You are on page 1of 320

O LIVRO DA LUZ

O LIVRO DA LUZ

Inspirado por Lo' Ramp e Luyz Levy

Psicografado por Aylla

2008

1
O LIVRO DA LUZ

ÍNDICE

A origem do Livro da Luz 4


As 13 virtudes 5
A origem dos espíritos 6
A sabedoria 7
A função dos anjos 10
Explicação da origem da vida e do universo 11
A alma, o lar espiritual e o umbral 14
O livre-arbítrio 15
Adão e Eva 19
Os anjos e suas missões 20
Abramelim, Salomão, Akhenaton e Ramsés 22
O bem e o mal 29
A evolução dos espíritos 30
O universo revelado 35
O diálogo de Osha com o Rabi 37
Os Amorazins 40
Os Tenains 42
Os anjos do bem o de mal 43
A verdade sobre Jesus Cristo 48
A cruz e a Árvore da Vida 54
As 3 trindades de Deus 62
A criação 67
As 22 lâminas (caminhos de evolução) 71
Planetas primários e escolas estagiárias, planeta natal,
planeta escola e planeta fixo 90
Os signos do Zodíaco e as eras 93
Por que é errado matar animais e comer carne? 98
As últimas palavras de Jesus 101
Os símbolos ligados a Cristo 101
A Kabalah 105
Os chakras 107
A Kabalah e o corpo humano universal – a estátua de Ezequiel 108
Os 13 anjos e sua missão na transformação da Terra 131
Os anjos caídos 135
Abim = Abel e Caim 141
Os Illuminati e a Arca da Aliança 142
Abraão, Hagar, Sara e seus descendentes (Isaac e Ismael) 143
Akhenaton, o 13º filho de Ismael 146
O Tratado dos Illuminati e a morte de Golaha (Golias) 149
Hiram Abïf, o Templo de Salomão e a Arca da Aliança 151
A verdade sobre Jesus e sua história (a culpa romana
e dos judeus) 158
A Nova Jerusalém 159

2
O LIVRO DA LUZ

Os 12 e os 144 auxiliares 162


As várias encarnações de Jesus na Terra
(mitologia e verdade, simbologia e fatos ocultados) 163
A Sophia e o Apocalipse revelado 172
O quinto elemento 176
A verdade sobre a data de nascimento de Jesus, sobre
Maria Magdala e Pedro 177
Os discípulos de Cristo, Santa Helena e Sarah 179
Constantino e a Bíblia; as provas da existência de Jesus;
o falso corpo de Cristo 182
Rei Artur, Jacques DeMolay, Simão Pedro e o mago Simão,
Melchizedek, o rei de Salem 184
A prisão e morte de Jesus 197
A missão do Anjo do Amor 202
REVELAÇÕES
O diálogo de Deus com Samiazy, Krysnasvary
e Agkrüpymallaya 209
A Era de Ouro 210
A Era de Prata, do Bronze e do Aço 215
A descida dos anjos caídos e seus filhos 218
A história recontada 225
A escola de Salém 229
A história de Adão, Eva, Caim e Abel 231
Os 7 Elohins e a fala de Prometeu / Melchizedek sobre Deus
e a Terra 236
Akhenaton e Moisés (Manasses) 240
Miriam, Aarão, Jetro, Jashá e Moisés 246
Os 3 Amorazins 258
Samuel e Sansão 261
A CRIAÇÃO UNIVERSAL
A Kabalah (a Criação universal e terrena) 271
O Pai Nosso original 281

3
O LIVRO DA LUZ

Após mais de 2.000 anos de silêncio Jesus Cristo decidiu que já estava na hora de
devolver à humanidade a Verdade que há anos vinha sendo escondida, que há anos vinha
sendo queimada e rejeitada, Verdade essa que Ele mesmo havia deixado na Terra, que Ele
mesmo havia escrito em aramaico e outros idiomas hoje pouco conhecidos e falados.
Muitos de seus apóstolos conheciam essa Verdade, mas poucos tiveram coragem de expô-
la. Dois de seus apóstolos, porém, espalharam esse grande segredo por vários cantos da
Terra. Na verdade um desses apóstolos nem chegou a ser discípulo de Cristo, mas após a
morte de Jesus a Virgem Maria concedeu a ele a iluminação da revelação. Seu nome era
Lucas e, como todos sabem, ele nem chegou a conhecer Cristo, mas sem saber se tornou
escolhido para receber a revelação. O outro foi Tomé, o desconfiado. Esses dois discípulos
receberam a missão de ensinar à humanidade todo o ensinamento contido na Livro da Luz,
mas as perseguições e os obstáculos se tornavam cada vez maiores e para aqueles que
aprendiam a verdade a morte era o caminho certo. No final de suas vidas Tomé e Lucas
foram até Pedro, outro conhecedor da verdade, e pediram para ele guardar os livros
originais em total sigilo e segurança e este assim o fez. Logo depois eles morreram. Pedro,
respeitando o pedido dos nobres amigos, enterrou o Livro da Luz em uma pequena igreja
toda construída com blocos de pedras muito pesadas. O livro de Lucas não teve um destino
muito diferente, porém na hora de proteger os originais Pedro recebeu um aviso divino de
que deveria fazer outras cópias daquele livro e assim o fez. Antes de morrer o bom Pedro
deixou este precioso presente em mãos seguras para que estas o reproduzissem mais vezes e
secretamente as distribuíssem a outros escolhidos que estavam por vir.
Durante centenas de anos o Livro da Luz fez vários adeptos e criou a seita dos
Puros de Coração, seres que foram considerados hereges e morriam às centenas por não
aceitarem a doutrina da Igreja. Com o passar dos séculos os exemplares do Livro da Luz
começaram a desaparecer. No tocante a eles a Igreja não podia queimá-los, pois estes se
destruíam automaticamente, queimando-se antes mesmo que pessoas da Igreja os tocassem.
Assim ela nunca viria a saber o que realmente continha esse tal livro misterioso e porque
ele lhes impunha tanto medo e curiosidade. Para a Igreja ele ficou simplesmente conhecido
como O Quinto Evangelho, a verdade que Cristo escreveu e a religião apagou, mas hoje,
para desespero de alguns seres, é sabido que existem alguns exemplares desta relíquia
espalhados pelo mundo.
Vocês devem estar se fazendo uma pergunta: Que mistérios escondia este livro? Por
que tantos seres morreram pela verdade que existia dentro dele e por que essa Verdade não
podia ser revelada? Bem, esse é o assunto de que vamos tratar agora. Vamos revelar os
segredos do Livro da Luz, afinal hoje grande parte da humanidade já tem uma boa noção
desses segredos e não há mais motivo algum para eles continuarem secretos. Foi-nos
passado o dever de fazer isso de uma maneira bela e de fácil compreensão, sem esconder
nada de sua Verdade.
Ao caminhar pelos jardins floridos e perfumados da Cidade dos Anjos Cristo
pensava em uma maneira de revelar a Verdade contida no Livro da Luz para a humanidade
e depois de um breve momento de reflexão Ele chamou alguns anjos e pediu que lhe
trouxessem 13 crianças do Jardim das Virtudes. Não demorou muito tempo e os anjos
voltaram trazendo as 13 crianças e as deixaram com Jesus Cristo. Cristo se aproximou delas
e as abraçou uma a uma. Depois, sentado em meio a elas, disse:
- Vocês, meus amores, forem escolhidos para serem os olhos, as bocas e palavras,
os ouvidos e a consciência da humanidade. A partir de hoje a humanidade só encontrará a
chave de alguns mistérios do universo depois que sentirem e compreenderem cada um de

4
O LIVRO DA LUZ

vocês inteiramente. Vocês, por alguns momentos, serão donos da humanidade, porém essa
jamais deverá ser dona de vocês.
- Agora aproximem-se uma a uma e digam-me o nome da virtude que
representam e mais tarde direi a vocês o motivo pelo qual as escolhi. Que venha o primeiro.
A primeira criança se aproximou de Cristo e docemente disse qual era a virtude que
representava:
- Eu represento a Verdade e a Justiça.
A segunda:
- Eu represento a Bondade e a Misericórdia.
A terceira:
- Eu sou a Abnegação.
A quarta:
- Eu sou a Felicidade.
A quinta:
- Eu sou a Prosperidade.
A sexta:
- Eu sou a Vida.
A sétima:
- Eu sou o Destino.
A oitava:
- Eu sou a Saúde, a Coragem e a Força.
A nona:
- Eu sou a Sabedoria e a Paciência.
A décima:
- Eu sou a Evolução.
A décima primeira:
- Eu sou o Perdão.
A décima segunda:
- Eu sou a Compreensão.
A décima terceira:
- Eu sou o Amor.
Assim as 13 crianças se apresentaram. Cristo disse:
- Que bom que todos estão aqui. De fato vocês são exatamente tudo que
preciso para mostrar à humanidade o que ela precisa para chegar ao Grande
Pai, mas antes de enviar vocês para a Terra vou lhes passar algumas
instruções e lhes contar a verdade sobre alguns enigmas do universo. Só
assim terão mais claros os conceitos que irão ensinar aos seres humanos.
- Muitos anos atrás, quando estive na Terra como um ser humano, eu escrevi
um livro onde relatei os caminhos da evolução. Fiz isso para que as pessoas
pudessem ver o quanto era fácil alcançar a sabedoria e a evolução verdadeira.
Naquela época esse livro trouxe consciência somente a alguns seres, que
desde então lutariam encarnação após encarnação para conscientizar os
outros seres. O tempo passou e hoje vejo a necessidade de escrever este livro
de novo, mas desta vez não será como no passado. Por isso escolhi vocês.
Hoje, com a ajuda de vocês, vou deixar tudo ainda mais claro e mais fácil de
se compreender. Não que não tenha sido assim no passado, porém hoje o

5
O LIVRO DA LUZ

tempo tornou as coisas mais fáceis. Muitos seres já estão aptos a conhecer e
até compreender essa Verdade e até mesmo procuram por ela.
- Agora vamos às explicações. Todos vocês vieram do Jardim das Virtudes e
obviamente já conhecem a história da origem dos espíritos, mas há algo que
vocês ainda não conhecem e eu me vejo tendo que revelar isto a vocês, afinal
para ensinar a humanidade este conhecimento se faz necessário. Vocês sabem
que o Grande Pai tirou de seu próprio coração uma parte, pois desejava, além
de sentir, ver o sentimento que lhe dava vida. Tão grande, vivo e livre era seu
amor que, logo que se viu fora do corpo, transformou-se numa vida como a
do Pai, que agia e sentia como Ele. Estava ali criada a chama gêmea de Deus.
Ambos se completavam. Então se uniram de tal forma que tornaram-se
apenas um e logo que fizeram isso uma outra chama deles brotou. Tão
imensa e poderosa se tornou aquela união que o amor gerado por ela fez essa
outra chama ser independente tal qual os seus criadores. Os criadores, felizes
pelo que haviam criado, alimentaram de amor essa nova chama. Tão forte e
poderoso era o alimento dado a essa chama que ela cresceu e multiplicou-se
em quantidade e número jamais estimado pela humanidade. Mas o Grande
Pai percebeu que para a humanidade ser feliz de verdade as pessoas tinham
que provar o que Ele já havia experimentado: “o sabor de ter uma chama
gêmea”. Ele então disse: “Multipliquem-se como eu o fiz”. Nesse instante Ele
tirou um pedaço do coração de cada ser e deu a esses pedaços vidas
independentes e livres que, seguindo o exemplo do Pai, uniriam-se ao outro
pedaço do coração e juntos criariam mais uma vida e assim estava formada a
tríade sagrada divina: o Pai, sua chama e o fruto deles dois. O fruto, sua
chama e a semente deles. Obviamente todos são frutos do Grande Pai, mas
para que seu fruto evoluísse o Pai deixou que ele se sentisse responsável pela
sua chama e ela responsável pela sua semente e assim por diante. A sabedoria
então começaria a dar seus primeiros passos até a compreensão e essa
conduziria a todos no caminho da evolução.
- Embora Deus tenha criado todos os espíritos, deixou para eles a obrigação de
se auxiliarem na evolução. E qual a melhor maneira de evoluir senão pela
responsabilidade por si e pelos outros? Assim todos os espíritos conscientes
tinham que buscar uma fórmula de expandir e evoluir essa consciência. Para
isso foram criados alma e corpo, dois corpos intermediários do espírito, que
seriam usados para colocar em prática tudo o que este sabia e assim é desde o
princípio até o presente e sempre será, pois o fim não existe nesse círculo
eterno de sabedoria universal.
- Mas não é só isso, meus pequenos mestres. Há algo ainda mais difícil que
vocês terão que explicar à humanidade e é justamente disso que vou lhes falar
agora. Logo que o Grande Pai criou seus filhos, os espíritos, Ele permitiu que
eles tivessem as principais qualidades dEle: Vida, Liberdade e Amor e,
assim sendo, o livre-arbítrio buscaria a evolução de acordo com a sua vontade
e consciência, que iria ser alcançada no decorrer das diversas encarnações,
sendo o amor um sentimento que todos possuem. Enfim, alcançariam a
evolução somente pelo seu próprio esforço, sabedoria e vontade. O Grande
Pai, visando a necessidade dos inúmeros filhos, trouxe para perto de si um
grupo imenso de espíritos que Ele julgava estarem avançando mais

6
O LIVRO DA LUZ

rapidamente do que os demais e os observou por um tempo. Eles se


desenvolveram bem, alcançando o grau de evolução necessário para adentrar
o estágio da perfeição. Assim foi criado o primeiro planeta que entrou na
perfeição e daí também surgiram os primeiros auxiliares do Grande Pai.
Nasceram então os seres conhecidos como anjos. Esses, por livre e
espontânea vontade, sentiam um desejo enorme de ajudar o universo a
evoluir. Foi então que o Grande Pai deu a eles a responsabilidade de ajudar os
outros planetas e seus habitantes. Com o passar do tempo os outros planetas
foram sentindo a força da evolução e da mesma forma que foram ajudados
resolveram também ajudar e assim a sabedoria tem sido passada adiante de
um planeta para o outro. Isto não acontece apenas com os planetas, mas
também com os seus habitantes. Vou dar um exemplo:
- Imaginem que lá na Terra, no meio da imensa multidão, existam vários seres
humanos que já alcançaram um grau de consciência superior ao dos demais.
Esses seres não sabem, mas são orientados por alguns Mestres do Universo,
que tem por missão orientar e ajudar na evolução de seres humanos que por
sua vez tem que ajudar na evolução daqueles que estão ao seu redor. O maior
problema que esses seres humanos enfrentam é justamente a elevada
consciência, pois quanto mais eles sabem mais se torna difícil sua vida
terrena. Parece um despropósito ou uma contradição dizer isso, porém é a
mais clara das verdades. Prova disso foi o estágio que passei na Terra, pois
quanto mais fácil eu dizia ser o caminho para o Pai menos acreditavam em
mim e, por mais que eu provasse isso, nunca era o suficiente. As pessoas
queriam sempre mais, exigiam provas que na maioria das vezes já existiam
diante de seus olhos, mas eles se negavam a ver, porém eu não podia infringir
o livre-arbítrio das pessoas e obrigá-las a ver. Tinha que ser paciente e
esperar que eles tivessem a consciência de que o milagre que esperavam de
mim eles mesmos fariam um dia. Porém tanto para mim quanto para os que
ainda vivem na Terra chega o momento em que o simples fato de ter
consciência passa a ser um incômodo, pois os inúmeros seres que se julgam
‘senhores da verdade’ sentem-se incomodados pela nossa presença. Eles
passam a nos encarar como um perigoso concorrente e mesmo que afirmemos
que nosso conhecimento é fruto tão somente de Deus e do grande amor que
tudo liberta, isso não nos salva da exclusão. Por mais que o nosso desejo
resuma-se apenas em tentar esclarecer jamais acreditarão que não tenhamos
outras intenções por trás desta. Enfim, a sabedoria que nos eleva ao Pai nos
condena em meio ao homem. São como cegos que vêem a luz pela primeira
vez e se desesperam e lutam para diminuir essa luz, pois ela incomoda e
agride os olhos nos primeiros momentos. É preciso ser persistente e calmo
para ir se acostumando a ela, podendo enfim abrir os olhos e contemplar a
Verdade, mas nem todos pensam assim. Grande parte prefere a escuridão à
qual estavam acostumados, pois acreditam que assim, se errarem, será por
não saberem e portanto não precisam ser julgados. Logo que fazem essa
escolha procuram dar um fim na luz para que esta não os incomode mais.
Assim a sabedoria que nos ensina a compreender a humanidade um dia
termina nos expulsando dela. Entretanto não devemos nos incomodar com
isso, afinal se temos a sabedoria é fácil compreendermos o seu propósito e

7
O LIVRO DA LUZ

devemos sempre mantê-lo em mente, pois aquele que mais nos nega é o que
mais necessita de nós. Para não sofrermos não devemos esperar compreensão
instantânea de nada nem de ninguém, pois o simples fato de carregarmos a
compreensão nos revela esse segredo de ajudar sem esperar ser ajudado, de
compreender sem esperar ser compreendido, de amar sem esperar ser amado.
Sei muito bem que isso parece utopia ou ilusão, porém não só eu como
inúmeros outros seres acreditam que é mais fácil amar que ser amado. Digo
obviamente Amor no sentido verdadeiro, o real, o único. Esse amor não
precisa ser alimentado pelo amor dos outros, pois se sustenta diretamente da
fonte, o coração do Grande Pai. Esse amor é um dos mais altos graus de
evolução para qualquer ser vivo, porém nem mesmo esse grandioso amor
nos impede de sentir um mínimo de dor, afinal quando as pessoas rejeitam a
compreensão que lhes oferecemos no fundo estão rejeitando o amor e mesmo
que isso seja perfeitamente compreensível um pouco ainda nos fere. Mas esse
ferir não é da pessoa para nós, afinal a compreensão ensina que existe hora
para tudo. Essa dor vem de dentro. São perguntas que fazemos a nós mesmos.
Questionamos se de fato estamos fazendo a coisa certa, se não somos nós os
culpados pela incompreensão do outro, se temos ou não capacidade para
ajudar ou ensinar. Perguntamos a Deus onde estamos agindo errado e onde
devemos mudar. Quanto mais compreensão alcançamos maior é a vontade de
ajudar, porém os limites do livre-arbítrio e da evolução do outro nos fazem
barrar diante da grande muralha do destino de cada um.
- Entretanto não devemos nos sentir intimidados, afinal se mil não estão aptos
a compreender nos dias de hoje isto não significa que estamos jogando nosso
tempo fora, pois tudo que alguém ouve um dia fica registrado em sua
memória e permanece eternamente em sua alma para vir a ser aproveitado na
época e momento certos. Além disso de mil podemos tirar 50 que chegarão a
compreender e que mais tarde se tornarão 100 e assim por diante. Para o
Grande Pai não importa o número de pessoas que estão recebendo a
sabedoria, mas a qualidade da sabedoria que foi transmitida, sua veracidade,
seu verdadeiro teor, pois uma sabedoria mal-ensinada e aplicada ao invés de
despertar o coração pode aprisioná-lo, ao invés de trazer compreensão à
mente pode confundi-la. Os grandes sábios costumam dizer que o verdadeiro
sábio não se intitula mestre de ninguém. Ensina o ofício ao aprendiz que
desejar aprender, mas na hora de erguer a Grande Obra ele não dá palpites,
deixando que o aprendiz molde seu destino da sua própria maneira, com sua
própria energia, ouvindo sua própria intuição, afinal o destino é dele e não do
sábio e assim tanto o sábio quanto o aprendiz recebem um grande
conhecimento. Cada um à sua maneira terá aprendido algo muito importante:
respeitar a liberdade de sonhar. O sábio, quando aprendeu, criou seu mundo
como sonhava. Hoje seu aprendiz faz o mesmo e ambos podem ver que no
fundo o princípio da construção é sempre o mesmo. Sempre surge alguém
para dar uma dica. O resto depende da evolução e sonho de cada um e por
mais impossível que possa parecer é exatamente assim que o Grande Pai age.
Ele, em sua infinita sabedoria, nos criou e deu vida, mas nos deixou livres
para buscarmos o sentido dela. Dessa maneira o Grande Pai nos permite

8
O LIVRO DA LUZ

evoluir pelos nossos próprios méritos e aí está a chave que abre a porta onde
se esconde a tão preciosa resposta que a humanidade tanto busca.
- Todo mundo deseja saber porque a sabedoria é considerada infinita. Bem, a
resposta é muito simples e deveras fácil, porém compreender essa resposta e
absorvê-la como verdade se torna algo muito difícil, pois a humanidade ainda
se limita muito, mas agora não vejo mais motivos para esconder essa
Verdade. Por isso vou esclarecê-la.
- O fato que torna a sabedoria infinita está justamente na liberdade que Deus
deu aos homens, deixando-os evoluir à sua maneira. As diferentes formas de
evolução que os seres criam são sentidas também pelo Pai. A consciência em
seus mínimos detalhes também. Portanto quanto mais o homem avança na
sabedoria e na expansão de sua consciência, mais se aproxima da Verdade de
Deus, porém o que o homem não sabe é que Deus se alimenta da evolução
universal. Quanto maior for o amor e maior a consciência das pessoas, maior
ainda se torna o amor e a sabedoria do Pai. Isso não quer dizer que somos
criadores de Deus. Quer dizer apenas que tornamos seu poder ainda maior
quando alcançamos um grau a mais de sabedoria e consciência. Isso também
não significa que o Grande Pai não tenha seu poder próprio. Quer dizer
apenas que quando temos confiança em alguém ou algo tornamos tal coisa ou
pessoa mais poderosa do que já é e o mesmo acontece com o Grande Pai. Por
essa razão é simplesmente impossível limitar a sabedoria do Divino a um fim,
pois quanto maior o poder que os seres lhe dão maior será sua evolução,
como também sua responsabilidade. Mesmo de maneira tão fácil e clara
acredito que ainda ficará muito difícil para algumas pessoas compreenderem
o que eu disse, mas não tem importância, afinal explicarei isso dentro de
outras explicações que virão no decorrer de outros assuntos de que tratarei
com vocês.
- No passado, quando andei pela Terra como homem, procurei me fazer
entender explicando à humanidade aquilo que o Grande Pai me confiou,
porém era muito difícil para as pessoas compreenderem o quanto era fácil e
simples chegar a Deus. A humanidade estava acostumada a dogmas, rituais e
sacrifícios para falar com o Pai e não podiam acreditar que tudo isso podia
ser resumido pela fé e o amor. Respeitando o livre-arbítrio dos meus irmãos
escrevi o Livro da Luz, mais tarde conhecido como O Quinto Evangelho,
mas para que os evangelistas que receberam essa missão estivessem
preparados para ela muito tiveram que sofrer. No fundo suas almas já haviam
escolhido receber essa consciência. As informações secretas que Maria lhes
confidenciou ainda não podiam ser totalmente compreendidas pelos nossos
evangelistas. Eles de tudo faziam para compreender aquelas informações,
porém elas lhes pareciam muito distantes da compreensão. Eles então
resolveram se enclausurar por algum tempo e pediram a Deus que lhes
trouxesse compreensão para entenderem melhor aquela missão. Após dias de
oração, solidão, fome e sede eles receberam a consciência que tanto pediram,
porém essa consciência os marcou. Eles receberam estigmas semelhantes aos
que eu recebi na crucificação. Era uma prova de que falariam a Verdade que
eu ensinei, mas não foi só isso que os evangelistas souberam. Eles também
contataram os outros seres que tiveram acesso à mesma Verdade. Viram no

9
O LIVRO DA LUZ

passado distante Enoch recebendo a revelação de todos os mistérios. Tão


grande foi a sabedoria de Enoch que ele não pôde ficar na Terra, mas ele
sabiamente deixou vários ensinamentos escritos e os segredou a seu filho e
mais tarde a seu neto. Todos os segredos originais da Kabalah estavam ali.
Esse ensinamento foi guardado e preservado por centenas de anos em mãos
preciosas e sábias que esperavam os enviados aptos a receber esse
conhecimento. Akhenaton foi um faraó que recebeu esse conhecimento. Seu
dever era preparar o povo para minha chegada, mesmo que ainda fosse
demorar muito tempo até que eu chegasse na Terra. Enoch escreveu a
Verdade e por ela esse grandioso ser teve que partir. Akhenaton teve que
colocar em prática a Verdade e por ela teve que pagar o preço da
incompreensão, dor e sofrimento, que ele suportou dignamente. Muitos ele
conseguiu conscientizar, mas sabia que somente os que viriam após ele
libertariam de verdade aquele povo. Assim seu sofrimento era mais ameno.
Depois dele Lucas, Tomé e João também receberam a consciência da
Verdade, como também Francisco de Assis e inúmeros outros que não
tiveram seus nomes reconhecidos. Tudo isso e muito mais foi revelado aos
evangelistas, que a partir dessa revelação tiveram suas vidas mudadas pelo
alto grau de consciência. Muitos discípulos alcançaram a sabedoria através
dos ensinamentos dos evangelistas e continuaram a peregrinar pela Terra
passando adiante esse conhecimento, que muitos levou à morte física em
troca da grande evolução da alma. Mais tarde o povo foi se acovardando, pois
a resistência às leis da Igreja era inútil. Ela crescia e passava por cima de
tudo, criando leis que terminavam por desencorajar os homens e esses, já
cansados de ver tanto sangue derramado, terminavam por ceder às leis da
Igreja. Com o tempo eles se acostumaram e foram esquecendo o verdadeiro
evangelho, porém após algumas encarnações os conhecedores daquela
Verdade voltavam à Terra com lembranças dela e aos poucos começaram a
trazê-la de volta. Progressivamente passaram a ser aceitos, mesmo que sem
total compreensão. Hoje isso é mais fácil, pois o povo está mais livre até
mesmo na forma de pensar, portanto está mais apto a receber a Verdade e
talvez possa até compreendê-la. Como a Terra está sendo preparada para uma
nova e grande transformação essa Verdade só poderá ajudar a todos a
compreenderem melhor os novos acontecimentos, esclarecendo e preparando
o mundo para isso.
- Agora vamos começar a explicar a função que cada um de vocês irá
desempenhar na Terra. Vamos fazer isso um a um, meus pequenos anjos.
Peço que o primeiro que desejar saber sua função me questione o quanto for
necessário para esclarecer suas dúvidas.
A primeira criança foi para a frente de Cristo e disse:
- Eu represento a Verdade e a Justiça. Sei que essa é a virtude que tenho que
ensinar aos seres humanos, mas gostaria de saber como o senhor revelou essa
Verdade em seu livro e como os evangelistas ensinaram-na aos outros seres
humanos.
- Meu querido anjinho, no Livro da Luz o Grande Pai permitiu que fosse
revelada a verdade sobre a evolução humana e seus mistérios, explicando que
todo ser um dia alcança a consciência da Verdade original.

10
O LIVRO DA LUZ

- Senhor, eu sei que o meu papel na Terra se limita à verdade que faz justiça
ou na verdade por trás de um karma, de uma injustiça, etc., mas o que de fato
é a Verdade original?
- Meu querido, a Verdade original é o Absoluto, é a Consciência Superior de
cada ser que desperta para sua verdadeira essência. Alguns seres, por
exemplo, que estão vivendo a última encarnação na Terra já têm a
consciência dessa Verdade, pois as inúmeras experiências já vividas lhes
proporcionaram alcançar essa Verdade, porém devo deixar bem claro que são
apenas alguns seres humanos. No seu caso, meu anjinho, tua verdade e
justiça servirão de conselho para inspirar os seres humanos nas escolhas do
bem e do mal.
- Senhor, eu não entendi muito bem. Podes me explicar melhor?
- Mas claro que sim, meu querido. Tua função é orientar os seres humanos
quando eles estiverem propensos a cometer injustiças ou falarem inverdades
que possam vir a prejudicar outros irmãos, porém se não for possível evitar
essas injustiças deves acatar o destino, da Lei do Karma e do livre-arbítrio,
deixando que aconteça o que tem que acontecer, pois o próprio destino te
colocará no caminho dessas pessoas mais tarde para que tu te faças não
apenas em Verdade, mas também em Justiça. Para que tu entendas melhor
como deves agir, meu anjinho, vou te dar alguns exemplos.
Nesse instante Cristo ergueu a mão e num segundo fez surgir uma esfera
transparente do tamanho de uma bola de cristal, deixando-a suspensa no ar na altura de sua
cintura para que ela pudesse ser observada por todos e disse:
- Observem, meus anjinhos. Aqui vocês verão cenas reais vividas atualmente por
seres humanos encarnados.
As crianças se aproximaram e, curiosas, esperaram surgir as primeiras imagens. A
esfera girou rapidamente e em segundos parou. Em seguida as primeiras imagens
começaram a surgir. Apareceu então uma criança de apenas seis anos de idade. Essa criança
estava apanhando muito de sua mãe, que não media o peso da mão para bater nela. Cristo
pediu para que a criança representante da Justiça observasse aquela situação e encontrasse
ali uma maneira de fazer justiça. A criança olhou aquela cena atenciosamente e depois de
um breve momento voltou seu olhar para Cristo e disse:
- Senhor, nesse caso tenho que ficar de um lado só, pois ainda não posso me
fazer presente na íntegra para essa família. Tenho que me fazer presente aos
poucos, pois é a única maneira de conscientizar a todos da Verdade. Essa
criança ainda não tem consciência de seus karmas. Portanto tudo que posso
fazer é a Justiça Divina pedindo ao Grande Pai que torne menos dolorosa a
consciência do sofrimento para essa criança, porém quando ela crescer eu
poderei me fazer presente em sua vida. Com a ajuda do destino e da Lei da
Ação e Reação será mais fácil conscientizar essa família de seus erros.
- Muito bem, meu bom anjinho. Tu mostras que conheces bem a tua virtude,
porém vocês são livres para mexer na vida da humanidade desde que façam
isso com concordância do amor e do destino e se lembrem que as pessoas
escolhem os seus karmas a serem pagos. Vocês são responsáveis pelo
cumprimento deles, portanto não podem ser misericordiosos e nem perder a
misericórdia. Sei que isso parece dúbio, mas garanto-lhes que é mais simples
do que podem imaginar. Como vocês ainda não compreenderam muito bem

11
O LIVRO DA LUZ

eu vou explicar exatamente qual será a função de vocês na vida dos seres
humanos.
- Meus queridos anjos, quero deixar claro que não será fácil a missão de trazer
consciência à humanidade. Há muitos anos vários escolhidos tiveram essa
mesma tarefa e não foram muito bem recebidos, pois a Verdade ofusca os
olhos dos cegos e amedronta aqueles que passam a vê-la, pois esta, por ser
simples e fácil demais, simplesmente é impossível que acreditem nela. Tudo
que vou relatar a vocês agora há muito tempo já foi relatado e não só no
planeta Terra, mas em vários outros planetas e as reações não foram muito
diferentes. Sei que vocês devem pensar porquê continuamos a insistir.
Simplesmente porque de uma forma ou de outra nossas tentativas tem dado
resultados. Mesmo que aparentemente pequenos para uma humanidade tão
grande eles são significativos para Deus.
- As primeiras tentativas de escrever o Livro da Luz começaram há 6.556 anos
atrás (tempo da Terra, sendo hoje o ano de 2004 d.C. Portanto no ano 4552
a.C.). Naquela época eu e vários legisladores do universo observamos aqueles
que seriam os escolhidos, aqueles que fariam mudanças significativas em
vários planetas incluindo a Terra. Naquela época eu já sabia que teria que
descer à Terra para atestar com maior ênfase tudo que os escolhidos já teriam
falado e feito. Há 6.556 anos eu e um grupo de sábios chamamos os
escolhidos para uma conversa na senda luminosa onde fica o Grande
Conselho do Universo. Esses escolhidos de nada sabiam nem nada
lembravam. Por essa razão os levamos à senda, lugar onde teriam acesso à
Verdade que viria a atordoar alguns desses escolhidos, porém sabíamos que
eles estavam prontos para isso. Revelamos a eles os segredos do universo.
Começamos por explicar a origem dos espíritos, explicação essa que já dei a
vocês, porém nessa explicação ficou faltando um pequeno detalhe. Faltou
dizer a vocês que havia uma ordem de consciência para cada ser que se
multiplicasse daquele que já havia sido multiplicado. Explicando melhor,
todos os espíritos foram criados da Matrix Divina: Deus e sua chama gêmea.
Os primeiros milhares que saíram dEle tinham uma consciência perfeita,
porém quando o Grande Pai resolveu partir os corações para que esses
voltassem a se unir e se multiplicassem, como Ele mesmo o fez, Ele fez com
que essa nova multiplicação recebesse a consciência da primeira e dessa
mesma maneira agiu com as demais multiplicações, que no total foram 22
grupos e cada grupo com milhares e milhares de espíritos multiplicados.
Todos esses seres foram obviamente criados pelo Divino Pai e todos feitos
numa só época. Mais tarde o Grande Pai os separou e os conduziu a seus
planetas, que a princípio funcionavam como um berçário onde eles
aguardariam a hora de começar o grande aprendizado. Os primeiros seres que
iam evoluindo passavam a se tornar responsáveis por aqueles que de forma
indireta haviam criado ou pensavam ter criado (é preciso lembrar sempre que
todos foram criados por Deus), pois a única maneira de evoluir de fato era se
tornar responsável pela própria evolução e que melhor maneira senão ter
responsabilidade pelos outros e pela própria existência? Assim os primeiros
pais a ajudarem seus filhos foram os anjos, mas devemos lembrar que eles
receberam de Deus uma grande ajuda, pois Ele lhes passou todo o

12
O LIVRO DA LUZ

conhecimento teórico de como cuidar de seus “filhos”. Até aí os anjos ainda


não haviam alcançado a suprema evolução. Haviam alcançado apenas a
perfeição. Como foram os primeiros milhares, tinham a facilidade de sentir
como o Pai. Por isso não foi tão difícil chegarem à perfeição, porém o
processo é semelhante para todos. O tempo e a consciência é que faz a
diferença. Com suficiente aprendizado teórico eles partiram para a prática e
foram no grande berçário do universo buscar seus filhos para enfim ensiná-
los. À medida que os anjos instruíam os seus filhos estes automaticamente
faziam o mesmo por aqueles que haviam saído deles e assim por diante
(vamos lembrar que todos os espíritos têm sabedoria, mas precisam praticá-
la) e esta é a fórmula secreta da evolução dos 22 grupos de milhares e
milhares de espíritos. Atualmente só sete grupos têm uma evolução perfeita e
consciente, mas não completa, afinal a sabedoria é infinita e evolução perfeita
é apenas a compreensão de que somos eternos aprendizes. Mesmo dentro
dessa escala de sete grupos é gigantesca a quantidade de espíritos, mas ainda
não o bastante para o infinito universo que, se me fosse autorizado revelar o
número, este não caberia nas páginas de um livro, tampouco na mente
humana.
- Mas agora vamos contar um exemplo de como um pai evolui um filho. Vou
dar a vocês o mesmo exemplo que dei aos escolhidos que receberam o Livro
da Luz. Vou lhes contar a história do mestre Maitreya e sua filha
Agkrüpymallaya.
- O mestre Maitreya pertence ao sétimo grupo de espíritos, o que explica sua
sabedoria e seu alto nível de consciência. A filha do mestre Maitreya por sua
vez pertence ao oitavo grupo de espíritos, que obviamente já têm uma
sabedoria muito grande, mas ainda distante daquela de seu pai. Hoje Maitreya
é um dos grandes sábios do universo e atua como ministro e legislador ao
mesmo tempo. Há vinte e seis mil anos (tempo da Terra) ele conseguiu trazer
sua filha à consciência, porém para testar tudo que ela havia aprendido ele
tinha que vê-la praticar todos os ensinamentos. Para isso ele a enviou à Terra
como um dos seres da primeira etapa de seres humanos que veio para este
planeta. Fez isso com total concordância de sua filha, que aceitou passar o
período de 26 mil anos estagiando no planeta Terra. Em alguns milhares de
anos sua missão era apenas aprender e praticar para que na hora certa ela
pudesse corresponder às expectativas de seu pai, que havia preparado para ela
uma missão muito grande e difícil para a visão terrena, porém esta seria a
grande prova de que ela havia de fato aprendido tudo que ele havia lhe
ensinado. Agkrüpymallaya obviamente não poderia saber dessa história até
que realmente estivesse pronta e ela começou a dar sinais de que começara a
estar pronta há 6.556 anos atrás, na mesma época em que os filhos de outros
mestres também deram seus primeiros indícios. Foi então que os levamos
para a senda luminosa onde revelamos a eles suas origens, quem eram seus
pais e qual era o propósito de termos levado eles até ali. A princípio eles
ficaram muito assustados em saber que eram filhos de mestres do universo,
pois se sentiam muito inferiores aos seus pais. Foi então que permitimos que
eles se lembrassem de seus pais, pois essa relembrança tornaria as coisas
mais fáceis. De fato isso nos ajudou muito e assim revelamos qual seria a

13
O LIVRO DA LUZ

missão daqueles seres a partir daquele momento. Eles teriam que preparar a
Terra para uma fé única e isso teria que ser feito ao longo de muitas e
sacrificadas encarnações. Teriam que ensinar à humanidade toda a Verdade
que haviam aprendido, mesmo que para isso perdessem o corpo físico.
Também foram avisados que eu seria o instrutor dali para frente, pois os pais
deles assim haviam decidido. A responsabilidade agora seria minha e dos
escolhidos, pois eu seria dentro em breve o presidente da Terra e os
escolhidos me foram indicados por meus nobres irmãos auxiliares. Era minha
primeira vez como presidente de um planeta. Era a primeira vez deles como
auxiliares de um presidente. Enfim, estávamos todos começando um novo
estágio juntos. Esses auxiliares me conheceram antes que eu tivesse a
aparência do Cristo que hoje todos conhecem, porém minha aparência
anterior tinha muito poucas diferenças. Dentre elas destacavam-se meus
longos cabelos negros e lisos, que hoje não são mais assim, mas ainda são
muito semelhantes, mas isso não vem ao caso. Vamos voltar ao que
realmente interessa. Os escolhidos para serem auxiliares foram levados ao
canal aberto da senda, lugar onde se pode acessar o registro akáshico do
universo, lugar de acesso restrito. Apenas os sábios do universo e seus
trabalhadores escolhidos podem acessá-lo. Esses auxiliares haviam ganho a
permissão para acessar o registro, pois ainda não sabiam, mas logo estariam
adentrando na senda luminosa, coisa que eles julgavam impossível de
acontecer. A filha do mestre Maitreya, colocada diante de seu passado, viu-se
na sua aparência original, a primeira aparência que seu espírito teve logo que
saiu de seu pai e de sua mãe. Era como se estivesse vivendo um sonho. A
alma observando o nascimento do próprio espírito, aquele momento de seu
nascimento ou criação. Ela observou como o Grande Pai criou os espíritos e
como os fez multiplicarem-se e como assim foi criada toda vida espiritual do
universo. A partir daí ela foi acompanhando, num estágio mais avançado, seu
próprio estágio de evolução.
- Agkrüpymallaya, como vários outros seres que alcançaram o estágio de
consciência, puderam enfim conhecer seus pais e seu lar “definitivo”, lugar
onde poderiam viver temporariamente antes de partirem para outro planeta.
Esse lar é chamado de “definitivo” porque a partir de tal estágio evolutivo os
espíritos sempre podem voltar a ele após os estágios em outros planetas e,
além de voltarem para casa, voltar para perto de seus pais, aqueles que são na
verdade sua primeira família.
- Para chegar a esse estágio o espírito passa por vários “planetas de afinidade”
até alcançar o estágio da consciência. Esse estágio só é alcançado quando o
espírito chega ao caminho nº 10 de evolução. Antes disso o espírito tem a
sabedoria, mas lhe falta a prática, e a melhor maneira de tê-la é encarnando e
estagiando por inúmeras vezes em vários planetas diferentes sem a
consciência de um lar ou família, pois isso atrapalharia a evolução natural
desses seres. Mas logo que são conscientizados de que tem um lar e uma
família eles recebem um segundo presente. Ganham a consciência de que
também são pais responsáveis por evoluir outro ser, ser esse que obviamente
é partícula multiplicada daquele que acaba de receber a consciência. Para que
o exemplo fique claro vejamos a evolução da filha do mestre Maitreya.

14
O LIVRO DA LUZ

- Deus a criou da partícula do mestre Maitreya e sua chama gêmea. Ela, por
sua vez, foi evoluindo de acordo com a evolução de seus pais, mas
obviamente na mesma hora em que foi criada sua existência deu origem a
outro ser e assim por diante, exatamente como foi com todos. A única
diferença é que nenhum ser tinha consciência de que viria a se tornar
responsável pela vida multiplicada de si mesmo. No fundo somos todos uma
grande cadeia de irmãos que formam uma grande família, onde os mais
velhos cuidam dos mais novos até que esses adquiram sabedoria bastante
para cuidarem de si e dos seus dependentes.
- Essa foi uma revelação muito grande para os escolhidos e, se eles se
assustaram, imaginem como ficaram ao saber que tinham que passar todo
esse conhecimento para a humanidade. Não foram só eles que se assustaram.
Eu também achei muito dura a incumbência de revelar tamanha sabedoria à
humanidade do planeta Terra, porém o Grande Pai me disse que para ter um
grande pomar é preciso semear boas sementes. Mesmo que essas não venham
a crescer na época que desejamos não devemos nos frustrar por isso, pois o
mal não é da semente e sim do solo que ainda não se tornou fértil. Porém se a
semente de fato for boa um dia vence o solo e, sem que esse perceba, começa
a germinar até se tornar uma frondosa árvore de belos frutos, e Ele, em sua
infinita sabedoria, tem sempre certeza das coisas. Da mesma maneira que Ele
me convenceu eu tentei instruir os escolhidos mostrando-lhes algumas
sementes já germinadas na Terra e até mesmo em outros planetas e apesar
disso não posso dizer que foi fácil a missão deles.
- Porém não foram só esses segredos que revelamos a eles. Falamos também
sobre os segredos da evolução da alma e esse foi um dos assuntos mais
importantes e que os deixou de fato bastante abismados, pois jamais haviam
imaginado que um processo tão difícil no fundo era algo tão simples e fácil,
mas que a humanidade jamais conseguiria desvendar sem a devida sabedoria
e compreensão. Algo tão simples, porém tão difícil de se compreender e isso
não diz respeito apenas ao planeta Terra, mas à evolução geral do universo.
- Vamos lembrar que todo planeta que habitamos é apenas uma grande escola
onde nos dispomos a aprender, praticar e evoluir. Mais tarde, quando os
planetas evoluem, alcançando o estágio da perfeição, se tornam lares onde
vários espíritos já muito evoluídos fixam uma morada, mas vamos deixar
claro que essa morada é como uma casa de campo, que nos serve de refúgio
em um curto período de férias, pois sabemos que ali é a nossa casa, porém o
nosso trabalho e estudo geralmente estão em outros planetas. Na verdade esse
lar é como um ponto de encontro familiar, onde os espíritos vinculados pelo
laço familiar dão sempre um jeitinho de matar a saudade que sentem uns dos
outros.
- Agora vamos ao assunto que diz respeito à evolução da alma. A alma foi
criada como segundo corpo, corpo esse que estaria entre o espírito e o corpo
físico. A alma é o canal de comunicação entre o espírito imortal e o corpo
físico mortal. Sua função é evoluir a ambos e a si mesma, criando uma fusão
que só acontece no final de um estágio planetário (final de um estágio
planetário significa a última encarnação de um estágio em um planeta). Isso
significa que o espírito alcançou seu intento naquele planeta e pode continuar

15
O LIVRO DA LUZ

avançando para outros planetas em busca de sabedoria, mas para que isso
aconteça a alma é submetida a muitos testes escolhidos pelo próprio espírito.
A criança chamada Destino pergunta a Cristo:
- Como isso acontece, Senhor Jesus. Pode nos explicar?
- Mas é claro, meus amores. É isso que vou fazer agora. Vou explicar a vocês
como acontece a evolução das almas dos seres que vivem na Terra, que por
sinal é muito semelhante à evolução das almas em outros planetas. Até onde
a humanidade terrena sabe ou conhece foram criados dois tipos de escolas,
lugares para onde são encaminhadas as almas que acabam de desencarnar.
Essas escolas são chamadas de lar espiritual e umbral. O lar espiritual tem
12 colônias, cada uma com um grau de evolução crescente, onde a alma vai
avançando no decorrer de suas inúmeras encarnações. Mas a escola chamada
umbral, também conhecida como inferno, é o maior segredo de todos, que
agora tenho que revelar. A princípio enquanto os seres humanos eram
inconscientes e não podiam compreender a verdade que hoje vamos relatar
deixamos que eles acreditassem em um lugar chamado inferno, porém o que
vou relatar agora prova que esse lugar jamais existiu, ao menos não como a
humanidade imagina.
- Quando uma pessoa desencarna e vai para o umbral ou inferno ele acredita
que está num lugar terrível onde mora toda a maldade e até mesmo um “deus
do mal”. Ali ele acha que vai sofrer até pagar todos os seus crimes, até se
arrepender deles e só então poder sair de lá para ter uma nova chance de
reencarnar e se redimir, dedicando-se a uma vida que o conduza a um pouco
de sabedoria. A verdade sobre o umbral é que foi criado um espaço paralelo
na Escola da Consciência (o lar). Esse espaço é chamado de umbral por
muitos seres humanos e até por almas desencarnadas que se comunicam com
os encarnados. Esse espaço paralelo é o lugar para onde vão as almas
rebeldes que cometeram crimes de diversos graus, mas nesse espaço
nenhuma alma encontra outra alma, como a grande maioria pensa. Na
verdade tudo que acontece nesse espaço paralelo é obra do espírito, dono
daquela alma. É ele quem determina tudo que a alma deve ou não passar.
- Esse grande segredo guardado há tanto tempo hoje vem descortinar as
incertezas que alguns seres humanos ainda carregam. Para que todos
compreendam exatamente o que vou falar vou começar revelando a vocês
mais um segredo. O livre-arbítrio eu acredito que seja algo que todos já
conhecem, mas o que nem todos sabem é que livre-arbítrio é algo que foi
dado apenas ao espírito e ao corpo físico. A alma, por sua vez, não tem livre-
arbítrio e portanto não tem escolha. Ela, no entanto, não tem consciência
disso, vindo a alcançá-la quando já tiver avançado para um nível maior de
sabedoria.
- O que, em resumo, acontece com a alma é mais ou menos o seguinte. Quando
um ser desencarna e deixa na Terra vários assuntos pendentes como crimes,
violência, etc. ele vai para aquele espaço paralelo que muitos acreditam ser o
inferno ou umbral, porém nesse espaço paralelo existem sete níveis. Cada
nível varia de acordo com os crimes que as pessoas cometem. Digamos que
uma pessoa vá para o Vale dos Suicidas. Esse lugar é contaminado pela
depressão e pela angústia. Geralmente os suicidas terminam por ir para esse

16
O LIVRO DA LUZ

lugar. Ao chegar lá o ser se vê rodeado de pessoas semelhantes a ele, que


compartilham da mesma tristeza, dor, rancor e angústia, mas o que a alma
não sabe é que aqueles seres não podem feri-lo tampouco magoá-lo, pois eles
estão ali a pedido do espírito daquela alma, que na tentativa de fazê-la evoluir
e reconhecer seus próprios erros usa seus medos e sua própria ignorância
como armas que podem despertar a consciência. Na verdade o espírito vai
tornando a sua alma cada vez mais semelhante a ele ao passar das
encarnações, exatamente como o Grande Pai faz conosco, com algumas
diferenças, é claro. Quanto mais evoluímos maior se torna o poder do Grande
Pai. Isso significa que, por maior que venha a ser a nossa evolução, jamais
alcançaremos a evolução do Grande Pai, mas por outro lado se a evolução
dEle é infinita a nossa também é. Já que somos seus filhos seguimos também
seu exemplo. Portanto Ele sempre será o mestre universal e nós seus eternos
aprendizes. Já no que diz respeito à alma e ao corpo físico, esses são eternos
aprendizes do espírito, que manipula todos os acontecimentos sem que esses
dois corpos o saibam. Portanto tudo que a alma sofre nos espaços
intermediários chamados de inferno ou umbral nada mais é do que a
libertação de seus erros e sua ignorância através do medo que ela mesma
causou em outros seres humanos. É como se a alma se colocasse diante de
suas vítimas e estas a fizessem passar por tudo que ela causou a elas, porém
nós sabemos que réu e vítima só costumam se encontrar quando reencarnam
novamente, mesmo porque seria muito cruel deixar uma alma-vítima ao lado
de uma alma que lhe causou o trauma. Em meio a tanta organização existem
algumas regras de exceção que na verdade as pessoas vêem como exceção,
mas para os espíritos são mais conhecidos como ajustes kármicos. Como os
espíritos não são inimigos uns dos outros eles tratam de fazer o mesmo com
suas almas que, querendo ou não, terminam por se tornar inimigas
temporárias pelo vínculo que criam ao encarnar e desencarnar. Em alguns
casos algumas almas ficam presas num espaço à espera daquela que lhe fez
mal e terminam por se vingar. Isso, no entanto, só acontece com autorização
prévia dos espíritos de ambas, que promovem o encontro para um ajuste
kármico. Esse encontro só acontece quando as mesmas almas não vão mais se
encontrar em corpos físicos e também porque o assunto entre elas é
extremamente pessoal, não podendo ser pago através de outro ser. Devo
deixar claro que todo sofrimento do corpo físico e da alma contribuem para a
prática da evolução do espírito (a consciência), que sofre e sente, mas que só
pode alcançar a consciência original de sua sabedoria através do sofrer do
corpo e da alma. O espírito é o sentimento (consciência) que não podemos
ver nem tocar. É a vida suprema que nos habita. Ele é o amor. A alma é o
destino que veio para colocar em prática esse amor. O corpo é a escola onde
buscamos sabedoria maior nas emoções que sentimos ao praticar esse
destino.
- Senhor Jesus, se entendi bem – falou o menino chamado Destino – o senhor
está dizendo que tudo que a alma passa no umbral não passa de uma ilusão?
- Sim, meus amores, é basicamente isso, mas por que a pergunta, meu anjinho,
se isso você já sabe?
- De fato nós sabemos, Jesus, mas como explicar isso à humanidade?

17
O LIVRO DA LUZ

- Meus amores, vocês sabem que a alma é meio humana e meio imortal.
Humana por depender do corpo físico para continuar aprendendo a evoluir a
imortalidade e a sabedoria que recebe do espírito (consciência). Sendo assim,
por mais que seja uma ilusão, tudo que a alma passa no umbral também não
deixa de ser um aprendizado real, devidamente registrado em sua evolução.
Em suma, seria mais fácil explicar à humanidade que tudo que ela julga real e
palpável não passa de uma ilusão, pois se acaba, e quase tudo que ela julga
ilusão seja a única realidade que de fato interessa unicamente ao espírito e à
alma.
- Senhor, como seus escolhidos reagiram diante dessa verdade?
- A reação deles foi muito natural, pois até aí eles estavam preparados. A
dificuldade que eles encontraram foi a mesma de vocês. Como dizer à
humanidade uma verdade tão simples? Como dizer que era tão fácil?
- E como eles disseram essa verdade à humanidade, senhor?
- Naquela época eles fizeram da maneira que acreditaram possível. Foram
grandes sábios e ainda o são, pois ainda muito me auxiliam, mas vocês, meus
amores, vão ensinar ao mundo de maneira diferente e é disso que vamos falar
agora. Vocês vão passar esse conhecimento para a humanidade em etapas.
Por isso vocês são 13. Cada um vai ensinar a sabedoria que compete a seu
nome, mas o resultado final será sempre o mesmo. Todos terão ensinado de
uma só vez e isso acontece justamente porque todos fazem parte da vida dos
seres humanos, mas antes que eu inicie esse assunto deixem-me esclarecer
porque somente o espírito e o corpo físico têm maior livre-arbítrio que a
alma. O espírito eu nem preciso explicar. Ele foi criado livre pelo Grande Pai
e assim deve permanecer, pois é a essência divina que dá a vida e é a vida de
todos os seres vivos. Quanto ao corpo físico, ele tem maior livre-arbítrio que
a alma justamente porque as condições terrenas e o baixo nível de evolução
de alguns seres não lhes permite ouvir claramente as escolhas que a alma fez
na hora de reencarnar. Digo isso porque tem alguns seres que, enquanto são
almas fazem certas escolhas na hora de reencarnar, porém quando já
encarnados se desviam do caminho que a alma escolheu. Entretanto, com a
sabedoria que o espírito tem e já prevendo que seu corpo físico se desviaria
de alguns assuntos kármicos, logo trata de desviar outros assuntos kármicos
para irem de encontro com o corpo físico, ou seja, o corpo físico também tem
um livre-arbítrio limitado. No fundo tanto alma quanto corpo físico não têm
livre-arbítrio total, pois somente o espírito pode tê-lo em sua totalidade e
assim ele decide pela alma, que por sua vez acredita decidir pelo corpo físico,
no entanto somente o espírito tem domínio sobre alma e corpo físico.
- Para que vocês entendam melhor vou contar uma história engraçada a vocês
de um ser humano que ainda vive na Terra. Esse ser faz parte da primeira
etapa e está vivendo a última encarnação. Na época em que alcançou a
consciência de que era seu espírito o senhor real de seus atos e escolhas teve
reações muito engraçadas. A princípio essa pessoa começou a questionar o
livre-arbítrio e até mesmo as doutrinas que afirmavam que todos nós temos
livre-arbítrio. Sua vida sempre tão cheia de regras espirituais era uma prova
de que o livre-arbítrio não era tão real assim como tanta gente pregava e
quanto mais ela aprendia mais questionava o livre-arbítrio, pois em suas

18
O LIVRO DA LUZ

descobertas viu-se diante de encarnações passadas que agora retornavam para


seu presente com tanta força que simplesmente era impossível negá-las. Essas
visões do passado lhe diziam o que deveria ser feito no futuro e isso era uma
das mais duras tarefas, o que fazia ela crer que não teve escolha, pois se
tivesse tido não teria escolhido tamanha responsabilidade.
- Sua evolução foi em apenas quatro anos o que também a assustava, pois foi
muito rápida e as informações eram preciosas demais para terem sido
recebidas em tão curto prazo. Foi como se tivesse dormido ignorante e
acordado sábia. Foram quatro anos de altos e baixos até absorver e aceitar
tudo com naturalidade. Tudo aconteceu de forma espontânea, bem natural,
sem auxílio de seres humanos, mas com a ajuda fiel dos espíritos. O lado
humano ainda tinha dúvidas e insegurança, mas isso aos poucos foi sendo
domado pelo lado espiritual. Um belo dia ouvi esse ser dizer: “Hoje sei que
foi meu espírito quem escolheu tudo isso para minha alma e meu corpo
físico. Espírito trapaceiro esse meu. Ele só fez isso porque não precisa sofrer
o que meu acabado corpo sofre.” Ao mesmo tempo que dizia isso ria de si
mesmo, pois imaginava sua alma e seu corpo físico reclamando para o seu
espírito (consciência) de tudo que esse obrigou-o a passar. Algumas vezes se
imaginava louco por não conseguir passar por cima de sua consciência como
antes fazia. Agora qualquer deslize era como um grave pecado que
martirizava sua mente até que fosse reparado. Sua consciência se tornou tão
imensa que esse ser pedia a Deus que não mais o deixasse viver se sua
existência viesse a ferir ou magoar qualquer ser vivo, mesmo que isso fosse
inconsciente. Esse ser passou a não se admitir falhando com as outras
pessoas, pois temia a gravidade de suas falhas. Assim durante algum tempo
ele suportou e aceitou com resignação a maldade alheia. Suas forças foram
sugadas e sua energia caiu. Foi quando sua consciência se ampliou, dando-lhe
respostas que tranqüilizaram sua mente, abrindo-a para uma verdade maior.
Graças aos espíritos esse ser compreendeu que aceitar os seres humanos
como eles são não significa viver com a ignorância deles sem se defender
dela. Para um ser humano que ainda vive num corpo físico é muito difícil
aceitar que seu espírito seja o único responsável pelas escolhas que a alma faz
no momento de reencarnar, mas para o ser que já alcançou um bom nível de
consciência fica fácil entender que justamente por ser a essência pura é que o
espírito tem esse direito. Ele sabe sempre o que precisamos e o que ele
precisa de nós, afinal a maior contribuição de nossas experiências físicas não
pode morrer simplesmente com o nosso corpo. Por isso fica na memória da
alma e contribui na evolução do espírito. Na verdade alma e corpo físico são
como filhos do espírito, que pacientemente vai ensinando e aprendendo
também.
- Mas agora vamos explicar como vocês irão agir, o que devem fazer para
ensinar à humanidade os segredos da vida e da evolução do espírito. A tarefa
não será muito simples. Nem mesmo para mim o foi, afinal, se fosse fácil,
Ele não nos enviaria para tal missão. Simplesmente deixaria que os seres
humanos se descobrissem ao passar dos anos. Devemos nos sentir felizes por
termos sido escolhidos para tão grande missão, pois dessa maneira vamos pôr

19
O LIVRO DA LUZ

em prática tudo que já sabemos e somente assim vamos ter a certeza de que
alcançamos tal nível de sabedoria.
- Isso que acabei de dizer está acontecendo no momento presente com
inúmeros seres humanos que vivem na Terra e por terem um bom nível de
conhecimento estão sendo colocados em teste. Alguns até tem consciência
disso. Outros sentem-se como estrangeiros num país desconhecido.
- Agora eu quero que se sente aqui na minha frente a criança que representa a
vida física.
A criança aproximou-se e, como Jesus havia pedido, sentou-se à sua frente.
- Meu querido anjinho, tua missão é tirar a vida e ao mesmo tempo doá-la. A ti
dou o direito da palavra final sobre a vida e a morte. Após a decisão do amor
e do destino restará sempre a ti a palavra final. Tu não deves sentir dor ou
misericórdia, pois já és conhecedor da Verdade divina. Chegarás sempre na
hora certa, pois para ti não existe hora errada. Deves levar a vida do solo mais
infértil ao mais produtível. Assim também farás com a morte. Não deves te
importar com as diferenças de raça, cor, credo, etc., pois és mais forte do que
tudo isso. Os poderes mágicos não devem te afetar. A menos que recebas
ordens superiores deverás atender aos apelos da magia. Habitarás todos os
cantos, ora usando a face da vida, ora usando a face da morte. Seja inocente
ou pecador tu deves cumprir tua missão. Aos inocentes pareça sempre suave,
mesmo que aos olhos da humanidade isso não seja possível ver. Quanto aos
pecadores, cumpra apenas os apelos do destino.
- Tanto ao dar a vida quanto ao dar a morte tu deves sempre dar uma lição que
cabe sempre ao destino escolher, mas para que tu e os outros entendam
melhor o que é dar uma lição vou-lhes contar uma lenda criada por um velho
sábio que há muito tempo viveu na Terra. É uma lenda sobre duas irmãs
gêmeas. Uma chamava Vida e a outra Morte. Ambas eram igualmente belas e
se davam muito bem. Viviam sempre juntas, mas por serem tão iguais uma
resolveu se vestir de branco e a outra de preto, ambas cores neutras e frias.
Reza a lenda que elas haviam sido criadas por um sábio chamado Tempo, que
ao ver seu povo viver tanto e evoluir tão pouco percebeu que a necessidade
de fazer transformações já não podia mais ser adiada.
- O velho sábio invocou o Anjo da Consciência e pediu a ele que lhe mostrasse
uma maneira de ajudar seu povo. Todavia, precavido, o velho sábio não se
esqueceu de dizer ao Anjo da Consciência que só aceitaria essa solução se
essa não lhe trouxesse karmas futuros, pois ele não queria carregar a culpa da
dor de um povo em suas costas. O anjo, compreendendo a preocupação do
velho sábio, disse: “Eu tenho a solução perfeita para o teu povo e para teu
alívio essa solução não vai te custar nada, tampouco te trazer algum karma,
pois ela faz parte do destino de muitos seres em outros mundos e até no teu,
mas aqui elas irão mudar algumas coisas, pois durante 300 anos elas estarão
presentes como qualquer ser vivo e dessa maneira a simples presença delas
fará com que o teu povo repense melhor suas vidas.” Assim o velho sábio
levou as meninas Vida e Morte para viverem em meio ao povo, que passou a
aproveitar melhor o tempo que tinha de vida em busca de conhecimento, pois
a morte agora era inesperada e pegava as pessoas de surpresa sem dó nem
piedade. Assim as pessoas passaram a dar mais valor ao seu próximo,

20
O LIVRO DA LUZ

despertando um sentimento que aos poucos ia tornando-os fortes. No período


de 300 anos as gêmeas deram tantas lições àquele povo que as pessoas
aprenderam o que não haviam aprendido em 1.000 anos. Quando elas se
sentiam seguras elas roubavam-lhes o chão lançando uma praga ou uma peste
que os fazia perder desde o alimento até aquilo que lhes era mais precioso.
Tempos mais tarde a vida devolvia a alegria aos campos e aos ventres das
mulheres. Assim esse círculo de perdas e ganhos trouxe grande sabedoria
àquele povo, mas isso é só uma lenda, meus queridos anjinhos.
- Senhor Jesus, quando uma alma que já alcançou a consciência reencarna por
que alguns de nós não têm muito acesso a esse ser?
- Meus amados, como o próprio nome já diz são seres conscientes, seres que já
alcançaram um grau de sabedoria um tanto superior aos demais e reencarnam
para cumprir propósitos divinos. Por isso o destino deles perdura nas mãos
dos Magisters ou Ministros do Universo. É também por essa razão que
esses seres superam o que a grande maioria julga insuperável. Geralmente
seres assim são escolhidos para mudarem o destino de muitos, mas jamais
devemos esquecer que se o fazem é porque têm autorização para isso, pois ao
contrário jamais deveria ser feito.
- Senhor Jesus, alguns seres conscientes, que alcançam os segredos do
universo, sentem muita dificuldade em passar esses segredos às outras
pessoas e não encontrando outra alternativa eles terminam por desistir de
passar a sabedoria adiante. Com isso sentem-se frustrados por não
alcançarem seu intento. Então eu pergunto: “Nós anjos não podemos
interferir ou ajudar alguns desses nossos nobres irmãos?”
- Meu querido anjinho. A verdade é muito clara. Quando um ser consciente
não consegue mudar seu próprio caminho somente os Magisters do
Universo podem tomar essa decisão de interferir e para que vocês possam
entender isso com maior clareza vamos descortinar o mistério que existe por
trás disso. Vamos então partir do princípio, da história verdadeira e original.
Todos vocês sabem que o verdadeiro Adão conhecido como o primeiro
homem criado por Deus, o Grande Pai, nada mais é do que Ele mesmo, o
próprio Grande Pai, e a primeira mulher, Eva, feita da costela esquerda de
Adão, nada mais é que a chama gêmea do Pai, feita vida no momento em que
o Grande Pai retirou um pedaço de seu coração para observá-lo. Naquele
instante mágico o Pai deu origem ao princípio masculino e feminino e como
Ele era livre e infinito em sabedoria o princípio feminino que saiu dEle
também possuía as mesmas qualidades, na mesma intensidade. Por essa razão
também se completavam tão harmoniosamente. Esse pequeno segredo já é
uma grande heresia para muitos seres humanos. Agora imaginem então o que
ainda vou continuar a revelar a vocês. Bem, mas isso não é mistério para
grande parte dos seres humanos que conhecem a Kabalah na íntegra. Por essa
razão devo continuar, pois creio que a Verdade não pode ficar restrita a um
grupo de pessoas que na verdade não revela esse segredo por motivos de
interesse pessoal e até coletivo. Muitos são os interesses que mantém essa
Verdade ainda cortinada, velada para a grande maioria. Mas continuando
vamos revelar quem era a serpente que, muito entre aspas, fez Adão e Eva
pecar e sair do paraíso onde viviam. Na verdade o Grande Pai e sua chama

21
O LIVRO DA LUZ

gêmea viviam no universo que haviam criado quando resolveram ter uma
alma, como antes já expliquei. Também já expliquei como essa alma se
multiplicou e deu origem aos espíritos filhos do Grande Pai. Eles criaram
essa alma e ela se multiplicou em inúmeras partículas livres e sábias,
exatamente como o Grande Pai (porém agora vem a parte mais difícil para
alguns seres humanos) e deixou que essas partículas escolhessem como
deveriam evoluir.
- A alma distribuída em inúmeras partículas era a Serpente da Sabedoria, que
para colocar em prática toda a consciência que tinha escolheu materializar-se
sem perder seu corpo. Primeiro o Grande Pai, em sua enorme sabedoria, deu
a essas partículas um segundo e um terceiro corpo. O segundo seria imortal
como o primeiro, mas sentiria todas as dores e emoções do terceiro, que seria
mortal e estagiário. Foi então que o segundo e terceiro corpos começaram a
colocar em prática todo o conhecimento do primeiro. A princípio esses dois
corpos não podiam ter a consciência do primeiro corpo, pois se isso
acontecesse não haveria aprendizado. Por isso esses dois corpos passaram e
passam tanto tempo sem despertar a consciência do primeiro e somente
quando estão aptos a entender é que alcançam essa consciência. O espírito, o
primeiro corpo, é a consciência divina pura e limpa, mas que não teria avanço
algum sem os outros dois corpos. A alma é a sabedoria e o corpo físico é o
aluno que vai praticar essa sabedoria, ora como o bem, ora como o mal, afinal
a sabedoria, para chegar a evoluir para consciência, precisa conhecer muito
bem os dois caminhos. Por isso alguns seres encarnam como leigos, sem
maldade e são atropelados pelas leis do destino ditadas pelo seu próprio
espírito, que diz: “Tens que conhecer as profundezas da tua ignorância, tens
que adentrar nas grandes matas escuras dos teus medos e preconceitos, não só
para conhecê-los, mas para conhecer-te também. Assim poderás transformá-
los e transformar-te também.” Na verdade a palavra ‘transformação’ é uma
das últimas que corpo e alma aprendem, pois antes disso esses dois corpos
lutam para destruir seus medos e preconceitos da mesma forma que vão
matando as pessoas que surgem em suas vidas como o mal. Acontece que o
mal não se mata, se transforma, pois ele nada mais é do que um professor que
tem muito a ensinar. Sei que para muitos seres humanos isso parece
totalmente ilógico, pois afirmar que o mal é um professor que quer te ajudar
para muitos não é concebível.
- A primeira Eva (chama gêmea) e o primeiro Adão (Deus) já tinham grande
sabedoria e evolução suficiente e é óbvio que deram isso a seus filhos (alma
de Deus). Essa também foi uma maneira que o Grande Pai achou de praticar
sua sabedoria. Não que Ele precisasse disso, mas foi um motivo a mais para o
Grande Pai criar a humanidade universal. Era como se partículas do Grande
Pai mostrassem a Ele como Ele agiria sem ter a responsabilidade de ser Deus,
como Ele agiria nas mais diferentes situações, como Ele seria sem a
consciência de quem de fato era e essas partículas, que hoje sabemos que
somos nós, mostraram ao Grande Pai o que Ele é nas suas mais diferentes
emoções. Então Ele olha para nós e se vê nas mais diferentes raças, formas,
cores ou credos. Por isso o Grande Pai nos aceita a todos sem restrição
alguma, da mesma forma que nos compreende com imensa tranqüilidade.

22
O LIVRO DA LUZ

Isso tudo porque Ele jamais conseguiria negar a si mesmo e vendo que somos
todos parte dEle fica a pergunta: “Como negar-te se vós sois eu?” Quando
Deus disse que Ele é o tudo Ele estava se referindo ao ‘tudo’ geral e ao ‘tudo’
que a nossa mente ainda não alcança. Em suma, nós somos o Grande Pai nas
suas mais diferentes formas, nas mais diversas faces, em suas inúmeras raças,
cores, credos, etc. Enfim, somos Ele nas mais diferentes emoções, mas para
termos a certeza de que somos Ele o Pai nos deixou livres para vivermos uma
emoção maior a cada encarnação e assim, nas nossas muitas encarnações,
vamos enchendo nosso gigantesco caldeirão de emoções. Quando este estiver
transbordando de sabedoria passamos então a perceber que emoções
transbordam e se esvaem como água nas mãos. Só então percebemos que
apenas aquilo que ficou é caldeirão, porém esse grande caldeirão é o
recipiente sagrado chamado ‘coração’, que não pode ser preenchido de
emoções, pois essas sempre o deixarão. Mas há algo que as emoções podem
deixar nesse caldeirão: a sabedoria acumulada pelas lições causadas pelas
emoções e essa sabedoria pode ajudar a alma a encaminhar o corpo no
caminho da compreensão.
- Compreensão é uma palavra sagrada e a humanidade vai precisar muito dela
para o que vou revelar a ela agora. Meus queridos anjinhos, aproximem-se
todos, pois isso que vou revelar diz respeito a todos vocês e mais
especificamente à missão que cada um de vocês vai desempenhar na Terra.
Vamos começar essa história bem do começo para que não haja mal-
entendido. Desde Abraão que a humanidade terrena ouve falar dos anjos,
porém a verdade sobre eles foi bastante deturpada. É claro que isso foi
providencial, afinal se uma grande parte da humanidade soubesse o que vou
revelar agora fatalmente não adoraria os anjos. Acredito até que teria medo
deles e por ser eu um Serafim obviamente que comigo não seria diferente.
- Nos primeiros livros conhecidos como Livros da Verdade ou Livros da
Criação os anjos foram divididos em diferentes hierarquias. Conta-se até
mesmo que esses livros tenham sido dados aos seres humanos pelos anjos.
Nisso há uma certa verdade, a exemplo de Abraão e Enoch, que de fato
receberam alguns segredos do universo através dos anjos. Para ser mais
preciso Abraão recebeu toda a Verdade contida na Kabalah, mas não pôde
divulgá-la na íntegra a seu povo, pois pareceria muito absurdo dizer que o
primeiro homem e a primeira mulher, Adão e Eva, eram tão somente o
próprio Criador e naquela época seria mais difícil ainda explicar que o
Grande Pai nos criou a partir da união com sua chama gêmea e depois, já
unificados, sacrificaram sua alma para nos criar. Como podem observar,
meus anjinhos, explicar para a humanidade sua verdadeira criação e origem
era muito difícil para o nosso tão sábio Abraão, que mesmo com tanta
sabedoria não conseguiria que o seu povo acreditasse nele. Imaginem se ele
revelasse tudo que realmente sabia. Simplesmente a história da humanidade
terrena não seria a mesma ou com certeza o Grande Pai daria uma nova
chance a outro Abraão.
- Mas vamos voltar à história dos anjos. Nosso amado sábio e irmão Enoch
esteve durante muito tempo dividido entre a Terra e o céu para obter as
informações necessárias que iriam ajudar a humanidade toda numa fase de

23
O LIVRO DA LUZ

transformação muito grande. Enoch recebeu dos anjos a verdade sobre suas
vidas e sobre suas missões junto dos seres humanos. Em sua última visita ao
Reino dos Anjos o poderoso Arcanjo da Sabedoria relatou a Enoch qual era
de fato a função de um anjo na vida dos seres humanos e o que de fato eles
podiam ou não fazer. Esse arcanjo revelou a Enoch que a verdadeira função
de cada anjo na vida humana era proteger o espírito de cada ser vivo e cuidar
de outros assuntos referentes ao universo como auxiliar os presidentes dos
planetas e seus Magisters (grande conselho ou ministros), porém havia outra
grande missão que os anjos chegariam a desempenhar na vida dos seres
humanos, só que essa missão Enoch não deveria revelar tão claramente.
Devia deixar escrito de forma que viesse a ser descoberto quando a
humanidade tivesse um certo grau de evolução para compreender melhor.
- Esse arcanjo relatou a Enoch que os anjos desempenhariam o papel do Bem e
do Mal na vida dos seres humanos e que só faziam isso com a total
autorização do espírito de cada indivíduo. Vale lembrar que o espírito de
todos é livre, puro e cheio de sabedoria, porém para colocar esta sabedoria
em prática ele tem que usar a alma e o corpo afim de que esses, recebendo
esta sabedoria, a coloquem em prática para assim evoluírem e alcançarem a
consciência. Só então alcançarão a união junto ao espírito. Para que todos
compreendam com mais facilidade o que estou tentando explicar vou usar um
exemplo de um ser que hoje já alcançou essa consciência.
- Vamos chamar esse ser apenas de Maria. No princípio, quando Maria desceu
à Terra, teve boa parte de sua memória apagada, como todos os que vieram
para a Terra. Sofreu a destruição de Atlântida, Lemúria e Shangrillá. Mais
uma vez perdeu a memória, só que dessa vez teve que esquecer tudo. Por isso
teve que recomeçar do zero, como todos os outros. Assim Maria, como os
outros, criou karmas para pagar. É aí que entra seu anjo guardião. No
decorrer de suas encarnações na grande escola terrena Maria foi apresentada
a todo tipo de maldade, crueldade, torturas, horrores, etc. Em várias vidas
Maria esteve do lado do mal, em outras do lado do bem, obviamente como
qualquer ser humano. Essa história seria normal se não fosse por um pequeno
detalhe que irá mudar a visão que as pessoas tem dos anjos. Todo bem e todo
mal que Maria sofreu foi em primeiro lugar ordenado pelo seu próprio
espírito, que usa do livre-arbítrio que possui para fazer seus outros corpos
evoluírem, porém o ser que coloca tudo isso em prática para a alma quando
esta sobe ao Lar Espiritual para escolher sua nova encarnação é o seu anjo
guardião. Quando o ser já encarnado tenta fugir às suas escolhas os espíritos
guardiões tentam chamá-lo de volta à razão. Quando não conseguem o anjo
guardião é que faz isso. Assim o bem e o mal repousa nas mãos do anjo
guardião de cada ser, porém ele jamais faz isso sem a devida autorização do
espírito (consciência) desse ser, pois o respeito ao livre-arbítrio é absoluto.
Sendo assim o anjo cumpre apenas a tarefa que na verdade cada um de nós
lhe confiou.
- Hoje, tendo essa consciência, Maria sabe que seu amado anjo guardião, por
amá-la incondicionalmente, seria o único capaz de fazê-la enxergar a
verdade, mesmo que para isso ela tivesse que sofrer muito. Ela também
reconhece que seu anjo guardião nada fez que seu espírito não desejasse.

