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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ - UENP

ALINE NYILAS
ANA LÚCIA
ANA PAULA
CAMILA HOSHINA
FERNANDA CUNHA
FERNANDA ROTIROTI
LARISSA FURLAN
MARCELI ROCHA
MARIANE SOUZA
MAYARA ALENCAR

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

JACAREZINHO
2009
TOMOGRAFIA

1. HISTÓRICO

Falar de tomografia computadorizada é falar de Rontgen, seus


trabalhos e as dificuldades inerentes ao exame do corpo humano. Ver por dentro
sempre foi o grande objetivo, isto é, sem abrir o paciente. Objetivo que começou a
se tornar realidade com os raios X, melhorou com a ultra-sonografia e que teve
grande salto de qualidade quando alguém resolveu tentar acoplar um computador
a cristais sensíveis a radiações para construir imagens do interior do corpo. Hoje é
desse alguém, ou "desses alguéns" que pretendo falar e lembrar. Também se
deve agradecer aos detentores de direitos autorais de imagens e textos
previamente publicados, que generosamente autorizaram sua reprodução.
Agradeço a autorização para reprodução de imagens e texto da Nobel Foundation
e da American Mathematical Society. Desde a sua descoberta, no final do século
passado, os raios X têm sido utilizados como método de diagnóstico em medicina,
através da radiografia e da radioscopia. Com o passar dos anos, o diagnóstico
radiológico passou por significativo avanço tecnológico, pela produção de
aparelhos de maior potência e qualidade, resultando em melhor aproveitamento
da radiação. Um dos momentos mais importantes dessa evolução foi a introdução
do computador, utilizado para a realização de cálculos matemáticos a partir da
intensidade dos fótons de raios X. Ambrose e Hounsfield, em 1972, apresentaram
um novo método de utilização da radiação para medir descontinuidade de
densidades, obtendo imagens, inicialmente do cérebro, com finalidades
diagnosticas. Neste método, cujo desenvolvimento transcorria há 10 anos, seriam
feitas diversas medidas de transmissão dos fótons de raios X, em múltiplos
ângulos e, a partir desses valores, os coeficientes de absorção pelos diversos
tecidos seriam calculados pelo computador e apresentados em uma tela como
pontos luminosos, variando do branco ao preto, com tonalidades intermediárias de
cinza. Os pontos formariam uma imagem correspondente a uma seção axial do
cérebro, que poderia ser estudada ou fotografada, para avaliação posterior. Diz a
lenda que Hounsfield, engenheiro da EMI Ltd., com liberdade total para
desenvolver pesquisas, estava realizando um trabalho para a Scotland Yard,
sobre a possibilidade de utilizar o computador para a reconstrução de "retratos
falados" de criminosos, identificação de escrita e impressões digitais, entre outras
atividades de uso policial, ou seja, padrões de reconhecimento. Ao final de alguns
anos de pesquisa, a polícia londrina desistiu do projeto, achando-o sem utilidade.
Ficou o autor com anos de estudo em reconstruções matemática nas mãos.
Ambrose, neurorradiologista uniu-se ao grupo de trabalho, questionando se o
material serviria para ver o interior craniano. Hounsfield acreditava que um feixe
de raios X tinha mais informação do que aquela que era possível capturar com um
filme e pensou que um computador talvez pudesse ajudar a obter essa
informação. Mas vamos tentar ordenar os fatos em ordem cronológica, que em
história é importante. No início de século XX um matemático austríaco Johann
Radon desenvolveu uma equação matemática, a "transformada de Radon". que
futuramente seria a base matemática da tomografia computadorizada. Há fluem
refira que uma "transformada de Lorenz" e a famosa "transformada de Fourier"
também influenciaram e que estas equações matemáticas derivam de estudos
matemáticos de Galileu, e com isto já estamos retrocedendo ao século XVI para
falar de tomografia computadorizada. Voltando ao século X X . Radon demonstrou
que um objeto tridimensional poderia ser reproduzido a partir de um conjunto de
