o metal base e o metal de adição

Falta de penetração: é, na realidade, uma falta de fusão na raiz da


soldadura

142
Fissuras: são descontinuidades produzidas por rotura do metal

Bordos queimados: têm o aspecto de uma ranhura ou garganta na


superfície da peça ao longo do bordo da soldadura

Observação:

Convém notar que a imagem de qualquer defeito no filme radiográfico,


corresponde à projecção desse defeito no filme, paralelamente à direcção
das radiações incidentes.

12. Critérios de aceitação

A radiografia deve ser utilizada para garantir uma qualidade da junta


soldada, conseguida com uma correcta técnica de soldadura e que a
experiência demonstrou ser suficiente para que, em caso algum, não entre
em colapso ao ser submetida às condições de serviço.

Este é o objectivo pretendido por todos os códigos que estabelecem


critérios de aceitação radiográfica.

Contudo, estes critérios são arbitrários, pois não possuem um fundo


científico.

143
Na prática, as fissuras, a falta de fusão e penetração não são admissíveis em
juntas soldadas de alta qualidade, por nenhum código em vigor, mas em
relação à porosidade e inclusões de escória, os limites de aceitação são os
mais variados.

144
1. INTRODUÇAO........................................................................................................................................2
1.1 DESCOBERTA E EVOLUÇAO DOS RAIOS X..............................................................................2
1.2 APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES DA RADIOGRAFIA....................................................................3
1.2.1 Aplicação da radiografia............................................................................................................3
1.2.2 Vantagens da radiografia........................................................................................................4
1.2.3 Limitações da radiografia.......................................................................................................4
2. ORIGEM E NATUREZA DA RADIAÇÃO.........................................................................................5
2.1 ESTRUTURA DO ÁTOMO...............................................................................................................5
2.2 MATERIAIS RADIOACTIVOS........................................................................................................................9
2.3 CARACTERÍSTICAS DOS RAIOS X E DOS RAIOS GAMA.....................................................................................19
2.4 INTERACÇÃO COM A MATÉRIA – ABSORÇÃO E DISPERSÃO..............................................................................28
2.5 RADIAÇÃO DE NEUTROES, ALFA E BETA..............................................................................43
3. CONCEITOS BÁSICOS.......................................................................................................................63
3.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................63
3.1.1 Princípio Fundamental (absorção diferencial)........................................................................63
3.1.2 Princípios genéricos de formação de imagem..........................................................................64
3.1.2.1 Ampliação........................................................................................................................................65
3.1.2.2 Definição da imagem – Penumbra e seus limites..............................................................................65
3.1.2.3 Distorção da imagem........................................................................................................................66
3.1.2.4 Penumbra.........................................................................................................................................66
3.1.2.5 Lei do quadrado das distâncias.........................................................................................................68
4. FONTES RADIAÇÃO IONIZANTE...................................................................................................69
4.1. RAIOS X.............................................................................................................................................69
4.1.1 Regulação da intensidade dos raios x......................................................................................72
4.1.2 Regulação da qualidade dos raios x.........................................................................................72
4.2 RAIOS GAMA (Γ)...................................................................................................................................72
4.3 UNIDADES............................................................................................................................................74
4.4 PROPRIEDADES DAS RADIAÇÕES IONIZANTES..............................................................................................76
4.4.1. Absorção – Difusão..................................................................................................................76
4.4.1.1 Efeito fotoeléctrico (quanta de 0,5 Me V ou menos)........................................................................76
4.4.1.2 Efeito Compton (quanta de 0,1 a 10 Me V)......................................................................................76
4.4.1.3 Formação de pares (quanta de 1,02 Me ou mais)..............................................................................77
4.4.2 Difusão – Emissão Secundária.................................................................................................77
4.4.3 Absorção da radiação Monocromática....................................................................................78
4.4.4 Absorção da radiação policromática.......................................................................................80
4.4.5 Ionização...................................................................................................................................81
4.4.6 Efeito fotográfico......................................................................................................................81
4.4.7 Fluorescência e Fosforescência...............................................................................................81
5. CONTROLO DAS RADIAÇÕES........................................................................................................82
5.1 EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO..........................................................................................................82
5.2 DETECÇÃO DE RADIAÇÕES E NORMAS DE SEGURANÇA..................................................................................82
5.2.1 Sistema de detecção e instrumentos de medida........................................................................82
5.2.1.1 Dosímetro de filme...........................................................................................................................83
5.2.1.2 Dosímetro de caneta.........................................................................................................................84
5.2.1.3 Dosímetros Termoluminescentes.....................................................................................................85
5.2.1.4 Câmara de ionização........................................................................................................................85
5.2.1.5 Contador Geiger...............................................................................................................................86
5.2.2 Dose de radiação......................................................................................................................86
5.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PROTECÇÃO CONTRA RADIAÇÕES..............................................................................88
5.3.1 Influência da duração da exposição.........................................................................................88
5.3.2 Influência da distância..............................................................................................................88
5.3.3 Influência de uma barreira de protecção.................................................................................88