24
O LIVRO DA LUZ

Assim sendo o anjo fez apenas o que Maria já lhe havia confiado fazer, só
não se lembrava de tê-lo feito. Na verdade os anjos e espíritos guardiões são
instrumentos de evolução da alma e do corpo, que de uma forma ou de outra
tem que pagar seus karmas. Esse exemplo de Maria foi muito leve. Agora
vou dar um exemplo mais profundo da sabedoria dos anjos. Vou dar o
exemplo de Salomão, que se envolveu entre anjos e demônios e até mesmo
acreditou tê-los sob seu domínio.
- Essa história não é nenhuma novidade para as pessoas que conhecem ou já
ouviram falar da magia dos quadrantes ou Abramelin. Essa magia foi
entregue à Terra através dos próprios anjos, que a confiaram a Enoch. Ela se
espalhou pela Terra e assumiu várias formas, porém todas muito semelhantes.
Os chineses e japoneses usavam-na em forma de pequenas folhas de papel
contendo desenhos de ideogramas mágicos. Os hindus usavam-na em forma
de pequenos mudras desenhados em papel. Curiosamente o mudra mais
poderoso até hoje é uma lenda na Índia, mas nem por isso deixa de ser o mais
temido, afinal mesmo sendo lenda muitos afirmam que ele ainda existe e é
protegido por alguns monges muito sábios. O nome desse mudra é Rada
Shiva. Obviamente ele carrega esse nome por desencadear o poder destruidor
do deus Shiva, que representa a destruição e a transformação, mas o maior
segredo do Rada Shiva e do Abramelin é que ambos possuem o mesmo
poder. O Rada Shiva é um mudra que em mãos erradas invoca o poder de
destruir tudo que seu dono desejar, mas em mãos certas tem o poder de
acalmar as mais terríveis calamidades e todo esse poder está em um único
mudra. Nos quadrantes também se encontra toda a magia do bem e do mal
em um único quadrante que, por orientação do anjo guardião jamais deveria
ter sido usado. Mas se jamais deveria ser usado com certeza jamais deveria
ter sido ensinado. Como tudo no universo tem seu propósito um dia os
homens com certeza não segurariam a curiosidade e passariam por cima da
advertência do anjo e logo descobririam do que aquele quadrante realmente
era capaz. Na verdade foi o que aconteceu com Salomão, que recebeu o livro
sagrado e resolveu se aperfeiçoar em todo o conhecimento que ele continha.
Durante algum tempo Salomão acreditou que fosse o único a deter esse
conhecimento e por muitos anos usou e abusou de todos os poderes e favores
que os quadrantes mágicos lhe ofereciam. Naquela época não se acreditava
que as mulheres pudessem ter acesso a essa magia, mas isso não era verdade.
Essa proibição foi criada pelos homens, que temiam perder o controle e poder
para algumas mulheres, pois as julgavam mais ardilosas que as serpentes.
- Conta-se uma estória que ilustra o mal uso da magia pelos faraós, mas que
não é inteiramente real, pois Ramsés e Moisés eram a mesma pessoa e
Moisés não foi o salvador do povo judeu, e sim Miriam e Aarão. Mais
adiante essa história é melhor explicada.
- Algumas centenas de anos antes de Salomão alguns faraós descobriram os
segredos dos quadrantes. Um desses faraós foi Ramsés, o arqui-inimigo de
Akhenaton. Mesmo tendo Akhenaton morrido já há mais de 60 anos Ramsés
não conseguia se livrar da magia que Akhenaton havia deixado em seu reino
e que não chegou a ser destruído pelos seus sucessores, pois eles não tinham
o conhecimento mágico para destruir o que Akhenaton havia construído. No

25
O LIVRO DA LUZ

reinado de Ramsés ele obteve o conhecimento do livro dos quadrantes através


da tortura feita em um sacerdote que mantinha o livro guardado. Entretanto o
sacerdote, precavido e já sabendo que ia morrer, deu a Ramsés apenas o livro,
mas não ensinou como usá-lo, deixando que o destino se encarregasse de
fazê-lo. O sacerdote sabia que Ramsés tinha um coração ambicioso e que o
anjo guardião dos quadrantes se encarregaria de fazê-lo pagar pelos seus
desmandos e assim foi. Ramsés, logo que conseguiu aprender a magia dos
quadrantes colocou em prática esse conhecimento em benefício próprio
obtendo ouro, pedras preciosas raríssimas, algumas jamais vistas, e outras de
poderes estranhos e obscuros. Mas havia algo que Ramsés não conseguia
destruir: a cidade de Akhetaton, construída por Akhenaton. Sendo isso
impossível ele pediu ao anjo guardião dos quadrantes que lhe ensinasse uma
maneira de fazer Akhenaton ser esquecido. O anjo disse que isso só poderia
ser feito se sua história fosse apagada ou escondida, porém jamais destruída,
pois estava protegida por uma magia divina que tinha que ser respeitada, caso
contrário algo muito terrível poderia acontecer. O anjo guardião disse a
Ramsés que a maneira mais fácil de fazer Akhenaton ser esquecido seria
construir uma nova história por cima da dele, porém essa nova história só
esconderia a história de Akhenaton se fosse construída pelas mãos dos seus
seguidores, pois a magia que o antigo faraó havia deixado só não seria capaz
de prejudicar aqueles que haviam se tornado seguidores de seus
ensinamentos. Ramsés usou e abusou dessa oportunidade e construiu imensos
colossos encima daquilo que Akhenaton havia construído, mudando toda a
aparência da cidade. Na verdade ele só trocou a fachada, pois a base firme, a
verdadeira estrutura, ainda está viva por trás de seus falsos feitos. Acredito
que a tecnologia já existente na Terra pode provar isso facilmente, pois sei
que existem aparelhos que podem ver e diagnosticar imagens por cima de
outras, mesmo que essas sejam feitas em pedra. Voltando a Ramsés, ele fez
com que os seguidores de Akhenaton passassem a rejeitar o ensinamento do
antigo faraó e isso não foi muito difícil, afinal os antigos deuses ainda eram
adorados às escondidas na época de Akhenaton. Agora que estavam livres
voltaram a fazer os velhos e falsos milagres. Sacerdotes escondiam-se por
trás das estátuas e com truques de ilusionismo convenciam o povo dos
poderes das estátuas (obs.: em meio a tanta mentira havia milagres reais, pois
a fé de muitos era verdadeira). Os seguidores de Akhenaton receberam um
golpe duro dos sucessores de Akhenaton e aproveitando-se disso Ramsés
piorou essa situação. Ele disse ao povo que eles estavam sofrendo tudo aquilo
por conta das loucuras que o antigo faraó havia lhes ensinado e agora os
deuses os castigavam por tê-los abandonado por tanto tempo. Durante algum
tempo esse castigo seria a morte de algumas crianças especialmente
escolhidas pelo faraó, que usaria o sangue delas para acalmar algum deus que
havia entrado em fúria, porém isso não era verdade. Ramsés fazia isso porque
havia lido em antigos rolos de papiros que Akhenaton reencarnaria e toda vez
que Ramsés se sentia em perigo matava uma criança que ele julgava ameaçá-
lo e se banhava com o sangue dessa criança acreditando obter a juventude e
alguns anos a mais de vida. Alguns anos mais tarde ele encontrou outros
papiros onde Akhenaton relatava que seu povo entraria em grande sofrimento

26
O LIVRO DA LUZ

por causa de um faraó que de tanto usar a magia sem sabedoria mataria seus
próprios herdeiros e como castigo enlouqueceria, mas antes disso acontecer o
Deus único mandaria um libertador que salvaria todo o seu povo. Esse papiro
deixou Ramsés ainda mais obcecado pela magia dos quadrantes e a qualquer
custo lutava para se proteger das profecias de Akhenaton, porém o que
Ramsés não sabia é que seus dias estavam marcados e ele estava perto de
cometer seu pior erro. Em uma de suas loucuras Ramsés bebeu o sangue de
uma criança acreditando que estava roubando a juventude e o vigor do ser
inocente, mas desta vez o destino entrou como navalha no caminho dele. O
sangue daquela criança estava contaminado com uma doença fatal e
incurável. Como Ramsés fazia esses rituais com propósitos de magia isso o
prejudicou ainda mais, pois essa doença só seria revertida se ele conseguisse
devolver a vida à criança que lhe passou aquele sangue contaminado.
Acontece que para fazer isso a criança deveria ter morrido a menos de 24
horas e seu corpo deveria estar em perfeito estado. Essas eram as exigências
da magia dos quadrantes, que no entanto não estavam ao alcance de Ramsés,
pois ele havia feito o tal ritual há mais de um mês e para piorar o corpo da
criança havia sido atirado aos crocodilos como forma de não deixar vestígios.
- Ramsés agora tinha que morrer e aceitar esse pequeno castigo pela sua
maldade, mas ele não aceitou tudo isso tão facilmente assim e resolveu fazer
um pacto com o Santo Anjo Guardião dos Quadrantes Mágicos. Ele
conseguiu, através da magia dos quadrantes, garantir sua reencarnação como
um dos filhos de seu próprio filho (reencarnando como neto de si mesmo).
Com isso ele voltaria a ser faraó novamente em menos de 20 anos. Assim
Ramsés planejou, assim ele fez. Antes de morrer confiou a magia a dois de
seus sacerdotes que obedeciam cegamente tudo que ele falava, pois temiam
sua magia. Passado algum tempo o filho de Ramsés e que seria pai de sua
reencarnação, continuou os seus desmandos judiando do povo, sacrificando-o
no trabalho pesado e matando suas crianças ora para satisfazer os impulsos
sanguinários de algum deus, ora para satisfazer seus próprios impulsos.
Pouco tempo se passou e Ramsés reencarnou e em poucos anos foi
reconhecido pelos sacerdotes. Só que desta vez Ramsés não estava sozinho.
Havia ganho um irmão adotivo e adorado por todos e ele não sabia que este
era o escolhido que o Deus único havia mandado para salvar seu povo. Desta
vez algo não estava dando certo. Na hora de aprender a magia dos quadrantes
Ramsés não conseguia cumprir certas exigências, pois tinha muito medo do
que surgia diante dele. Vendo que o menino não progredia os sacerdotes
resolveram mostrar a ele sua história, que ele mesmo havia deixado escrita.
Ao ler tudo um pânico ainda maior tomou conta de Ramsés, que percebendo
seu fracasso com os quadrantes pediu aos sacerdotes que deixassem seu
irmão aprender. Nesta época um sacerdote misterioso dominava
tranqüilamente a magia dos quadrantes. Esse sacerdote aceitou ensinar a
verdadeira magia ao irmão de Ramsés, porém ele mesmo não podia
presenciar o aprendizado de seu irmão. Essa era uma exigência do Santo
Anjo Guardião. Ramsés não se importou muito, afinal se ele não se lembrava
daquela magia e nem conseguia aprendê-la é porque podia confiar em seu
irmão. Mal sabia que seu irmão era um escolhido divino e tinha um coração

27
O LIVRO DA LUZ

bom. O Santo Anjo Guardião ensinou tudo que pôde ao escolhido e fez mais.
No final do aprendizado o escolhido pediu ao anjo que revelasse o real
motivo de todo aquele aprendizado. Esse revelou o passado desde Akhenaton
até o futuro, que mostrava a libertação daquele povo. Dessa maneira o jovem
escolhido descobriu toda a verdade sobre a sangrenta história que estava por
trás do seu irmão.
- Esta foi a troca que o espírito de Ramsés pediu para o Anjo Guardião fazer.
Agora o espírito de Ramsés colocava seu corpo e sua alma diante de todo o
horror que na vida anterior ela havia proporcionado a tantas pessoas, mas
ainda era muito pouco para fazer Ramsés compreender a Verdade. Foi então
que o espírito decidiu que tinha que pagar um preço ainda mais alto e decidiu
privá-lo de tudo para fazê-lo compreender que sabedoria sem evolução não
tem poder real. Um poder sem responsabilidade não pode ser permanente e
deve ser tolhido. Dessa forma o espírito de Ramsés decidiu que estava na
hora dele conhecer na prática todo o mal que ele sabia aplicar tão bem. Assim
a magia foi transferida para as mãos certas, que usando com sabedoria o
conhecimento dessa magia castigaria Ramsés pelos seus crimes. Dessa forma,
meus anjinhos, o Santo Anjo Guardião dos Quadrantes Mágicos fez Ramsés
cair na sua própria armadilha. O resto da história todos já sabem. O irmão de
Ramsés, Moisés, libertou o povo de Akhenaton, que já não se lembrava mais
do faraó que um dia lhes havia ensinado a amar um deus único, pois o
sofrimento da dinastia Ramsés e Septh-Há fez o povo odiar ter seguido
Akhenaton. Por essas e outras razões o nome desse faraó foi apagado da
história daquele povo, mas a profecia que ele deixou para Ramsés se
cumpriu, não no primeiro corpo de Ramsés, como ele temia, mas na sua nova
vida como Ramsés, o neto (Septh-Há). Ele terminou sua vida sem herdeiros,
pois após o êxodo a loucura do faraó chegou a tal ponto que seu filho,
poupado por Deus através de Moisés, o abandonou após ler os desmandos de
seu pai. Ele jurou jamais ser um faraó e tampouco se sentaria num trono sujo
de sangue de tantos inocentes. Ramsés morreu velho, louco e sozinho,
atormentado por fantasmas que o torturavam todas as noites. O jovem
colocado no trono não era sangue dele e a maldição do faraó havia chegado
ao fim.
- Porém, meus queridos anjinhos, essa missão dupla de vocês não é algo muito
fácil de fazer a humanidade terrena e universal compreender, pois a parte do
universo que ainda não alcançou a consciência desta verdade condena
qualquer coisa que venha apontar ou confundir vocês anjos com seres cruéis.
- Nós sabemos que vocês não são maus e que cumprem apenas a missão que
lhes foi confiada, não só pelo Grande Pai como pelos próprios espíritos, que
para evoluírem devem também evoluir seus corpos físicos e almas. Na
verdade vocês não fazem nada que não tenha sido ditado pelo próprio espírito
de cada um, afinal ele é livre para evoluir sua alma da forma mais adequada
que desejar e é por isso que vocês, meus queridos, devem continuar a ser os
agentes duplos que colaboram para essa evolução. Mas agora vou contar a
verdadeira história sobre Salomão e sua tentativa de aprisionar o Santo Anjo
Guardião.

28
O LIVRO DA LUZ

- Vocês já conhecem a fórmula que deu sabedoria a Salomão e a tantas outras


pessoas, porém nosso querido sábio um dia perdeu o controle dos seres que
tanto lhe serviram. Na verdade a intenção desses seres é fazer a pessoa
acreditar que tem o poder de controlá-los. Nosso bom sábio, como muitos já
sabem, enriqueceu às custas desse poder. Ele utilizava os quadrantes mágicos
para invocar espíritos da natureza, fossem eles servidores do bem ou do mal e
esqueceu de achar o ponto de equilíbrio da magia, que é usufruir dela sem ser
corrompido por ela e isso geralmente só acontece quando a pessoa não tem a
magia natural. A magia natural é alcançada através do aprendizado de
inúmeras reencarnações. Essa magia também é conhecida como a ‘magia do
coração’, pois além de ser natural ela é sentida. Mas voltando à magia que
Salomão usou na sua época, ela lhe trouxe bastante benefícios e esses não se
resumiam apenas a tesouros. Salomão usou essa magia para assustar outros
reis e obter deles favores e belas mulheres. No auge do seu reinado Salomão
veio a descobrir que não era o único que detinha tal conhecimento. Sentindo-
se ameaçado Salomão procurou o Anjo Guardião e pediu a ele que destruísse
os outros livros mágicos que davam poder às outras pessoas. O anjo disse que
isso era impossível, pois o mesmo direito que lhe cabia também cabia aos
outros e além disso um anjo guardião jamais poderia ir contra um outro anjo
guardião, afinal eram eles que haviam trazido para a Terra a sabedoria,
mesmo que tenha sido através de Enoch. Irritado, Salomão disse ao anjo que
não precisava mais de sua permissão para utilizar a magia dos quadrantes,
pois já os conhecia de cor. Sendo assim não via nenhum problema em
dominar os demônios sozinho. O anjo desapareceu sem nada falar, pois já
sabia o que estava para acontecer. Mais tarde Salomão invocou um demônio
muito esperto que não podia ficar muito tempo solto no mundo real, mas
nosso amigo Salomão não estava vendo o perigo que o rodeava. Aquele ser
passou a fazer inúmeras propostas a Salomão e uma delas chamou muito a
atenção do sábio. O ser disse a ele que para ter uma magia superior a dos
outros sábios bastava apenas que ele aprisionasse o Santo Anjo Guardião da
Magia dos Quadrantes. Para obter sua liberdade de volta o anjo faria aquilo
que Salomão desejasse. Ensinou então um encantamento para Salomão lançar
sobre o Anjo Guardião logo que ele surgisse, mas em troca desse
encantamento ele disse a Salomão que, por uma vez somente, queria sentar
em seu trono. Salomão não percebeu a armadilha que se escondia por trás do
pedido daquele ser e em sua sede por poder aceitou o trato proposto.
Resolveu então chamar mais uma vez o Anjo Guardião e lançou sobre ele o
tal feitiço de aprisionamento. O Anjo, que tudo sabe, fez o feitiço de Salomão
voltar para ele e assim o sábio foi aprisionado pelo próprio feitiço. O Anjo
Guardião foi até Salomão num mundo paralelo informá-lo de suas novas
condições e esclarecê-lo sobre o erro que havia cometido. Neste mundo
paralelo o tempo era diferente e este foi um aliado precioso que ajudou nosso
sábio a repensar os seus erros. Arrependido, Salomão conseguiu sair do
mundo paralelo com a ajuda do Anjo Guardião, porém quando voltou ao seu
tempo viu que muita coisa havia mudado. O ser que se sentou no trono de
Salomão causou mudanças irreparáveis em seu reino. Uma delas foi permitir
que as esposas de Salomão cultuassem seus deuses. Outra foi ensinar a magia

29
O LIVRO DA LUZ

dos quadrantes a algumas mulheres. O povo estava bem revoltado com


Salomão, que vinha maltratando-o há algum tempo. Salomão, que esteve fora
por algum tempo, não entendeu nada do que estava acontecendo. O Anjo
explicou a Salomão que o ser que assumiu o seu lugar assumiu também sua
imagem e desse modo fez algumas mudanças no seu reino. Salomão
perguntou ao Anjo quanto tempo passou fora de sua realidade e foi
informado que haviam se passado três anos. Depois disso o reino de Salomão
desandou e muita coisa fugiu ao seu controle. Em meio a tanta desordem
Salomão esqueceu que somente o Anjo Guardião era responsável por passar a
magia dos quadrantes aos aprendizes e somente no final de sua vida ele
compreendeu que para as mulheres saberem aquela magia o Anjo deveria ter
autorizado. Após deduzir isso Salomão resolveu ter uma conversa com seu
Anjo Guardião e pediu a ele que explicasse como era possível algumas
mulheres de seu harém terem recebido tamanho aprendizado. O Anjo
respondeu com muita clareza dizendo:
- Meu bom Salomão, tu, como vários seres que aprenderam a sagrada magia
dos quadrantes, acreditam que são seres com poderes supremos, capazes de
dominar o bem e o mal e chegam até mesmo a acreditar que são capazes de
aprisionar anjos ou demônios. Porém, meu bom sábio, eu hoje te digo que
sou o servidor real da tua consciência suprema (teu espírito) e essa
consciência me deu a missão de ser guardião de tua alma e também me
encarregou de fazê-la evoluir para um dia estar pronta para receber a
consciência, mas até que esse dia chegue eu serei o caminho que tua
consciência escolheu para te fazer evoluir. Nesta minha missão eu não devo
ter dó nem piedade de ti. Ao mesmo tempo que te ensino o bem também devo
te ensinar o mal, porém este mal nada mais é do que o reflexo de tuas ações
erradas. Entretanto nem bem nem mal acontecem em tua vida sem que eu
antes saiba ou autorize. Então, meu caro sábio, muito antes de fazeres o
acordo com aquele demônio para me aprisionar eu já havia autorizado tal
acontecimento, assim como todos os outros, que nada mais são do que frutos
daquilo que tu plantaste. Por isso, meu bom Salomão, te afirmo que nunca
um ser tão distante da consciência verdadeira aprisionou um anjo, ou tu
acreditas que nós, anjos, seres conscientes, nos deixaríamos prender de
verdade por um ser inconsciente? Em todas as estórias que contam sobre um
ser humano ter poder sobre um anjo nada existe além de um acordo do anjo
com a consciência (espírito) do ser humano, que mais tarde usa este acordo
para dar uma lição na alma. Veja tu mesmo, Salomão. Tu acreditaste poder
me ter a hora que desejasses, servindo-te de acordo com a tua vontade. Eu
deixei tu creres que me tinhas como um serviçal. Eu já esperava que um dia
tu te deixasses levar pelas tentações. Muitos já cometeram o mesmo erro,
porém, meu caro, muitos também foram os que souberam a hora de parar,
pois ouviram o coração primeiro. Tu, Salomão, como os muitos que já
conheço, pediram sabedoria, mas se esqueceram de pedir evolução o bastante
para lidar com essa sabedoria e sabedoria sem evolução é conhecimento além
da tua prática e capacidade. Tu pediste um veículo que ainda não sabias
conduzir, te empolgaste com as facilidades desta sabedoria. Ela te cegou e
levou à tua própria destruição. Eu te dei o poder, Salomão, mas tu usaste ele

30
O LIVRO DA LUZ

contra ti mesmo quando resolveste usá-lo contra mim. Portanto, meu caro,
tudo que aconteceu em teu reino tu mesmo o fizeste. Tu só não tens
consciência disso hoje, mas no futuro teu espírito te provará essa verdade.
Quanto às mulheres terem aprendido a magia, esta é uma lei divina que
obedeci. O Grande Pai do Universo não limita o conhecimento apenas ao
sexo masculino, pois a sabedoria não está na roupa (corpo) que a alma veste,
mas no que sente o coração desta roupa. Portanto homem ou mulher não tem
a menor diferença. Na hora de receber a sabedoria o que vale é a alma, que
não tem sexo, tal qual a consciência (espírito).
- Salomão então compreendeu tudo que havia acontecido, principalmente o
motivo por tudo ter acontecido, porém agora já era tarde demais e ele já não
podia consertar mais nada. Mas uma grande lição ele havia aprendido:
ninguém pode aprisionar um ‘ser consciente’ (um ser que conhece os
segredos da magia e do universo, seres humanos com consciência de verdade
ou seres celestiais), como também um ser consciente jamais aprisiona outro
ser consciente, pois uma consciência elevada jamais ataca outra consciência
do mesmo nível. Mesmo um anjo tendo todos seus poderes jamais poderá
atacar com eles um ser humano que, mesmo sem poderes iguais, tenha
conhecimento da verdade, pois a consciência desta verdade é o verdadeiro
poder que protege qualquer ser da magia usada sem sabedoria. Vocês
perceberam, meus queridos anjinhos, o quanto é difícil a missão de vocês no
universo? Mas espero que vocês também tenham percebido o quanto esta
missão é importante para a humanidade universal.
- Não importa qual seja a virtude que vocês representem, afinal ela sempre terá
um segundo lado e é justamente neste segundo lado que vocês não devem
procurar ser compreendidos. Aquele que representa a vida não pode se
importar em ser a morte, pois afinal ser responsável pela morte física é ser
consciente que a verdadeira vida é a da alma e da consciência (espírito). Ser
responsável pela abnegação é ter consciência de que o verdadeiro bem habita
o coração. Ser responsável pela sabedoria é abrir caminho para a evolução.
Ser responsável pela derrota é ensinar o caminho para a vitória. Ser
responsável pela doença é também dar forças para o alívio. Ser responsável
pelo perdão que vai é trazer o perdão que vem. Ser responsável pelo destino é
saber o tempo de cada acontecimento. Assim, meus queridos anjos, eu
apresentei seus lados opostos a vocês mesmos. Bem e mal irão perdurar na
mão de vocês de acordo com as ações daqueles que vocês irão proteger.
- Jesus, o senhor falou das responsabilidades de todos os meus irmãos, mas e
eu que carrego a responsabilidade do amor?
- Oh, meu querido querubim, eu não me esqueci de ti. Tu és o tudo, o
princípio, o meio e o fim e é único. Tu és a alma da consciência do Divino
Pai e de tudo que dEle foi gerado. Sem ti jamais algum dos teus outros
irmãos poderá agir, pois és o que dá a vida às virtudes e as impulsiona a
viver. Todos te procuram, todos querem te ter, te conhecer, mas só tu podes
tê-los, só tu podes possuí-los inteiramente, só tu podes conduzi-los ao Pai.
Repousa sobre ti a responsabilidade de dar ao universo essa consciência. Tu
és o único que tens o direito de frear o destino e até mesmo de mudá-lo. Tu
representas Deus e a fé e através de ti o impossível se fará realidade. Assim

31
O LIVRO DA LUZ

sendo, meu querido anjo do amor, tu serás das sombras a escuridão e das
profundezas negras a mais intensa luz. Tu és o único a ter o poder de aplicar a
maior, a mais inexplicável e a mais aguda das dores, porém tu também és o
único que tens o antídoto para ela. Por ti o universo briga, contigo o universo
sonha. De todos os bens tu és o mais rico, o mais nobre, sem preço. Nem o
universo inteiro pagaria teu valor, porém tu és o cego que tudo vê, não tens
preconceitos, deves preencher os corações mesmo que esses vivam em
mansões ou jogados ao relento, deves arrebatar o puro e arrastar aos teus pés
o mais duro e terrível dos mortais. Diante de ti só os pequeninos inocentes
serão poupados, pois até certa idade são representantes teus. Quanto aos
outros seres, quando colocados diante do teu poder, deverão perceber que de
ti não se pode fugir. Muitos que no universo dizem “eu amo” acreditam te
conhecer, mas tu deves ensinar a eles a diferença entre “amar” e “saber
amar”. Muitos acreditam conhecer a diferença entre essas colocações do
amor, mas não imaginam que grande diferença há entre elas. Deves ensinar
que amar a grande maioria da humanidade acredita fazer e que para amar não
existem regras, basta amar. É muito simples amar um pai, uma mãe, um filho,
um marido, um amigo, porém esse amor é simples e muito comum. Vejam
que é muito fácil amar uma criança ou um velhinho. Difícil é amar um
criminoso ou uma prostituta. As pessoas julgadas como criminosas pela
sociedade não são amadas nem respeitadas. Por isso muitas vezes não
recebem uma segunda chance e se um dia saem da vida de crimes não são
respeitados nem bem aceitos ou bem vistos pela sociedade desconfiada, que
agindo dessa maneira termina por incentivar essas pessoas a voltarem para
seus delitos. Saber amar não é apenas amar a família ou pessoas boas. Saber
amar é respeitar e aceitar o próximo, seja ele branco ou negro, rico ou pobre,
crente ou ateu, criminoso ou não. Afinal todos são filhos de um Grande Pai,
que não faz distinção de seus filhos pelos erros ou acertos. Ele os aceita
igualmente e esse foi um dos mandamentos que Ele me pediu para deixar
bem claro para a humanidade terrena. “Amai-vos uns aos outros assim como
eu vos amo”. E eu pergunto a essa humanidade: Se eu posso aceitá-los como
são, por que não podem eles fazer o mesmo? Se por eles dei minha vida
como prova do grande amor que fui a eles deixar, por que eles não podem
perder o orgulho e o preconceito para a mão de um irmão apertar? O saber
amar é amar desinteressadamente, sem medos ou preconceitos. É não
condenar o passado para salvar o futuro e consertar o presente.
- Tudo que desejo, meus anjinhos, é que vocês consigam ensinar essa tarefa tão
difícil aos seres humanos. Levem a eles a consciência de que o amor é o
único verdadeiro poder, pois não há magia que o derrube nem poder
semelhante a esse nobre sentimento em todo o universo e ninguém pode dizer
que o conhece na íntegra se ainda não aprendeu a diferença entre amar e
saber amar.
- Todas as demais virtudes devem seguir o Amor, de quem hoje arrancarei os
olhos. Não te preocupes, meu querido querubim, tu jamais serás cego de
verdade, pois a ti dou a visão verdadeira, a original, a visão que segue apenas
o que sente, porém as outras virtudes obrigatoriamente verão os dois lados,
terão que andar por esses dois lados e em alguns momentos terão que ser

32
O LIVRO DA LUZ

mais cegos que o Amor, mas este jamais os deixará, pois sozinhos, separados,
vocês perdem o verdadeiro sentido da sabedoria. Então, meu pequeno ser
chamado Amor, tiro-te agora a visão dos pecados, dos erros, dos medos, dos
defeitos e te dou a mais ampla de todas, aquela que te permite enxergar a
verdade que habita cada ser vivo, verdade essa que nunca permitirá que tu te
desvies do caminho do Deus único. A mais perfeita de todas as visões, a
visão do amor, é a visão da perfeição.
- Tu e o Destino são como corpo e alma. Os demais são como uma simbiose
que lhes permite serem sentidos pela humanidade. Todos juntos são como o
próprio Eterno, o Divino, o Grande Pai. A Verdade nos permite amar a
humanidade sem esperar nada em troca. Essa muitas vezes diz nos amar ou
acha que nos ama. Algumas vezes chegam a confundir este amor com o amor
carnal, mas a verdade é que enquanto vivos no máximo recebemos amor
verdadeiro de um ou dois seres. Um deles geralmente é uma criança pura e
inocente, que na sua inocência do mundo fecha os olhos para os preconceitos
e nos vê como o Pai, sem diferenças. É muito difícil para outros seres
acreditarem que alguém possa amar tanto sem ser amado. Algumas vezes até
nos dói a ausência do amor, porém quando olhamos para o amor que as
pessoas nos oferecem e observamos que nele ainda existem vícios e paixões
terrenas nos lembramos que o amor verdadeiro do Grande Pai é capaz de nos
suprir infinitamente e sem ele já não podemos viver.
- Durante os muitos anos que passei na Terra eu desejei ser mortal como
qualquer outro. Digo mortal não porque eu fosse um imortal. Ao contrário do
que as pessoas pensam a imortalidade não é viver 1.000 anos sem morrer. A
imortalidade é a consciência da Verdade divina. É algo tão supremo e
grandioso que às vezes parece não caber dentro de nós ou do nosso corpo
quando estamos encarnados. Algumas vezes me peguei olhando para algumas
pessoas que viviam suas vidas simples, felizes, sem responsabilidade alguma
perante a humanidade. Ignoravam a Verdade, porém esta ainda não lhes fazia
falta e isto ainda não os prejudicava. Eles apenas viviam como tinham que
viver. Eu os olhava e algumas vezes cheguei até mesmo a chorar, pois não
podia ser um simples mortal como eles. A minha consciência não permitia.
Eu sabia a Verdade, então tinha que passá-la adiante. Mesmo que isso
parecesse impossível eu tinha que fazê-lo. Esse conflito não foi só meu.
Inúmeros seres tiveram esta mesma dor e não a dividiram, meus anjinhos. Ao
ensinar a Verdade a seres que ainda não estão prontos qualquer um sente dor.
- Senhor Jesus, até mesmo o Grande Pai sente esta dor?
- Meus queridos, vocês se lembram que eu lhes disse que vocês jamais sentiam
algo que antes o Grande Pai não tivesse sentido? Então, muito antes de nos
criar o Grande Pai já era três: amor, vida e consciência. Vida é a existência de
todos os seres, mas vida tão somente não é o suficiente. Por isso a
consciência se faz necessária. Para o Grande Pai ela existe em sua infinidade,
mas para a alma ela deve ser aplicada em doses homeopáticas
(gradativamente), pois a consciência é a revelação do divino em cada ser. É o
poder ilimitado que nos habita, mas que não temos condições de conhecer
antes do tempo certo. Temos então vida e consciência e é aí que entra o
Supremo Divino, o Amor, aquele que anima a vida e acorda a consciência.

33
O LIVRO DA LUZ

Enfim o Grande Pai, que tudo é e sente, de si tirou a experiência, do vazio e


cheio, do completo e incompleto e deles purgou duas gotas de emoções que
Ele próprio sentiu. Depois transformou elas em vidas independentes como
Ele. Elas ganharam o título de professores. Uma ensinaria pela dor, a outra
ensinaria pelo amor, porém jamais deveriam se separar, devendo sempre
andar juntas. Dentro de si o Grande Pai é escuridão e luz, pois só assim é
perfeito e é desse exemplo que Ele criou esses dois professores tão
necessários para a evolução universal. A dor ou o mal criou uma escola
chamada “umbral do universo”, onde as almas ignorantes são levadas para se
corrigirem, porém os seres conscientes também vão ao umbral do universo,
onde vão aprender lições que fazem parte de um processo de evolução que
eles deverão ensinar quando forem legislar em planetas que exigem um
conhecimento aprofundado de supostas maldades. Quero deixar claro que o
umbral do universo só é mau para os seres inconscientes de sua real função,
pois para o conscientes ele é apenas uma escola que ensina a doutrina
necessária para a evolução de qualquer planeta. Assim o bem também tem
sua escola profissionalizante. Como nosso espírito é livre escolhe em que
escola a alma vai aprender antes de encarnar: se é na escola do bem ou na do
mal, pois como nosso espírito tem sabedoria, mas não tem prática, ele sabe
que para evoluir ao Um tem que passar pelos dois caldeirões de emoções
criados pelo próprio Um e assim o espírito vai trocando de escola de tempos
em tempos. O espírito sabe que bem e mal são apenas escolas, mas a luta dele
é para dar essa consciência à alma e ao corpo físico. A alma inconsciente
pode ficar presa no umbral do universo até que o espírito dela julgue ter
aprendido o suficiente para aquela etapa. O espírito é a consciência de cada
alma. Por isso não pode ser aprisionado, pois é livre como o Pai o criou.
Sendo o espírito a consciência ele vai ensinando a alma até que esta esteja
pronta para recebê-la (união de espírito e alma) em sua plenitude e a melhor
forma de prepará-la é ensinando que bem e mal fazem parte da criação e nada
pode evoluir sem conhecê-los e compreendê-los. Assim a alma é o corpo e a
consciência (o espírito) é a vida do corpo. Quando digo isso não estou me
referindo a um corpo perecível, mas a um corpo sublime.
- Senhor Jesus, como vamos explicar o processo de evolução dos espíritos para
a humanidade universal?
- Muito simples, meus queridos. Como antes já havia explicado a vocês todos,
os espíritos foram criados num só momento. Isso significa que todos temos a
mesma idade espiritual, mas o processo de evolução acontece em cadeia ou
efeito dominó. Vendo que o Grande Pai explodiu sua alma gêmea os
primeiros espíritos saídos dela se encontravam mais perto da consciência
dEle. Esses eram os anjos. Para que vocês compreendam melhor imaginem a
explosão em câmara lenta num efeito dominó.

34
O LIVRO DA LUZ

Mesmo que todos tenhamos sido criados num mesmo momento e tenhamos a
mesma idade a regra que conta é a evolução. Portanto as primeiras peças de dominó que
iam evoluindo seriam as que estariam mais ‘próximas’ da consciência do Criador. As que
se multiplicaram delas criavam consciência só depois que as primeiras já a tivessem
alcançado e as que se multiplicaram das segundas seguiriam o mesmo processo, que se
repetiria até os últimos multiplicados, exatamente como num efeito dominó. O Grande Pai
criou a todos. Tocou a primeira peça e essa a segunda e assim por diante, mas volto a deixar
claro que isso só diz respeito à evolução. Quanto à idade e criação temos todos a mesma
idade e fomos todos criados num só ato, porém ainda existe algo muito importante no
processo de evolução. Quando o Grande Pai simbolicamente tocou a primeira peça isso não
significa que Ele deu a ela sabedoria total. Na verdade foi só o primeiro passo para a
consciência. Esse efeito dominó tem várias etapas. Enquanto uma termina outra logo
começa e assim continuará a ser por toda a eternidade. Em meio a tudo isso não devemos
nos esquecer do livre-arbítrio que todos nós temos. Em meio a esse efeito dominó algumas
peças resistem, porém isso não atrapalha a evolução da peça seguinte, a não ser que ela
deseje e, acreditem, são incontáveis as peças que já avançaram vários estágios, mas quando
se vêem diante de um novo estágio resistem a ele por um longo período até compreendê-lo.
- Jesus, no efeito dominó do universo o ser que resiste não interfere na
evolução do outro, mas e quando estamos encarnados isso é possível?
- Foi muito bom você me fazer esta pergunta, meu querido anjo. Hoje eu diria
que isso tem poucas probabilidades de acontecer, mas no passado não muito
distante alguns seres dotados de certos conhecimentos mágicos conseguiam
interferir no destino de muitas pessoas e até mesmo no futuro. Para deixar
essa situação bem esclarecida vou lhes contar uma história real de como isso
aconteceu. Vocês sabem que para a alma, assim como para o espírito, o
passado e o futuro são apenas dois mundos paralelos. Um que o corpo ainda
não viveu (futuro), mas que a alma, mesmo que inconsciente, já sabe que
existe, pois o espírito (consciência) sabe tudo que vai acontecer com sua alma
antes de enviá-la a determinada escola (planeta), afinal é ele que escolhe tudo
do princípio ao fim e só ele pode fazer as alterações que julgue necessárias. O
outro mundo paralelo é aquele que a alma já viveu (passado) e desse todas as
almas têm consciência, porém nem sempre passam para o corpo essa
consciência, pois esperam sempre o momento adequado para isso. Algumas
almas já conscientes passavam essa consciência para o corpo. Estes, algumas
vezes apavorados com os erros cometidos no passado, buscavam através da
magia portais mágicos para voltar ao passado visando corrigir seus erros e é
óbvio que tentavam eliminar sofrimentos no futuro. Assim quando voltassem

35
O LIVRO DA LUZ

acreditavam ter uma vida maravilhosa, porém era exatamente neste ponto que
todos os erros começavam.
- Vou lhes contar a história de Yan, um jovem que fez esta loucura e pagou um
preço muito caro por ela. Ele nasceu na Índia há 3.000 anos atrás. Ele cresceu
dentro de uma família de velhos sábios. Ao fazer 13 anos um dos sábios disse
a Yan que havia chegado a hora dele saber todo o seu destino, pois se
aproximava a hora dele se defrontar com o seu karma. O velho disse a Yan
que ele se defrontaria com um perigo muito grande e que esse perigo seria
como um abismo muito escuro e profundo, porém ele entraria
voluntariamente nesse abismo. Yan ficou muito assustado com tudo que o
velho disse e perguntou a ele se havia alguma maneira de evitar este
acontecimento. O velho disse: “Se tu conheceres melhor o teu passado
poderás aceitar o presente e consertar o futuro e para isso tu deves apenas
lembrar-te de tuas vidas passadas”. Yan então pediu ao velho que o ajudasse
a relembrar seu passado, mas o velho disse que ainda não era hora, pois tudo
tinha seu próprio tempo. Insatisfeito com a recusa do velho Yan começou a
procurar alternativas e na sua curiosidade achou velhos manuscritos com
fórmulas mágicas. Escondido de todos ele leu esses manuscritos na tentativa
de achar uma solução para o seu problema, porém o que ele achou era muito
mais importante e perigoso. Ele achou uma magia que levava as pessoas a
qualquer época que esta tivesse vivido e eu não preciso nem dizer que a
curiosidade de Yan deu a ele armas para ferir a si mesmo.O que Yan não
sabia era que o velho sábio que o advertiu já conhecia os seus pensamentos e
se precaveu sobre aquela atitude de Yan. O velho usou uma magia que o
neutralizava das ações do destino que Yan iria mexer.
- Desculpe-me Jesus, mas como pode um ser humano interferir no destino de
outras pessoas sem a vontade da mesma?
- Acalma-te, meu querido anjinho, que já te respondo. Dentro desta história
existe apenas um exemplo, mas quero esclarecer que algumas almas já
trazem karmas coletivos de outros planetas e seus espíritos, que não são
inimigos, entram num acordo e opinam por fazer as almas pagarem os seus
karmas juntas numa encarnação em que uma é levada a alterar o destino das
outras. Tudo isso é feito com a devida autorização do espírito (consciência),
mas esta situação não se resume apenas a karmas coletivos interplanetários,
pois é perfeitamente possível em karmas coletivos criados no planeta atual.
- Agora vamos voltar à história de Yan, que através da magia entrou num
portal mágico e voltou ao passado, onde se deparou com uma guerra. Logo
que atravessou o portal Yan se sentiu perdido e meio assustado, pois via
homens correndo de um lado para o outro montados em seus cavalos. Eles
tentavam defender o território que lhes pertencia. Logo Yan se lembrou que
estava de certa forma protegido, pois estava usando uma magia que o
mantinha invisível. Com esta vantagem ele começou a procurar pelo seu
corpo anterior, ou melhor, sua encarnação passada. Decorridas algumas horas
ele encontrou aquele que um dia havia sido ele e naquele instante aquele ser
era prisioneiro de uma das partes que lutavam pela conquista daquela terra.
Yan não pensou duas vezes. Foi até o seu antigo corpo e o libertou, sem
imaginar o que aconteceria com o seu futuro. Abriu o portal dos mundos

36
O LIVRO DA LUZ

paralelos e voltou para o tempo presente acreditando ter resolvido seu


problema, porém quando voltou para o presente uma grande surpresa o
aguardava. A princípio ou aparentemente nada havia mudado, até que ele foi
tentar entrar em sua casa. Só então Yan percebeu o que de fato havia
mudado. As pessoas o trataram como um desconhecido e pediram a ele que
se retirasse ou voltasse para sua casa. Yan olhou para todos e tentou
convencê-los de que ele os conhecia. Eles, porém, pensaram que ele era
louco, pois ali ninguém jamais o tinha visto. Atordoado e confuso Yan se
questionava sobre o que havia dado errado, porém algo o atemorizava ainda
mais: o medo de tentar consertar aquilo de novo e piorar ainda mais a
situação. Mesmo cheio de medo ele voltou ao passado novamente, só que
desta vez ele foi direto aonde havia achado seu corpo anterior aprisionado,
mas outra surpresa o preocupou ainda mais. Ele não encontrou a sua última
encarnação. Não havia mais ninguém no seu lugar. Ainda mais assustado ele
resolveu voltar para o presente e esse continuava idêntico. Era como se ele
não fizesse parte daquele lugar. Como não sabia mais o que fazer Yan se
afastou de sua casa e foi até as ruínas de um templo onde, já cansado e
assustado, passou a noite. Foi então que o velho sábio resolveu agir dando
uma lição em Yan e ao mesmo tempo ajudando-o a resolver seu problema. O
velho, em viagem astral, entrou nos sonhos de Yan e lhe mostrou o que
estava para acontecer com ele. O velho mostrou a Yan que em menos de 7
dias ele deixaria de fazer parte daquele presente definitivamente e iria
pertencer a uma outra família em outro país. Seria uma vida bem diferente da
que ele estava acostumado e nesse outro presente ele ficaria louco, pois não
teria o privilégio do esquecimento e se lembraria para sempre da sua família
atual, porém jamais conseguiria voltar a ela. Neste mesmo sonho o velho
sábio lhe ensinou como consertar seu erro. Era uma coisa muito simples. Yan
tinha apenas que voltar ao passado desse presente e no momento em que se
sentiu tentado a consertar seu passado tentando eliminar seus karmas para o
presente ele deveria procurar novamente o velho sábio e este lhe daria uma
boa orientação. No dia seguinte Yan acordou procurando ter certeza de que
continuava ainda no lugar que conhecia. Depois de se certificar ele fez
exatamente como sonhou, mas no instante em que fez isso sua memória foi
apagada como se tudo aquilo que ele havia feito tivesse desaparecido de sua
memória. Somente uma coisa havia ficado: uma forte vontade de procurar o
velho sábio, que já o esperava. Yan perguntou-lhe o que de tão terrível ia
acontecer em seu futuro. O velho disse: “Já aconteceu, Yan, porém tu não te
lembras, mas agora chegou a hora. Tu deves conhecer teu passado mais
recente, pois este te servirá de lição por muitas vidas futuras. Falando isso o
velho sábio fez Yan regredir ao seu passado recente, onde ele viu tudo que
havia acabado de fazer. Depois que Yan viu este seu breve passado o velho
lhe contou que na tentativa de corrigir o futuro ele destruiria o seu presente e
o presente de outras pessoas.
- Yan perguntou como isso seria possível. O velho disse que no exato
momento em que Yan libertou o ser que estava prisioneiro no passado ele
alterou o seu presente e o seu próprio futuro, pois ele se esqueceu de medir as
conseqüências de seus atos e relatou a Yan que o prisioneiro não morreria,

37
O LIVRO DA LUZ

como equivocadamente ele havia pensado. Uma família salvaria aquele


prisioneiro da morte e essa mesma família voltaria a encontrá-lo numa
reencarnação futura. Aí Yan entendeu que sua família atual era aquela que no
passado salvou sua vida, mas ainda tinha algo que Yan não havia
compreendido totalmente. Por que o velho sábio não lhe contou o que
realmente sabia, afinal assim poderia ter evitado o erro que Yan cometeu.
- O velho disse a Yan que no momento em que lhe revelou um grande perigo
em sua vida não estava se referindo ao ato precipitado que Yan cometeu,
porém ele não lhe deu alternativas, preferindo não esperar o momento certo.
Assim cometeu um erro, mas deu sorte, pois o velho descobriu a tempo os
seus planos e pôde assim se precaver, evitando uma catástrofe maior.
- Yan então voltou a perguntar qual era de fato o perigo que o esperava no
futuro.
- Se fores paciente, meu jovem Yan, te contarei na hora certa – disse o velho.
- Desta vez Yan preferiu esperar a hora certa chegar para que seu destino se
revelasse sem maiores interferências. O tempo passou e Yan foi colocado na
posição de defensor de seu povo e assim cabia a ele evitar uma guerra quase
inevitável. Era chegada a hora de Yan pagar o bem que no passado ele havia
recebido. Só que desta vez ele tinha que ajudar não só sua família, mas um
povo inteiro. Foi só aí que Yan compreendeu como poderia ter sido horrível
se o velho sábio não o tivesse ajudado a reverter o erro que ele havia
cometido quando resolveu voltar ao passado.
- Como podem observar, meus anjinhos, passado e futuro são mundos
paralelos que poucos seres podem acessar com sabedoria, mas agora vou lhes
contar uma história bem simples, mas de importância fundamental para
muitos seres humanos.
- Maya era uma mulher de 32 anos quando atingiu a consciência reveladora.
Um misto de tristeza e felicidade, frustração e compreensão tomava conta de
Maya. Ela agora tinha a consciência e esta lhe trazia a confiança, a certeza
absoluta de sua missão e dos propósitos que se escondiam por trás dela. Ao
mesmo tempo esta mesma consciência a torturava mostrando-lhe fatos que
não podiam ser mudados. Maya era feliz por ter alcançado a compreensão de
sua existência e de sua missão. Isto a ajudava a compreender e aconselhar as
pessoas melhor. À medida que compreendia as pessoas percebia o quanto
ficava difícil sua permanência na Terra, pois sua maneira de ver a Verdade
ajudava as pessoas, mas não ajudava a própria Maya, que aos olhos das
pessoas tinha sabedoria , mas não a usava para si mesma.
- O que as pessoas não compreendiam era que Maya simplesmente aceitava
seu destino, pois sabia que não podia mudá-lo. Algumas pessoas lhe
perguntavam: “Por que você tem que abnegar de tudo, Maya? Como sabe que
não pode mudar nada?” Maya simplesmente respondia: “Este é o meu
destino, fui eu que o escolhi”. Um dia, em um de seus cursos, Maya disse aos
seus alunos: “No dia em que vocês descobrirem a verdadeira consciência
saberão o quanto vocês são imortais e a partir de então desejarão muitas
vezes ser mortais (inconscientes), pois a consciência que salva também
sacrifica e com certeza este é um teste pelo qual todos os seres humanos
deverão passar”.

38
O LIVRO DA LUZ

- Um dia, num momento de muita tristeza, Maya, em prantos, começou a


questionar a hipótese de como seria a vida sem a sua presença, porém a sua
consciência foi mais rápida que seus pensamentos e lhe ofereceu várias
respostas. A primeira foi: ”Imagine as milhares de pessoas que, de uma forma
ou de outra, você ajudou. Agora imagine aquelas pessoas que vinham a você
te vendo como o último raio de esperança. Imagine aquelas que já estavam
desenganadas, perdidas. Agora imagine o que seria dessas pessoas, de suas
vidas, sem o bem que você fez a elas. Como você pode pensar em apagar
tantos destinos?” – questionou a consciência. Porém Maya retrucou dizendo:
“Se eu não existisse essas pessoas procurariam outros seres como eu e
obviamente encontrariam ajuda, pois não sou o único ser a ter este tipo de
missão”. A consciência de Maya, entretanto, não parou por aí e lhe deu mais
algumas lições. “Maya, se você não existisse é óbvio que outros seres iriam
ajudar as pessoas que você ajuda, porém, minha querida, você não está
discutindo a sua existência, mas sim o seu karma, sua missão. Dessa maneira
você está se esquecendo que o seu karma é só seu e de mais ninguém.
Portanto, minha querida Maya, não queira transferir para as costas dos outros
uma cruz que é só sua (só você pode carregar) e não seja egoísta, pois a
sabedoria que você recebeu de nada vale se não tentar ensiná-la a outros, mas
isto tudo você já devia saber. A sabedoria só pode ser passada adiante na
medida que o outro a pode receber. Você não pode passar nada além do que o
outro possa compreender, afinal o fato de você compreender não significa
que outros compreenderão como você. Aos poucos Maya passou a gostar dos
diálogos que mantinha entre a sua consciência e sua razão e a partir daí
quando ela se sentia cansada, pensando em desistir, sempre parava para ouvir
os bons conselhos de sua consciência.
- Senhor Jesus, como um ser como Maya, já consciente, vivia assim em
conflito?
- Meus queridos, a consciência traz as respostas dos enigmas de nossas vidas,
porém não nos impede de termos emoções e o simples fato de ter alcançado a
consciência não significa ter alcançado o fim da evolução, que por ventura é
infinita e conflitos não são atributos só da alma e do corpo. O espírito
(consciência), mesmo unido à alma, também os terá. Vejam os Ministros do
Universo e os grandes legisladores. Todos ainda sentem isso. É claro que não
de uma forma terrível ou desesperadora, mas de uma maneira mais amena e
consciente. Quando eu digo “mais amena e consciente” quero dizer que o ser
tem uma certa consciência de que aquele conflito é necessário para a
continuidade de sua evolução.
- Agora vamos continuar o assunto anterior. Como vocês puderam perceber,
algumas vezes o destino de muitos perdura na mão de uma única pessoa.
Chamamos isto de fios do destino, que se entrelaçam por causa do karma que
construímos. Mas existe uma maneira dos fios do destino não se cruzarem
numa encarnação e assim também não causarem danos a outros destinos.
Existem seres que reencarnam e logo que crescem opinam pelo isolamento
total. O isolamento a que me refiro não é o de um convento ou mosteiro, pois
este ainda é um isolamento coletivo. Na verdade estou me referindo ao
isolamento total e este se refere a tudo, cidade, família, etc. Assim são

39
O LIVRO DA LUZ

pessoas que vão morar nas montanhas, onde o vizinho mais próximo fica a 10
quilômetros de distância. São pessoas que vivem sozinhas, isoladas do
mundo, pessoas praticamente desconhecidas. Este tipo de vida não tem
vínculos e portanto não causa laços do destino. Por isso é muito improvável
que um ser assim venha a interferir no destino de alguém.
- Agora que já expliquei com bons exemplos alguns enigmas do universo me
cabe revelar a vocês o maior de todos, o mais complexo, o mais temido e o
mais velado de todos os enigmas, o Segredo dos Segredos.
- Mas Senhor Jesus, que segredo é esse? – pergunta um anjinho.
- Meus queridos, este segredo é a maior de todas as Verdades, é a luz de todas
as luzes. Seu nome original é Universo Revelado.
- Perdoe-me a intromissão, Senhor, mas acaso não estais falando da Kabalah?
- És sábio, meu pequeno Serafim. Não estou falando propriamente da Kabalah,
mas dos manuscritos que a criaram. Estes manuscritos, longos pergaminhos,
foram entregues à humanidade desde sua criação. Me refiro à humanidade
universal, afinal todos os planetas recebem esta Verdade desde o princípio de
sua criação, mas vamos falar especificamente do planeta Terra e como e
quando este recebeu o Livro das Eras, conhecido também por Livro da
Luz, Torah ou Kabalah. No princípio da Terra tudo era dominado por seres
chamados de deuses, seres que tinham este conhecimento pelo simples fato
de não tê-lo esquecido como os outros habitantes do planeta. Para explicar
melhor tudo isso vamos começar falando como tudo de fato começou no
planeta Terra.
- O planeta Terra foi criado lindo e perfeito como um verdadeiro paraíso. Tudo
nele foi criado lembrando características dos outros doze planetas de onde
vieram as doze tribos que habitaram a Terra (agora revelando a verdade que
está explícita na Bíblia, porém poucos podem vê-la). Este paraíso era nada
mais nada menos que Atlântida, Lemúria e Shangrillá (obs.: guardem bem
estes nomes e observem que são três. Isto também é muito importante). Estas
três grandes nações eram como o paraíso de Eva e Adão. A diferença é que
havia muitas Evas e muitos Adãos, isto é, os seres que vieram habitar a Terra
e nela passar mais um estágio evolutivo, porém eles não eram os únicos.
Havia também os seus superiores, aqueles que eram tidos como deuses, pois
tinham o conhecimento de tudo, mas raramente o repassavam ao povo que,
escravo submisso, obedecia aos deuses. Esta situação não durou muito tempo,
afinal os seres que vieram para a Terra tinham que aprender algo, pois essa
era a única maneira de evoluir. Isso não significa que o povo não tivesse
evolução alguma. Pelo contrário, eles tinham uma grande sabedoria, afinal
viviam num mundo completamente mágico, onde podiam falar, ver e
conviver com seres encantados como fadas, duendes, sereias, unicórnios, etc.
Também tinham um grande conhecimento da flora e suas propriedades
medicinais. Muitos sábios e magos foram se fazendo ao longo do tempo e,
sem perceber, criaram outros sábios e magos. Aos poucos o povo começou a
perceber que podia tanto quanto os deuses, mas não era bem assim. Os tais
deuses eram imortais e estavam ali para ensinar a humanidade, porém esse
ensinamento deveria ocorrer no tempo certo e em suas devidas proporções,
mas isso não foi possível, pois à medida que o povo ia descobrindo as coisas

40
O LIVRO DA LUZ

exigia dos deuses respostas que ainda não podiam ser reveladas. Para tolher o
povo os deuses passaram a ser mais enérgicos, aplicavam castigos, etc. Foi
então que os deuses começaram a se dividir. Alguns defendiam o povo,
outros castigavam. Assim a sabedoria deu lugar a uma grande guerra pelo seu
poder. De escola a Terra passou a ser um campo de batalha onde o que estava
em jogo era o comando da mesma. A luta pelo poder criou inúmeras crimeras
como os dinossauros, seres criados a partir da magia dos deuses, que
permitiram a aproximação entre sentinelas e seres humanos, cruzamento
tenebroso que terminou por gerar criaturas estranhas que amedrontavam não
só pela aparência, mas pelo tamanho. Os sentinelas foram gigantes que numa
época de revolução foram enviados para a Terra para conter as guerras, mas o
que eles não sabiam é que a presença deles iria trazer mal ainda maior, pois
eles terminaram se envolvendo emocionalmente com alguns seres humanos.
Vendo nisso um amor impossível os deuses resolveram dar uma ajudazinha e
usaram seus poderes para tornarem mais fáceis esses encontros,
transformando por algumas horas os apaixonados em animais ou aves.
Usavam esta camuflagem para que ninguém além deles soubesse do
relacionamento proibido, porém os frutos desses relacionamentos não
puderam ser escondidos, o que terminou por derrubar as muralhas que ainda
sustentavam este paraíso cheio de tragédias, crimeras e muita insanidade, que
ainda iremos revelar no decorrer de nossas conversas. Com a chegada dos
dinossauros a humanidade começou a correr o grave risco de extinção, porém
havia uma regra que piorava ainda mais a situação: os deuses jamais podiam
destruir algo criado pela própria magia, o que tornou a tragédia inevitável.
Atlântida, Lemúria e Shangrillá estavam com seus dias contados, porém isto
demorou 45 anos para acontecer de fato. Neste período os deuses procuraram
uma maneira de mudar aquela situação, mas não conseguiram. Foi então que
vários eremitas, sábios e magos começaram a armazenar (em fórmulas
secretas) toda a Verdade sobre o universo e a Terra em diversos crânios de
cristal e cristais vulcânicos, peças e pergaminhos sagrados e outros objetos.
Tomadas essas providências a Terra se preparou para sua primeira
transformação. O paraíso (Atlântida, Lemúria e Shangrillá) iria desaparecer
levando consigo toda a sabedoria, magia e suas facilidades e então a
destruição se fez. A humanidade sobrevivente sofreu uma perda temporária
de memória, afinal a destruição causou um distúrbio temporal no eixo da
Terra. Este fenômeno apagou as lembranças das pessoas e elas acordaram de
tudo aquilo como se tivessem aberto os olhos pela primeira vez. O que estou
falando hoje é fácil de ser provado pela ciência, que estuda o que uma
mudança drástica de condições planetárias pode causar ao cérebro humano
[De acordo com a mudança que ocorre no eixo da Terra (1º a cada 72 anos)
as pessoas vão recuperando suas lembranças mais remotas de Atlântida,
Lemúria e Shangrillá e quando o eixo estiver competamente normalizado
alguns dos seres humanos também terão todas as lembranças de volta].
Naquela época isso tudo foi planejado para os humanos sobreviventes, pois
eles tiveram a sabedoria verdadeira ao seu alcance, mas não tinham a
evolução necessária para absorver e compreender esta Verdade. O Grande Pai
porém, em sua infinita grandeza, deixou alguns seres com suas mentes

41
O LIVRO DA LUZ

intactas para que estes recomeçassem o ensinamento e reconstruíssem a


escola (o planeta). Aos poucos a Terra começou a se refazer e no decorrer de
milhares de anos a sabedoria divina foi se mantendo viva, porém de maneira
discreta, apenas para seres escolhidos (seres que já davam indícios de
relembrança das antigas civilizações). Em meio a esses escolhidos eu escolhi
um Amoraim, um aprendiz da Verdade original, um discípulo do Talmud,
mago conhecedor da Verdade universal.
- Talmud, esta palavra tem vários significados, porém o mais conhecido entre
os seres humanos é “ensino sagrado”. Este ensino é uma aliança de várias
escolas, que se fundiram há mais de 4.000 anos. Vou citar alguns nomes
destas escolas: Mischnapu Talmud de Jerusalém, Ghemara Talmud da
Babilônia, os Thosphata.
- Os talmudistas foram redatores de uma obra mista. Pertenciam a três classes
de rabinos, que conservaram e interpretaram os textos primitivos de Enoch.
Estas três classes eram: os Tenains ou Iniciados, os Amorains, discípulos
dos Tenains e os Massaretas ou Chachamins. Estes nomes são apenas
variações de nomes dos grupos de aprendizes do Talmud. Explico isso só
para me fazer compreender, pois na verdade nada disso tem importância, só
para os seres humanos, que têm o defeito de patentear tudo. Tentam fazer isto
até mesmo com as leis de Deus. Colocam seus nomes como autores de livros
sagrados e se sentem seus donos, assim como do conteúdo sagrado que
receberam para divulgar e não esconder eternamente. É por esta razão que
vamos contar todo o aprendizado que um Amoraim recebeu.

OSHA E O RABI

Osha era uma criança de apenas sete anos quando foi abandonado por sua mãe. Um
rabi, compadecido com a situação do garoto, levou-o para morar com ele num templo
talmud. Foi a partir daí que a vida do pequeno Osha começou de verdade. Era o ano 450
d.C., época em que só raramente se podia encontrar um templo talmud. O velho rabi viu no
garoto os princípios básicos para torná-lo um aprendiz de verdade, afinal ele era ainda uma
criança, não tinha mais familiares e ainda não estava corrompido. O fato de não ter
familiares o deixava livre para o ensino e apto a guardar segredos. O fato de ser criança
dizia simplesmente que ainda era puro e aprenderia a Verdade com mais facilidade, pois
ainda era desprovido de outros conhecimentos.
Os primeiros ensinamentos que o velho rabi começou a passar para Osha foram o da
realidade e o da ilusão. O rabi determinou que Osha teria aulas de nove horas por dia, onde
receberia o conhecimento do Livro da Luz. Eis as primeiras coisas que ensinou a Osha:
- Osha, meu bom menino, hoje tu vais aprender o que de fato tens e não tens na
vida. A partir de agora eu vou te ensinar a mais preciosa de todas as verdades,
porém preciso de três virtudes tuas. Primeira: Teu sigilo absoluto. O
silêncio é filho da paciência, pois nos dá a oportunidade de conhecer melhor
as coisas e os seres vivos. Segunda: Tua curiosidade. A vontade de aprender
aliada à coragem de perguntar é um suporte que nos leva a um bom
conhecimento. Por fim a Terceira: Disciplina. Esta qualidade, que reúne
obediência e vontade, pode fazer o ser humano conhecer seu verdadeiro
poder. Agora tu já sabes o que precisas e tens para avançar nos degraus da

42
O LIVRO DA LUZ

infinita escada da sabedoria. Em primeiro lugar vou te mostrar como as


coisas tiveram seu princípio.
O velho tirou do bolso uma semente e mostrou-a a Osha dizendo:
- Vês esta semente, minha criança? Um dia, numa época que tua memória
ainda não pode alcançar, tu já fostes como ela.
- Como assim, senhor? – perguntou o garoto.
- Este é o primeiro segredo do Grande Pai de todas as criaturas. É o primeiro
segredo que Ele nos permitiu saber e que agora vou revelar a você. O pai de
todas as criaturas um dia foi como qualquer um de nós. Ele foi ignorante de
sabedoria e muito antes de ser perfeito Ele foi a mais imperfeita forma de
vida. Digo forma de vida porque chamar a Deus de criatura o definiria como
um ser criado e Deus não foi criado por ninguém. Ele originou-se sozinho de
sua própria vontade. Voltemos agora à primeira face de Deus. No princípio
Deus era como esta semente única num vazio imenso onde o nada morava.
Imagine sua mente vazia, sem pensamentos, num espaço sem cor ou paredes.
Deus era o próprio vazio e o vazio era Ele, mas um dia o inanimado decidiu
se tornar animado, porém esse animado não tinha consciência, teoria ou
prática alguma. Enfim, nada sabia. Seus primeiros passos criaram seus
primeiros pensamentos. Seus movimentos ainda eram algo intrigante
(desconhecido). Não sabia o que era dúvida, medo ou dor. Havia dado um
grande passo, mas ainda era vazio. Assim um tempo distante da nossa
compreensão se passou e aquele pequeno ser que se arrastava pelo nada
acumulou sua primeira parcela de conhecimento. A incompreensão do
próprio nada criou a primeira explosão de Deus, que ao descobrir o som
também descobriu o poder que este tinha. Deus gritou sem em nada pensar.
Gritou para afugentar o vazio ou para descobrir se de fato era vazio. Seu grito
foi imenso, impossível imaginar a grandeza daquele grito. Tão forte e
poderoso foi o grito que trincou as paredes invisíveis do vazio e um eco
grandioso voltou. Deus então descobriu sua segunda voz e a procurou no
imenso vazio, porém não a achou. Foi então que surgiram os primeiros
pensamentos de Deus. Ele pensou existir outro ser como Ele e logo descobriu
o poder de seus pensamentos. Ao pensar Deus criou, sem saber, seres
idênticos a Ele, que obviamente ainda não tinham a sua minúscula evolução,
pois Ele havia imaginado apenas os seres e não o conteúdo deles. Aos poucos
Deus ensinou o que sabia a estes seres, que eram totalmente dependentes de
seu criador. Ao ensinar estes seres Ele se viu em seu próprio princípio, como
se estivesse vivendo novamente o que já havia vivido. Era como um grande
espelho que reprisava cada gesto seu. Deus então pôde observar a si mesmo
como jamais pudera fazer antes e aquilo lhe ensinou muito. Ele então
avançou mais uma etapa de evolução e nela descobriu que os seres criados de
seus pensamentos começavam a evoluir também, porém eram diferentes,
individuais e ao observá-los Deus percebeu que cada um representava um
pouco daquilo que Ele sentiu no decorrer de sua evolução. Cada um deles era
uma face de Deus em tempos diferentes.
- Senhor Rabi, desculpe-me interrompê-lo, mas algo me intriga. Gostaria muito
de saber se o senhor pode me responder qual era a aparência de Deus e dos
seres que Ele criou.

43
O LIVRO DA LUZ

- Que pergunta curiosa esta sua, pequeno Osha. És de fato atencioso a detalhes.
Saiba que no estágio primário do Divino Pai aparência era algo
completamente incompreensível para nossa mente limitada, pois no princípio
Deus não tinha uma aparência visível. Ele era como olhar para um deserto
vazio e imenso, porém era justamente neste deserto vazio que se escondia o
segredo.
- Como assim?
- Quando olhamos para o deserto não enxergamos nada além do próprio
deserto. O Grande Pai era assim também, porém quando Ele criou de seu
grito os primeiros seres, estes logo se tornaram visíveis ao Grande Pai, pois
foram projetados de sua primeira ação e ação é uma forma de criação. Os
seres que Deus criou eram como um espelho mágico, que dava ao Pai olhos,
pois Ele jamais havia visto algo. Sua visão foi criada a partir de seu grito.
Assim como sua audição e seus outros sentidos, que foram se desenvolvendo
e se aprimorando para atender às necessidades de suas criaturas. Para que
você compreenda melhor imagine Deus como um cérebro fora da cabeça.
Este cérebro vai desenvolvendo um corpo que o proteja e possibilite sua
locomoção. É como um bebê que vai se desenvolvendo no ventre de uma
mulher. No primeiro mês quase nada se desenvolveu. No segundo já é
possível ver um bom desenvolvimento. No terceiro mês os membros já estão
bastante definidos, porém é só no sétimo mês que um bebê tem a primeira
possibilidade de sair do ventre da mãe, pois já está completo, mas ainda
precisa de dois meses para ter a força que precisa para sobreviver. Por isso é
possível alguns bebês nascerem de sete meses quando a maioria nasce de 9
meses. Mas voltando ao exercício de imaginação continue fazendo o pequeno
feto evoluir até a hora do nascimento. Aí imagine Deus dando seu primeiro
grito, como os bebês fazem quando nascem. Logo depois vieram os outros
instintos naturais, exatamente como os bebês. O Grande Pai nasceu do nada
para ser o tudo. No princípio Deus, como os bebês, não definia imagens ou
cor, pois seus olhos estavam fechados até que houvesse a necessidade de
abri-los. Essa necessidade se fez quando Deus criou suas primeiras criaturas,
que nasceram tão pequenas quanto um embrião, que se parece com um
girino, e aos poucos foram tomando forma até chegarem a uma aparência
definida. Agora imagine Deus sendo um bebê recém-nascido, sem
consciência alguma do que é certo ou errado, tendo que cuidar de uma
enorme quantidade de criaturas sem consciência, sem instintos, sem ação,
porém todos com vida. No decorrer da evolução das criaturas Deus, como
todo bebê inconsciente e pela sua inocência, fez várias mutações sem saber o
que estava fazendo. Fez isso tocando as criaturas e modificando-as. Exemplo:
Coloque um belo bolo confeitado na frente de um bebê. Ele pode ter várias
reações, desde deixá-lo ali como avançar sobre ele com as mãos e se sujar.
Com Deus não foi muito diferente, porém tudo que Ele modificou não se
destruiu, apenas se transformou. Neste período Deus ainda não tinha
imaginação. Suas ações eram espontâneas como as de um bebê. Deus só
passou a ter imaginação quando chegou a um grau de evolução muito
semelhante a de um bebê de três anos.

44
O LIVRO DA LUZ

- Quando passou a usar a imaginação Deus mudou a forma dos seus primeiros
embriões e não parou aí. Muita coisa aconteceu aos primogênitos de Deus até
que Ele alcançasse o nível mais alto da evolução. Pode parecer brincadeira,
loucura ou até mesmo blasfêmia, mas Deus sentiu todas as emoções que nós,
simples mortais, sentimos. Ele sentiu desespero, tristeza, ansiedade, raiva,
dor, alegria, compaixão, bondade, etc. Enfim todas as emoções que nós
sentimos. O Grande Pai as sentiu na íntegra e para Ele nenhuma que
venhamos a sentir será exclusiva. Todas essas emoções que o Pai sentiu
foram no decorrer de sua primeira evolução, junto aos seus primogênitos, que
muito trabalho lhe deram. Deus era como o irmão mais velho de muitos
irmãos órfãos e por isso teve que aprender sozinho como cuidar desses
irmãos. Cada um deles era como uma escola para Deus, pois cada um reagia
e agia de uma maneira, porém Deus conhecia essa maneira. Ela era um
estágio que Ele já havia vivido e Deus, vendo isso, via suas reações repetidas
nos seus irmãos e a partir daí Deus procurou se entender, se descobrir, pois
esta seria a melhor maneira de ajudar os seus primogênitos. Durante muito
tempo Deus tomou para si a responsabilidade pelos seus atos, pois ouvia os
seus instintos de proteção e preservação. Ele sentia que tinha que ser assim,
porém algo de estranho acontecia. Seus primogênitos não evoluíam, não se
esforçavam, pois estavam acostumados a ser conduzidos.
- Deus passou a forçá-los a evoluir obrigando-os a passar e sentir tudo aquilo
que Ele passava e sentia, mas foi exatamente aí que Deus percebeu que eles
tinham livre vontade, exatamente como Ele, pois a reação desses seres foram
as mais diferenciadas possíveis. Alguns agiram com medo de Deus. Outros
agiram com raiva. Outros aceitavam, mas não compreendiam e isso fez Deus
perceber que cada um tinha seu tempo certo para evoluir e que não adiantava
forçá-los, afinal ninguém forçou Deus. Ele evoluiu pela própria vontade e
natureza, despertou os instintos de acordo com as necessidades deles. Deus
então resolveu deixar seus primogênitos livres para alcançarem seus instintos
de acordo com suas necessidades e passou apenas a observá-los. Ao fazer
isso Deus viu o conflito e a mistura grandiosa de emoções que surgiu. O mais
incrível de tudo isso é que Deus sentia que aqueles conflitos e emoções
pareciam sair de dentro dEle como se aqueles seres fossem parte dEle, o que
no fundo era verdade, mas Deus ainda não tinha consciência disso. Em suma,
todos aqueles seres eram faces e emoções de Deus diante dEle. Era como se
Ele visse várias personalidades suas caminhando diante de seus olhos. Assim
durante muito tempo aquelas pessoas foram mostrando a Deus tudo que Ele
precisava saber sobre si mesmo: suas falhas, seus pontos fracos, defeitos de
qualidade, valores, etc.
- Ao observar tudo isso Deus passou da criatura à criação. Imaginou coisas
que julgava certo para evoluir seus primogênitos e assim criou um primeiro
planeta, chamado de Planeta Experimental ou Primeiro Sistema. É óbvio que
esse Primeiro Sistema é o modelo para todos os sistemas do universo. Nele
Deus criava uma árvore e suas criaturas o imitavam criando outras diferentes
nas propriedades, mas semelhantes na aparência. Deus criava um pássaro ou
animal e suas criaturas o imitavam. Obviamente nem tudo saía tão perfeito
assim, mas foi dessa maneira que o primeiro Éden foi criado. Este era

45
O LIVRO DA LUZ

gigantesco, impossível de imaginar suas proporções. Incontáveis eram suas


árvores e tudo que nele foi criado, porém na tentativa de aperfeiçoar as coisas
os primogênitos de Deus começaram a criar mutações constantes naquilo que
haviam criado e essas criações se revoltavam, pois também eram vida.
Alguns primogênitos tentaram fazer isso a força, exatamente como Deus um
dia tentou evoluí-los. Outros se apegaram a suas criações e as protegiam,
exatamente como Deus quando despertou seu instinto de proteção. Assim
Deus se viu dividido entre o bem e o mal e esses dois grupos tinham
constantes brigas, pois não se aceitavam. Mais uma vez Deus viu que o
conflito era seu, pois Ele não sabia qual dos dois lados estava certo. Ele só
sabia que ambos eram seus e que não podia se livrar deles. O conflito de
Deus aumentou e Ele se tornou severo e cruel e às vezes sereno e bom. Deus
castigava seus primogênitos, que por sua vez castigavam suas criações e o
Éden se tornou um inferno. Tamanho foi o conflito de Deus que Ele quis
destruir seus primogênitos, porém seu lado sereno e bom o apaziguava. Após
um grande tempo de conflito Deus, já exausto, pensou: “Queria tê-los dentro
de mim, assim não se destroem”. Foi então que Deus despertou a consciência
sem saber.
- Logo que Deus pensou em colocá-los dentro de si todo o Éden e suas
criaturas se fundiram com Deus, penetrando dentro dEle e por fora de Deus
tudo ficou vazio como no princípio, só que agora era tudo muito diferente.
Deus estava cheio, preenchido por todas as suas emoções, por tudo que havia
passado e aprendido. Deus enfim se sentia completo, porém ainda desejava
organizar tudo que O habitava, conhecer melhor cada emoção e porque e
como elas surgiram. Ele então meditou por longo tempo no vazio que havia
restado para assim compreender cada partícula de tudo aquilo que havia
absorvido. Enquanto tudo estava cheio e conflitante Deus não tinha como
resolver a situação, porém quando Ele absorveu tudo teve a oportunidade de,
no vazio, rever suas emoções e compreendê-las. Isso lhe trouxe uma imensa
alegria, uma incontrolável felicidade. Ele já havia sentido algo parecido,
porém havia sido passageiro e aquilo era constante, infindável, imenso e foi
então que Ele desejou ver o que era aquilo que tão feliz, tão pleno e seguro o
deixava. Rasgando o próprio peito tirou um pedaço do seu coração e este
criou vida imediatamente e vagou pelo vazio por algum tempo e logo voltou
para Deus, tornando-se sua chama gêmea, sua luz idêntica, seu outro igual
que, atraído pelo Criador, a Ele retornou livremente.
- Feito isso o Criador, já unido à sua chama gêmea, sacrificou sua alma
naquilo que foi sua maior explosão e criou todos os espíritos do universo,
porém o Grande Pai não esqueceu dos seus primogênitos, os seres que
nasceram antes dessa explosão, aqueles que foram criados a partir do
primeiro ato concreto do Pai. Estes obviamente tiveram uma evolução muito
diferente, afinal eles não nasceram da perfeição do Grande Pai, mas de sua
inconsciente inocência, e compartilharam dos primeiros estágios evolutivos
de Deus. Por isso Deus os tornou a parte onde habitavam os sentimentos em
sua alma, afinal eles correspondiam a cada emoção que o Grande Pai havia
vivido e somente as emoções nos conduzem ao sentimento verdadeiro.
Assim Deus deu a eles o direito de serem o coração da alma, que Ele

46
O LIVRO DA LUZ

explodiu em infinitos bilhões de átomos. Foi assim que foram criados os


Amorazins, seres que nasceram antes dos demais. Deus, em sua infinita
sabedoria, percebeu que seus primogênitos haviam sido criados do ato que
ainda não tinha sentimento e foi justamente por falta desse que Deus
absorveu o primeiro Éden para dentro de si. Nesse primeiro Éden viviam
todas as emoções do Grande Pai e a única maneira que ele achou de
compreendê-las foi absorvendo-os. Dessa maneira Ele as analisou e elas se
transformaram em um grandioso e nobre sentimento chamado Amor. Foi aí
que Deus decidiu que suas novas criaturas não poderiam nascer sem este
sentimento e deu a eles o direito de nascerem prontos para sentirem as
emoções que os conduziriam ao sentimento verdadeiro, porém a consciência,
como função dos Amorazins, deveria ser passar a ensinar a humanidade
universal, que viveria movida pelas emoções. Como é hoje na Terra e em
outros planetas, a grande parte dos seres se deixa conduzir pelas suas
emoções passageiras, sejam elas de raiva, dor, incompreensão ou falsas
paixões e, acreditem, as pessoas dizem que agem orientadas pela razão
quando no fundo se orientam pelos seus próprios interesses, seus próprios
desejos, suas próprias dores. Mal sabem que o nome de tudo isso é emoção
passageira. Os Amorazins receberam vários nomes. Alguns os conhecem
como anjos, outros como seres celestiais, outros os chamam até mesmo de
escravos de Deus, justamente por trabalharem tão somente para Deus, mas
quero corrigir esta falha na história. Os Amorazins nascerem antes e
participaram da evolução do Divino como suas emoções vivas. Deus sabia
que essas eram criaturas criadas a partir de suas dores, seus conflitos ou
alegrias, enfim, eram seres criados para mostrar ao Grande Pai que cada
emoção que Ele sentia era uma experiência viva que não deveria ser
destruída. Portanto, para não apagar a própria história de sua evolução Deus
deu nova vida aos Amorazins, dando a eles o direito de ser o coração da
alma do universo. Isso quer dizer que os Amorazins se tornariam
responsáveis pelo restante da alma de Deus, que era simplesmente 30 vezes
maior que o coração. Isso significa que aquela pequena quantidade de
espíritos se tornava responsável por um número trinta vezes superior ao seu.
Exemplificando melhor basta olharmos para o nosso corpo e observar a
grandeza de um pequeno órgão chamado coração, que nos mantém vivo.
Aqueles seres chamados Amorazins carregavam em si todas as emoções que
o Grande Pai sentiu antes de se tornar O Perfeito, todas as emoções que Ele
sentiu desde o início de sua evolução e, o que é melhor, continuam a sentir as
primeiras emoções do Grande Pai em seu estágio atual. Na verdade não eram
bem emoções que o Grande Pai estava sentindo. Agora Ele sentia apenas
amor em sua infinita grandeza. Esse amor agora é cheio de virtudes e
elevadas emoções. Quando digo elevadas emoções é porque essas não têm
comparação alguma com as emoções terrenas. São sublimes inspirações. Os
Amorazins que renasceram como coração da humanidade universal tinham o
dever de alcançar a evolução servindo seus irmãos e a Deus, afinal eles foram
incumbidos apenas de ensinar a seus irmãos as emoções, pois a compreensão
ou a consciência é exclusividade do Divino Pai. Ele, em sua infinita
sabedoria, permitiu as emoções, mas a consciência só viria no tempo certo,

47
O LIVRO DA LUZ

assim como foi para Ele. Nem mesmo os Amorazins, sendo primogênitos de
Deus, tiveram o privilégio da consciência completa. Eles só estavam alguns
estágios à frente dos outros irmãos, porém ainda tinham e têm que continuar
a evoluir.
- Senhor Rabi, quem de fato são esses Amorazins? São pessoas como nós ou
são seres diferentes?
- Meu pequenino finalmente me questionou. Teu silêncio me alegra, mas
também me preocupa, mas respondendo a tua pergunta os Amorazins são
seres celestiais. Alguns os chamam de anjos caídos ou anjos de Capela, o
planeta. Na verdade essa confusão tem 50% de verdade e 50% de ilusão. Os
50% de verdade é que eles são anjos caídos, porém eles não fizeram mal
algum para encarnarem na Terra. Pelo contrário, eles desceram neste planeta
por livre e espontânea vontade, afinal eles teriam que ser os legisladores que
trariam para o planeta Terra toda a Verdade sobre Deus e o universo, além de
trazerem boa parte de tudo que já tínhamos aprendido em nossas vivências
em outros planetas.
- Como assim, Rabi?
- Após a destruição das civilizações de Atlântida, Lemúria e Shangrillá os
seres humanos tiveram as mentes do corpo e da alma apagados
temporariamente, mas os Amorazins não precisaram passar por isso. Como
eles tinham o dever de manter o conhecimento divino na Terra eles ajudaram
a humanidade a reconstruir o planeta. Como tudo que eles ensinavam já havia
sido aprendido pelos seres que habitavam a Terra não foi considerado pecado
como alguns seres humanos ainda pensam. Para ser mais claro os Amorazins
apenas relembraram os seres humanos de algo que eles ainda não podiam
lembrar que já sabiam. Em suma, eles só nos ensinaram aquilo que já
sabíamos, porém não lembrávamos.
- Rabi, existem Amorazins ainda vivendo na Terra?
- Sim, meu querido, e ainda vão existir por muito tempo. Alguns ainda não
sabem que são, outros já tem a certeza e alguns vivem na dúvida.
- Mas como podem seres tão sábios não saber quem são ou terem dúvidas?
- Meu bom Osha, os Amorazins estão na Terra desde que ela começou a ser
construída para ser habitada. Eles ajudaram na construção e no
aperfeiçoamento do planeta, mas para o bem deles escolheram cumprir a
missão em segredo. Por isso só despertam a consciência quando o Grande Pai
julga necessário. Entretanto posso lhe garantir uma coisa. Um Amorazim
raramente tem uma encarnação comum, pois na grande parte de suas
encarnações terrenas ele se lembra de quem é e por isso sempre tenta passar a
Grande Verdade à humanidade, mesmo sabendo que vai morrer, fato esse que
termina por acontecer na maioria das vezes.
- Rabi, o senhor pode me responder duas perguntas?
- É óbvio que sim, meu querido.
- Primeiro: Por que os Amorazins têm que morrer quando contam a Verdade?
E segundo: Os Amorazins são todos iguais?
- Estimulantes as suas perguntas, meu pequeno aprendiz. Vou lhe responder a
primeira. Os Amorazins são seres que conservam a Verdade em sua essência
e de tempos em tempos alertam a humanidade para essa Verdade, porém essa

48
O LIVRO DA LUZ

Verdade é tão poderosa que destrói todos os conceitos religiosos e isso não é
bom para nenhuma época. Por isso terminam por morrer em prol da Verdade,
mas não é só isso. Aos poucos eu vou revelar a você o teor desta Verdade e
só então você irá compreender porque esses seres terminam por morrer.
Quanto aos Amorazins serem todos iguais existem no fundo certas
diferenças. Você se lembra que a princípio os Amorazins correspondiam a
cada emoção de Deus. Justamente nesta parte está a diferença. Estas emoções
transformaram-se em virtudes logo que Deus alcançou a perfeição e criou
todos os espíritos. Os Amorazins dominam essas virtudes. Na íntegra todos
são sabedores de todas as virtudes, porém até eles têm que aperfeiçoá-las.
Para isso cada um escolheu qual virtude iria aperfeiçoar no decorrer de suas
encarnações. Alguns Amorazins são calmos e passivos. Outros são mais
soltos e alegres, outros são sérios e reservados e assim por diante.
- E quem são os Tenains, senhor Rabi?
- Essa é de fato uma pergunta muito importante, meu pequeno Osha. Aqui na
Terra muitos seres se intitularam Tenains e acredito que muitos ainda irão se
intitular assim, porém, meu bom menino, um Tenaim é um sábio superior
enviado por Deus. Esses seres chamados Tenains foram os Amorazins que
tiveram uma evolução ainda mais rápida que os outros. Um exemplo disso é
Enoch, o primeiro Tenaim que veio à Terra para ensinar e o primeiro a
escrever esta Verdade, porém Enoch nunca deixou de ser um Amorazim,
pois sua origem foi como dos outros. O título de Tenaim ele apenas ganhou
por ter sido o primeiro a receber a revelação de Deus. Assim os Amorazins o
chamaram de Mestre ou Escolhido de Deus, porém este título ele ganhou
somente aqui na Terra, justamente por ter sido o primeiro a receber a
revelação da Verdade aqui. Os essênios acreditavam que Enoch foi o
primeiro dos primeiros. Eles sabiam que Enoch era um Amorazim, porém
acreditavam que ele foi o primeiro Amorazim. A verdade é que não houve
um primeiro, como você já sabe. Houve um primeiro ato de Deus que
originou os primeiros. A missão de Enoch era plantar a Verdade na Terra e
deixá-la aqui. Por isso ele teve acesso a ela mais cedo do que os demais e por
isso também foi considerado um Tenaim, mestre dos Amorazins.
- Senhor Rabi, o que de tão grave esses seres chamados Amorazins sabiam ou
sabem?
- Meu pequeno ser, eles simplesmente sabem todos os segredos da Terra e
quase todos os do universo.
- Então é por isso que eles também são chamados de anjos?
- Os anjos são conhecedores da Verdade divina de fato, porém o que ninguém
imagina é que eles, disfarçados de Amorazins, podem viver entre nós e como
nós.
- Rabi, que verdades são essas e por que são tão graves assim?
- Meu bom menino, a Verdade tem a face muito dolorosa quando ainda não
pode ser compreendida. O que vou lhe contar agora explica porque a Verdade
não pode ser totalmente revelada. Logo que Deus evoluiu para seu estado
perfeito, onde criou todos os espíritos, Ele não destruiu o seu lado mal, afinal
havia sido o lado mal de Deus que O ensinou a encontrar o equilíbrio, pois o
bem e o mal precisam ser compreendidos para nos conduzir à evolução.