projeções. Este conceito foi o fundamento para a tomografia computadorizada
algumas décadas depois. Em um site da internet, mais exatamente da American
Mathematical Society, há uma página que detalha essa e outras equações, para
quem quiser se aprofundar mais na parte matemática do assunto. Dela tirei
algumas figuras interessantes que aparecerão aqui. reproduzidas com autorização
da American Mathematical Society. Em 1956, o físico e radioastrónomo Ronald
Bracewell usou a "transformada de Fourier" (matemático francês que viveu entre 1
768 e 1 830) para obter uma solução matemátia como base para reconstrução das
regiões de radiação de microondas do sol. Barrett e cols encontraram artigos
publicados em periódicos russos datadas de 1957 e 1958 que mostravam que a
"equação invertida de Radon" foi descrita em termos integrais como a solução
para o problema da tomografia formulado por eles. Esse estudo russo também
apresentava um desenho de um modelo semelhante a um computador com
televisão para mostrar os dados reconstruídos em uma matriz 100 x 100. Mas
Barrett e cola. não encontraram evidências de que o modelo tenha sido de fato
construído ou alguma imagem, obtida. Um dos autores programou um computador
com o algoritmo de construção exatamente como no modelo russo e mostrou que
ele trabalhava satisfatoriamente, porém como era computacionalmente
insatisfatório, o máximo que se conseguiu foi uma imagem 32 x 32 de qualidade
aceitável sem artefatos. A tomografia computadorizada médica começa a ser
desenvolvida nos anos 60 de forma lenta, por falta de apoio matemático. A mais
prematura demonstração foi feita por um neurologista. William Oldendorf, que em
1961 construiu manualmente um sistema de reconstrução de uma seção
transversal de um objeto consumido de argolas de ferro e alumínio. Embora
inventivo, o estudo experimental usou um método considerado tosco de uma
retroprojeção simples. O invento, patenteado, resultante era considerado
impraticável porque necessitava extensa análise. Oldendorf trabalhou sem o apoio
de matemáticos e sem conhecimento dos trabalhos de Radon e Bracewell. Em
1963. Kuhl e Eduards, respectivamente médico e engenheiro, criaram um método
de imagem para mostrar a distribuição de radionuclídeos, realizaram estudos
clínicos por anos. mas a qualidade da imagem obtida não era melhor que a dos
equipamentos existentes, porque a base matemática para um mapeamento
acurado não tinha sido incorporada ao método e os sistemas de computadores
existentes eram incapazes de realizar rapidamente os cálculos e a projeção. A
contribuição matemática fundamental para o problema da reconstrução foi feita em
1963 e 1964 por Allan Cormack, físico e matemático. Ele estudava a distribuição
dos coeficientes de atenuação do corpo para que o tratamento por radioterapia
pudesse ser mais bem direcionado para o tumor alvo. E também estava
desenvolvendo um algoritmo matemático para a reconstrução tridimensional da
distribuição da concentração de radiomiclídeosa partir dos dados coletados de um
equipamento de "câmera-pósitron" desenvolvido em 1962. A questão que
Cormack respondeu foi: "Supondo que se conheçam todas as linhas íntegras usa
através de um corpo de densidade variada, podemos reconstruir esse mesmo
corpo?" A resposta foi positiva, e ainda mais construtiva, a partir das informações
obtidas pelos raios X. Em termos práticos, sabe-se que uma radiografia mostra
informações limitadas porque certas estruturas são obscurecidas por outras de
densidade maior. Podemos tirar mais informação se pudermos ver dentro do
objeto, que foi o que Radon nos disse, pelo menos em princípio, tornando seu
teorema em uma ferramenta prática, e não apenas uma matéria trivial. Para a
reconstrução, a transformada de Radon invertida foi a base matemática.
Casselman, em seu artigo on-line recente, mostra figuras representando o uso das
equações matemáticas, de um disco de metal homogêneo e de um modelo oval
com estruturas de densidades variadas, criando a imagem a partir de