145
5.4 DOSE MÁXIMA ADMISSÍVEL PARA OS OPERADORES.......................................................................................90
5.5 PROTECÇÃO INDIVIDUAL.........................................................................................................................91
6. EQIPAMENTO RADIOGRAFICO.....................................................................................................91
6.1 APARELHOS DE RAIOS X ........................................................................................................................91
6.1.1 Tipos de tubos de raios x .........................................................................................................92
6.1.1.1 Tubos bipolares................................................................................................................................92
6.1.1.2 Tubos unipolares..............................................................................................................................93
6.1.2 Tipos de geradores para aparelhos de raios x.........................................................................93
6.1.2.1 Circuito auto-rectificador.................................................................................................................94
6.1.2.2 Circuito Villard................................................................................................................................94
6.1.2.3 Circuito Graetz.................................................................................................................................95
6.1.2.4 Circuito Greinacher..........................................................................................................................95
6.1.2.5 Quadro comparativo.........................................................................................................................96
6.1.3 Considerações gerais sobre os equipamentos de Raios X........................................................97
6.1.3.1 Invólucro exterior.............................................................................................................................97
6.1.3.2 Painel de controlo.............................................................................................................................97
6.1.4. Classificação dos equipamentos..............................................................................................98
6.2 EQUIPAMENTOS DE RAIOS GAMA..............................................................................................................99
6.3. COMPARAÇÃO ENTRE RAIOS X E Γ..........................................................................................................101
7. CONTROLO RADIOGRAFICO.......................................................................................................102
7.1 FILME................................................................................................................................................102
7.1.1 Imagem Latente.......................................................................................................................103
7.2 SENSITOMETRIA..................................................................................................................................103
7.2.1 Densidade (fotográfica)..........................................................................................................103
7.2.2. Contraste................................................................................................................................103
7.2.3 Exposição................................................................................................................................104
7.2.4. Curvas características dos filmes..........................................................................................104
7.2.5 Contraste do filme (gradiente)................................................................................................106
7.2.6. Latitude..................................................................................................................................107
7.2.7. Tipos de filmes.......................................................................................................................107
7.3. PROCESSAMENTO DOS FILMES................................................................................................................108
7.3.1 Revelação................................................................................................................................108
7.3.2. Lavagem intermédia...............................................................................................................110
7.3.3. Fixação..................................................................................................................................110
7.3.4. Lavagem final.........................................................................................................................110
7.3.5 Secagem..................................................................................................................................111
7.3.6. Câmara escura e Equipamentos............................................................................................111
7.3.7. Defeitos e causas prováveis...................................................................................................112
7.4. ECRÃS INTENSIFICADORES....................................................................................................................116
7.4.1. Ecrãs Fluorescentes...............................................................................................................116
7.4.1.1 Acção dos ecrãs intensificadores fluorescentes..............................................................................116
7.4.1.2. Campo de aplicação......................................................................................................................117
7.4.2. Ecrãs de Chumbo...................................................................................................................117
7.4.2.1. Acção dos ecrans de chumbo........................................................................................................117
7.4.2.2. Efeitos produzidos pelos ecrans de chumbo..................................................................................118
7.4.2.3. Campo de aplicação......................................................................................................................118
7.4.3. Ecrãs fluoro-metálicos...........................................................................................................118
7.5. SENSIBILIDADE RADIOGRÁFICA..............................................................................................................118
7.5.1. IQI – DIN 54109 (1962)........................................................................................................119
7.5.2. IQI ASTM...............................................................................................................................121
7.5.3. IQI BWRA..............................................................................................................................122
7.5.4. IQI AFNOR NF A04 – 304 – 1958.........................................................................................122
7.6. CONTRASTE E DEFINIÇÃO.....................................................................................................................123
8. CONTROLO RADIOGRAFICO.......................................................................................................125
8.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A PREPARAÇÃO DO TRABALHO....................................................................125
8.1.1. Distância fonte/filme..............................................................................................................125
8.1.2. Determinação da exposição...................................................................................................126
8.2. DIAGRAMA DA EXPOSIÇÃO....................................................................................................................127

146
8.2.1. Exposição...............................................................................................................................128
8.2.2. Medição das densidades........................................................................................................128
8.2.3. Diagramas preliminares........................................................................................................128
8.2.4. Diagrama intermédio.............................................................................................................129
8.2.5. Diagrama de exposição.........................................................................................................129
8.2.6. Utilidade dos diagramas de exposição..................................................................................130
8.3. RAIOS GAMA......................................................................................................................................130
8.4. EXAME DE PELÍCULAS..........................................................................................................................130
9. TÉCNICAS RADIOGRAFICAS........................................................................................................131
9.1. FILTROS............................................................................................................................................131
9.1.1. Posição do filtro.....................................................................................................................132
9.1.2. Efeitos de filtragem................................................................................................................132
9.2. RADIOGRAFIA DE OBJECTOS QUE APRESENTAM GRANDES DIFERENÇAS DE ESPESSURA......................................133
9.3 DIFUSÃO............................................................................................................................................134
9.4. DETERMINAÇÃO DA PROFUNDIDADE DE UM DEFEITO..................................................................................134
10. CONTROLO DE SOLDADURAS...................................................................................................135
10.1. PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE...............................................................................................................135
10.2. IDENTIFICAÇÃO DAS RADIOGRAFIAS......................................................................................................135
10.3 POSIÇÃO FONTE/FILME........................................................................................................................136
10.4. JUNTAS PLANAS................................................................................................................................136
10.5. JUNTAS CIRCULARES .........................................................................................................................138
10.6. COLOCAÇÃO DO IQI – DIN 54109 (1962).......................................................................................140
10.7. NÚMERO DE FILMES..........................................................................................................................140
11. INTERPRETAÇAO..........................................................................................................................141
11.1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................................141
11.2. DESCRIÇÃO DE DEFEITOS....................................................................................................................141
12. CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO.......................................................................................................143

147

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