49
O LIVRO DA LUZ

Então, logo que o Pai avançou até a perfeição Ele individualizou o bem e o
mal que havia passado e sentido até chegar àquele estágio e transformou-os
em seus primeiros grandes princípios e os Amorazins seriam a seqüência
desses dois grandes princípios para que eles tivessem vida. Deus retirou de si
toda a essência do mal e do bem e duas formas gigantescas de luz se fizeram
vida, ambas de imensa beleza. Deus então disse a estes seres:
- Ambos são um só. Por mais que eu os tenha separado vocês jamais se
separarão, pois só há utilidade em vós se estiverem sempre juntos e somente
juntos poderão ensinar o caminho da evolução. Vossos irmãos terão uma
evolução tal qual a minha. Por isso precisam de vocês para serem os
professores deles. O papel que vocês vão desempenhar irá se esconder por
trás das emoções que eles vierem a sentir. Na dor, na alegria ou na tristeza
irão desenvolver a habilidade de chamar vocês sem saber que estão fazendo
isso. Assim como eu dei vida a vocês quando as senti os vossos irmãos
também darão vida a vocês quando senti-los e logo que os vossos irmãos
despertarem vocês dentro deles começará o aprendizado. Por enquanto eles
são inocentes, desconhecem o bem e o mal, não sabem definir o que é certo
ou errado, não sabem distinguir a menor das emoções, porém essas condições
não os evoluem e a única maneira de evolui-los é dar a eles a mesma
liberdade que eu tenho. Para isso será preciso tirar dos olhos deles a venda da
pureza, da inocência e revelar a eles a manifestação de seus instintos. Os
Amorazins são meus primogênitos. Eles já os conhecem, pois sentiram
vocês quando eu os manifestei em mim. Vocês são como os Amorazins
criados de meus primeiros atos e emoções. Os Amorazins vão passar o
conhecimento ao universo e vocês serão os responsáveis pela realização
desse conhecimento. Isso quer dizer que os Amorazins serão como um livro
com toda a teoria da Verdade e vocês serão como um livro com toda a
prática. Por mais que os Amorazins ensinem vocês serão a única forma de
colocar tudo em prática, pois somente sentindo é que se aprende o que se
ouve.
- A você, meu Anjo do Mal, eu dou o direito de estar acima do bem e do mal,
porém jamais acima da compreensão, pois tu és aquele que eleva a
compreensão. Tu não deves ter piedade ou misericórdia daquele que não teve
piedade ou misericórdia. Tu não deves sentir dor nem rancor, pois tu estás
acima da dor e do rancor. Teu dever é aumentar o fardo para aquele que
rejeita aceitar tua existência até que ele venha a descobrir o bem que de fato
tu representas, porém lembra-te sempre que teus irmãos têm livre-arbítrio e
os espíritos deles devem estar de acordo com os teus ensinamentos, que
obviamente serão aplicados somente no terceiro (corpo físico) e segundo
(alma) corpo do espírito. Lembra-te também que esses espíritos já nasceram
conscientes, porém precisam praticar essa sabedoria. É justamente aí que
vocês e os outros Amorazins deverão cumprir vossas missões, pois vocês já
praticaram essa sabedoria enquanto se transformavam junto comigo. Agora
vão ensinar seus outros irmãos a fazer o mesmo, afinal vocês tiveram um
privilégio: fui eu que os ensinou enquanto me compreendia. Agora vocês irão
ensinar enquanto se compreendem. A vocês dou o direito de ser eu sem
jamais deixarem de ser vocês mesmos. Em suma, me representarão na

50
O LIVRO DA LUZ

sabedoria, mas serão passíveis de falhas ou erros, pois carregam dentro de si


o livre-arbítrio, código que os diferencia uns dos outros. Ao mesmo tempo
que são iguais a liberdade é a lei que os torna únicos, pois eu, criador das
criaturas, jamais fiz uma forma igual. Um jardim é belo pelas suas diferentes
flores, sua variedade de cores e aromas. Assim, meu Anjo do Mal, anjo da
minha dor, da minha força, da minha revolta, tristeza e ira, enfim da minha
luz, eu te darei o nome de “luz que se faz”, pois tu fostes a minha luz. Tu,
quando ainda pequenino germinando dentro de mim, não me parecias ser
bem nem mal. Foi então que descobri que tu e teu irmão Bem me habitavam
em simbiose constante. Aos poucos os meus desejos e as minhas emoções me
mostravam o poder que tu e teu irmão tinham, porém houve época em que o
poder de ambos ficou tão grande, imenso, que não mais os controlei e me
deixei conduzir por esse poder até conhecer sua última gota. Foi nesse
instante que me conscientizei que não poderia mais separá-los e então resolvi
uni-los, pois na verdade descobri o quanto um precisa do outro. Assim
descobri um poder maior nascendo dentro de mim, o poder da compreensão,
e este novo poder logo me levou a outro poder. Um poder imenso, infinito,
inexplicável, que me trazia satisfação plena, absoluta, e este poder eu tão
somente sentia e tudo compreendia. Por isso preciso que vocês ensinem seus
irmãos que nasceram deste poder a praticá-lo e compreendê-lo.
- Tu, meu Anjo da Luz que se faz deves fazer aos teus irmãos o que fizestes
comigo. Tire o véu que encobre a inocência e desperte o poder que te cabe
dentro de cada um, porém deves te lembrar que até que a humanidade
universal venha a te compreender e te ter como um aliado e bom professor tu
serás rejeitado, negado, abominado e considerado a pior de todas as criaturas.
É por essa razão que te dei este nome, para que um dia a consciência da
humanidade repense seus conceitos e veja que Luxcifer é a luz que se faz
dentro de cada um e dessa forma esta luz termina por mostrar os monstros
que nos habitam e o quanto esses monstros podem ficar poderosos enquanto
não compreendidos. Sei que esta é uma missão muito dura, porém a do teu
irmão em nada é menor.
- Meu Anjo do Bem, anjo de minha caridade, minha bondade, minha
tolerância, de meus olhos cegos, de minha justiça sem consciência. Anjo de
meu conflito, equilíbrio de minha balança, tu nasceste tal qual o teu irmão.
Por te defender e proteger teu irmão era negado. Tu, sem compreensão, era
mais frágil que rosa em botão. Teu irmão atacava por ter medo. Tu temias
atacá-lo. Tu desejavas ajudá-lo, mas às vezes te tornavas ele quando
maltratado. É por isso que eu não os compreendia. Ambos trocavam de lado
de acordo com as farpas atiradas. O Bem, que tão doce era, rejeitava e negava
o Mal com ira tão imensa que parecia ser o próprio Mal. O Mal, por ser
rejeitado, se negava a ser o Bem. É assim, meus amados, quando separamos
compreensão e sabedoria de um só coração. Sabedoria sem compreensão é
prática sem saber. Compreensão sem sabedoria é teoria sem prática. Por isso
eu os quero sempre juntos, inseparáveis, como de fato são sabedoria e
compreensão, porém a humanidade universal os verá separados até
compreendê-los juntos. Por isso, meu Anjo do Bem, eu te darei o nome de
Anjo do Fogo da Justiça. Tu, como teu irmão, deves ensinar a teus irmãos o

51
O LIVRO DA LUZ

mesmo que a mim ensinastes. Deves levar a eles todo o poder que te cabe.
Deves mostrar que não és um bem unilateral ou preconceituoso. Para fazeres
isso deves apelar para as emoções sentidas na própria pele. Elas serão teu
maior auxílio. Enfim, meus Anjos do Bem e do Mal, eu os declaro
professores da consciência. Nenhum bem é bem sem consciência e nenhum
mal é mal com consciência, pois o bem, para ser verdadeiro, precisa ter a
certeza de que não vai prejudicar ninguém. Quando fazemos um bem a
alguém acreditamos estar ajudando uma pessoa, quando nosso bem pode
estar escondendo uma cortina de maldades. Ao fazer um mal a alguém
estamos fazendo mal a nós mesmos, mas quanto à pessoa estamos, sem saber,
fazendo um bem involuntário.
- Senhor Rabi, agora o senhor me deixou confuso. Como pode Deus ter dito
isso?
- Perdoe-me se te deixei assustado, pequeno Osha, mas agora vou te explicar
direito a idéia de bem e mal. Vou te contar a verdade sobre o que de fato é
certo ou errado, bem e mal consciente ou não. Na verdade bem e mal não
existem. O que de fato existe são ações e reações e, de acordo com elas, os
anjos do bem e do mal aplicam o aprendizado. Anjo do bem e do mal para
Deus não têm diferença, pois bem e mal para Ele significam aprendizado e
evolução, porém para a humanidade universal a conotação de bem e mal é
ainda bastante incompreendida.
- Vamos agora aos exemplos práticos. Digamos que uma velhinha passe o
resto de seus dias a mendigar comida e ajuda, pois não tem recursos para
sobreviver. Todos os dias algumas pessoas vão até ela e lhe oferecem
comida, água e roupas. Ela assim vai sobrevivendo o tempo que lhe cabe,
porém um belo dia chega uma senhora de bom coração e, comovida com a
pobre senhora, leva-a para morar em sua casa. Passados alguns dias essa
senhora bondosa recebe a visita de um parente da velhinha, que relata todos
os erros que esta cometeu, dizendo que ela tinha o coração amargo e quando
rica pisou e humilhou todos os seus parentes. Um dia a vida lhe tirou toda sua
riqueza e mesmo assim ela continuou com o coração duro, pois desdenhava
daqueles que queriam ajudá-la. Após ouvir este breve relato da vida daquela
velhinha a boa senhora tem que ouvir o seu coração para ter certeza de que
está fazendo a coisa certa, pois se ela ouvir somente a razão poderá chegar a
cometer duas ações erradas. A primeira é julgar a velhinha e achar que ela
não merece mais nenhuma chance. A segunda é ter pena dela e aceitá-la
acreditando que ela não vai fazer mais nada de errado. Essas duas maneiras
de pensar estão erradas, pois as duas nos levam à conclusão de que estamos
sempre esperando algo de alguém. Na verdade nós devemos esperar tudo e
nada das pessoas. Devemos acreditar que um dia aquela pessoa vai evoluir,
não importa quando. Que todos temos defeitos é coisa sabida, porém
devemos tentar encontrar as qualidades escondidas pelos defeitos. Se a
senhora de bom coração aceitar a velhinha agindo somente com seu coração
ela vai fazer um bem consciente e esse bem não se importa com os defeitos
ou erros, porém não nega sua existência. Já o bem inconsciente é o bem
piedoso, que só se importa com o que vê e julga unilateralmente. É aquele
bem que não sabe, mas está pronto para se decepcionar, pois costuma investir

52
O LIVRO DA LUZ

alto e no fundo sempre espera algum tipo de retorno. Na maioria das vezes
esse retorno é a certeza de que estava certa e é justamente aí que esse bem se
torna mal ou a pessoa erra, pois já começa esperando provar para si e para os
outros que estava certo. O verdadeiro bem ou bem consciente não se importa
de estar certo ou errado diante dos outros e nem de si mesmo. Ele age como o
destino, misterioso, porém sempre presente.
- Agora, meu menino, eu vou lhe contar a Parábola da Ingratidão. Uma boa
dona de casa, muito humilde, trabalhava na lavoura para ajudar seu marido,
um homem rude e severo. A mulher, com sua bondade e atenção, sempre
prestativa, conseguia negociar toda a produção da sua lavoura e sempre
ganhava mais atenção do que o seu marido. Aquilo o deixava indignado, pois
não concebia o fato de sua esposa ter mais carisma do que ele. Um dia, com
inveja da própria mulher, ele colocou uma serpente venenosa na cama
enquanto ela dormia. A serpente picou uma das pernas da mulher e ela não
morreu, mas já não podia mais andar ou se locomover como antes. Entretanto
a mulher sabia que seu marido não manteria seus clientes por muito tempo e,
com pena dele, passou a se arrastar até a lavoura, onde atendia os clientes e
esses, comovidos com a sua bravura diante da situação, fizeram uma espécie
de aparelho de locomoção adaptado para ela. Era um pedaço de tábua com
mais ou menos um metro de comprimento e meio de largura. Embaixo dessa
tábua foram encaixadas algumas rodas e encima havia uma espécie de
alavanca que ajudava o aparelho a locomover a mulher para onde ela
precisasse. O homem, inconformado com o fracasso de seu plano, parecia
ficar ainda mais cego de raiva. Começou a ficar cada dia mais agressivo.
Gritava com a mulher por qualquer coisa e ainda vivia lembrando a ela que
era um fardo a mais para ele carregar. A mulher, entristecida, pensava:
“Senhor, pobre do meu marido. Ele trabalha tanto que não tem tempo para ter
amigos e agora eu, assim aleijada, lhe sou um peso a mais. Pai, se não for lhe
pedir muito limita meus dias a essa primavera tão somente, pois se eu me for
deste mundo ele não precisará trabalhar tanto e logo terá o tempo que gasta
comigo para, quem sabe, ter alguns amigos e aprender a ser feliz.” Deus
ouviu a pureza daquelas palavras, que eram tão verdadeiras, e disse: “Teu
karma acabou, minha filha. Logo virás trazer mais luz ao meu jardim.” No
final daquela primavera a mulher morreu dormindo como um anjo que havia
sido. Todos que a conheciam choraram sua morte menos seu marido que,
com o passar de duas semanas, foi completamente esquecido. Ainda
revoltado por saber que ninguém o notava ele se lembrava da mulher e a
amaldiçoava por ter morrido, pois agora ninguém mais comprava suas frutas,
legumes e verduras e, egoísta como ele era, deixava tudo apodrecer, mas não
dava nada a ninguém. Para piorar sua situação uma chuva muito forte caiu e
devastou sua lavoura. O homem agora estava sem nada, nem mesmo para
comer. Vendo a penúria em que ficou o homem um velho cliente e amigo de
sua esposa levou para ele leite, farinha e pão. O homem, orgulhoso, olhou
aquilo e disse: “Eu não estou tão miserável para aceitar uma miséria maior
que a minha”. O velho cliente fingiu não ouvir as ofensas e partiu, deixando
sobre a mesa o pão, o leite e a farinha. O homem pegou o leite e quando ia
jogá-lo fora uma voz familiar o fez parar. Era a voz de sua esposa, que diante

53
O LIVRO DA LUZ

dele surgiu, dizendo: “Não faça isso. Essa é uma das últimas oportunidades
que Deus te deu para ser você mesmo. Você passou sua vida inteira
desejando ter a minha vida e esqueceu de construir a sua. Você me tirou uma
perna e sem perceber arrancou as suas, pois enquanto eu trabalhava as
pessoas vinham a ti dando-te a oportunidade que a mim davam. Eu
aproveitava essas oportunidades e você perdia seu tempo em me condenar,
porém todo mal que você fazia a mim era uma semente que você plantava e
hoje basta olhar para a lavoura que você então reconhecerá nela o teu próprio
coração. Mas um dia essa lavoura foi verde e bela e por sorte ainda pode vir a
ser novamente, pois seu solo ainda está vivo. Basta que o alimente com
respeito e gratidão e ele te dará o que desejar. Agora aceite esta caridade e
alimente o solo do teu corpo com esse leite e pão. Quem sabe eles te
alimentem de amor, caridade e gratidão”. Ao terminar essas palavras a
mulher desapareceu. O homem, petrificado, sem ação ficou por várias horas,
tempo suficiente para as lembranças de sua vida inteira passarem diante de
seus olhos. Sentado num banco deixou as lágrimas correrem por muito
tempo. O arrependimento torturou a sua consciência. De joelhos no chão ele
caiu, muito chorou e rezou até dormir. Mais tarde ele acordou com fome. O
pão e o leite lhe foram o melhor de todos os alimentos. Seu coração estava
renovado e seu corpo encorajado. Para a lavoura ele caminhou e trabalhou
noite e dia e das poucas sementes que haviam sobrado uma nova e grande
lavoura ele fez e quando esta estava pronta seus frutos ele colheu e grandes
cestas fez e as deu de presente. Aos amigos, clientes de sua esposa, a cada
cesta que entregava ele dizia: “Este é um presente que a minha esposa, se
viva fosse, lhe daria” e dessa forma o homem cativou alguns clientes. Não
tantos quanto a sua esposa, porém para ele era o suficiente, pois a sua
consciência lhe dizia que ele agora tinha mais do que merecia.
- Como você pôde ouvir, meu pequeno Osha, o bem e o mal nessa história
trocaram de lugar.
- Como assim, senhor Rabi?
- O mal que o homem fez à esposa não ficou nela. Na verdade ela nem mesmo
sentiu aquele mal, pois já se encontrava muito além da pequena evolução do
marido. Por isso ela tinha pena dele e para protegê-lo dele mesmo ela não se
importava em se sacrificar, afinal ela era muito mais forte que ele, não na
aparência, mas em virtude e sabedoria. Agindo dessa maneira ela permitiu
que Deus fizesse justiça em seu lugar e assim se fez. O mal que o homem fez
à mulher trocou de lado e voltou para ele fazendo-o perder tudo para aprender
a reconhecer o que realmente tinha. Porém, meu bom menino, este foi apenas
um exemplo simples de mal ou bem. Vou-lhe contar agora como isso se
realiza na prática. Vou explicar porque Deus disse que nenhum mal é mal
consciente e porque nenhum bem é bem sem consciência.
- Em primeiro lugar vou dar o meu próprio exemplo. Eu, muito antes de
conhecer todas essas verdades que hoje lhe conto era um ser ignorante, não
por falta de estudo ou educação paternal. Eu não conhecia a verdade que
conheço hoje. Por isso cometia meus erros, como grande parte das pessoas
faz, sem ter consciência. Eu lutava para impor minha vontade e me julgava
certo quase sempre. Meu poder de liderança me fazia um ser grande,

54
O LIVRO DA LUZ

orgulhoso de cada conquista minha. Eu me julgava sabedor de tudo, pois


acreditava que a imposição era a melhor maneira de ter tudo, porém um dia
eu encontrei um jovem que passou a me ensinar a verdade do Talmud. Foi aí
então que eu descobri o quanto eu era insignificante, quanto mal eu fazia aos
outros com a minha arrogância e o quanto fiz mal a mim mesmo. Quanto aos
outros o mal que neles apliquei hoje sei que foi uma troca de aprendizado,
pois eu os ensinava sem saber que estava ensinando. Quando digo ensinar me
refiro ao aprendizado da vida. Para que você me entenda melhor vou explicar
como isso funciona. Todo mal que eu fazia àquelas pessoas ajudava elas a
pagar suas dívidas com o seu passado, porém para mim aquele mal voltou
como sol refletido num espelho. Me cegava pela ignorância e pela
incompreensão. Quando aprendi os ensinamentos da Verdade descobri que
aquele mal que me feria os olhos havia sido criado por mim mesmo e que no
fundo havia sido meu melhor professor, pois jamais alguém teria coragem de
ensinar o que ele me ensinou. Em suma, eu mesmo desejei esse aprendizado
antes de vir para a Terra. Hoje, meu bom Osha, eu sou um ser consciente da
Verdade e por ter esta consciência não desejo fazer mal a nenhum ser vivo,
simplesmente porque sei que cada um de nós tem seu próprio mal dentro de
si e este não precisa de ajuda para ser acordado. As ações e reações do tempo
se encarregam disso. Portanto, meu querido, eu não faço mal simplesmente
porque não quero, mas porque sei que não preciso fazê-lo. O simples fato de
ter consciência da Verdade me causaria uma enorme dor na consciência se eu
lhe contasse hoje uma mentira, pois eu iria passar horas ou até dias me
punindo e se eu não fosse me retratar com você a Verdade me puniria de
maneira dura e eficaz. Provavelmente me faria perder algo que me fosse
muito caro ou me fazendo ver que a mentira que lhe contei lhe causou um
dano fatal, que obviamente voltará para mim. É por isso que não existe mal
consciente, pois a Verdade faz ele ser abolido da sua vida. O mal único e real
só pode existir sem a consciência da Verdade, pois somente na ignorância
dela os seres humanos são usados para fazerem outros evoluírem. Algumas
pessoas acreditam que outros fazem o mal porque realmente desejam. Isso de
fato não é mentira, mas também não é totalmente verdade. Como já disse,
todos temos que evoluir e a evolução não se alcança sem dor. Portanto todos
temos que fazer o papel de monstro uma vez ou outra na vida. É preciso ser o
monstro para aprender o tamanho de seu poder e como controlá-lo. É preciso
conhecer a ira para saber seus limites, sua insanidade e seu ponto fraco. É
preciso conhecê-la na própria pele para vir a compreendê-la e possivelmente
curá-la primeiramente em si e mais tarde curá-la também nos outros. Todas
as emoções que o mal causa são passageiras, mas são um grande aprendizado
eterno, tal qual o bem.
- Senhor Rabi, dizem que há tempos atrás andou pela Terra um homem
chamado Jesus e que este homem era muito bom, mas tanta bondade atraía o
mal de algumas pessoas. Dizem também que ele era como Deus andando na
Terra. Isso é verdade?
- Meu menino, tantas foram as histórias sobre o Filho da Lei que muitas
mentiras se criaram, porém a verdade sobre Jesus já estava escrita milhares
de anos antes dele nascer. O Talmud a preservou escondida da grande

55
O LIVRO DA LUZ

maioria, pois essa jamais compreenderia a missão desse ser grandioso que
desceu à Terra. A humanidade jamais acreditaria que Deus viria à Terra de
maneira tão simples e Ele mesmo pediu que essa Verdade fosse preservada
para o bem de seus próprios filhos que ainda não estavam prontos para tão
grande revelação, porém Deus permitiu que muitos profetas anunciassem a
chegada de um messias e dois mil anos antes da chegada do Cristo à Terra
muitos profetas já a anunciavam para manter a chama da esperança acesa no
peito das pessoas.
- Senhor Rabi, o que Jesus Cristo tinha de tão especial e como ele ganhou o
direito de falar que era Deus?
- Esta é uma história muito longa, meu pequeno Osha, e também cheia de
mistérios, que se mantiveram secretos após a sua morte, porém havia muitos
seres que sabiam estes segredos e que tinham que revelá-los por parábolas ou
contos, pois essa era a única maneira de ensinar a Verdade à humanidade sem
chocá-la.
- Mas agora, meu pequeno aprendiz, vou lhe contar a vida de Cristo e o motivo
dEle ser tão especial. Acaso você se lembra da história que lhe contei sobre o
nascimento de Deus, de como Ele se criou e como criou os Amorazins?
- Sim, Rabi, eu me lembro. No primeiro ato de Deus Ele criou todos os
Amorazins, inclusive Jesus Cristo, que foi o primeiro a nascer. Mas o senhor
disse que todos nasceram juntos!?!
- E nasceram, porém preste bem atenção no que vou lhe explicar. Ao dar seu
primeiro grito Deus soltou primeiro um sopro, seguido por um som que para
nós humanos durou segundos e, de acordo com esses segundos uma
seqüência de vidas gerava-se e a primeira vida foi a de Jesus Cristo.
Entretanto não só isso o tornava especial. Todos aqueles seres eram as
emoções de Deus e Jesus Cristo e outros grandes Amorazins tiveram um
papel muito importante no aprendizado do Divino. Deus provou de todas as
emoções que se possa imaginar e, é claro, não podemos esquecer da maior de
todas as emoções, a dor da perda, a dor da morte. Esta foi a emoção mais
dura para Deus. O primeiro ser que Deus matou foi também o primeiro que
saiu de dentro dEle: Jesus Cristo. Depois de Jesus Cristo Ele matou vários
outros Amorazins e toda vez que Ele fazia isso, sentia um pedaço de si
desaparecer, porém que outra maneira Deus teria de sentir saudades e como
Ele aprenderia o que era morte ou vida se não as criasse? Foi também ao
descobrir a morte que Deus descobriu os valores de manter a vida, afinal os
Amorazins eram seu instrumento de aprendizado e Ele não podia destruí-los
justamente para não destruir o que havia aprendido. Até a morte de alguns o
havia ensinado. Por isso Ele desejou absorvê-los para dentro de si. Essa foi
uma maneira de compreendê-los e compreender a si mesmo, mas também era
uma maneira de protegê-los da morte, uma das emoções mais dolorosas para
Deus. A partir daí você já sabe. Deus meditou e recriou seus filhos, porém
criou um número muito superior aos seus primogênitos.
- Senhor Rabi, eu não compreendi direito a história de Deus ter nascido do
vazio. Não consigo entender como isso é possível.
- Osha, meu menino, existem 3 trindades divinas. As três fazem parte do
processo de evolução de Deus e justamente a primeira trindade é o

56
O LIVRO DA LUZ

nascimento de Deus como corpo físico. A segunda é a alma de Deus e a


terceira é o espírito. Não vou lhe explicar tudo agora, mas tenha a certeza de
que vou lhe explicar essa 3 trindades. No momento lhe basta saber que Deus
nasceu de uma energia imensa que nada sabia ou criava. Essa energia já era o
espírito de Deus, mas ao mesmo tempo era o nada, pois de nada tinha
consciência e por isso era chamado de vazio. Logo lhe explicarei isso com
muita tranqüilidade e você poderá compreender tudo. Agora vamos voltar à
história de Cristo. Este, por ter sido a dor mais profunda do Pai, foi escolhido
para representá-lo na íntegra aqui na Terra. Assim também aconteceu com os
outros Amorazins, que passaram semelhante processo de evolução servindo
de emoção da morte ou da perda para o Pai. Aqui na Terra os Amorazins que
sabiam da vinda de Cristo o tinham como um Tenaim, que quer dizer Mestre
dos Amorazins, Primeiro dos Primogênitos ou até mesmo Rei dos
Primogênitos. Isso para os grupos de judeus amorazins essênios. A palavra
“amorazim” (ou amoraim) é conhecida dos judeus, porém nem todos os
judeus admitem Jesus Cristo como um Messias ou como o Filho da Lei, mas
alguns grupos de judeus conhecidos como essênios estudaram a fundo o
verdadeiro Evangelho de Cristo e o preservaram e preservam até hoje muito
bem guardado para que no futuro essa verdade não seja destruída, mas
reabilitada, pois na nossa época o sagrado Evangelho de Cristo já foi muitas
vezes adulterado. Isso quer dizer que ele não agrada aos nossos governantes,
que vêem nessa preciosa verdade uma ameaça aos seus planos. Porém não
duvide, meu bom menino, que quando se passarem dois mil anos da morte de
Cristo esta verdade vai estar quase extinta da Terra. Se hoje, 450 anos após
sua morte, essa verdade já é deturpada e proibida, imagine no futuro como ela
estará, mas não perco as esperanças, pois na Terra sempre terá um
Amorazim pronto a resgatar essa verdade e dessa maneira ela nunca irá se
extinguir por completo e sempre voltará aos olhos e ouvidos dos homens para
que esses sejam livres. Vamos agora explicar porque trouxe o bem e o mal
consigo e porque a maldade não pode ser vista com olhos maus.
- Vou lhe dar agora, meu menino, os mesmos ensinamentos que o Cristo
deixou na Terra. Muitos foram os ensinamentos de Jesus Cristo, porém o
maior de todos também foi o que mais incomodou a todos. Um dia Jesus
estava a ensinar seus discípulos sobre a questão do bem e do mal quando um
dos discípulos perguntou:
- Senhor, tu és plena luz. Como podes conhecer tão bem o mal.
E Cristo respondeu:
- Acaso acreditas que não faço mal algum, meu irmão? Se credes nisso és
realmente muito ingênuo. O simples fato de trazer a Verdade comigo por
onde quer que eu vá já é um grande mal.
- Senhor, eu agora não vos conheço. Por que estais a dizer tais coisas?
- Meu amado irmão, o mal não consiste apenas na intenção de fazê-lo. Quando
eu vim à Terra eu já sabia que andaria pelas minhas costas o mal da
ignorância e da incompreensão da Verdade, pois a Verdade revelada seria
como expor um crime e o criminoso à multidão. Essa Verdade, ao ser dita,
revela todas as mentiras que enganam a multidão. Revela os segredos
secretos que jamais precisaram ser secretos.

57
O LIVRO DA LUZ

- Mas senhor, isso tudo por acaso não é um bem?


- Será um bem no futuro, pois no presente e no futuro próximo será o maior de
todos os males, pois muito sangue e dor há de correr por causa desta
Verdade. Porém a verdade que te condena também te redime. Minha missão
aqui na Terra é derrubar muitas muralhas que muitos julgam intransponíveis
e para isso não posso ter piedade daqueles que as construíram, pois muitos
deles conhecem a Verdade e não a dividem com mais ninguém. Além disso
cometem o maior de seus crimes, acreditando-se donos supremos dessa
Verdade.
- Mas que verdade tão perigosa é essa, senhor?
- O mais simples de todas, meus irmãos, aquela que venho ensinar a vocês no
dia-a-dia, porém vocês não perceberam o quanto ela é perigosa. Agora vou
lhes descortinar essa Verdade para que possam ver.
- A Verdade que vou lhes revelar quando falo sobre o nosso Pai é uma verdade
ainda incompreendida, pois Deus não faz mistérios, mas os homens os criam
para serem deuses na Terra.
- Senhor Jesus, se é verdade que és o Filho de Deus e sabes todas as coisas por
que também não nos faz saber?
- Deus, meus irmãos, nos criou livres para desejarmos a hora de aprender e
ninguém pode passar por cima da liberdade do outro, porém é esta palavra,
liberdade, que muita coisa explica sobre a Verdade. Minha missão foi a de
descer à Terra e libertar os meus irmãos, mas não como Moisés fez. Moisés
os libertou da escravidão de um faraó e em nome de um Deus único os
conduziu a uma nova morada. Agora eu vim para libertar o povo de sua
própria escravidão, seus medos e sua ignorância. Vim tirar o véu de seus
olhos, porém talvez isso lhes custe mais caro e assim é muito provável que
eles prefiram a cegueira e a ignorância. Eu vou lhes contar uma parábola
onde poderão compreender um pouco dessa dificuldade.
- Um soldado muito fiel a seu imperador executava todas as suas ordens. Se
tinha que matar matava, se tinha que ir para a batalha ele ia. Se alguém
cometia um crime de extrema crueldade era dado a ele o mesmo castigo. O
imperador chamava o soldado e o incumbia de aplicar ao criminoso o mesmo
mal que esse havia aplicado à sua vítima e o soldado assim o fazia. Esse
soldado tinha muitos amigos que em nenhum momento o condenavam ou
criticavam sua função. Os seres que não conheciam o soldado perguntavam a
seus companheiros como eles tinham coragem de viver com um ser como
aquele, tão cruel e severo quanto os criminosos que ele matava ou castigava.
Os companheiros respondiam:
- Ele não é a pessoa que vocês pensam ver. A ele posso confiar a minha vida e
sei que estarei bem protegido.
- Mas isso não convencia as pessoas de que o soldado era um ser bom e justo.
- Mas Jesus, essa não é justiça que o senhor nos ensina.
- Se esperares eu terminar todos compreenderão o que estou a contar. Muitos
anos se passaram e aquelas leis não mudavam. Era sempre a mesma coisa. Se
um ladrão roubava alguém ele tinha que reparar seu erro devolvendo o
produto do seu furto ou trabalhava até pagar por ele. Um dia uma pequena
multidão foi até o imperador reclamar do soldado. O imperador recebeu as

58
O LIVRO DA LUZ

pessoas e as ouviu. Depois que falaram tudo que queriam ele pediu silêncio a
todos e resolveu falar.
- Em primeiro lugar vou lembrá-los que o meu soldado não faz mal algum a
ninguém. Tudo que ele faz é ensinar aos malfeitores que eles precisam pagar
por seus erros. Em segundo lugar se vocês estão olhando apenas para o
comportamento do meu soldado é porque não estão se importando com os
malfeitores, tampouco com suas próprias vidas, que na verdade ele está
defendendo. Assim estão com suas mentes voltadas apenas para o mal, o que
pode vir a torná-los um dos próximos malfeitores. Em terceiro lugar o meu
soldado jamais os tratou mal e jamais os trataria, pois sua função é punir
apenas os culpados e não os inocentes. Se vocês se abalaram até aqui para
julgá-lo é porque estão com medo de serem os próximos culpados, porém eu
vos peço: vão para vossas casas, cuidem melhor de vossas vidas sem medo de
serem atacados pela ‘espada da justiça’, pois esta só fere onde existe uma
injustiça e nunca se esqueçam que toda ação maldosa requer uma ação justa.
Cuidem melhor de suas ações e jamais sofrerão uma reação injusta.
- Meio sem jeito e envergonhado o povo voltou para casa a pensar nas palavras
do imperador. Naquele instante o soldado foi até o imperador para se
despedir, pois sua missão ali já havia acabado. O imperador abraçou o bom
amigo e com lágrimas nos olhos se despediu dizendo: “Adeus, meu anjo da
justiça”. O soldado abriu suas longas asas e partiu. Aquele maravilhoso ser
não era um soldado, mas um anjo que descera à Terra para aplicar a Lei da
Ação e Reação e como todo ser humano tem dois lados dentro de si não
podiam enxergá-lo como um bem, porém não podiam condená-lo como um
ser apenas mau. Por isso optaram por procurar o imperador, que lhes mostrou
o outro lado do soldado, que eles não conheciam, ou melhor, não desejavam
conhecer.
- Minha missão aqui na Terra não é muito diferente da desse soldado, pois
somente aqueles que me conhecerem e me compreenderem saberão quem de
fato eu sou. O restante se ocupa em me julgar. Antes mesmo de ver a cor da
minha veste eles dirão que ela é como a de um rei ou de um ladrão; antes de
ver a poeira de minhas sandálias eles dirão ser de ouro ou simplesmente que
não as tenho. De mim eles nada sabem senão pela boca de muitas bocas.
Então como podem julgar um ser imaginado. Um ser pintado ou desenhado
não passa de uma obra que um artista criou, e infelizmente é isso que eu sou
para aqueles que me julgam sem jamais ter me ouvido. Eu cometerei muitos
crimes nas mentes insanas dos meus juízes terrenos, pois seus olhos só
enxergam o que eles desejam ver. O soldado que aplicava a Lei da Ação e
Reação era tão somente o destino que se encarrega de fazer a colheita daquilo
que plantamos.
- Na vida, meus irmãos, não importa onde tu lances as sementes. Se elas
brotarem tu irás colhê-las onde quer que estejas. Nem mesmo a morte é capaz
de te livrar de colher os frutos de tuas ações. Na verdade a morte é a porta
que te obriga a fazer esta colheita, pois ela te dá o privilégio de renascer
diante da tua horta.
- Jesus, explica-nos melhor essa história de renascer.

59
O LIVRO DA LUZ

- Meus queridos, olhem para a natureza. Observem tudo que nela existe. Agora
observem o quanto ela se parece com vocês. Tudo que está ao redor de vocês
um dia se acaba, seja pela mão do homem, seja pela mão do tempo. Igual a
vossas vidas, que também são destruídas, seja pela mão do homem ou pela
mão do tempo e o destino, porém a natureza e o homem perdem a
semelhança justamente na morte. A natureza nada tem a dever a Deus ou ao
homem. Já o homem muito deve a Deus, aos seus irmãos, à natureza e a si
próprio. A natureza gentilmente renasce para que o homem possa usufruir de
seus benefícios, pois ela é instrumento de primeira necessidade para a vida
dos homens. O homem renasce mascarado, usando uma nova aparência,
porém sua alma e seu espírito não precisam de máscaras. O homem, já com
uma nova carne, não reconhecerá seus inimigos, suas vítimas ou seus réus,
pois todos estão mascarados, porém suas almas guardam a visão da verdade
dentro de si e os conduzem ao reencontro onde deixam os corpos mascarados
acertarem seus assuntos pendentes. As almas revelam que se conhecem pelo
instinto e pela intuição. Dessa maneira o réu e a vítima voltam a se encontrar
para um possível entendimento ou um ajuste de contas algumas vezes um
tanto drástico.
- A morte, meus queridos irmãos, é só o começo da imortalidade, pois só
morre de fato aquele que não tem alma ou espírito.
- Jesus, existe alguém que não tenha alma ou espírito?
- Sim, meus queridos, existem vários, porém esses muitas vezes são ignorados
e passam suas vidas quase desapercebidos. Quando muito eles têm a ensinar a
quem se propuser a aprender. Esses são parte da Grande Mãe Natureza.
Vejam as árvores. Como tu elas nascem, crescem e morrem, porém essas
árvores não voltarão a nascer. O que delas terá vida são suas sementes. Como
a árvore tu também geras sementes, porém as sementes da árvore não
levantam as mãos umas contra as outras nem destroem aquelas que ao seu
redor habitam. As sementes do homem levantam as mãos umas contra as
outras e destroem aquilo que habita ao seu redor. As árvores não criam
assuntos pendentes para outras vidas como os homens. Por isso não precisam
renascer, mas em toda sua mortalidade têm muito a ensinar ao homem, com
toda sua imortalidade. Um carvalho vive mil anos e ensina tanto a 500
homens quanto a mil. Um homem que nasce e renasce no período de mil anos
pode ensinar tanto a 10 homens como a 20. Sei que essa comparação parece
aos homens uma humilhante incompreensão, mas vou lhes explicar porque
um carvalho pode ensinar tanto. O menino pequeno pega para brincar as
bolotas de carvalho e em sua inocência um dia ele as vê diferentes, como que
estouradas. Elas estão a germinar e o menino, em sua curiosidade, resolve
plantar aquela pequena semente, que junto com o menino vai crescendo.
Muito tempo se passa. O menino se torna pai, mais tarde avô e embaixo do
velho amigo conta como o plantou e como o viu crescer. O menino virou um
homem adulto, idoso e morreu, mas seu amigo continua ali acolhendo seus
netos e bisnetos, que vão tentando buscar no tempo as histórias do frondoso
carvalho. Essas histórias ultrapassam várias gerações e assim o velho
carvalho vai mostrando a todos que de um pequeno ato uma grande e linda
lenda se fez. Digo lenda porque após centenas de anos ninguém têm mais

60
O LIVRO DA LUZ

tanta certeza de como aquele carvalho brotou e muitos vão criando suas
próprias lendas encima do original. Além de ensinar os seres a preservar o
amor o carvalho retribui com suas propriedades curativas fazendo o papel de
médico das dores da carne. Em outra ocasião vira o médico das lágrimas, pois
acolhe em seu silêncio a tristeza de quem busca sua companhia para
desabafar sozinho. No sol forte protege com sua sombra acolhedora e em sua
solitude mostra o quanto é fácil doar sem receber. Nessa história, como em
outras, o carvalho não tem necessidade do homem, mas o homem tem
necessidade dele, só que na maioria das vezes só descobre isso quando
precisa.
- O homem nasce e renasce na maioria das vezes para resolver seus assuntos
pendentes e isso o coloca diante daqueles que devem ser reencontrados.
Dependendo do assunto pendente o homem não tem muitas oportunidades de
encontrar outras pessoas justamente para que não se desvie daquele assunto e
termine assim arrumando outro sem resolver totalmente o que se encontra em
seu momento presente. Por essa simples razão o carvalho, que não tem
assuntos pendentes a resolver, sai à frente do homem na comparação que fiz.
- Jesus, tu és o Filho de Deus, que tão grande e bondoso Pai é para todos nós.
Por que Ele permite que venhas a essa Terra para sofrer tamanha injustiça?
- Eu agora vos digo, meus irmãos. Eu aqui não sou apenas eu. Eu sou o Pai e o
Pai sou eu. Por isso meu dever é revelar a Verdade e assim o farei.
- Senhor, perdoe-me a ignorância, mas não seria uma blasfêmia dizer que és
Deus. Sabedoria eu sei que tu tens, mas os sábios dos tabernáculos também a
tem.
- Olho para ti, senhor, e não vejo trajes de um rei como Deus é e teus poderes
também são semelhantes aos de alguns sábios. Nós acreditamos no Deus de
Davi e Moisés, um Deus forte que se fazia ouvir no rugir de um trovão.
Como tu, senhor, vais te fazer crer ser Deus se não te assemelhas a Ele?
- Tens um conceito muito errado de meu Pai. Tu, como a maioria, acreditas
que Deus tem a imagem que tu pintaste para identificá-lo. Na verdade tu não
sabes nem o que é Deus. Como posso exigir que saibas o que eu sou? Para
que tu conheças a Deus eu vou te apresentar a Ele e se estiveres pronto para
conhecê-Lo descobrirás um Deus que jamais imaginaste. Em primeiro lugar
Deus é o Rei dos Reis, Criador de todas as criaturas, Senhor Absoluto do
Tudo. Nada existirá sem ele, porém Ele pode existir sem o nada e o tudo. Sua
sabedoria não pode ser medida, não tem fim, simplesmente é infinita. Seus
poderes em nada se assemelham ao que tu conheces. Sua aparência tua mente
jamais alcançaria, pois Ele é o Senhor de Todas as Faces. Nem vestes, nem
trono ou reino Ele precisa se dono de tudo é. Para que reino ou trono quando
tanto há para fazer? Limita-te a vestes e a um trono e serás rei tão somente de
ti mesmo quando vires tua imagem refletida num espelho. Tu acreditas que
ser rei é dominar a vontade dos outros, porém aquele que domina a vontade
dos outros não domina nem a própria, tampouco a dos outros, pois aquele que
domina teme ser dominado. Deus liberta, pois não deseja dominar. Sabedor
de que jamais será dominado deu ao homem o direito de ser libertado e é para
isso que eu vim. Eu não estou aqui para libertar o povo de seus imperadores

61
O LIVRO DA LUZ

ou reis. Estou aqui para libertar o povo de seus próprios preconceitos, medos,
isto é, da sua própria ignorância.
- Eu vim à Terra para descortinar o véu da Verdade que separa o homem de
Deus e essa Verdade é o grande inimigo daqueles que a conhecem, mas não a
admitem.
- Quando eu digo que meu Pai e eu somos um só não profano o santo nome de
meu Pai, pois estou a dizer a Verdade de que muitos já são sabedores, mas
eles preferem preservar esse conhecimento do grande povo por julgar ser
ainda muito cedo para o povo compreender a sabedoria. Há, porém, um
segundo motivo para não a revelarem. Essa Verdade acabaria por tirar o
poder das mãos dos homens poderosos.
- Jesus, essa Verdade pode destruir o poder dos sacerdotes que realizam
milagres com seus conhecimentos?
- Eu vos digo que qualquer homem conhecedor e entendedor dessa Verdade
pode realizar milagres verdadeiramente surpreendentes aos olhos dos homens
comuns, mas há um porém. Essa Verdade não pode ser profana, ou seja,
utilizada sem que de fato seja necessária. Assim sendo não pode ser utilizada
sem consciência, pois eis aí a regra que ela dá ao seu portador.
- Então conta-nos, Jesus, que Verdade tão preciosa é essa.
- Meus queridos, eu já estou a falar dela, muito embora vocês ainda não o
tenham percebido. Muito antes de mim vários profetas vieram à Terra para
ajudar a humanidade a compreender essa Verdade, mas muitos foram mortos
muito antes de explicarem o princípio dessa Verdade.
- Para que vocês me compreendam melhor vou tentar explicá-la em traços
geométricos, pois assim ficará mais fácil entendê-la. Quando você olham
para uma cruz o que vêem?
- O castigo – disse um.
Outro, um tanto mais sábio, respondeu:
- A cruz não é apenas usada para castigar. Ela também simboliza os cantos de
orientação da Terra: norte, sul, leste e oeste.
Cristo olhou para ele e disse:
- Estais certo, porém teu irmão também está. A verdade desses dois pedaços
de madeira é muito maior do que esses dois significados.
Falando isso Cristo desenhou no chão a Árvore da Vida (cabalística) e disse:
- Eis aqui todos os segredos do universo. O homem que souber decifrá-los
conhecerá a Verdade desde o princípio até os dias futuros.

62
O LIVRO DA LUZ

Alguns discípulos já haviam visto aquele desenho, porém nada sabiam sobre ele e
falaram:
- Jesus, esse símbolo é de um ensinamento destinado tão somente a sábios?
- Muitos de nosso povo ignoram a existência desses ensinamentos, pois só os
grandes sacerdotes são dignos deles.
- Estás enganado, meu querido irmão. Esse ensinamento não foi criado apenas
para privilegiados, mas para aqueles que de boa vontade e bom coração o
desejem saber, mas é certo o que vou-lhes dizer. Nem todos estão prontos
para essa Verdade, pois ela trás alento aos que a compreendem e desalento
aos que não a entendem. O símbolo geométrico da cruz simboliza os quatro
pontos cardeais da Terra que, se colocados dentro de um círculo

simbolizam a própria Terra e tudo que a compõe. Exemplo: o círculo

63
O LIVRO DA LUZ

é a Terra vazia, como o número zero. Significa


a época em que a Terra ainda não tinha vida nem habitantes. O círculo com a cruz dentro
dela mostra a Terra preenchida em sua totalidade. Mesmo que isso pareça um absurdo vou
exemplificar para vocês como é. A cruz dentro do círculo representa os quatro elementos
básicos para dar vida à Terra e ao homem: o ar, a água, a terra e o fogo. Assim esses quatro
elementos básicos criaram outros quatro elementos básicos (fogo, terra, água e ar),
compuseram a natureza por inteiro, as matas enraizadas no chão, os pássaros que voam pelo
ar, os peixes que nadam nas águas, o fogo que aquece e faz germinar as sementes, animais e
homens que andam pelo chão. Quatro também são os tempos que cuidam do homem e da
natureza. O outono é o tempo da terra frutificada. O inverno é o tempo do ar adormecer a
terra, o frio que retira o velho para abrir caminho para o novo. A primavera é o tempo de
desabrochar das novas sementes e das primeiras águas trazendo o renascimento. O verão é
o fogo que dá a força para o crescimento e assim por diante. Se soltarem a imaginação irão
perceber que muito mais coisas existem por trás de um simples símbolo, mas agora
observem aquilo que compõe a cruz. São dois traços. Um que representa uma linha na
horizontal e outra na vertical. A linha horizontal significa aquilo que está no alto, suspenso
no ar e no tempo. Simboliza a vontade de Deus, que existe e se sustenta por si só e a tudo
pode sustentar. A linha vertical simboliza a vontade do homem, que se finca na terra, porém
para continuar firme se apóia na vontade de Deus, mesmo que não saiba.
- Dentre tantos significados para a cruz haverá mais um que muito bem e muito
mal trará à Terra. Esse significado há muito já é sabido por muitos
sacerdotes, porém poucos ousaram divulgá-lo. Agora eu o direi a vocês.
Olhem bem para o símbolo da Árvore da Vida e observem a cruz que
encontram no seu centro. Vocês encontraram ao alto da árvore a coroa que
significa o próprio Deus, sua sabedoria. A cruz abaixo significa o próprio
Deus que, sem deixar os céus desce à Terra para se fazer entender e morrer
nela, pois esta é a única maneira de eternizar o que sempre foi e sempre será
eterno.
- Mas Jesus, tu estás a dizer que Deus, o Pai todo Poderoso descerá à Terra e
morrerá numa cruz?
- Sim, eu estou afirmando isso e não vejo o porquê de tão grande espanto.
- Isto é uma blasfêmia ao santo nome de Deus e jamais poderia ser possível!
- Cala-te e ouve o que o mestre diz – retrucou um apóstolo a outro.
- Meus queridos irmãos, Deus tudo pode em seu imenso poder e sabedoria. Por
que a Ele seria impossível descer à Terra sem deixar os céus?
- Porque a Ele seria impossível morrer na cruz quando já possui a eternidade
infinita.
- O que vocês não conseguem compreender nisso tudo? Será que é o fato de
não saberem quem é Deus, ou será o fato de não conceberem Ele na Terra e

64
O LIVRO DA LUZ

nos céus ao mesmo tempo? Sei que tudo isso parece muito confuso a vocês,
mas na hora certa vocês vão reconhecer Deus.
- Jesus, tu estais novamente dando a entender que és Deus, mas como podemos
crer que és Ele?
- Deus não precisa de teu credo ou fé. Para existir Ele simplesmente existe,
muito antes de teus sonhos ou realidades. Deus não precisa de tua permissão
para realizar sua obra. Ele simplesmente a faz e tu nem percebes porquê. Por
que eu preciso provar a ti que sou o Filho de Deus? Acaso eu vivo te pedindo
provas ou de alguma forma tu já me vistes pedir a outros? Não! Com certeza
tu jamais me viste pedir provas a quem quer que seja, pois só pede provas
aquele que não conhece a segurança que o habita. O fraco precisa sempre de
uma prova para poder prosseguir seu caminho. Assim são também os fracos
de fé, que precisam sempre de um milagre para alimentar-se. Eis o que vocês
são, fracos a pedir-me que prove o que de fato vocês são, porém um ser que
se deixa intimidar por outro se torna tão fraco quanto esse. No momento não
vejo motivo algum para provar a vocês quem sou, afinal se teus ouvidos não
podem me ouvir com certeza teus olhos não podem me enxergar.
- Por que achas que não podemos ouvi-lo nem enxergá-lo, senhor?
- Meus amados, vossos ouvidos não estão no tempo de compreender o que
estou a lhes dizer. Obviamente vossos olhos não irão enxergar as rosas se
vossos ouvidos só compreendem espinhos. O que quero dizer com isso?
Muito simples. Tudo na vida tem seu tempo e o tempo de vocês, como de
todos, há de chegar. Eu não tenho que provar que sou o Messias. São vocês
que terão que me reconhecer e muitas vezes eu mesmo vou tornar isto muito
difícil.
- Mas senhor, assim nos estais a confundir. Por que vós tornaríeis difícil para
nós reconhecê-lo?
- Porque minha missão na Terra não é ser compreendido, mas dar compreensão
à humanidade e aquele que compreende nem sempre é compreendido.
Nesse instante um garoto de 14 anos aproximou-se de Cristo e disse:
- Eu o compreendo, senhor.
Cristo olhou para ele e perguntou:
- Por que acreditas me compreender?
- Senhor, Deus compreende a todos os seus filhos, mas ninguém jamais
respondeu seus enigmas. Tuas palavras me fizeram crer que de fato és o
Messias, aquele que, escolhido pelo Pai, O representaria como sangue vivo
entre os homens, aquele que abnegaria ser compreendido para compreender.
Cristo abraçou o garoto com lágrimas nos olhos, ato que a todos ali comoveu. Disse
Jesus:
- És um cego vidente. Que Deus te preserve assim, meu jovem e inocente
irmão.
- Por que o senhor o chamou de cego se ele pode ver?
- Porque a visão dele não é baseada nos olhos, mas sim no coração. Por isso o
chamei de cego vidente, pois o verdadeiro vidente é aquele que abandona a
visão mundana para orientar-se apenas pela visão do sentimento ou do
coração.
- És tão sábio, senhor. Por que não permites a todos conhecê-la?

65
O LIVRO DA LUZ

- A sabedoria não é negada a ninguém, meus irmãos, ao contrário do que


pensam. A sabedoria em todos já habita. Minha missão aqui é apenas lembrá-
los que já a conhecem fazendo-os lembrar dela.
- O senhor está querendo dizer que tudo que vós sois em conhecimento nós
também somos?
- Sim, porém, como já lhes disse todo conhecimento tem seu tempo e o tempo
é o senhor da compreensão, pois só ele pode torná-los no futuro o que eu sou
hoje.
- Estais a nos dizer que um dia seremos um messias? – pergunta assustado um
apóstolo.
- Estou a lhes dizer que desde sempre sois um filho de Deus tal qual eu sou,
porém tu és uma forma e eu sou outra. Eu tenho a compreensão da sabedoria,
tu ainda buscas a sabedoria para encontrar a compreensão, porém para o
nosso Pai e seu infinito coração somos todos irmãos e jamais deixaremos de
sê-lo. Agora se no futuro tu serás um messias já não é um assunto que me
cabe, afinal essa é uma escolha livre, cabível somente àquele que a faz.
- Estás nos dizendo que podemos escolher ser um messias?
- Tente me entender. Tu jamais serás eu assim como eu jamais serei tu, mas se
tu alcançares a sabedoria e a verdade poderás fazer o que faço, se assim for a
tua vontade e a do Pai.
- Com isso tu nos afirmas que podemos representar o Pai como tu estás hoje a
fazer?
- Exatamente, meus queridos irmãos.
- Senhor, o que precisamos aprender para sermos semelhantes a ti?
- A primeira coisa que precisam aprender é o que são realmente o bem e o mal,
pois só conhecendo esses dois professores na íntegra estarão de fato acima
deles, poderão julgar sem julgar, poderão compreender sem a necessidade de
serem compreendidos, poderão amar sem serem necessariamente amados e
assim por diante.
- Senhor, então nos ensine como chegar a compreender o que é bem e mal.
- Meus queridos irmãos, essa é a coisa mais simples, porém muitas vezes se
torna a mais difícil. Isso depende apenas do coração de cada um. Diante de
vocês eu sou o mais claro exemplo do bem e do mal e não estou a enganar-
vos quando digo isso. Mesmo que vocês não compreendam eu explicarei
onde está minha maldade e minha bondade. Iniciarei por minha maldade. Na
Terra vocês estão acostumados a ver nos templos sacrifícios para falar com
meu Pai, porém eu lhes digo que meu Pai não precisa da vida de um ser
inocente para salvar a sua. Ele não se agrada dos sacrifícios nem de seus
templos luxuosos, pois de nada disso Ele precisa. Vejo aqui na Terra que os
homens acreditam num Pai soberbo e injusto que se senta em um trono de
ouro para beber a vida que Lhe é oferecida. Que tipo de pai vocês acreditam
ser Ele? Um pai que só vive nos templos de sacerdotes escolhidos, um pai
que exige de seus filhos o sacrifício de animais? Este com certeza não é o
meu Pai, pois o Pai que conheço e amo não se agrada de sacrifícios,
tampouco pede isso em troca daquilo que oferece ao homem, porém o
homem está acostumado a fazer trocas com Deus e até mesmo acredita nisto.
O Pai que conheço não faz pactos ou negociatas com ninguém. Ele não habita

66
O LIVRO DA LUZ

templos luxuosos que foram construídos com os recursos daqueles que hoje
passam fome. O meu Pai não habita nenhum templo que rejeite ou proíba a
entrada de um filho seu. Meu Pai é senhor absoluto do maior de todos os
templos, templo esse que o homem jamais há de construir, jamais há de tocar
ou ver, porém todo homem carrega esse templo para todo lugar onde quer
que vá.
- Esse templo é tão somente o coração que habita o peito de cada ser vivo. Eis
o templo sagrado de Deus, que não pode ser profanado com altares
manchados de sangue, tampouco deve ser ornado com ouro ou prata, pois já
possui a maior de todas as riquezas, que somente pode ser revelada ao
homem quando ele criar a consciência de que a possui. Quando isso
acontecer o homem descobrirá o maior de todos os poderes, poder que jamais
sonhou possuir, poder ainda muito distante da compreensão do homem. Esse
é o templo de Deus: o coração do homem.
- Eu vim à Terra para banir a falsa credulidade, para mostrar aos tolos os seus
falsos deuses e seus falsos poderes. Eu vim para mostrar ao homem quem de
fato meu Pai é e quem de fato é o deus em que vocês crêem. Muitas terras
estremecerão diante desta verdade. Muitos povos a compreenderão, mas o
temor será maior que a compreensão.
- Eu vim para dizer a vocês que todos são livres e que nada devem a Deus,
porém a dívida de cada pecado deve ser paga ao seu devedor. Se roubas um
alfinete do teu irmão deves ressarci-lo devolvendo a ele um alfinete. Se
tirares a vida do teu irmão tua vida será tirada por um outro irmão e se assim
não for tua vida terá grande dor até que essa chegue a pagar a dor que
causaste no outro. Eu vim para lhes dizer que não existe mal ou bem fora de
ti, pois o bem e o mal são conclusões da pouca sabedoria do homem, que
mesmo com tão pouca sabedoria julga tudo saber. Todo mal se resume nas
ações dos homens contra si mesmos e contra a natureza. O mal que o homem
acredita ser mal nada mais é que um grande espelho mostrando aos devedores
suas dívidas. Mesmo que eles não tenham consciência dela a justiça divina
sempre a terá. Mesmo quando julgado inocente o homem jamais o será, pois
sua alma armazena os delitos que cometeu e oportunamente os corrige
quando reencarna. Portanto o mal na maioria das vezes se converte em
benefício, pois nos capacita o alerta da consciência.
- Agora vou dar um curto exemplo de como isso acontece. Imaginem que um
homem viveu uma vida onde tivera que cometer muitos crimes. Em outra
vida reencarna e passa a pagar por esses crimes sofrendo todo tipo de
humilhação e tortura até morrer. Renasce novamente e se vê diante de
situações onde relembra inconscientemente que de alguma forma muito mal
já fez e muito mal já sofreu. Ele passa a prestar mais atenção nesses pequenos
alertas que sua mente lhe dá e percebe que já viveu muitas daquelas emoções
ou de alguma forma sabe como elas são. Assim o homem opina por defender
e proteger, acusar ou julgar. Sua consciência ainda não é total, mas aos
poucos vai se expandindo até mostrar ao homem tudo que ele já foi e ainda o
é. Para ver isso o homem só precisa olhar para os lados e verá um espelho
refletindo sua imagem a cada ação e reação de um irmão seu. Dessa maneira
eu vos afirmo que vós sois o único culpado pelos vossos erros ou vossos

67
O LIVRO DA LUZ

pecados, porém lembrem-se: um homem não pode julgar o que é certo ou


errado antes de ter a total consciência e compreensão da mesma.
- Senhor Jesus, tu falas assim com tanta certeza e firmeza de palavras. Por
ventura sabes então o certo e o errado?
- Saber o certo e o errado não basta. É necessário conscientizar-se deles na
prática, aplicando tal consciência no dia-a-dia da vida.

#######

- Senhor Rabi, me desculpe interrompê-lo, mas onde está o Jesus Cristo mau
nessa história ou onde está a maldade que as pessoas dizem que ele fez?
- Meu menino, Cristo não fez mal algum a ninguém. A pouca evolução das
pessoas é que fazia eles verem maldade na grande sabedoria do mestre. Cristo
foi visto como mau porque era tido como um espelho da verdade reveladora.
Todos que a Ele iam pedir justiça Ele pedia que primeiro reparassem nas suas
injustiças e somente assim teriam a justiça que tanto desejavam. Cristo não os
julgava, mas pedia a eles que julgassem a si mesmos primeiro antes de
julgarem os outros. Cristo não destruiu os falsos dogmas nem seus rituais,
mas provou a todos que conhecia a Verdade. Não se ajoelhou diante de
imagens nem idolatrou deuses da Terra, mas se ajoelhou diante do vazio e lá
apontou seu único Deus e Pai, Senhor de Todas as Coisa, Habitante do Tudo.
Essas pequenas diferenças faziam de Cristo um herético e antiético, palavras
essas que resumiam o que os grandes líderes sentiam por Cristo, mas que na
verdade revelava o tamanho da ignorância desses homens. O mal que Cristo
fazia era revelar a Verdade de maneira muito simples, porém eficaz. Isso era
um verdadeiro desacato para os ditos sacerdotes ou sábios de sua época,
afinal muitos desses homens também sabiam a Verdade, mas preferiam beber
deste néctar sozinhos. Dessa maneira mantinham suas vidas a salvo, pois a
Verdade os condenava mais que redimia. Esses homens eram e são como
senhores de um grande oásis, que não desfrutam de suas águas e nem deixam
outros desfrutarem. Quando Cristo revelou ao mundo a Verdade eles se
sentiram como que furtados de seus direitos de herdeiros da Verdade e ao
invés de aceitar e compreender eles passaram a ter Cristo como inimigo.
Quanto mais difícil parecia ser a situação, mais fácil Cristo a tornava. Cristo
ensinou ao povo como eles deveriam se alimentar e o que de fato podiam
comer e o motivo de tais coisas, porém o ensinamento dos 22 Caminhos da
Evolução Cristo só resumiu para o povo. O ensinamento na íntegra Ele só
deu a poucos escolhidos, assim como esclareceu a eles as 3 trindades de Deus
e as 9 hierarquias angélicas.
- Que confusão, Rabi. Agora não entendi mais nada. Que ensinamentos são
esses de que o senhor está falando?
- São a verdade, meu bom menino. A verdade sobre a Terra e o Universo e
essa verdade tem várias etapas. Para que você a compreenda devo voltar de
onde parei, lá no princípio, onde eu comecei a lhe explicar a origem de Deus
ou o nascimento de Deus.

#######

68
O LIVRO DA LUZ

- Rabi, antes que o senhor continue gostaria de saber porque Cristo dizia aos
seus discípulos que Deus e Ele eram um só e, se isso realmente era verdade,
por que Cristo teve medo quando estava na cruz?
- Quem te disse que Cristo teve medo quando estava na cruz?
- As pessoas dizem que Cristo, quando estava na cruz, perguntou a Deus
porque o havia abandonado. Por que Ele falaria isso se Ele era Deus?
- Nem tudo que ouves é verdade e esse trecho jamais existiu. A única verdade
que Cristo falou naquele instante crucial de sua morte física foi: “Oh Pai, em
tuas mãos entrego meu espírito”. Essa outra frase foi criada por algumas
pessoas que faziam parte de um conselho imperialista. Eles falaram isto para
diminuir Cristo e torná-lo tão humano quanto qualquer mortal. Esta era mais
uma das evidências (forjadas), que fariam o povo deixar de vê-lo como o
Messias ou como o Salvador (ver pg. 101). Esta não foi a única mentira
criada para o povo esquecer Cristo, porém poucas foram as palavras que
Cristo pronunciou no dia de sua morte e estas palavras foram gravadas por
alguns de seus seguidores, que fizeram questão de preservá-las escritas em
pergaminhos, que até hoje permanecem muito bem guardados, bem distante
dos olhos do povo e seus líderes religiosos ou políticos. Isso não significa que
eles não conheçam essa Verdade, muito pelo contrário. Eles não só a
conhecem como desejam destruí-la, pois essas pequenas verdades abalariam
o poder que esses homens têm sobre o povo. Além disso Cristo provou seu
conhecimento e sua superior evolução, o que fez o povo crer que Ele de fato
era quem dizia ser, mas para os incrédulos Ele representava apenas um
grande perigo para os interesses pessoais deles.
- Então é verdade, Rabi? Cristo era Deus?
- Meu pequeno curioso, todos nós somos Deus, afinal todos somos fagulha de
seu corpo (alma), mas o que Cristo dizia era a maneira original de ser Deus.
Vou lhe contar um segredo, Osha. Você acredita que Cristo não tinha fé?
- Não, não posso crer nisto!
- Mas é verdade, Osha. Cristo superou a fé e chegou ao nível mais alto de
comunhão com Deus. A fé o homem só tem quando é testado ou quando se
vê diante dela por imposição da vida. Cristo não vivia falando a ninguém se
tinha ou não tinha fé. Ele sempre repetia: “O Homem que tem Deus tudo
vencerá, tudo terá”. Ele sempre disse: “Eu tenho o Pai e o Pai tem a mim. Eu
sou o Pai e o Pai sou eu”. Mas quando Ele dizia isso Ele não estava
afirmando ser Deus, o Um. Ele estava tentando explicar que todo ser que
atinge a consciência da Verdade divina está acima do bem e do mal, acima
dos preconceitos e dos julgamentos, pois é um ser livre e por ser livre
também liberta e o próprio Cristo explicou isto com um belo exemplo. Ao
dizer que tinha Deus Cristo revelou à Terra o mais alto nível de evolução dela
ou o nível possível a que esta um dia deverá chegar. Cristo deixou claro para
as pessoas que ter Deus era ter um pai todos os dias, em todas as horas. Ter
Deus era o mesmo que ter o criador da fé, o criador de tudo. Portanto ter
Deus era superior a ter fé, mas para chegar a ter Deus o ser humano tinha que
se permitir ultrapassar a fé, pois a fé era algo destinado somente a um deus,
visto apenas como Deus, e isto ainda não era o ideal.

69
O LIVRO DA LUZ

- Ter Deus tornava o homem mais próximo de seu legítimo e único Pai. Ter
Deus era como dizer: “Eu tenho um Pai que tudo pode, pois tudo criou”.
Essas palavras transmitem mais segurança aos homens e os tornam mais
íntimos de seu Pai, algo que há muito Deus procurava ensinar a seus filhos e
eles não compreendiam. Deus, muito antes de ser Deus, foi e é nosso Pai,
nosso Criador, porém muitos ensinamentos e conceitos foram se formando ao
passar de longos anos e muitos deles foram ditando regras ou rituais
rigorosíssimos para fazer o homem se aproximar de Deus, quando na verdade
Deus jamais se afastou de seus filhos. Por isso, meu bom menino, quando
Cristo dizia ter Deus ou ser Deus Ele não estava mentindo. Ele estava
afirmando o que sentia e um dia a humanidade também afirmará a mesma
coisa.
- Senhor Rabi, como a gente faz para ouvir a Deus?
- Essa é a coisa mais simples de todas, porém a mais difícil de ser
compreendida por alguns seres, justamente pela incapacidade que eles têm de
fazer isto. Acredito que para você isso não seja algo tão difícil assim, pois
você ainda carrega a virtude (inocência) que lhe facilita esse diálogo. Preste
bem atenção no que vou lhe dizer e você descobrirá o segredo de falar com
Deus. Nós temos duas bocas que vivem falando o tempo todo. Até mesmo os
mudos têm essas duas bocas, só que neles somente uma vive a falar. A outra
vive em silêncio. A boca que expressa o som, que bebe e come é a segunda
boca, pois ela só existe se a primeira existir. A primeira boca é a boca da
nossa mente, a boca do pensamento, que só se cala quando estamos
dormindo. Essa é a boca mais importante e a mais difícil de calar, pois
estamos o tempo todo pensando, ocupando nossa mente e esta, por sua vez,
ocupa nossa segunda boca. Para falar com Deus devemos calar nossa boca da
mente, calar nossos pensamentos, ficar em total silêncio e profunda harmonia
e paz e assim, com nossas duas bocas caladas, abrimos nossos ouvidos para
nosso coração ou nossa intuição, palavras que alguns sábios dão para os
sentimentos. Quando nossos ouvidos estão ocupados ouvindo o som da nossa
própria voz ou prestando atenção nos próprios pensamentos não conseguem
ouvir a Deus. Porém quando estão a ouvir um silêncio muito grande, como se
nada ouvissem, algo divino os penetra. Respostas, palavras que fogem ao seu
conhecimento, mas que a mente identifica como de inspiração divina, pois ela
não as pensou, já que estava em silêncio. Outra maneira de falarmos com
Deus é a meditação da oração. Quando o ser humano se entrega à oração
meditando profundamente cada palavra dela, Ele trás luz para sua mente
quando esta se encontra nublada.
- Rabi, eu sei que as pessoas dizem que Deus fala através dos anjos, espíritos
da natureza, etc., mas eu quero saber se algum ser humano já ouviu de
verdade a voz de Deus.
- Sim, meu querido, muitos seres já ouviram a voz de Deus. Também é fato
que na maioria das vezes Deus se faz presente através de anjos, espíritos e
outros, porém existem seres de uma iluminação grandiosa que conseguem
ouvir a voz de Deus. Geralmente esses seres são vistos como iluminados,
porém jamais o admitem, pois sabem que isso é uma vaidade humana.
Alguns desses seres de fato chegam a ser famosos, porém não precisam fazer

70
O LIVRO DA LUZ

propaganda para isso. Em geral alcançam a fama pelos atos e ações. Esses
seres não se deixam aprisionar pela fama e não dão muita importância ao
glamour que ela causa. Costumam agir sempre da mesma maneira simples e
verdadeira. Não se permitem corromper ou rotular.
- E por que esses seres se tornam famosos, Rabi?
- Justamente porque terminam por atrair um número muito grande de pessoas
em busca da sabedoria que possuem. Assim também foi com Jesus, que com
toda sua simplicidade e luz atraía um número muito grande de pessoas. Ele
jamais vestiu roupas pomposas ou caras, jamais andou com dinheiro no
bolso, jamais ergueu um templo ou casa. Muitas vezes andava descalço, com
vestes simples de carpinteiro. Poucas foram as sandálias que vestiram seus
sagrados pés. Cristo não se orgulhava nem se envaidecia de sua superior
sabedoria, jamais humilhou um irmão, jamais sentiu rejeição ou preconceito
por qualquer ser vivo, porém sua Verdade ofendeu muitos seres vaidosos e
cheios de preconceito e estes passaram a caçar Cristo como um animal. Na
verdade eles sabiam quem Cristo realmente era e também sabiam que se
permitissem que Ele continuasse a ensinar a Verdade ao povo Ele não seria
mais dominado por ninguém. Houve uma época em que o Cristo passou a ser
visto como o próprio Deus que havia se feito encarnar para nos ensinar. A
sabedoria de Cristo chegou a ser testada por várias vezes e em todas elas Ele
surpreendeu as pessoas que O testavam, mas Cristo não podia ser admitido
como Deus, pois Deus não seria um ser tão simples e humilde. A idéia que
algumas pessoas tinham de Deus era de templos luxuosos, vestes de beleza
grandiosa e um ser de poderes extraordinários, que num estalar de dedos
colocaria o mundo a seus pés. Cristo veio justamente para mudar essa
imagem errônea de Deus e mostrar o Deus verdadeiro que poucos conheciam.
Ele veio para clarear as nuvens de mistérios que colocaram em torno de
Deus, porém não foi possível dar tão grande conhecimento a todos. Como já
lhe disse antes, Cristo escolheu poucos seres que estavam aptos a entender
essa Verdade e a revelou a eles para que esses também tivessem seus
escolhidos e assim por diante. Dessa forma a Verdade jamais seria esquecida.
Para o povo Cristo ensinou o básico, suficiente para que desejassem
continuar a evoluir.

*******

- A partir de agora vou dividir em duas partes os ensinamentos de Cristo:


aquele que Ele deu ao povo e aquele que Ele deu a seus poucos escolhidos e
tu, meu pequeno Osha, vai me dizer qual desejas que eu te conte primeiro.
- Eu gostaria que o senhor me contasse primeiro o que Cristo ensinou aos
escolhidos.
- Já que escolhestes essa parte tenho por obrigação te dizer que este
ensinamento é um segredo sagrado, que em nossa época deve permanecer
escondido e guardado. Ele deve ser revelado apenas para seres muito
especiais, que estejam prontos para isso.
- Mas como vou saber se uma pessoa está pronta para isso, senhor Rabi?