reconstruções de 32, 64 e 128 pixels. É nesse momento que surge a figura de
Hounsfield. Engenheiro, experiente com radares, particularmente interessado em
computadores, e com total liberdade da EMI para realizar suas pesquisas, foi o
criador do primeiro computador totalmente transistorizado da Inglaterra. E já tinha
idéias de estudar o interior de objetos tridimensionais a partir da reconstrução
obtida pela absorção heterogênea de radiação pelos diferentes componentes.
Criou o protótipo e inicialmente o tempo de aquisição da imagem foi de nove dias
e o computador levou 150 minutos para processar uma simples imagem. A seguir
Hounsfield adquiriu um tubo e um gerador de raios X. provavelmente porque os
raios X tinham suas propriedades bem conhecidas, sendo uma fonte confiável de
informação. Assim, o tempo de aquisição das imagens foi reduzido para nove
horas. A idéia de se concentrar na criação de um aparelho voltado para o crânio
surge durante discussões com radiologistas experientes: Dr James Ambrose, do
Atkinson Morley Hospital, Dr Louis Kreel.do Northwick Park H<xspilal e Dr Frank
Doyle. do llammersmith Hospital. Um cérebro, fixado em formol e com algumas
alterações, foi conseguido e a imagem obtida mostrou a substância branca e
cinzenta, bem como as calcificações. Após várias imagens experimentais com
pecas e animais, foi feita a primeira imagem diagnóstica, em uma paciente
selecionada pelo Dr Ambrose, com Suspeita de tumor no lobo frontal esquerdo,
ainda não confirmado. A imagem obtida, mostrando a lesão, causou euforia em
Houiisfield e na equipe. Essas primeiras imagens foram mostradas no congresso
anual do British InsliUite of Radiology, em 20 de abril de 1972. As reações foram
de empolgação. Curiosamente. Hounsfield havia mostrado imagens seccionais de
peças de cadáveres e de animais no congresso europeu realizado em Amsterdã
no ano anterior, sem despertar nenhum interesse. A comunidade médica ali
reunida não percebeu nem teve noção da revolução quase aproximava. Nesse
mesmo ano de 1971, uma greve dos correios impediu a publicação do trabalho
escrito por Hounsfield. Ao início da comercialização do equipamento, o tempo de
aquisição de cada corte era de seis minutos e o da reconstrução da imagem já era
de dois minutos, porque um minicomputador mais eficiente havia sido adicionado
ao sistema. A grande repercussão mereceu destaque no jornal Times, em 21 de
abril de 1972, sendo mostrada uma foto do primeiro aparelho em uso. Em 1973.
após 18 meses de uso do primeiro equipamento construído para uso clínico,
Hounsfield e Ambrose apresentaram os resultados e sua experiência em artigos
publicados. Neste seu artigo de 1973, um clássico já reimpresso algumas vezes,
no qual apresentou a técnica.
O primeiro tomógrafo no Brasil, foi instalado em São Paulo, no
hospital da Real Benemérita sociedade de Beneficência Portuguesa, em 1977. E
no Rio de Janeiro o primeiro aparelho entrou em funcionamento em 28 de Julho
de 1977, na Santa casa de Misericórdia.
Quando se comparam os números citados acima com um tomógrafo
moderno, que consegue adquirir todo o volume do tórax, abdome e pelve de um
paciente em poucos segundos, podemos ver o quanto evoluiu a tecnologia.
Surgida num momento em que se pensava que a tomografia computadorizada não
tinha mais para onde evoluir, a aquisição volumétrica foi patenteada em 1976 em
junho de 1980 imagens tridimensionais com resolução de 1.200 x 1.200 pixels são
obtidas e exibidas quase em tempo real. Em sua homenagem, as unidades de
densidade, inicialmente denominadas números EMI. foram rebatizadas unidades
Hounsfield. eternizando sua importância para a medicina moderna. Hounsfield
recebeu o prêmio Nobel de Medicina de 1979, juntamente com Cormack, pela
invenção da tomografia computadorizada. Recebeu dezenas de homenagens em
vida, entre elas diversos títulos de "Doutor Honoris Causa" de importantes
universidades e o título de "Sir", por sua indicação a cavaleiro do Império
Britânico. Codfrey N. Hounsfield faleceu no dia 12 de agosto de 2004.

