You are on page 1of 3

Um diálogo sobre a Educação Inclusiva

2008

Plínio Alexandre dos Santos Caetano*

Falar de Educação Especial no Brasil implica em pensar e repensar a prática

docente. Afinal, o que há de mais importante do que o papel de um professor? Foi-se a

época em que o professor era alguém com o simples e correto estigma de transmissão do

conhecimento de forma isenta e com caráter de estímulo à criticidade de seus alunos. Este

ideal está bem guardado no passado.

O plano de aula, a proposta de ensino, o currículo. Todo o percurso seguido por

um aluno durante sua vida ‘acadêmica’ não é nulo de interferências sócio-político-culturais,

por mais que assim o queiramos.

Ao professor compete ensinar aquilo que seu empregador lhe outorga

indiscriminadamente e sem maiores reflexões – uma por isto poder lhe custar o pão de cada

dia; outra devido as grande número de aulas que tem pela frente ao começar o dia.

Mas, retomemos ao enfoque inicial de nossa conversa, caro leitor.

O presente texto lhe vem comentar um pouco sobre a Educação Especial, haja em

vista que esta tem sido bastante discutida pela mídia e de modo bastante polêmico.

Bem, principiemos pela seguinte definição: educação especial é necessária a

quem? Pode parecer uma simples pergunta para uma resposta simples, mas venhamos e

convenhamos, nem tudo é o que parece ser, não é mesmo?!!?!

A educação especial não é para aquelas palavras bonitas que muitos educadores

usam para definir seus educandos: não é para deficientes, ‘especiais’, etecetera e tal.

A educação especial é para aqueles que requerem necessidades educacionais

especiais. Este seria o termo mais correto. E o que viriam a ser estas necessidades?

1
Um diálogo sobre a Educação Inclusiva

Agora sim podemos falar sobre o assunto, já empregamos a terminologia mais

adequada possível e estamos passíveis de entrarmos no conveniente acordo de idéias.

Entende-se com um aluno com estas ditas ‘necessidades’ educacionais especiais,

todo e qualquer indivíduo que se enquadre nos seguintes grupos:

1 – Apresentem dificuldades de aprendizagem, ou acompanhamento no processo

de ensino-aprendizagem à sua turma ou respectivos à sua idade escolar;

2 – Apresentem um alto grau de desenvolvimento, que os coloque acima dos

parâmetros esperados à sua faixa etária (também conhecido como superdotado).

É importante notar que essa dificuldade / facilidade de aprendizagem pode se dar

nos aspectos artísticos, lógicos e ou lingüísticos. Agora vamos retomar o início deste texto,

para pensarmos no Brasil. O que acontece no Brasil é uma inclusão progressiva, mas,

acanhada.

Não dá para colocarmos todos os alunos com as necessidades especiais dentro das

escolas que não estão preparadas para seu recebimento. Afinal, este é o grande problema da

Educação do país. Ela não comporta o novo, que nem ao menos é algo novo de verdade. Há

quem defenda em uma inclusão imediata, dizendo que as escolas se adaptarão; há quem

defenda uma implementação parcial até que se atinja um nível coerente. E há o meio termo:

usemos o velho modelo de educação, sendo modificado aos poucos.

A questão que aqui se coloca é a seguinte: está um professor, numa turma de quase

50 alunos (mesmo que a lei diga que o máximo é 40, há escolhas que ultrapassam e muito

este percentual) hábil para dispensar atenção especial a um aluno, ou melhor, é isso que ele

deve fazer? O objetivo da educação inclusiva é que o professor faça com que socialmente o

aluno com as necessidades especiais conviva e participe tanto quanto os alunos comuns.

Aqui está o grande ‘X’ da questão: isto depende do tipo e do nível de dificuldades

2
apresentadas pelo aluno. Há o fator da temporalidade e como o aluno se arranja com o

conhecimento. Muitas vezes é necessário o acompanhamento por toda uma equipe; mas há

casos e casos. Não deve o educador abdicar de seu aluno e passá-lo a uma equipe de

cuidados médicos, psicológicos ou mesmo fisioterapêuticos; e sim jamais desistir de seu

aluno.

Assim, talvez o tema seja mais geral – não um problema específico do país, mas

de âmbito internacional. A Declaração dos Direitos Humanos dá margem à que todos os

indivíduos sejam vistos de modo igual, perante aos outros de sua espécie. Ótimo. Temos a

premissa para uma vida igualitária.

A real verdade é que sem a inclusão, não há como muitos seres Humanos

praticarem o que há de mais nobre e belo na sua vida: o ato da cidadania.

Independente do tipo de necessidade de cada um, somos todos iguais. A

responsabilidade pela diferença, mais uma vez, está nas mãos dos educadores.

Vença mais esta Brasil!

*Plínio Alexandre dos Santos Caetano (20) é terceiranista de Licenciatura em Química (FFCLRP – USP)

pliniopasc@gmail.com

You might also like