71
O LIVRO DA LUZ

- Isso, meu bom garoto, vai ser a coisa mais fácil depois que tu adquirires o
conhecimento da Verdade, pois esta revela para ti o que se esconde por trás
do mais denso véu, mas tu não deves te revelar sabedor desta Verdade, se
sábio fores de verdade. Em primeiro lugar atenta para o nome que vou te
dizer. Este nome tu não deves esquecer jamais, porém não deves viver a
pronunciá-lo, pois já vi muitas pessoas serem castigadas por falá-lo.
- Yahweh ou Sheva, esses são os nomes primitivos de Deus ou os nomes que
revelam a chave dos mistérios divinos. Durante muitos anos apenas um grupo
minúsculo de seres era conhecedor desses nomes e dos mistérios que havia
por trás deles. Por interesses puramente machistas alguns sábios retiraram as
vogais do nome de Deus dizendo que elas tornavam o nome divino poderoso
demais, capaz de destruir uma casa se fosse pronunciado ou escrito na
íntegra. Na verdade isso foi criado apenas para manter o povo sob rédeas
curtas e doutrinados de acordo com a vontade daqueles que se julgavam saber
mais. Desta forma eles criaram um Deus apenas masculino, que chamavam
de O Grande Homem e até hoje Deus é visto como homem. Por isso o
homem se sente no direito de colocar a mulher em segundo plano para Deus e
ele obviamente é o primeiro. Portanto o homem é mais importante, tem mais
força, mais direitos e é dono de tudo, inclusive da mulher, que é tão somente
uma aquisição sua e dessa maneira muitos anos se passaram e ainda hão de
passar até o homem ter em si o domínio de quase tudo que julgar importante
para ele. Muito distante da tua e da minha imaginação o princípio de tudo
começou a ser escrito. Isso se deu quando Deus ainda era um grande vazio.
- Osha, tu te lembras como se fez a vida?
- Sim, Rabi, o senhor me contou.
- Muito bem, meu garoto, então preste muita atenção no que vou te falar. A
primeira Trindade de Deus começou quando Ele ainda era o vazio. Logo que
Deus se criou se tornou o segundo corpo. O vazio era o primeiro corpo. O
grito de Deus seria então o terceiro corpo. Agora vou explicar a você cada um
desses corpos que forma a primeira Trindade. O vazio era o corpo mais
importante de Deus, pois o vazio em sua infinidade manifestou-se criador e
completo, porém nem Deus nem o vazio sabiam disso, afinal ambos eram um
só, porém o que Deus não tinha consciência era que o vazio era tão somente
seu próprio espírito, pois o vazio era e é aquilo que não se vê, não se toca,
não se sabe onde ou porque. É como uma tela em branco, uma mente sem
imaginação, audição e visão. É como um sono sem sonhos ou lembranças. O
espírito de Deus gerou seu corpo físico e assim deixou de ser vazio. O corpo
físico de Deus continuaria a ser vazio e o próprio vazio não teria progresso
algum se existisse tão somente o corpo físico. O que Ele saberia e o que
sentiria se não existissem as emoções? O corpo físico de Deus não teria
motivo de existir se fosse apenas uma tela em branco.
- A função do corpo físico de Deus era dar ao espírito (vazio) sabedoria e
aprendizado. Para isso o grito de Deus se fez. No momento em que o corpo
de Deus soltou sua primeira emoção o espírito recebeu sua primeira emoção
intuitiva e os seres que nasceram a partir desse grito trouxeram a Deus
inúmeras outras emoções até então desconhecidas pelo vazio (espírito) e esse
aos poucos começou a ser preenchido. Como já disse antes, Deus de tudo

72
O LIVRO DA LUZ

provou: morte, frio, medo, fome, tristeza, dor, alegria, paz, euforia,
insanidade, lucidez, raiva, ira, perdão, bondade, enfim, inúmeras emoções.
Assim se fez a primeira Trindade de Deus: o vazio (espírito inconsciente),
corpo e os filhos do grito, a primeira ação e reação de Deus. Na segunda
Trindade Deus absorveu para si todas as emoções. Assim Ele voltou a ser
Um. O vazio (espírito) de Deus estava confuso, cheio, perturbado pelas
próprias emoções. Por essa razão preferiu ser Um. Assim colocou para dentro
de seu corpo aquelas emoções e passou a repensá-las e compreendê-las. O
espírito confuso penetrou no corpo de Deus e absorveu o aprendizado que
cada emoção Lhe ensinara. Dessa forma chegou a um alto nível de
consciência e evolução. Deus e o espírito agora eram um só, preenchido de
emoções. Nesse estágio Deus soltou ao seu redor dois tipos de energias
diferentes, energias essas que as pessoas chamam de Bem e Mal. Deus as
criou de acordo com as reações de suas emoções. Das inúmeras emoções Ele
criou apenas duas energias. Essas energias seriam suficientes para identificar
se uma emoção era boa ou ruim. Assim o Deus consciente se tornou três mais
uma vez: o Deus consciente e as duas energias, positiva e negativa, bem e
mal (a segunda Trindade de Deus). Mas não vamos esquecer que Deus, por
ter chegado à consciência, dava igual importância a estas duas energias e
justamente por ter compreendido que elas eram a raiz principal de suas
emoções que Ele as criou como guias ou professores de emoções. Mas há
algo muito importante em tudo isso e que você não deve esquecer, meu
pequeno Osha. É que Deus liberou o bem e o mal como professores, porém
Deus não liberou a consciência e isso Ele fez por dois motivos simples.
Primeiro não há evolução sem aprendizado e não há aprendizado sem emoção
e essas são frutos da inconsciência.
- Então como as pessoas vão chegar a ter consciência, Rabi?
- Calma, meu querido, eu já te explico. Outro motivo pelo qual Deus não
liberou a consciência é o mais óbvio e também o mais simples. Quando um
ser humano aprende que o fogo queima suas mãos ele tem consciência do
perigo que o fogo representa e assim procura não ultrapassar os seus limites.
Este é apenas um exemplo mínimo de consciência e em nada se assemelha à
consciência divina, porém é neste exemplo mínimo que tentarei explicar o
motivo pelo qual Deus não liberou a consciência. Como o homem que
aprende as coisas aqui na Terra e não pode se livrar do que aprendeu Deus
também não podia se libertar, ou melhor, se separar de sua consciência. O
homem pode até não usar um aprendizado, mas sua mente não o joga fora,
apenas o guarda ou o esconde quando este aprendizado não é muito agradável
às lembranças do homem, porém quando uso a palavra consciência me refiro
ao nível maior, onde essa é superior ao bem e ao mal. Um bom exemplo desta
consciência são as palavras de Jesus Cristo quando foi colocado diante dele
uma mulher que pelos seus pecados deveria ser apedrejada. Cristo não a
julgou, mas deu a ela e a todos que ali estavam a justiça verdadeira dizendo:
“Atire a primeira pedra aquele que não tiver pecados”. A consciência permite
que você enxergue a solução de um problema sem prejudicar ninguém. Por
isso está sempre acima do bem e do mal. Deus ultrapassou a barreira do bem
e do mal quando alcançou sua consciência. Por isso também jamais ignora

73
O LIVRO DA LUZ

um filho seu por pior que ele seja. Mas além de todas essas verdades a maior
de todas é também a mais bela. Eis ela: Nenhum homem pode alcançar a
verdadeira consciência sem antes chegar a Deus, pois Ele é a única e
verdadeira consciência universal. Assim como a Matemática ensina que os
números são infinitos Deus também é infinito em consciência e em saber,
afinal a Matemática foi Ele que criou.
- Agora vamos à última Trindade de Deus. A terceira é também a que
chamamos de “A Perfeição e Glória do Divino”. Esta também é a Trindade
mais censurada, temida e velada de Deus. Neste nível superior de evolução o
Grande Pai já se sentia completo, mas tudo que Ele sabia e conhecia somente
a Ele pertencia. Não existia ninguém para Ele dividir ou ensinar seus
conhecimentos. Neste estágio Deus ainda preferia manter todos os seus
primeiros filhos, os Amorazins, dentro de si. De alguma forma eles não eram
apenas filhos. Eles eram de fato parte de Deus, que não podiam se separar
dEle, pois eram suas emoções. Como as emoções são o caminho para a
evolução não é possível ao homem se separar daquilo que já viveu ou sentiu.
É uma maneira de não esquecer o que aprendeu, porém essas emoções que
estavam dentro de Deus se transformaram em sentimento, pois o Criador as
compreendeu e a compreensão evoluiu as emoções para o sentimento único
chamado Amor Único ou Universal.
- Esse sentimento inexplicável cresceu imensamente dentro de Deus até que o
Pai transbordou para fora de si um pouquinho desse Amor e logo que se viu
livre este Amor, que já era vida, transformou-se em um ser que em tudo era
semelhante a Deus, porém havia algumas pequenas diferenças. Este ser
nascera da perfeição do Pai, não sentia rancor ou dor, mas os conhecia, afinal
seu código espiritual era idêntico ao do Pai. Tudo que o Pai sabia este ser
sabia.
- Rabi, esta história está muito mal contada. O senhor me disse que a chama
gêmea de Deus teve que evoluir separada dEle. Agora o senhor diz que ela já
nasceu sabendo tudo. Afinal qual é a verdade?
- Você é um excelente observador, meu pequeno aprendiz, mas preste atenção
no significado das palavras. Sabedoria não é evolução. De fato ela sabia tudo,
mas ainda não havia colocado nada em prática, como Deus. Como todos os
seres que o Pai criou eram livres e independentes, justamente para colocar em
prática a sabedoria, sua chama gêmea não fugiu à regra. A diferença dela para
os Amorazins era apenas que ela já havia sido criada com sabedoria. Os
Amorazins foram criados para dar e receber sabedoria. Eles nasceram num
estágio primitivo de Deus. Sua chama gêmea nasceu num nível muito
superior ao dos Amorazins, porém quando ela nasceu os Amorazins já se
encontravam no mesmo nível que ela, mas eles ainda permaneciam dentro de
Deus. No entanto a chama gêmea de Deus, que agora estava livre, procurou
evoluir, afinal tudo que ela tinha era a teoria. Ela então procurou uma
maneira de aprender e fez o mesmo que o Pai, com uma diferença bem clara.
O Pai criou seus primeiros filhos sem consciência de fazê-los, nem mesmo
sabedoria. Ela usou a sabedoria e criou um mundo muito semelhante ao
primeiro mundo que o Pai havia criado, porém era um mundo totalmente
feminino, delicado e cheio de beleza, mas também cheio de vaidade, luxúria,

74
O LIVRO DA LUZ

capricho e sedução. Deus, que tudo observava sem se deixar observar,


percebeu naquele ser os pequenos detalhes que lhe faltavam e também notou
como ela usava sua fragilidade para conquistar ou adquirir certas coisas.
Devo esclarecer que a chama gêmea de Deus também criou criaturas (os
Evins) e as manipulou. Como Deus, também as amou e as protegeu. Em
suma, mesmo com sabedoria, este ser cometeu tantos erros quanto Deus.
Suas emoções também eram seus filhos e também os ensinou como Deus.
Também sofreu como Ele. O tempo que Deus os observou foi suficiente para
perceber a diferença de comportamento. O primeiro mundo, criado por Deus,
não tinha muito colorido nem tanta beleza, afinal Ele estava em seu primeiro
estágio de evolução e não tinha sabedoria alguma. O primeiro mundo que a
chama gêmea de Deus criou era como um lindo jardim cheio de beleza e
esplendor, mas cheio de fragilidades também. Foi como se Deus se visse no
espelho, mas de uma nova maneira, é claro.
- Não demorou muito e esse ser maravilhoso também mostrou as suas garras.
Era impiedosa, às vezes piedosa. Era odiosa e às vezes amorosa. Enfim, suas
emoções variavam como as de Deus. Era um ser apaixonante que Deus
pacientemente esperou evoluir. Ela tomou a mesma atitude que Deus havia
tomado e resolveu devolver para dentro de si suas emoções que tanto a
perturbavam e durante um longo período as analisou até as compreender uma
a uma. Foi então que se sentiu imensa e cheia de amor. Quando se igualou a
Deus o amor de ambos os atraiu e eles se uniram para nunca mais se separar.
- Essa é a segunda parte da trindade perfeita de Deus e após a conclusão dessa
união Deus, já único e absoluto, em consciência suprema, libertou de si um
corpo puro, imortal como Ele, um corpo com profunda sabedoria, porém não
devemos nos esquecer de um pequeno detalhe. Tudo que Deus criou tinha
sabedoria, mas faltava a ele a prática, afinal tal feito somente o Pai havia
alcançado, pois toda sua evolução foi feita de prática, onde tudo Ele provara
pela primeira vez. Este grande corpo era a mistura perfeita dos seus
primogênitos e dos primogênitos de Eva. Esclarecendo melhor, eram apenas
a mistura e não de fato os primogênitos.
- Este corpo celeste que nasceu da fusão de Deus e Eva na verdade eram os
primeiros filhos do Deus Magnus, do Deus consciente e completo. Volto a
lembrá-lo do fato de Deus ter preservado os seus primogênitos, pois agora
vou te mostrar, meu menino, onde Deus guardou esses primogênitos. Logo
que Ele compôs a terceira parte de sua perfeita e última Trindade Ele deu um
lugar muito especial a estes primeiros filhos no grande corpo. Os Amorazins
eram o coração desse corpo e os Evins eram o cérebro. Compreender o
motivo dessa escolha é muito fácil. Os Amorazins foram as primeiras
emoções de Deus. Eram puras. Cada uma delas era distinta, jamais se
repetiram. Eram emoções da incoerência do Divino. Nasceram dos impulsos
naturais do Pai. Nada antes delas jamais havia existido. Eram as primeiras
emoções e por essa razão se mantiveram juntas, reunidas em um único lugar
nesse corpo que o Pai acabara de criar, mas agora o Pai as devolvia ao
universo perfeitas e elas deixaram de ser emoções para ser um só sentimento,
o Amor Absoluto Universal. Os primogênitos de Eva já nasceram da mãe
semi-consciente, afinal Eva, quando saiu do Pai, já tinha sabedoria, mas

75
O LIVRO DA LUZ

faltava-lhe a prática, coisa que ela só poderia ter se tivesse como aprender o
que isso era de fato. Para isso Deus permitiu que Eva criasse seres a cada
emoção que sentisse. Assim nasceram as emoções racionais, aquelas que já
nasceram com propósito e para servirem a um propósito. Então de certa
forma essas emoções não eram puras ou totalmente inconscientes como as
primeiras de Deus, pois já haviam nascido de um ser que tinha sabedoria e só
não tinha a prática da mesma, mas antes que você me pergunte vou-lhe
responder algo que provavelmente está confundindo sua mente. Quando Deus
criou Eva ela nasceu perfeita e sábia, porém o mais importante em todo ser
criado pelo Pai é a liberdade. Cada ser pode ter sabedoria, mas a prática é o
sentir e isso cada ser deve viver, cada ser tem que ter suas próprias emoções,
senti-las uma a uma, pois esta é a única maneira de se alcançar a evolução
que leva a Deus. Deus, Eva e o primeiro filho de ambos forma a última
Trindade Divina, mas é aí que tudo começa para os espíritos que nasceram
desta Trindade. O grande corpo celeste que o Pai tirou de si era sua alma e a
alma de sua chama gêmea Eva, que unidos originaram os primeiros filhos.
Esses filhos foram divididos em três partes: o coração, que são os
Amorazins, também chamados de raiz ou aqueles que nasceram da semente
única; o cérebro, que são os Evins, aqueles que nasceram da sabedoria,
também chamados de filhos dos galhos (chamados de galhos porque Eva foi
considerada como sendo os galhos da Grande Árvore. Quando Deus se
tornou a Árvore da Sabedoria ela foi considerada seus galhos, pois foi a
expansão do sentimento de Deus consciente) e os Infinins, aqueles que eram
os frutos da Árvore da Sabedoria quando esta se transformou em Árvore da
Evolução da Vida. Em suma, a terceira e última Trindade de Deus é o Pai,
sua chama gêmea e os filhos dessa união.
- Rabi, tudo isso é muito confuso e estranho, mas gostaria de saber se entendi
tudo. No princípio Deus era a semente que se gerou do seu espírito
inconsciente e logo criou raízes, que na verdade são a expansão da sua
consciência refletida nos Amorazins. Depois Deus voltou a ser um e dividiu
suas emoções em duas máximas, bem e mal. Depois voltou a ser dois quando
criou Eva e ela, já tendo sabedoria, seguiu o mesmo destino que Deus, criou
seres, os Evins, que mais tarde colocou dentro de si como Deus fez com os
Amorazins. Depois ela voltou para Deus e ambos se uniram e, além dos
seres que já haviam criado, criaram um número ainda maior de seres que se
juntaram aos primogênitos deles e só a partir de então, oficialmente, os
espíritos nasceram e começaram a evoluir. É isso ou ainda não compreendi
nada, Rabi?
- Não se preocupe, meu pequeno aprendiz, você compreendeu tudo direitinho,
faltando apenas alguns pequenos detalhes. O fato de todos os espíritos terem
nascido juntos não significa que todos tenham a mesma idade, afinal os
Amorazins e os Evins nasceram uma segunda vez, pois o fato deles terem
sido as emoções de seus criadores conta como uma primeira encarnação.
- Não seria uma primeira vida do espírito, Rabi?
- Não, meu garoto, os Amorazins, como os Evins, provaram da vida e da
morte. Eles tiveram um corpo perecível, não igual ao nosso, é claro, mas
muito mais grotesco e inexplicável. Deus matava um Amorazim, mas não

76
O LIVRO DA LUZ

apagava de sua lembrança a existência desse ser, o que criava um espírito


imortal, pois era justamente a lembrança que mantinha vida dentro de Deus.
Então, meu querido, tanto Amorazins como Evins foram criados primeiro e
sem dúvida alguma têm mais evolução que os Infinins, pois já nasceram
tendo obtido a teoria e a prática. Os Infinins nasceram apenas com a teoria.
Falta a eles a prática e é justamente essa a função dos Amorazins e Evins:
dar prática aos Infinins de acordo com a livre vontade deles, é claro.
- Existem seres em um grau de evolução inferior aos Infinins?
- Sim, meu querido, existe, mas agora preste muita atenção para entender a
explicação que vou dar, pois essa é uma revelação que chocaria a
humanidade se ela viesse ao conhecimento público.
- De acordo com os níveis de evolução os Amorazins são os que estão mais
próximos de Deus. Isso lhes dá um extraordinário poder e sabedoria e como
todo ser copia o caminho do Pai os Amorazins não poderiam fugir a essa
regra. Eles são como as raízes daquela semente única (Deus), porém quando
essas raízes se aprofundam para se firmar e expandir seu território uma hora
voltam a surgir na superfície e terminam por germinar um broto. Este
pequeno broto cresce, torna-se uma árvore e quando está pronta dá frutos e
sementes. Falando agora claramente, quando um Amorazim evolui o
suficiente é dado a ele o mesmo direito que Deus tem em si de ser pai. Em
suma, um Amorazim é colocado em seu teste mais difícil, o de ser criador,
lembrando sempre que toda vida que ele criar jamais seria vida sem a
existência da primeira semente (Deus). Explicando isso melhor vou contar a
você uma pequena história bíblica. Em um trecho da Bíblia conta-se que
Deus, após ter criado todos os seus anjos, se ausentou por alguns minutos.
Nesse curto prazo o seu primeiro anjo, Lúcifer, resolveu pegar o seu ramo e a
água sagrada de Deus e usando-os deu vida a vários anjos, pois tinha a
intenção de tomar o trono de Deus e se tornar dono do universo. Quando
Deus retornou e viu o ocorrido ficou decepcionado com Lúcifer e sua
ambição, afinal Deus o havia criado como o mais belo de todos os anjos, o
mais luminoso, e agora tanta beleza e luz ofuscara sua visão a ponto dele trair
o próprio Criador. Sendo assim Deus o lançou nas profundezas da terra com
todos os seres que ele havia criado. Essa é a idéia do mal criada pela
humanidade e alimentado durante milênios até o fim dos tempos. Eu já lhe
contei a história de Lúcifer, que é “a luz que se fez”, para mostrar o quanto
ainda precisamos evoluir, mas essa estória encontra a verdade justamente na
parte que diz respeito a anjos criarem outros seres. Os Amorazins e Evins,
quando ainda viviam dentro de Deus já completo, absorveram o nível de
evolução que o Pai havia alcançado e na hora da grande explosão da alma de
Deus eles já tinham a capacidade de sonhar em criar seres. Deus, que os
mantinha dentro de si, sentia o que eles estavam sentindo e deixou que os
sonhos deles se tornassem realidade, porém não os avisou disso, pois eles
estavam preparados para sonhar e não para idealizar. Os Amorazins e Evins
ainda tinham uma grande missão a cumprir e de acordo com o decorrer dessa
missão eles iriam obter mais prática de seus conhecimentos. Na verdade eles
eram e ainda são responsáveis pela evolução da vida universal. Dessa forma
colocariam em prática a capacidade de serem pais sem saber. Alguns desses

77
O LIVRO DA LUZ

seres foram verdadeiros carrascos, usando disciplinas duras e brutais e outros


foram verdadeiros amigos. Com o passar do tempo eles foram melhorando,
aprendendo e naturalmente elevando o nível de evolução e deixando de
cometer tantos erros. O fato de ser um Amorazim ou Evim não os impedia
de errar, afinal no começo da missão, enquanto ainda eram apenas alma ou
espírito, não se podia deduzir na íntegra o que o corpo carnal iria passar nessa
nova fase, afinal o corpo carnal não era novidade para eles, porém a novidade
maior era ter que instruir o que haviam acabado de aprender e isso eles ainda
não tinham a menor noção de como fazer até vivenciar a situação. Jesus
Cristo foi um dos primeiros Amorazins a descobrir que tinha criado seres.
- E como ele soube disso, senhor Rabi?
- Eu digo alguns dos primeiros entre muitos, mas respondendo a sua pergunta
quando Cristo terminou seu estágio de evolução angelical Deus o chamou e
disse-lhe que Ele tinha uma grande missão para ele. Cristo teria que descer à
Terra e anunciar a Verdade para ela. Para isso Deus o incumbiria de falar em
seu nome e o representar na íntegra. Por isso Cristo usou as palavras “Eu sou
o caminho, a verdade e a luz”, “Ninguém chegará ao Pai senão por mim” e
outras frases que o tornavam tão Senhor quanto o próprio Deus, mas Cristo
ainda não sabia que já estava exercendo o papel de pai. Ao andar pela Terra
Cristo fez exatamente tudo que lhe exigia sua missão e quando retornou ao
Pai recebeu a notícia de ser o presidente da Terra, o que veio junto com a
notícia de que era pai de 40% dos habitantes deste planeta. Aqui na Terra
têm 3 etapas diferentes de seres, excluindo os Amorazins e Evins. Esses
são auxiliares celestes de Cristo, que logo também terão o mesmo destino que
Ele. As três etapas são: 1ª) os mais antigos, aqueles que chegaram na
época de Atlântida, Lemúria e Shangrillá; 2ª) aqueles que chegaram logo
depois da destruição destas cidades e 3ª) os que são seres voluntário,
mais evoluídos, que estão passando um curto estágio por aqui. Todos
estão misturados procurando aprender e ensinar. Os seres da primeira etapa
são os filhos de Cristo, que já estão aptos a trocar de escola e os da segunda
etapa são aqueles ainda muito materialistas, que terão que ficar ainda muito
tempo por aqui.
- Após a partida da primeira etapa Cristo vai deixar de ser presidente da Terra,
Rabi?
- Não, meu menino, Cristo vai continuar a ser o presidente da Terra até que
essa venha a evoluir para seu estado estelar. Isso significa que quando a Terra
se transformar num planeta invisível e se unir ao grupo de outros doze
planetas ela passará a ser presidida por mais alguns seres de evolução igual a
de Cristo.
- Rabi, só os Amorazins e Evins podem criar?
- Não, meu bom Osha. Sei que aquilo que vou lhe explicar agora é algo um
tanto difícil de você compreender, porém tudo que neste momento lhe parece
uma novidade já é passado para sua alma. Exemplo disso são os filhos dos
Amorazins, Evins e Infinins. Osha, toda criatura criada por Deus nada cria
de inédito, apenas imita o Pai e é justamente neste ponto onde moram todas
as respostas. Deus criou todos os seres para seguirem os mesmos caminhos
de evolução que Ele mesmo seguiu, porém isso não foi uma imposição

78
O LIVRO DA LUZ

divina. Isso são apenas os instintos do Pai refletidos nos filhos. Os primeiros
filhos de Deus repetiram na íntegra seus erros e acertos, pois agiam de acordo
com as emoções de Deus. Deus não tinha um pai que o ajudasse ou orientasse
na criação de seus filhos. Por isso os tomou para dentro de si até que os
compreendesse e se compreendesse também. Passada essa fase Deus resolveu
dar uma vida eterna a seus filhos, porém só fez isso quando tinha alcançado
um nível de evolução superior que lhe dava compreensão e responsabilidade
por um ato tão decisivo, afinal Deus estava criando seres imortais como Ele,
mas esses seres não tinham vivido tudo que Deus já havia vivido, exceto os
Amorazins. Na hora da explosão da alma do Divino Ele resolveu permitir a
todos os seus filhos o direito da criação, porém eis aí um grande segredo. Ele
deixou embutido dentro de cada espírito uma semente da vida e da criação
que a partir daquele instante já existia, já era vida eterna, mas ainda não foi
contabilizada, pois somente o Pai sabia da existência delas. Elas só viriam a
evoluir de acordo com os níveis de evolução que os seus portadores iam
alcançando. Para que isso se torne mais fácil para você entender vou usar
Cristo mais uma vez como exemplo. Cristo era um serafim num nível muito
elevado, que cuidava justamente do nível de sabedoria recebido pela
humanidade da Terra e por muitas vezes Cristo, ainda como anjo, imaginou-
se pai deste povo. Não que Ele desejasse ser Deus, apenas se sentia
responsável pela evolução desses seres. Foi quando Deus julgou que Ele
estava pronto para assumir o cargo de pai daqueles que já há muitos milênios
tinha imaginado. Os filhos dos Amorazins e dos Evins já brotaram e já se
encontram em evolução, porém os filhos dos Infinins ainda são apenas
sementes. Em suma, todos os espíritos já estão criados, porém a grande
maioria ainda é semente adormecida, que ainda não teve desenvolvimento
algum, afinal os filhos dos Infinins também terão seus filhos e assim por
diante, pois toda semente que desperta já está fecundada e não sabe. Esse é
um número que somente o Pai carrega o direito de saber, mas Ele nos deixou
uma pista. Como tudo é um estado progressivo isto significa que é infinito o
número de sementes ou de espíritos. Assim sendo jamais saberemos a
quantidade de seres que existem e ainda virão a existir. O mais importante a
saber é que Deus se multiplicou a partir dos Amorazins e continua a se
multiplicar infinitamente. É justamente por essa razão que o universo não tem
limites de tempo e espaço e assim sua evolução também é constante.
- Todo ser pode ser criador como o Pai, porém só Ele pode fecundar. Isso
também significa que nenhum ser poderia criar sem antes ganhar do Pai o
poder de ser fecundo. Esta é uma das razões pela qual Deus disse ter feito o
homem à sua imagem e semelhança. O homem pode ser semelhante ao Pai
em todo o livre-arbítrio que este lhe deu, porém jamais alcançará sua
sabedoria e sua evolução, pois a sabedoria e evolução de Deus não tem
origem, já a do homem se originou em Deus. Deus é a única sabedoria que
surgiu do nada ou do vazio. Deus é a única vida que se fez sozinha e
principiou o Tudo.
- Senhor Rabi, então na verdade ainda existem espíritos que ainda estão em
forma de sementes?

79
O LIVRO DA LUZ

- Isso mesmo, Osha. De fato ainda há uma infinidade de espíritos que ainda
estão em forma de semente esperando o momento de começar a jornada da
evolução.
- E quando esta começa, senhor Rabi?
- Começa quando o portador da semente passa a sentir suas primeiras emoções.
- Eu ainda não entendi, Rabi?
- Eu vou lhe explicar. Os primeiros espíritos conscientes eram os Amorazins e
Evins, pois eram a teoria e a prática de seus criadores. Logo que nasceram
eternos junto com os Infinins ganharam a missão de dar a esses irmãos a
prática da sabedoria que tinham. Sendo os Amorazins e Evins os primeiros
diplomados em prática e teoria obviamente também foram os primeiros a
libertar e sentir suas emoções. Assim, sem que eles percebessem, davam vida
a seus filhos e cada emoção representava um filho, exatamente como foi com
Deus, e de acordo com a evolução de cada ser (Amorazim) seus filhos
também progrediriam e dariam continuidade à criação espiritual. Até um
certo nível de evolução não é permitido ao Amorazim saber que é pai, pois
se isso viesse a acontecer ele fatalmente iria interferir no livre-arbítrio de seus
filhos, podendo impedi-los de evoluir. Na tentativa de ajudá-los poderia até
mesmo prejudicá-los. Por essa razão Deus só permite que os pais tenham
consciência de seus filhos quando eles já alcançaram um nível de evolução
onde possam respeitar o livre-arbítrio de seus filhos, interferindo apenas
quando for realmente necessário, assim como Cristo o fez. Ele veio ajudar
seus filhos instruindo-os no caminho da sabedoria. Em todos os momentos
Cristo ensinou seus filhos a respeitar ao invés de julgar, a amar ao invés de
odiar, etc.
- Senhor Rabi, Cristo é um ser tão elevado. Por que seus filhos ainda estão tão
distantes de alcançar essa sabedoria?
- Dentre os filhos de Cristo existem dois níveis diferentes de evolução. O
primeiro nível é daqueles que estão perto de partir da Terra e fazem parte da
1ª etapa. São as emoções de Cristo que já alcançaram um nível elevado de
evolução e com certeza compreenderam o ensinamento que Cristo deixou na
Terra. Ao segundo nível de seres pertencem as emoções que ainda estão
buscando a sabedoria e ainda não têm consciência das palavras do Cristo. Por
isso ainda terão que viver um longo período neste planeta até atingirem um
grau considerável de sabedoria.
- Senhor Rabi, gostaria de lhe fazer duas perguntas. Primeira: Existe um
número certo de filhos para cada espírito ter? Segunda: Quando paramos de
sentir emoções que geram filhos?
- Sábias perguntas, meu pequeno aprendiz. Em primeiro lugar existe sim um
limite de filhos. Assim como Deus teve um número específico de emoções
até alcançar a consciência os espíritos também têm que passar pelo mesmo
número de emoções e somente quando alcançam a consciência param de
gerar filhos, mas isso não significa que esses seres não sintam mais emoções.
As emoções são transformadas em vida enquanto não se repetem. É
justamente esse princípio que torna cada ser vivo genuinamente único,
exclusivo. Vamos exemplificar isso melhor. Digamos que um ser, nascido de
um Amorazim, que foi a primeira sensação de alegria de Deus, seja a

80
O LIVRO DA LUZ

primeira sensação de tristeza do Amorazim. Este ser terá nascido da tristeza


daquele que foi a alegria de Deus. Agora digamos que um Evim nascido do
orgulho gerou um ser quando sentiu misericórdia ou medo e assim por diante.
Uns nascem do medo e são a coragem, outros nascem da alegria e são a dor.
O que determina o ser que vai nascer é a emoção que o progenitor está
sentindo e não importa que emoção este progenitor foi. Tudo é tão perfeito na
matemática de Deus que cada ser sente a emoção a sua maneira, com mais ou
menos intensidade. O importante é senti-la. Quando as emoções passam a se
repetir não produzem mais vida. É sinal de que o progenitor já alcançou o
número de filhos a que tinha direito e esses espíritos que passam a encarnar à
procura de evolução são chamados de “espíritos novos”, aqueles que já
existiam, mas ainda não haviam despertado. Para você ter uma idéia é
infindável o número de espíritos que já existem, mas se encontram
adormecidos esperando o momento de serem gerados pelas emoções de seus
progenitores. Já expliquei de uma certa maneira como paramos de gerar
filhos, mas vou explicar um pouco melhor. As emoções se repetem para nos
trazer consciência e quando a alcançamos não paramos simplesmente de ter
emoções. O fato é que alcançamos o sentimento mais profundo e ele derruba
os motivos que nos levariam a sentir determinadas emoções. Este sentimento
nos trás consciência e esta nos liberta do orgulho, da ira, do preconceito e de
outras emoções que costumeiramente nos levavam ao descontrole. O amor
incondicional nos liberta da ansiedade, da insegurança, do medo, enfim a
compreensão trazida pelo amor incondicional nos torna aptos a sermos pai, o
mesmo que aconteceu com Deus quando Ele colocou de volta dentro de si
suas emoções para melhor compreendê-las e só depois disso Ele libertou seus
filhos, dando-lhes os mesmos direitos que Ele mesmo possui.
- Compreendes agora, meu pequeno Osha, porque é infinito o universo?
- Agora entendo porque nem consigo imaginar metade disso, mas ainda não sei
porque tudo isso tem que ser um segredo. Não acho que isso seja mau.
- Tu és muito inocente, meu pequeno aprendiz, e ainda não podes compreender
os interesses dos homens, mas vou te dar uma pequena amostra do poder
desta Verdade. Vou te contar onde está escrito e como encontrar esta
Verdade.
- Ela foi resumida em 22 letras e 22 cartas de um oráculo sagrado. Desde que
Deus se gerou e alcançou sua evolução Ele separou essa evolução em 22
etapas ou estágios e desta forma seus filhos e os planetas por eles habitados
passam também por esses 22 estágios de evolução.
- Rabi, Cristo também ensinou isso aos seus escolhidos?
- Sim, meu querido, mas para sua surpresa Cristo não foi o primeiro a ensinar o
segredo dos 22 estágios. Lá no princípio da criação da Terra havia vários
sábios que conheciam este segredo, mas um deles recebeu a revelação de
maneira muito especial. Seu nome era Enoch. Ele foi o primeiro escolhido
para escrever esta Verdade em sua totalidade. Para isso ele foi levado da
Terra por anjos, que lhe deram todas as revelações desde o princípio da Terra
até seus últimos dias. Ele também recebeu os segredos dos anjos da vida, da
morte e da evolução e muitos outros segredos, mas o nosso irmão Enoch não
foi uma só vez ao Reino dos Mistérios. Foram muitas as vezes que os anjos o

81
O LIVRO DA LUZ

levaram. Até que ele pudesse compreender tudo muito tempo se passou,
porém no fim desse aprendizado divino o primeiro Livro da Luz se tornou
realidade na Terra, só que havia um porém. Este livro foi escrito em símbolos
(desenhos), pois não havia uma escrita exata naquela época. Fazia pouco
tempo que as doze tribos que habitavam a Terra haviam entrado num atrito
muito grande, que chegou a causar a primeira grande destruição. Isto eu lhe
explico mais tarde no desenrolar da história. O fato é que na época de Enoch
quase todos os seres se comunicavam pela escrita de símbolos. Eram
desenhos que hoje raramente são compreendidos, porém aqueles que os
compreendem não os revelam a outros e assim mais inacessíveis ficam os
segredos do Livro da Luz. Hoje, na nossa época, este livro ainda existe e é
guardado como um verdadeiro tesouro. O original encontra-se numa velha
ruína de templo talmud, protegido por uma passagem secreta, onde o faraó
Akhenaton o deixou guardado para Jesus Cristo. Este, por sua vez, o manteve
no mesmo lugar, vendo que este lugar secreto mantém o livro invisível para
os demais seres.
- Senhor Rabi, e se um dia um ser penetrar nesta passagem secreta e achar o
livro?
- Não se preocupe, Osha, os únicos seres que podem acessar este livro são os
seres que têm o nome escrito nele. Isso quer dizer que é o livro que determina
quem vai achá-lo e ler o que nele está escrito. Além disso o poder deste livro
é tão grande que ninguém ousaria tocá-lo, pois ele vive dentro de uma chama
de fogo que aumenta com a aproximação da presença humana a cerca de um
quilômetro, fazendo com que um calor muito forte espante os seres que
ousam se aproximar do lugar onde ele se encontra.
- Este livro atrai para si somente os seres que estão inscritos para conhecer sua
Verdade. Em resumo ele é um livro mágico, que não corre o risco de ser
achado, afinal ele determina quem pode achá-lo e só o acha quem pode
compreendê-lo.
- Na verdade, meu pequeno Osha, sem que você soubesse eu já lhe contei os
22 caminhos enquanto narrava a história do início de tudo. Eu contei os
segredos da criação sem especificar a seqüência dos caminhos. Agora basta
apenas fazer isso para você entender melhor como alguns seres escolhidos
tiveram o privilégio de conhecer tão grande sabedoria. No Livro de Enoch
tudo eram símbolos, como já lhe disse, e poucos foram os que conseguiram
compreender o significado desses símbolos, porém um dos primeiros a
traduzir abertamente esses símbolos foi o faraó Akhenaton, porém ele teve
sua história apagada e coberta pelos outros faraós. Outro grande sábio,
Hermes Trismegistos, teve mais sucesso que o faraó, porém tal qual
Akhenaton pouco se sabe sobre sua vida, pois ela também foi apagada e até
mesmo fraudada por alguns seres, mas isso não importa. O principal é que
seu maior feito não foi apagado e se mantém preservado de uma maneira para
muitos incompreensível.
- Hermes fez cópias dos símbolos do Livro de Enoch e traduziu (explicou) os
significados dos símbolos para um grupo de seres selecionados, que passaram
este conhecimento adiante para outras pessoas também consideradas
escolhidas ou aptas para adquirir tal conhecimento. O faraó também fez isso,

82
O LIVRO DA LUZ

porém podemos dizer que ele forçou um pouco a situação ou tentou impor de
uma maneira até suave este ensinamento, mas na época dos deuses um só
Deus não interessava aos sacerdotes sedentos de poder. Hermes passou este
ensinamento de uma maneira mais secreta e velada aos olhos dos sacerdotes.
Hermes transformou os desenhos de Enoch em 22 lâminas de prata e cada
uma continha uma letra do alfabeto hebraico que traduzia e dava nome à
lâmina. A primeira lâmina era completamente branca, vazia. Não tinha
desenho algum, apenas a primeira letra do alfabeto, que representava o início
de tudo, o abismo sem fim ou o vazio sem consciência, mas o sábio Hermes
foi muito além. Ele criou mais de três maneiras de interpretar essas lâminas.
Vou relatar aqui as três principais. A primeira interpretação referia-se ao
princípio do universo, Deus como o vazio que se gerou e se fez vida. Esta é a
história que já lhe contei. A segunda interpretação desta lâmina referia-se à
evolução do planeta em que vivemos, um planeta novo em fase de adaptação.
A terceira interpretação referia-se aos seres humanos recomeçando do zero
uma nova etapa de evolução em um novo planeta.
- Explicando melhor, digamos que uma pessoa resolva consultar essas lâminas
como um oráculo e resolva fazer uma pergunta pessoal, uma pergunta a nível
universal e outra espiritual e por um acaso essa pessoa retire a mesma lâmina
para as três perguntas. Se isso acontecer não quer dizer que a resposta da
lâmina seja a mesma para as três perguntas, pois o seu significado muda. Para
que fique bem claro como isto ocorre eu farei o papel da pessoa que fará
essas perguntas. Minha primeira pergunta é: “Como posso resolver a situação
em que me encontro no momento?” Ao consultar as lâminas sagradas de
Hermes eu tiro a lâmina em branco, a que não tem número, e por isso foi
numerada mais tarde com o zero. Esta lâmina significa que eu estou perdido
sem rumo. Estou à beira de um abismo, mas não o enxergo. Por isso no
mundo físico esta lâmina significa O Louco, aquele que anda sem rumo nem
direção, aquele que por falta de sabedoria ou compreensão não ouve os
conselhos dos sábios ao seu redor, etc. Agora digamos que eu deseje saber
como está o estado de evolução do planeta em que vivo (Terra) e
ocasionalmente retiro esta mesma lâmina. Isso significa que o meu planeta
está no primeiro estágio de aprendizado e ainda é muito novo, totalmente
inocente. Agora vou fazer minha terceira pergunta. Nela eu questiono a
origem divina e ao tirar esta carta eu vejo revelado o segredo de como tudo
começou, o início de tudo, o vazio que se preencheu sozinho, o Verbo que se
deu vida, Aquele que é, foi e sempre o será. O poder dessas lâminas é tão
forte e revelador que Hermes disse que aquele que as compreendesse
encontraria a rota da evolução divina nelas. Outros sábios árabes deram-lhe o
nome de Torah. Mais tarde alguns nômades boêmios vulgarizaram as
interpretações corretas deste segredo hermético. O nome dessas lâminas foi
trocado diversas vezes até que terminou ficando com um pelo qual se tornou
muito conhecido, o Tarot (ou Tarô), que na verdade era seu verdadeiro nome.
A combinação das letras da palavra tarô também forma outras palavras
reveladoras como a rota. Muito antes essas lâminas eram conhecidas como A
boca da Torah, leitura sagrada dos judeus.

83
O LIVRO DA LUZ

- Portanto, meu pequeno aprendiz, desde que a Terra foi criada o homem que
nela habita recebeu também o manual que o instruiria no caminho da
evolução, só que sozinho o homem não compreenderia esse manual. Por isso
Deus treinou vários professores. O primeiro foi Enoch, que recebeu o nível
mais alto de conhecimento para sua época, porém quando tentou ensinar o
que sabia foi considerado louco e profano. Enoch, como todos os outros seres
que tiveram acesso a essa sabedoria logo descobriram o preço que esta lhes
custaria: a solidão, o descrédito e a eterna incompreensão dos que viviam ao
seu redor. A Verdade deu a Enoch a liberdade, retirou de seus olhos o véu
dos mistérios. Mostrou-lhe o infinito, mas o expulsou da Terra, pois a
ignorância aqui era grande, como ainda o é. O profeta Elias foi um dos
primeiros a traduzir e compreender o Livro de Enoch, pois também recebeu a
revelação divina e esta o transformou em peregrino. Por essa Verdade Elias
quase
morreu apedrejado, mas esta mesma Verdade o salvava. Elias teve o mesmo destino de
Enoch, do faraó Akhenaton, de Hermes e Cristo. Nenhum desses seres tiveram seus corpos
achados e jamais o terão. O faraó Akhenaton mandou colocar em seu sarcófago um homem
simples, que se passaria por ele no futuro, quando resolvessem abrir seu sarcófago. Tempos
depois dele as pessoas acreditavam que ele era meio homem meio mulher.
- Eu não entendi isso direito, senhor Rabi. Como isso é possível?
- Até os dias de hoje e até no futuro, meu pequeno Osha, muitos acreditarão
que o faraó era uma anomalia ou uma aberração da natureza, porém nada
disso foi verdade. As poucas imagens de Akhenaton que o faraó Ramsés não
destruiu refletiam apenas a verdade que ele tentava deixar escrita para o
futuro. Ele pediu a seus artistas para retratá-lo com dorso de homem e quadris
femininos para mostrar que Deus era a luz absoluta da Verdade e sendo Ele a
luz e o princípio de tudo fatalmente seria o feminino e o masculino em um só.
Nas várias imagens de Akhenaton é possível vê-lo com peito de homem e
quadris femininos reverenciando o Sol, a grande luz. Isso significa que Deus,
sendo o masculino e o feminino, sabedoria e compreensão, alcançaria assim o
Magma Supremo, a Grande Luz Reveladora. Deus, sendo dois, seria o Um
Absoluto.
- Então quer dizer que Deus é o Sol, senhor Rabi?
- Não, Osha, Deus não é o Sol, pois o Sol é apenas uma pequena molécula da
sombra da imensa luz de Deus. Akhenaton tentou explicar isso usando o Sol
como exemplo, afinal esta é a maior luz que alcança o nosso planeta. Na
verdade o faraó Akhenaton não tinha um corpo deficiente como muitos
imaginam. Ele apenas se fez retratar daquela maneira para explicar a
evolução divina dos seres humanos e para explicar o que era o verdadeiro
Deus, porém sua história foi distorcida e adulterada durante muitos anos por
outros faraós e sacerdotes ambiciosos, que não respeitavam a Verdade.
Akhenaton preparou tudo para sua morte. Seu médico era seu melhor amigo e
sabia tudo sobre a vida do sábio faraó. Cumpriu-lhe seu último desejo.
Akhenaton pediu ao médico e a outro amigo que não o mumificassem, mas
que o levassem para um lugar por ele previamente escolhido no deserto. Era
um lugar sagrado para o faraó, pois ali seu corpo jamais seria encontrado. Há,
no entanto, uma observação a ser feita nessa história. Algumas dezenas de

84
O LIVRO DA LUZ

anos mais tarde Akhenaton reencarnou e foi ao lugar onde seu corpo havia
sido enterrado e de um velho caixote retirou um cajado sagrado, que foi dado
a outro grande homem para que cumprisse a missão de preservar a sabedoria
na Terra. Mas voltando ao faraó, quando ele percebeu que estavam se
aproximando os dias finais de sua existência ele conversou com seu médico,
que trabalhava na Casa da Cura e da Morte, e pediu a ele que não permitisse a
entrada de ninguém em seus aposentos no dia de sua morte e que esta só
fosse anunciada após a troca de seu corpo e somente quando o corpo já
estivesse preparado para a extirpação, sendo então levado ao banho de mirra,
lá permanecendo por 60 dias. Assim já não seria reconhecido quando fosse
velado. Antes disso ele mandou sua esposa e filhas para outro palácio e
providenciou um corpo da Casa da Cura e da Morte de um pobre tão magro
quanto ele, pois era a única semelhança necessária, algo que não era muito
difícil encontrar naquela época. Assim o faraó Akhenaton fez seu corpo
desaparecer da história, afinal ele tinha sabedoria suficiente para não aceitar
os rituais de mumificação feitos com os seres da sua época. Enfim, pequeno
Osha, os grandes sábios que tentaram revelar os segredos das 22 lâminas
foram apagados pelos seus sucessores. As vidas deles desapareceram dos
pergaminhos e da boca das pessoas, mas o tempo que tudo encobre também
descobre. Sendo assim tudo o que um dia foi velado voltará a ser revelado,
afinal essas vidas foram escondidas, mas jamais esquecidas.
- Senhor Rabi, continue a me contar a história dessas lâminas sagradas.
- A lâmina em branco também carrega um número muito especial, que tem
semelhança com seu aspecto vazio. O número zero no alto da lâmina define
um círculo vazio. A lâmina também é vazia, nada tem senão o número zero.
Essa lâmina é considerada a primeira por muitos sábios, porém há outros que
dão a ela o número 22, preferindo começar a numeração do Tarô pela lâmina
nº 1, O Mago. Nenhum deles está errado, afinal a lâmina número zero, que
muitos chamam de O Louco, tem uma particularidade. Ela inicia a leitura da
evolução do Homem, do Pai e do Universo e somente para Deus ela não se
reprisa mais, mas para o homem e o universo vive se reprisando. Para que
você me entenda melhor vou exemplificar essa reprise. Quando um ser
termina um estágio em um planeta é porque ele chegou ao caminho 21, O
Mundo. Só que ao partir para outro planeta um novo estágio planetário
começa, obviamente mais avançado, mas tudo é novo e o ser tem que
recomeçar sua adaptação, afinal ele pode até ter sabedoria, mas ainda não
conhece a sua prática naquele novo planeta. Isso só pára de acontecer quando
o espírito daquele ser atinge o nível 21 de prática e sabedoria. Em outras
palavras somente quando o espírito já pôs em prática todas as suas emoções,
somente quando já sentiu todas elas. Somente assim ele estará pronto para
representar Deus em sabedoria e poder.
- As sete primeiras lâminas representam a Divindade e toda a sua história. As
outras sete representam os sete gênios da divindade e as sete últimas lâminas
representam as virtudes e pecados do homem, decadência e ascensão,
nascimento e morte, involução e evolução, mas vamos deixar claro que elas
também explicam a evolução do universo e dos planetas. Na verdade elas são
um manual do universo e de tudo que há nele.

85
O LIVRO DA LUZ

- Rabi, 22 lâminas não é muito pouco para explicar tantas coisas?


- Não Osha, não é. Para olhos sábios, que saibam captar a sabedoria que elas
contêm, elas são como muitos livros reveladores dentro de uma única
imagem. Muitos homens já enlouqueceram ao descobrir os segredos dessas
22 lâminas e muitos ainda vão enlouquecer, pois a verdade que elas revelam
são como espada, pois o véu do destino mostra ao homem uma verdade que
ele jamais imaginara conhecer.
- Como já lhe expliquei a lâmina nº 0 agora vou lhe explicar a lâmina nº 1.
Esta tem um significado muito belo, pois representa Deus como o Verbo (o
Éter, o Ar), aquele que deu vida ao vazio. Como o vazio não pode ser
destruído deve ser preenchido e O Mago ou a lâmina nº 1 representa o
princípio desse preenchimento. O mago na verdade é um aprendiz, aquele
que se depara com suas primeiras experiências, as primeiras emoções. Esta
lâmina representa que o universo germinou e deu vida e que a partir dessa
vida muitas outras nascerão. Esta lâmina representa Deus como aprendiz e os
Amorazins como experiência. Para entender melhor esta lâmina basta você
se lembrar do princípio da evolução divina, que já lhe contei, e assim você
compreenderá tudo com muita facilidade. Já quanto ao ser humano ele tem
que reviver todas as lâminas, como já lhe disse, afinal cada planeta é uma
nova escola, mas para o espírito do ser humano isso é muito diferente na
medida que somente o corpo e a alma têm que encarnar e nascer para dar ao
espírito a prática. Ele avança uma lâmina ou “um caminho” a cada escola
(planeta) onde a alma encarna. Já tendo a sabedoria basta apenas ao espírito
praticá-la para obter a evolução. No universo acontece a mesma coisa. Cada
planeta passa pelos 22 estágios e acredite, meu pequeno Osha, ainda existem
planetas vivendo no caos do número zero.
- Senhor Rabi, esses planetas são como aqueles espíritos de que o senhor falou
que já existem, mas ainda não sabem ou não despertaram?
- Sim, esses planetas são lugares vazios esperando para serem habitados.
Alguns já têm habitantes, que estão começando a dar vida a esses lugares.
- Alguns sábios acrescentaram à lâmina nº 1 (O Mago) mais um segredo
revelado. Eles dizem que ela representa o Homem, a primeira criação de
Deus, afinal sendo o Pai o nº zero o homem seria o número 1, pois o homem
não pode ser o zero já que teve um princípio, um criador. Deus é o único a ser
o número zero, pois só Ele é o princípio de tudo e tudo é Ele. Há um enigma
antigo que faz jus a essa crença. Na Índia existe um templo sagrado e que
hoje é muito bem escondido. É conhecido como Templo do Elefante
Dourado. Conta-se que o templo fica do outro lado de um rio onde a água é
tão quente que derrete até metal, porém existe uma maneira de atravessar este
rio. Uma pedra mágica surge na margem do rio. Sobre ela vem sempre escrito
um enigma. Aquele que desvendar o enigma fará surgir um caminho de
pedras que, apesar de estarem em água quente, não queimam aquele que pisar
sobre elas. Um dos enigmas mais curiosos que surgiu foi desvendado por
uma única pessoa, que sabia falar várias línguas e por isso conseguiu desafiá-
lo.
- E que enigma era esse, senhor Rabi?

86
O LIVRO DA LUZ

- Onde morre o começo e o princípio do início e onde se acaba o tempo que


nunca tem fim?
- Isso é muito fácil, Rabi. O começo morre no fim e o tempo se acaba quando a
gente morre.
- Meu pequeno Osha, tu me fazes rir com tuas brincadeiras. Não é tão simples
assim, meu menino. Você tem que analisar melhor as palavras. Este enigma
foi escrito em um idioma para ser respondido em outro e assim ele demorou
100 anos para ser decifrado. Durante 100 anos ninguém atravessou o rio, pois
enquanto um enigma não fosse decifrado não surgia outro. Um homem vindo
de terras distantes leu o enigma em sânscrito e o respondeu no seu idioma e
assim foi decifrado o enigma, que permaneceu secreto por 100 anos. Onde
morre o começo e o princípio do início e onde se acaba o tempo que nunca
tem fim nada mais é do que a letra O, a última letra das palavras princípio,
começo, início e tempo, que terminam em O. Deus é o alfa, mas também o
ômega. Essas palavras são princípios da definição divina. Alfa é um estado
elevado de meditação onde o homem consegue transcender a matéria. O
ômega é transcender a própria transcendência, é ser sem limites, estar acima
de tudo e ser o Tudo, mas vamos deixar os enigmas para trás e continuar nas
lâminas sagradas.
- Agora vou lhe contar o significado da lâmina nº 2. Ela significa a sabedoria
(a Ísis velada, a Terra). Para Deus ela representa a parte em que Ele começou
a sentir, a ter emoções, a dar vida a seus Amorazins. Para o homem ela
representa o princípio da sabedoria, os primeiros passos do aprendizado da
vida e tem o mesmo significado para o universo. Ela representa a descoberta
dos valores terrenos. A lâmina nº 3 (os Sonhos, a Água) representa a
germinação. Para Deus ela foi a necessidade da criação. Depois de começar a
sentir e dar vida a suas emoções Deus começou a criar formas diferentes para
controlar ou organizar o caos de seus primogênitos. Para o homem esta
lâmina também representa a germinação de seus planos, de suas idéias e é
assim também para o universo. A lâmina nº 4 (a Força que germina, o Fogo)
representa o lado oposto da lâmina nº 3. A nº 3 representa a germinação e
também a compaixão buscando alternativas, enquanto a nº 4 representa a
ordem pela força, o comando. Até esta lâmina Deus já havia criado,
obviamente ainda sem controle, os quatro elementos primários: terra, água,
fogo e ar, mas Ele ainda não sabia como dosar tudo isso e, desgovernados,
esses elementos descontrolavam o que já era incontrolável, os primogênitos
de Deus, ou seja, as emoções do Pai. Para o homem esta lâmina representa o
princípio de suas conquistas, de sua força e para o universo também. A 5ª
lâmina mostra que Deus descobriu sua própria dualidade, os dois gênios
superiores que O habitavam. O gênio da fúria, da morte, da ira, do
descontrole, da ansiedade, etc. e o gênio da paz, da harmonia, da insegurança,
das incertezas, da caridade e do medo. Um rio se fez na mente de Deus
dividindo duas grandes árvores: a Árvore da Vida e a Árvore da Morte. Na
Kabalah e no Talmud existem duas explicações muito belas sobre os dois
lados de Deus. Vou tentar uni-las e resumi-las, pois se eu for tentar explicar
com exatidão essa passagem duraria pelo menos 20 dias para narrá-las e
alguns anos para você compreendê-las, meu pequeno aprendiz.

87
O LIVRO DA LUZ

- Por que é tão difícil esta passagem, senhor Rabi?


- Porque é nela que se esconde a grande verdade humana, divina e universal.
Todas as lâminas anteriores perderiam o significado se ela não fosse bem
explicada, assim como as próximas lâminas também não seriam bem
compreendidas e então a história de Deus, do universo e do homem ficaria
cheia de interrogações.
- Em primeiro lugar tente entender que as duas árvores de que vou falar se
tratam apenas de dois grandes poderes que habitavam Deus. Esses dois
grandes poderes nasceram dentro do Pai no momento em que Ele começou a
ter suas primeiras emoções, porém cada emoção que o Pai sentia era uma
página ainda pequena da primeira história de um universo que acabara de
nascer. As emoções de dor ou amor, tristeza ou alegria foram alimentando
lentamente os dois lados de Deus e gradativamente foram crescendo até se
transformarem em duas potências de poderes iguais. Foi quando o
descontrole invadiu o Pai e Ele absorveu para dentro de si mesmo tudo que
havia criado. Assim Ele meditou e avaliou de novo todas as sensações que
havia criado até descobrir o que estava faltando. Em seu longo meditar Deus
descobriu que sua vida era o primeiro dos elementos, o ar. Deus havia saído
do invisível vazio e era o éter que começava a preencher o vazio. Eis aí a
revelação da primeira lâmina, O Mago. As primeiras ações de Deus geraram
seres vivos, os Amorazins. Surge então a segunda lâmina (A Papisa), que
aqui representa a terra. Depois vieram as polaridades que trariam ordem ao
caos: a lâmina nº 3 (A Imperatriz), que representa a água passiva e a lâmina
nº 4 (O Imperador), que representa o fogo que aquece e germina as
sementes, mas pode ser devastador. Os quatro elementos estavam criados,
mas faltava o que os tornaria imortais e isso Deus tinha que descobrir
sozinho. Em seu período de meditação Deus observou detalhadamente tudo
que havia construído desde o princípio de sua existência e percebeu que
faltava algo que traria compreensão a toda a desordem que O habitava. Tudo
que Ele precisava era permitir que suas duas forças se compreendessem e
para isso Deus tinha que compreendê-las e aceitá-las como elas se
apresentavam dentro dEle. Em suma, Deus tinha que se aceitar, se
compreender, pois só assim encontraria a resposta que tanto buscava. Deus
tinha que aceitar que seus dois lados opostos eram uma soma de toda sua
verdade, porém Deus sabia que não deveria escolher um deles, pois um não
iria progredir sem o outro. Ele então compreendeu a verdadeira função dos
seus lados opostos e os uniu, transformando-os em um só. Foi então que
Deus alcançou a quinta essência (quintessência). Ela que, como o ar, é
invisível, mas que dá a vida a todas as criaturas. Deus descobriu a quinta
essência lembrando-se do vazio que era antes de ser o Verbo, Pai de todos os
Verbos. Deus lembrou-se que antes de existir lutava para destruir o vazio. O
vazio, consumido no nada, nada fazia, nada deixava acontecer. O Tudo
resumia-se no Nada. Não existia cor, nem céu, nem terra, nem luz. Cansado
de tentar destruir o vazio, que na verdade era Ele mesmo, Deus se preencheu,
do Nada brotou e procriou. Ao lembrar disso Deus entendeu que o Vazio
jamais havia sido vazio. Ele era apenas invisível e inimaginado, mas a vida
real estava nele. Então ele só podia ser a parte de Deus que Deus ainda não

88
O LIVRO DA LUZ

conhecia e de fato era ele o espírito de Deus cheio de teorias, mas sem prática
nenhuma; cheio de sabedoria, mas sem evolução. Foi então que Deus separou
seus lados dando-lhes vida. Eles mais tarde voltaram a se unir a Deus, que
havia se tornado consciência pura e de três voltou a ser o Um, o primeiro que
O gerou, o Espírito. Deus agora era mais que o Verbo criador. Era o Tudo em
si mesmo. Muitos conhecem a lâmina nº 5 como O Papa ou O Hierofante,
nomes dados para esconder seu verdadeiro significado. Na verdade um dia se
chamou A Quinta Essência, mas por alguns milhares de anos seu significado
foi se distorcendo e o lado divino desta lâmina foi se apagando da memória
do povo, restando apenas o significado do controle sobre o bem e o mal. O
significado divino eu já expliquei. Agora resta o significado humano e
universal, que na verdade é muito semelhante ao de Deus. Significa a
aceitação do bem e do mal como professores, como caminhos obrigatórios
que conduzem à evolução. Dando continuidade a esta explicação adentramos
a lâmina nº 6, que também tem um significado muito misterioso. Alguns
seres a chamam de O Namorado ou O Enamorado. Algumas têm a imagem
de um homem, uma mulher e um jovem entre os dois e acima deles um
querubim apontando uma flecha para o jovem e este ainda tem que escolher o
caminho certo. O jovem tem sua perna direita amarrada à perna da mulher e
sua perna esquerda amarrada à perna do homem. O homem está apontando
para um caminho e a mulher aponta para outro. O primeiro significado é
talvez o mais reservado. Poucos seres o conhecem ou o compreendem.
Significa Deus e sua chama gêmea, que unidos pelo poder absoluto do amor
infinito (o querubim) deram a própria alma para criar os espíritos que
povoam o universo. O fato do jovem estar com as pernas atadas à mulher e ao
homem significa que, não importa o que lhe aconteça, ele sempre terá o elo
com seu criador. Em resumo o aspecto divino dessa lâmina revela Deus como
homem (princípio masculino) e mulher (princípio feminino) sendo o Criador
e o jovem que aparece na cena é a alma de Deus, que explode em inúmeros
átomos, criando assim a infinidade de espíritos. No aspecto humano essa
lâmina representa o homem atado entre o bem e o mal, tendo-os como
caminho único para a evolução. O querubim que aponta sua cabeça com uma
flecha é o único guia que conduz o homem pelo caminho correto. Na verdade
o querubim é o sentimento que consegue ser mais forte que o bem (feminino)
e o mal (masculino). Não posso esquecer de revelar que o querubim dessa
lâmina tem uma venda nos olhos para justificar que o amor não é visto com
os olhos dos mortais, mas com o coração. A venda é um respeito ao
sentimento puro, que não vê preconceitos de raça, cor, credo ou de ordem
financeira. Em suma, o amor é o cego que tudo vê e nada no universo tem
mais poder do que este poderoso cego. No aspecto humano os homens vão
trilhando suas vidas, uns pelo caminho do bem e outros pelo caminho do mal,
mas nunca deixarão de lado o caminho da verdade que, não importa quanto
tempo leve, eles encontrarão. No aspecto universal o significado desta lâmina
é praticamente igual ao do homem, não tendo o que acrescentar. Vamos
agora para a sétima lâmina, fazendo você compreender inteiramente o motivo
pelo qual as pessoas dizem que Deus descansou no 7º dia. Observe como as
pessoas distorcem a verdade. A lâmina nº 6 representa de fato a criação dos

89
O LIVRO DA LUZ

espíritos. Para que não ficasse tão fácil de compreender a verdade inventaram
que no 6º dia Deus havia criado o homem de barro, pois assim seria mais
fácil para a humanidade compreendê-la. Se fosse revelada a verdade a pouca
sabedoria pioraria a situação dos seres que vivem na Terra e muito
provavelmente comprometeria a evolução deles. A lâmina nº 7 (O Carro)
representa a obra criada, o espírito e a forma. Essa lâmina revela que Deus,
além de dar a vida também deu o habitat, porém as condições de vida
deveriam vir dos donos do planeta. É justamente aí que se encaixam os
primogênitos de Deus, os Amorazins, e também os Evins que, sendo filhos
já sábios precisavam apenas praticar a sabedoria nos Infinins, ajudando-os a
evoluir. A partir daí Deus encarregou os seres de suas próprias vidas. Por isso
dizem que depois de ter criado tudo o Pai descansou, mas isso não é bem
verdade. Como pai Deus jamais abandonou seus filhos, porém deu a eles o
livre-arbítrio, deu-lhes o direito de escolher como desejariam evoluir.
- A partir desta lâmina se acaba para muitos sábios a explicação da evolução
do Divino Pai e se inicia a evolução do homem. A lâmina nº 8 (A Justiça)
tem como desenho o símbolo universal que O Mago (carta nº 1) carrega

acima de sua cabeça [∞] . Este símbolo significa que tudo que os seres
fizerem de bom ou de ruim, não importa onde ou como, vai retornar para
eles. Daí se dá o princípio da justiça. Para que essa justiça seja perfeita o que
é julgado na balança universal é o coração do homem e sua sabedoria, seu
sentimento e suas ações. Isto significa que o homem sempre será o
responsável por seus erros e suas ações, seja ele consciente ou inconsciente.
- Senhor Rabi, eu não entendi direito esta explicação. Na verdade quer dizer
que uma pessoa pode matar e roubar e só porque ela acha que não está
fazendo mal isso quer dizer que ela não tem consciência?
- Não é bem assim, meu pequeno Osha. Há milhares de anos a humanidade
terrena vive em conflitos, guerras e mata seus semelhantes sem ter
sentimento algum. Não há nem uma fagulha de emoção em muitos crimes de
guerra ou disputas territoriais, mas isso não significa que o assassino não
tenha que pagar pelo seu crime. O que na verdade acontece é que os crimes
cometidos sem dor ou consciência serão julgados no decorrer das
encarnações, serão pagos sem que o corpo humano tenha consciência. Houve
muitas épocas em que a humanidade usava apenas seu instinto de
sobrevivência e outro ser humano era tratado como intruso. Então ele era
morto e muitas vezes até comido como alimento comum. Esse é um crime
muito cruel aos olhos de muitos seres humanos, porém para alguns é tão
comum quanto pescar um peixe. Os níveis de evolução são desiguais, ou
melhor, os seres estão em níveis diferentes de evolução e sabedoria, afinal a
raça que habita esse planeta descende de 12 raças primárias, seres que nunca
haviam se encontrado ou convivido com algum tipo diferente. Portanto é
muito natural que ao se encontrarem nesta escola chamada Terra venham a
ter divergências.
- Senhor Rabi, o que vem a ser exatamente um planeta primário?

90
O LIVRO DA LUZ

- Logo que terminar a explicação sobre as lâminas vou-lhe contar com todos os
detalhes o que é um planeta primário e suas variações.
- Acho que você compreendeu a lâmina nº 8, a lâmina da justiça, que tanto
para o homem quanto para o universo tem o mesmo significado: toda ação
tem uma reação. Consciente ou não o homem sempre colherá o que plantou.
Esta é a lâmina que mantém o equilíbrio do universo e tudo que nele vive.
Agora vamos à lâmina nº 9 (O Ermitão), que significa a medida da
sabedoria, a prudência ao misturar seres de planetas tão diferentes. No
aspecto universal seu significado quer dizer que quando tantos planetas
primários atingem um nível semelhante de sabedoria e evolução estão
consideravelmente prontos para se unirem e é nessa hora que entra a lâmina
nº 9, que além de representar a prudência também representa muitos
sacrifícios em nome dessa união, pois é o momento de deixar os velhos
conceitos de lado sem abandonar a sabedoria deles para adquirir novos. Esta
lâmina é representada por um velho sábio, que não mostra a face e carrega na
mão uma vela acesa. A face oculta significa que a sabedoria se adquire com o
passar dos anos (tempos), como indica o corpo curvado do velho, mas sua
face não é determinada pelo tempo, pois o tempo, que tudo lhe ensinou,
muitas faces também lhe deu. O corpo velho e curvado representa o tempo de
aprendizado. A face oculta representa o aprendizado absorvido pela alma,
afinal o verdadeiro conhecimento aloja-se no espírito e na alma, mas somente
o sinal de velhice do corpo pode demonstrar a sabedoria terrena. A vela que o
velho carrega na mão simboliza sua consciência. É então que se encaixa a
palavra ‘prudência’. A sabedoria obtida ao longo dos tempos não precisa ter
face, mas tem consciência. Isso quer dizer que o homem já tem a medida dos
atos e das ações e por isso pode ser submetido a outros aprendizados, afinal
ele já tem consciência de que o aprendizado nunca termina. Agora vou lhe
explicar a lâmina nº 10, A Roda do Destino, como os sábios talmud a
chamam, ou A Roda da Fortuna. Essa lâmina trás em si o desenho de um
círculo e dentro dele dois triângulos entrelaçados formam uma estrela de seis
pontas. No alto pode-se ver uma esfinge alada, com corpo de leão e cabeça de
homem. Abaixo do círculo duas serpentes entrelaçam-se na pilastra que
sustenta o círculo. Esta lâmina talvez seja a mais complexa para muitas
pessoas que tentam compreender seus mistérios. Na verdade esta lâmina
resume toda a história, como ocorre com o nº 10. Representa o nº 1 e ao
mesmo tempo o nº 0 e é justamente isso que revela a verdade por trás desta
lâmina. O nº 0 é o caos, o vazio, a cegueira. O nº 1 o início, o começo. Esta
lâmina esconde essa dualidade. Ao mesmo tempo que ela pode elevar um ser
também pode derrubá-lo. Mas vamos ao seu significado. O círculo significa o
vazio e ao mesmo tempo o andar de todos os acontecimentos, o tempo
sempre em movimento. Um grande rei sábio chamado Salomão usou como
assinatura o símbolo desta lâmina e até explicou o seu significado para
muitos de seu povo. O simples círculo com os triângulos entrelaçados é um
talismã de poderes inestimáveis. O triângulo de cabeça para baixo tem vários
significados, mas vamos falar apenas de dois. Um é o Deus velado, o Deus
que a humanidade não conhece nem pode conhecer até o tempo certo chegar.
Este Deus velado eu já revelei. Tirei o véu que o escondia, é tudo que já

91
O LIVRO DA LUZ

contei sobre Deus. Este triângulo também representa o medo do


desconhecido, o preconceito sobre aquilo que não se conhece na íntegra e a
classificação disso como sendo o mal e todas as formas de energia negativa
existentes. As pessoas olham para essa parte da estrela como o mal ou o lado
mal das coisas. O triângulo com a ponta para cima é a luz, o bem ou o lado
bom das coisas. Também representa o Deus que todos conhecem e amam,
porém eu lhe digo que essa parte da estrela é nada mais que a sombra de
Deus, pois o verdadeiro Deus é aquela parte do triângulo que todos negam
por não saberem compreender ou não estarem aptos para isso. O círculo e a
estrela simbolizam a consciência da necessidade dos dois lados como
caminho único para a evolução. A pilastra envolvida pelas duas serpentes
representa Ida, Pingala e Sushumna, três grandes energias que se escondem
dentro de todo ser humano, mas que um dia se unem e despertam o homem
para a consciência do Divino. Após um nível de sabedoria considerado
suficiente para a transformação essas três energias despertam no ser humano.
Isso acontece quando o ser já tem um alto nível de consciência e o despertar
da energia é chamado de “o acordar da grande serpente de fogo” ou
Kundalini. Isso acontece quando a alma entra em harmonia profunda com o
espírito. É quando o corpo já tem consciência de sua alma como parte do
espírito, necessária para a evolução do mesmo. O corpo também se
compreende como roupa viva usada pela alma para expandir a consciência do
espírito. Em resumo esta pilastra entrelaçada por duas serpentes simboliza o
corpo, a alma e o espírito unidos em perfeita harmonia, aptos a acessar a
verdade que se esconde no círculo que rodeia a estrela de seis pontas. Na
verdade este círculo manifesta-se como a consciência dos três corpos já
unidos. A esfinge alada que está acima do círculo significa que o homem
dominou seus medos e sua ira. As asas da esfinge são as asas que libertam o
homem, que agora sabe o que realmente tem e o que nunca teve, mas
acreditou um dia possuir. Essas asas são o que o liberta desse mundo de
ilusões e o conduz ao mundo verdadeiro. É essa consciência que não permite
ao homem cometer erros, mas nem todos os homens chegaram a este nível de
sabedoria de maneira natural. Muitos usaram fórmulas mágicas, outros
forçaram o despertar das energias da Kundalini, que foi o caso do nosso sábio
rei Salomão. O despertar forçado termina sendo desastroso, pois os três
corpos humanos ainda não vivenciaram nem aprenderam tudo que deveriam
vivenciar ou aprender para chegar à harmonia necessária. Muitas dessas
interferências forçadas fizeram a lâmina nº 10, A Roda do Destino, ser vista
como uma lâmina de medo. Por esta razão também foi preservado por alguns
sábios o significado que lhe contei, que quer dizer apenas o seguinte:
- O homem consciente é livre e eterno, pois sua consciência está acima da
morte física. Chegar a este nível significa ter que lutar muito para se manter
ou avançar, pois os obstáculos não serão pequenos nem conhecidos. Um
mundo novo começa a se revelar e o homem tem que lutar para não
enlouquecer. Afinal ele viverá entre dois mundos e muitas vezes essas duas
realidades vão se chocar e poderão trazer grande confusão à cabeça do
homem. É esta lâmina que prepara o homem para a lâmina nº 11, conhecida
como A Força. Ela tem a imagem de uma bela mulher abrindo a boca de um

92
O LIVRO DA LUZ

leão, delicadamente e sem esforço algum. No alto de sua cabeça ela tem o
símbolo do universo, que significa que ela tem o conhecimento divino e todo
o seu poder e força vem deste conhecimento. Ela tem o poder da Verdade que
tudo amansa, acalma e domina. Esta é considerada a força indestrutível e
inabalável, pois está além da imaginação. Reúne em si as três formas de força
e poder: a força divina, a força moral e a força humana. É a força do querer,
do poder e da realização. O homem tem agora a consciência e o poder que
esta lhe concede, tudo em perfeita harmonia, mas o seu grande teste se
esconde na lâmina nº 12, que muitos chamam de O Sacrificado, O
Escolhido ou O Enforcado. Após atingir um nível tão alto de sabedoria o
homem deve passá-la aos seus irmãos, deve tentar ensinar o que aprendeu e
geralmente isso vai lhe custar um preço muito caro como a descrença e as
humilhações. Esta foi a lâmina que Cristo carregou nas costas quando desceu
à Terra para passar a verdadeira sabedoria à humanidade. Esta lâmina
representa um sacrifício em prol da verdadeira sabedoria, mas esses
sacrifícios grandiosos como o de Cristo são apenas para níveis de evolução
como o dele. Muitos seres temem esta lâmina por conhecerem seu
significado, que geralmente implica em sacrificar ou perder algo ou até
mesmo abnegar de alguma coisa. Somente no aspecto divino esta lâmina
representa o sacrifício do Cristo, que na verdade foi um grande sacrifício para
uma grande realização.
- A lâmina nº 13 (A Morte) representa a grande transformação, a evolução de
um nível de sabedoria para outro. Esta lâmina tem uma imagem de um crânio
e uma flor que germina do alto dele. Isto significa que é na morte que
encontramos a verdadeira vida, pois somente na morte terrena é que
encontramos a imortalidade. Também representa um recomeço a partir de um
final. Em suma, esta lâmina representa um círculo de eterno fim e recomeço e
transformações, sempre de forma brusca ou irreversível. No aspecto
planetário e universal esta lâmina representa uma transformação obrigatória,
sendo aplicada pela própria Lei da Natureza. Foi esta lâmina que surgiu para
mudar o destino da humanidade terrena na época em que o Cristo morreu. Ela
surgiu como um fogo devastador que queimou muitas crenças e credos
deixando o caminho aberto para a Verdade. É uma pena que esta Verdade
reinou por um curto período e logo depois passou a haver muitas distorções,
mas esta Verdade retornará e tomará conta da Terra, pois é assim que está
escrito nos livros sagrados Talmud e Kabalah. O Cristo foi o Crucificado, o
Enforcado (lâmina nº 12), mas também foi a espada devastadora da Verdade,
que calou a boca dos grandes sábios (lâmina nº 13).
- Agora vou lhe explicar a última lâmina que tem um aspecto dos gênios.
- Por que aspecto dos gênios, Rabi?
- Porque as oito primeiras lâminas (0 a 7) têm o aspecto divinal. Isso quer dizer
que elas dizem respeito ao Pai e sua criação. As outras 7 lâminas (8 a 14)
dizem respeito aos gênios. Esta é a parte mais difícil de explicar, pois os
gênios, além de serem os sete planetas que regem a Terra diariamente,
também são os espíritos de todos os seres humanos do universo. Isto quer
dizer que essas lâminas juntas são um grande livro sobre a evolução das
criaturas de Deus. As últimas sete lâminas (15 a 21) representam a evolução

93
O LIVRO DA LUZ

das criaturas criadas pelas criaturas de Deus. Na verdade essas últimas sete
lâminas representam as condições de evolução da humanidade. Elas
representam também os obstáculos colocados nas escolas universais
(planetas) para dar continuidade à evolução das criaturas. Quando eu começar
a explicá-los vai ficar muito mais fácil para você compreender o que estou
tentando explicar agora. Vamos primeiro dar continuidade às explicações
com a lâmina nº 14 (A Temperança). Nela se vê o desenho de uma criança
com dois pequenos vasos, um em cada mão. Um está com azeite e o outro
com água. Essas duas substâncias normalmente não se misturam, pois a água
repele o azeite fazendo-o subir e o azeite repele a água proibindo que ela
ultrapasse sua barreira, porém neste desenho é possível ver a criança misturar
essas duas substâncias, que na verdade são alma (azeite), corpo (água) e
espírito (criança). O espírito, que é a divina sabedoria, emana para a alma
tudo que ela vai precisar em uma encarnação e a alma, por sua vez, tem que
passar as informações necessárias para o corpo, que tem de enfrentar as
condições terrenas para viver. A água representa o corpo porque este é mortal
e a água é um fluido que nasce da terra, mas a própria terra o absorve, o que
significa que o corpo que neste mundo habita nele se acabará. A alma aqui é
o azeite porque este não morre simplesmente na terra. Se nela for jogado por
muito tempo ali permanecerá, proibindo que venha a nascer matéria viva
neste lugar, pois a alma precisa ter um corpo para animar. Seu corpo natural
são os frutos das oliveiras. Este mesmo azeite também dá vida longa ao fogo,
pois ele é a luz do homem e quando o azeite da alma é esgotado pelo fogo da
matéria o corpo do homem perde sua energia vital. O espírito, que com
facilidade mistura o azeite e a água, é a evolução da sabedoria. Isto significa
que uma simbiose entre corpo e alma começa a acontecer quando a matéria
passa a compreender as vontades e necessidades da alma, quando o corpo
começa a compreender a sabedoria divina e passa a ver sua vida como um
círculo constante de evolução que não tem fim. A maioria dessas lâminas já
tem explicações maiores em tudo que já lhe relatei. Por isso não estou me
demorando em explicá-las para não ser repetitivo demais. Vamos agora à
explicação da lâmina nº 15, conhecida como O Destino ou O Diabo. Esta
lâmina também é conhecida como a serpente que expulsou Eva e Adão do
Paraíso, para o povo que acredita nesta história, é claro. A verdade é que esta
lâmina marca os primeiros passos que o homem encarnado deve dar para sua
evolução. Para que você me compreenda bem vou lhe explicar esta lâmina
usando como base a estória de Adão e Eva e a serpente que os levou ao
pecado. Na estória da Bíblia a Gênese conta que Deus criou Adão e o paraíso
e somente mais tarde criou a mulher, mas a verdadeira história eu já contei.
Vamos apenas recapitular. Deus, como o homem, criou num processo de
evolução os seus primogênitos de suas próprias emoções. Tanto os primeiros
filhos como o próprio Pai não tinham uma aparência definitiva. Isso só
aconteceu quando Deus tirou de seu próprio coração um pedaço, momento
em que nasceu seu lado feminino (Eva), sua chama gêmea e somente depois
da evolução dela é que nasceram os filhos. Da lâmina nº 15 foram
encontradas diferentes imagens. Uma lâmina tinha apenas uma face de
homem e outra de uma mulher, ambos sendo engolidos por uma gigantesca

94
O LIVRO DA LUZ

serpente, mas uma outra lâmina encontrada dentro da esfinge do touro no


Egito retrata com fidelidade a verdadeira história. Mostra o desenho
simbólico de uma mulher nua em pé de um lado do riacho e um homem nu
do outro lado desse mesmo riacho. Eles estão separados, mas existe uma
corda fina que amarra o homem pelo pescoço ao ventre da mulher. No fundo
pode-se ver a imagem de uma crimera (ou quimera), uma mistura de cabra e
homem hermafrodita. Para não te assustar vou tentar descrever esta imagem,
que durante muitos anos aterrorizou as pessoas e, por incrível que pareça,
ainda continuará a aterrorizar por mais alguns milhares de anos. Esta crimera
tem as pernas de uma cabra, sua região genital está desnuda e deixa à mostra
um pênis ereto e é possível ver duas serpentes entrelaçadas no órgão. Da
cintura para cima este ser tem seios femininos fartos. Sua face é a de uma
cabra ou bode com chifres grandes, porém no alto de sua cabeça existe uma
tocha acesa. Seu braço direito aponta para o céu e o esquerdo para a terra. Em
suas costas as asas vermelhas estão abertas e o trono deste ser é um círculo
dourado representando o sol. Biblicamente falando esta é a imagem do
pecado que Eva levou Adão a cometer e condenou assim toda a humanidade,
mas não houve uma Eva ou um Adão culpado. Esta crimera é o agente da
evolução humana na Terra. Ela mostra tudo que o homem tem que passar
para chegar à evolução, a começar pelo fato de estar sentado encima do Sol.
Isto significa que o homem, enquanto permanecer ignorante, não poderá
enxergar a verdade ou a verdadeira luz. O fato de ter uma face de cabra
demonstra a face do pecado. Alguns seres sacrificam carneiros e cabras para
sanar suas dívidas com Deus, pois ao fazerem isso acreditam estar se
libertando de seus pecados. Esse é um costume muito antigo e para algumas
seitas ou religiões a oferenda a Deus de um belo animal dessa espécie é uma
boa maneira de ser perdoado por algum erro. Outras crenças acreditam que
esse ser é o “agente do mal” e o cultuam como criador das luxúrias. Os seios
femininos e o órgão sexual masculino mostram a união das duas polaridades
como sendo um só, unidos pelos pecados e pelo desejo carnal. O órgão
masculino entretocado por duas serpentes representa a briga eterna do bem e
do mal pelos prazeres da vida e da carne. O órgão sexual masculino são os
prazeres e as duas serpentes são o bem e o mal. A tocha que está no alto da
cabeça da crimera é a consciência que está acima de tudo e que vive em todo
ser vivo, mas aguarda a hora certa para despertar. As asas nas costas é a
maneira que esse agente encontrou de dizer que o ser humano é livre. Ele tem
liberdade ou livre-arbítrio para ter escolhido provas da Árvore da Sabedoria e
arcar com as conseqüências de não ter evolução bastante. O ser é livre para
errar e acertar. Somente o pecado pode evoluir o homem dando a ele
sabedoria o bastante para que compreenda seu próprio destino e tudo que nele
existe. O fato do ser apontar com uma mão para o céu e com a outra para a
terra tem vários significados. Dentre eles um diz que é preciso conhecer o
inferno para chegar ao paraíso. Outro explica que é preciso viver as dores da
ignorância para conhecer o alívio da consciência. O que você faz aqui
embaixo está sendo visto lá encima, o que está encima é o mesmo que está
embaixo. É preciso nascer para morrer e morrer para renascer. Ignorância é o
caminho para aprender e aprender é o caminho para o saber, etc. Analisemos

95
O LIVRO DA LUZ

o homem e a mulher separados por um riacho, porém unidos por uma fina
corda. Esta fina corda é a mão do destino, que significa que para ser vida o
homem precisa nascer. Por isso sua sabedoria, força e soberania não podem
existir se ele antes não habitar o ventre feminino, pois essa é a terra fértil
onde o homem pode plantar suas futuras encarnações. A mulher é a senhora
da germinação e o homem é o dono da semente, mas somente juntos podem
tornar possível o ato da criação. Outra explicação bem clara é o fato de que
hoje aquele que é homem um dia será mulher, pois o riacho que os separa é a
alma, que não tem sexo, cor ou credo. O destino atrai o homem pela razão,
guiado somente pelo que vê e sabe. O homem serve os conceitos sociais que
determinam sua posição como ser superior, que em tudo manda e em tudo
deve ser obedecido. A mulher tem o ponto fraco no seu ventre, pois é mais
fácil matar uma mãe através de um filho do que simplesmente matá-la através
da dor. Não há dor maior para uma mulher do que ter um filho morto ou
doente. Repousa sobre as mulheres a sabedoria que os homens desconhecem.
Quando é preciso são mais fortes que milhares de homens em fé, porém da
mesma maneira são devastadoras como fogo. Para sentir o que uma mulher é
em sua essência é preciso encarnar como uma. Para sentir o que um homem
tem em sua essência é preciso encarnar como um. Por isso homem e mulher
tem que ser um complemento do outro, pois ambos carregam sabedoria
oculta dentro de si, que só se revela quando se completam. O sentido bíblico
do homem e da mulher unidos significa que o homem teria que se reproduzir
como semente, a mulher seria o alimento da semente e a terra a desabrochar e
juntos teriam que ser os jardineiros cuidadosos a zelar pelo jardim pessoal.
Essa parte é vista como um castigo por muitas pessoas que não compreendem
a Bíblia. O riacho que separa o homem da mulher não é apenas a alma, mas
também são as diferenças que existem entre esses dois seres, porém não
posso me esquecer que no Talmud há passagens belíssimas que igualam o
homem à mulher como um só ser. No livro sagrado do Talmud a mulher, ao
contrário da Bíblia, não é vista como a costela do homem, mas como o
coração dele, tal qual Deus e sua chama gêmea. São como corpo e alma, um
não pode viver sem o outro. O Talmud ainda preserva alguns dos mais belos
poemas de Enoch. O rei Salomão as reescreveu milhares de anos mais tarde e
o povo atribuiu a autoria deles ao rei, talvez por não saber que o verdadeiro
autor de tão belas obras fosse Enoch, mas isso não vem ao caso. O importante
é relatar que a lâmina nº 15 para a Bíblia mal-compreendida é o princípio da
humanidade, e a Eva e o Adão, pais criadores dos homens e da humanidade e
a crimera que está por trás deles é o Lúcifer, o pecado que condenou todos os
seres vivos a serem expulsos do paraíso, porém para os livros que formaram a
Bíblia esta lâmina nada mais é que o destino trilhando o caminho da evolução
de todos. Relata apenas a nossa transferência de uma escola (planeta) para
outra em busca de evolução. Mais tarde, quando eu contar sobre os planetas
primários, talvez fique mais fácil compreender porque alguns seres acreditam
que deixamos um paraíso para viver num inferno. Só então a verdade vai sair
das sombras.
- Senhor Rabi, então quer dizer que tudo que está escrito na Bíblia não é
verdade?