1.1 Biografia dos principais envolvidos na criação e desenvolvimento da


tomografia computadorizada:

• Godfrey Newbold Hounsfield

Engenheiro, nasceu em Nottinghamshire, Inglaterra, em 28/08/1919


e faleceu em 12/08/2004. Desde criança tinha grande curiosidade sobre aparelhos
mecânicos e elétricos. Aeroplanos o fascinavam e durante a Segunda Guerra
alistou-se como reservista voluntário na RAF e interessou-se muito por eletrônica
de radares e rádio continuando estes estudos no Faraday House Electrical
Engineering College de Londres. Em 1951 juntou-se ao grupo de pesquisa da
EMI, liderando a equipe que construiu o primeiro computador totalmente
transistorizado da Inglaterra, o EMI DEC 1100, em 1958-1959. Mais tarde,
estudando padrões de reconhecimento, desenvolveu a idéia básica da tomografia
computadorizada. Gostava de música, clássica ou ligeira, e tocava piano.

• Allan MacLeod Cormack

Físico e matemático, filho de imigrantes escoceses. Nasceu em


Johannesburgo, África do Sul, em 23/02/1924 e faleceu em Massachusetts, EUA,
em 07/05/1998 aos 74 anos, de câncer. Inicialmente matriculado numa escola de
engenharia, pois iria seguir carreira semelhante ao pai e irmão, mudou de idéia ao
ocorrer mudança curricular e tomar contato com alguns professores de física.
Concluiu seu bacharelado em 1944 e o mestrado no ano seguinte. Entre 1947 e
1949 esteve em Cambridge, onde conheceu sua futura esposa. Fez parte de sua
formação em física e cíclotron em Harvard e depois mudou-se para os EUA,
sendo contratado pela Universidade Tufts, onde viveu o resto de sua vida, com
algumas poucas exceções de viagens à terra natal e algumas visitas prolongadas
a universidades com grandes departamentos de física. Dedicava grande parte do
seu tempo à leitura e considerava sedentária a vida que levava. Gostava de
animais. Iniciou os estudos que o levariam ao prêmio Nobel ainda em seu país
natal em 1956 e publicou seus trabalhos em 1963 e 1964. Postumamente recebeu
a Ordem de Mapungubwe, a mais alta honraria da África do Sul.

• James Abraham Edward Ambrose

Médico neurorradiologista. Nasceu em Pretória. África do Sul. Em


05/04/1923 e faleceu em 12/05/2006. Participou da Segunda Guerra como piloto
da caça da RAF, e após o fim da guerra voltou a seu país. Ingressou na faculdade
de medicina de Cape Town e graduou-se em 1952. Dois anos depois foi á
Inglaterra para especializar-se em radiologia, concluindo em 1956. Recebeu
treinamento com neurorradiologia na Inglaterra e na Suécia. Ao longo dos anos 60
realizou milhares de angiografias de carótidas e pneumoencefalografias. Mas
desejava mesmo desenvolver métodos não-invasivos para estudo do cérebro. Por
estar no Atkinson Morley’s, ouviu falarem em um experimento conduzido por um
engenheiro para uma nova técnica de imagem. Por ser um eminente radiologista,
o Departamento de Saúde o colocou em contato com Hounsfield, que havia sido
considerado um excêntrico por outro radiologista eminente. A recepção mais
simpática de Ambrose, que viu o potencial da idéia, fez o resto. O Departamento
mobilizou recursos e nasceu a tomografia computadorizada. Ambrose recebeu
diversas condecorações ao longo de sua vida. Embora houvesse um consenso
entre seus colegas que ele não tinha recebido o devido crédito e reconhecimento
por seu trabalho. Aposentou-se em 1988 e mudou-se para Argyll, uma pequena
localidade, onde pôde dedicar-se á pintura e ás plantas e vida silvestre. Dizem que
se não fosse médico teria sido um horticultor.

• Johann Radon
Nasceu em Tetschen na Bohemia (atual República Tcheca), em
06/12/1887 e faleceu em 25/05/1956. Escreveu sua tese de doutorado sobre
variações em cálculos e a defendeu em 1910 na Universidade de Viena. Em 1913
obteve sua livre docência com outra tese sobre funções matemáticas. Dos quatro
filhos que teve, um morreu com 18 dias de vida, o segundo morreu de doença,
outro na guerra em 1943, e somente Brigitte seguiu carreira acadêmica e tornou-
se também PhD em matemática. Passou pelas Universidades de Hamburgo e
Viena, mas foi em Greifswald que alcançou pela primeira vez em 1922 o posto de
professor catedrático. Ao longo de sua vida trocou de universidade algumas
vezes, sempre galgando o posto máximo da carreira. Foi membro da Academia de
Ciências da Áustria e da Sociedade Austríaca de Matemática, tendo ocupado a
presidência desta.

2. Obtenção da tomografia

2.1 Princípios físicos

Interior de um tomógrafo

A tomografia computadorizada (TC) baseia-se nos mesmos


princípios que a radiografia convencional, segundo os quais tecidos com diferente
composição absorvem a radiação X de forma diferente. Ao serem atravessados
por raios X, tecidos mais densos (como o fígado) ou com elementos mais pesados
(como o cálcio presente nos ossos), absorvem mais radiação que tecidos menos
densos (como o pulmão, que está cheio de ar).
Assim, uma TC indica a quantidade de radiação absorvida por cada
parte do corpo analisada (radiodensidade), e traduz essas variações numa escala
de cinzentos, produzindo uma imagem. Cada pixel da imagem corresponde à
média da absorção dos tecidos nessa zona, expresso em unidades de Hounsfield
(em homenagem ao criador da primeira máquina de TC).
• Procedimento

Para obter uma TC, o paciente é colocado numa mesa que se


desloca para o interior de um anel de cerca de 70cm de diâmetro. À volta deste
encontra-se uma ampola de raios-X, num suporte circular designado gantry. Do
lado oposto à ampola encontra-se o detector responsável por captar a radiação e
transmitir essa informação ao computador ao qual está conectado.
Nas máquinas sequenciais ou de terceira geração, durante o exame,
o “gantry” descreve uma volta completa (360º) em torno do paciente, com a
ampola a emitir raios X, que após atravessar o corpo do paciente são captados na
outra extremidade pelo detector. Esses dados são então processados pelo
computador, que analisa as variações de absorção ao longo da secção observada,
e reconstrói esses dados sob a forma de uma imagem. A “mesa” avança então
mais um pouco, repetindo-se o processo para obter uma nova imagem, alguns
milímetros ou centímetros mais abaixo.
Os equipamentos designados “helicoidais”, ou de quarta geração,
descrevem uma hélice em torno do corpo do paciente, em vez de uma sucessão
de círculos completo. Desta forma é obtida informação de uma forma contínua,
permitindo, dentro de certos limites, reconstruir imagens de qualquer secção
analisada, não se limitando portanto aos "círculos" obtidos com as máquinas
convencionais. Permitem também a utilização de doses menores de radiação,
além de serem muito mais rápidas. A hélice é possível porque a mesa de
pacientes, ao invés de ficar parada durante a aquisição, durante o corte, tal como
ocorre na tomografia convencional, avança continuamente durante a realização
dos cortes. Na tomografia convencional a mesa anda e pára a cada novo corte. Na
helicoidal a mesa avança enquanto os cortes são realizados.
Atualmente também é possível encontrar equipamentos
denominados DUOSLICE, e MULTISLICE, ou seja multicorte, que, após um
disparo da ampola de raios x, fornecem múltiplas imagens. Podem possuir 2, 8,
16, 64 e até 128 canais, representando maior agilidade na execução do exame
diagnostico. Há um modelo, inclusive, que conta com dois tubos de raios-x e dois
detectores de 64 canais cada, o que se traduz em maior agilidade para aquisição
de imagens cardíacas, de modo que não é necessário o uso de beta-
bloqueadores. Permite também aquisições diferenciais, com tensões diferentes
em cada um dos emissores, de modo a se obter, por subtração, realce de
estruturas anatômicas.
Com essa nova tecnologia é possível prover reconstruções 3D, MPR
(MultiPlanarReconstrucion) ou até mesmo mensurar perfusões sanguíneas.