96
O LIVRO DA LUZ

- Não é bem assim, meu pequeno aprendiz. A Bíblia foi escrita a primeira vez
numa escrita desenhada. Tudo era feito por imagens e estas eram fiéis à
Verdade. Também nesta época os sábios da Kabalah passaram para este novo
livro uma boa parte dos ensinamentos que existiam nos velhos. Na verdade
eles queriam tornar acessível as bases do conhecimento que tinham, só que
para isso tinham que reduzir ou resumir esse conhecimento passado para este
novo livro que hoje é chamado de Bíblia. Moisés, quando começou a
escrever o primeiro capítulo já era mais que um aprendiz, porém ao acessar
os pergaminhos sagrados do grande Livro de Enoch percebeu que tudo que
Enoch escreveu foi numa época em que a humanidade estava rumando para
sua primeira destruição e já não se compreendia mais. Moisés foi fiel aos
desenhos do Livro da Criação de Enoch, porém mais tarde algumas pessoas
convenceram Moisés que aquela história não fazia mais parte da verdade e
era muito fácil prová-lo, pois na época de Enoch a humanidade falava o
idioma universal e na época de Moisés já existiam muitas línguas. Como ter
certeza de que a escrita-desenho de Enoch retratava a verdade que Moisés
acreditava ser o princípio da criação? Moisés se negou a retirar todos os
desenhos, mas aconselhado por outros grandes homens de sua época tirou
partes que seriam essenciais para a compreensão dos enigmas bíblicos. Com
o passar dos anos este livro foi traduzido para outras escritas e línguas e foi
ficando cada vez menor. Em suma isso não é ruim, afinal tudo está revelado
em apenas 22 lâminas ou em 22 letras, o que na verdade é tão pouco para
compreender um universo tão grande, porém aquele que sabe o significado
dessas lâminas e das letras já pode se considerar um sábio. A Bíblia também
revela esta Verdade, mas é preciso estar apto para compreendê-la.
- Mas agora vamos dar continuidade à explicação das lâminas. A lâmina nº 16
é conhecida como O Reino de Deus, A Casa de Deus ou simplesmente A
Torre. No aspecto bíblico ela se refere à Torre de Babel, que os homens
construíram para chegar ao céu e terminaram por não compreender uns aos
outros, pois tiveram os idiomas trocados com a finalidade de não se
compreenderem e assim desistiriam de construir a torre gigantesca, mas o que
esta lâmina relata de verdade é a época do dilúvio, onde a Terra estava
tomada pela luxúria e pela loucura. Esta era uma época em que homens e
deuses cometiam erros em nome da própria ambição, época das grandes
crimeras, seres fabricados pelos excessos da magia de soberanos sem razão.
O nome A Casa de Deus foi dado porque esta torre tinha o objetivo de
conduzir o homem ao céu, ou seja, à casa de Deus. Na verdade esta lâmina
significa toda a destruição das três cidades do princípio da Terra: Atlântida,
Lemúria e Shangrillá. Para que você me compreenda melhor vou descrever as
imagens desenhadas nesta lâmina. Nela pode-se ver o desenho de uma
construção muito grande edificada como uma torre. Do lado de fora dela é
possível ver raios derrubando homens e mulheres que tentam escalar esta
torre, porém há 3 mil anos esta lâmina tinha outro desenho muito conhecido,
que por motivos religiosos foi trocado ou ocultado para sempre. Este outro
desenho era semelhante a uma grande Arca de Noé. Eis os dois lados desta
lâmina. O primeiro lado é a visão bíblica do ser humano que, não estando
contente com sua vida terrena, tenta voltar ao paraíso. Muitos seres que

97
O LIVRO DA LUZ

foram instruídos segundo os relatos da Gênesis acreditavam e ainda


acreditam que são filhos de uma Eva e um Adão pecadores e segundo a
Bíblia esses seres construíram uma torre para fugir das dores físicas, uma
torre que os levasse ao céu e deram a ela o nome de A Casa de Deus. Outros
a chamavam de Torre de Babel (Babel significa Babilônia). O outro lado
desta lâmina, que diz respeito à Arca de Noé, era apenas mais uma parte do
imenso quebra-cabeça, pois mostrava o desenho da arca protegida e do lado
de fora uma multidão de seres humanos suplicando perdão, tentando agarrar-
se à arca, enquanto as águas os engoliam. A lâmina nº 16 não era uma arca e
nem mesmo uma torre. Esses desenhos serviram apenas para a humanidade
perceber a grandiosidade de seus erros e sua ignorância. Esta lâmina marca a
primeira grande destruição da Terra, aquela a que todos dão o nome de
dilúvio. Ela marca uma época em que o equilíbrio material foi desfeito e a
Terra teve que ser destruída parcialmente. Toda a sabedoria mágica que
facilitava a vida dos homens foi consumida pelo fogo, pela água e pela
própria terra. Muitas catástrofes naturais se abateram sobre o nosso planeta
numa só época, porém é imprescindível dizer que Deus nada fez para causar
esta destruição, como alguns acreditam. Esta destruição foi obra do próprio
homem e daqueles que eram chamados de deuses, seres com conhecimento
de magia, mas sem sabedoria para utilizá-la de maneira correta. Naquela
época era muito fácil usar a magia da natureza e seus elementais (seres da
natureza), assim como era muito fácil descobrir e saber como utilizar o poder
dos astros, mas toda essa facilidade gerou aquilo que alguns chamam de
aberrações e outros chamam de dinossauros. Particularmente eu prefiro
chamá-los de crimeras. O mais incrível de tudo isso é que houve uma época
em que os seres humanos conseguiram viver em harmonia com esses seres,
mas como tudo que é bom dura pouco a natureza entrou em desequilíbrio
pela destruição causada pelo grande número de crimeras e as constantes
guerras entre eles e os humanos. Em resumo, o homem teve que perder tudo
que acreditava ter para mais tarde, numa outra vida, recomeçar. A lâmina nº
15 é a aceitação da evolução e a busca da sabedoria pelos caminhos das
encarnações. A lâmina nº 16 é a aceitação do esquecimento da magia para o
aprendizado da verdadeira sabedoria. A lâmina nº 17 (A Estrela) é a marca
do recomeço. O desenho desta lâmina retrata as condições e até mesmo o
período necessário para uma nova etapa terrena. Nesta lâmina é possível ver a
imagem de uma mulher nua (representando a Terra e o espírito do homem).
Seu corpo todo é luminoso. Ela pisa em uma grama verde, tem em cada uma
das mãos um recipiente vazio e acima de sua cabeça oito estrelas brilhantes
formam o símbolo do universo ( ∞ ). Ela representa a Terra como uma
virgem pura, pronta para ser semeada, e o espírito do ser humano como a
consciência carregando o corpo e a alma, que são receptáculos vazios,
prontos para serem preenchidos. Porém existe uma imagem que representa a
lâmina nº 17 em sua total perfeição. É um desenho muito antigo, feito na
época dos primeiros faraós. É o desenho de uma bela flor de lótus totalmente
branca, que surge das águas turvas de um rio. Acima dessa flor de lótus
aberta senta-se harmoniosamente a Ísis e no alto de sua cabeça um conjunto

98
O LIVRO DA LUZ

de oito estrelas fazem o símbolo do universo(∞ ). A flor de lótus pura e


branca, que nasce de águas profundas e turvas simboliza o renascimento da
vida e da natureza após a destruição. A Ísis é o símbolo da sabedoria
universal, que tudo equilibra. Resumindo, essa lâmina representa o renascer
do homem e da natureza após o período de destruição, biblicamente falando
após a queda da Torre de Babel e a briga de Jacó com o demônio.
- A lâmina nº 18 (A Lua) marca o princípio de uma rivalidade muito grande. A
princípio os desenhos desta lâmina mostram uma batalha entre dois irmãos.
Explicando melhor vê-se o desenho de um cão negro de um lado e um cão
branco do outro. No céu a Lua está de um lado e o Sol do outro. Os dois cães
estão separados por um rio e no outro lado do rio surge um escorpião que
avança em direção aos dois. Em alguns desenhos o escorpião é substituído
por um escaravelho.
- Os dois cães representam também os herdeiros de um grande faraó. Um é
filho legítimo e o outro é adotivo, salvo da morte quando ainda era bebê (ver
pg. 23). A esposa do faraó o salvou justamente numa época em que todos os
filhos (meninos) das escravas estavam sendo mortos pela tirania alucinada de
um faraó louco, que descobriu o verdadeiro poder que se escondia por trás de
um povo. Este faraó temia a reencarnação do faraó Akhenaton, o faraó mais
evoluído de todos os tempos, aquele que por curtos 17 anos mostrou a seu
povo a verdade sobre o legítimo e único Deus. Mas não era só a volta de
Akhenaton que o faraó louco temia. Ele também temia a vinda de um
Messias, que ele acreditava que nasceria naquela época, porém o que ele não
sabia era que o Messias só havia proclamado sua vinda e pouquíssimos seres
sabiam com certeza a época de seu nascimento. Em resumo, o faraó acreditou
ter dado fim aos seus pesadelos quando mandou matar tantos seres inocentes
dando-os aos crocodilos, leões e hipopótamos, além de oferecê-los como
sacrifício aos seus deuses. O sangue inocente mudou o Egito e a balança
divina tratou de equilibrar as coisas no universo. Além de fazer esses
sacrifícios com crianças alguns faraós acreditavam que tomar banho ou beber
o sangue de bebês ou crianças de até 7 anos os manteria jovens e fortes. Isso
era uma verdadeira aberração diante do divino Pai, mas apesar de todo seu
esforço para impedir o nascimento do Messias o faraó não evitou o
nascimento de um grande profeta salvador (Moisés) e sem saber quem era o
próprio faraó o criou e o instruiu nos aprendizados sagrados dos antigos. Seu
filho legítimo não se interessou muito por este aprendizado, fato com que o
faraó não se importou, pois acreditava que ambos governariam juntos e assim
um teria o apoio do outro. O relato bíblico todos conhecem. O filho legítimo
assumiu o trono e o filho adotivo descobriu os crimes que seu avô e pai
cometeram. Foi então que a guerra entre o filho da Lua e o filho do Sol
começou. O filho do Sol era considerado o filho da verdade e o filho da Lua o
filho da falsa sabedoria (magia), aquele que tem o poder, mas não o conhece
realmente. Na verdade essa lenda representa a luta entre o bem e o mal. O
escorpião ou escaravelho no meio dos dois cães é a morte, a fatalidade, as
inúmeras mortes que iriam acontecer nesta guerra de irmãos. A lâmina nº 18
representa uma época muito difícil. Muitos anos de luta árdua entre a luz e a

99
O LIVRO DA LUZ

escuridão. Esta lâmina foi criada para marcar este período de grande
importância para a raça humana. Foi criada para fazer-nos lembrar que a
verdadeira sabedoria dos livros sagrados chegaram a pertencer a seres que
tinham apenas o desejo de poder, porém mesmo tendo os livros sagrados e o
poder que esses revelavam faltava o principal, a compreensão do poder, algo
que faz de um leitor de oráculo o próprio oráculo, do profeta o próprio Pai.
Quando digo que um profeta pode ser Deus não estou dizendo que um ser
humano seja Deus de fato, porque Deus é único, porém o único que tudo é e
tudo habita. Quando o homem tem a consciência de que de tudo faz parte e
que o Todo faz parte dele ele sente o infinito dentro de si e lembra-se que
Deus deu a ele os mesmos direitos que deu a si próprio e somente a grande
verdade pode destruir as ilusões de poder. A verdade não está em ter o poder,
mas em ser o poder. Só pode sê-lo aquele que tem consciência profunda de
estar unido ao Uno.
- A lâmina nº 19 (O Sol) explica com clareza essa união. Ela trás o desenho de
um Sol muito brilhante que repousa nas costas de dois seres inocentes, o ser
humano completo de mãos dadas com sua consciência. Na verdade esta
lâmina é uma demonstração alegórica para alguns, porém muito real para
outros. Ela demonstra Deus encarnado na Terra no mesmo instante em que
está no céu. Os dois seres de mãos dadas são Deus e Cristo caminhando pela
Terra. O Sol brilhante no céu é Deus com todo seu poder e Verdade. Esta
lâmina afirma o poder que Cristo tinha ao falar em nome de Deus. Representa
o Pai no filho e o filho no Pai, o duplo como o Uno. Representa a Verdade
que desceria sobre a Terra e se manifestaria em meio aos homens através de
um homem. Esta lâmina representa a vinda da Verdade, do verdadeiro poder.
O Sol é o fogo que queima para revelar o que existia por trás das sombras.
Este foi o verdadeiro poder que Cristo veio revelar à humanidade e que
desagradou a muitos já conhecedores dessa Verdade (digo apenas
conhecedores, mas não aplicadores dela). Em suma, esta lâmina representa a
vinda do Messias. É a verdade de mais um capítulo na história da
humanidade. É também a prova de que toda a história já está escrita há muito
tempo, mas algumas pessoas só poderão compreendê-la quando já tiver
acontecido tudo. A lâmina O Sol representa a Verdade reveladora, pois a luz
do dia revela o que a escuridão da noite esconde. Por essa razão vários seres
temem a noite, justamente por ela velar, esconder as más intenções dos seres
humanos e também por ela revelar o medo e a insegurança dos mesmos. Na
verdade a noite é tão reveladora quanto o dia, pois a noite é o momento em
que nos damos conta de que temos receios, temores, insegurança, más
intenções, emoções perturbadoras e até mesmo incontroláveis. Obviamente
que não somos todos iguais e é claro que alguns já têm controle desse lado
desconhecido, mas uma grande maioria ainda o teme. Como já disse, a
lâmina nº 19 (O Sol) é a lâmina da vinda do Cristo e de toda a sabedoria que
Ele traria à Terra.
- A lâmina nº 20 é a lâmina dO Julgamento, da grande transformação. Ela
marca as ações do homem sendo julgadas pela Lei da Natureza. Mostra um
desenho alquímico do ser humano dentro de um túmulo que aos poucos vai se
decompondo e se transforma numa árvore. Isso significa que deste mundo o

100
O LIVRO DA LUZ

homem nada levará senão aquilo que ele aprendeu e sentiu, pois seu corpo
perecível morrerá na forma visível, mas continuará a dar vida à natureza. Na
verdade é como se o corpo do homem se transformasse numa pequena
semente ou simplesmente fosse o adubo para ela. Na natureza nada se perde,
tudo se transforma, pois a Mãe Natureza não rejeita nada que dela veio, mas
rejeita o que do homem pode vir. Por isso devemos ter o cuidado de preservar
a Mãe Natureza da nossa ignorância e intolerância, pois a nossa mão
devastadora pode até ser forte, pode até dizimar espécies e destruir nosso
próprio habitat natural, mas a mão da Mãe Natureza com certeza é muito
superior à nossa e quando não tiver mais saída ela vai julgar quantos de nós
devem permanecer nesta linda escola, mas isso é uma história já escrita e
cujo final muitos já sabem. A primeira etapa de seres humanos deve partir e
seguir seu aprendizado em outras escolas. Deve permanecer aqui apenas uma
pequena quantidade de seres humanos para repovoar a Terra e reconstruí-la
sem destruí-la, preservando-a para um futuro ainda muito distante, quando
enfim ela receberá novos alunos para um novo estágio em que ela será uma
escola já transformada. Porém não é apenas este o significado da lâmina nº
20. Ela também retrata a evolução do homem pelas suas encarnações, sua
sabedoria e seu nível e há quanto tempo ele vem se transformando. É esta
lâmina que basicamente certifica que o homem está apto a deixar a Terra
como escola, pois deve buscar aprendizado diferente em outros planetas
(escolas).
- Agora vou adentrar numa polêmica entre sábios e magos. Meu pequeno
aprendiz, você se lembra que eu comecei esta explicação a partir da lâmina
número zero (0)?
- Sim, senhor Rabi, eu me lembro.
- Meu bom Osha, alguns sábios e magos dão a essa lâmina o número 21 (O
Louco), pois preferem começar a contagem dessas lâminas pelo nº 1, porém
há um segredo que poucos magos e sábios sabem ou concordam com ele. A
lâmina nº 0 também é a lâmina 21. Como já expliquei, ela representa o vazio,
o caos, o nada onde o princípio resolveu se fazer verbo, porém isso apenas
para o aspecto divino. Para o aspecto humano ela é a lâmina nº 21 e não a nº
0. Ela é o nº 0 quando queremos compreender o princípio do Uno, mas para
compreendermos a parte que cabe à humanidade ela é a lâmina nº 21, que
representa o caos, o tudo, o exagero material, a desordem, a loucura, a perda
da razão e do controle. Portanto como lâmina nº 21 ela afirma que o homem
vai chegar ao limite de seu egoísmo, de sua cobiça, de sua ira, de sua
intolerância e de sua loucura. O homem vai se achar Deus, vai crer que é
possível ser dono de tudo e que tudo pode construir e destruir também. Desta
verdade que estou lhe ensinando apenas 10% da humanidade ainda se lembra
e, mesmo assim, não na íntegra. Os 4% que a conheceram na sua totalidade
não tiveram força para transmiti-la e outros simplesmente tiveram medo, mas
dentre tantos seres humanos surgiram algumas pequenas formiguinhas que se
transformaram em mártires desta Verdade. Esses serão os poucos escolhidos
para salvar o pouco da humanidade que deverá ficar na Terra quando a
primeira etapa partir, mas posso afirmar seguramente que os salvadores não
salvarão a si mesmos.

101
O LIVRO DA LUZ

- Mas por que, senhor Rabi?


- Eles compreendem que é sua última missão. Salvar a humanidade não
significa tornar-se responsável por ela. Além disso ela tem o livre-arbítrio de
recomeçar a vida com a sua própria visão e vontade, aprendendo cada um
com suas próprias experiências. Tudo isso acontecerá para que uma só
verdade prevaleça na Terra, para que a mulher vestida de sol reine absoluta
diante das falsas verdades criadas pelo homem.
- O senhor está me dizendo que a Terra será destruída para destruir as mentiras
que existem nela?
- Infelizmente, meu pequeno aprendiz, é quase isso que vai acontecer. Em
primeiro lugar a Terra não será destruída inteiramente, apenas um pouco mais
que a metade. Na verdade a humanidade vai se transformar em um caos total
por ter tantas falsas verdades denominando-se ‘verdade divina’ e essas
estarão lutando entre si pelo poder de ter o controle geral. Será uma época
difícil, onde as pessoas estarão confusas e alguns seres se aproveitarão disso
para transtornar ainda mais as mentes humanas. A Terra estará tomada pela
violência e pela injustiça, pela ignorância, intolerância e descrédito. Os bens
materiais serão como templos de adoração e todos acreditarão estar com a
razão. Mas tudo isso ainda é muito pouco diante da realidade total da lâmina
nº 21. Para o Divino ela é o vazio que o princípio gerou e para o homem ela é
o Tudo que precisa ter fim.
- A lâmina chamada de O Mundo é também a última de todas e é o nº 22 para
quem conta a partir da lâmina nº 1. Para quem conta a partir da lâmina nº 0 O
Mundo é a lâmina nº 21. Ela trás a imagem de uma bela jovem nua. Seu
corpo é suavemente coberto pela luz do Sol, que parece nascer de seu ventre
(por isso a chamo de ‘A mulher vestida de Sol’). Uma grande serpente
(Oroborus) faz um grande círculo, ficando a mulher no centro. Esta serpente
fecha o círculo mordendo a própria cauda. Três animais e um querubim estão
em volta desta mulher. Uma águia representando o ar e a sabedoria, um touro
representando a terra e a força, um leão representando o fogo e os instintos e
o querubim representando a água e o homem. Agora, juntando cada parte
deste desenho vamos encontrar a evolução do homem em sua totalidade. A
mulher nua ao centro de tudo representa a Verdade divina. Seu ventre
iluminado por raios solares significa que ela, além de ser portadora da
Verdade, também dará a luz a essa Verdade. Ela é como a consciência que
aos poucos vai desabrochando no ser humano. A lâmina nº 22 representa a
única Verdade que irá sobreviver. Em alguns aspectos ela representa a
religião única que deveria existir na Terra. Esta religião resistiria a todos os
pecados capitais e a todas as outras religiões que dizem ter nascido da
Verdade.
- Na Bíblia (Apocalipse 12;1-12) fala-se de uma grávida que, com dores de
parto, vai para o deserto tentando fugir do dragão de 7 cabeças (sete pecados
capitais) e dez cornos (desobediência às leis de Deus, os 10 mandamentos).
Mesmo assim o mal ataca a mulher devido a sua fraqueza, porém ela é pura,
santa, porque vai ser mãe. Ela dá a luz a uma criança do sexo masculino, que
será rei de todos os povos (a crença do mundo novo que luta contra a crença
antiga). O dragão cospe um rio para devorar o filho da mulher (esse rio é a

102
O LIVRO DA LUZ

sociedade e as falsas doutrinas nascidas da imaginação desregrada e que


tendem a controlar tudo e a todos), mas a terra absorve o rio (o que nasce da
terra a ela retorna) e por cima dela só a Verdade é eterna e só ela não pode ser
devorada. Na verdade essa mulher é a Verdade que Cristo deixou na Terra e
que os anos e as muitas religiões foram distorcendo, transformando esta
Verdade em outras falsas verdades, usadas para controlar o povo e mantê-lo
sob um regime de submissão voluntária. O filho da mulher é a vitória de uma
crença única em um só Deus. É a transformação de todas as crenças em uma
só, uma crença sem nome, guiada pelo amor incondicional, sem preconceitos
de raça, cor, credo ou posição social. Uma crença feita, ou melhor, nascida da
Verdade resumida nos dois mandamentos de que Cristo falou a seus
apóstolos: Amar a Deus sobre todas as coisas (inclusive a religião) e a teu
próximo como a ti mesmo. A lâmina nº 22 revela esta Verdade e muitas
outras, como os três animais e o querubim, que simbolizam a Terra e seus
elementos, o homem e seus aspectos de evolução. O touro é o homem
submisso à terra, usando a força para construir seu caminho. O leão é o
homem usando seu poder irracional, a força bruta que devora e destrói. A
águia é o homem buscando a sabedoria através daquilo que não pode
alcançar. Tudo que o homem não pode possuir é superior a ele até que este
compreenda que faz parte daquilo. Unindo o homem (querubim), o touro, o
leão e a águia temos um ser sábio, mas não necessariamente evoluído para ter
a consciência dessa Verdade que a lâmina nº 22 explica tão claramente. É
preciso compreender os círculos de reencarnações (representado pela
serpente em volta da mulher) planetárias e estagiárias. Planetárias são as
vidas que vivemos passando de um planeta para outro. Estagiárias são as
vidas que passamos numa escola (planeta). Enfim, a lâmina nº 22 é o grande
arcano da Verdade, é o símbolo que representa um futuro inevitável. O
caminho que todos terminam um dia alcançando, a Verdade absoluta que
liberta o homem das correntes preconceituosas da ignorância.
- Bem, meu pequeno aprendiz, como havia lhe prometido, aí está o segredo da
vida revelado, mas tu não deves esquecer que te revelei apenas o princípio
desses segredos. O restante cabe a cada um descobrir dentro de si mesmo,
afinal o conhecimento é apenas a margem. A evolução e a compreensão são
um oceano infinito.
- Senhor Rabi, como cabem tantas explicações, como cabe um universo inteiro
dentro de apenas 22 letras ou 22 lâminas? Como é possível explicar tudo em
tão poucas palavras?
- Este é um segredo divino que Deus ofereceu a alguns seres para eles
revelarem aos demais no tempo oportuno. A maioria das pessoas acredita que
jamais chegará aos mistérios divinos. Outros vivem buscando
incansavelmente por esses segredos. A maioria termina por se confundir
ainda mais e não chega a lugar algum. Deus não é um mistério. Nós o
denominamos mistério por não compreender a linguagem com que Ele nos
fala. Passamos tanto tempo prestando atenção só nas coisas que nos são
visíveis que terminamos por desacreditar do invisível, mas Deus não é
invisível como pensa a grande parte da humanidade. Deus está em tudo que
tem vida, em tudo que é natureza viva. A água, o ar, o fogo, a terra, as

103
O LIVRO DA LUZ

árvores, animais, homens, etc., tudo isso são as tantas formas de Deus ser
visível. Para evoluir o homem tem que passar por inúmeras encarnações e
planetas, processo que torna o homem apto a compreender os 22 caminhos da
Verdade e assim desvendar seus próprios segredos, revelando para si o Deus
que habita cada ser vivo. Assim o homem entende que faz parte do Um e que
o Um é parte dele. Sempre foi e sempre será.
- Senhor Rabi, eu posso hoje ter alguma lembrança do planeta onde vivi?
- Sim, meu querido, é possível você vir a ter algumas lembranças da sua última
escola estagiária.
- Por que o senhor chama os planetas de escola estagiária?
- Porque é isso que na realidade eles são, meu menino.
- Mas não existe nenhum planeta que tenha habitantes fixos?
- Sim, existe, porém não podemos dizer que seus habitantes são totalmente
fixos, pois grande parte desses habitantes vivem viajando a outros planetas
para ajudá-los no processo de evolução. O universo em si é uma grande
morada. Como o Grande Pai disse, o espírito habita onde desejar.
- E como são esses planetas e qual é a diferença deles para os planetas
primários?
- Um planeta primário, meu querido, é exatamente como a Terra. O planeta
que hoje habitamos é chamado de primário porque foi construído
especialmente para nós, mas para você compreender essa história direito vou
lhe explicar o princípio das coisas. Existem várias classificações planetárias.
A primeira é o planeta natal, a segunda são os planetas escolas e a terceira
são os planetas fixos. Vamos começar pelo planeta natal. Para isso é preciso
que você se lembre da explicação que lhe dei sobre os seres que ainda vão
nascer, mas que por Deus já foram criados.
- Isso tudo é muito confuso, senhor Rabi.
- Eu sei, meu querido, mas não se preocupe. Vou esclarecê-lo o máximo
possível. No universo existem milhares de espíritos que ainda vão despertar
através das emoções daqueles que estão em estágio de evolução. Para isso
esses espíritos precisam de um lar. Na verdade eles já têm um lar e isso
funciona basicamente assim. Digamos que Deus criou várias estufas no
universo e nelas Ele plantou milhares ou bilhões de sementinhas, que
precisam apenas ser regadas com emoções para despertarem. Ao despertarem
passam a habitar o planeta natal. Ali essas sementes têm suas primeiras
experiências, seus primeiros atos e ações e passam por um período de
evolução sem misturas. Isso quer dizer sem ter misturas planetárias. Os
únicos seres que entram num planeta natal ainda autêntico são os Amorazins
e os Evins, seres que se encontram num nível angélico, que vão para esses
planetas justamente com a finalidade de evoluí-los. Quando os habitantes
desses planetas alcançam o nível de evolução desejado eles estão aptos a
passar para o nível estagiário. Vamos dar um exemplo melhor. A Terra foi
construída para ser habitada por seres de 12 planetas completamente
diferentes, tanto em aparência quanto em atitudes, comportamentos e ações.
Antes desses seres habitarem a Terra seus planetas natais foram
transformados em uma grande sociedade e as 12 diferentes populações
(tribos) fundiram-se naquilo que no universo é chamado de pirâmide

104
O LIVRO DA LUZ

evolutiva. Desta fusão nasceu uma nova raça com três níveis semelhantes de
sabedoria. O primeiro nível foi chamado de Atlantis (filhos dos Amorazins),
o segundo nível foi chamado de Shangrillá (filhos dos Evins) e o terceiro
nível de Lemúria (filhos dos Infinins). Esses seres jamais haviam se
encontrado, jamais haviam visto outro ser que não fosse de seu próprio
planeta. Na verdade jamais haviam saído de seus planetas natais. Todos
sabiam lidar com seus preconceitos, com suas diferenças, experiências
normais de qualquer planeta, porém agora teriam que aprender a lidar com
seres completamente diferentes, de diferentes planetas, de níveis diferentes.
Era tudo novo e muito estranho. Assim os Amorazins, junto com os grandes
legisladores do universo, resolveram chamar esta nova mistura humana de A
3ª raça ou As três raças. Mesmo estando num nível semelhante as
diferenças eram gigantescas, afinal semelhante é apenas um nível parecido,
mas não igual. Na verdade funciona assim: desses doze planetas natais que
evoluíram para um nível invisível foram escolhidos os seres que ainda se
encontravam em um nível de sabedoria insuficiente. Isso significa que esses
seres ainda não estavam aptos a viver num nível superior e por isso tinham
que passar pela experiência de viver com os opostos em todos os aspectos.
Desses doze planetas surgiu uma raça completamente mista. No princípio
havia seres azuis, outros tinham caudas como animais, outros tinham chifres,
três olhos e alguns pareciam meio humanos meio peixes, como as sereias.
Para seres que jamais haviam visto um ser diferente foi um choque, um
verdadeiro impacto visual, porém os legisladores sabiam que mesmo com
tantas diferenças esses seres já podiam viver juntos no mesmo planeta sem
extinguir uns aos outros. Logo que a Terra foi construída e completamente
adaptada para as 12 tribos os primeiros milênios seriam comandados por
todos, afinal eles não eram mais 12 tribos diferentes, mas uma nova raça com
níveis diferentes de sabedoria (lembre-se que eu disse que os níveis eram
semelhantes, mas não eram iguais). O primeiro nível, dos atlantes, era
considerado o mais evoluído (filhos dos primogênitos de Deus, os
Amorazins). O segundo nível era dos shangrillês (filhos dos Evins). O
terceiro nível era dos lemurianos (filhos dos Infinins). Passado um período na
Terra os seres celestiais e os legisladores resolveram determinar uma
aparência mais adequada aos habitantes deste novo planeta. Fizeram isso para
que atlantes, shangrillês e lemurianos parassem de destruir uns aos outros,
fato esse que estava acontecendo por inconsequência da superioridade de
seus líderes, que viviam disputando quem tinha mais poder ou sabedoria.
Esses líderes eram chamados de deuses, pois tinham poderes que lhes foram
conferidos para ajudar o povo na adaptação ao novo planeta e suas novas
regras, porém alguns milênios de destruição e loucuras levaram a Terra a
sofrer sua primeira grande catástrofe. Foi então que mudar a aparência se
tornou uma necessidade e todos passaram a ter uma aparência semelhante,
ficando apenas com cor da pele, olhos e cabelos diferentes. Dessa maneira
ninguém mais se lembraria dos atlantes, shangrillês e lemurianos, pois a
barreira visual havia sido destruída, mas no inconsciente isso não
desapareceria. Pouco tempo mais tarde o preconceito visual estava de volta e
a velha luta pela superioridade retornava à Terra. Na verdade este preconceito

105
O LIVRO DA LUZ

já vem de outros planetas, mas tudo isso já era previsto, afinal juntar 12 tribos
(planetas) que jamais haviam visto ou imaginado outro ser obviamente seria
um susto, mas enfim agora todos tinham que viver nesta grande escola
estagiária chamada Terra. A Terra é chamada de escola estagiária porque é
um planeta primário. Explicando melhor, é mais ou menos assim. Digamos
que alguns jovens passem os quinze primeiros anos de suas vidas dentro de
suas casas junto com suas famílias, conhecendo apenas alguns parentes,
vizinhos e amigos. De um momento para outro esses mesmos jovens, que não
conhecem nada além de seus mundos, são convocados a passar 10 anos em
uma escola de sabedoria. Esta escola recebe diversos jovens de muitas partes
diferentes do mundo. Jovens com costumes e tradições diferentes terão que
aprender a superar suas barreiras de medo, desconfiança e de preconceito
para só então descobrirem que são justamente as diferenças que formam a
base de todo o aprendizado. A Terra é um planeta primário pelo fato dela
jamais ter sido habitada. Isso quer dizer que é a primeira vez que ela serve
como habitat, além de dar aos seus habitantes a oportunidade do primeiro
encontro. Por isso também é uma escola estagiária, onde todos vêm para
aprender uns com os outros. Logo que termine este aprendizado os habitantes
da Terra voltarão para suas 12 tribos. Obviamente que elas já estão
transformadas na terceira raça e é claro que a Terra fará parte desta terceira
raça, afinal ela é a conclusão da evolução física desta 3ª raça. Nascerá então
no mundo celeste a escola evolutiva da terceira raça, isso quando a Terra
passar do estado visível para o invisível. Assim a Terra alcançará o nível das
grandes escolas celestes que já existem no universo.
- Senhor Rabi, se eu entendi direito o senhor está dizendo que toda vez que 12
planetas se juntam uma escola nova é construída?
- Muito bem, meu pequeno aprendiz, é exatamente isso. A cada fusão de 12
planetas uma escola nova é construída. É como se 12 pessoas de diferentes
raças e costumes construíssem juntas um novo habitat com as características
particulares de cada ser. Assim é a Terra. Uma grande e bela mistura,
infelizmente ainda incompreendida.
- Rabi, como é um planeta fixo?
- Os planetas fixos não necessariamente são a morada de todos os seus
habitantes, mesmo porque somos todos filhos do universo. Não temos
morada certa e vivemos de escola em escola até o infinito, afinal somos todos
eternos aprendizes, mas algumas vezes sentimos falta dos nossos espíritos
afins, seres que amamos muito e que vez ou outra encontramos em algumas
encarnações. É com essa finalidade que se faz os planetas fixos, que na
verdade são um dos 12 planetas natais que mais tarde se tornam um ponto de
encontro fixo, onde os espíritos marcam para voltar a se encontrar. Assim a
fusão dos 13 planetas fica perfeita, aquilo que chamam de As três raças,
planetariamente também chamado de A Pirâmide da Evolução, que é
composta de um planeta primário (escola estagiária), um planeta natal (a
fusão de 12 tribos) e um planeta fixo (o lar celeste).

106
O LIVRO DA LUZ

- Assim fica muito mais fácil compreender porque é feita a fusão dos planetas
e também é mais fácil compreender que todos os nossos defeitos ou
qualidades já vem nos acompanhando desde o planeta natal e não
necessariamente do planeta que habitamos atualmente.
- Rabi, como saber se estamos num planeta natal ou numa escola estagiária?
- Isso é muito simples, meu querido. Num planeta natal todos os seres têm uma
aparência praticamente igual. Por exemplo os asiáticos. Todos têm uma pele
amarela, olhos pequenos e puxados, cabelos lisos, grossos e negros. O povo
africano tem pele negra, olhos arredondados e negros e cabelos crespos.
Outros povos têm pele vermelha, cabelos longos, lisos e negros, etc. Cada ser
que descrevi pertence a um planeta onde só tem iguais. Na Terra, onde
vivemos, têm todos esses seres e muito mais. Isso classifica-a como uma
escola estagiária onde todos que aqui se encontram tem o mesmo intento, que
é aprender e evoluir. Na escola estagiária o maior de todos os aprendizados é
poder encarnar por várias vezes em peles diferentes justamente para saber
como viver e conhecer também as diferenças de todas as tribos que vivem na
Terra. Esta é a grande magia da escola estagiária onde, para descobrir como
uma tribo vive e sente, basta encarnar nela.
- Senhor Rabi, qual é o significado dos animais que as pessoas chamam de
signos?
- Muito interessante esta sua pergunta, meu pequeno Osha. Poucos conhecem
os segredos desses animais na íntegra. Tudo começou com os primeiros
habitantes atlantes, shangrillês e lemurianos, seres que ainda possuíam a
consciência de suas raízes. Cada animal desses doze representam uma tribo
(planeta), porém os representantes das três raças não concordavam muito em
relação à aparência desses animais. Exemplo: os atlantes aderiram ao
escorpião como um de seus animais-símbolo. Os shangrillês aderiram à
serpente, os lemurianos usaram o elefante e assim por diante (alguns desses
animais-símbolo foram alterados mais tarde). No fundo os doze signos têm o
mesmo sentido: representar cada tribo que existe na Terra. Eles são como a
bandeira do planeta natal das tribos que aqui vivem, mas não termina por aí.
Eles também têm forte influência sobre os seres que nascem sob a regência
deles. Cada mês é regido por um animal e as pessoas recebem a influência do
animal que rege o mês do seu nascimento, porém o mais importante é a
transformação que cada um desses animais causa na Terra quando a rege por
um tempo muito longo chamado “era”. Grandes mudanças estão sempre
acontecendo a cada entrada de uma nova era. Poucas são as eras marcadas

107
O LIVRO DA LUZ

pelo equilíbrio. Todas são sempre cheias de conflitos, mas isso tudo tem uma
explicação muito simples. Cada animal representa uma tribo (planeta). Este
planeta, por sua vez, manda uma grande carga de energia para a Terra
governando-a por uma era. Isso significa que a Terra fica sob influência de
uma das 12 tribos e seu planeta natal. Esta é uma maneira da Terra receber a
energia dos planetas que compõem seus habitantes.
- Isso é muito confuso, senhor Rabi. Eu não estou entendendo direito o que o
senhor realmente quer dizer.
- Tudo bem, vou explicar de uma maneira mais fácil. Há 10 mil anos atrás uma
era tinha 120 anos, porém o tempo daquela época era muito diferente do
tempo de hoje. 1.080 anos daquela época era equivalente a 2.160 anos do
tempo de hoje. Isso significa que há 10 mil anos atrás o tempo passava mais
lentamente e hoje o tempo já acelerou muito. É muito provável que no ano
2000 depois de Cristo o tempo estará ainda mais acelerado, porém acredito
que poucos farão a contagem correta de uma era. Existe uma ampulheta
dentro da Grande Pirâmide do Egito que marca corretamente o verdadeiro
tempo de uma era. Assim toda vez que se acaba uma era e uma nova começa
esta ampulheta abre um portal do tempo onde os acontecimentos da nova era
passam a ser percebidos por alguns seres especiais, que devem lutar para
prevenir a Terra desses acontecimentos. No ano 2000 d.C. muitos seres
acreditarão estar vivendo no princípio da Era de Aquário, mas na verdade
naquele ano ela já estará terminando. A Era de Aquário será a mais evoluída
materialmente. Os homens terão acesso a uma tecnologia muito avançada, se
aproximando um pouco da tecnologia dos atlantes, shangrillês e lemurianos e
a catástrofe que essa tecnologia irá causar à humanidade também será muito
semelhante àquela que aconteceu às três civilizações.
- O que é tecnologia, senhor Rabi?
- Na íntegra é um grande avanço material. No passado muito distante os seres
humanos terrenos tiveram acesso a uma sabedoria que os ensinou a construir
máquinas maravilhosas. Imagine que existisse algo que possibilitasse ao
homem voar para lugares distantes em poucas horas. Agora imagine que
esses objetos voadores fossem construídos pelo próprio homem. Pois bem,
tudo isso não é apenas imaginação. No passado os seres humanos tiveram o
privilégio de acessar uma tecnologia inimaginável para os homens de hoje e
no futuro apenas 40% dessa tecnologia voltará à Terra e isso deve acontecer
justamente na Era de Aquário. Quando o planeta Terra estiver sob o comando
da tribo e influência de Aquário essa tecnologia (sabedoria) tomará conta do
planeta e em apenas 120 anos a Terra estará vivendo um verdadeiro colapso.
Em tão curto prazo a natureza estará reduzida a apenas 30% do que era. Os
grandes colossos de pedra estarão no lugar onde um dia existiram grandes
matas e suas centenárias árvores. Animais se extinguirão, desaparecendo
completamente da Terra. Pássaros e árvores também irão desaparecer.
Restará apenas 20% de tudo que hoje podemos ver e usufruir e tudo isso
acontecerá em apenas 120 anos. A Era de Aquário terá sabedoria apenas na
aparência material, pois na espiritual apenas 20% da humanidade terá uma
sabedoria relativa. Isso quer dizer que dentre esses 20% poucos seres terão
um bom nível de consciência divina. Nessa Era de Aquário quanto mais o

108
O LIVRO DA LUZ

homem avançar na sabedoria material mais distante ficará da espiritual, pois


estará tão envolvido pelas realizações materiais que terminará por deixar a
evolução espiritual de lado, porém como contrapeso da balança os seres
espiritualmente desenvolvidos lutarão para trazer um pseudo-equilíbrio para a
humanidade e justamente por isso estarão vivendo um momento de conflitos
e muitas outras perturbações. Procurarão alento nas doutrinas de
espiritualistas religiosos, mas nem todos serão autênticos. Isso quer dizer que
nem todos serão verdadeiramente evoluídos, mas falsos sábios, que viverão
de argumentos criados em livros e teorias errôneas sobre a verdade. Depois
da Era de Aquário virá a Era de Capricórnio, a era da espiritualidade, do
recomeço. Essa era indicará o renascimento da Terra e o ressurgimento da
natureza como parte maior da Terra.
- Senhor Rabi, o senhor está dizendo que a tribo e o planeta de Peixes são os
mais evoluídos?
- Não é bem assim, meu pequeno Osha. Todas as tribos que existem aqui na
Terra têm três níveis de sabedoria e evolução diferentes. Para que você me
compreenda melhor vou dar um exemplo mais simples. Juntemos as 12 tribos
(planetas) num só círculo e vamos marcar os seres que têm o mesmo nível de
sabedoria nº 1, colocando-os no círculo Atlantis. Agora vamos pegar os seres
que têm o nível de sabedoria nº 2 e colocar no círculo Shangrillá. O último
nível de sabedoria (nº 3) vai para o círculo Lemúria. Assim temos três grupos
de seres completamente diferentes em tribos e planetas. Os atlantes foram
formados por seres das 12 tribos e planetas e por mais que fossem diferentes
no aspecto físico e nos costumes, tinham um nível igual de sabedoria. O
mesmo se aplica aos shangrillês e lemurianos. Em suma, aqui na Terra não
importa a tribo ou o planeta que o ser representa, mas sim o seu nível de
sabedoria, mas quando nos referimos aos animais que irão reger uma era
estamos nos referindo diretamente à influência planetária que moverá o curso
do planeta Terra. Afinal esta é uma escola administrada por 12 tribos (12
planetas), mesmo que essas tenham se transformado numa grande sociedade.
Digamos que cada era é como um professor, que transmite à Terra mais um
nível de sabedoria necessária.
- Já que tudo funciona como uma grande escola ela obviamente precisa ter
alunos e professores. Os alunos são os seres humanos, os professores os
animais planetários (signos do zodíaco) e os administradores são os 12
planetas. Vou fazer alguns desenhos para explicar a você como tudo isso é
realmente.

109
O LIVRO DA LUZ

- Esta primeira pirâmide é composta pelos 12 planetas que já saíram do estado


visível e se transformaram numa grande sociedade. O 13º planeta, que se
encontra no alto da pirâmide, é a Terra, a escola dessa grande sociedade.
Como esses 12 planetas são planetas natais, planetas puros (sem mistura),
fez-se necessária a criação de uma nova sociedade onde todos pudessem se
encontrar, mas só se encontrar não bastaria. Esses seres precisariam trocar
experiências juntos. Para isso criou-se o 13º planeta, a escola chamada Terra.
Esta pirâmide que você vai ver agora é no que se transformaram os 12
planetas.
-

110
O LIVRO DA LUZ

- Os três círculos dentro da pirâmide querem especificar cada parte desta


grande sociedade. Um dos círculos é o que chamamos de planeta natal,
lugar onde são guardados e preservados todos os registros dos 12 planetas e
dos seres que os habitaram e habitam. É na verdade o registro akáshico das
sementes que ali nasceram, em que condições nasceram, qual foi a emoção
que a fez nascer, de quem veio essa emoção e como foi o desenvolvimento
desses seres até o momento da fusão. Em suma é como um registro de
berçário, onde se registra tudo que os bebês fizeram durante o seu
crescimento. O segundo círculo representa o que chamamos de planeta fixo.
Este planeta, como já expliquei anteriormente, é um ponto de encontro onde
vários seres se reencontram quando desejam. Usam o planeta fixo como
referência ou como morada planetária temporária. O terceiro círculo é a
escola estagiária e também o planeta primário, aquele que é construído à
semelhança dos doze que o originaram para comportar os habitantes que vão
até ele com o único intento de aprender as primeiras lições de convivência
com os opostos. Dessa maneira a grande sociedade evolutiva da pirâmide
universal se compõe de um berçário (planetas natais), uma casa temporária
(planeta fixo) e uma grande escola de evolução (planeta primário). Quando
esta grande sociedade é formada uma divisão de seres também é estabelecida.
Como já lhe disse, os 12 planetas estavam no mesmo nível de evolução,
porém dentro de cada planeta havia três níveis diferentes de sabedoria. É aí
que as eras se fazem necessárias, pois marcam o período de cada aprendizado
terreno e transmitem à Terra um ensinamento diferente a cada 2.160 anos,
porém o mais importante eu vou lhe explicar agora. A cada mudança de era a
Terra não só recebe uma nova influência e uma nova sabedoria como também
faz uma troca de alunos.

111
O LIVRO DA LUZ

- Troca de alunos? Mas o que é isso, senhor Rabi?


- Eu já lhe disse que aqui convivem 12 tribos diferentes e que cada uma vive
passando pela experiência de nascer e aprender a sabedoria de outra tribo,
mas não é só isso. Suponha que hoje nós estivéssemos vivendo na Era de
Áries (o carneiro). Todos os seres que pertencem à tribo de Áries e no
momento estão vivendo na Terra vão para a sua colônia espiritual, que por
sua vez fica na grande sociedade e lá permanecem por algum tempo.
Enquanto isso outras pessoas que pertencem àquela tribo e estão vivendo na
grande sociedade poderão vir à Terra para aprender. Em resumo isso
acontece todos os dias. É um revezamento constante de um grupo que desce e
outro que sobe. Por isso algumas vezes alguns seres acreditam estar na Terra
pela primeira vez e até afirmam que são de outros planetas. Na verdade esta é
uma lembrança de ter estado em casa (no planeta natal), mas obviamente não
é a primeira vez que este ser está encarnando na Terra. Como cada era exerce
uma influência enorme sobre a tribo correspondente, ela também é a mais
atingida pela morte para que aconteça o revezamento. É por isso que a cada
dez, quinze ou vinte anos acontece uma catástrofe de grandes proporções, que
termina destruindo um povo ou uma nação. Geralmente esta nação destruída
era da tribo regida pela sua própria era, mas da mesma maneira que a era leva
ela também trás. Seres que são vítimas de guerras dão lugar a outros, que
voltam para a Terra para fazer grandes mudanças. Aqueles que partiram vão
se aperfeiçoar para voltar em uns trinta ou quarenta anos, já prontos para
substituir os que ocuparam seu lugar e assim por diante. Assim a Terra é
regida por 12 eras, habitada por 12 tribos, distinguidas por 3 níveis diferentes
de sabedoria e evolução, mas com um grande segredo que sempre a protege
da total destruição: a 13ª era. Esta é uma era muito especial, que só acontece
entre duas eras que nem sempre são as mesmas, também chamada de hiato do
tempo. Vou citar um exemplo. A 13ª era vai ocorrer da próxima vez entre a
Era de Aquário e a Era de Capricórnio. Ela é uma era que costuma durar
cerca de 40 anos, às vezes mais, às vezes menos, e em 26.000 anos costumam
ocorrer dois hiatos de 40 anos. Nesse curto período a Terra (ou qualquer
outro planeta em estágio de evolução) recebe a influência das 12 eras de uma
só vez. Isso quer dizer que as 12 tribos são igualmente influenciadas por seus
planetas. Quanto à próxima 13ª era (que será entre Aquário e Capricórnio),
ela vai levar da Terra todos os seres que estão no nível 1 de sabedoria (os
atlantes). Isso quer dizer que os seres conhecidos como a 1ª etapa vão partir e
não mais precisarão encarnar na Terra, pois já terão alcançado a evolução
necessária. Isso significa que já terão terminado os estudos na grande escola
chamada Terra. O fato das 12 eras regerem a Terra significa que estarão
regendo também os seres do nível 1 de sabedoria de cada tribo. Assim os
atlantes irão partir da Terra deixando-a exclusivamente para os seres do nível
2 e 3 de sabedoria (shangrillês e lemurianos). A 13ª era é um recurso
utilizado toda vez que a Terra (ou qualquer outro planeta) for passar por uma
grande transformação em que uma parte bastante significativa de seus
habitantes deverá deixar de habitá-lo. No período dessa transformação a
Terra receberá uma grande ajuda. Vários Amorazins (que há muito tempo já
a habitam) terão um papel muito especial, pois recairá sobre suas costas a

112
O LIVRO DA LUZ

responsabilidade de salvar os seres que deverão continuar no planeta. Para


tão grande missão eles vão contar com a ajuda de alguns seres do nível 1 de
sabedoria e juntos eles deverão orientar de uma maneira sutil toda a
população terrena, além de construírem pequenas cidadelas sagradas, que vão
funcionar como a Arca de Noé. Tais cidades devem ter a construção baseada
na matemática cabalística para que na hora certa o poder divino a proteja da
grande catástrofe que se abaterá sobre todo o planeta. Meu pequeno Osha,
agora você já sabe grande parte do mistério divino. O que deseja saber agora?
- O senhor não me contou ainda o significado da Kabalah nem a Verdade que o
Cristo revelou aos seus apóstolos.
- É verdade. Eu prometi lhe contar os ensinamentos do Cristo e junto com esse
ensinamento vou lhe revelar a verdadeira história sobre Judas, o traidor. Os
apóstolos de Cristo receberam um privilégio que poucos outros mortais
receberam. Cristo lhes ensinou a alimentação correta, revelou-lhes os
segredos da natureza e o aproveitamento desses recursos. Um dia um dos
discípulos de Cristo perguntou-lhe porque não se agradava da carne dos
animais. Cristo respondeu que nada tinha contra os seres que se alimentavam
de carne animal, afinal todos somos filhos de um só Pai, porém a necessidade
de um irmão seu não era a dele. O discípulo, intrigado com a resposta,
continuou a questionar:
- Mas por que jamais te vimos matar um animal?
O Cristo respondeu:
- Se queres saber da verdade prepara-te para as conseqüências, pois tu não
serás mais o mesmo depois de ouvi-la. Sendo assim pergunto-te: queres de
fato conhecer a Verdade?
- Sim Jesus, liberta-me da minha ignorância – respondeu o discípulo.
- Quando um homem mata um carneiro para alimentar seu corpo está levando
a morte para dentro de um corpo cheio de vida. Este corpo cheio de vida se
alimenta dos quatro elementos vitais. A água, que brota viva da terra, sem
interferência da mão do homem. O fogo, que nasce da terra e pula de sua
grande boca vulcânica e também não sofre a interferência do homem. O Sol,
estrela da chama divina, alimenta a terra e o homem com o seu calor e é
responsável pela germinação das sementes na natureza e na mulher. A terra
que recebe as sementes como um útero fértil também dá ao homem o sustento
e o abrigo. Ela também é vida sem precisar da mão do homem. Por fim o ar
puro, sopro divino que vive no homem e na natureza e dá vida a eles. O corpo
do homem é a composição sagrada desses quatro elementos. O sangue
representa a água, a carne representa a terra, a temperatura do corpo
representa o fogo e a respiração é o próprio ar. Esses quatro elementos dão ao
homem o direito de ser o quinto elemento e esse 5º elemento o homem tem
que conquistar no período de sua estadia na Terra. Este quinto elemento é a
sabedoria do homem quando ele compreende o amor e seu propósito divinal.
Sendo o homem vida em todos os aspectos de sua existência ele deve também
respeitar a vida. O homem que come o morto leva para dentro de sua vida as
doenças daquele morto, além de estar comendo carne que somente em
anatomia, aparência e paladar é diferente da sua, mas em nenhum momento
deixa de ser carne. Em suma, o homem que abate um carneiro sem

113
O LIVRO DA LUZ

necessidade real de sua carne está abatendo um semelhante que não lhe fez
mal algum. Tudo que está morto o homem deve deixar ao encargo da
natureza. Essa é a única que tem o direito de se alimentar daquilo a que um
dia deu a vida, pois ela só faz isso quando ele já não tem mais a vida que um
dia ela lhe ofereceu. Em verdade vos digo que o homem foi criado em carne
viva para alimentá-la somente daquilo que, como ela, também está vivo e
tudo que está vivo foi criado na natureza para suprir as necessidades dos
homens e dos animais, porém não confunda minhas palavras quando digo que
o homem deve se alimentar somente daquilo que está vivo. Digo que ele deve
se alimentar de tudo que a natureza lhe oferece sem precisar morrer para isso.
Veja, por exemplo, as macieiras. São belas árvores, que produzem frutas
maravilhosas em paladar, aroma e beleza. O homem pode se alimentar de
maçãs sem destruir a macieira. A maçã, como as outras frutas, são alimentos
vivos que nascem do excesso de amor da natureza. Portanto a fruta não morre
quando tirada do pé. Ela é o excesso da criação da árvore que a produziu e
essa criação não termina quando o homem se alimenta da fruta, pois o
homem come a fruta, mas deixa a semente, que um dia virá a ser uma
frondosa árvore. O mesmo já não acontece com o animal que o homem mata,
pois este não tem uma semente que pode ser plantada para originar outro
animal. O Pai, em sua grandiosa perfeição, deu ao homem o presente mais
perfeito, que é a natureza, onde o homem encontra exatamente tudo que
precisa para viver: o alimento, o remédio, o trabalho, o habitat, a roupa e tudo
que ele for capaz de imaginar. O remédio se encontra nas folhagens de
pequenas plantas ou nas raízes profundas de grandes árvores, no fruto, na flor
ou na própria semente. O trabalho está na lavoura ou na imaginação do
homem em saber fazer arte com o que a natureza lhe oferece. O habitat
também fica à escolha do homem. Pode ser uma caverna como pode ser uma
morada feita com os recursos da própria natureza. A água que desce das
montanhas faz um longo caminho. Transformando-se em rios e cachoeiras
alimentará o homem gratuitamente. O Sol também aquece o homem sem que
ele pague por isso. A Terra, não sendo o Sol, também aquece o homem sem
que ele pague por isso. A Terra, não sendo maltratada, germinará as frutas e
os legumes que podem alimentar o homem e sempre se reproduzir. O homem
que souber se harmonizar com a natureza encontrará nela a maior de todas as
riquezas, pois esta tudo provê ao homem e aos animais. Mas nos animais
também existe um excesso de amor, que pode ser oferecido ao homem. As
vacas e as cabras são animais que oferecem leite em abundância, se não for
prejudicar os seus filhotes. O homem pode aproveitar este alimento tanto para
bebê-lo como alimento muito rico em vitaminas como na transformação dele
em queijo e outros derivados. No reino animal encontramos as galinhas que
botam seus ovos e não estando na época de chocá-los o homem pode
aproveitá-los como alimento e para fazer pães, bolos, etc. Usando a
inteligência o homem pode descobrir facilmente o que pode e o que não pode
comer, devendo lembrar-se sempre que um ser vivo não come outro ser vivo,
mas apenas o que este ser vivo pode lhe oferecer. Das árvores o homem tem
as frutas, as verduras oferecem suas folhas e os legumes sua polpa, deixando
ao homem o encargo de replantar suas sementes. Esses são os seres vivos que

114
O LIVRO DA LUZ

o homem pode comer, pois levam para o corpo do homem a vida e a saúde
perfeita. O animal vivo o homem não poderá comer, pois para isso terá que
matá-lo e isto significa comer o morto e extinguir aquele ser que não nascerá
de novo. Por mais duro que pareça ser o que agora vou dizer é uma verdade
imutável no universo. O corpo morto de uma vaca e o corpo morto de um
homem nada mais tem de valor, pois a alma valiosa do homem já o deixou
para seguir seu caminho, mas se a vaca estiver sendo abatida naquele mesmo
dia ainda terá a serventia de alimentar tanto o homem ignorante quanto outros
animais. Deus não proíbe que o homem se alimente de carne, principalmente
quando ele não tiver outra alternativa, mas como Deus proveu o homem de
sabedoria espera que um dia ele venha a descobrir isso sozinho e os sinais
dessa verdade o Pai espalhou por todos os caminhos do homem.
Após ouvir atenciosamente o que o Cristo disse o discípulo perguntou:
- Jesus, então vós afirmais que nossas doenças podem vir da carne que
comemos?
- Vossas doenças têm muitas origens. Uma delas está no excesso de alimento
morto que comem e de vossos profundos mal-hábitos de alimentação, higiene
pessoal e de moradia. A água é o melhor dos remédios para limpar o corpo
das febres inebriantes. Beber água pura e tomar banhos abundantes limpa o
corpo tanto por dentro como por fora. Como elemento vivo também leva vida
para dentro do homem. O suco de muitas frutas, quando feito na hora,
também é um excelente remédio para a limpeza do organismo. Algumas
ervas laxativas como ‘sene’ são muito boas para limpar as impurezas do
sangue e do intestino preso. Se o homem sempre se alimentar do que tem
vida como frutas, legumes, verduras e água pura terá sempre uma boa saúde e
muito raramente terá alguma doença. Sua moradia deve ser asseada. Mesmo
na simplicidade a limpeza do corpo e da casa deve ser um dever na vida do
homem, mas se mesmo agindo assim a doença surgir o homem deve observar
melhor seu coração, fazer um exame de consciência e procurar os erros de
suas ações, pois pode estar sofrendo as reações daquilo que plantou na vida.
As ações são a única árvore que o homem planta e que o persegue onde quer
que ele vá. Isso significa que muitas das doenças do homem são apenas uma
reação de suas ações e não importa quantas vidas o homem viva ele sempre
será o único responsável pelas suas ações.
- Jesus, as bebidas fermentadas como o vinho também são algo morto que não
devemos beber?
- O vinho não foi criado como alimento do homem, pois suas propriedades não
estão ligadas à alimentação humana, mas para cuidar da saúde do corpo do
homem. O vinho pode curar males que atacam a pele e até mesmo a mente.
Por fora do corpo o vinho pode curar ferimentos, tais como cortes, arranhões
e até mesmo algumas feridas de origem desconhecida, mas para que esta cura
se realize é preciso empregar de maneira correta este poderoso remédio, pois
o seu uso diário e em doses elevadas levará à falência de alguns órgãos, além
de tornar o cérebro um dependente de seu uso. Como tudo na vida tem uma
medida certa devemos apenas encontrar essa medida para utilizar bem os
recursos que a natureza nos oferece. Se o ser humano fosse se basear apenas
na Verdade divina jamais usaria uma árvore como lenha para cozinhar o

115
O LIVRO DA LUZ

alimento sagrado, pois a árvore morta produz o fogo, mas este, para existir,
absorve o que morreu. Além disso a humanidade irracional derruba as
árvores para seu uso, mas muitas vezes esquece de replantá-las, fazendo
assim muitas espécies desaparecerem da face da Terra e a destruição maior só
não aconteceu ainda porque a natureza conta com seus fiéis operários.
Animais e pássaros semeiam nas florestas o florescer de um novo futuro, pois
o alimento deles são justamente sementes e frutas, mas terminam por
devolvê-las à natureza. Através das fezes ou no simples ato de carregá-las
algumas se espalham na natureza tornando-se novas árvores. O mais incrível
de tudo isso é que existem algumas espécies de pássaros e animais que fazem
este trabalho de maneira bastante racional, distribuindo as sementes de
maneira proposital por toda a floresta. Alguns seres humanos chamam esses
animais de ‘plantadores da floresta’ justamente porque por onde passam
derrubam sementes de árvores e essas brotam mais tarde. Depois de tudo isso
não é estranho que o homem se ache tão mais sábio que a natureza? Na
verdade o homem é só um pequeno aprendiz diante de um grande professor.
- Jesus, eu até compreendo o que estais a explicar, mas como poderíamos
cozinhar o alimento que precisa do fogo?
- Muito simples, meu querido irmão. O Sol e sua energia deve ser aproveitado
em toda sua plenitude. Muitos povos antigos captavam o calor do Sol
utilizando cristais e outros instrumentos. Dessa maneira acreditavam absorver
também toda a boa energia desta divina luz. Muitos povos, como ainda no
tempo atual, só bebiam o leite depois de deixá-lo alguns minutos no Sol e no
inverno a grande parte desses povos se alimentava apenas dos alimentos
dessa estação. Em verdade eu vos garanto que o homem sábio terá alimento
em todas as estações do ano sem precisar sacrificar nenhum animal, pois a
natureza provê o alimento para homens e animais, porém só os animais
percebem isso. Para tudo Deus criou opções. Um dia o homem já soube quais
são, mas hoje a grande maioria já as esqueceu.
- E assim, meu pequeno Osha, Cristo também ensinou aos homens o respeito à
natureza e tudo que nela vive e se eu fosse lhe contar tudo que ele ensinou
levaria anos só para relatar o que me lembro, porém o mais importante eu já
lhe contei. O segredo das 22 lâminas que estão associadas às 22 letras do
alfabeto hebraico e este também é o grande segredo da Kabalah. Em suma, eu
já lhe relatei o Grande Arcano (segredo) da Verdade, que resumido em dez
mistérios mais tarde se tornou o símbolo da Árvore da Vida, a Kabalah.

(ver desenho na pg. 55)


- Mais tarde vou lhe explicar de maneira resumida esses dez mistérios, seus
significados e porque o criaram dessa maneira. Agora vamos aproveitar que
estamos falando sobre Jesus Cristo e vamos revelar a verdade sobre o que
Cristo realmente disse na hora de sua morte, o que significou aquela coroa de
espinhos em sua cabeça e os estigmas em seu corpo. Quero também que
saibam que Judas nunca traiu Cristo, mas isso já é uma outra história.
- Os apóstolos se infiltraram na multidão quando pediram ao povo para
escolher o Cristo ou Barrabás. Os outros apóstolos estavam todos presentes
ao sofrimento do Cristo e não foi só Pedro que O negou, como muitos

116
O LIVRO DA LUZ

acreditam. Para salvar as próprias vidas os apóstolos tiveram que negar que
conheciam Cristo. Quero que fique bem claro que Judas existiu, porém por
trás dele existiu um Judas ainda maior. Como já havia dito, ele foi um ser
usado para representar uma multidão. Ele foi só o bode expiatório. Darei
maiores explicações sobre isso mais tarde. Os registros do aprendizado
crístico foram profanados e até mesmo o que hoje constitui a Bíblia em muito
já foi reduzido e com o passar dos anos ainda será muito modificado a tal
ponto que ele se mostre apenas por enigmas, que poucos poderão decifrar.
Isso se refere também às últimas palavras que Cristo pronunciou e que por
“erro” de interpretação foram modificadas. Cristo disse (em hebraico): ‘LI’
LI LMH ShBHhTnNI (Meu Deus, meu Deus, quanto me glorificas!), mas
traduziram como: Eli, Eli LAMMA SabAchthani (Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste!). Essas mudanças nos textos bíblicos fizeram com
que a revelação que o Grande Pai enviou à Terra desaparecesse
momentaneamente. Assim o florescer da religião única foi interrompida por
toda a Terra, porém a Verdade Universal é a única coisa que a terra não pode
tragar. Este pequeno período em que a Verdade virou um Grande Arcano
(mistério), a Gnosis Absoluta (Grande Arquiteto = Deus) tratou de renovar
em segredo esta Verdade e quando for a hora certa o tempo de Deus será
então o tempo do homem e uma revelação inteiramente nova surgirá e terá
um poder absoluto, pois destruirá mais da metade da humanidade para assim
transformar o planeta. Desta forma muitos credos criados pelo homem
também irão desaparecer, mas ainda não será desta vez que a Verdade
Absoluta se tornará a única verdade. Esta será apenas mais uma das vezes em
que ela mostrará o seu poder imortal. Cristo veio mostrar o poder desta
Verdade, foi morto por isso, porém a sua Verdade provou que era imortal e se
manteve na Terra e muitos que a seguiram morreram como o Cristo, mas
mantiveram esta Verdade viva em livros sagrados e através dos escolhidos
para dar continuidade à divulgação desta infinita sabedoria.
- Senhor Rabi, por que o senhor diz que a Verdade se esconde por trás de
alegorias ou símbolos?
- A simbologia foi uma maneira secreta que muitos sábios antigos encontraram
para preservar a Verdade na Terra, mesmo que muitas vezes eles fossem
interpretados de uma maneira totalmente errada. Enoch, por exemplo,
escreveu esta Verdade em vários livros e mais tarde a resumiu em um só,
feito apenas de símbolos dos quais ele fez cópias e as deixou em lugares
seguros onde seriam encontrados no futuro por seres aptos a entendê-los e já
escolhidos. Uma das cópias ficou de herança para Noé. Além desta cópia ele
também herdou os livros que foram escritos em idioma celeste e juntando os
dois foi possível compreender a origem de tudo, do universo e do homem,
porém logo que houve a grande transformação Noé recebeu a instrução
espiritual de dar a cada um de seus filhos um livro celeste, pois a Verdade
mais uma vez corria o risco de desaparecer da face da Terra e a melhor
maneira de preservá-la era separá-la, levando suas partes para lugares
diferentes. Assim se uma parte fosse destruída as outras estariam preservadas,
porém o Livro dos Símbolos só podia ser passado a alguém escolhido pela
luz, que compreendesse os símbolos sem precisar do livro do idioma celeste.

117
O LIVRO DA LUZ

Em resumo, para compreender o Livro dos Símbolos era preciso ter o Livro
do Idioma Celeste ou ser um Filho da Luz, que já tinha a sabedoria para
compreender os símbolos por si mesmo. Na verdade poucos homens puderam
acessar este livro e mesmo aqueles que o compreenderam não conseguiram
transferir o seu conhecimento a muitos, pois poucos eram os discípulos ou
aprendizes que alcançavam o nível desta imensa sabedoria. Mas o maior de
todos os segredos é que Enoch, ao juntar os livros em um só não o escreveu
apenas em símbolos, mas também explicou cada um deles no idioma celeste.
Este livro se tornou ainda mais raro que qualquer outro. Sabe-se que no
passado os faraós os tiveram em seu poder, mas que apenas Akhenaton
conseguiu compreender o que neles estava escrito. Agora vamos direto ao
assunto que realmente interessa, a simbologia que está por trás do Cristo, sua
cruz, sua coroa de espinhos, etc. Quando olhamos a imagem de Cristo na cruz
observamos um ser puro banhado de sangue, sacrificado sem motivo algum.
No passado Akhenaton escreveu uma história. Na verdade não era uma
história, mas uma visão espiritual que transformou a vida deste faraó. Na
visão de Akhenaton ele viu uma cruz vinda do céu e ao centro dela ele viu
uma bela rosa vermelha. O significado da cruz vinda do céu tem várias
explicações, mas vou contar as cabalísticas. Na Kabalah a cruz significa O
Todo Poderoso, os 4 elementos, o encontro do céu com a terra e os 4 pontos
que marcam a rota do destino, além de trazer em si a palavra “tarô”

e é também o Tau sagrado dos talmuds. A rosa vermelha significa O Todo Poderoso
nascido entre os homens, a sabedoria sacrificada, o quinto elemento (o amor), etc. Em
resumo, significa que a Grande Sabedoria nasceria entre os homens e por ser a Verdade
Absoluta, se espalharia pelos quatro cantos da Terra. Os espinhos colocados na cabeça do
Cristo significa o quão grande ainda eram os obstáculos e a incompreensão dos seres
humanos a respeito dessa sabedoria. Além disso esses espinhos também significavam o
quanto seria difícil o caminho daqueles que resolvessem seguir o Caminho da Verdade, mas
o seu significado não pára por aí. O mais belo de seus significados é o despertar da
consciência divina e a abertura do terceiro olho, o olho da mente e da alma, além do
despertar do oitavo chakra, aquele que nos permite a comunicação com o mundo divino. Os
estigmas de Cristo deixam bem claro o despertar dos outros chakras, as chibatadas nas
costas acordando a Kundalini, porém não devemos esquecer que o Cristo não precisava
despertar os seus chakras. Por isso seus estigmas, além de representarem o despertar da
sabedoria também tinham uma representação superior. Os pés simbolizavam a terra, os
braços abertos o ar, o sangue que corria de seus ferimentos a água, o calor de seu corpo era

118
O LIVRO DA LUZ

o fogo, porém o Cristo na cruz era a quinta essência viva ou o quinto elemento, o amor e a
sabedoria sendo sacrificados pela incompreensão e pela ignorância. Os cinco estigmas são
os 5 elementos e os 5 sentidos do homem. O Cristo recebeu os espinhos (ignorância), mas
deu rosas (sabedoria).
- Senhor Rabi, por que tanto simbolismo em torno da morte do Cristo?
- Essa é uma boa pergunta, meu pequeno Osha. Muito antes do Cristo nascer a
cruz já era sagrada e muitos já sabiam seu simbolismo, porém na cruz faltava
o quinto elemento para, de fato, dar vida a Deus, que se fez presente no
Cristo, e assim manifestou a sabedoria pelos quatro cantos da Terra. Tantos
são os significados que existem por trás do Cristo na cruz que seria preciso
escrever um livro para traduzir e explicar todos, porém os mais importantes
eu já relatei a você, meu pequeno aprendiz. Voltemos agora aos estigmas de
Cristo, que representavam, além dos chakras, os cinco sentidos do Caminho
da Sabedoria. Os estigmas dos pés simbolizam o Caminho da Sabedoria que
somente aquele que está apto a ser peregrino pode trilhar. Os das mãos
significam o tato e a abnegação de saber tocar sem possuir. Os das costas
representam a humilhação da matéria, a ignorância do mundo e seus
obstáculos, que tentam derrubar aquele que trilha o Caminho da Sabedoria.
Os da cabeça significam a sabedoria divina vencendo a ignorância da
matéria, pois somente tamanha sabedoria suportaria uma coroa de espinhos
sem reclamar uma só palavra, que poderia destruir aquele sofrimento. É
preciso ter muita sabedoria para não usar o poder. Também significa o pensar
antes da reação. O estigma do peito significa o sentimento verdadeiro, o amor
incondicional. Para os homens esses estigmas têm apenas um simbolismo de
dor, mas para os sábios eles são um livro de grande aprendizado,
principalmente para quem deseja se iniciar na magia sagrada. Em suma isso
quer dizer que todo aquele que deseja avançar para os mistérios divinos deve
ver sua vida como a vida de um livre peregrino. Quando digo peregrino não
necessariamente estou afirmando que as pessoas devam sair pelo mundo sem
rumo ou direção. Estou dizendo que a vida terrena é um eterno peregrinar,
encarnação após encarnação, vida após vida, mas se surge no homem a
necessidade da busca interior ele deve fazê-lo. Para isso o homem deve se
manter abnegado, estando sempre pronto para alçar vôo como uma águia
livre que invade os céus com toda sua beleza. Para isso o homem deve agir
como os pássaros, que só podem voar porque a nada são apegados, pois suas
asas só suportam o peso dos seus corpos e daquilo que lhes servirá de
alimento. Os pássaros podem andar e voar, mas não podem possuir objetos
como os homens. No entanto o homem daria tudo para ter as asas dos
pássaros, mas os pássaros com certeza nada dariam para ter a prisão sem
muros do homem.
- O homem também tem a consciência de que suas palavras são sua sabedoria e
não sua opinião. O Cristo falou com os homens usando sua sabedoria, jamais
a opinião própria. Exemplo disso foi quando ele foi chamado a julgar a
mulher adúltera. Ele disse à multidão: “Atire a primeira pedra aquele que não
tiver pecados” (isso é sabedoria) e depois, quando a mulher lhe perguntou:
“Mas senhor, como fazer para corrigir meus erros?” Ele respondeu: “Vá e
não peques mais.” Isso é opinião em forma de ensinamento. Na primeira

119
O LIVRO DA LUZ

parte Cristo mostrou à multidão os defeitos deles mesmos incrustados na pele


da mulher que a multidão condenava. A sabedoria não condena, apenas
mostra a verdade, e esta por sua vez se faz juiz de todos. Na segunda parte,
quando questionado, Cristo deu à mulher um caminho, mas cabia ao livre-
arbítrio dela segui-lo ou não. Depois de aprender a usar as palavras o homem
deve aprender a suportar o peso delas (através da incompreensão e a solidão).
O simples fato de uma pessoa passar a compreender as coisas que muitos não
compreendem o torna distante e incompreendido, porque as pessoas se
perguntam: “Mas por que um ser tão sábio não tem nenhum luxo ou não luta
para ter alguns bens?” ou até mesmo “Por que não usa sua sabedoria para
conquistar riquezas e outras coisas?” Esses seres ainda não estão aptos a
entender que aquele que possui o conhecimento tem o maior de todos os
tesouros. Por isso é muito comum encontrarmos sábios principiantes
entristecidos pelo peso do conhecimento, mas ao passar do tempo essa
tristeza vai se tornando mais amena e bem menos dolorosa. A solidão já não é
mais tão pesada e a incompreensão já não incomoda mais, pois aquele que
avança para a Verdade, por mais dolorosa que ela seja, muito raramente
retorna ao Mundo das Ilusões e se ele o faz é porque estava escrito em seu
caminho e mesmo assim ele terminará retornando à Verdade, pois aquele que
a conhece pode até abandoná-la por um breve período, mas esta jamais
abandonará sua consciência.
- Eis aí, meu pequeno Osha. Tu agora és mensageiro dos mistérios da
humanidade e da criação, mas é óbvio que tu ainda não sabes tudo, pois o
caminho da evolução é único e chama-se Sabedoria Infinita e este todos nós
trilhamos dia após dia. Tu cresceste muito durante esse tempo que passamos
juntos. Na verdade perece que o tempo não passou, mas hoje sei que tu não és
mais o pequeno aprendiz, nome pelo qual me acostumei a te chamar. Hoje és
mais que um aprendiz. Tu és um iniciado nos mistérios que a ti foram
revelados, mas que em parte ainda não foram sondados e nem praticados. Tu
terás uma vida inteira para reconhecer esses mistérios na íntegra, mas como
havia te prometido vou te contar em poucas palavras o simbolismo da
Kabalah, a Árvore da Vida.