• Características das imagens tomográficas

Entre as características das imagens tomográficas destacam-se os


pixeis, a matriz, o campo de visão (ou fov, “field of view”), a escala de cinza e as
janelas.
O pixel é o menor ponto da imagem que pode ser obtido. Assim uma
imagem é formada por uma certa quantidade de pixeis. O conjunto de pixeis está
distribuído em colunas e linhas que formam a matriz. Quanto maior o número de
pixeis numa matriz melhor é a sua resolução espacial, o que permite uma melhor
diferenciação espacial entre as estruturas. E apos processos de reconstrução
matemática, obtemos o Voxel (unidade 3D) capaz de designar profundidade na
imagem radiológica.
O campo de visão (FOV) representa o tamanho máximo do objeto
em estudo que ocupa a matriz, por exemplo, uma matriz pode ter 512 pixeis em
colunas e 512 pixeis em linhas, e se o campo de visão for de 12cm, cada pixel vai
representar cerca de 0,023cm (12cm/512). Assim para o estudo de estruturas
delicadas como o ouvido interno o campo de visão é pequeno, como visto acima
enquanto para o estudo do abdômen o campo de visão é maior, 50cm (se tiver
uma matriz de 512 x 512, então o tamanho da região que cada pixel representa
vai ser cerca de quatro vezes maior, ou próximo de 1mm). Não devemos esquecer
que FOV grande representa perda de foco, e consequentemente radiação x
secundaria.
Em relação às imagens, existe uma convenção para traduzir os
valores de voltagem detectados em unidades digitais. Dessa forma, temos valores
que variam de –1000, onde nenhuma voltagem é detectada: o objeto não
absorveu praticamente nenhum dos fótons de Rx, e se comporta como o ar; ou um
valor muito alto, algo como +1000 ou mais, caso poucos fótons cheguem ao
detector: o objeto absorveu quase todos os fótons de RX. Essa escala onde –1000
é mais escuro, 0 é um cinza médio e +1000 (ou mais) é bem claro. Dessa forma
quanto mais RX o objeto absorver, mais claro ele é na imagem. Outra vantagem é
que esses valores são ajustados de acordo com os tecidos biológicos.
A escala de cinza é formada por um grande espectro de
representações de tonalidades entre branco, cinza e o preto. A escala de cinzas é
que é responsável pelo brilho de imagem. Uma escala de cinzas foi criada
especialmente para a tomografia computadorizada e sua unidade foi chamada de
unidade Hounsfield (HU), em homenagem ao cientista que desenvolveu a
tomografia computadorizada. Nesta escala temos o seguinte:
• zero unidades Housfield (0 HU) é a água,
• ar -1000 (HU),
• osso de 300 a 350 HU;
• gordura de –120 a -80 HU;
• músculo de 50 a 55 HU.
As janelas são recursos computacionais que permitem que após a
obtenção das imagens a escala de cinzas possa ser estreitada facilitando a
diferenciação entre certas estruturas conforme a necessidade. Isto porque o olho
humano tem a capacidade de diferenciar uma escala de cinzas de 10 a 60 tons (a
maioria das pessoas distingue 20 diferentes tons), enquanto na tomografia no
mínimo, como visto acima há 2000 tons. Entretanto, podem ser obtidos até 65536
tons – o que seria inútil se tivéssemos que apresentá-los ao mesmo tempo na
imagem, já que não poderíamos distingui-los. A janela é na verdade uma forma de
mostrar apenas uma faixa de tons de cinza que nos interessa, de forma a adaptar
a nossa capacidade de visão aos dados obtidos pelo tomógrafo.
Numa janela define-se a abertura da mesma ou seja qual será o
número máximo de tons de cinza entre o valor numérico em HU do branco e qual
será o do preto. O nível é definido como o valor (em HU) da média da janela.
O uso de diferentes janelas em tomografia permite por exemplo o
estudo dos ossos com distinção entre a cortical e a medular óssea ou o estudo de
partes moles com a distinção, por exemplo, no cérebro entre a substância branca
e a cinzenta. A mesma imagem pode ser mostrada com diferentes ajustes da
janela, de modo a mostrar diferentes estruturas de cada vez. Não é possível usar
um só ajuste da janela para ver, por exemplo, detalhes ósseos e de tecido adiposo
ao mesmo tempo.
As imagens tomográficas podem ser obtidas em dois planos básicos:
o plano axial (perpendicular ao maior eixo do corpo) e o plano coronal (paralelo a
sutura coronal do crânio ou seja é uma visão frontal). Após obtidas as imagens,
recursos computacionais podem permitir reconstruções no plano sagital (paralelo
a sutura sagital do crânio) ou reconstruções tri-dimensionais.
Como na radiografia convencional o que está sendo analisado são
diferenças de densidade, que podem ser medidas em unidades Hounsfield.
Para descrever diferenças de densidades entre dois tecidos é
utilizada uma nomenclatura semelhante à utilizada na ultrassonografia:
isoatenuante, hipoatenuante ou hiperatenuante. Isoatenuante é utilizada para
atenuações tomográficas semelhantes. Hipoatenuantes para atenuações menores
do que o tecido considerado padrão e hiperatenuante para atenuações maiores
que o tecido padrão (geralmente o órgão que contém a lesão é considerado o
tecido padrão, ou quando isto não se aplica, o centro da janela é considerado
isoatenuante).