120
O LIVRO DA LUZ

121
O LIVRO DA LUZ

- A primeira esfera (em hebraico chamada de sephirah), no alto da Kabalah,


tem o nome de Kether. Alguns a chamam de Coroa do Universo, Primeiros
Movimentos, etc. Esses dez caminhos da Árvore da Vida são a classificação
de três planos: o divino, o universal e o planetário, o que significa o princípio
de Deus, do universo e de cada planeta deste universo. Em suma, Kether
retrata a história do nascimento de Deus quando Ele era apenas o Nada e
resolveu “ser”. Isso eu já te expliquei como ocorreu. Do Primeiro e Uno
também veio o universo e assim também os planetas, isto é, um princípio que
foi gerando outros princípios.
- A segunda esfera tem o nome de Hockmah, que no plano divino representa os
Amorazins, a primeira ação divina, que também já te expliquei. No plano
universal significa o zodíaco, as doze eras do universo, a regência de cada
zodíaco. No plano planetário foi o primeiro dos planetas, aquele que foi se
criando a partir das necessidades de Deus para controlar suas primeiras
emoções e que é chamado de O Planeta do Princípio, onde tudo começou.
- A terceira esfera tem o nome de Binah. No plano divino representa a parte
feminina de Deus. Foi quando Ele retirou um pedaço de seu coração e criou
sua Eva. No plano universal é a dualidade da sapiência, no planetário
simboliza a criação de Saturno (a sabedoria e seus mistérios).
- A quarta esfera tem o nome de Chesed, que no plano divino significa o
nascimento dos Evins. No universal significa a criação dos dois pólos, bem e
mal como caminhos ainda separados. No planetário significa o nascimento de
Júpiter, Senhor da Vida e da Morte e princípio do fim.
- A quinta esfera tem o nome de Geburah. No plano divino representa a união
de Deus e Eva e a primeira criação de Deus, que voltou a ser o Uno. No
universal é o símbolo do equilíbrio da sabedoria pelo amor. No planetário
existem muitas discordâncias. Alguns seres atribuem esta esfera ao planeta
Marte, outros a Vênus e eu fico com a segunda opção, afinal o planeta Vênus
é o representante do amor e da criação.
- A sexta esfera se chama Tiphereth. No plano divino representa a criação pelo
Divino, após a evolução e união, dos Infinins. No plano universal é o
princípio do movimento interno, o início da caminhada da sabedoria para as
primeiras criaturas. No planetário é o Sol, o Senhor da Luz, da energia
fecunda e o calor da vida física.
- A sétima esfera tem o nome de Netzah. No plano divino representa as
primeiras emoções da criação do Divino, que dessa forma iriam dar
continuidade à criação. No plano universal representa as criaturas e suas
primeiras criações. No planetário é a Lua, a Senhora da Magia Fecunda e a
Mãe da Imaginação.
- A oitava esfera tem o nome de Hod. No plano divino é considerada o Fogo da
Justiça, que tudo equilibra. No plano universal é a ação e a reação que dá
continuidade à criação e à evolução. No planetário representa Marte, o
Senhor da Guerra e das Armas, mas também Senhor das Conquistas.
- A nona esfera tem o nome de Yesod. No plano divino são as emanações
dirigidas ao universo, no universal são as inspirações transformadoras. No
planetário é Mercúrio, responsável pelas mensagens e pelas realizações,

122
O LIVRO DA LUZ

considerado o Mensageiro de Deus, aquele que leva aos homens os grandes


acontecimentos.
- A décima esfera leva o nome de Malkuth. No plano divino é chamada de A
Dor, a Vida das Emoções. No plano universal é a alma, o corpo criado para
evoluir de acordo com as emoções. No planetário significa a vida dos
elementos criadores da vida física: água, terra, fogo e ar.
- Meu querido Osha, sei que essa explicação rápida e quase incompreensível
da Kabalah muito pouco te ajudaria se não fosse por tudo que já te expliquei
dos 22 caminhos da evolução, que na verdade alguns sábios chamam de 32
caminhos, pois eles incluem os dez da Kabalah, mas devo dizer que as dez
esferas da Kabalah já estão incluídas nos 22 caminhos, como aqui ficou bem
claro. Em suma, a Kabalah é tudo aquilo que te expliquei anteriormente, os
segredos do universo revelados, mas não só isso. Nela também existe uma
fórmula que poucos seres conhecem. Ela revela uma maneira de despertar a
consciência para as portas do universo, uma maneira de obter a sabedoria.
Deixo claro que isso nem todos que tentam fazer alcançam. No corpo
humano existem várias aberturas conhecidas como canais invisíveis de
energia ou chakras. Esses canais recebem influência planetária e angélica. É
preciso alinhar os canais com os dias e horários dos planetas, além de saber
qual o ser angélico que rege o canal. Para isso vou usar um exemplo bem
simples. Como são muitos os canais vou explicar apenas os dez mais
conhecidos e necessários. Vamos começar pelo seu próprio corpo, Osha. O
primeiro canal ou chakra está nos seus pés. Este é regido pelos elementos
terra e água. O segundo canal está nas suas mãos. Ele é regido pelos
elementos fogo e ar. O anjo que rege esses dois canais geralmente é o
mesmo. Então o planeta que rege esses dois canais é a Terra e seus elementos
vitais e o anjo que cuida desses canais é mestre universal. O terceiro canal é
localizado no cóccix (última vértebra da coluna) e seu planeta regente é
Marte, que apesar de vermelho é um planeta frio, o que significa para os
sábios matéria morta. Este canal é o mais difícil de ser controlado, pois é o
canal dos instintos animais. Também é o canal da reprodução humana. Por
isso alguns sábios atribuem a ele o fogo de Marte, sabendo que é um fogo
que não existe, que não passa de uma ilusão. Este fogo é classificado dessa
maneira porque a humanidade não consegue controlar seus desejos sexuais
mesmo sabendo que todo aquele prazer é algo passageiro, que pertence
apenas à carne, que um dia vai se acabar. Por isso é atribuído a Marte, o
planeta que, apesar de vermelho, é frio. O anjo de Marte geralmente é o
arcanjo Kamael, o senhor das revoluções humanas. O quarto canal fica bem
próximo do umbigo. Seu planeta regente é Mercúrio, que atribui ao homem o
dom da realização, pois o cordão umbilical é o fio da vida quando estamos no
ventre de nossas mães e esta é uma realização que o homem pode realmente
chamar de sua. O anjo que rege este canal é Uriel, o anjo guardião da vida. O
quinto canal fica bem no centro do peito, naquilo que alguns chamam de
‘boca do estômago’. Seu planeta regente é o Sol, a energia viva. É normal
que algumas pessoas, quando tomadas por emoções fortes, não consigam se
alimentar direito, pois é como se o estômago não aceitasse nada. Mas
também é normal que aconteça o contrário. O ser tomado por uma ansiedade

123
O LIVRO DA LUZ

desesperadora come demasiadamente, sem limites. Esses dois aspectos


mostram o quanto somos impacientes e imprudentes. O Sol como energia
viva e quente se apodera deste canal afim de supri-lo de energia viva, porém
aqueles que não conseguem obter o controle desta energia terminam ficando
muito irritados e até mesmo agressivos. Os antigos sabiam dos efeitos do Sol
e controlavam as horas que desejavam permanecer expostos a ele. Dessa
maneira controlavam até mesmo a fecundidade das mulheres. O anjo regente
deste canal é o arcanjo Miguel, também chamado de O Fogo de Deus ou A
Espada da Justiça. O sexto canal é aquele que fica próximo do coração. Seu
planeta é Vênus, o planeta do amor. Seu anjo pertence à hierarquia do
príncipe dos querubins. Seu nome é Haniel, Senhor do Amor Incondicional.
O sétimo canal fica naquela pequena cavidade que temos na garganta. Este
pequeno buraco por dentro é chamado de laringe. Nesta cavidade é
armazenada a energia que controla as emoções dos homens, já que alguns
centímetros abaixo dela se esconde a glândula conhecida como a Senhora do
Corpo, a tireóide. Esta glândula é responsável pelo bem-estar do corpo. Se ela
se altera o ser humano pode começar a engordar muito ou emagrecer demais.
Ela também provoca um ritmo desgovernado no coração. Na verdade é o
fator emocional que causa alterações nesta glândula e ela, por sua vez, altera
o corpo e o humor dos seres humanos. Resumidamente existem três glândulas
no ser humano que têm o controle da vida física e espiritual. As duas
principais estão no cérebro e são as glândulas pineal e pituitária. Ambas são
tão pequenas quanto um grão de ervilha. A mesma que é responsável pela
visão (a pineal) também é responsável pela 3ª visão. A outra (pituitária) é
responsável pelo pensamento e demais atos, mas também pelas informações
espirituais, etc. Mas voltando ao sétimo canal, também chamado de laringo,
seu planeta regente é Júpiter, Senhor da Vida e da Morte. Seu anjo é o
arcanjo da vida, Rafael. Este arcanjo é aquele que carrega nas mãos o
bálsamo que cura todos os males. Por isso é chamado de O Arcanjo da Vida,
pois até mesmo na hora da morte ele trás o consolo. O oitavo canal é aquele
que fica entre as sobrancelhas, também chamada de Terceira Visão ou
Pirâmide Sagrada. Seu planeta é a Lua, a Senhora da Magia, das Sabedorias
Secretas, Senhora da Luz Interior. Seu anjo é o arcanjo Gabriel, o mensageiro
divino, inspirador de idéias futuristas e o Senhor das Premonições. O nono
canal fica no topo da cabeça. Seu planeta regente é Saturno, Senhor da
Sabedoria Universal. Seu anjo é o sagrado arcanjo do trono divino. Seu nome
é Metatrom. Ele é o arcanjo dos arcanjos e na hierarquia cabalística está
abaixo apenas de Cristo, mas também é do grupo dos Amorazins. É ele que
tem a responsabilidade de coordenar a evolução dos sábios que se encontram
encarnados pelo universo. O décimo canal é totalmente invisível, ao
contrário dos outros. Seu planeta regente é todo o zodíaco, seu anjo é o
próprio Divino Pai. Este canal é a consciência absoluta do Absoluto. É o que
você está aprendendo agora, meu querido Osha. Quando o ser humano
descobre como alinhar as qualidades planetárias e angélicas aos canais de
energia ele desperta esta consciência divina que na verdade também é
chamada de Kundalini, a Grande Serpente da Sabedoria. Sobre isso nós já
conversamos. É só juntar uma coisa com a outra que tudo ficará mais fácil,

124
O LIVRO DA LUZ

porém quero lhe deixar claro que para tamanho feito é preciso estudar mais
sobre as virtudes dos anjos e a influência dos planetas, pois tudo que falei
sobre isso foi muito pouco e não é o suficiente.
- O mais importante é lembrar que nada existe entre o céu e a terra que a
Kabalah não possa revelar, mas para isso é preciso estudá-la e conhecê-la na
íntegra. As dez esferas da Árvore da Vida é uma abreviação dos 22 caminhos,
que na soma geral são os 32 caminhos da consciência, mas acredito que a ti
revelei parcialmente esses 32 caminhos. Os detalhes o teu livre-arbítrio deve
suprir e a prática o resto te ensinará.
- Senhor Rabi, como o Grande Pai criou as 12 esferas da Kabalah e por que
elas são 10 e não 12? Isso tudo é muito confuso para minha cabeça.
- Meu pequeno, sei que tudo lhe parece muito surreal e de fato é um tanto
estranho a numeração não bater, mas vou lhe explicar. A Kabalah não tem 12
nem 10 círculos, mas 11. Em sua origem ela tinha 13 círculos, ou seja, ela
escondia 2 círculos = planetas. Esses planetas na verdade seriam a primeira
Mãe e o primeiro Pai unificados em um só corpo celeste. O filho seria o
segundo corpo celeste, que teria surgido ou se soltado do primeiro corpo.
Conta a tradição que esses corpos explodiram e deles surgiu o Universo.
Assim os primeiros corpos de luz se apagaram transformando-se em planetas,
estrelas, galáxias, etc., mas essas duas primeiras luzes teriam deixado o Sol
como astro-rei do Universo. Assim ele ganhou o título de pai, a Lua de mãe,
a Terra de berço e o vento de alma, que anima não apenas o homem como
todos os seres vivos desse planeta Terra. Para que você compreenda isso
melhor vou lhe ensinar como está nas escrituras ou como está na Zohar. Na
Gênesis bíblica Deus criou sua obra em 7 dias e tudo era bom. Nem homem
nem mulher tinham pecado e nem havia serpente, ou seja, um capítulo até Gn
2,4. Tudo era bom e homem e mulher não eram feitos de barro, e o principal
ou talvez o mais importante: Deus não os criou sozinho, pois Ele disse em Gn
1,26 a 28: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” e Deus criou o
homem à sua imagem, a imagem de Deus o criou, homem e mulher o
criaram. Observe que Deus aqui fala no plural.
- Ele está falando com outra pessoa, Rabi?
- Isso mesmo, Osha, e são essas outras pessoas o mistério da criação. A
Kabalah explica que a essa altura da criação não era mais o Pai que estaria
criando os seres à sua própria imagem, mas os primeiros filhos e isso está
certo. Essa criação é feita pelos filhos e alguns o chamam de Templo do
Senhor ou de Salomão e é nessa história que vamos encontrar os melhores
arquitetos da história bíblica. Na verdade eles são os magos de Deus. O
primeiro mago é o mago renegado Caim, que teve um filho chamado Enoch e
construiu uma cidade para ele Gn 4,17 (O mago dos magos é a sabedoria de
Deus, que construiu o Éden e deu para Adão e Eva). O segundo mago é Tubal
Caim, o terceiro mago é Noé, que constrói a arca, o quarto mago é Nimrod, o
quinto mago Abraão, o sexto mago Jacó, o sétimo mago José,o oitavo mago
Moisés (Bazilai), o nono mago Josué e o décimo mago Hiram Abif do rei
Salomão (pulamos o mago de Davi, que se chama Bazilai, assim como o de
Moisés). Os dez magos do Templo do Senhor são como arquitetos das 10
sefiroths kabalísticas. Um dado importante é que José, filho de Jacó, aqui

125
O LIVRO DA LUZ

também é o José carpinteiro, pai de Jesus. Sei que isso não está explícito, mas
vou tornar agora. Primeiro vamos fazer os 10 caminhos explicando como
cada mago em si é um planeta e juntos são um corpo, ou melhor, o corpo. A
Terra é a alma desse corpo, ou seja, dentro desse conjunto ela é a vida pelo
fato de ser o planeta que tem vida e seres vivos. Resumindo, a Terra é o
umbigo desse pequeno universo de 10 magos visíveis e um invisível.
- Mas Senhor Rabi, esses magos de que o Senhor falou são tão pouco
conhecidos. Como eles são os grandes magos do Universo se a história não
fala deles?
- Ora, meu pequeno, nem sempre tudo que brilha é ouro e nem sempre aquilo
que é ouro precisa brilhar. Digamos que por esses nomes realmente quase
ninguém os conhece, mas posso lhe afirmar que a história de suas existências
preserva esses nomes na Bíblia e em outros livros, mas eles têm vários
nomes, que vou revelando a você no decorrer da nossa conversa. Tudo que as
pessoas sabem sobre esses magos foi retirado do Livro de Ratziel (Haziel) ou
Livro de Enoch, o sagrado livro da Gênesis universal. Eses seres são
mistificados como primeiros homens ou o Adão Kadmo do planeta Terra,
mas por trás desses nomes se escondem muito mais do que simples seres
humanos. Por trás deles se escondem os códigos do Universo, as portas para a
liberdade da alma. O primeiro mago de Deus é Metatron. Eu diria que ele é a
coroa de Deus. Kabalisticamente falando ele resume em si três potências: o
ser = Aïn; o ser forte = Aïn Soph e o ser com tempo = Aïn Soph Aur.
Onisciência, Onipresença, Onipotência e Onisciência. Ele está acima do
zodíaco porque ele é o movimento que deu origem aos outros movimentos
planetários. Ele é a explosão que criou no Nada o Tudo que hoje é. Ele não
tem face, imagem e como é o tudo dentro do nada que se preencheu sua
imagem ou semelhança é o tudo e o nada, é um abismo infindável como um
Universo criado. É a sabedoria de Deus que equilibrou o Nada e o Tudo, do
negro vazio ao branco tudo. O branco é o resultado de todas as cores e o preto
a ausência de todas elas. Por isso Metatron é a medida que equilibra esses
dois pólos. Imagine um gigante de luz com os braços abertos e deixando à
mostra apenas um lado da face. Em seu braço esquerdo ele tem o zodíaco,
que também é chamado de Hockmah, Mazaloth, Matsualem, Matusalém ou
pão e água no aspecto invisível. O zodíaco é pão e água universal, o corpo.
Raziel é o que chamamos de Jeovah, o senhor das esferas ou rodas do
destino, habitante da esquerda do Senhor da Luz diamantina Mitatrom. Raziel
é o cristal que emana sua luz para o braço direito do gigante universal. Esse
braço direito é o Shabbathai, Saturno ou Binah, Marah, Jehovah Elohim,
Tzaphkiel. É essa sefirah que limita nossas origens apenas à Terra. Eis o que
chamamos de Trindade: Deus, a sabedoria de Deus e a criação. Pelo fato
dessa criação começar de Saturno ele ganha o título de mãe e pai, a casa de
Jacó = Jacobet, lugar de onde viria o Messias bíblico. Esse planeta também é
chamado de caldeirão negro, é a pedra ônix da Gn 2,12 e a safira da Kabalah
tradicional. Entre Hockmah e Binah existe um grande abismo chamado
Daath, que faz a ponte entre os dois lados. É como a coluna vertebral do
corpo desse gigante, que estabelece o equilíbrio do corpo. No cérebro desse
gigante está o signo de Áries, o Ser, ou o cordeiro de Deus coroado. A coroa

126
O LIVRO DA LUZ

desse cordeiro tem 3 fachos, o Aïn (Ser), Soph (força), Aur (tempo, espaço) e
é o Senhor do Absoluto coroado pelo Absoluto invisível. No pescoço dele
encontramos o signo de Touro, a força. Os três princípios da coroa do
cordeiro começam a se manifestar no cordeiro e nos demais signos. Como
tudo que está acima é igual ao que está embaixo o cordeiro é a cabeça do
gigante. O Touro é o pescoço e Gêmeos é o Urim e Thummim, união do novo
e o velho, do preto e do branco, justiça e misericórdia, positivo e negativo, o
sim e o não, a eternidade e a morte, o fim e o começo. Essas são as primeiras
sephiroth chamados de Lei do Além-Mundo, mas na verdade também se
encaixam nos 10 mandamentos bíblicos. “Viva porque eu vivo (Aïn = o Ser),
Ame porque eu amo (Aïn Soph = o Ser, força) e Seja livre porque eu sou
livre (Aïn Soph Aur = o Ser, força, tempo e espaço)”. Ser (vida), amor
(sentimento) e liberdade: são esses os mandamentos herdados geneticamente
da divindade paterna para os filhos mortais. “Amar a Deus sobre todas as
coisas e a teu próximo como a ti mesmo” é o resumo dos dez mandamentos
porque o homem que segue esses três princípios não precisa de outros. Os 10
mandamentos de Moisés são as 10 sephiroth expressas como o planetário (os
planetas) em forma de lei. O Cristo abreviou os 10 mandamentos nas 3
primeiras sephiroth, ou seja, se tivermos consciência da trindade em cada um
de nós tudo fica mais fácil. O Livro de Jeremiah ou Jeremias deixa claro o
mesmo que o Cristo. Ambos dizem: “Entrega-te e sobreviverás.” O profeta vê
o templo destruído, saqueado e depois queimado. O Cristo destrói a tábua da
lei ou essa se parte ao meio, como Moisés a quebrou na primeira vez que
desceu do Monte Sinai. “Mas esse templo destruído será reconstruído” diz o
profeta e o Cristo, “porém dessa vez deve ser construído também no coração
dos homens. Preservai o teu coração, pois eis o reino de meu Pai”, diz o
Cristo.
- Tudo bem, Senhor Rabi, mas e as outras sephiroth, pra que servem então?
- Elas terminam a constituição do cosmo e do microcosmo e, é claro, são tão
importantes quanto as primeiras. Eu não as desmereci e nem retirei o valor
delas. Apenas tentei lhe mostrar que o homem pode resumir suas regras e
aumentará o tempo em proveito da sabedoria, ou seja, o homem não precisa
de tudo que acredita para viver e não precisa descobrir isso só aos 50 anos de
idade, quando seu tempo físico já está no fim. Vamos continuar o caminho
para a Terra ou o corpo do gigante universal. Nós já construímos a parte
dourada ou a cabeça do cérebro universal.
- É por isso que falamos: “O silêncio e a sabedoria são de ouro”?
- Muito bem lembrado do provérbio, meu pequeno aprendiz. Na verdade esse
gigante é a famosa estátua de Ezequiel bíblico, também chamada de Estátua
de Daniel.

127
O LIVRO DA LUZ

- Também já começamos a parte do peito de prata. Agora vamos dar


continuidade a esse nosso gigante. A sephirah Daath corresponde ao signo de
Câncer. Como um escudo as vértebras e costelas se fecham para proteger o
‘precioso do Senhor’ (coração) e os pulmões. Basta observar um caranguejo e
verá o peito e as costas ao mesmo tempo. A sephirah Daath em si não tem um
planeta regente, mas ela ganha a quarta casa da Kabalah mesmo sendo
invisível. Ela representa o ar kabalístico, o pulmão do Universo. Agora
vamos terminar a parte de prata do nosso gigante, colocando a sephiroth
Chesed, o El, Senhor, Cronos, tempo, começo, fim e recomeço eterno.
Tzadkiel, Júpiter da quinta sephiroth, o justo = José, Joaquim, Yaquim,
Yacov, Yago, Tiago é a safira avioletada ou ametista, universalmente
falando. Júpiter seria a primeira luz ficando acima de Marte e do Sol. Muita
gente atribui essa sephirah ao rei de Salem, ou melhor, da Urusalimum, velha
Jerusalém. Melchizedek, o rei da paz e justiça, que repartiu com Abraão o
pão e o vinho, ou seja, ajudou Abraão a fazer seus 12 trabalhos ofertando a
parte primordial para constituição do Templo de Deus, no caso o corpo
humano. Nesse caso Melchizedek foi professor de Abraão e de Cristo
(Gn14,18-20) e o Cristo era sacerdote supremo, pois aprendeu na Ordem de
Melchizedek, afirmam seus apóstolos. Vamos lembrar que o pai do Cristo se
chamava Yosef = José, Tzadic = Tizedic = Tzadkiel e Abraão tem um
escravo chamado Eliezer (auxílio de Deus) = El Yezer, Yosef ( justo), ou
seja, ambos tem o mesmo nome, mas na Bíblia esses nomes tomam rumos
diferentes. Um é escravo que Abraão torna seu herdeiro (Gn 15,2-4), sem
esquecer que aqui vamos também jogar com os nomes de Ismael, filho da
escrava Hagar e Itssachar = Isac = Isaac, o filho de Sara...Assim como João

128
O LIVRO DA LUZ

Batista, filho de Isabel ou Elisabet (casa de Eli), El, casa do Ser, Senhor
(essas semelhanças vão ficar mais claras e óbvias no decorrer da história). O
outro é o carpinteiro que, já observamos, tem o ofício de arquiteto do templo.
- Abraão e Yaoshua unificados pelo mesmo mestre, afinal esse mestre tem o
poder divino de possuir o tempo e assim dita as regras ao coração, avisando
que esse deve pulsar como um relógio marcando as horas da vida. A pureza
desse órgão é guardado pela virgem e imaculada, que abre e fecha a boca do
leão de Judá. Aqui os signos Leão e Virgem ficam muito próximos. Eu diria
que além de pulmões e do coração o nosso gigante agora tem um estômago
que é chamado de “forno de Vulcano”, o ferreiro dos deuses que não tem
templo. Vulcano ou Hefesto é considerado aquele que molda as mais belas
armaduras dos deuses, pois só ele sabe o segredo de fundir os metais. A
princípio Vulcano se apaixona pela deusa Pallas Athena ou Minerva. Essa
paixão acontece quando Zeus, o soberano dos deuses, está procurando uma
cura para sua dor de cabeça e pede a Vulcano que faça um machado potente
que possa abrir sua cabeça. A princípio Vulcano diz que não faria isso, pois
teme que Zeus o castigue se algo não der certo, mas Zeus o convence de que
é preciso e assim é feito. Minerva já nasce armada de escudo, espada ou lança
e capacete e faz um único pedido a Zeus: “Quero me manter pura, invicta,
intacta” e assim é, pois Zeus lhe atende o pedido. Mas Vulcano enlouquece
por ela e a quer para si. Ela o recusa e foge dele. É depois do nascimento de
Minerva que Zeus, sem saber, termina colocando para fora todos os filhos
que um dia ele engoliu. Essa lenda também é atribuída a Júpiter (Cronos)
antes dele ser derrotado por Saturno (Zeus) e os titãs. Mais tarde alguns
escritores a escreveram usando o nome de Zeus. Na verdade como se trata de
pai e filho cada escritor dá a lenda a quem deseja. Assim também é a história
de José e Jesus, Júpiter e Melchizedek. São os senhores da sabedoria.
- O estômago é o leão que devora o homem, o predador que digere o alimento
como um forno de sucos gástricos e transfere para o corpo a parte boa dos
alimentos, mas armazena a parte ruim na bílis, o irmão louco de Vulcano, o
Marte (Ares), o deus da discórdia, da guerra e da violência. Vulcano processa
o que é bom e distribui isso no corpo, mas a bílis ou vesícula recebe apenas a
parte venenosa. Entramos então na sephiroth de Marte (Madim) = Geburah,
Elohim Gibor, Kamael. Marte está na direita do nosso gigante, na posição da
vesícula biliar. Ele é o rubi do corpo da divindade. Ele é o que muitos
chamam de justiça a qualquer preço.
- Assim se fecha a parte de prata do gigante para começar a parte de bronze,
que vai se iniciar com 3 sephiroth que se localizam na cintura do ser cósmico.
É o cinturão de Horiuns, Hórus (Órion). Trata-se também das 3 pirâmides na
terra do Egito: o pai, a mãe e o filho. O pai é a sephirah de Hod = Miguel
Arcanjo, chamado de Mercúrio (Kokab) divino, que revelou o segredo do
mar de bronze de Hiram Abïf. Essa sephirah é o rim direito, enquanto Netzah
é o rim esquerdo e o filho desses é o Tiphereth, o organismo e aparelho
reprodutor. Na verdade essas três sephiroth são responsáveis pelos órgãos
fígado, baço, pâncreas e rins, ou seja, do estômago pra baixo até os órgãos
genitais. Netzah, Haniel, Vênus, Magdala, Nagah representam aqui a estrela
portadora da maternidade do homem que hoje vive na Terra, mãe do Cupido

129
O LIVRO DA LUZ

divino. O filho, que é Tiphereth, nesse caso é o Sol, Samesh, Simeão, Simão,
Rafael, Simão Pedro, Sansão. Essa sephirah é o signo de Balança, o
equilíbrio entre os dois lados. Como está um pouco acima dos pais fica no
umbigo, enquanto os pais são unificados pelo Escorpião, que cobre a
genitália do nosso gigante. Tiphereth é o topázio amarelo. Netzah é a
esmeralda e Hod é a opala fígado de boi.
- Agora vamos sair do mar de bronze e fazer as pernas do homem universal.
Elas são feitas de ferro seguindo o esquema do profeta Ezequiel. Sua sephirah
é Yesod, Gabriel, a Lua-Mãe e alma do planeta Terra. Esse foi o anjo que fez
a anunciação a Maria. Na lenda hindu ele não deu lírios, mas o colar de
pérolas. Por isso ela é a mãe dos mares, a eterna Diana pura e majestosa com
seu arco e flecha na mão representando o signo de Sagitário. É também o
trabalho em que Hércules tem que caçar a corsa de Diana. Como as lendas
variam muito vou deixar por hora apenas uma, em que Hércules não mata a
corsa, mas atira de forma a não feri-la gravemente, justamente para não
ofender Diana, que era sua irmã e que dentre os irmãos era uma das que o
protegia. Essa sephirah contém também mais quatro signos. O sagitário fica
nas coxas, o Capricórnio fica nos joelhos, o Aquário fica nas pernas e o signo
de Peixes são os pés, que alguns afirmam estar acima da sephirah Malkuth
justamente pelo ritual do lava-pés do Cristo, mas isso será explicado melhor
agora, que vamos entrar nos pés do gigante.
- Os pés são feitos de barro fundido ou pedra lavrada, como alguns falam, e
isso significa que por mais forte que sejam os pés não irão sustentar o peso do
gigante de metal. Essa imagem também nos leva a Maria, que pisa na Lua ou
na serpente, o São Jorge ou São Miguel pisando no dragão. Os pés devem
ficar acima da terra (Malkuth, a última sephirah), porque a terra é uma esfera
elemental onde habitam as almas de fogo Hashim, Abel e Caim unificados,
Jacó e Saul. Esse é o reino de Sandalphon ou Apolonion, Adnai Melekh.
Aqui o rei é de barro, forjado pelos quatro elementos e o Ki da divindade
universal. Malkuth é a realização da obra de Deus, é o 7º dia da criação, onde
Deus descansa no tempo que Ele construiu. O descanso de Deus é o despertar
do homem em Pangéia. Segundo os cientistas o peixe surgiu na Terra na
época em que havia um continente único, a Pangéia, e esse peixe com coluna
vertebral seria o príncipe dos seres vertebrados, incluindo o ser humano, que
de microorganismo evoluiu para uma cadeia revolucionária de espécies até
chegar à aparência atual. O reino de Malkuth é a prisão para onde o Cristo
será levado. Na verdade esse nome Malkuth, Geene, Gomorra, Sodoma
significa castigo, punição. Por isso muito seres têm a idéia de que a Terra é
uma prisão para os anjos caídos de Enoch, onde o Pai os condenou para todo
o sempre, mas é só uma escola tão temporária quanto os demais planetas, mas
com uma diferença. A Terra está nos pés do gigante e é feita de barro. Na
estátua de Ezequiel um meteoro vem em direção dos pés do gigante e a
derruba porque quebra seus pés, dando à Terra o título de Maya (= ilusão,
passagem). Como a Terra é considerada a alma desse Universo de 10
sephiroth se ela se acabar a vida se acaba nesse Universo ou nesse corpo. O
gigante morre, mas o detalhe é que essa alma deve renascer em um outro
nível de evolução, não mais visível aos olhos humanos. Assim os 12 planetas

130
O LIVRO DA LUZ

surgem no plano invisível e fecham a pirâmide evolutiva. Os outros planetas


de onde vieram os seres que hoje habitam a Terra já passaram para o estágio
invisível e como eram planetas-berçário tinham apenas sua própria espécie. A
Terra é a mistura das espécies planetárias e por isso não é um berçário, mas
uma escola, muitas vezes chamada de exílio ou prisão. Aqui é o lugar onde o
ser passa do microcosmo e vai evoluindo para outros estados até chegar ao
estado final do homem hoje, mas ainda terá que evoluir como homem de
sabedoria, compreensão e consciência. Existem vários gigantes kabalísticos
no Universo. Alguns o homem já sabe que existem, mas nem sempre tem
coragem de divulgar. Grande parte dessa evolução está em espaços invisíveis
ou simplesmente inalcançáveis. E assim terminamos o rascunho do gigante
universal.
- Anda bem, Senhor Rabi, eu já não estava mais entendendo nada. O Senhor
fez um gigante cheio de planetas e ainda o encheu de bichos. Eu não sabia
mais se ele era planetas ou bichos.
O Senhor Rabi soltou uma gostosa gargalhada e com calma disse:
- Meu bom menino, eu vou lhe explicar a Kabalah em detalhes e qualquer
dúvida eu prometo responder da maneira mais simples possível, o que você
acha?
- Se o Senhor está dizendo que será mais fácil, tudo bem. Eu vou tentar
compreender prestando atenção.
- Osho, meu menino, esse pequeno gigante foi só um pequeno esboço daquele
que vamos fazer com a ajuda da Bíblia, da Torah e do Talmud e as cartas que
compõe os 72 caminhos de Hermes.
- Nossa Rabi, mas isso não vai ficar difícil demais para compreender?
- Não, muito pelo contrário, vai se tornar mais fácil. Nós vamos fazer o corpo
do nosso gigante de histórias, dividindo-as em eras de transformação
planetária e terrena. Para as pessoas que tem pouco tempo para ler esses
livros todos esse aprendizado será o melhor dos benefícios, afinal não é todos
os dias que se encontra resumida ou compactada a sabedoria de tantos
escritores em um só livro.
- O Senhor está dizendo que um dia isso que está me ensinando vai virar livro?
- Sim, um dia será um livro que você escreverá e depois muitos outros o
copiarão. Assim no futuro, quando eu passar pela Terra, encontrarei nossa
história e me lembrarei do dia em que espalhamos as primeiras centelhas de
sabedoria na Terra. Mas agora vamos voltar ao nosso estudo kabalístico
universal?
- Vamos!
- Lembre-se, meu querido, agora vamos descrever a evolução universal,
planetária, Terra, microcosmo e homem animal.
- O primeiro caminho, Hermes = Kether é a coroa do Universo, os princípios.
Quero deixar bem claro que nesse caminho existem na verdade três caminhos
dentro de um só e que começamos pela Gênesis universal, porém essa
Gênesis vale apenas para o Universo, mas é reflexo para a Gênesis da Terra.
Seria mais fácil dizer que ao terminarmos o corpo do Universo é que começa
a Gênesis humana. Logo que os 72 anjos estiverem cada um em seu lugar é
que começa a Gênesis humana e sua natureza terrena.

131
O LIVRO DA LUZ

- O número 0 é o imanifesto, que vai se tornar manifesto. O Zero é o viajante


cósmico. Está sempre iniciando a Grande Obra, mas quando esta termina ele
nunca fica para dela desfrutar. Está sempre com sua mochila pronta para
continuar sua jornada. Ele é o bobo ou tolo inocente, porém devemos
observá-lo por vários ângulos. O nosso Louco sob a visão universal
representa o caos, o abismo, o Verbo que se faz sem imaginar as
conseqüências. A primeira ação que desconhece as reações é como um ser
que vai se transformando na medida de seus passos, mas o Louco também é
um paradigma que diz: “O início está no fim e o fim está no início. Tudo que
começa termina e tudo que termina um dia recomeça.” É o tal círculo da
eternidade evolutiva das espécies. Sabemos também que o Caminho Zero do
Louco simboliza o Universo, o cosmo infinito, o nada, Senhor Absoluto do
Tudo por deixar a herança genética espalhada por todos os caminhos. Usando
a longa história sagrada e lendária vamos nos deparar com Adão e Eva
quando o Pai os expulsou do paraíso (Gn 3,10-23), também igual a Jacó
quando deixa a casa de seus pais para não morrer pelas mãos de Esaú (Gn
28,1-4), Abraão, Sara e Ló (Gn 12), a venda de José, filho de Jacó (Gn 37,23-
36), a fuga de Moisés (Ex 2,11-15), a fuga de José e Maria para o Egito (Mt
2,13-15) e vários outros. É muito interessante ver o quanto nossos
personagens têm em comum, mas vamos adentrar no primeiro zero de todos
os contos, aquele de que não conhecemos seu próprio princípio, o nascido
sem dores de parto e que deu nome a si mesmo chamando-se de Princípio.
Esse primeiro passo da divindade chamamos de perfeição inominável,
intangível e incompreensível, pois tudo que fez era bom Gn 1,1-31 e 2,1-4.
Nesse primeiro capítulo da Gênesis tudo que Deus fez era bom, nada Ele
reprovou e não viu erro em nada. Uma pequena observação pode deixar as
coisas mais claras. As escrituras sagradas pressupõem Deus como o arquiteto
colocando em prática sua obra somente depois da primeira explosão que
originou o Universo. Antes disso não se fala de Deus no seu estado invisível.
Os primeiros 7 dias da Gênesis são dedicados às sagradas criaturas vivas, os
serafins ou sapiências do Pai. O primeiro ser é Vehuiah, a luz, o nascimento
da luz, é o primeiro passo. E disse Deus: “Exista a luz” e a luz existiu (Gn
1,1-4) ou, traduzindo melhor, “Que se faça a luz” e a luz se fez, unindo as
palavras Luxifer, Fiat, Lux, Faet. Aqui temos o anjo mais amado e mais
brilhante do Senhor, que mais à frente vai se rebelar, segundo os relatos das
sagradas escrituras. Esses 7 princípios kabalísticos são transformados em 8,
vendo que o zero (0) não pode ser incluído nos arcanos maiores, mas por lei
não pode ser excluído por ser o Inominável, aquele que chegou antes de tudo
e de todos. Assim os 7 princípios e o Criador somam 8. Esse número vai
coroar a cabeça no nosso Mago, o arcano nº 1. Mas voltando à história
observem que ao fazer o homem em Gn 1,26-29 Deus diz: “Façamos o
homem à nossa imagem e semelhança. Que ele domine os peixes do ar, aves
do céu e animais domésticos.” Deus os abençoou e disse: “Crescei e
multiplicai-vos.” Em primeiro lugar aqui Deus não está sozinho. Com certeza
ele tem a companhia de outro ou outros seres, que por sinal devem ser
semelhantes ao Deus Criador, caso contrário Ele não afirmaria essa frase no
plural “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” De fato Deus não

132
O LIVRO DA LUZ

está sozinho. Ele está acompanhado dos seus primeiros princípios, que
realmente são semelhantes a Ele. Esse primeiro capítulo da Gênesis se vela
(esconde) entre Deus e seus filhos, que mais à frente se revelará, mudando
apenas os nomes do Pai e dos filhos, filisteus e judeus ou judeus e Israel,
romanos e judeus, etc. Após criarem o homem à sua imagem e semelhança
também o abençoaram com a benção dos mares. Primeiro seria uma forte
indicação de que Deus já concluiu os 12 trabalhos, afinal dominar os peixes
do mar já é o sal da vida e o último signo do zodíaco, mas é claro que aquele
que escreveu o primeiro capítulo da Gênesis não escreveu os demais. Os
homens unificaram as cartas e as transformaram em livros que de certa forma
tem uma seqüência. Essa Gênesis primordial é a obra perfeita da construção
do Universo. Deus constrói aqui a casa e seus habitantes, mas as regras e a
manutenção fica nas mãos do homem e da natureza. Não se deve deixar de
perceber que Deus criou o homem no 6º dia. Jesus morre na sexta-feira da
Paixão. Dois pólos contrários? Não! Isso não está errado se observarmos pela
ótica divina, que só no decorrer da história será possível ver. O Pai arquiteto
fez o homem no 6º dia e descansou no 7º. Jesus morre no 6º dia e repousa na
mansão dos mortos. No 7º dia Deus também repousa e volta à vida no
dominus dei = o domínio de Deus, dia do domínio, simplesmente dia do
homo = homem. Esse Deus que dorme também é o Deus que se levanta mais
tarde e já é homem em meio ao homem (imortal, assexuado). O descanso de
Deus é a morte de Jesus, por isso o respeito pelo 7º dia. No segundo capítulo
da Gênesis as coisas mudam de aparência totalmente. Surge o homem feito
de barro, animais também feitos de barro e o homem, que aparentemente era
dois em um, terá que ser dividido, separado e assim cometerá o seu primeiro
pecado capital, mas antes disso cabe a observação primordial. Bereshit bara
Elohim et hashamarim ve’et ha’arets (no princípio Elohim criou o céu e a
terra). Bereshit bara é uma composição de 12 tribos = 3 x 4 = 12 e 1 + 2 = 3,
que é a santíssima trindade perfeita: Pai, mãe e filho, não no sentido de
criação da Terra, mas no sentido de criação universal, onde Deus separa dois
mundos, céu e terra. Dentro do macrocosmo Deus separa os planetas (terras)
e o céu (universo). Dentro do planeta é o solo (terra) e o infinito (céu). Esse é
o mundo dos serafins = literalmente os ‘consumidos pela luz’, chamados de
ardentes. Eu prefiro chamá-los de sabedoria forjada pela luz primeira. Isso
seria o Big Bang da ciência. Essa trindade formada pela união de quatro, a
unificação do solo dos 12 planetas para dar vida humana. Explicando melhor
seria como se Deus tivesse usado os componentes desses planetas para dar
origem à vida na Terra. Ele pegou tudo que havia nos planetas e misturou,
criando uma simbiose e fez a biodiversidade das formas vivas, seja vegetal,
animal ou mineral. O homem tem duas grandes biodiversidades dentro dele.
A composição animal é a união de um todo, assim como o vegetal também se
torna um todo.
- Em uma lenda antiga e pagã Eva não estava disposta a se sujeitar a Adão,
pois o achava pesado como uma rocha, mas o Adão não queria ceder sua
posição de primogênito de Deus e dizia: “Eu nasci primeiro, estou no meu
direito.” Essa primeira Eva não suportou a indelicadeza de Adão e foi
reclamar ao Criador, dizendo que Adão não a amava, pois não a respeitava.

133
O LIVRO DA LUZ

Assim o Pai nomeou Eva de vida e Adão de rocha da vida. Depois disso Eva
passou a ter dificuldades para penetrar no duro coração de Adão, mas Deus
ofereceu a Eva o dom da paciência e aos poucos, usando a sabedoria, Eva
voltou a fazer a nobre rocha Adão tornar-se seu lar, onde juntos passaram a
render frutos da criação. Adão aceitou a condição de que o amor era o único
ser que estava para todo o sempre em primeiro lugar e Eva aprendeu a duras
penas a esculpir o homem que ela amava. Assim as águas podem até cobrir a
terra e ser 70% do principal elemento universal (hidrogênio), mas isso Eva
deve ao próprio Adão, terra mineral, e a Hélios e outros minerais do
Universo, pois é o Adão que chora para dar vida à sua Eva, mas suas lágrimas
são doces e não salgadas e das gotas lacrimais desse Adão foram se formando
rios, mares e continentes. Essa primeira Eva que nega Adão é muito
semelhante a Caim negando Abel, a Jacó que rouba Esaú, a Judá que vende
José ou até mesmo Judas que vende Jesus, etc. Essas colocações não estão
erradas, apenas vou explicá-las melhor quando estivermos adentrando o
pescoço do nosso gigante. Basta dizer que esses seres são o preto e o branco
ou a luz e as trevas que Deus separa logo no início da Gênese (Gn 1;4). Caim
nasceu. Primeira tradução de seu nome: Shain = fogo temporário, uma vida
curta. Digamos que Caim é a tocha que Prometeu acendeu no carro de Hélios
ou Hiperion e essa tocha em dado momento se apaga como a vida dos
mortais. Assim o homem deve ascender a Deus e pegar o fogo da vida por si
mesmo. Esaú era o primeiro (primogênito), mas vende seu direito pelo prato
de lentilhas (os pés que carregam o signo de Peixes se tornam símbolo de
fartura e abundância para Esaú, mas nesse caso lembramos que o peixe que
Esaú acabou de virar fazendo a troca morre pela boca, ou seja, pela matéria).
Mais tarde encontraremos Esaú na pele de Labão, que significa ‘branco’, o
tio (irmão) de Jacó, que o faz de escravo, quando foi Jacó que recebeu do pai
a benção de submeter seus irmãos, mas o preto tem muito a ensinar ao branco
quando esses podem se unir, e acredite, o tudo e o nada é uma perfeição,
aprendiz e professor, pai e filho, etc. Os Elohins, deuses da criação, são os 10
magos que modelaram o Universo e sempre mantiveram esse equilíbrio entre
os pólos, os opostos.
- Essa guerra de irmãos seria como Deus e seu primogênio, o Aïn Soph = Ser
luz, Luxifer (luz, força, pensar; toda forma de pensamento é uma luz),
“brigando” para seduzir o filho mais novo de Adão. Deus dá preferência a
Abel, Abraão dá preferência a Isaac, Jacó dá preferência primeiro a José e
depois, pelas circunstâncias, a Benjamim, Davi dá preferência a Salomão, etc.
Adão no caso é o primeiro alvo. Para não permitir a profanação de sua
criação Deus Elohim o levou para o Éden, uma esfera inferior chamada de
Mundo da Formação (Yetsirah) onde habitavam os Elohins. Lá Adam
Kadmon ou Hockmah migrou ou transformou-se no Adam Eva (She heva =
Jehovah). Esse mundo está bem abaixo do Mundo da Criação (Briah) e
Emanação (Atziluth). Assim o mundo de Adão ficou conhecido como
Jehovah, o Adão Eva, chamados de máscara de Deus ou a Lua e sua face que
não se mostra para os terráqueos. O castigo do belo anjo, primogênio de
Deus, foi ser escravo eterno dos filhos de Adão (está no Corão, na pg. 754,
não exatamente neste contexto). Ele se recusou. Segundo algumas lendas ele

134
O LIVRO DA LUZ

dizia que Adão era de barro e ele era de fogo e não iria se rebaixar. Deus
perguntou: “Ó Iblis, o que te impede de reverenciar aquele que eu criei com
as próprias mãos?” Iblis diz: “Sou melhor que ele. Criaste-me do fogo e o
criaste do barro.” Deus então diz: “Sairás do paraíso e voltarei a vê-lo apenas
no dia do Juízo.” Iblis então diz: “Senhor, concede-me dilatação e perdoa-me
por tê-lo matado (Na verdade o homem ainda não estava completo quando
Luxifer ou Iblis acreditou tê-lo matado. Era apenas uma parte do homem.
Faltava ainda a vida mortal, que justamente o anjo Luxifer se encarregaria de
fazer mesmo sem saber, pois a estrela Vênus, também chamada de Luxifer, é
a estrela que kabalisticamente deu ao homem a vitória pela eternidade das
vidas. Nas rodas da reencarnação ela está segurando os pés de Cristo e ao seu
lado está João, ou seja, Maria Magdalena (Vênus) segura os pés do amado e
seu filho (Lua) fica ao seu lado. Maria ganhou o destaque na Binah, a casa de
Deus (Saturno e Juno que sofrem a morte do bem-amado). Iblis tenta expiar
seu erro, mas pega para si a mais difícil missão: doutrinar as ovelhas negras
do Senhor. “Então, por teu poder, eu os farei incorrer no mal, exceto os teus
servos prediletos.” Deus aceitou a proposta de Iblis e disse: “A verdade
emanará todo o sempre de mim e a verdade somente eu digo. Com certeza
enchei a Geena (Terra) de ti e dos outros que a ti seguirem. Isso nos leva a
Jacó, que após trabalhar 14 anos para Labão tem que fazer um acordo para se
ver livre da escravidão do sogro (irmão). Ele pede apenas as ovelhas negras e
pintadas. Labão fica apenas com as ovelhas brancas.
- O caos e as trevas (Gn 1,1-5) representam o não-ser, assim como a luz
representa o ser. Mas agora vamos navegar com bastante calma pelas
palavras da Gn 1,2. O capítulo 1 foi criado por Deus unido à sua sabedoria e
assim sendo o homem é perfeito como toda a criação até o seu término. Não
havia pecado nem absolutamente nada reconhecido como mal, pois a origem
de tudo era boa. Já no capítulo 2 Deus muda o aspecto de sua obra, mas eu
diria que o 1º capítulo é a planta original do projeto e o 2º cap. é a cópia
dessa planta original e que de alguma forma não saiu tão perfeita como ela. O
que teria acontecido para não estar tão perfeita como a primeira? O ponto de
partida vamos encontrar nos nomes de Adão e Eva (Gn 5,2). “Criou-os
homem e mulher, os abençoou e os chamou Adão (= Homem) ao criá-los.”
Os primeiros seres da criação carregam na origem um só nome, independente
de se Ele ou Ela. Ambos são chamados de Homem. Esse Homem Adão Eva
ou Jehovah é um ser perfeito e está muito longe do Adam Kadmon. Esse ser é
a vontade (imaginada, a sabedoria) de Deus (Soph), que andava sempre ao
seu lado (Provérbios 8,22-30) “O Senhor me criou como primeira de suas
tarefas, antes de suas obras; desde outrora, desde sempre fui formada...eu
estava junto dele, como artesão, eu estava desfrutando cada dia, brincando
todo o tempo em sua presença, brincando com o orbe de sua terra,
desfrutando com os homens.” Deus aqui é o Ser (Aïn). Esse ser faz o 1º cap.
da Gênesis inteiro, onde tudo é bom. Observe que nesse 1º capítulo Deus é
chamado apenas de Deus e quando começa o 2º cap. Ele é chamado de
Senhor Deus (Gn 2;4,5,7,8, etc.). Daqui pra frente Deus tem dois nomes:
Senhor e Criador. Ele agora é o ser que pensa, que deu a luz, pois toda forma
de pensamento é luz. Assim o Cordeiro, Carneiro, Áries e rato (no horóscopo

135
O LIVRO DA LUZ

chinês) está pronto. O Ser divinal acordou, despertou a semente germinada.


Entre o horóscopo chinês e ocidental existem claras semelhanças que
formulam a criação. O rato chinês, por exemplo, é a vida que tudo anima,
autoproclamado matriz da criação, a unidade completa. Seu poder dá vida a
tudo, pois compreende que tudo é vida, que tudo deve sair do não-ser para o
ser. Assim também é o Carneiro/Áries. Seu verbo é Ser pronunciado como o
indivíduo, o ardor, o inflamado (Ser)aphim (Aphis = boi, touro), o Eu que se
fez por si mesmo para dar continuidade à sua obra. Digo continuidade porque
o Ser em si é a marca da obra, só que essa marca é particular como um Éden
que jamais será profanado, aliás jamais foi. É o habitat do Ser. Aqui
acabamos o primeiro capítulo da Gênesis e a primeira das três cabeças do
nosso gigante. Vamos tecer suavemente o labirinto do Minotauro e fazer o
cérebro do nosso gigante, onde ele vai encontrar sustento, força para projetar
suas idéias, ou melhor, para começar a acumular seu mais precioso tesouro: a
sabedoria.
- Esse Éden matriz do cap. 1 da Gênesis é a planta original de onde o anátema
(ser água, não nascido) tirou o exemplo para as filiais planetárias. A matriz
não pertence aos filhos, mas ao Ser. É o vaso sagrado por onde transbordam
os raios de luzes holográficas do retroprojetor inicial. Nele tudo é a perfeição,
mas quando as imagens chegam a nós nem sempre a observamos com a
mesma perfeição por um motivo bem claro: não temos a mesma evolução que
a imagem perfeita tem. Então observamos a imagem como se ela e não nós
fosse imperfeita, ou seja, julgamos apenas o que vemos e esquecemos de
sentir antes de ver o imperfeito. Só existe na nossa mente e pela nossa própria
vontade, mas se somos hologramas do Ser perfeito obviamente já temos um
bom motivo para termos certeza da nossa própria evolução, afinal não
seremos hologramas pelo infinito eterno. Fomos agraciados com a herança da
sabedoria e essa não é apenas um holograma, mas um bem comum que cria
seus próprios hologramas e também os desfaz conforme sua vontade e
necessidade de crescimento, compreensão e consciência. Na segunda fase da
construção desse cérebro vamos entrar no meio das emanações projetadas ou
literalmente no labirinto da massa cefálica universal. Isso vai do 2º capítulo
da Gênesis até o dilúvio. Matusalém, Lamec, Noé, Henoc (Enoch) e seus
filhos caídos e elementos ajudam a construir a Terra nossa e universal , e a
Terra, que começa compacta, se quebra após o dilúvio, dividindo-se entre os
filhos de Enoch ou Noé. Antes da queda da torre eles já falam outra língua,
que originou nova raça. A beleza desse 2º capítulo da Gênesis nos revela o
Senhor Deus múltiplo, tal qual Deus do 1º capítulo. É necessário observar
essa particularidade da Divindade. Em nenhum momento Ele está sozinho,
pois basta observar que Ele, ao fazer o Homem, sempre usa o verbo no plural
(façamos).
- Senhor Rabi, quem está junto com Deus ajudando-O a fazer as coisas?
- Essa é uma pergunta muito inteligente, Osha, mas posso lhe dizer que em
nenhum momento é Deus que está aqui na nossa história.
- O que? Como? Eu não entendi nada. Agora tudo ficou confuso. É bem
verdade que já estava bem confuso, mas com certeza agora ficou mais.

136
O LIVRO DA LUZ

- Não se desespere. Eu explico. Os construtores desse Universo que


conhecemos são a presença daquele que É, mas aquele que É não se limita a
um só Universo. Para isso Ele delega funções a seres iguais a Ele e a criação
do Universo que a Terra conhece foi delegada a seres que são como Deus, o
que na íntegra todos são. O que separa o homem dessa realidade é tão
somente o estágio de evolução. Até o dilúvio as três primeiras trindades
(Deus trino, Senhor Deus trino e Senhor trino) constituem o Universo
planetário que conhecemos e logo que anunciam o fim do dilúvio (Gn 8)
retornam ao princípio, o novo mundo, com o primeiro Ser como Deus. Então
“Deus” se lembrou de Noé, ou seja, o primeiro mago absoluto assume
comando para desembarcar Noé nesse Novo Mundo. Na verdade o que eu
quero dizer com isso é que a cada conclusão, mudança, transformação, Deus
entra em cena e o Senhor sai para dar lugar ao antigo (Urizim).
- Mas vamos voltar a Lamec, aquele que fala para suas mulheres que matará
um homem por uma ferida e um jovem por uma cicatriz (Gn 4,23). As
mulheres de Lamec tem nomes sugestivos: Ada e Sela, terra e céu, ou seja,
Lamec declara aos céus e terra suas intenções. E quais são? Lamec (=
Lamed) é braço em hebraico. Na Bíblia não é tão difícil encontrá-lo. Moisés e
Jesus são as formas mais belas desse braço divino. Em Números 20,1-11
Miria (seu nome significa água, vida), irmã de Moisés morre e quando isso
acontece o povo fica revoltado contra Moisés, pois acabou a água (a Miria =
Maria). Moisés golpeia a rocha com um bastão e brota água. Em Mateus
27,50-53 a terra tremeu, as pedras reclamaram os sepulcros, se abriram e os
santos ressuscitaram, no momento da morte de Jesus. Em João 19,33-35 o
soldado abriu o lado de Cristo com um golpe de lança e jorrou água e sangue.
Se Lamec matou um homem por uma cicatriz e outro por uma ferida eis aí os
homens, sem esquecermos, é claro, do homem que o Senhor Deus criou de
barro na Gn 2, 21-22. Ele tira da costela de Adão (terra) e dá a Eva (água). A
cicatriz a que Lamec se refere é a pequena nascente brotando a pequena
mancha (= ferida) de água, que a princípio são apenas lagos, mas como
Lamec diz que sua vingança seria 70x7, essa pequena mancha vai se
transformar no dilúvio universal, que atinge também a Terra e é aí que entra o
nosso Eon divinal, o princípio, primórdio, os elementos / substâncias trazidas
por Enoch ou Noé e seus filhos planetários. Na verdade esse é o mago, fruto
sagrado, Num, que deu vida não apenas à Terra, mas aos demais planetas.
Vamos explicar como isso aconteceu.
- Matusalém é a pedra fundamental do nosso Hockmah planetário, kabalístico.
Matsu (solo) = Matsa (chão), Salem (terra) = Matusalém. Esse nome é
composto de dois: solo e terra. É como se estivéssemos construindo o solo da
Terra. Imagine que do espaço ainda vazio surge o primeiro planeta. Esse
primeiro planeta teria vindo do Ser (Aïn), mas ainda no seu estado não-ser
para se tornar ser. Esse planeta atravessou o mundo invisível para nós e
adentrou no que viria a ser o nosso “espaço universal”. Digamos que
Matusalém é um corpo titã, o Senhor dos Titãs. Biblicamente falando
Matusalém não é um planeta em si, mas o espaço ou a mesa onde se
sentariam os 12 filhos de Jacó e os 12 apóstolos de Jesus Cristo, ou seja,
Matusalém é a casa universal dos planetas titãs. O solo, corpo, vaso,

137
O LIVRO DA LUZ

metaforicamente falando, que recebeu / acolheu os planetas. A soma da idade


de Matusalém é igual a 6, dia em que Deus criou o Homem. 969 = 24 = 6.
Também 24 é a soma de duas vezes 12; (12 + 12 = 24), que seria a perfeição
da palavra Bareshet bara 12, o não-ser (12) para o ser (12), o encontro do
nada com o tudo primordial, o Deus e o Senhor Deus, o arquiteto e a
sabedoria do arquiteto, Mazalot = Matusalém = Matsusalem = Hockmah =
pedra, água. O Hockmah é chamado de “sabedoria de Deus” justamente
porque se localiza na sephiroth que contém o zodíaco completo. Do zodíaco
surgiriam todos os elementos necessários para a criação da vida universal e
humana, macro e microcosmo. A palavra Hockmah / Hocman é traduzida
apenas por sabedoria, a Sophia, mãe que deu vida a todas as coisas, porém
seria mais fácil traduzi-la por Via Láctea, terra de leite e mel...e já que é a
Via Láctea do Universo podemos também nos ater à tradução da palavra
Hockmah / Hocman. Hockmah também é parte da palavra Binah.
Separadamente Hoc Man  Hoc = base, rocha; Man = lago, água, o que nos
deixa entre três cartas do tarô ou entre três letras do alfabeto hebraico. Seriam
as cartas 11 Kaph, pedra, 12 Lamed, braço e 13 Mem, água. Imagine que a
letra 11 é uma primeira forma, uma base. Para facilitar as coisas imagine a
letra 11 como uma mão fechada que vai saindo do não-ser e adentra o ser
(nosso Universo), mas pára no punho fechado. A letra 12 (Lamed, braço) vai
dar continuidade ao movimento da carta anterior, afinal Lamed significa
braço e ferida, ou seja, o nascimento planetário dos titãs e da Via Láctea. A
fenda ou ferida feita no Verso criou o Universo e o alimento lácteo
mitológico, bíblico e histórico. A mão de Deus que surge do nada se estende
como um braço gigante e libera o Universo em que vivemos. É muito
importante o número de formação das conjunções astrais dos 12 zodíacos
principais. A quantidade de constelações é de 51 = 6. [70 x 7 = 490 = 49 = 13
Mem, 49 verdadeiro] Esse braço de Lamed estendido que forma a Via Láctea
é o marco para o 3º homem e é só a partir desse ponto que poderíamos dizer
que a água da vida ou o leite universal alimentara os planetas, inclusive o
nosso, afinal não devemos nos limitar apenas ao nosso planeta, pois se temos
vida comum o Universo também recebeu essa dádiva. Na verdade os 22
caminhos descritos pelas 22 letras hebraicas são a etapa de evolução conjunta
e individual, universal e planetária. Essas etapas servem também para nos
lembrar dos primeiros estágios de evolução da Terra e dos seres que aqui
habitaram. Como eram as primeiras raças de aparência e evolução? Como
serão as próximas e quando chegará o fim definitivo do planeta Terra? Tudo
isso sempre esteve ao alcance de todos, pois os segredos não podem ser
escondidos nos céus. As estrelas os revelam, basta olhar, observar com
calma, ler os ditos livros sagrados e outros, fazer associações entre nomes,
datas, histórias e tudo ficará bem simples. Na verdade é isso que eu estou
tentando fazer agora.
- Seguindo a “maldição” do Lamed bíblico 70 x 7 = 49 = 13 (= 4), carta e letra
do alfabeto (Mem = lago), que tem valor de nº 40. Ela simboliza as águas da
fertilidade, a mulher, a vida universal. É o dilúvio que destrói Atlântida,
Lemúria e Shangrillá. Antes das águas choveu meteoros e houve inúmeras
erupções vulcânicas, abalos terríveis na crosta terrestre, que dizimaram as

138
O LIVRO DA LUZ

raças primárias da Pangéia. Para salvação das raças teve que vir da casa de
Beteiguse / Beteigeuze [casa dos Gêmeos, signo de Gêmeos, na ponta do
bastão (maça) ou espada de Órion. Órion é uma perfeita harmonia celeste, ao
mesmo tempo em que mira sua flecha para o signo de Touro (Plêiades) ergue
a maça ou espada para Gêmeos]. Esse Órion é chamado de Hércules = glória
da terra (,mas existe outra constelação com o nome de Hércules. O fato é que
ela não tem semelhança com o mito do herói grego)], Tamuz dos caldeus,
Osíris dos egípcios, Esaú e Sansão dos hebreus, Al Jabar dos sírios e até
Jesus Cristo dos cristãos. Assim justifica-se a história da origem de Jesus
Cristo ser da casa de Beteiguse = Beteigeuze = BetHellen = Belém. Órion é o
ser que vai dar início aos 12 trabalhos para manter uma forma de vida na
Terra. Assim vamos descendo do pescoço do gigante universal, que agora vai
ser decapitado como João Batista. Construída a cabeça Kether = Carneiro,
Hockmah = o zodíaco (Libra), Daath, Binah = Touro e Gêmeos (ponte dos 2
lados = meia divisão, fronteira). Essa 1ª trindade fechada em 4 esferas = a
sephirah Daath (Câncer) é invisível = uma ponte que liga Hockmah a Binah.
Por ser considerada invisível ela não é contada, mas aqui vamos deixar claro
que ela é o fundamento central da trindade, a viga mestra, coluna central,
pouco abaixo da cervical. Essa 1ª trindade é separada do resto do corpo do
nosso gigante universal. Vamos agora explicar porquê. (João Batista perde a
cabeça, mas continua falando pela boca do Cristo. É o que acredita Herodes.
Osíris fala pela boca de Hórus). É agora que nossa história pode ficar um
pouco confusa, porém muito interessante, pois vamos adentrar direto na
história de Jesus Cristo e seus três nomes (Galileu, Nazareno e nascido em
Belém). Além de explicarmos o nome de Magdala = Mam (13) = água,
mulher; Daat = divisão, ela é a Heroditas (Salomé) (a esposa de Putífar, que
atenta José do Egito) entre os dois irmãos ou a mulher do João Batista, que
ama Jesus. Lembrem-se que ele veio da casa de Beteigeuze, Gêmeos ou o
meio irmão de sangue como na lenda de Castor e Pollux, os irmãos da
constelação de Gêmeos.
- Não sei se vai ficar mais difícil do que já está, mas creio que esse assunto vai
continuar a me deixar de boca calada. Eu ainda não compreendo nada do que
o Senhor está falando, Rabi.
- O silêncio, meu ser de pura alma, é o mestre mais nobre quando não nos
deixa dúvidas. Por isso preste atenção, mas jamais esqueça de perguntar, pois
o vento passa rápido e suas dúvidas guardadas podem ser esquecidas no
momento, porém mais tarde, quando o vento voltar, a dúvida também voltará
à sua memória implorando por uma resposta que lhe traga a certeza.
- Tudo bem Rabi, eu vou escrever aquilo que eu não compreender, mas ainda
prefiro que o Senhor continue a contar toda a história sem minha interrupção.
É mais fácil ouvir para depois perguntar.
- Estás a te tornar um sábio com tão pouca idade, meu pequeno Osha.
- Foi o Senhor mesmo que me ensinou que para compreender melhor uma
história é preciso ouvi-la na íntegra.
- Tudo bem, então vamos continuar, afinal nosso gigante é de fato um gigante
e ainda temos muito para construir. Vamos começar pelo Ariano, que sempre
se encontra no céu do lado contrário ao Pisciano. A cabeça do carneiro e do

139
O LIVRO DA LUZ

peixe da ceia sagrada para muitos povos, o primeiro e último trabalho de


Hércules, carta 1 (Mago) e 12 (Sacrificado), ou melhor, o arquiteto, irmão do
Cordeiro (Abel) Hiram Abïff. Traduzindo: Hiram = arca. Usando o verso da
palavra Hiram = Marih. Hiram também é escrito de várias maneiras: Haram =
Alah = o primeiro, o homem que pensa ou o Ser que pensa. De uma forma ou
de outra o nome Hiram ou Haram ou Hirá é o ser que pensa e Abïff é a força
do pensamento, ou seja, Abïff = touro sacrificado ou Aphis (touro) dos
egípcios, chamado também de “o Robustíssimo”, aquele que o Senhor
cumulou de dons e talentos para construir o seu templo. Aqui ele é
reconhecido também como o irmão, como é para alguns a tradução do nome
Hiram. João Batista cabe perfeitamente dentro desse contexto, pois veio
construir o caminho para o Yoshua, como todos os outros grandes arquitetos
divinos Bacellel ou Basilai do templo de Moisés e Davi. O que é mais
estranho é que na Bíblia a morte de Hiram é um jogo de palavras muito bem
elaborado, como acontece com o triângulo amoroso de Davi, Betsabei e Urias
= José, Putífar e a esposa = Herodes, Salomé “Heroditas” e João Batista.
Como as histórias mudam o rumo das coisas! Mas bons olhos não perdem os
detalhes. É possível ver onde tudo vai ser encaixado. Toda essa gama de
mítica religiosa faz referência ao impulso universal causado pela explosão de
um astro que dá origem à Gênesis e o princípio da vida. Surge então para o
Universo o Touro de Mitra. Despeja seu sangue, que surge como raios de Sol
e vai fecundar ou até mesmo dar o princípio ativo à casa do Senhor, Binah =
Aime, Sephiroth de Saturno, o pai-mãe do nosso Universo. Quando nos
referimos a um ser cheio de dons para criar o templo do Senhor observamos
que esse ser em si carrega o princípio, a Gênesis, ou seja, já é um ser perfeito.
Ele próprio é a origem (Gene Orion, Orizim, Osíris, Ísis). Vejamos como isso
é possível. Beresheet = Ber, Bor, Bar = pai; eres = chão, terra, uma terra não
é necessariamente nosso planeta; esh = ele, masculino, she = ela, feminino; et
ou el = a perfeição = o Ser.

- Dividindo e juntando adequadamente as letras da palavra Beresheet =


princípio ou criação, teremos um ser de fato perfeito. Vamos observar o
quanto o nome Beseleel tem de semelhança com o Beresheet. Na verdade não
se trata apenas de semelhança. Remove-se a letra ‘r’, substitui-se o ‘t’ por ‘l’
e teremos o artesão que Moisés recebeu de Deus para construir o templo que
no futuro Davi não contruirá, afinal esse templo já está construído e Hiram
Abïff é só uma outra forma ou máscara de Besekel (Êxodo 35,30). Ele era
filho de Órion (Uri), filho de Hur da tribo de Judá e o Senhor lhe deu dotes
sobre os humanos, sabedoria e habilidade para lidar com seu ofício. Esse

140
O LIVRO DA LUZ

artesão ou mago vem da casa de Uri ou Urizim = uma luz que ascende à
Criação (Capela, Orion, filhos da luz), ou seja, o princípio. Aqui
compreendemos que Beseleel é o filho da luz dotado da luz criadora. Ele é o
touro forte que puxara a carruagem de fogo de Osíris, Elias, a Arca de Noé.
Também é o Batista que veio antes e também, como o touro, terá seu pescoço
sangrado, para que a Tumim se realize. Essa Tumim é o Tau ou Tav, a
presença do Ser divino, o sinal , o código de Enoch ou Thecinah ou
Shekinahah, a graça da presença do “Ser” no ser humano (O sono mortal,
Benjamim, pois no 7º dia o Senhor descansou de sua obra, entrou no homem
que fez, acordando para uma vida e morrendo para a outra. Transformou-se
em humano e deu a graça de sua presença.) O nome Shekinahah (ela, fruto da
luz) ou Thecinah (a filha da luz, a face de Deus) = o ser de luz, o filho da luz,
o filho de Enoch (= homem). Assim fica mais fácil compreender as coisas. O
ser criador Beseleel, filho e pai de si mesmo, vem para criar algo à sua
imagem e semelhança. Esse algo é a vida em sua infinita grandeza, seja ela
planetária, universal ou apenas individual. A Urim e a Tumim são as duas
partes das constelações que estão ao lado de Orion, tendo ele como o puxador
desse grande Universo. É o signo de Áries e Peixes, que se encontram lado a
lado fazendo o princípio, a cabeça do cordeiro imolado e sua perna seria o
peixe, que é o fim da grande obra do arquiteto, o que na verdade também
seria o fim do corpo do nosso gigante universal, mas nosso mago apenas
começou o trabalho e vamos às suas primeiras tarefas, lembrando sempre que
ele em si é perfeito, pois carrega as 10 letras do alfabeto e o nome Beresheet
é uma união secundária dessas 10 primeiras letras, pois o nº 10 é um
princípio no vazio. Observe: 1 + 0 = 1 Aleph = horizonte (velha Zion =
Urisalimon = filhos de Orion ou Capela), mais propriamente falando seria
Urizim, Ori Eon = Uri Zion = Horizon (o Cristo disse: Eu sou o caminho, a
verdade e a vida) = caminho, luz, um caminho para seguir, uma luz para
seguir (se orientar), o sentido do horizonte em nossas vidas (deixar a velha
casa e partir para uma nova, que ia ser a Terra de hoje. Os filhos de Orion se
tornam filhos refugiados na Terra, exílio dos capelinos), do Sol como guia da
humanidade e da primeira luz, a que explodiu em milhares de fragmentos
estelares e se fez não apenas luz, mas cores e em seu arco-íris reinou como
vida no Universo. Assim deu à Terra apenas o reflexo do seu belo colorido. O
arco-íris que a Terra vê é reflexo dos raios solares na chuva. Mal existe o
arco-íris, reflexo das constelações do Universo, que surge raras vezes em
torno de algumas estrelas. O Sol é a soma de todas as cores. Por isso é
chamado de cristal ou diamante universal. Esse é o Urizim, Mago, 1º Aleph,
o arquiteto da grande obra de Deus. Seus ajudantes (filhos) são os Elohins
Seraphis, Serafins ou luzes, as estrelas com luz própria que nasceram da
grande explosão do primeiro Sol cristal, que ao explodir originou de si essa
gama de estrelas com vida e luz própria, que se comparam ao Urizim, com os
Senhores da Criação, embora eles sejam apenas o Senhor Deus do 2º capítulo
da Gênesis, aquele que criou o Adão de argila e a Eva da sua costela. O
Urizim dos Urizins é o Deus do 1º capítulo, que fez Adão e Eva de luz,
individualmente. Na verdade são esses primeiros seres que têm a história
velada. Pouco se revela sobre esse primeiro Adão e sua Eva. Na Torah,

141
O LIVRO DA LUZ

Talmud e Zohar eles têm os nomes diferentes e é isso que é preciso esclarecer
para termos o 1º Mago, Arquiteto da Vida. A 1ª Eva e o 1º Adão receberam
de Deus uma benção: “Crescei e multiplicai-vos.” Elétron é o mais próximo
da 1ª Eva, Lilith na Zohar. Ela seria o alimento do Adão Próton, pois esses
ainda não são feitos de argila. Alquimia e ciência universal, a saída do buraco
negro e o impacto com o nada gerou os divinos seres do 1º cap. da Gênesis,
mas como Deus disse “Crescei e multiplicai-vos”, tal história é semelhante a
Abel e Caim. Eva e Adão cresceram e não apenas se multiplicaram, mas
criaram massa, substância, solo e deram vida ao 2º Adão, feito de argila e à 2ª
Eva, água, que nasce do Adão ferro, “argila”, e esses dão a vida aos
elementos fundamentais, Caim e Abel, que enfim vão se transformar em
Camael = Samael = Shaim = Caim = Hebel (ar, sopro) = Caimã. Unindo os
dois nomes desses irmãos vamos ter variantes significativas: Cam.ael (Caim e
Abel), também é a união do nome do filho amaldiçoado de Noé “Cam” (Gn
9,20-26). O fogo se alimenta do ar como Caim = Shaim (fogo) se alimentou
metaforicamente de seu irmão Abel = Hebel (ar, sopro). Camael, Shamael é o
Sol expulso do reino dos Elohins? Ou é a Luxbelula de Deus? Lux = fogo
ainda na fagulha, na formação sem força. Caim é o fogo limitado, que se
expande ao se alimentar de Bell ou Abel = ar. Assim se tornam o fogo criador
solar, a Luxbell, a Lisbelula de Deus. Juntos eles também são o touro Aphis,
o Seraphus ou a força ipsíssima da presença do Ser divino. São também a
lenda dos Gêmeos Pollux e Castor. Constelações se formam, surge Orion,
Capela, Plêiades. É o Universo que cresceu junto com a expansão dos irmãos
unificados, a história de Jesus Cristo. Temos uma união também muito
interessante: a de Jesus Cristo com Simão Cirineu, o gentil que o ajudou a
carregar a cruz. Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus (Abel era pastor de
ovelhas). Cirineu é na verdade Pedro Simão, aquele que o trai e nega. Mais
tarde como Caim, Kaifás ou Kepha, Ozebte (Seraphis) = ardente, consumido
pelo fogo, ou seja, por mais que tentem esconder Simão = Shimão recebeu
vários nomes, mas nunca deixará de ser Caim, o Simão Cirineu. O papel
deles se inverte apenas na formação do astro divino, o Jesus Cristo = Yoshua
(vida) = ser que é o núcleo do Sol, o cristal / diamante divino, é Caim, Kepha,
é o fogo que o ascende e juntos eles formam o Samuel, Simão, Samec, que é
o movimento circular ao redor do núcleo central. Esse movimento circular
gerado pelo gás que aumentou o tamanho do Sol também é chamado de
Belial ou bélico, fatal, mortal, pois como já aconteceu no princípio, onde tudo
se gerou da união, acontecerá também em futuro próximo que o Sol vai
explodir. Na verdade ele já está explodindo e não vai demorar tantos bilhões
de anos como dizem os homens da ciência. Eles sabem que já aconteceram
várias explosões solares e que esse não é o nosso primeiro astro-rei. Sabem
também que o Sol é o responsável pela fertilidade da natureza em geral, seja
homens, animais, etc. Algumas lendas primitivas acusam a Lilith ou Belial
por matar crianças muito pequenas ou bebês roubando-lhes o fogo da vida, o
coração (órgão que é regido pelo Sol). Na verdade não é assim. O Sol pode
realmente ser letal para crianças ou adultos. O que na Zohar fica claro é a
desidratação ou os casos de seres prematuros como as sementes que não
resistem a temperaturas muito altas. Assim também acontece com os seres

142
O LIVRO DA LUZ

humanos. Algumas lendas falam da Lilith como a Lua negra ou o lado negro
da Lua, que vive influenciando o Zodíaco. Alguns astrônomos e astrólogos
dizem que a Lilith passa vários anos regendo determinadas constelações ou
“signos.”
- O mais belo de tudo isso está na constituição do gigante universal. Quando
este ser ficar pronto no Universo o corpo humano da aparência atual também
estará. Para se ter uma idéia Belial troca de lugar. No corpo humano ela se
refere a bílis, que não deixa de ser um líquido letal para o próprio ser e o mal
funcionamento desse órgão, unido aos rins e fígado, causa um
envevenamento lento, que pode prejudicar gravemente a boa saúde. Já a
Lilith e Samael encontramos no nível de gordura das artérias, mais
especificamente as do coração. Seria o HDL e LDL, os níveis de colesterol
nas artérias. O Caim que mata o Abel é o ritmo cardio-respiratório que faz o
sangue (de Abel) circular pelo corpo. O Lamec que mata o Caim e se torna
maior por sua maldição (70 x 7 = 490 = 49) nada mais é do que uma das
maiores veias do corpo, a aorta, e assim, com a soma da maldição de Lamec
teremos 40 = 13. O próximo órgão é Mem = lago, que é internamente nossa
bexiga, mas externamente é o nosso abdômem. Não devemos esquecer que
Lamec, apesar de ser a aorta, pára justamente na vesícula biliar, lembrando
que Lamec tinha duas esposas: Ada e Sela = vesícula biliar. Os filhos de
Lamec (Gn 4,19-23) são Jabal, Tubal Caim, Jabel e Noema. Interiormente
eles são rins e fígado. O pâncreas fica para Noema, que controla a glicose no
sangue, a quantidade de sal e açúcar. Os intestinos delgado (duodeno) e
grosso ficam para Noé e seus filhos. Observe que Matusalém, avô de Noé,
construiu a parte de fora (glúteos, pélvis do umbigo até o começo das coxas).
Assim Noé estará pronto para sua viagem. As águas sobem. Desceu para o
estômago e vai fazendo a trajetória pelos intestinos. Noé solta o corvo, os
gigantes mortos. Os alimentos digeridos serão expelidos do corpo de outra
forma. Assim como a terra come os corpos digerindo-os e os transformando
em adubo, o corpo segue o exemplo. A pomba é o exemplo mais belo de
sabedoria medicinal. A urina (pomba) são as águas que bebemos, que não
apenas alimentam nossos corpos. Observe que a pomba vai a primeira vez e
retorna e assim várias vezes. Quando volta com o ramo verde no bico as
águas já estão baixas. Os povos antigos acreditavam que a urina devidamente
usada limpava o corpo humano de inúmeras doenças, além de ser excelente
para curar picada de cobras venenosas e escorpiões. Por isso Moisés levantou
uma serpente de bronze (planeta Marte) metaforicamente para curar seres
picados por serpentes. O bronze é a parte dos quadris do ser humano (ver a
estátua de Daniel ou Ezequiel) e é nessa parte que o canal da urina está, ou
seja, a serpente de bronze é apenas a representação metafórica dele. Noé é o
representante da carta Nun 14, que significa fruto, ou seja, ele faz seu
caminho pelo intestino, mas sua parada é a próstata do homem, sem esquecer
que ele também viaja pelo útero feminino, afinal em sua arca ele carrega toda
espécie de animal, macho e fêmea, isto é, ele é os órgãos reprodutores e
excretores masculino e feminino. A continuação do corpo físico se faz com
Jacó e seus 12 filhos, a começar pelo próprio Jacó e seu irmão Esaú,
calcanhar e punho. Rubem (visão), Simão (audição), Levi (narinas), Judá

143
O LIVRO DA LUZ

(fala), Aser (o ato de comer), Yssacar (pensamento), Neftali (riso), Dan


(raiva ou fúria), Benjamim (sono, “morte”), Zebulom (andar), Efrain (tato,
toque), Gad (ação). Na verdade os filhos de Jacó são a cabeça do homem,
corpo físico humano e universal, mas cada um coordena duas áreas no corpo.
Como sabemos que o cérebro, a cabeça é o mestre do corpo, vejamos o
exemplo de Judá, que é a fala, mas também rege o pé direito. Rubem é a
visão e a mão direita.

144
O LIVRO DA LUZ

145
O LIVRO DA LUZ

- Benjamim e José tem sentidos bem elevados. José é a vida que vem para o
mundo em busca de sabedoria. Seu nome é literalmente rocha, justo ou vida,
conhecimento. No corpo humano ele é o cérebro na íntegra e Benjamim é o
coração, que tira a vida da mãe quando nasce. A mãe é Raquel, luz solar. Por
isso está no coração de Jacó (assim como José). O Sol dá sentido à vida,
manda no coração. O filho Benjamim matou o Sol do pai, dando o sono da
morte para a mãe (Jacó perde a luz, Raquel, e a vida. José, por isso, se
contenta com a morte, Benjamim), mas ao mesmo tempo levou vida
(verdadeira. É uma esperança de retornar à luz do divino Pai celeste e alivia-
se de tudo que sofreu) para Jacó com a sua presença (Gn 29,32 e 30,25-26 e
35,16-19). Lia é a outra esposa de Jacó. Ela é a Lua (Lilith), que rege o
cérebro, a razão, enquanto Raquel é a emoção, o sentido da vida.
- O livro da Gênesis bastaria para a constituição universal, planetária e
humana, mas se temos que deixar tudo bem claro vamos então dar
continuidade. Após essa breve explicação anatômica voltemos à construção
do gigante universal e, é claro, a história dos filhos de Jacó agora vai ficar
ainda mais interessante, pois a unificaremos com a de Jesus e de várias outras
personagens bíblicas. É bom prestar atenção que o Universo sempre fará
parte da história, afinal, como disse Hermes, o que está encima é igual ao que
está embaixo e vice-versa. A história de um homem revela a origem do
Universo e dos seres humanos e toda anatomia viva na nossa atmosfera.
Vamos sair de dentro do corpo, deixar de ser anatomia para continuar a
história. Aqui eu vou ter que juntar a Lilith à história, mas colocando-a em
outra posição. Preciso explicar que as personagens aqui podem trocar de
lugar, pois no Universo o nome é outro. Na Terra é usado um mais
conhecido. Na verdade é como se fossem várias faces ou avatares,
reencarnações de um só ser que, de acordo com a história vai mudando de
posição, mas não necessariamente a função. Por exemplo a Lilith agora vai
ser a serpente do Éden que tentou a Eva, o que bate com a Zohar e até um
pouco com as suas histórias anteriores, pois sua função agora é a mesma, mas
ela vai entrar no Éden com um nome mais esclarecedor. Ela será a esposa de
Jacó, Lia, que irá seduzir Raquel e Jacó, conduzindo-os à morte. Como? Esse
é o começo da nossa infindável história universal, que terei muito prazer em
lhe contar, mas para não nos perdermos no caminho vamos só dar mais uma
face para a Lilith. Na Gn 2,18-25 o Senhor Deus disse: “Não é bom que o
homem esteja só. Vou fazer para ele uma auxiliar (seres bíblicos que têm o
nome de “auxílio de Deus”: Jesus, José, Lázaro). Então o Senhor Deus lançou
sobre o homem um sono (Benjamim, filho de Jacó, João ou Jonas) e o
homem adormeceu. É o Lázaro que dizem estar morto e Cristo o ressuscita (o
auxílio de Deus, Lázaro = José, pai de Jesus) (Jacó que se mortifica sem José
e revive ao vê-lo). O Senhor Deus retirou uma costela e a partir de dentro
cresceu a carne. Assim do Adão nasceu a Eva e ele disse: “Essa é carne da
minha carne” e a chamou de Eva. Assim, com a ajuda do Senhor Deus o
homem ganhou sua auxiliar, vida. O barro, a terra recebe a água, vida, Maria.
O nome de Eva em hebraico tem a raiz na palavra vitalidade ou vital, hwh
(Eva), o que nos faz lembrar das sephiroth (h) Binah, ar (w) Daath, água,
Magdalena e (h) Hockmah, terra de Eva (anagrama de ‘Ave’ Maria).

146
O LIVRO DA LUZ

Voltando ao Adão, que agora já tem sua auxiliar, vamos descobrir onde está a
serpente mágica Lilith (Gn 3,2-6 diálogo da serpente com Eva). “Não
podemos comer da árvore que está no meio do jardim”, disse Eva à serpente.
A serpente disse: “Nada de pena de morte! Acontece que Deus sabe que seus
olhos se abrirão quando comeres dela (lembrar que nesse capítulo o domínio
da criação é do Senhor Deus e a serpente aqui se refere apenas a Deus. No
caso ela própria é o Senhor, é o primeiro auxiliar de Deus) e sereis como
Deus, versados no bem e no mal.” Então a mulher percebeu que a árvore era
desejável para adquirir discernimento. Pegou o fruto da árvore, comeu e
ofereceu a seu marido, que comeu junto com ela. Agora vamos à versão desse
diálogo em João 4,6-23. Jesus e a samaritana: “Quem beber a água que lhe
darei jamais terá sede, pois a água se transforma em manancial que brota
dando vida eterna.” “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha sede e
não tenha que vir aqui para tirá-la.” “Vai, chama teu marido e volta aqui.”
Vamos lembrar que a samaritana chama o Cristo de Senhor. A serpente
também era o Senhor. Nesse caso ambos são auxiliares de Deus, já que o
nome de Jesus, Yeshua

(Ele, Ela; Aba = Pai = Ser) é Auxílio de Deus, ou melhor, o arquiteto do templo
sagrado. O fruto e a água são fontes de sabedoria, da vida eterna. Esses diálogos formam as
4 primeiras sephiroth, que mesmo sendo o Daath invisível, fará parte dessa trindade. O
Daath se divide em 4 partes, como as 4 faces da Lua. Ele serve de ponte para Hockmah e
Binah e Kether e Tiphereth, ou seja, ele é o servo do corpo, coluna cervical, as 7 principais
vértebras, os 6 maridos da samaritana, que fala com Cristo “Tens razão, tiveste cinco
maridos e tampouco o de agora é teu marido” (João 4, 18-19). O 7º marido conversa com
ela, que deixará de ser samaritana para se tornar Maria Magdalena, a mulher de quem
Cristo expulsa 7 demônios (Lucas 8,2-3). Esse Yashua é o Kether (ben) filho do Pai, a
coroa do filho adâmico de Deus, mas agora é preciso compreender quem é esse Deus cujo
nome os homens tanto falam: Yod, He, Vav, He (YHWH) = Senhor. O nome de Eva é
HWH. Jesus e Maria também são chamados em aramaico de Maryah = Senhor Deus e já na
Gn 2,7 a criação passa a ser feita pelo Senhor Deus, que faz o homem de barro e sopra o
alento nas suas narinas, igual a Cristo em João 20,22 soprou sobre seus discípulos e disse:
“Recebei o Espírito Santo”. Se Jesus e Maria carregam o mesmo título “Senhor Deus”, fica
claro que eles são pais da humanidade, criadores do Senhor do 4º cap. da Gênesis. Esse
Senhor adâmico de barro feito pelo Senhor Deus seria o Simon bar Yoshai, Simão, filho de
Jesus, mas antes de dar continuidade à história do filho vamos compreender o nome dos
pais. O 1º Adão e Eva criados pelo Deus (Elohim) não são feitos de barro. O 2º Adão e Eva
feitos pelo Senhor Deus são feitos por um só ser e separadamente, ao contrário dos
primeiros, que foram feitos de uma vez e ainda recebem (Gn 1,26-30) as bênçãos dos
peixes (água / Peixes), das aves do céu (ar / Áries), animais domésticos, répteis, ervas da
face da terra. Esse 1º casal já contém os 4 elementos, as 22 letras e os 12 signos, mas são o

147
O LIVRO DA LUZ

plano imaginário, arquétipo perfeito e imutável kabalisticamente, chamado de Atsiluth


(Kether). O 2º casal é chamado Briah, criação de Chockmah e Binah. Esse segundo casal,
filhos do 1º casal (Senhor Deus) irá criar o 3º casal, que logo irá surgir. Lembremos que a
serpente seria o animal mais astuto que o Senhor Deus criou. Recorde que o anjo Gabriel é
o mensageiro e a força de Deus e também tem controle sobre as serpentes. Esse anjo vai
entrar agora na história para ajudar o “Senhor Deus” a criar o Senhor. Adão e Eva de barro
comem da árvore o seu fruto proibido. São expulsos do paraíso. O Senhor Deus fez para
eles túnicas de pele (Gn 3,20-21) e os vestiu como se eles ainda fossem crianças? Não, na
verdade eles não tinham a pele humana que temos hoje, ou seja, eles agora estariam de fato
acabados, feitos, prontos, ganhando corpo carnal. No cap. 4 Eva tem um filho com a ajuda
do Senhor. Na verdade ela diz: “Procriei um ‘homem’ com a ajuda do Senhor”. Começa aí
o círculo vegetal (Caim) e animal (Abel). O círculo vegetal é terra, água, semente e fruto. O
círculo animal é terra, ar, deserto e fome. A união cria a perfeição divina. Esse círculo
continua no Novo Testamento com Isabel e Maria anunciadas pelo mesmo anjo Gabriel.
Caim, apesar de representar o lado vegetal da história tem o nome semelhante a Shin
(chamas de uma fogueira de vida curta, que logo se apaga. Ele representa a letra Shin, o
Louco no tarô, que perde o rumo e o contato com o Divino. Abel aparentemente seria as
águas e não o ar, mas no decorrer da história eles vão mudando os nomes e elementos. A
semelhança da anunciação do anjo Gabriel são justamente os elementos. João Batista, filho
de Isabel, é o aquariano (ar) (fogo, carneiro imolado, degolado dentro do templo) vestido
com pele de camelo e vive no deserto. Seu nome é compaixão do Senhor, pomba, Yonná,
graça de Deus. O nome de Jesus é Immanuel (imma = mulher, nun = fruto, el = Deus)
(Isaías 7,14-15) significa “O Senhor está contigo ou Deus é conosco”, Senhor Deus, porém,
em Lucas 1,28-38 o nome Immanuel (traduzido ao pé da letra: mulher fruto de Deus e Deus
fruto da mulher) é um termo que o anjo Gabriel usa para falar com Maria, dizendo “Alegra-
te, favorecida do Senhor, pois o Senhor está contigo. Não temas, Maria, pois gozas do favor
de Deus. Terás um filho a que chamarás de Jesus = o Senhor salva = Messiah, Salvador, 5ª
carta e letra. Esse Jesus que caminha pela terra, pois nasceu do signo de Virgem, terra
(Maria), é trino, pois justamente com ele vieram os anjos Gabriel, senhor lunar que rege as
águas (anunciação da obra), Rafael, anjo da vida, da misericórdia divina, cura (Moshe) e
Miguel, anjo da justiça solar, a espada e o escudo de Deus, justiça, misericórdia e saúde,
vida. Esses anjos são do dia 29 de setembro (2 = 9 = 11 e 7. O nº 11 é o Eu Sou e o nº 7
são os 7 dias da criação), saída do signo de Virgem para entrada do signo de Libra. O signo
de Virgem é representado por uma mulher segurando um ramo de lírios. Gabriel personifica
Maria, elemento terra. Miguel representa às vezes a balança de Deus, outras ele mostra
apenas a espada e o escudo, que dá no mesmo para o signo de Libra, ar. Rafael trás nas
mãos uma ânfora com o remédio (cura = águas divinas = alma). Ele é 3 em 1, seu nome é
cura, misericórdia e salvação. Assim ele seria literalmente o Jesus Cristo, sacerdote
supremo da escola do (Mel-qui-zed) rei Melchizedek. Contém em seu nome os 3 reis
magos que foram visitar Cristo quando ele nasceu. 3 reinos, 3 poderes e toda a glória do
pisciano, o filho das águas = (Maria), Moshe, cura, vida e Eva. Assim o nome dele é
YHWH = Deus, Javé = Sheva = Yheaowa = Yeoshua, Maryah, Senhor Deus, nome de
Jesus e de Maria também. Assim o filho da viúva de Naïm que procuram é o filho deles, a
pedra nº 9 Yesod.
- Senhor Rabi, essa história está cada vez mais confusa. Eu já não estou
entendendo nada.