• Vantagens

A principal vantagem da TC é que permite o estudo de "fatias" ou


secções transversais do corpo humano vivo, ao contrário do que é dado pela
radiologia convencional, que consiste na representação de todas as estruturas do
corpo sobrepostas. É assim obtida uma imagem em que a percepção espacial é
mais nítida.
Outra vantagem consiste na maior distinção entre dois tecidos. A TC
permite distinguir diferenças de densidade da ordem 0,5% entre tecidos, ao passo
que na radiologia convencional este limiar situa-se nos 5%.
Desta forma, é possível a detecção ou o estudo de anomalias que
não seria possível senão através de métodos invasivos, sendo assim um exame
complementar de diagnóstico de grande valor.

• Desvantagens

Uma das principais desvantagens da TC é devida ao fato de utilizar


radiação X. Esta tem um efeito negativo sobre o corpo humano, sobretudo pela
capacidade de causar mutações genéticas, visível sobretudo em células que se
estejam a multiplicar rapidamente. Embora o risco de se desenvolverem
anomalias seja baixo, é desaconselhada a realização de TCs em grávidas e em
crianças, devendo ser ponderado com cuidado os riscos e os benefícios. Apesar
da radiação ionizante X, o exame torna-se com o passar dos anos o principal
método de diagnostico por imagem, para avaliação de estruturas anatômicas com
densidade significativa. O custo do exame não é tão caro como outrora, se
comparado ao raios x convencional. Oferecendo ao profissional medico um
diagnostico rápido e cada vez mais confiável.

Uso da tomografia computadorizada no crânio

O diagnóstico de acidentes cerebrovasculares e hemorragia


intracranial é a razão mais comum para o uso de tomografia computadorizada
cerebral, a qual pode ser feita como ou sem agente de contraste intravenoso. Para
a detecção de tumores, a tomografia computadorizada com contraste é
ocasionalmente usada, porém é menos sensível que a ressonância magnética.
Tomografia computadorizada também é útil para avaliação de traumas
decorrentes de fraturas na face e crânio. Pode-se usar também a tomografia
computadorizada para planejamento de cirurgia para deformidades craniofaciais e
dentofaciais, diagnóstico de causas da sinusite crônica e planejamento de
implantes dentais.

Uso da tomografia computadorizada no tórax

A tomografia computadorizada é excelente para detectar alterações


agudas ou crônica na parênquima pulmonar (setor de troca de gases do aparelho
respiratório) como as decorrentes de enfisema ou fibrose. Usa-se também a
tomografia computadorizada na região do peito para diagnóstico de pneumonia e
câncer. Tomografia computadorizada do peito está tornando-se o método principal
para detectar embolia pulmonar e dissecção da aorta.

Tomografia computadorizada para avaliação cardíaca

A tomografia computadorizada cardíaca resulta em alta exposição à


radiação, então o risco potencial deve ser pesado em relação aos benefícios de
diagnosticar problemas de saúde importantes como doença da artéria coronária.

Tomografia computadorizada abdominal e pélvica

A tomografia computadorizada é um método sensível para


diagnosticar doenças abdominais. Ela é freqüentemente usada para determinar o
estágio do câncer e seu progresso. Também é útil para investigar dor abdominal
aguda. Pedras nos rins, apendicite, pancreatite, diverticulite, aneurisma da aorta
abdominal e obstrução dos intestinos são condições imediatamente
diagnosticadas com tomografia computadorizada. Para a avaliação do pélvis, a
tomografia computadorizada têm aplicações limitadas, mas pode ser usada como
parte do rastreamento abdominal para tumores e para estimar a magnitude de
fraturas.

Tomografia computadorizada das extremidades


Tomografia computadorizada é muitas vezes usada para criar
imagens de fraturas complexas, especialmente ao redor das articulações.

Reações adversas aos agentes de contraste usados na tomografia


computadorizada

Uma vez que a tomografia computadorizada depende da


administração intravenosa de agentes de contraste para uma qualidade de
imagem superior, há um risco pequeno, mas não negligenciável, associado.
Certos pacientes podem sofrer reações alérgicas graves ao contraste. Também
pode haver dano aos rins, especialmente em pacientes que já tem insuficiência
renal, diabetes ou volume intravascular reduzido. Em pacientes com a função
renal normal, o risco é extremamente reduzido.
REFERÊNCIAS

http://www.copacabanarunners.net/tomografia.html

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