148
O LIVRO DA LUZ

- Não se preocupe, meu pequeno Osha. Agora vou deixar mais claro para você.
Vou começar contando a verdadeira história da criação (Yoshua ben Sirac)
ou Jesus, o Sirius de Nazaré, a estrela Sirius, serpente ariana. Jesus é a cruz
de Sirius, que explodiu e criou todo o Universo. Por isso é o pai da
Humanidade, é o Criador. Além, muito além do tempo e espaço havia uma
crise no além-Sirius, lá onde as pirâmides planetárias de evolução se fazem.
12 planetas estavam prontos para se transformarem em pirâmides, para se
unirem e se transformarem em uma só potência. As 12 raças que vinham para
a Terra se dividiriam em três níveis de evolução. Atlantes (espírito): esses
seriam os Elohins, sóis, consciência estelar ou de luz, a 1ª essência criadora.
Eles seriam o nível mais alto de consciência e seriam os responsáveis pelos
outros dois níveis. Shangrillês (alma): aqueles que mais tarde nasceriam
como filhos dos atlantes. Lemurianos (corpo físico): seriam o corpo físico
dos homens. Assim o ser humano seria a mistura perfeita de 12 tribos e 3
níveis de evolução, tendo 7 eons cada nível e 1 eon unificaria espírito, alma e
corpo. Os primeiros eons são descritos como os 7 primeiros dias da criação
da Gênesis. Se observarmos esses 7 dias teremos a certeza do quanto em si
eles são a perfeição. O 1º dia é universal, onde Deus criou o nada para que o
tudo pudesse existir e eu não inverti as leis ou a ordem das coisas. Deus
sempre foi o tudo dormente no nada, pois o tudo é a luz e essa já existia antes
da escuridão. Ela teve que diminuir-se, recuar, recolher-se, explodir-se para
se fazer. Isso tudo apenas no Universo visível, pois no além-buraco negro =
umbigo de Deus, as coisas são bem diferentes. Assim fica fácil compreender
que o Universo nada mais é que uma pele que separa o ser do não-ser, o
espírito criador das dimensões desse Universo. O nosso Universo é uma casa
com muitas moradas, como disse o Cristo. Vamos explicar de forma
astrológica também. Cristo nasceu sob o signo que representa o Ser. O signo
de Áries carrega em si o Ser. Ele é o Kether, coroa na Kabalah, o princípio da
criação. Por isso ele é chamado de Cordeiro de Deus. Isso pode ser diferente
de acordo com as diversas culturas. Os egípcios, por exemplo, colocam o
gato como sendo o ser de Sirius. Os povos africanos aderem a essa opinião,
apenas trocam o felino. Em vez de gato colocam o leão. Assim fica mais
compreensível o fato de tantos povos chamarem o leão de rei dos animais.
Isso na verdade não é importante. O que de fato importa é que o que
chamamos de ser era luz, a luz de Sirius, muito antes de explodir e criar esse
Universo. Cristo foi chamado de Cordeiro pelos cristãos e de Leão de Judá
pelos judeus. Revelo assim o véu da verdade, pois Jesus e Judá eram as
metades da mesma moeda. O Cordeiro é a consciência, a mente, o espírito e o
Leão é a alma do ser que deseja evoluir, praticar o que a mente sabe, afinal
ela é o tudo e criou a alma para colocar em prática todo seu conhecimento.
Isso faz lembrar a lenda de Hiram Abïff, o grande mestre maçom de
Salomão. Em sua lenda podemos viajar pela alma dos poetas. Hiram teria
sido morto por não revelar o segredo da imortalidade, pois o templo que ele
construía não era o lúdico templo salomônico. Ele construía o Templo da
Terra, o nosso coro humano. Ele construía a noiva de Cristo, a Nova
Jerusalém. Enfim , não era ouro ou prata, mas sabedoria e isso Hiram tinha de
sobra. Essa lenda conta que após ter sido assassinado por 3 discípulos, seus

149
O LIVRO DA LUZ

aprendizes, teria sido ressuscitado pela garra do leão, o rei Salomão. Assim
podemos ver que a alma trás um ser de volta à vida não apenas pela lei da
Reencarnação, mas pela lei do Imortal. Um ser atinge seu Cristo Sirius
interior, se torna imortal e se torna guardião do planeta como um pequeno
Sol. Na Terra vemos esses pequenos sóis como estrelas. Eis a lenda que diz
que todos os heróis viravam estrelas, mas deixando as lendas de lado vamos
voltar ao ariano, pisciano mais famoso de todos os tempos. Na época do
nascimento do Cristo 9 planetas se alinharam no céu, atraindo para o cinturão
de Orion toda a energia necessária para criar uma alma dotada de 12 signos,
12 trabalhos de Hércules, 12 tribos de Jerusalém (Sirius), 12 apóstolos de
Cristo, ou seja, as 12 raças que no princípio habitaram a Terra e a
construíram. Ele era o Mago ou Abraão Melim = Alequin = Aleph = Alef =
Arius = o primeiro, o três vezes grande = o Alfa da Criação. Assim como foi
com a Terra também foi no Universo. Nós apenas reprisamos, repetimos a
forma de evolução universal. Sirius é o espírito ariano universal, o Sol que
não queima, mas a luz que preenche o Universo através de suas inúmeras
partículas. Assim sendo a herança visível do homem é luz. Todo o Universo
ao redor de Sirius é filho seu, mas se distingue de Sirius pela cor. Sirius é
uma estrela branca, mas as outras estrelas ao seu redor têm uma variação de
cores que se assemelham a um arco-íris universal. Sabemos que a estrela
branca em si já contém todas as cores. Assim Sirius pode realmente ser o pai
das outras estrelas. A Terra, quando estrela branca, já era filha de Sirius. Era
um ariano, o indivíduo, o primeiro passo para se tornar planeta habitável. Em
si ela já continha vida, a vida espiritual, se entendermos pelo princípio de que
o espírito é luz e o espírito da Terra é uma inteligência divina que criou o
nada (roupa, pele) para se fazer, mas para criar essa roupa a Terra precisaria
da ajuda de outros planetas. É aí que entra o sacrifício do touro de Mitra ou a
lenda de Europa e Zeus transfigurado em touro, do boi Aphis egípcio. Para
que fique fácil de compreender vamos dividir o planeta Terra em 4 partes: 1ª
parte) espírito, luz, Sol, elemento: fogo, planeta: Sirius, Sol, cor: branco,
amarelo; 2ª parte) alma, hidrogênio universal, elemento: água, planeta:
Vênus, Lua, cor: azul índigo; 3ª parte) corpo, minério, elemento: terra,
planeta: Marte, cor: vermelho; 4ª parte) homem completo, natureza,
atmosfera, elemento: ar, planeta: Mercúrio, cor: verde. Essas quatro partes da
Terra seriam os 4 elementos fundamentais e também 4 eras universais. Na
Terra a ordem desses elementos são diferentes. Seria água, terra, fogo e ar,
mas seguindo o padrão universal de que tudo surgiu da luz e esse é o
princípio e o fim de todas as coisas. Observamos que tudo que foi aceito pelo
homem como padrão é apenas uma forma que passará, como tudo na nossa
existência terrena. O homem é igual ao planeta e o planeta é igual ao
Universo. Quando Sirius explodiu as estrelas que se formaram de sua
explosão foram consideradas como sangue que saiu de seu primeiro corpo.
Uma chuva de poeira cósmica é óbvio que para nós é apenas poeira, mas no
céu, quando vemos a Via Láctea, imaginamos metaforicamente um rio de
estrelas. Esse rio de estrelas no Nilo é visto como rio das almas. Assim
chamamos o touro de Mitra de “o sacrificado” (Sirius), que deu seu sangue
para criar o reino das almas. No zodíaco o ariano se localiza na cabeça do

150
O LIVRO DA LUZ

gigante Orion e o touro próximo ao pescoço. O signo de Gêmeos seria o


princípio do Urim, Thummim, Ying Yang, esquerda e direita. No corpo
humano o Ariano está na cabeça. O Touro fez o pescoço, o Gêmeos os
braços, o Câncer o peito, pulmão e costas, o Leão é o Senhor da Alma,
coração. Ele preserva o templo das reencarnações, o sentido do amor e da
vida. O Virgem está lado a lado com o Leão. É o signo responsável pela carta
do tarô nº 11 (a Força), que fecha a boca do leão. Seria a respiração que
anima, como também pára o coração. Mitologicamente falando seria a Dalila
chamando o Sansão. Depois temos o signo de Libra, responsável pelo
estômago, centro e rim esquerdo e rim direito.O Escorpião são os órgãos
genitais responsáveis pela reprodução da vida. O Sagitário é um centauro
(soldado) e são as coxas que têm a força de muitos cavalos. O Capricórnio é
o 10º trabalho desse Hércules, Cristo universal. Ele fica entre os joelhos e as
pernas. O Aquário cria o habitat separando as pernas com água e o Peixe
conclui os pés. Do jeito que é no Universo é também no planeta Terra e seus
habitantes. Assim como os primeiros habitantes do Universo são de Sirius
nós, por mais que tenhamos nos misturado, continuamos a ser siriatas, pois a
genética universal é de Sirius. Somos todos a estrela branca, que em sua
íntegra contém todas as cores e raças, todas as formas que temos no nosso
reino e fora dele. O nascimento do nosso Universo visível teria sido a fusão
de Sirius estrela branca com a Sirius estrela negra. Na verdade teria sido a
união de um buraco negro (o nada) com o princípio do Universo (Sirius).
Essa fusão teria causado a grande explosão criadora do Universo.
Observemos que o preto e o branco são sempre a origem de tudo, seja no
Universo ou simplesmente em planetas. Seguindo esse princípio as mulheres
na vida de Cristo também carregam a responsabilidade de fazer o papel do
nada. O nome Magdalene = duas torres ou torre do rebanho e Betania = casa
da Liz ou cãs do ser significam a casa da pantera (Yoshua ben Pandira =
Pandora), lugar onde do nada o tudo vai nascer. Noiva escolhida, o rei faz sua
morada, reino. Ela é considerada a casa dos 3 poderes, carta de paus e fica no
abismo (Daath). Entre Binah e Hockmah é a alma que recebe tudo do
Hockmah, Matsaloth, zodíaco e transfere para Binah. O Cristo, como ser
humano, teria trazido para a Terra um princípio, uma origem, a origem do
homem que tem alma, memória eterna, e isso teria acontecido no período em
que a Terra passaria seu período mais crítico de evolução. Teria ocorrido na
época em que o homem receberia o presente da alma. Seria a destruição de
Atlântida, Lemúria e Shangrillá. Na Bíblia seria o dilúvio, a queda da torre de
Babel, a saída do homem do paraíso. Na Bíblia encontramos essa saída do
paraíso como sendo um só ser, o Adão, pois na verdade o Senhor Deus, que
costuma ser tão específico em seu relato da criação nos deixa claro que a Eva
não foi expulsa, pois ela é a mãe de todos os seres vivos (Gn 3,21-24), ou
seja, a mulher e o homem podem ser expulsos, pois são carne perecível e
foram criados dos últimos dois elementos: terra e ar. Já a Eva é água da vida,
assim como o nome de Maria também é água. A isso devemos o fato da água
ser um elemento chamado de “mãe de Deus, esposa e irmã”. Assim revela
seu papel de alma do fogo, esposa do Sol, a Lua senhora das águas, almas. A
Eva personagem jamais levou o homem ao pecado, pois Eva, sendo alma,

151
O LIVRO DA LUZ

teria sido criada com a finalidade da evolução e o Adão para garantr à vida
esse direito. A Eva evolui o espírito “Deus”, o seu Pai Criador e o Adão
evolui a Eva alma, sua mãe, esposa, irmã e professora. A Eva ainda habita o
Jardim do Éden que o Adão ainda não vê, mas no dia em que ele renunciar ao
mundo de César poderá voltar para o Jardim do Éden e assim a Eva divina
também retornará para seu Pai, Elohim, Deus. Então terá sua alma unificada a
seu espírito maior, o Universo voltará para dentro da Sirius-mãe-Universo e
essa então abrirá a porta para o verdadeiro jardim, onde o homem
reencontrará o sentido do Ser.

*******

- Como prometido a vocês, meus anjinhos, este foi o relato do aprendizado de


um sábio na Terra (É Cristo voltando a contar a história). Como puderam
perceber Osha e o senhor Rabi são sábios que conhecem os segredos da
sagrada Kabalah e esta acabou de ser revelada a vocês. Agora todos estão
prontos para cumprir suas missões na Terra, pois é chegado o tempo em que
ela está precisando de vocês.
- Jesus, sem querer interferir em vossa sagrada palavra, podes me dizer quem
foram Osha e o senhor Rabi?
- Oh, meu anjinho, Osha é hoje um ser que se encontra na Terra. Depois de
pouco mais de 1.500 anos ele retornou à Terra com aquela sabedoria que
aprendeu no ano de 450 d.C. com o senhor Rabi. Osha reencarnou várias
vezes para praticar e se tornar apto a ter esta sabedoria. Na verdade Osha já
há muito tempo havia passado (no tempo dos faraós Quéfren e Mikerinos),
aprendido e se iniciado nos grandes mistérios, mas a cada mil anos é
necessário aperfeiçoar o conhecimento e torná-lo compreensível para tal
período ou época. Osha hoje está pronto para usar seu conhecimento e vai
passar pela Terra deixando suas marcas na humanidade. Quanto ao senhor
Rabi, ele é apenas mais um grande sábio do universo a trabalho da luz divina.
- Senhor Jesus, responda-nos então porque há tamanha semelhança entre vós e
o senhor Rabi. Acaso o senhor foi ele?
- És bastante esperto, meu Anjo do Destino. Tua sabedoria revelou-me ali. De
fato o senhor Rabi sou eu, mas isso não tem importância, pois já foi há tanto
tempo e o que de fato importa é o momento que se aproxima para a
humanidade. Essa é a razão pela qual eu os preparei e agora que estão prontos
deverão descer à Terra para cumprir a missão mais dura de suas vidas. Vocês
irão ajudar a humanidade a se recuperar de uma grande transformação que há
muito já é preparada e esperada. Na Terra existem 13 anjos como vocês, que
estão começando a construir as pequenas cidades sagradas onde alojarão uma
boa quantidade de seres que precisam ser salvas para dar continuidade à vida.
Na verdade essas cidades são como Arcas de Noé espalhadas pelos
continentes, só que desta vez elas não estão sendo muito anunciadas, pois o
povo não acreditaria naquilo que os aguarda.
- Senhor Jesus, o povo tem idéia das proporções daquilo que vai lhe acontecer?
- Não, meu querido Anjo do Amor. No passado, em Atlântida, Lemúria e
Shangrillá, vários sábios que tinham consciência da transformação trágica

152
O LIVRO DA LUZ

que aconteceria no planeta tentaram, num desespero de causa, advertir o povo


e até seus governantes. Durante 50 anos eles anunciaram o fim daquela era de
sabedoria mal utilizada e poucos acreditavam, mas não bastava apenas crer.
Era preciso criar alternativas de sobrevivência e formas de ajudar até os
incrédulos a sobreviver a algo que não acreditavam que fosse acontecer.
Muitos fizeram um trabalho silencioso e este mesmo trabalho hoje volta a se
repetir. Os 13 seres que chamo de anjos são as 12 esferas que contêm a gnose
(conhecimento, sabedoria) sagrada. São também os representantes das 12
tribos que habitam o planeta, só que eles estão passando pela missão mais
difícil de suas encarnações, pois têm que construir um grande retiro que
comporte um vasto número de seres humanos e animais e grande parte da
natureza. Por isso estão construindo esses chamados “retiros” em áreas que já
tenham um meio ambiente natural. Ao construírem isso eles também terão
que deixar escrita uma espécie de doutrina ou sabedoria que aprenderam. Em
resumo é como se eles tivessem que construir a escola e a disciplina a ser
aplicada nela. Além disso eles deverão passar a sabedoria na prática para
alguns aprendizes que servirão como voluntários na transformação.
- Jesus, e quanto ao 13º ser. Por que o Senhor não falou dele?
- Eu não o esqueci, apenas estava explicando a missão das 12 esferas. O 13º ser
é de fato um Amorazim, ou seja, um dos primogênito de Deus. Este ser faz
parte daqueles que nasceram das emoções do Divino Pai.
- Senhor Jesus, perdoe-me a interrupção, mas gostaria muito que o Senhor nos
esclarecesse algo antes de dar continuidade à história deste Amorazim.
- É verdade que cada anjo Amorazim trás um significado no nome? É também
verdade que o significado do seu nome angélico, Emanuel, é ‘Legislador de
Deus’?
- Sim, meu Anjo da Vida, meu nome angélico é Emanuel (Legislador de Deus)
e é verdade que cada anjo tem no nome um significado, mas por que desejas
saber isso?
- Para saber qual é o significado do nome do Amorazim que está na Terra,
pois nós estudamos os nomes dos anjos e seus significados, mas o do anjo
que está na Terra não nos foi permitido saber.
- Como vocês já sabem o final ou as letras EL significam Deus. Nos livros
sagrados é possível encontrar outras conjunções de letras que simbolizam o
nome de Deus, porém o nome deste anjo Amorazim que está na Terra só foi
escrito uma vez na Kabalah e não se repete como os nomes dos outros anjos.
No livro sagrado de Salomão, chamado de Pequena Chave ou Clavículas de
Salomão o nome deste anjo se repete por sete vezes, mas de maneira muito
discreta. Em alguns livros sagrados da Índia seu nome também não se repete
com muita freqüência. Isso quer dizer que o nome deste anjo é muito pouco
conhecido. Dentre mil apenas 26 cabalistas sabem o nome deste anjo e
mesmo assim não conhecem e nem tem idéia alguma de suas virtudes. Isso
foi feito desta maneira justamente para que se mantivesse o segredo da
identidade verdadeira deste anjo, para que ninguém viesse a especular ou
descobrir os propósitos divinos que se escondem por trás do nome deste ser.
Porém, como agora a transformação está próxima, vou dar a vocês uma pista.
A 13ª esfera, além de ser um Amorazim é uma mulher. Ser uma mulher é

153
O LIVRO DA LUZ

talvez a tarefa mais difícil para este posto, pois o descrédito da humanidade
de que ela venha a ser o salvador da época será muito grande, pois as pessoas
acreditam no Salvador como sendo um homem. Como Deus tem sempre
manifestado seu poder através de encarnações masculinas é nisto que a
humanidade acredita, pois fazem questão de esquecer que por trás desses
grandes homens existiam brilhantes almas em corpos femininos, que
disfarçadamente ajudavam muito. O desafio do homem é crer que não
importa que tipo de corpo a alma habite. O que importa é o que ela conquista
e o que é capaz de conquistar, mas voltando à 13ª esfera ela tem um dos
nomes de Deus, mas, como já disse, este é um dos nomes menos conhecidos.
Na verdade dentre a humanidade apenas 5 mil sábios sabem da existência
deste nome sagrado e somente 500 dentre os que ainda vivem na Terra sabem
o que se esconde por trás deste nome. Isso quer dizer que sabem que é um
Amorazim e que veio para construir o templo sagrado que terá a magia
divina. A maioria desses sábios vive na Índia, no Oriente Médio e no Egito,
porém como são sábios jamais contarão a ninguém esses segredos a não ser
para os discípulos que deverão sucedê-los. Para que vocês tenham uma idéia
nem mesmo o próprio Amorazim sabia que era o escolhido. Somente há dez
anos foi-lhe confirmado quem de fato era. Isto lhe foi revelado porque ele
alcançou um nível de consciência muito anormal para um ser humano. Digo
anormal porque este ser alcançou esta sabedoria sozinho. Não procurou
ninguém para ajudá-lo, pelo contrário. Ele se manteve sempre só nesse
aspecto. Nunca procurou sábios ou buscou filosofias, mas recebeu sempre a
melhor de todas as ajudas. Com capacidade para se comunicar com espíritos,
principalmente os familiares, este ser aos poucos foi recebendo instruções dos
espíritos e com o passar do tempo foi descobrindo segredos que só os grandes
rabinos ou estudiosos da Kabalah sabem, mas com uma diferença. Este
Amorazim sabe mistérios ainda maiores, que somente os escolhidos
alcançam. Foi assim que ele recebeu a minha visita, onde eu lhe afirmei quem
de fato era e o que deveria fazer segundo seu livre-arbítrio. Aos poucos ele
continuou a ser inspirado para receber as informações da grande cidade que
salvará a Terra. Sei que parece muito pouco uma cidade para salvar a Terra,
mas não é bem assim. Na verdade outras cidades serão construídas com este
mesmo intento, porém esta cidade deste Amorazim é muito importante, pois
ela foi totalmente inspirada em números cabalísticos. Tudo nela deve
obedecer às regras divinas que são reveladas na Kabalah. Ela deve ser feita
como um grande octógono.

154
O LIVRO DA LUZ

- Oito é o número do Arcano (mistério) da Justiça e do chakra mais elevado do


corpo humano. Este mistério revela que esta cidade terá como pilares o
equilíbrio divino. Será a Cidade da Libertação, onde Deus decide quem lá
entrará e não o homem. Terá 7 templos e cada um terá 7 altares com 7 credos
diferentes, porém um dos altares será dedicado ao coração. Os sete templos
são para lembrar os sete dias da semana, os sete sentidos humanos e as sete
virtudes. Os sete altares de credos diferentes são um ato de ecumenismo
dirigido ao Altar do Coração, que representa a fé de coração. Terá doze
pilastras em referência às doze tribos que habitam a Terra, às doze eras e aos
doze signos do zodíaco. Dentro do octógono esta cidade se formará em três
círculos, referência à Trindade e à Criação. Ao centro dos três círculos terá
um lago e bem no meio dele haverá a imagem de um anjo feito de cristal em
tamanho natural, representando o renascimento limpo da humanidade, mas
todo o mistério estará neste anjo, pois no dia da transformação da Terra ele
terá vida e de posse do poder divino a ele concedido este anjo desencadeará
uma onda de proteção gigantesca, que protegerá não só esta cidade, mas
também as outras que estão sendo construídas pelas outras esferas. Mas para
que este anjo tenha vida é preciso que o Amorazim que vai construir esta
cidade sacrifique sua própria vida. Na verdade este Amorazim morrerá antes
mesmo de ver esta cidade ser construída até o final. Ele hoje já é um
trabalhador do bem e já vem cumprindo há um bom tempo sua missão de
ajudar o próximo. Além de desenvolver um trabalho de cura também já
escreveu os Livros da Verdade, que deverão servir de doutrina para os
sobreviventes. Seu último ato é dar as garantias de que esta cidade (Arca de
Noé) seja construída depois. Pouco tempo este ser ainda viverá e logo que
chegar a sua hora uma fatalidade o arrebatará para o convívio com os seus
familiares, mas nem tudo se acabará aí. A missão deste Amorazim é voltar
no terceiro dia após sua morte e, de maneira espiritual, continuar seu trabalho
até que este chegue ao fim. Para algumas pessoas é muito difícil compreender
porque um ser tem que se sacrificar por outros e mais difícil ainda é
compreender porque este ser deve morrer antes de concluir sua missão, mas
isso é muito fácil de explicar. A sabedoria (ou o sábio que a carregava)
morrendo é muitas vezes a única maneira de despertar o interesse por ela.
Funciona assim. Digamos que um professor de Matemática instrua seus

155
O LIVRO DA LUZ

alunos até determinado nível, porém esses alunos não sabem que vão ter que
fazer um teste com um supervisor. Eles então vão às aulas de Matemática e
aprendem o que interessa aprender. Dias antes do teste o professor morre e, já
tendo ensinado tudo que podia a seus alunos, parte em paz. Os alunos são
avisados do teste e, assustados por terem sido pegos de surpresa e não terem
mais o bom professor de Matemática, apavoram-se. Procuram então lembrar
tudo que o velho mestre lhes ensinou. Reúnem-se, pesquisam, etc. Com a
sabedoria muitas vezes é assim. Os sábios ensinam, mas nem todos prestam
atenção. Esses então morrem para renascer na lembrança. O fato de morrer
antes de concluir a missão não é verdade para o espírito, apenas para o corpo.
O ser que parte dessa vida deixando uma grande missão a ser cumprida é
porque esta não é mais sua missão, mas a missão de outros. Ele era apenas o
idealizador dessas idéias ou aquele que as aperfeiçoaria para facilitar a
compreensão dos outros. Eu acredito que tudo que vocês precisavam saber eu
já lhes expliquei. Agora resta a vocês praticar tudo isso no convívio com a
humanidade que os aguarda. Vocês são o equilíbrio universal que a Terra vai
precisar para a transformação que se aproxima. Sendo assim todos devem ir
até a Escola das Virtudes, onde deverão se aperfeiçoar e compreender cada
virtude que possuem. Só depois estarão aptos a descer à Terra e levar a ela o
grande ensinamento dos mistérios divinos.
Concluída a fala os anjos se encaminharam para a Escola das Virtudes, mas Cristo
pediu ao Anjo do Amor que ficasse, pois ele ainda tinha que receber algumas instruções.
Logo que os outros anjos partiram Cristo ficou sozinho com o Anjo do Amor.
Silenciosamente o anjo se aproximou de Cristo e docemente passou sua pequena mão pela
de Cristo, fitando-o com um olhar misteriosamente carinhoso. Cristo retribuiu o gesto
beijando-lhe a testa e disse:
- Parece que tu já sentes o que estou para te dizer.
- Sim, Jesus, eu sei o que tu tens para me dizer – disse o anjinho e continuou.
O nosso Pai Divino me enviou para ti e me disse que o maior de todos os
arcanos tu contarias só para mim.
- Em sua divina sabedoria nosso amado Criador preparou-te para a Verdade,
Verdade essa que só tu dentre os 13 anjos poderás compreender, pois
somente quando teus irmãos alcançarem teu esplendor poderão compreender
o que agora a ti revelarei. Este é o segredo mais secreto que existe e que por
mais que seja revelado na Terra sempre voltará a ser ocultado e será sempre
ocultado porque ninguém é capaz de compreendê-lo e poucos tem coragem
de revelá-lo. Esta é uma verdade que só os iniciados conseguem alcançar.
- Senhor Jesus, eu sei que Verdade é essa e a compreendo, mas não vejo como
os seres humanos irão aceitá-la, pois ela vai contra tudo que eles acreditam e
sabem.
- É por isso que somente o verdadeiro amor, aliado ao tempo, pode levar a
humanidade à compreensão. Este arcano (mistério, segredo) não é um
mistério total na Terra. Como já disse, vários iniciados ainda preservam esse
conhecimento. Só não tem coragem de passá-lo adiante e se o fazem é tão
somente para alguém que se tornará um novo iniciado.
- Senhor Jesus, é muito difícil para o senhor falar disso?
- Sim, meu querido anjo, de fato me é muito difícil falar deste mistério.

156
O LIVRO DA LUZ

- Então por que o senhor não tenta explicar à humanidade como tudo realmente
começou?
- Essa não é uma má idéia. Só vejo que terei que resumir as coisas para não
confundir a mente das pessoas. Vou tentar explicar a você e assim você
poderá explicar para a humanidade. No princípio da habitação da Terra
existiram, como você já sabe, deuses e semideuses e os seres normais
chamados de mortais. Além desses também existiram os seres celestiais, que
na verdade terminavam por coordenar tudo sem que ninguém soubesse.
Algumas pessoas chamam esses seres de anjos caídos, mas isso não é bem
verdade, pois não eram anjos caídos, mas professores voluntários. Eles
também não eram muitos. Na verdade só existiram 9 anjos caídos ou seres
celestiais, isso já incluindo o mais famoso anjo caído, aquele que alguns
chamam de Estrela Flamejante e outros preferem chamar de Lúcifer. Na
verdade já expliquei o nome deste anjo e já expliquei sua verdadeira função
na Terra, mas vou dar uma pequena relembrada para que tudo que vou dizer
daqui por diante seja compreendido. A palavra Lúcifer significa “aquele que
dá luz!” ou “aquele que faz a luz”. O nome de Estrela Flamejante se dá ao
planeta Vênus, que é considerada pelos iniciados uma estrela de grande
poder, pois Vênus é considerado o planeta do amor e da beleza, vulgarmente
também conhecido como o planeta das paixões e da luxúria. Cada ser
celestial que aqui vou descrever representa um planeta e foi dessa maneira
que os alquimistas aprenderam a utilizar a magia sagrada, pois descobriram
esses segredos que agora vou revelar mais uma vez. Tanto os grandes
iniciados como várias filosofias conhecem o segredo de Lúcifer. Sabem que o
mal não estava nele como afirma a maioria das doutrinas religiosas. Ele veio
à Terra somente para trazer a luz aos olhos dos homens, para que eles
enxergassem seus erros, seus pudores, seus pecados, suas vontades, etc. A
analogia da serpente que manda Eva comer do fruto proibido é tão somente o
primeiro passo para a evolução. A sabedoria de fato é um fruto proibido para
aquele que não tem consciência, porém quem não a tem deve adquiri-la ao
longo das muitas experiências vividas nas diversas encarnações. Os nove
seres celestiais (ou anjos caídos) desceram à Terra para dar sabedoria à
humanidade. O anjo Lucífero era aquele que tinha a responsabilidade de
ensinar a humanidade a conhecer o amor, mas como tudo tem duas faces a
primeira parte que a humanidade conheceu foi a face do Gênio de Vênus e
não o Anjo de Vênus. Lucífero aceitou ser o anjo mais odiado pela
humanidade e o motivo de tudo isso foi muito simples. A humanidade vivia
com os deuses, que acreditavam ter o controle de tudo. As três grandes
civilizações perfeitas (Lemúria, Shangrillá e Atlântida) tinham uma sabedoria
hoje completamente impossível de se imaginar. Eles tinham tudo para tornar
a vida fácil, mas terminaram por torná-la mais difícil, mas esta é uma história
já contada, porém estou voltando a ela para resgatar Enoch, este ser especial
que escreveu o primeiro livro dos mistérios divinos. Ele foi muito mais que
um simples profeta. Na verdade ele foi o primeiro anjo caído, que por Deus
foi abduzido (levado embora) várias vezes para receber instruções de como
escrever esta Verdade e de como deixá-la pro mundo. A Verdade que Enoch
escreveu não agradou aos seres de sua época, pois eles não queriam

157
O LIVRO DA LUZ

abandonar a vida que tinham, mas nem todos agiam ou pensavam da mesma
maneira, afinal os favorecidos não faziam parte da maioria. Bem, mas vamos
direto ao assunto que interessa. Por que a humanidade odeia tanto a Estrela
Flamejante ou Lucífero? Muito simples. Ele mostrou a ela a única maneira de
evoluir e essa maneira era deixar o paraíso em que alguns julgavam viver.
Em outras palavras significava abandonar Atlântida, Lemúria e Shangrillá, as
civilizações corrompidas por uma sabedoria desgovernada. A humanidade
estava fora de controle. Havia criado crimeras e outros seres que causariam,
no futuro, a destruição do próprio planeta, mas não só isso. A humanidade
ainda tinha relembranças de seus planetas anteriores e preservava também
alguns poderes. Tudo isso fez das três grandes civilizações uma bomba
prestes a explodir. Enoch tentou fazê-los mudar avisando-os de seus abusos,
mas eles não lhe deram ouvidos. Foi então que os nove seres celestiais
tomaram a grande decisão de destruir tudo para recomeçar do início, só que
sem tanta facilidade. É aí que se revela o mistério de Enoch. Ele foi abduzido
(levado embora) antes da destruição das três civilizações e voltou após a
destruição (obs.: as três civilizações seriam destruídas de qualquer maneira,
pois a humanidade estava causando esta destruição e ela seria ainda maior se
os 9 seres celestiais não tivessem interferido a tempo). Ao chegar na Terra
novamente Enoch encontrou um planeta devastado e em fase de
transformação. Um povo espalhado por vários cantos, perdido, sem
lembranças e sem sabedoria ou conhecimento algum e que recomeçava a
sentir os instintos. Enoch tinha sua sabedoria preservada e agora tinha a
missão de passá-la adiante, porém agora Enoch não estava sozinho. Ele tinha
mais oito seres celestiais para ajudá-lo nesta árdua tarefa.
- Naquela época de transformação, em que a humanidade estava frágil como
uma criança que nada sabe da vida, esses seres celestiais foram chamados de
anjos caídos. Ganharam esse nome porque os seres humanos os chamaram
de anjos que sacrificaram suas condições de anjo para ajudar no processo de
evolução da humanidade. Esses anjos se espalharam pela Terra e passaram
um longo período ensinando os sobreviventes e seus descendentes. O gênio
de Saturno ensinava a arte do saber, o conhecimento, a leitura e a escrita. Seu
lado anjo revelava os caminhos da sabedoria divina e as várias formas de
alcançar essa sabedoria (Quando digo gênio e anjo é porque esses seres
celestiais tinham que mostrar os dois lados da virtude que eles pregavam na
Terra. Assim o ser humano, logo que alcançasse a evolução, encontraria o
Caminho do Meio). O gênio de Marte ensinou as artes da guerra ensinando
como a humanidade deveria se proteger de sua própria intolerância. O anjo
ensinou a força e a coragem para vencer os medos e os obstáculos. O gênio
de Mercúrio ensinou a arte da comunicação dando o conhecimento de outras
línguas, despertando assim a curiosidade. O anjo tornou possível as longas
viagens, que antes eram difíceis por falta de meios de transporte, coisa que o
anjo ensinou a construir. Assim gênio e anjo tornaram possível o encontro e o
diálogo entre seres desconhecidos. O gênio da Lua ensinou aos seres
humanos a magia da natureza, dos elementais, etc. O anjo ensinou os
mistérios das fases da Lua e a utilizar cada fase, isto é, para que cada uma
servia. Ensinou como a Lua atua sobre o homem e a natureza e como se

158
O LIVRO DA LUZ

aproveitar desse poder. O gênio do Sol ensinou o poder destrutivo do fogo e


seus limites. O anjo ensinou como aproveitar esse calor em benefício próprio,
seja para cozinhar, derreter metais, etc. Enfim, ambos ensinaram tudo sobre o
fogo e o ferro e o fogo divino. O gênio de Vênus ensinou aos homens a
necessidade de cuidar da aparência confeccionando roupas e outros utensílios
para o corpo como sapatos para proteger os pés, chapéus e gorros, etc. O anjo
ensinou a fazer trocas, confeccionar objetos para trocar por outros, mas
também ensinou a arte da pintura, do bordado e a arte de presentear, de
aprender a doar, etc. O gênio de Júpiter ensinou a arte da caça e de abater a
caça, etc. O anjo ensinou a arte do conhecimento das ervas e suas
propriedades de cura, como cultivá-las e utilizá-las, etc. e revelou os segredos
da vida e da morte. O gênio de Netuno ensinou o uso da água, como
transformá-la em tinta, remédio, etc. O anjo ensinou sobre as marés, os
grandes mares e seus habitantes. O gênio de Urano trouxe a escuridão, as
trevas, para que a humanidade descobrisse que isso não era ruim. O anjo
trouxe ou mostrou a luz. Em suma, este é apenas um breve resumo de tudo
que os nove seres celestiais ensinaram à humanidade. Na verdade o que cada
um ensinou dá mais de um livro de 400 páginas, pois a parte gênio e a parte
anjo desses seres celestiais ensinaram tudo que a humanidade hoje conhece e
um pouco mais, o que a humanidade, graças a Deus, já esqueceu. Vamos dar
um exemplo maior. O gênio de Marte ensinou a arte da guerra e dessa forma
também ensinou a forjar as armas para as guerras, ensinou todas as artes
marciais, os tipos de lutas, a fazer lanças, facas, espadas, escudos, etc. O anjo
ensinou que a virtude da força e da coragem poderiam ser a mais poderosa
arma e esta deveria ser conquistada com o tempo e forjada no fogo interior.
Em suma, o mesmo ser celestial que ensinou a forjar uma espada também
ensinou a encontrar a espada interior. Outro exemplo é o gênio de Vênus, que
ensinou a necessidade de se cuidar. Ensinando como fazer roupas também
ensinou a lapidar pedras preciosas e a colocá-las em anéis, brincos, colares,
etc. O anjo ensinou o homem a enxergar a beleza natural em tudo e que esta é
muito mais importante do que a beleza criada pelo homem, pois na beleza
artificial mora a mentira e na beleza natural habita a verdade. Em suma, este
ser celestial ensinou ao homem que na vida ele encontraria paixões, luxo,
vaidade e mentiras, mas que tudo isso passa como o tempo e o que realmente
fica é o amor, o único sentimento capaz de enxergar a beleza natural e a
verdade de tudo e de todos. Ensinou o que era o verdadeiro amor à
humanidade. Enfim, meu anjinho do Amor, os anjos caídos foram à Terra
para ensinar a humanidade, mas tudo que fizeram foi apenas ensinar algo que
os seres humanos já sabiam, mas que no momento não podiam lembrar,
justamente para não cometerem danos que viessem a atentar contra eles
mesmos. Por isso os anjos foram ensiná-los para que desta vez eles pudessem
aprender os dois lados do Caminho da Sabedoria. Assim poderiam escolher
como evoluir. Como eu já disse, foi dado ao homem apenas a ciência de algo
que sua alma já conhecia há muito tempo. A prática de tudo isso foi deixado
ao livre-arbítrio de cada um. De nada os seres celestiais têm culpa como
afirmam alguns dogmas ou filosofias religiosas. Apenas em uma coisa os
seres celestiais têm culpa e este segredo a humanidade já tentou decifrar por

159
O LIVRO DA LUZ

diversas vezes, mas agora não vejo mais motivo algum para não revelá-lo na
íntegra.
- Tu te lembras quando te contei como Deus me criou?
- Sim, Jesus, eu me lembro.
- Eu e os outros Amorazins somos filhos primogênios de Deus. Primogênio
significa “os primeiros gênios de Deus”. Eu sou o primo umgênio (o 1º
gênio). Como já lhe expliquei anteriormente, toda criatura criada pelo
Criador tem o dever de criar. Eu e outros Amorazins descemos à Terra para
isso, para criar nossos filhos. No total são 9 anjos caídos, que são os pais dos
habitantes da Terra. Antes desses seres virem para a Terra eles estavam
morando em seus respectivos planetas natais, onde desabrocharam de
sementes a frutos. Eu e os outros 8 Amorazins ainda não sabíamos que todas
as nossas emoções haviam criado vida, pois estávamos passando por um
processo disciplinar de evolução, isto é, Deus estava nos preparando para
sermos pais. Acontece que nossos filhos jamais haviam saído de seus
planetas natais, jamais haviam conhecido outros seres, jamais haviam
imaginado existir outra aparência. Exemplo: os filhos de Marte eram
determinados, briguentos, fortes, etc. Os filhos de Júpiter eram sombrios,
viviam distantes do Sol, mas eram calmos e tolerantes. Os filhos da Lua eram
sensíveis demais, inconstantes, etc. Os filhos de Vênus eram apegados
demais a tudo, principalmente a si mesmos e assim por diante. Cada anjo
determinava as características de seus filhos. Para que você não fique confuso
lembre-se que os anjos caídos representavam os nove planetas que já
expliquei a você e cada planeta representa os dois lados do anjo: o lado gênio
(sabedoria e prática) e o lado anjo (evolução e compreensão). Os filhos dos
anjos caídos estavam separados em 12 diferentes planetas, porém já havia
chegado o momento deles saberem quem eram, quem eram seus pais (além
de Deus, é óbvio), como haviam nascido, quais eram suas raízes e como
deveriam continuar evoluindo, etc. Eu e os outros oito anjos caídos
(Amorazins) fomos chamados à presença do Divino Pai Celeste e Ele nos
disse que estava na hora de sermos responsáveis por nossas criaturas e assim
Ele passava para nós o dever de fazer nossos filhos evoluírem. Confesso que
muito me assustou a idéia de ter a responsabilidade por tantas vidas nas
mãos, mas não fui o único. Criamos a Terra como a primeira escola para
nossos filhos, com características dos seus planetas natais, e assim a Terra
ficou uma esfera linda, com beleza rara, pois tudo de mais belo que havia nos
planetas natais nós copiamos para colocar na Terra, pois queríamos dar aos
nossos filhos um habitat perfeito, onde pudessem aprender como se
estivessem em casa. Nossos filhos estavam em três níveis diferentes de
evolução, como já expliquei anteriormente: atlantes, shangrillês e lemurianos.
A princípio nós permitimos que aqueles que mais se destacavam (deuses)
fossem responsáveis pelos demais. Revelamos sabedoria e demos poderes a
esses seres para que eles cuidassem dos outros, mas este foi nosso primeiro
erro. Esses seres se intitularam “deuses” e quase devastaram a Terra e tudo
era culpa nossa, afinal nós fomos os responsáveis pela irresponsabilidade
deles. Tudo que hoje existe na Terra com a marca desses seres são imagens,
gravuras em paredes ou templos em ruínas e até mesmo países que ainda os

160
O LIVRO DA LUZ

cultuam. A aparência desses deuses é apenas uma vaga lembrança da


aparência original dos seres que habitam a Terra hoje. Explicando melhor
nós, os anjos caídos (que ainda não tinham caído), permitimos que os seres
que escolhemos para comandar a Terra tivessem sua aparência original
preservada e suas lembranças também, o que resultou em mais um grande
erro, pois eles se tornaram ‘deuses’ e comandavam os outros às custas do
medo e da dor, além de trazerem para a Terra os credos primitivos que
cultuavam em seus planetas natais. É bem verdade que nem todos os
intitulados ‘deuses’ foram ruins. Uma boa parte conseguia compreender e até
realizar o propósito a que foram designados por nós, ensinaram aos outros
que havia um ser supremo superior a eles e que este ser era o criador de tudo.
Durante muitas centenas de anos nós observamos o comportamento de nossos
filhos e de seus dirigentes, que também eram nossos filhos. Percebemos que
não tínhamos experiência alguma e que errávamos demais. Enviamos várias
mensagens através dos deuses bons avisando que se os outros não mudassem
o comportamento nós teríamos que interferir, porém nada mudou, apenas
piorou. Nosso erro foi esquecer que um planeta com tanta coisa
desconhecida, com tantos mistérios, com tantos seres diferentes em
pensamento, formas e costumes jamais poderia ser presidido por seres
completamente inexperientes. Nós acreditávamos que esses seres seriam
como pastores que guiariam seu rebanho sem interferir no rebanho do outro,
mas enfim, se eles erraram nós erramos primeiro, pois esquecemos o maior
de todos os detalhes da evolução. Esquecemos que toda evolução é
semelhante à evolução divina. Deus gerou seus filhos de suas emoções e os
deixou vivos para conhecê-los melhor, pois Ele ainda não tinha nem teoria
nem prática. Muitas vezes Deus os destruiu, outras os protegeu e assim Deus
foi aprendendo a lidar com seus filhos e consigo mesmo, mas quando os
primogênios de Deus tiraram-lhe a razão e os sentidos Deus os absorveu e
meditou por um longo tempo até compreendê-los e só os devolveu à vida
quando se completou por inteiro. Nós, em nossa incessante luta para corrigir
os erros, terminamos por fazer com nossos filhos basicamente tudo que Deus
fez conosco. Sem perceber estávamos seguindo o Caminho da Evolução do
Divino. A maior de nossas dores foi quando percebemos que não havia mais
como manter Atlântida, Lemúria e Shangrillá. Não havia outro jeito. A Terra
precisava ser purificada ou seria destruída pelos nossos filhos. Os 4 anjos da
destruição receberam o aval para destruir as três primeiras civilizações:
Atlântida, Lemúria e Shangrillá. Essa destruição coube aos anjos de Júpiter,
Sol, Lua e Marte. Os outros cinco tratavam de proteger e preservar aquilo que
deveria ainda restar na Terra. Ao final de tudo nossa dor era grandiosa
demais. A culpa que nos habitava parecia não ter remédio. Mesmo sabendo
que eles reencarnariam e claramente recomeçariam tudo de novo, ainda assim
a culpa nos doía. Foi então que fomos pedir alento ao Pai. Ele em nada nos
condenou, pois já estávamos envergonhados e condenados pela nossa própria
consciência. Nós Amorazins, os primogênios de Deus, envaidecidos por isso,
ficamos cegos e diante da prova divina (nossas criações) percebemos o
tamanho da nossa ignorância. O Pai, com sua plenitude absoluta, disse:

161
O LIVRO DA LUZ

- Todos vocês são minhas criaturas e eu os amo exatamente assim como são.
Eu os tive ao meu lado no decorrer da minha e da vossa evolução. Esta foi a
maneira mais eficiente para o meu aprendizado e para o vosso. A melhor
maneira de aprender é ensinando.
- Com essas palavras nós compreendemos que estava na hora de ensinar os
nossos filhos sem intermediários. Essa também seria a melhor maneira de
aprendermos a ser pais, porém Deus nos deu uma única advertência. Ele disse
que nós iríamos à Terra a primeira vez como anjos caídos, que perdem a
liberdade, mas mantêm a sabedoria. Só que depois da nossa primeira vida
como mortais nós teríamos nossas mentes parcialmente apagadas para voltar
à Terra como seres comuns e durante um longo período nós teríamos que
estudar o comportamento de nossos filhos nascendo, vivendo e aprendendo
com eles e somente em determinado período, em que já tivéssemos aprendido
o suficiente, teríamos então nossa consciência de volta por inteiro. Descemos
à Terra e foi aí que ganhamos o nome de ‘anjos caídos’. A humanidade de
nada se lembrava. Estava começando a reconstruir o planeta. Alguns sábios, a
que permitimos guardar o conhecimento, nos auxiliaram no ensinamento da
Verdade, mas não devemos esquecer que tudo tem seu ponto de equilíbrio. A
desordem do passado ainda resistia em mentes perturbadas, que pareciam ver
a antiga aparência ainda viva diante de si (obs.: depois da destruição a forma
dos seres humanos foi mudada para aquela de hoje). Neste período, em que
ensinávamos nossas virtudes e nossos defeitos, a humanidade ainda não
estava apta a compreender tudo que falávamos, mas nosso dever era ensinar
para o futuro, afinal a alma armazena o que aprende. Foi também nessa época
que nós, os anjos caídos, ganhamos o nome mais temido e odiado pela
humanidade atual: Lucífero, “aquele que traz a luz”. O simples fato de
mostrarmos à humanidade a verdade do bem e do mal nos fez merecedores
deste nome. Nós revelamos os segredos dos caminhos que levam à sabedoria.
Fizemos aquilo que o senhor Rabi fez com o menino Osha. Ensinamos a
Verdade que hoje vive velada, tudo porque as religiões acreditam ter o
controle da humanidade, porém em verdade eu afirmo que nenhum dos anjos
caídos ensinou a construir templos ou deu nomes aos credos da humanidade.
Nós ensinamos a Verdade para todos e eles já tinham seus credos primitivos.
Muitos os aboliram, outros os mantiveram, pois cada um compreende a
Verdade de acordo com a sabedoria que tem. O nome Lucífero voltou a
surgir 1.000 anos antes de Cristo, só que voltou como um ser ruim, cruel.
Nessa época algumas religiões, através de seus dogmas, o condenaram
porque sabiam que um Messias desceria à Terra e traria a Verdade que
destruiria a mentira. Esta mentira eram os rituais, os sacrifícios, os dogmas
arbitrários construídos encima das palavras de homens que diziam falar com
Deus e assim amedrontavam o povo com um deus destrutivo, que punia,
matava e exigia sacrifícios. Mais uma vez o anjo caído desceu à Terra e mais
uma vez ele levou a luz, só que dessa vez ele foi mais direto e claro. Ele
mostrou que a verdadeira maldade estava no próprio homem e nas suas ações.
Ele tirou o homem da ignorância mostrando-lhe seus próprios erros e culpas.
Mais uma vez ele foi a luz que revelou aos homens suas vaidades, suas
mentiras, seus apegos, seus medos e sua covardia. Revelou ao homem toda

162
O LIVRO DA LUZ

sua ignorância diante da luz da sabedoria divina e isso incomodou os falsos


sábios e seus credos, porém agradou os humildes, sedentos pela Verdade
desconhecida, mas ainda aprisionados pela supremacia dos ignorantes sábios.
Os nove anjos caídos revelaram à humanidade o princípio da história, como
tudo aconteceu. Explicaram como foi a evolução de Deus e como foram
criados por Deus, porém esta Verdade que eles ensinaram nem sempre foi
bem compreendida, pois ao mesmo tempo que esta Verdade ajudava também
assustava.
- Na verdade a humanidade condena os nove anjos caídos (Lucífero) porque
desconhece o Lucífero que habita dentro de cada ser humano. Todos nós
temos uma luz que um dia nos mostra nossos próprios defeitos e erros. O
difícil é aceitar essa verdade como sendo parte de nós mesmos. Todos nós
somos meio anjo meio gênio. Esta é a herança do Divino em nós, que
também teve sua parte anjo e gênio, mas com sabedoria usou a compreensão
e as uniu, transformando-as em uma só, a absoluta evolução, infinita
sabedoria, luz divina do Ser do universo, mas enquanto a humanidade ainda
estiver distante desta sabedoria será mais fácil para ela ter um Lucífero ou
diabo externo para culpar pelos erros e deslizes que comete. Para a
humanidade é mais fácil se omitir da culpa do que tentar compreender a
imagem refletida no espelho da verdade, que no fundo não passa da simples
ignorância implorando pela sabedoria, o próprio ser humano em seu estágio
mais ignorante.
- Durante milhares de anos a humanidade teve em seu esteio várias
encarnações dos anjos caídos, que para trazer compreensão à Terra perderam
a condição de anjos. Se foi um erro ou não dar à humanidade a Verdade só o
Divino Pai poderá julgar. Sei que seguimos o Caminho da Evolução e
também sei que não existe outro caminho certo, mas da última vez que desci
à Terra resolvi que a melhor maneira de ajudar meus filhos era não dando a
eles o que queriam, mas dando a eles o que realmente precisavam e fui
condenado à cruz. Assim aprendi e ensinei que a Verdade que te condena
hoje te redime amanhã. A Verdade que condenou a mim e os outros anjos
caídos no princípio nos libertou milhares de anos depois, mas quando desci
como Cristo esta Verdade me condenou mais uma vez, mas me absolveu logo
depois da minha morte. Hoje eu acredito que uma porcentagem muito
pequena da humanidade saiba o significado das palavras que disse nas minha
horas finais: “Perdoai-os Pai, pois (são meus filhos, vossas centelhas divinas
e ignorantes) não sabem o que fazem”. Eles são meus filhos e por mais
ignorantes que sejam eu os amo e os perdôo, afinal a culpa da ignorância
deles é minha e dos outros oito anjos caídos. Fomos nós que oferecemos a
eles a sabedoria e somos nós que devemos ajudá-los a compreendê-la. Tentei
dizer a eles que era o pai deles dizendo: “Ninguém chega ao Pai senão por
mim. Eu estou no Pai como o Pai está em mim”. Eu estava me redimindo
quando ofereci meu sofrimento pelo perdão dos pecados deles. Um dia eu os
condenei abrindo-lhes os olhos e como a sabedoria tem seu preço eu recebi a
condenação em troca do que ofereci. Eu ofereci sabedoria e ganhei
incompreensão. Morri para a compreensão da sabedoria que ensinei. Assim

163
O LIVRO DA LUZ

foi comigo e com todos os anjos caídos e assim será sempre, meu Anjinho do
Amor.
- Eu te compreendo, meu senhor Jesus, e sinto vossa dor, tristeza e sofrimento,
mas todo pai tem que mostrar a seus filhos todo bem e todo mal que existe
dentro deles para que eles encontrem o segredo do domínio da força interior
que cada um possui, afinal ninguém vive só do bem ou da maldade. Meu
senhor Jesus, é preciso estar acima do bem e do mal para alcançar Deus e a
única maneira de estar acima deles é conhecê-los na teoria e na prática.
Assim se alcança a consciência e não se deixa mais ser subordinado nem ao
bem nem ao mal, pois se opina pela Verdade e esta é a única que está acima
de tudo.
- Somente o Amor pode compreender sem antes julgar e é por isso que resolvi
que este grande arcano só a ti revelaria, meu amado Anjinho do Amor, porém
este não é o único mal que pesa sobre minhas costas. Ainda há outro, que na
verdade é a alegoria deste que acabei de te revelar. Referindo-se ao princípio
da humanidade terrena a história dos leigos inocentes afirma que tudo
começou com um Adão e uma Eva que foram expulsos do paraíso e tiveram
dois filhos, Caim e Abel. Como tu sabes esses personagens jamais existiram
aqui. São apenas alegorias para esconder a Verdade, mas agora vamos ao
fundo verdadeiro desta bela fantasia. Como já relatei Adão e Eva são Deus
em seus dois princípios, que mais tarde formariam a Trindade, mas isso tudo
já está explicado. O que falta te dizer agora é que como tu mesmo já sabes eu
fui o primeiro a nascer quando o Pai teve sua primeira ação. Esta história foi
distorcida na alegoria de Adão e Eva. Quando eu vim para a Terra me deram
vários nomes. Um deles era Abim, a mistura perfeita de Abel (bem) e
Caim (mal). Os outros eram Lucífero, Azaziel, etc. Fato é que na alegoria
Caim matou Abel, portanto o bem não teve sementes e somente o mal rendeu
frutos. Caim teve filhos que mais tarde vieram a ser amaldiçoados por toda a
eternidade. Alguns povos acreditavam que os pais dos seres humanos eram
Abel e Caim, ou seja, o bem e o mal, porém a verdade nessa confusão toda é
que Lucífero e Yehod são equivalentes a Abel e Caim e em resumo são um
só, que se dividiu em dois, no gênio e no anjo. Como Abim eu sou os dois em
um porque estou completo. A humanidade é que faz questão de separar Abel
e Caim, mas agora vou explicar melhor a morte alegórica de Abel. Caim,
como o gênio, tinha os instintos e a sabedoria teórica. Abel, como o anjo,
tinha a evolução da sabedoria e a consciência absoluta da mesma. Para
evoluir um planeta o anjo (espírito) se separa do gênio (alma) para que este
coloque em prática a sabedoria que aprendeu no decorrer de sua evolução
planetária. Assim o espírito não abandona nem corpo nem alma, apenas deixa
de ser visível até que corpo e alma estejam prontos para ele.
- Quando voltei à Terra como Cristo fui negado pelos meus próprios filhos,
que não demoraram muito para me acusar de traidor, afinal como Lucífero,
Caim ou Azaziel eu lhes havia ensinado a ter as facilidades e o conforto do
mundo. Havia ensinado a despertar seus instintos mostrando a eles o que
poderiam possuir, mas esses mesmos filhos ainda não haviam aprendido que,
se lhes mostrei seus instintos, também mostrei a verdade sobre eles. Mostrei
que a missão de cada um era domar e lapidar esses instintos e assim aprender

164
O LIVRO DA LUZ

a evoluir com esta lição. Na verdade isso eu já lhe contei, porém o fato é que
alguns de meus filhos me negaram e ainda me negam por acreditar que eu,
como Cristo, vim para tirar deles aquilo que eu mesmo havia dado, mas a
verdade não é essa. Eu não voltei como Cristo para tirar-lhes nada. Vim
apenas para esclarecê-los do quanto ainda eram ignorantes e o quanto ainda
precisavam evoluir. Eu vim para mostrar à humanidade que ela não precisa
nem de um terço daquilo que acredita precisar. Eu lhes mostrei que nada
possuem a não ser os seus sentimentos e a sabedoria das experiências vividas.
Tentei mostrar aos meus filhos que eles não precisam ser tão manipulados
como são. Tentei mostrar aos manipuladores que o domínio do poder não está
em escravizar as pobres ovelhas, mas isso não muda desde que o mundo é
mundo. O fato é que as ovelhas precisam de pastores, porém o livre-arbítrio
existe para que cada um possa fazer suas próprias escolhas. Hoje a
humanidade é forçada a pagar seus karmas, mas não são conscientes disso e
mesmo que alguém os conscientize eles não acreditariam nisso, pois a
Verdade lhes pareceria tão absurda que eles não a aceitariam.
- O senhor está falando dos Illuminati?
- Sim, meu querido anjinho, mas não apenas deles, mas de todos os outros que
se sentem donos do mundo e do destino das pessoas. Na verdade minha
morte como Cristo se deu porque eu destruí temporariamente a hierarquia que
na época tinha o domínio da Terra. Chega um tempo em que é necessário
deixar o povo andar com suas próprias pernas, tomar suas próprias decisões e
viver seu próprio destino, sem que haja tanta interferência. O poder sempre
foi e ainda continua sendo um objeto nas mãos de seus líderes. Veja a época
de Ramsés = Moisés. Aarão teve que usar a Sagrada Magia dos Anjos para
libertar um povo da escravidão, porém este povo, que hoje tanto se orgulha
de seu passado, mal imagina que seus antepassados eram um bando de
ovelhas medrosas e covardes, que preferiam a falsa segurança da vida que o
faraó lhes oferecia do que lutar para ter a liberdade e a dignidade e mesmo
depois que Aarão lutou e os libertou eles ainda queriam um líder, alguém que
os conduzisse e lhes ensinasse tudo. Aarão os libertou para que fossem livres,
mas animais que crescem presos em gaiolas revoltam-se por estar nelas e
quando são libertados revoltam-se por não conseguir voltar a elas. Poucos são
aqueles que conseguem se adaptar à liberdade e menos ainda são aqueles que
conseguem sobreviver sem líderes.
- Para que você possa compreender melhor tudo que estou lhe dizendo vou lhe
contar o melhor de todos os exemplos: a verdadeira história sobre o Templo
do Rei Salomão e a Arca da Aliança (ou Caixa de Pandora), mas antes vou
lhe dar um pequeno exemplo de como era fácil manipular as pessoas.
Algumas décadas antes do rei Salomão alguns povos se revoltaram contra os
impostos abusivos pagos a um imperador, que dizia cobrar esses impostos
para construir novos templos para os deuses. Era uma época de pobreza. A
colheita, por mais farta que fosse, terminava indo parar nas mesas dos ricos
banquetes do imperador e seus súditos ilustres. Assim o povo resolveu fazer
um boicote e parou de visitar os templos, parando também de levar oferendas
de qualquer espécie. Preocupados, os sacerdotes dos templos foram ao
imperador pedir para que ele libertasse o povo dos impostos, ao menos por

165
O LIVRO DA LUZ

uns dois ou três meses. O imperador chamou os sacerdotes de tolos, pois se o


povo toma as rédeas uma vez tomará sempre e logo o imperador perderia
também o seu poder. Um sacerdote astuto disse ao imperador que se
libertasse o povo dos impostos por seis meses faria com que o povo pagasse
esses impostos por livre e espontânea vontade mais tarde. Sem compreender
o que o sacerdote imaginava o imperador perguntou como ele conseguiria tal
feito. O sacerdote fez um acordo com o imperador. Disse que se o povo não
pagasse os impostos o imperador poderia mandar enforcá-lo. Nos seis meses
que se seguiram o povo voltou a se acalmar e já não estava mais revoltado. A
plantação era boa, a colheita abundante e um pseudo-equilíbrio entre o
imperador e o povo parecia começar a ocorrer, mas o povo ainda não
retornava para os templos e suas oferendas. Ao final do sexto mês um
estranho acontecimento mexeu com os alicerces do povo e do imperador.
Todas as estátuas de um determinado deus amanheceram misteriosamente
sem cabeça. Supersticiosas e cheias de medo, as pessoas acorreram aos
templos temendo a vingança do tal deus. Fizeram vários sacrifícios e ofertas
abundantes, tudo para aplacar a fúria do deus e assim, após um mês, para
provar que não estava tão furioso, uma estátua do deus apareceu com a
cabeça novamente. Acreditando ser um sinal divino o povo passou a adorá-lo
ainda mais e dessa maneira davam aos templos praticamente o dobro do que
davam ao imperador e faziam isso por livre e espontânea vontade. Assim os
sacerdotes davam ao imperador a metade de tudo que recebiam para que ele
mantivesse o povo livre de seus impostos, mas na verdade tudo não passava
de uma falsa liberdade, assim como as estátuas dos deuses decapitados não
passavam de uma força criada por um sacerdote muito astuto, que ofereceu
ao povo uma liberdade fingida.
- Jesus, os Illuminati não foram criados justamente para manter o equilíbrio da
Terra? Por que então estão causando desequilíbrio?
- Meu pequeno anjo, é fato que os Illuminati foram os seres escolhidos para
manter o equilíbrio da Terra, porém o tempo vai mudando coisas que não
deveriam ser mudadas, mas para que se realizem as profecias eles têm que
permitir a mudança. Desde o princípio, quando os Guardiões da Verdade
foram escolhidos, já se sabia que todas as profecias tinham que se realizar.
Por essa razão esses guardiões vem se renovando até os tempos atuais e assim
também preservam o primeiro nome que receberam: Illuminati. Na época de
Akhenaton uma batalha foi travada entre dois Illuminati: Akhenaton e Septh
(Ramsés). Depois Davi e Golias e mais tarde Salomão e a Rainha de Sabá. O
que todos esses seres queriam era possuir o grande segredo do “Olho que
tudo vê”, a Caixa de Pandora ou Arca da Aliança e na verdade todos a
possuíram por um breve período.
- Mas o primeiro guardião não foi o arcanjo Samael ou Eller, o Senhor da
Babilônia?
- Sim, essa história é real, mas não totalmente completa, meu querido anjinho.
Eu vou lhe contar como tudo aconteceu. Após a destruição das três grandes
civilizações (Atlântida, Lemúria e Shangrillá) o Sagrado Livro de Enoch e as
13 Chaves dos Mistérios ficaram a encargo de seu bisneto Noé, o herdeiro de
sangue real (obs.: quem tinha sangue real era filho das três civilizações

166
O LIVRO DA LUZ

antigas), que só deveria passar essas relíquias aos seus três filhos. As 13
chaves foram divididas da seguinte maneira: 4 ficaram com Jafé, 4 com Sem
e as outras 4 com Cão, porém Noé tinha que dar a 13ª chave somente a um
dos filhos e ele escolheu Cão, o Senhor de Canaã. Ao fazer isto despertou a
ira dos outros filhos, que amaldiçoaram o irmão e ele foi expulso para as
montanhas do Gigarseu levando consigo as 4 chaves dos mistérios de
Lemúria e a 13ª chave. Com seus irmãos Jafé e Sem ficaram as chaves de
Atlântida e Shangrillá. A 13ª chave era a Chave do Conhecimento Absoluto,
que deveria ser passada somente para os profetas escolhidos por Deus.
Resumindo a história, os filhos de Noé herdaram toda a história e todo o
conhecimento que possuíam as civilizações do passado. Cão ficou com a
história e conhecimento de Lemúria e além disso herdou também a Chave
dos Legisladores. Assim ele não só herdou a história e o conhecimento de
Lemúria como também o direito de saber quem foram os legisladores da
mesma, porém não eram apenas os legisladores de Lemúria que estavam
inscritos naquele arcano. Cão sabia quais seriam os próximos legisladores da
Terra, quais seriam os próximos escolhidos para liderar as três grandes
civilizações formadas pelas 12 raças que habitavam nossa querida Terra.
Cada filho de Noé carregava em seu pescoço um colar de couro com um
pingente em forma de pirâmide com o desenho de um olho dentro dela. Isto
fazia deles mestres das antigas civilizações ou senhores conhecedores dos
mistérios do passado. Abraão viveu na segunda era de Áries após a destruição
e herdou as chaves de Cão e Jafé. As de Sem foram para Ló, que mais tarde
as transferiu para Abimeleque e é a partir daí que começou toda a confusão.
Abraão teve um filho com Hagar, uma escrava egípcia. Ismael era seu nome.
Abraão era descendente de atlantes, Hagar de lemurianos. Por isso Ismael,
não sendo puro atlante, não podia receber a 13ª chave. Abimeleque era
descendente atlante e tinha, por sinal, as chaves de Sem, mas Abraão tinha
que possuir todas as chaves, segundo as revelações da 13ª chave. Sara era
uma descendente atlante, mas não dava filhos a Abraão, porém o problema
não era com Sara e sim com Abraão. Com medo de ser rejeitada e ter seu
filho negado Hagar utilizava ervas para tornar Abraão estéril. Ele durante
anos não percebeu as armadilhas de Hagar. Mais tarde, quando descobriu
tudo, já era tarde. Nada mais podia fazer para reverter esse quadro, porém
Abraão tinha Abimeleque como a um irmão e foi até ele, relatou o ocorrido,
pedindo-lhe total sigilo de seu segredo e suas intenções. Abimeleque por sua
vez achou melhor manter tudo em família. Ele teve um filho com Sara, que
para todos deixou crer ser filho legítimo de Abraão. [Esta é só uma meia
verdade, pois a história real eu contarei mais adiante, na pg. 185] Assim
também deu a Abraão a chave que lhe faltava. Ele agora possuía a Aliança
com Deus ou a Arca da Aliança. Ele agora tinha o conhecimento do passado
e através dele podia conhecer até mesmo o futuro. Por ter os três colares das
três grandes civilizações o povo passou a chamá-lo de Pai das Nações. Esse
poder pesou muito sobre os ombros de Abraão, pois era freqüentemente
perseguido pelas tentações do passado e de sua própria época. Após Isaac ter
nascido de Sara Abraão passou a dar-lhe mais atenção do que a Ismael. Sara
aproveitou para se vingar de Hagar e disse-lhe que seu filho Ismael não seria

167
O LIVRO DA LUZ

uma das colunas do Templo do Deus Único. Ferida pela ofensa de Sara
Hagar vai até Abraão e avisa que vai partir, pois sabe que não é mais bem
vinda na casa do seu Senhor. Antes que ela se vá Abraão vai se orientar com
Deus e eis que as três pirâmides de seus colares se unem e o Olho da Verdade
se abre diante dele. Abraão é orientado a dar um colar a cada filho e quebrar
o terceiro colar ao meio, dando uma metade a cada um deles, porém o
Sagrado Livro do Conhecimento, chamado de 13ª chave, deveria ser passado
somente para Ismael, que mais tarde foi chamado de Camael, Samael ou
Eller. Para fazer isso sem levantar suspeitas e a revolta do povo e nem de
Sara Abraão tinha que expulsar Hagar e seu filho para o deserto, tirando-os
do convívio com o seu povo.
- Abraão chamou Hagar e Ismael e lhes entregou a chave, o colar e a metade
do terceiro colar e disse a Ismael: “Tu serás pai de 12 príncipes, que serão
donos de 12 grandes nações. Tu firmarás a primeira pilastra do Templo de
meu Deus. Tu agora serás o primeiro príncipe dos Illuminati. Por isso teu
nome deve carregar as duas colunas unidas e não mais separadas. Eu, Abraão,
uni em honra a meu Deus as duas colunas colocando nos nomes de meus
filhos a primeira letra que constitui a Verdade de meu Deus (Illuminati):
Isaac e Ismael. Por isso, meu filho, darei a ti em segredo o nome de um anjo,
Eller (no hebraico Relle ou Hylle). Tu deves partir para o deserto até a Terra
de Gigarseu, onde encontrarás as montanhas dos últimos Filhos dos Céus. Lá
tu encontrarás um homem chamado Golahá. Deves dar a ele a 13ª chave e ele
te instruirá sobre o que fazer.”
- Assim Ismael foi até o homem de que seu pai lhe falou. Vagou no deserto
com sua mãe por vários dias até encontrar as montanhas dos Filhos dos Céus,
onde achou, para sua surpresa, o gigante Golahá. Era um homem muito alto,
chegando a amedrontar Ismael. Diante do gigante Ismael perguntou:
- Quem és tu?
O gigante respondeu:
- Meu nome é Eller e tu, quem és?
- Eu sou Ismael, filho de Abraão e vim em nome do Deus de meu pai.
- Tu és aquele que recebeu o meu nome. Portanto deves te anunciar a partir de
hoje como Eller, o bode expiatório da nova Terra. Teu pai Abraão é o último
rei da era ariana, a era do reinício da Terra. Tu, Ismael, serás para a Terra
uma das pilastras do Templo de Deus, mas para que tu possas ser essa pilastra
deves aceitar as condições do Divino Pai. Em primeiro lugar vou te explicar o
que é ser uma pilastra do Templo de Deus e depois tu dirás se aceitas este
fardo. Desde o princípio da criação da Terra eu tenho feito as vezes da
pilastra da esquerda do Templo de meu Pai. Há muito tempo venho
guardando o fogo sagrado de meu Pai e libertando suavemente a luz sagrada
dele aos seres humanos para que possam evoluir, encontrar a sabedoria
verdadeira. Dai-me agora a 13ª chave e te mostrarei o que é isso.
Ismael passou a 13ª chave a Golahá e este fez surgir diante de Ismael uma luz tão
forte que quase o deixou cego. Aos poucos a luz foi diminuindo e dentro dela podia-se ver
suavemente um livro aberto. Golahá disse a Ismael:
- Este é o Livro das Eras de Todos os Tempos e Todas as Coisas e o Livro de
Saturno, o Athanatos (ou Imortal), o anjo do sábado e da conclusão. Neste livro está

168
O LIVRO DA LUZ

escrito como tudo foi criado e feito, mas isto que estais vendo não é um livro comum. Nele
se escondem os segredos da vida e da morte, do bem e do mal, da cura e da doença e muito
mais. Neste livro estão escritos todos os dias da Terra do começo ao fim de sua evolução
planetária e tudo que aqui está escrito não será mais alterado, apenas aperfeiçoado. Eu e
outros como eu oferecemos todo este conhecimento à humanidade, porém as três grandes
civilizações se utilizaram desse conhecimento para destruição e proveito próprio. Não
ouviram os avisos dos profetas e acabaram por destruir a si mesmas. Por essa razão é que
eu ficarei com a 13ª chave. Assim as três grandes civilizações não mais poderão ser
construídas. Agora uma grande civilização deve voltar a povoar a Terra, porém a sabedoria
e o conhecimento das coisas divinas não deve ser abandonado e é por isso que eu ainda
estou aqui. No passado eu fui chamado de Lucífero, de Prometeu (o ladrão do fogo de
Deus, de Vênus, a estrela flamejante caída), mas eu não fui o único a receber tal nome.
Todos os outros que desceram dos céus para instruir a humanidade tiveram muitos nomes.
Todos nós que descemos do céu trouxemos junto uma bola de fogo nas mãos e esta bola de
fogo era a sabedoria divina que deveríamos ensinar à humanidade. Ao passarmos este
conhecimento à humanidade nos tornamos prisioneiros dos nossos erros, que nos
acorrentaram aqui na Terra até que a humanidade venha a compreender nossa função de
professores dentre eles. Eu, meu pequeno Ismael, sou o último representante dos nascidos
dos céus. Minha missão é guardar os mistérios da criação até que venha aquele que deverá
me substituir. Já não falta mais tanto tempo para isso, pois farei uma aliança com 12 seres
humanos apontados pelo meu Pai e esses 12 farão alianças com outros até que meu mestre
chegue e enfim dê sabedoria a todos. De ti, Ismael, nascerão 12 príncipes, porém tu
receberás de Deus o 13º príncipe. Ele será tal qual um anjo sem ser. Ele tu deves reconhecer
como um rei, pois ele o será. Ele já nascerá sábio, pois o saber já está em sua alma. A ele tu
darás a mesma herança que teu pai te deu: os colares com a pirâmide e sua metade. O resto
ele saberá. Este teu filho será um faraó nas terras do Egito e ensinará o povo a reconhecer o
Deus único e Deus o chamará de Akhenaton. Entretanto da parte do teu irmão Isaac
também nascerá um escolhido, mas ele não será filho de teu irmão, mas filho do filho do
teu irmão (neto dele). Teu irmão terá filhos gêmeos, Jacó e Esaú. De Jacó nascerão 12
príncipes, porém um 13º será o escolhido. Muitos o chamarão de José, mas Deus trocará
seu nome no futuro para Levi, pois um dos 12 príncipes já se chamará José. No futuro
muitos afirmarão que foi o príncipe chamado José que recebeu a sabedoria divina, porém
poucos saberão a verdade. Levi será um sábio nascido e partirá para o Egito, onde será
faraó, pois carregará no peito a herança de seu avô Isaac e no Egito ele será chamado de
Hermes Trismegisto = Zafenate Panéia, pois terá herdado também a herança que pertenceu
a Akhenaton e assim terá o poder completo e a muitos ele ensinará. Assim ele formará uma
nova nação, que muitos chamarão de levitas, mas eles não serão bem aceitos pelas outras
tribos, pois seus costumes serão diferentes e desagradarão as 12 tribos criadas pelos filhos
de Jacó. Jacó ficará triste e sofrerá por ver seu filho querido ser negado pelos outros irmãos.
Então Jacó virá a ti pedindo-te que dê terras para esta nova nação. Tu então nada negarás a
Jacó, pois é teu sobrinho, sangue do teu irmão, porém lembra-te que quando chegar este
tempo eu travarei uma batalha com Jacó para fazê-lo merecedor de tuas terras e ele
acreditará ter lutado com Deus. Em tuas terras só podes permitir a entrada de levitas, pois
só eles serão no futuro guardiões do tabernáculo sagrado do grande rei sábio. Eles serão
como andarilhos que irão peregrinar a Terra anunciando a chegada de um legítimo irmão
meu, que será chamado de Messias.

169
O LIVRO DA LUZ

- Ismael, agora tu já sabes o destino até onde deves saber. Como já te disse, tu és
uma das pilastras do Templo de meu Pai e o teu irmão é a outra pilastra, mas devo te
advertir que serás o rei da Babilônia e por mim tu te passarás. Irão te chamar de Eller, de
Zaziel, Prometeu, Samuel, etc. Isto tem um lado bom e um lado ruim. O lado bom é que os
seres que chegarem a aprender o que tu tens a ensinar se multiplicarão e ensinarão a tua
Verdade a muitos outros, porém aqueles que não te compreenderem te odiarão e te verão
como a face do pecado e no futuro muitos nomes tu ganharás, muitos sacrifícios serão
feitos para te afugentar e a primeira estória que irão contar a teu respeito mostrará tua mãe
Hagar sendo enxotada para o deserto carregando um bode como companhia. Dirão que
Abraão, teu pai, fez isto a mando de Sara, que para expiar os pecados expulsou a ti e a tua
mãe para o deserto e por muitos e muitos anos esta estória será repetida pela boca daqueles
que não compreenderão a sabedoria que tu irás ensinar. Sendo assim, muitos anos se
passarão e as profecias de Golahá se realizarão.
- Jesus, por um acaso Golahá é Golias?
- Sim, meu pequeno, Golahá é o famoso gigante Golias. Muitos seres
acreditavam que Golias era um dos gigantes atlantes que havia sobrevivido à
destruição das três grandes civilizações. De fato Golias assumiu a aparência
de um atlante para viver melhor entre os seres humanos, pois ainda existiam
atlantes legítimos, sobreviventes da destruição e os atlantes, como se sabe,
podiam ter até 5 m de altura (sendo os shangrillês de até 3 m e os lemurianos
de até 2 m), mas esses eram poucos, pois a era de Abraão já não tinha mais
muitos desses seres. Eles viviam uma vida longa como Matusalém e os
poucos que sobreviveram já estavam com mais de 400 anos. O que era
considerado o final da vida para uns para estes sobreviventes era a
maturidade. Na verdade o mundo hoje se impressionaria ao ver uma criança
atlante, pois aos 75 anos um atlante ainda carregava a aparência de uma
criança de 10 anos dos tempos atuais. Mas voltando ao assunto principal,
nosso amigo Golias de fato era o último sentinela que habitava a Terra
naqueles tempos. Ele trocou de nome e tamanho para se adaptar ao novo
mundo e para não ser reconhecido como um dos 9 sentinelas que vieram
quando esta era constituída por três grandes civilizações, porém a
transformação deste nosso amigo celeste não foi nada fácil. Na primeira era
do primeiro milênio da nova Terra (após dilúvio) nosso amigo sentinela
estava morto, soterrado debaixo de gigantescas montanhas de pedras. Seu
nome sagrado era Garivaram. Ele era o guardião dos segredos divinos da
criação da vida e da morte e de todo o infinito. Alguns feiticeiros
descendentes das antigas civilizações reanimaram o sentinela para que este
lhes contasse os segredos da imortalidade. Acorrentaram o sentinela com
correntes mágicas e rituais de magia e o forçaram a confessar alguns
segredos. Depois de sofrer nas mãos dos feiticeiros nosso amado Garivaram
deu à humanidade o castigo merecido. A Terra mal acabara de ser destruída e
o pouco que restava ainda brigava para não perder o poder. Foi nesta época
que ele ficou conhecido como o Anjo da Morte ou Azaziel, destruindo
Sodoma e Gomorra, que na verdade era a herança nefasta das três
civilizações. Foi então que os segredos da sabedoria passaram a ser
renovados através de Ló e Noé. Depois disso Garivaram trocou de nome e
aparência, pois ainda não tinha terminado sua missão na Terra, porém os

170
O LIVRO DA LUZ

verdadeiros iniciados sabiam quem de fato era Garivaram. Ele se disfarçou


novamente para que todos os feiticeiros curiosos se mantivessem distantes do
nosso amado irmão, o arcanjo mensageiro da saraiva divina, o arcanjo das
guerras, o devastador, a espada da saraiva divina (espada esta que o rei Davi
herdou) e assim o nosso irmão celeste viu cumprir-se o destino dos colares
sagrados. Depois de Zafenate-Panéia (Hermes Trismegisto, Levi),
erroneamente chamado de José, o outro herdeiro da 13ª chave foi Aarão.
Veja, meu anjinho, que todos os que chegaram a possuir as 13 chaves do
conhecimento nasceram dentro dos tronos da sabedoria e foram faraós
adoradores de um só deus: Akhenaton, Zafenate-Panéia e Aarão, tirando
Aarão, que não chegou a ser faraó, mas foi considerado um príncipe.
Akhenaton e Zafenate-Panéia chegaram a ser faraós. A diferença é que
Akhenaton impôs o seu Deus único ao povo e o nosso Levi / Zafenate-Panéia
foi um faraó sem sentar no trono, mas isso não o impediu de passar a doutrina
da Verdade única a muitos adeptos. Por isso ficou mais conhecido no Egito
como o Mensageiro dos Deuses, pois podia decifrar os sonhos e as
mensagens enviadas ao homem por Deus. Depois de Aarão veio Davi, o
assassino de Golias ou Golahá e é agora que tudo fica muito complicado e
confuso, pois a humanidade não foi capaz de compreender o que estava
diante de seus olhos. Como na mitologia grega Zeus é pai de Hércules, Golias
é pai de Davi com uma diferença. Davi não sabia que Golias era seu pai. Já
na estória de Hércules ele sabia que Zeus era seu pai, porém a mitologia
grega é somente uma lenda a mais sobre a verdadeira história de Davi. Só não
vê as semelhanças entre as estórias de Hércules e Davi quem não quer, mas
para quem não deseja ver o tempo ainda lhe abrirá os olhos. Mas para ti, meu
querido anjinho, vou contar como tudo se passou.
- Durante muitos anos Golias ou Golahá foi tido como um oráculo divino e de
fato era. Ele então instruiu os sábios das montanhas para que fossem atrás de
um casal escolhido por Deus, pois eles seriam os pais do homem que viria
para substitui-lo. Os sábios perguntaram a Golahá porque Ele havia escolhido
uma casa que habitava a região do povo pequeno. Por que não escolheu um
ser da terra dos gigantes? Golias disse:
- Para o meu Pai não importa o tamanho do homem, mas o tamanho do seu
coração. Além disso eu não sou atlante, lemuriano ou shangrillê. Sou um
sentinela e se for mostrar minha verdadeira face e tamanho as nações
estremeceriam diante de mim.
- Os sábios das montanhas foram orientados a levar o casal até Golias e este
lhes fez as revelações divinas do que ia acontecer. Eles, intrigados com tudo
que ouviram, questionaram o fato de virem a ser pais de um ser celestial.
Golias disse:
- Esta é a parte mais simples. Eu juntarei meu sangue ao de vocês e darei ao ser
que vai nascer apenas a virtude da força e da liderança, porém este ser jamais
deve saber que sou seu pai ou que é parte de mim, pois cabe a vocês a
responsabilidade de criá-lo e prepará-lo para que no futuro ele me liberte de
minha sina.
- Assim Golias misturou magicamente sua formação genética com a de seres
humanos normais. Davi nasceu uma criança completamente diferente das

171
O LIVRO DA LUZ

outras crianças. Aos dez anos de idade já era mais forte que qualquer homem,
sabia caçar, pescar e cultivar a terra. Vendo o povo que Davi era muito forte e
diferente foram até seu pai e lhe pediram que Davi fosse o herdeiro do trono.
Para encurtar a história Davi lutou contra leões e gigantes remanescentes de
Atlântida, porém sua luta lendária foi com Golahá (Golias). Sem saber que
Golahá de uma forma ou de outra era seu pai Davi foi levado até ele quando
ainda era adolescente e foi instruído nos mistérios da Árvore da Vida, do
Livro de Enoch. Quando Davi foi proclamado rei (faraó) Golahá resolveu que
era hora de partir da Terra e transferiu a Davi a 13ª chave, mas sua tarefa não
era tão simples assim. Davi não podia fazer mau uso desse poder nem usá-lo
em benefício próprio (luxúria). Deveria instruir o povo e orientá-lo no
caminho da evolução, porém como o poder é algo difícil de se ter e se
controlar, Davi utilizou-o para conquistar terras e destruir seus oponentes. Na
Terra não havia um ser que não fosse descendente das 12 tribos e toda vez
que uma tribo era atacada outra tribo era saqueada. Por conta das guerras as
tribos viviam em conflito. Todas disputavam terras, animais e mulheres. A
tribo mais temida e a mais odiada era a dos ‘levitas’, que tiveram o nome
trocado numa época por causa de um conflito de terras e foram chamados de
‘leviatãs’, o que mais tarde foi tido como nome do mal ou coisa parecida.
Existiu também uma cidade de levitas chamada Leviatã. O problema é que
este nome nunca foi explicado e terminou se tornando símbolo das trevas. Na
verdade os levitas, por serem a 13ª tribo, não eram bem vistos ou bem quistos
e as lendas sobre esta tribo e seu povo eram sempre criadas com obscuridade,
heresia e crueldade. Na verdade os levitas aceitaram essas lendas, afinal isso
mantinha os curiosos distante dos segredos que eles protegiam. A doutrina
dos levitas não é como a das outras tribos, obviamente por ter sido criada por
profetas sábios de nascença (seres que nasciam com os dons). Não é que isso
não acontecesse nas outras tribos também, mas entre os levitas era em maior
número. Durante anos Davi construiu seu império às custas de muitas vidas,
chegando até mesmo ao ponto de cometer os mesmos erros de seus
antepassados. Davi, como alguns de seus antepassados, mandou perseguir e
matar videntes que previam o futuro, pois temia que ao serem consultados
por seus inimigos revelassem que ele era o novo guardião do poder. No
passado grandes homens perseguiam e matavam os videntes para que esses
não revelassem os propósitos dos primeiros legisladores, mas não só isso. Em
menos de 1.000 anos após a destruição os videntes, sábios e profetas já
começavam a doutrinar o povo com os antigos segredos de sabedoria das três
civilizações destruídas. Vendo que no passado as coisas não foram bem
sucedidas os legisladores deste novo tempo passaram a reservar a sabedoria
somente para escolhidos e estes também teriam seus escolhidos. Assim a
verdadeira sabedoria seria passada de geração em geração, mas sempre com o
firme propósito de manter o povo sob rédeas curta. Dessa maneira as tribos
fizeram um tratado chamado de “O Tratado das 12 Tribos”. Os levitas
foram excluídos propositalmente, afinal os conceitos de sacrifícios e outras
normas não agradavam muito essa tribo, mas o que ninguém imagina é que
foram os próprios levitas os criadores de algumas das leis que constavam
desse tratado e não vamos nos esquecer que este tratado foi criado na época

172
O LIVRO DA LUZ

de José do Egito (Zafenate-Panéia, Levi ou Hermes Trismegisto). O príncipe


levita criou o “Tratado dos Illuminati”, criando o conceito de que a
pirâmide era construída de cima para baixo. Ele quis dizer que a sabedoria
desce do alto para se firmar embaixo. Nosso Zafenate-Panéia também foi o
líder da 13ª tribo, criada por ele. Quando criança Zafenate-Panéia sonhou
com 12 estrelas ao redor de sua cabeça, sendo ele a 13ª e um dos que tiveram
acesso à 13ª chave. Os levitas foram a tribo que mais obteve terras, porém
nos livros sagrados a estória contada é outra. Dizem que foram dados a eles
pelas outras 12 tribos alguns pequenos pedaços de terra. De certa forma isso é
bom, pois mantinham-se afastados aqueles que tinham o poder da ganância.
Assim confirma-se que Davi era da linhagem levita por parte de pai e mãe e
por parte de Golahá que, como já expliquei, era um remanescente da 13ª tribo
original. A Terra foi composta por 12 tribos, que formaram as três grandes
civilizações. Os seres celestiais criaram sua própria tribo, a 13ª. Voltando a
Davi, ele fez a aliança com Golahá, mas não cumpriu o trato como havia sido
firmado. Golahá, que havia dado a Davi a Aliança com Deus, não gostou de
ver o mau uso que ele fez desta aliança, mesmo porque Davi, sendo levita,
estava agora atacando os profetas de sua própria tribo e das outras também.
Em suma, muito sangue foi derramado desnecessariamente. A genética de
Davi havia sido alterada e seus instintos e comportamento verdadeiros só se
mostraram quando ele possuiu o poder. Ele se tornou um homem
descontrolado, que tentou impor sua vontade a qualquer custo, o que
terminou por levar muitos de seus homens a guerras e à morte. Golahá, por
saber que isso iria acontecer, chamou Davi e disse-lhe que tiraria dele as
Chaves da Sabedoria, pois enquanto ele não controlasse seus inimigos
internos (instintos) não poderia ter um poder tão grande em suas mãos. Davi
se aliou secretamente a alguns seres que pertenciam ao povo gigante e armou
uma emboscada para Golahá. A intenção não era matá-lo, mas apenas obter
de volta os colares. Golahá, que sabia de tudo, surpreendeu Davi arrastando-o
para dentro de sua caverna sem que os outros vissem. Lá dentro ele explicou
a Davi:
- Você jamais terá este poder novamente, pois a 13ª chave é algo muito
poderoso para ficar nas mãos dos homens, porém é vontade de meu Pai que
este grande segredo permaneça em tua família, Davi, mas para que isto se
torne realidade tu deves me libertar da minha condição de mortal, pois para
obter esta forma que hoje tenho eu fui reanimado da morte para a vida física.
Eu morri com as três grandes civilizações e na Nova Terra sábios
remanescentes do passado me trouxeram de volta à vida, mas fizeram isso
usando o sangue humano com o sangue sagrado da natureza (mandrágora).
Assim eu me tornei matéria viva e já há quase dois mil anos eu habito a Terra
Nova. Para fugir daqueles seres eu usei a magia sagrada, mudei meu
tamanho, pois era muito superior ao atual, e me assemelhei aos últimos seres
que tu chamas de gigantes. Desde então venho renovando a Aliança de Deus
com os homens, mas agora o Pai já me absolveu dos meus erros e não preciso
mais renovar esta aliança, pois tu tomarás o meu lugar. Sendo assim eu te
revelarei a Verdade. O Pai criou 12 chaves, 3 pirâmides sagradas e uma 13ª
chave. As 12 chaves representam as 12 tribos que desceram para habitar a

173
O LIVRO DA LUZ

Terra. Elas abrem os arquivos onde está relatado tudo sobre as tribos desde o
princípio da criação até a descida para a Terra, tudo que aqui viveram e
viverão. As 3 pirâmides são as chaves dos segredos das três grandes
civilizações e todo o poder que elas tiveram. O homem que as possuir terá o
controle da humanidade. Por isso raros foram aqueles que já tiveram essas
relíquias sagradas em seus peitos. Zafenate-Panéia foi chamado de “o três
vezes grande= Trismegisto”, pois possuiu este conhecimento além da 13ª
chave, o que fez dele, meu bom Davi, um ser celestial como eu. A mãe de
Zafenate-Panéia não podia ter filhos, porém ela era amada e adorada pelo
marido Jacó, que já sabia da minha existência e me procurou pedindo-me
uma maneira para ajudar sua amada a conceber um filho. Ela vivia triste, pois
teve que ver as outras esposas de seu marido darem a ele muitos herdeiros.
Eu firmei um acordo com Jacó. Disse a ele:
- Farei tua esposa fértil, porém o filho que tiveres com ela será como a boca de
Deus a falar ao homem. Será um sábio de grandeza na alma e por ser tão
brilhante ele será negado pelos outros irmãos que, por inveja de seu saber, o
excluirão. Apesar disso ele será o Príncipe dos Iluminados da Nova Terra e
do novo tempo. Ele fará tudo como fora no passado quando as três grandes
civilizações existiam. Estas tinham 13 senhores chamados de Illuminati, pois
eram de fato os representantes mais sábios de cada tribo. A princípio
Illuminati era um nome dado apenas aos seres celestiais (anjos caídos). Tu,
Davi, também és um Illuminati como Jacó, Isaac e outros, mas não podes ser
o Príncipe dos Illuminatis, pois poucos tiveram essa missão dolorosa e difícil.
Akhenaton passou pelo mesmo processo que Zafenate-Panéia. Ambos
nasceram de maneira misteriosa, porém as 12 chaves já foram praticamente
distribuídas e aqueles a quem as confiei também as confiaram aos profetas
escolhidos, que são instruídos desde criança a respeitar e guardar esses
segredos, que só devem ser passados adiante para seres também escolhidos e
instruídos da mesma forma. O povo chama esses seres de Tenains, rabinos,
sábios, profetas, escolhidos por serem capazes de compreender esta
sabedoria. Para que esta sabedoria permaneça na tua família, Davi, tu deves
me trazer dois de teus filhos para que eu os ordene IIIuminatis. Deves me
trazer aquele que tem a fama de ser “o Belo”, mas que também é justo, e
deves me trazer também Salomão, aquele que herdará teu trono, porém tu não
podes fazer isso antes que eu morra, ou melhor, antes que tu me mates.
Entretanto neste mundo não há nada que possa me matar, mas eu trouxe do
mundo celestial a única arma que pode me ferir: minha espada. Esta irá te
pertencer e sob teus cuidados a deixarei e tu a deixarás aos cuidados daquele
que Deus te indicar. Para que se cumpra a vontade de meu Pai eu sairei para
fora e me farei vitima da tua emboscada. Estarei rendido quando tu me
apunhalares o peito com a minha própria espada.
- Então Golahá saiu da caverna e os homens gigantes o atacaram, puxaram-no
pela longa trança de seu cabelo, amarraram suas mãos nas costas e depois
amarraram-lhe os pés. Davi surgiu com sua espada e olhando nos olhos de
Golahá estremeceu. Não era sua vontade fazer aquilo. Golahá era o último
oráculo vivo, era um filho celeste de Deus. Golahá o olhou profundamente
nos olhos, fazendo Davi ouvir seus pensamentos:

174
O LIVRO DA LUZ

- Faça-o Davi, faça agora ou seus aliados gigantes deixarão de crer em você.
- Davi então enfiou no peito de Golahá sua própria espada. Golahá não soltou
nem um gemido. Caiu de joelhos com um ar de alivio no rosto. Temendo
uma guerra Davi e os homens gigantes fizeram uma profunda cova e
sepultaram o corpo de Golahá. Desamarraram-lhe os pés e as mãos antes de
enterrá-lo, mas quando ele foi jogado na cova um de seus braços quebrou-se,
ficando por trás de suas costas. Agora Davi tinha que rezar para ninguém
descobrir que ele era o assassino do ultimo oráculo divino e tinha que rezar
para Golahá voltar como havia prometido. Mas havia ainda outro problema.
Absalom (o Belo), filho de Davi, não compartilhava mais de sua convivência.
Davi o havia expulsado de seu palácio, pois ele havia matado justamente um
de seus irmãos, que violentara a irmã. Rancoroso com a atitude de Absalom
Davi o banira para fora de seu convívio, porém Absalom era um ser justo e
sábio. Na época em que seu irmão cometeu o crime de violentar a irmã ele
relatou a Davi o ocorrido e Davi nada fez para corrigir o mal feito. A jovem
violentada passou a ser negada pelo seu violentador, que depois de possuí-la
tomou nojo e raiva de sua presença. Ela passou a ser rejeitada pelas outras
irmãs e nem mesmo podia se sentar à mesa junto delas. Em suma, era como
se ela tivesse provocado aquela situação. Um ano se passou. A jovem ficou
muito magra, triste e fraca, vindo a ter uma tristeza profunda e incurável,
deixou de falar e praticamente não reconhecia ninguém, exceto Absalom, que
ao ver a irmã naquele estado fez justiça com as próprias mãos, porém isso era
um desrespeito aos códigos da casa de Davi. Porém Davi, como grande parte
dos homens daquela época, e até dos tempos atuais, dava mais valor aos
filhos homens, pois eram eles os herdeiros do nome e da linhagem dele.
Absalom não concordava muito com as regras do pai, que defendia apenas os
homens e pouco se importava com as mulheres. Criou então seu próprio reino
e declarou guerra a seu próprio pai. Era isso que Davi tinha que resolver, e
sem derramar sangue, mas Davi não teve muita dificuldade em alcançar seu
intento. Armou uma armadilha para Absalom usando a irmã que ele tanto
amava. Mandou dizer a Absalom que sua irmã agonizava à beira da morte e
chamava por seu nome. Comovido, Absalom foi até sua irmã, mesmo
sabendo que não seria bem-vindo pelo seu pai. Lá Absalom foi surpreendido
por homens fortes que já o esperavam, porém de fato sua irmã estava para
morrer. No dia certo Davi levou seus dois filhos até a caverna de Golahá e
teve uma surpresa ao encontrar seu amigo Hiram, rei de Tiro.
- O que fazes aqui, ó senhor de Tiro?
- O mesmo indago a ti, rei Davi.
- Golahá surgiu diante dos homens brilhante como raios de sol, ofuscando a
visão dos presentes. “Fui eu que, em nome de meu Pai, os chamei aqui”,
disse. Quando a luz se acalmou os homens puderam ver a figura luminosa de
Golahá, que agora tinha uma aparência tão bela e pura que causava uma certa
vertigem e sono nos seres que ali se encontravam.
- Davi, tu me trouxeste Absalom, o Belo, sábio e Salomão, o Prudente, juiz,
porém tu deves entregá-los a Hiram para que ele ensine a teus filhos a
sabedoria do Livro Sagrado de Enoch, que dei a ele. Ele é o último ser a
quem foi confiado este livro. Teus filhos vão aprender a Verdade, porém

175
O LIVRO DA LUZ

somente Absalom poderá reescrevê-lo, copiá-lo. Na verdade Absalom


passará alguns anos copiando este livro, pois Salomão irá precisar dele num
futuro muito próximo. Para o povo tu deves dizer que teu filho Absalom
morreu em guerra, pois ele não deve mais ser visto. Seu nome será trocado
por Jonkins (aquele que estabelece a ordem). Salomão também terá seu nome
trocado, mas não será como Absalom. Salomão só usará seu novo nome
comigo e com seres que não são humanos. Eu o chamarei de Boaz (aquele
que estabelece o poder). Em nome de teu filho Absalom tu edificarás uma
grande pilastra (coluna). Fará isso para que teu povo saiba que tu honras o
filho morto, mesmo que ele já não estivesse mais em tua casa. Essa também
será uma maneira do povo crer que Absalom morreu. Hiram ensinará a teus
filhos como ter sabedoria e como usá-la de forma sábia. Enquanto isso, Davi,
tu deves dar início à construção do templo que receberá o Deus vivo, mas
lembro-te que tu não terminarás esta construção, pois muitos anos levará para
se edificar o Templo de meu Pai e tu fizestes mais inimigos que supõe tua
imaginação. Por isso vives em conflito e guerras constantes, massacrando os
outros povos e o teu próprio. Por isso, Davi, tu não te fizestes merecedor
daquilo que viestes me roubar, porém existe bondade em teu coração e por
isso eu te dei minha espada e esta te será muito útil nas tuas últimas batalhas.
Quando estiveres perto do fim deves trazê-la a esta caverna e te mostrarei
secretamente onde deves guardá-la, pois tu voltarás a precisar dela quando
Deus ordenar teu retorno à Terra. Agora vá, Davi, e cumpra as ordens de meu
e vosso Pai.
- Tudo se passou como Golahá havia dito. Salomão e Absalom foram para a
casa de Hiram, filho de Nagaret Abïf (Hiram também foi chamado de Hiram
Abïf, Abraão Melim ou Abramelim), que ensinou os segredos do Livro de
Enoch a Salomão como havia prometido a Golahá. Absalom estranhamente
não precisava das instruções de Hiram, pois ao passo que ia copiando o livro
sagrado também o compreendia. Hiram deduziu que ele era um sábio
nascido, que possuía o conhecimento na alma. Hiram se afeiçoou tanto a
Absalom que o tomou como filho de seu próprio sangue e o mesmo
sentimento e respeito surgiu de Absalom por Hiram. Os anos se passaram e
Davi morreu. Salomão assumiu seu lugar tornando-se um novo rei com novas
leis e ordens, bem menos ofensivas e duras que as de seu pai, mas com
certeza muito mais eficazes. Todos acreditavam que Salomão fosse o novo
representante da Sabedoria Suprema, ou seja, que ele era o novo Príncipe
Illuminati, aquele que possuía a 13ª chave, mas a verdade é que o professor, o
mestre de Salomão, Hiram, era o Príncipe Illuminati e todo o poder de
Salomão era apenas um reflexo do poder de Hiram, que manteve secreto o
fato de ser um filho legítimo de Atlântida. Golahá ressuscitou Hiram quando
procurava num cemitério sagrado os ossos de um ser que tivesse vivido em
Atlântida. Golahá encontrou uma múmia de uma mulher grávida e tudo que
ele precisava era de um ser que não tivesse lembranças de Atlântida, mas que
tivesse sangue legítimo. Golahá analisou a vida daquela mulher e viu que ela
era uma sacerdotisa que sobreviveu à destruição das três grandes civilizações
e que profetizara seu próprio destino. Ela sabia que iria morrer, porém deixou
sua vida escrita em linguagem atlante e em seu relato ela dizia: “Meu mundo

176
O LIVRO DA LUZ

será destruído, meu povo desaparecerá e toda a sabedoria sumirá da Terra. ‘O


Divino Infinito É’ (Deus) pediu-me para ter um filho da luz de sua sabedoria.
Ele deu-me uma semente pura, sem homem algum para me fecundar. Sei que
morrerei e não verei meu filho nascer, mas muitos anos passarão e pelas
mãos de um anjo a Terra meu filho verá.” A mulher se chamava Nagaret
Abïf. Golahá observou que ao tocar a barriga da múmia esta passou a pulsar
como se nunca tivesse morrido, porém a múmia não tinha reação alguma.
Somente seu ventre habitava a vida e assim Golahá, usando as palavras
sagradas, fez nascer Hiram Abïf e logo que o bebê nasceu o corpo de sua mãe
virou cinzas.
- Hiram foi dado a uma família nobre, que guardou o segredo de Golahá,
porém toda a sabedoria de Hiram lhe foi dada por Golahá, que o instruiu
desde muito pequeno. Assim Hiram foi o maior sábio velado de sua época.
Salomão, que muito estimava a sabedoria de Hiram, pediu-lhe que o ajudasse
e o instruísse na construção do Templo de Deus, que já tinha sido iniciado,
mas ainda faltava muito para ser finalizado. Hiram era um ser que trabalhava
pela ordem, pelo poder e acima de tudo pelo dever cumprido. Ele criou regras
para os homens, organizando-os em grupos de acordo com a profissão. Cada
um receberia pela sua função, o que serviria para pôr ordem na situação
naquele momento e possibilitaria um controle maior dos gastos. Os homens
da época de Davi recebiam por grupo que trabalhasse mais e nem sempre eles
eram honestos. Terminava sempre em briga e injustiça. Um grupo ameaçava
o outro e às vezes chegavam a matar para ter maior credibilidade perante o
rei e assim também poder ganhar mais. Hiram separou a classe de pedreiros e
deu a eles um passe e uma marca que cada um deveria usar como assinatura.
Assim seria mais fácil saber quem de fato executou determinado trabalho.
Com o grupo de mestres-de-obra, com os engenheiros e os arquitetos ele fez
o mesmo. Dessa maneira o trabalho passou a render muito mais e a ordem
adentrou aquela construção sagrada. Praticamente não havia brigas ou
fraudes, porém havia o eterno grupo de insatisfeitos, que não admitiam as
regras de Hiram e tramavam uma maneira de mudar aquela situação. Hiram
aplicou a Lei do Justo pelo Justo, nada mais nada menos, e a única maneira
de quebrar essa regra era ter as senhas (passes) e as assinaturas daqueles que
estavam num nível acima. Para obtê-las os insatisfeitos espreitaram Hiram e
então o espancaram para que ele desse os passes e as assinaturas. Hiram
morreu sem fazê-lo. Os assassinos, vendo o que haviam feito, tentaram
encobrir o crime enterrando o corpo de Hiram embaixo dos escombros da
construção. Semanas se passaram e o rei Salomão procurava por Hiram sem
saber onde encontrá-lo. Desespero maior era o de Absalom, que sentia em
seu peito o aperto da morte daquele que tinha como pai. Numa noite,
enquanto orava a Deus para encontrar Hiram Absalom recebeu uma visão
profética de Golahá dizendo: “Procura teu pai/mestre embaixo da sombra de
uma árvore de romã, mas nos jardins de Salomão tem muitas dessas árvores.
Tu deves deixar te guiar pelo aroma doce e puro das acácias, que se deixam
proteger por essa árvore. Vá logo, Absalom. Vá antes que a lua mude, pois se
não achares Hiram a tempo ele perderá a vida.” Absalom saiu madrugada
adentro ao encontro de Salomão que, atento ao sonho do irmão, juntou 33

177
O LIVRO DA LUZ

sábios de confiança para fazer o serviço. Duas horas mais tarde os sábios
voltaram com o corpo de Hiram, que já estava em decomposição. Absalom,
que era sábio nascido, pousou a mão sobre as feridas de Hiram e viu seus
assassinos e até mesmo como eles haviam procedido. Mas não foi só isso que
ele viu. Absalom viu que Hiram era conhecedor da fonte que jorrava a “água
da vida”, porém esta fonte era muito longe e ele não sabia como chegar tão
depressa àquele lugar (as três pirâmides do Egito estão acima desta fonte).
Foi então que ele resolveu usar o conhecimento do Livro de Enoch. Usou a
magia da teleportação, enfrentou seu pior inimigo (o medo) e recebeu 100ml
da água que corria livremente de uma pequena nascente à beira de uma bela
árvore. Do outro lado havia um riacho de lama escura (era o rio da Morte),
que nascera à beira de uma árvore seca, porém em um determinado ponto as
raízes das duas árvores se cruzavam harmoniosamente. Absalom
compreendeu que a vida e a morte eram cúmplices da trajetória humana na
Terra. Ele levou a água até Hiram e com a ajuda de Salomão trouxe o grande
mestre de volta à vida. Hiram despertou do mundo dos mortos mais uma vez,
porém as marcas da ignorância de seus agressores permanecia em seu peito e
sua face. Não ferimentos abertos, mas cicatrizes, que Hiram explicou da
seguinte maneira:
- Essas são as marcas e provas de que a ignorância e a ganância pelo poder não
aceitam e nem respeitam medidas nem ordem, mas também são as marcas de
que o poder, a ordem e o dever não devem ser corrompidos, pois se assim
fosse essas marcas não estariam aqui. Se me queres trabalhando para ti,
Salomão, eu farei golems (golem é um homem feito de barro e animado por
magia) para que sejam meus engenheiros e arquitetos. Não usarei teus
homens para construir as partes secretas do templo, pois eles provaram não
merecer confiança e além disso não estamos mais vivendo os tempos de teu
pai.
- Por que dizes isso, ó sábio Hiram? – perguntou Salomão.
- Antes de ti e teu irmão se tornarem aprendizes meus o último anjo caído
ensinou a Davi uma maneira de não sacrificar mais os seus homens. Naquela
época teu pai, o rei Davi, pediu a cem homens que construíssem vários
corredores subterrâneos. Todos levavam a uma armadilha, um abismo escuro
e profundo de onde ninguém jamais saiu vivo, mas um desses corredores
dava para o rio e esse era usado pelo rei quando fugia de seus inimigos. Na
verdade o rei não fugia de seus inimigos. Ele os atraía para esta armadilha
subterrânea de onde só ele conhecia a saída. Era um labirinto e para ninguém
mais conhecer seu segredo depois de terminado o rei mandou matar todos
que o construíram. O anjo caído Golahá, não satisfeito com a atitude do rei
Davi, chamou-o e lhe mostrou uma alternativa. O barro onde Golahá havia
sido enterrado podia dar vida a homens. Como a lenda diz que Deus fez o
homem a partir do barro Davi criou vários soldados de barro, mas somente
daquele barro. Assim Davi parou de sacrificar seus homens e passou a utilizar
os golems, porém, para que o povo não soubesse disso ele os utilizava apenas
de noite e eles executavam qualquer ordem do rei. Naquela época teu pai não
possuía a sabedoria que tu tens hoje. Tu não precisas do barro do túmulo de
Golahá, pois tens o Livro Sagrado dos Anjos Caídos, o Livro da Luz e da

178
O LIVRO DA LUZ

Verdade dado a Enoch e hoje sabes como utilizá-lo, mas os golems que
preciso eu mesmo devo fazer. Mais tarde tu usarás esta sabedoria, quando for
necessário. Outra coisa muito importante, Salomão. Eu não quero que tu
mandes matar meus assassinos, pois como diz a palavra eles são meus
assassinos e somente eu devo dar a eles o castigo que achar conveniente e
para teu governo eu os chamarei a prestar contas do mal feito por eles no
tribunal de Deus, que é um juiz muito mais eficaz do que eu ou tu. Aprenda,
meu bom rei. O tribunal divino já os chamou à consciência, podes ter certeza
disso.
- Como podes me afirmar isso, sábio Hiram?
- Eu confio em Deus, Salomão, não apenas creio nEle, e aquele que confia em
Deus também é Deus.
- Mas eu também confio em Deus, Hiram, e sinceramente não vejo o que estais
tentando me mostrar de diferente.
- A diferença está entre nós dois. Preste atenção no que vou te dizer. Tu crês
em Deus e no bem e no mal. Por isso crês nos talismãs, no teu anel, que
serviu como aliança entre os gênios e os anjos, porém, meu amigo Salomão,
eu não preciso da aliança entre o bem e o mal, pois não creio serem capazes
de me prejudicar. Eu creio neles apenas como professores que nos trazem a
Consciência Suprema. Em suma, o mal e o bem nada podem me oferecer. O
mal nada pode me dar, tentar ou oferecer que eu já não possua. O bem não
pode me tornar anjo, pois minha consciência diz que eu não sou um. Não
pode me dar mais sabedoria se ainda não lutei para alcançá-la. Então o que
me faz estar acima do bem e do mal é tão somente minha consciência. Um
dia, Salomão, eu também fui como tu. Precisei crer em alguma coisa para
crer no poder. Um dia eu também usei talismãs mágicos, mas hoje eu sou o
poder, eu sou o talismã, porque aquele que confia no ‘Infinito É’ se torna
infinito como Ele. Então tu vais me perguntar porque me deixei matar por
aqueles homens. Eu te digo que foi apenas para te mostrar que é muito difícil
estabelecer uma ordem num povo que não conhece ordem, mesmo porque a
ordem que tu queres estabelecer é a ordem divina (o justo pelo justo / o justo
e perfeito). Sempre haverá os contrários às regras e aqueles que acreditam
que podem queimar etapas de evolução na ordem divina. Em tudo que fiz,
faço e farei na minha vida procuro sempre me deixar guiar pela Consciência
Divina. Pouco penso, muito sinto, sempre obedeço. Assim Deus em mim é
sempre constante e Sua vontade também.
- Como se alcança um confiar maior que a própria confiança, Hiram? Como
não precisar mais da magia e seus rituais?
- Isso, meu bom Salomão, tu só compreenderás quando te tornares a magia.
Fazer parte dela tu já faz, ser ela tu um dia poderás vir a ser se venceres o teu
ego humano e permitires ser invadido pelo ego do teu espírito. Mas agora
deixemos de lado esses assuntos para construirmos o Templo de Deus, o
Templo da Ordem, do Justo pelo Justo, do Justo e Perfeito.
- Depois dessa conversa Hiram fez uma oração que era um canto aos
elementos da natureza. Ele pegou algumas sementes de romã e as jogou sobre
a terra enquanto fazia a oração. As águas pareciam obedecer seu chamado e
se deitaram por cima das sementes, o calor ali era forte, o vento soprava. Os

179
O LIVRO DA LUZ

quatro elementos reunidos. Podia se ver ao mesmo tempo as chamas de fogo


e a água que corria por cima dele sem apagá-lo. O vento revolvia a terra e aos
poucos as sementes germinaram e de uma única romã brotaram várias
pequenas mudas. Porém enquanto Salomão e Absalom pensavam ser árvores
Hiram as transformava e quando atingiram um palmo e meio de altura um
exército de homenzinhos começou a tomar forma. Esses homenzinhos
tomaram uma aparência humana perfeita já com 70 centímetros de altura,
porém Hiram só parou a oração quando eles haviam atingido a altura de um
homem mediano. Depois de ter feito isso Hiram disse a Salomão que aqueles
eram os ajudantes que ele precisava para enfim terminar a sagrada obra,
porém aqueles seres só podiam trabalhar à noite. Durante o dia eles voltavam
a ser simples sementes. Este não foi o único feito de Hiram. Ele também usou
como ajudantes os elementais da natureza como os silfos, elfos, duendes e
outros seres que só trabalhavam à noite. Durante o dia todos desapareciam e
os homens de Salomão faziam o trabalho.
- Uma certa vez o aprendiz foi imitar o mestre, só que não sabia nem conhecia
o poder de Hiram. Então Salomão se utilizou do conhecimento dos
quadrantes e círculos mágicos, que ofereciam o mesmo resultado. Salomão
passou a controlar demônios e ‘anjos’ e começou a gostar de ter o poder de
controlar seres tão superiores e de fato chegou a crer que os controlava, mas
houve uma época em que esses seres controlaram Salomão e chegaram a se
passar por ele. O mal de todas as pessoas que aprendem esta sagrada magia é
crer que podem controlá-la na íntegra. É preciso ter o conhecimento na alma
para ter o controle desse grande poder. Hiram era um nascido da magia,
Salomão era um nascido para conhecer a magia. Salomão invocou seres que
achavam e lapidavam pedras preciosas e raras, além de metais valiosos. Esses
seres têm o dever de incentivar a ambição de seu mestre e costumam fazer
isso com sutileza e cuidado para que o envolvido não perceba que está sendo
envolvido. Logo que alcançam seu intento começam a cobrar caro pelos
serviços prestados. Desta maneira Salomão teve que ceder aos caprichos de
alguns desses seres, que o mantiveram refém. Pela sua ingenuidade Salomão
se deixou envolver pelas ofertas desses seres da natureza, porém quando eles
resolveram cobrar pediram a Salomão que construísse templos de oração para
os antigos deuses e outras coisas. Salomão não podia negar o pedido, afinal
na magia sagrada toda dívida deve ser honrada, pois o devedor sempre é
avisado das cobranças que receberá. Isso quer dizer que ele sempre terá
consciência daquilo que está fazendo. De fato Salomão sabia o que estava
fazendo, só não sabia das conseqüências dessa sua ação. Para a história
Salomão não ficou com a culpa nas suas costas, pois aqueles que a
escreveram trataram de pôr a culpa em suas mulheres, seres submissos e
amedrontados, que muitas vezes nem sabiam falar o idioma local. Além disso
elas eram orientadas a temer um rei que tinha poder sobre seres obscuros,
porém Salomão era apenas mais um dos homens que fazia isso com suas
esposas. Na verdade ele não foi tão cruel. Mandou matar apenas 50 de suas
mulheres e dentre os motivos um deles foi o fato de algumas descobrirem o
poder e mais tarde chegarem a trair Salomão, revelando a seus inimigos os
segredos do rei. Outras foram mortas por conspirarem contra as mães dos

180
O LIVRO DA LUZ

primeiros filhos do rei, atentando contra a vida deles. Naquela época as


mulheres eram proibidas de conhecer os segredos da magia divina, porém
Hiram deu a Absalom o dever de ensinar a algumas mulheres estes segredos,
coisa que ele fazia com maestria, pois carregava o dom da perspicácia e da
prudência. Algumas das esposas de Salomão foram confiadas a Absalom para
que seus filhos no futuro mantivessem a sabedoria do pai. Estas não traíram
Salomão e passaram para seus filhos o conhecimento.
- Voltemos agora ao Templo de Salomão. Ele foi construído cabalisticamente
perfeito e desta vez nenhum homem sabia onde a verdadeira Arca da Aliança
foi colocada, pois os seres que construíram o santuário misterioso não eram
homens, mas golems criados por Hiram. A arca que foi colocada no
tabernáculo era uma réplica perfeita da original. Ninguém jamais desconfiou
de que esta fosse falsa, nem mesmo as pessoas que a roubaram no fim do
reino de Salomão. Enfim, enquanto todos acreditavam que Salomão era o
novo príncipe da 13ª tribo, o ungido dos Illuminati, Hiram Abïf fazia de
Absalom seu sucessor. Antes de abandonar a Terra Hiram passou para
Absalom a 13ª chave. Antes de Hiram desaparecer misteriosamente vamos
explicar isso melhor. Quando Hiram foi assassinado pelos pedreiros do
templo ele pediu a Salomão que anunciasse ao povo sua morte, pois passaria
a trabalhar somente à noite com seus golems e não queria que soubessem
quem era o arquiteto que liderava o grupo de pedreiros noturnos. Salomão
anunciou a morte de Hiram tal qual ela havia ocorrido e deu ao povo três
culpados já mortos. A partir de então Absalom, que não era mais reconhecido
como irmão de Salomão e até tinha outro nome (Jonkins), passou a tomar
conta do reino de Hiram. Muitas estórias chegaram até mesmo a confundir
Hiram e Absalom com Akhenaton e Tutankhaton, faraós do Egito. Muitos
também julgam que Akhenaton e Tutankhaton foram os últimos príncipes da
13ª tribo, mas não foi bem assim. Absalom teve apenas um filho, que jamais
foi descrito em história nenhuma. Se nome era Zoroaster, também conhecido
como Zaratustra, Zoroastro e biblicamente conhecido como Ezequiel. Vamos
chamá-lo apenas de Ezequiel, um profeta limpo e puro como Elias, que
também foi um grande profeta, e ambos foram príncipes legítimos da 13ª
tribo, que honraram o ensinamento verdadeiro de Akhenaton e o levaram
adiante tal qual o faraó adorador do Sol. Esses profetas também adoravam o
Sol e o fogo como aspectos da presença de Deus. Ezequiel foi entregue a
Hiram por Absalom, que pediu a ele que levasse seu filho para a terra dos
atlantes junto com ele, pois na morada dos sábios do passado ele estaria
seguro e aprenderia a Verdade com os ‘brahmanes’, os Senhores do
Conhecimento. Assim que estivesse pronto ele voltaria à Terra e passaria a
ensinar a Verdade ao povo escolhido. Na verdade Hiram e Absalom tinham a
missão de reconstruir uma 13ª tribo, que no futuro desenvolveria uma
doutrina onde somente seres iluminados nascidos com sabedoria na alma
seriam iniciados. Era uma maneira de não errar e nem ser injusto, pois esses
escolhidos, logo que lapidados, levariam a sabedoria a todos os cantos da
Terra. Eles fariam isso com sabedoria e consciência, ensinariam a Verdade de
um Deus único sem forçar as pessoas a adorá-lo, pois isso elas fariam
espontaneamente se compreendessem este Deus único e seus propósitos.

181
O LIVRO DA LUZ

Absalom mandou erguer uma coluna a que deu o seu nome. Como o povo já
havia esquecido o filho morto do rei Davi (Absalom) ele resolveu
homenagear seu filho Ezequiel, mas como ninguém sabia que Absalom
estava tão vivo que tinha um filho a coluna ganhou o nome de Absalom.
Salomão, que guardava o segredo do irmão, achou prudente dizer ao povo
que aquela coluna era para lembrar Absalom, um príncipe que não teve como
levar seu nome adiante, pois não teve filhos para dar continuidade à sua
linhagem e seu sangue. O gesto nobre de Absalom de dar seu único filho aos
brahmanes tem uma explicação. Tanto Absalom quanto seu filho nasceram
para ser profetas e não reis ou faraós e os grandes profetas da 13ª tribo não
costumavam ter muitos filhos e mulheres, como era costume. Também não
almejavam um trono, pois a responsabilidade de reinar os impediriam de
levar adiante a grande missão divina de partir em busca dos escolhidos e criar
a Comunidade da Verdade Divina. Lembro que Akhenaton e Zafenate-Panéia
foram faraós e de uma forma quase inédita levaram essa sabedoria ao povo,
porém esse período de luz durou muito pouco e logo foi esquecido. Vendo o
exemplo do passado os novos iluminados preferiram levar uma vida de
ermitões, mesmo porque a 13ª tribo já não era mais a mesma. Os escolhidos
começaram a ser mortos logo que nasciam pelos grupos que pertenciam às
outras 12 tribos, que faziam isso para diminuir o poder da 13ª tribo, pois era a
única a ter acesso ao tabernáculo e a certos Livros da Verdade. Uma onde de
inveja, ciúme e cobiça tomou conta de alguns integrantes das 12 tribos e eles,
sempre que podiam, tramavam contra os Illuminatis. Isso ficou tão evidente
que alguns reis chegaram ao absurdo de ter para si todas as princesas
representantes das 12 tribos só para conquistar assim o poder sobre todas as
tribos. O rei Davi foi um exemplo desses e Salomão também. Eles tomaram
por esposas as princesas de cada tribo e assim fazia-se uma aliança forçada
com as 12 tribos, que na verdade só visavam terras, animais e riquezas e
assim de certa forma todos também mantinham a 13ª tribo sob controle. Não
oferecendo à 13ª tribo as princesas de nenhuma tribo uma aliança era quase
impossível de ser feita.
- Vendo-se rejeitados os membros da 13ª tribo começaram a se camuflar.
Durante os anos seguintes eles criaram um pacto para se tornarem profetas e
eremitas e aos poucos foram se tornando invisíveis aos olhos das outras
tribos. Assim afastaram o perigo de terem seus filhos mortos. Era como se a
13ª tribo existisse apenas para abrir o tabernáculo e fazer as honras de praxe.
Chegou uma época em que as 12 tribos acreditaram que a 13ª tribo já estava
no fim, mas para serem politicamente corretos sempre procuravam manter os
seres restantes à frente do tabernáculo. Por tudo isso Absalom mandou seu
filho para a escola dos brahmanes de Atlântida junto com Hiram. Alguns
anos mais tarde Ezequiel aparece na Pérsia e passa a ensinar a seus
seguidores o conhecimento dos astros, das pedras preciosas, do tempo visível
e do tempo invisível. Falava das coisas de Deus e de toda sua criação.
Algumas pessoas acreditam que ele não foi visto quando criança porque
passou anos no deserto no alto de uma montanha sagrada sem comer. Só se
alimentava de água e da sabedoria que Deus lhe oferecia em forma de
alimento para a alma. Ezekiel foi um exemplo real de profeta divino, pois

182
O LIVRO DA LUZ

como poucos ele não precisou arrastar sobre suas costas mares de sangue de
inocentes como os ditos homens-profetas faziam. Assim também foram Elias
e João Batista. Eles somente advertiam os homens da palavra de Deus.
Aconselhavam o povo a andar nas diretrizes da Lei Divina, mas assim nossos
queridos Illuminatis passaram a ser olhados como agitadores ou profanadores
dos segredos sagrados e passaram a ser perseguidos. Para resumir melhor
essa história quando eu (Jesus) desci à Terra dizem que um rei mandou matar
várias crianças (meninos), porque dois profetas que pertenciam às 12 tribos
contaram a ele que nasceria um rei ainda maior que ele e que este novo rei
seria o Príncipe Supremo dos Illuminatis, pois carregaria em sua testa o ‘Olho
que tudo vê’ e assim seria como o próprio Deus. Não gostando muito de
saber que seria destronado este rei, em sua fúria desmedida, mandou matar
vários seres inocentes afim de exterminar com a possibilidade desse novo rei
vir a nascer. O pior de tudo isso é que os dirigentes das 12 tribos foram
coniventes, pois podendo fazer algo para defender seu povo preferiram
assistir a tudo em silêncio. Poucos fizeram alguma coisa e os que mais
fizeram foram os últimos da 13ª tribo. A verdade é que não foi na época do
meu nascimento, mas quando já era adulto, e não foram crianças, mas
membros da seita dos essênios de Qumram, que eram meus seguidores.
- Senhor Jesus, por que sua história foi trocada e por que o povo judeu permitiu
essa troca?
- Meu belo anjinho, eu fui um só, mas na Terra criaram tantas estórias sobre
mim que poucos são aqueles que conhecem a verdade. A minha verdadeira
história você já conhece, mas você se lembra que naquela época os judeus
tinham o costume de punir seus criminosos com o apedrejamento. Então essa
é só mais uma parte da história que foi omitida, mas agora vou lhe explicar
porque ela foi escondida. Eu andei pela Terra cumprindo a palavra da
Verdade Divina para a qual meu Pai havia me enviado. Esta Verdade
desencadeou uma guerra não registrada na história, pois todos aqueles que
tentaram fazer isso foram cassados e mortos, mas é claro que alguns não só
escreveram como guardaram esses segredos até os dias de hoje. Os romanos
ameaçaram tomar Jerusalém e fazer dela uma terra de escravos. Era como se
todo o pesadelo da época de Moisés voltasse. Não havendo outra maneira os
senhores das 12 tribos, digo os representantes, acharam por bem ceder aos
romanos a cabeça de João Batista, que é a minha(, pois João Batista e Jesus
são a mesma pessoa). Só esqueceram de avisar isso ao povo. Esse foi mais
um dos motivos que me levou a entrar no Templo de Salomão pela porta
secreta e assim eu espalhei pelos quatro cantos da Terra as chaves dos
segredos, os colares que tinham o poder de abrir os arquivos da Terra, de
abrir portais entre o futuro e o passado e vice-versa, pois o Templo de meu
Pai estava profanado por traidores e depois disso nunca mais ali entrei. Tudo
que deixei lá foram as réplicas, tal qual Salomão fez com a Arca da Aliança.
Porém, para que ninguém percebesse que ali só restavam réplicas eu lhes dei
poder, mas um poder limitado e por um tempo determinado e até os dias de
hoje ninguém desconfia disso, pois acreditam possuir o original. Eu,
entretanto, posso lhes garantir que as verdadeiras estarão em total segurança

183
O LIVRO DA LUZ

até o dia do combate final, que acontecerá provavelmente no ano de 2012,


pela contagem de tempo verdadeira.
- Em suma, meu anjinho, os judeus não podem assumir que amam um Cristo
que de fato não é o Cristo deles, pois o Cristo criado pela Igreja Católica
matou muitos judeus e os puniu por sua morte, enquanto que a verdade é que
os sacerdotes judeus se viram obrigados a aceitar as condições dos romanos
para não verem seu povo novamente escravo. Eu tive 12 apóstolos e 33
traidores, que decidiram por voto que deveriam me matar. Como já lhe disse
antes, o homem com o nome de Judas foi apenas o bode expiatório
representando a traição do povo, que não sabia o que estava fazendo. O
conselho dos 33 julgou que eu devia morrer para que o povo não fosse
escravizado, mas posso lhe afirmar que não foram todos que votaram a favor.
Na verdade um grupo de 22 deu o voto da morte e os outros 11 não queriam
carregar o peso da morte do Messias nas costas. Mas para os romanos não
bastava me condenar. Os judeus também tinham que me executar como
mandava a lei e antes que eu fosse parar na cruz dos romanos fui apedrejado.
Como mandava o costume meus executores cobriam suas faces para esconder
sua vergonha. Isso era um sinal de que estavam matando alguém inocente e
para que tudo fosse feito segundo a lei eles me expulsaram por 40 dias para
que todos soubessem quem eu era e porque estava sendo morto. Só depois de
cumprir esse ritual é que me entregaram à condenação final nas mãos dos
romanos, a única parte da história que foi escrita. Os romanos, para constituir
uma nova ordem, roubaram os ensinamentos e a história do Cristo dos judeus
e transformaram essa história e esses ensinamentos, fazendo-os se voltar
contra os judeus e os pagãos da época. Assim criaram quase um Anticristo
encima do verdadeiro Cristo. Os judeus e outros povos se recusaram a aceitar
aqueles ensinamentos, afinal conheciam o verdadeiro ensinamento do Cristo.
Por isso passaram a negar o Cristo romano como rei dos judeus. Isso, porém,
não significa que os judeus aplicariam os ensinamentos verdadeiros do
Cristo. Na verdade, como os romanos lhes roubaram o Cristo eles acharam
melhor matar a história real do Cristo, pois manter essa história seria criar um
outro Cristo e isso só traria mais guerras e confusão para um povo já tão
sofrido. Mas graças a Deus nem todos os judeus tomaram essa atitude de se
acovardar.
- Um grupo de judeus chamados de messiânicos ou essênios criaram uma
comunidade onde os meus ensinamentos foram escritos por vários profetas e
aplicados por muitos anos. Era a comunidade de Qumran, onde foi construída
uma biblioteca com livros em mais de cinco línguas contendo toda a Verdade
do que passei e ensinei na Terra. Eu sei que o povo judeu não queria minha
morte, mas também sei que vários de seus líderes jamais acreditaram que eu
fosse o Messias. Essa dúvida foi um dos motivos que pesou bastante na
decisão do conselho dos 33. Alguns acreditavam que eu era o Messias.
Outros me tratavam como apenas mais um profeta da 13ª tribo. Para concluir
a história, alguns anos mais tarde um imperador romano chamou para um
banquete 72 sábios judeus representantes das 12 tribos. Durante uma semana
de festa eles discutiram com este imperador as condições para criar um
Talmud e Torah para os romanos. Seria a primeira Bíblia. Acertados os

184
O LIVRO DA LUZ

termos “politicamente corretos” eles foram para uma ilha onde ficaram 70
dias traduzindo para o latim e o grego os rolos da Torah e do Talmud. Todos
eram Tenains, rabinos que tiveram alguns de seus aprendizes mortos por
transportarem rolos secretos. Alguns romanos faziam emboscadas a esses
aprendizes e os matavam para ficar com os rolos, que jamais foram vistos
novamente. Isto colaborou ainda mais para que os 72 sábios não julgassem o
povo romano merecedor da sabedoria, apesar de já estar combinado que só
seria criado um livro que atendesse às exigências do imperador, que desejava
um livro que mantivesse o povo dentro da lei que ele acreditava ser correta.
- Os ensinamentos verdadeiros do Cristo formam apenas mais um dos
capítulos que foi e ainda é omitido deste livro sagrado do cristianismo, porém
a Bíblia não esconde toda a verdade. Ela apenas a confunde, pois repete uma
história de diferentes maneiras e dá nomes diferentes aos mesmos
personagens. Por isso dizem que somente os judeus sabem as verdadeiras
histórias da Bíblia. Como ela foi criada a partir da Torah e do Talmud,
servindo apenas a interesses políticos, não precisava conter necessariamente
toda a Verdade.
- Mas Senhor Jesus, por que os judeus não passam esta Verdade para a
humanidade, afinal eles já não correm mais o perigo do passado.
- Meu querido anjinho do Amor, os judeus são um povo marcado pelo
sofrimento, pela dor, pela traição e pelo medo. Isso tudo os fez criar uma
cúpula em torno de si mesmos. Assim a Verdade permanece dentro desse
seleto e minúsculo grupo (os rabinos) e o restante do povo apenas vive de
acordo com as leis que os regem e com certeza eles não estão mais dispostos
a sofrer pela ignorância de outros povos, mesmo que agindo assim só
mostrem o quanto ainda são ignorantes também. Porém, meu anjinho, no fim
dos tempos os judeus já estarão na Nova Jerusalém e serão donos dela, mas
terão o cuidado de não deixar ninguém perceber que são os verdadeiros
donos.
- O Senhor está falando da América do Norte?
- Sim, eu estou me referindo a La Merica ou América do Norte, que o nosso
sábio alquimista Cristhovam Colombo descobriu. Cristhovam Colombo era
um descendente de judeus e foi devidamente orientado pelas antigas
escrituras e mapas a encontrar a Nova Jerusalém e depois de decifrar os
segredos contidos em mapas e números kabalistas ele achou a grande prancha
de terra, pedaço restante de Atlântida. Para que não restem dúvidas sobre a
sabedoria desse homem basta lembrar que seu nome, CHRISTOFERENS,
significa ‘o Portador de Cristo’. Além disso ele era um grão-mestre
templário. Como já disse, descendia de judeus e não de genoveses, como
relatam algumas histórias. Em sua assinatura já era possível ver o nível de
seu conhecimento:

185
O LIVRO DA LUZ

XPOREERENS tinha a missão de reconstruir o Templo Sagrado da Verdade em


uma Nova Sião e assim ele levou para essa Nova Terra a Ordem dos Cavaleiros
Templários. A sabedoria de Hiram, Zafenate- Panéia, Akhenaton e outros ia continuar nesta
Nova Terra, onde ela mais tarde se dividiu em duas partes. Uma passou a se chamar
maçonaria, a outra manteve o nome de templários. A antiga ordem já não era mais a
mesma. Seus líderes começaram a divergir como ocorrera muitas vezes no passado, porém
em meio às divergências 13 grandes estados se uniram nesta Nova Jerusalém e
proclamaram sua independência dos demais estados. Tornaram-se fortes e através dos
judeus mantiveram os símbolos sagrados, os livros mágicos, os antigos talismãs e toda a
magia do passado permanece até hoje nas mãos dos lideres dessa Nova Jerusalém. Hoje
eles se intitulam ‘donos do mundo’ ou pelo menos da Terra e de fato o são, não de forma
absoluta e divina. De forma política e pela magia oculta dominam sua nação e as outras
também.
- Isso significa que os judeus deram a esses líderes todo o poder dos livros
mágicos, Senhor Jesus?
- Não só dos livros mágicos, meu anjinho. Para falar a verdade esses novos
líderes não são judeus assumidos, mas são maçons e templários, o que
significa que têm o mesmo nível de conhecimento, afinal para ser templário
ou maçom é preciso ser admitido, ser aceito por um grão-mestre que,
querendo ou não, recebe ordens de outros mestres de um nível superior, que
em suma são judeus. Nessa Nova Terra os judeus fazem questão de se manter
por trás dos dirigentes para que ninguém desconfie do poder que eles têm
sobre o planeta. Eles usam homens de confiança para dar ordens em seu
lugar. Esses homens são geralmente participantes da Franco-Maçonaria,
Ordem dos Templários, Illuminatis, ou seja, tudo que está sob domínio judeu.
Nessa Nova Jerusalém os judeus ergueram uma estátua de Prometeu e esta
tem o nome de Estátua da Liberdade, a Vênus coroada com sua tocha
simbolizando a sabedoria livre e rainha absoluta, porém o domínio real dos
judeus só surgiu na Era de Aquário e esta estátua é o símbolo da raça que

186
O LIVRO DA LUZ

possui o conhecimento. Prometeu, o anjo caído que trouxe o conhecimento


para a humanidade foi transformado em uma Vênus, a Senhora da Luxúria,
das Paixões, da Beleza e do Poder. É o gênio oposto de Lucífero. Como já
expliquei antes, Lucífero, o Anjo da Luz, é aquele que “fez a luz” para a
humanidade ou é o “Portador da Luz’, o mesmo que Prometeu na mitologia
grega. Eu também vou relatar sua verdade pra ti, meu anjinho, mas deixe-me
antes terminar apenas o relato desta parte trágica da transformação que a
Terra vem sofrendo e não tem conseguido dar conta. Desta vez são os
próprios homens que têm o domínio de tudo. Eles usam a magia para se
comunicar com seres que chamam de extraterrestres. Deles receberam toda a
tecnologia que possuem hoje. Na verdade esses seres, que alguns chamam de
extraterrestres, nada mais são do que os mesmos seres que Salomão e outros
grandes sábios invocaram no passado. Salomão, Davi, Abraão e Moisés
podiam se comunicar com seres dos 12 planetas, irmãos daqueles que hoje
habitam a Terra. Dessa comunicação tiravam proveito, afinal os 12 planetas
já se encontram num estágio de evolução superior ao da escola chamada
Terra. Para ser mais claro e específico afirmo que esses seres jamais
deixaram a Terra. Na verdade eles vivem até hoje nos limites dos mundos
físico e extra-físico. Existem portais para Atlântida, Shangrillá e Lemúria,
onde estão escondidas todas as tecnologias do tempo moderno e do futuro,
onde é possível criar máquinas jamais imaginadas pelo homem. Os grandes
alquimistas e magos do passado sabiam desses segredos e criaram fórmulas
diversas para passar esse conhecimento, mas também sabiam que esses
segredos não podiam ser revelados a qualquer um, pois os danos poderiam
ser irreversíveis. Grande parte desses magos eram cavaleiros templários, que
viviam sob juramento de preservar a Verdade, mantendo-a viva ao longo dos
anos, mas o fato é que a Igreja passou a punir severamente os cavaleiros
templários, pois eles estariam ameaçando a ordem e o poder das igrejas que
se mantinham às custas da ingenuidade do povo. Muitos templários foram
perseguidos e mortos. Muitos de seus segredos foram parar nas mãos do
clero, que terminou utilizando o poder dos templários contra os próprios
templários. Durante muitos anos se travou uma luta secreta entre os dois
lados. Mais tarde essa luta se tornou pública. A Igreja incitava o povo contra
os templários mostrando-lhes símbolos secretos como se fossem arte do mal e
assim fazia as pessoas crerem que os templários eram adoradores do mal.
Assim a Verdade passou a ser velada e temida. Cada vez mais o número de
adeptos desta Verdade diminuía e as profecias do Apocalipse se realizavam
lentamente. É o dragão de 7 cabeças que tenta devorar a mulher vestida de
sol, os pecados capitais e seus governantes tentando engolir a verdadeira
religião, palavra sagrada que significa ‘religare’ ou ‘religar-se a Deus, voltar
a unir-se ao Pai.’ Apesar da perseguição o dragão não consegue devorar a
Verdade, pois ela é a única que resiste a tudo, pois simplesmente é a Verdade
que está acima do bem e do mal. O mundo ilusório se acaba, mas a Verdade
jamais morrerá.
- Abreviando a história, os cavaleiros templários e os maçons eram como os
antigos judeus essênios da comunidade de Qumran, porém nos tempos de
hoje não são todos os maçons que têm o conhecimento original. A verdade

187
O LIVRO DA LUZ

continua sendo velada e temida como um anjo mal e a sombra da verdade é


adorada e reconhecida como a Verdade Absoluta.
- Os homens reconhecidos como “o grupo dos 33” sabe toda a Verdade, assim
como os 144. Dessa maneira grupos de homens mantém a história da
humanidade escrita da maneira que eles desejam. Esses senhores, também
intitulados “o Olho que tudo vê”, observam a evolução dos países e só
permitem o avanço tecnológico até onde esses países não lhes ofereçam
nenhuma rivalidade, ou melhor, não saiam do controle. Em suma, quase
todos os países são controlados pela Nova Jerusalém. [USA Jer(usa)lém],
porém este controle não é assim tão explícito. Para os países mais pobres e de
fácil exploração fica muito claro o controle, porém para os países ricos, com
um bom nível de poder aquisitivo esse controle aparece apenas nas
entrelinhas de seus contratos de boa vizinhança. São como cobras que se
beijam antes de se atacarem. Eles se dizem os primeiros em tudo. Os
primeiros a chegar à Lua, senhores do espaço com seus satélites que
controlam os satélites dos outros países, e quando ameaçados destroem os
satélites desses países antes mesmo de serem lançados. Muitas vezes essa
destruição leva junto muitas vidas. A era glacial deu a esses senhores muito
da tecnologia que eles possuem hoje, pois não foi só através da magia
kabalista que eles se comunicaram com os seres chamados de extraterrestres.
- Na era glacial muitas naves dos atlantes, lemurianos e shangrillês ficaram
presas no gelo por milhares de anos. Algumas foram achadas por esses seres,
outras só deverão ser achadas no estágio final de evolução da Terra. Essas
naves foram deixada de propósito na Terra para que fossem achadas
justamente na Era de Aquário, pois é esta a era do avanço tecnológico e da
destruição que trará a renovação. Esses senhores sabem que é esta a era onde
tudo deve ser refeito na Terra e por isso permitem que uma evolução de mil
anos aconteça em apenas 100 e mais uma vez os filhos das 12 tribos
procuram uma Nova Jerusalém para edificar seu Templo do Olho que Tudo
Vê. Mais uma vez eles tentaram criar uma sociedade perfeita, mas dessa vez
eles não serão os únicos, pois a 13ª tribo está completa na Terra e mais uma
vez os verdadeiros herdeiros da Verdade já estão se preparando para a batalha
final, pois o Príncipe Illuminati divino já nasceu, assim como o Príncipe
Illuminati dos homens também já se encontra nascido. Ambos têm a mesma
idade, não se conhecem, mas sabem da existência um do outro. Há muitos
anos são preparados para o dia em que vão se encontrar. Ambos tem o
mesmo nível de conhecimento, sabedoria e poder, mas apenas um tem
consciência e compreensão da Verdade divina.
- Senhor Jesus, deixe eu perguntar uma coisa: Este príncipe, que na verdade é o
novo Messias, não tem os 10 anjos auxiliares?
- Sim, meu anjinho, de fato, como consta na Kabalah, este ser tem seus
auxiliares, afinal tudo tem que seguir as regras do Livro da Verdade. Sendo
assim este ser não tem apenas 10 auxiliares, mas 12 auxiliares, como eu. Sei
que agora te deixei um tanto confuso, mas vou te explicar direitinho. Tu te
lembras que no princípio o Pai, ao nascer, nos gerou de sua primeira ação?
Então, meu anjinho, após a primeira ação que gerou os primogênios de Deus
o Pai nos classificou por instintos. Sete são os instintos e de cada um desses

188
O LIVRO DA LUZ

derivam uma porção de emoções. 144 foi o número de emoções que o Pai
sentiu para alcançar seu primeiro estágio de evolução, mas tudo começou
quando Ele colocou tudo isso em perfeita harmonia. A primeira ação também
foi o primeiro sentido e instinto inconsciente, o choro ou o grito, para nós
seria o choro de bebê, o vazio que começa a se preencher com os sons da
vida. O segundo sentido e instinto inconsciente, o movimento, e o terceiro
sentido e instinto inconsciente, a visão. Quarto, a audição e quinto, o olfato.
Só depois veio o tato e o paladar, o gosto e bem mais tarde entraram em
cena os outros dois maiores sentidos ocultos, a sabedoria e a compreensão,
que mesmo sendo dois sentidos separados o Pai resolveu que andariam
sempre um ao lado do outro.
- Assim milhares de tempos se passaram. O Pai então nomeou seus primeiros
Amorazins classificando-os dessa maneira. Sete seriam os sentidos da alma,
que levariam à carne seus instintos básicos de sobrevivência, porém a alma só
receberia do espírito os últimos dois sentidos no decorrer de sua eterna
evolução. Para encurtar essa história, as virtudes são o diploma dos sentidos e
os pecados capitais são o diploma dos instintos. Em suma, são o anjo e o
gênio de cada ser humano, que só chegam à supremacia quando alcançam a
sabedoria e a compreensão.
- Esses sete Amorazins mais tarde seriam conhecidos por anjos: Arcanjo
Miguel, Arcanjo Gabriel, Arcanjo Kamael, Arcanjo Rafael, Arcanjo
Tzadkiel, Arcanjo Anael e Arcanjo Uriel. Os planetas que eles regem são os
gênios: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno e o ser que
governa esses sete anjos e os sete planetas é Metatrom, que faz a união
perfeita de um Serafim (Jesus Cristo)(sabedoria e compreensão) com um
querubim (Ayrimael)(amor).
- O pai alcançou, através das emoções causadas pelo Cristo, a sabedoria e o
amor. Por isso O dividiu em dois, tornando Cristo o primeiro Amorazim
completo. Por isso Ele pode ser o regente do planeta, dos planetas regentes da
Terra e seus respectivos anjos. Na verdade eu já expliquei tudo isso. Não
exatamente assim, porém o que falta é saber como os anjos chegaram ao
número de 72 e mais tarde a 144 e porque este número misterioso está em
quase tudo. Isto é muito simples de compreender. Cada anjo tem seu gênio
oposto, que mantém o equilíbrio das coisas. Assim as primeiras emoções de
Deus somaram 144, sendo 72 anjos e 72 gênios, virtudes e pecados, bem e
mal, abnegação e desejo, enfim prática e teoria (alma e espírito), sabedoria e
compreensão (alma e espírito), aprendiz e mestre (alma e espírito), etc.
- Acho que já falamos demais desse assunto. Agora vamos adentrar a verdade
sobre as vezes em que eu estive na Terra. Vamos falar sobre os deuses gregos
e egípcios, onde começou a história do “Olho que tudo vê” e a verdade que
impera até hoje e poucos são os que têm olhos para ela. Vou relembrar para
você a história dos deuses gregos, afinal a origem da verdade se revela
através das lendas contadas até os dias de hoje. Se alguém deseja descobrir a
verdade basta ter um conhecimento profundo da mitologia grega e somar a
esse conhecimento um estudo sério da Bíblia Sagrada, da Torah e do Talmud.
Na mitologia irá encontrar estórias semelhantes à Bíblia e à criação do
mundo. A Torah, o Talmud e a Kabalah serão os certificados de garantia

189
O LIVRO DA LUZ

dessas estórias, mas para não me fazer perder tempo vou ser mais direto.
Observem a história de Zeus, o grande deus grego, pai de todos os deuses, e
verão que tem muita semelhança com a história que lhes contei do princípio
da evolução do Divino Pai Celeste. Na mitologia grega Zeus tem 7
personificações, também representadas pelas 7 primeiras lâminas do Tarô:
Saturno, Júpiter, Lua, Sol, Marte, Mercúrio e Vênus. Cada personificação
contém uma virtude, e sua oposição, suprema do Divino Pai Celeste. Vamos
começar pelo Sol, a virtude da justiça (oposição: cegueira; dia: domingo).
Depois vem a Lua, a virtude da paciência (ansiedade; segunda-feira). Marte é
a virtude do perdão (ira; terça-feira). Mercúrio é a virtude da misericórdia e
da abnegação (avareza; quarta-feira). Júpiter é a virtude da vida (morte;
quinta-feira). Vênus é a virtude do amor (luxúria; sexta-feira) e Saturno é a
virtude da sabedoria (ignorância; sábado). Essas virtudes e seus opostos
variam muito. Por isso estou lhe contando apenas essas que, se você
percebeu, também regem os dias da semana. Para os gregos essas
personificações de Deus, que eles chamavam de Zeus, são os planetas
regentes da Terra, que influenciam a humanidade em seu aprendizado. Para
um bom conhecedor da mitologia grega basta lembrar que uma dessas
personificações (Júpiter) engolia seus próprios filhos por temer que eles lhe
tirassem o poder. Relacione isto ao fato de Deus ter engolido os Amorazins,
seus primogênios. A partir daí a história ganha várias adaptações no tempo e
espaço. Para ser mais claro a história deixa o céu e se desenrola na Terra. Na
verdade a mitologia grega desenvolve metade das histórias no céu e metade
na Terra, o que causa uma confusão tremenda na cabeça de muita gente que a
estuda. Quando Zeus perde seu trono para Cronos e os gigantes é o mesmo
que a vinda dos anjos caídos à Terra. O surgimento do deus Caos, que destrói
tudo, é o mesmo que a destruição das três grandes civilizações (ou o dilúvio
da Bíblia), que fizeram mal uso da sabedoria e instalaram o caos e a
destruição (fato que deverá acontecer novamente nesta Era de Aquário).
- Mas como encontrar os anjos caídos na mitologia grega, Jesus?
- Muito simples, meu anjinho. Como já te expliquei, uma parte da mitologia se
passa no céu e outra parte na Terra. Raziel (segredo de Deus) é o nome do
anjo que deu o Livro da Lei a Adão depois que ele saiu do paraíso (segundo
as lendas judaicas). Neste livro havia todos os segredos da existência da
criação de tudo. Raziel é então o primeiro Prometeu da mitologia grega, pois
trouxe a luz aos homens em forma de sabedoria e Adão nunca existiu, a não
ser da maneira como já expliquei. Ele é o próprio Deus em seu princípio.
- Então quem seria o Adão terreno, Jesus?
- Abraão, meu anjinho, afinal Abraão foi expulso do “paraíso”, pois nasceu
após a destruição das três grandes civilizações ou, mitologicamente falando,
após a destruição do Olimpo. Isto significa que já nasceu fora do paraíso, mas
nem por isso ficou sem a sabedoria que recebeu de herança dos filhos de Noé.
Noé tinha uma linhagem misteriosa, pois seu nascimento foi algo muito
extraordinário para a época. Um bebê loiro que sorria ao nascer e, de tanta
luz, acalmava todo o ambiente ao seu redor. Não existiam homens de pele tão
clara e cabelos tão dourados naquela região. Por isso ele foi recebido como
um mistério de Deus, mas isso já era previsto, vendo que Enoch, seu avô, era

190
O LIVRO DA LUZ

um anjo de alta hierarquia divina chamado Metatrom. Mas voltando ao novo


tempo, Abraão era o dono do conhecimento e, como manda a lei, passou esse
conhecimento a seus filhos Isaac e Ismael, aquele que foi pai de 12 príncipes.
Desses príncipes nasceram os primeiros faraós do Egito. O primeiro foi
Osíris, chamado de Filho da Luz e do Sol. Na mitologia grega o Deus da Luz
e do Sol era Apolo, que além disso era o deus das artes, da beleza e do
oráculo. Estes dois seres tem uma coisa em comum. Ambos eram “senhores
da sabedoria” e tinham o título de “portadores da luz”. Em suma, ambos eram
uma mesma pessoa com histórias muito semelhantes, porém distorcidas pelos
poetas, que enfeitavam demais para encobrir ou prejudicar a verdade. Osíris
se casou com Ísis e com ela teve apenas um filho: Hórus (o olho da
sabedoria). Osíris era o Filho da Luz, como Apolo. Osíris ou Apolo era um
anjo caído infiltrado entre os seres humanos. Na mitologia grega Apolo foi
banido do Olimpo para ser jogado na Terra e assim seria um mortal como
aqueles que ele tanto insistia em defender e ajudar, porém seu conhecimento,
sua beleza e sabedoria não lhe foram retirados. Assim Apolo ensinou suas
artes para a humanidade. Apolo também é confundido com o deus Hermes,
Mercúrio, o Mensageiro dos Deuses, porém é preciso esclarecer que o deus
Hermes da Grécia em nada se compara com o sábio Hermes Trismegistos, o
Zafenate-Panéia. Apolo tem uma história misteriosa e foram raros os poetas
que a relataram. Por isso ela é pouco conhecida, mas eu vou contá-la para
mostrar a semelhança entre Osíris e Apolo. Para fazê-lo preciso, no entanto,
relatar primeiro a história de duas grandes mulheres: Ísis (Urânia) e Afrodite
(Vênus). Ísis era filha dos últimos descendentes atlantes, da hierarquia dos
netos de Noé, mas não pertencia à família de Abraão nem de seus herdeiros.
Vênus nasceu dos restos de esperma de Cronos (Saturno), que teve seu pênis
cortado pelo seu filho Zeus (Júpiter) que, ao ver sua mãe ser fecundada
incessantemente resolveu dar um fim ao sofrimento dela. Conta a lenda grega
que mesmo sendo castrado o pai de Zeus ainda produziu alguns filhos. Daí
nasceu a bela Afrodite, que por sinal já nascera no Novo Tempo, pois Zeus
havia acabado com o reinado de seu pai ao castrá-lo e, de uma forma ou de
outra, havia acabado com o caos que Cronos havia criado fecundando sua
mãe incessantemente (o abuso da sabedoria). Afrodite e Ísis eram filhos de
uma Nova Terra e um novo tempo, mas filhos da velha sabedoria. Osíris e
Apolo também tinham essa mesma história. Tal qual Afrodite Ísis se casou
com Mun-Há (Afrodite com Vulcano), pois era uma troca feita pelos líderes
daquela época. A filha mais bela de um rei aplacaria a ira de um bárbaro
ferreiro que carregava o dom de construir as mais terríveis e mortais armas.
Com o passar dos anos tanto Ísis como Afrodite tiveram que se acostumar às
condições de vida que o destino lhes oferecia. Vulcano (Hefestos) e Mun-Há
tinham um irmão. No caso de Mun-Há era Septh-Há e no de Vulcano era
Marte (Ares). Esses irmãos, enamorados das esposas dos seus irmãos,
tramaram contra eles e, como conta a lenda, decapitaram Mun-Há e Vulcano,
porém tanto Ísis como Afrodite andaram até os quatro cantos da Terra atrás
dos pedaços de seus maridos e os remendaram, reconstruindo o corpo por
inteiro. Foi assim que ambas, com a ajuda do elixir da longa vida, trouxeram
seus respectivos maridos de volta à vida, porém eles não eram mais os

191
O LIVRO DA LUZ

mesmos Senhores das Trevas com os quais elas haviam se casado. O


renascimento foi uma prova de amor puro e incondicional por parte das
esposas, que tudo fizeram para trazê-los de volta à vida. Para Vênus
(Afrodite) nascia Apolo, luminoso como os raios de sol, senhor de todas as
artes (da música, etc.), da medicina (curava até a própria peste) e até do
oráculo sagrado. Para Ísis (Urânia) nascia Osíris, o Filho da Luz, luminoso e
cheio de sabedoria, exatamente como Apolo. Até aí as histórias são iguais. Só
não vê quem não quer. Assim Lucífero nascia mais uma vez na Terra. Na
mitologia grega dizem que Apolo é irmão gêmeo de Diana, filho do gigante
Latona com Zeus, porém Diana não teve irmão gêmeo. Osíris tinha uma
carruagem de fogo, Apolo também. Ambos eram chamados de Deus da Luz e
do Sol, o que faz deles a mesma pessoa, apenas com histórias distorcidas pelo
tempo e seus poetas cheios de imaginação. Porém somente aquele que
carrega a Verdade pode afirmá-la e eu afirmo, pois eu fui Osíris para os
judeus e egípcios e outros povos, mas também fui conhecido como Apolo
para os gregos, que chamaram sua terra de Hellas em homenagem ao
primeiro e ao segundo Prometeu, os portadores da luz, Prometeu e Apolo.
Elias também foi um profeta portador da luz e, como Enoch, foi levado aos
céus em uma carruagem de fogo. Osíris e Ísis tiveram um filho, Hórus (o
olho de Deus, a Verdade), porém isso antes de Osíris ser destroçado por seu
irmão. Hórus foi o primeiro pai das 12 tribos e é o equivalente a Ismael. Ísis
lutou contra seu irmão Sepht-Há, que tinha uma cabeça de serpente. Seria
coincidência Apolo ter lutado contra a serpente Píton? Diz a lenda que
Afrodite teve um filho chamado Eros, o deus do Amor, e um dia ela vedou os
seus olhos e lhe disse: “O amor preciso apenas da certeza, da confiança
absoluta. Assim tu darás aos seres humanos o mais inexplicável dos
sentimentos, que nasce sem ser chamado e ousa ser aquele que jamais será
derrotado.” Para mostrar que tinha aprendido a lição Eros se apaixonou por
uma bela mortal, Psiquê (a alma), aquela que provaria dos mistérios das mais
profundas paixões até chegar ao verdadeiro amor. Eros, por sua vez, dava
força à sua amada inspirando-a a conhecer as virtudes através dos próprios
pecados (erros), porém houve um poeta que, seja por inspiração ou
conhecimento, descreveu Eros como sendo filho de Ísis e Osíris, só que mais
tarde outro ser decidiu que estes nomes não atenderiam e nem agradariam a
política local e mudou o nome de seus pais para Íris e Zéfiro. Não demorou
muito e Apúleo trocou mais uma vez os nomes dos pais de Eros para Vênus
(Afrodite) e Marte, o deus da Guerra, e assim a mitologia foi perdendo sua
originalidade e a pobre Afrodite se tornou uma mulher da vida, que tinha um
filho com cada deus. Dizem até que ela teve um filho com Hermes e a este
deram o nome de Hermafrodito, juntando os nomes dos pais, porém a
verdade é que Afrodite perguntava a Hermes se o amor tinha um sexo único e
qual seria esse sexo. Hermes, deus da Sabedoria e mensageiro de Deus, disse
a ela: “O amor não tem sexo, cor, raça, credo. Ele é um ser feminino e
masculino completo em um só corpo. Teu filho Eros é a força dos bravos
homens, das delicadas donzelas, é um grande oceano cheio de vida e paz,
mas também um vulcão revolto em erupção. Em suma, ele é como tu e eu,
seres opostos em aparência e até comportamento, porém iguais diante do

192
O LIVRO DA LUZ

Deus único. Agradecida a Hermes pela explicação Afrodite batizou a virtude


de seu filho de hermafrodita. Osíris, depois de ter ressuscitado, não podia ser
visto pelas pessoas comuns, diz a história, pelo fato de brilhar como o Sol.
Então Ísis instruiu Hórus até ele ter idade para lutar contra Septh-Há, mas
Osíris permanecia o tempo todo a seu lado. Na época em que se deu o
combate Septh-Há arrancou um olho de Hórus e Osíris então tomou para si o
outro olho do filho, evitando assim que este caísse nas mãos de Septh-Há. Os
olhos de Hórus podiam ver o futuro e todas as coisas misteriosas e
escondidas. Osíris adentrou o corpo de seu filho Hórus e deu a ele um poder
gigantesco. Iluminado pelo Sol Septh-Há ficou cego e saiu rastejando, como
serpente que era, e foi viver nas trevas, pois não suportava a luz. Entretanto
em seu poder ainda tinha o olho de Hórus, que se transformou em um olho de
cristal, restituído mais tarde por Ísis, que o transformou em um talismã.
Assim Hórus se tornou cego como Eros, porém esses dois cegos podiam ver
além da matéria. Podiam ler as mentes humanas e invadir as almas,
descobrindo o mais profundo mistério que habita o ser humano. O filho que o
Messias deixou na Terra era simplesmente Amor, o ser mais temido, deus
respeitado pelo bem e pelo mal, pois se tornara o senhor da criação, pois para
tudo dava um sentido, uma razão, um porquê, o senhor que tudo revelava,
porém seus mistérios eram insondáveis. Essas são as lendas criadas, com um
fundo de verdade, sobre Ísis, Osíris e Hórus, Apolo, Vênus e Eros, mas a
essas histórias devo acrescentar que os opostos Septh-Há e Píton eram o
equilíbrio da balança, pois enquanto eu fazia o papel de Osíris, o Sol (justiça
de Deus), Septh-Há era a luz que trazia à humanidade o espelho da verdade
onde refletia as vaidades, as luxúrias, as cobiças, a avareza, o rancor, o medo,
a covardia, enfim tudo que o corpo deveria superar para chegar à Verdade
divina, porém a humanidade, ao ver a imagem de seus defeitos expostos em
seus espelhos, se aterrorizava e além de condenar aquela visão jamais tentou
compreender o que ela realmente representava. Todos descrevem a lenda de
Vênus com Helena de Tróia, como se Vênus fosse uma deusa cheia de cólera
e ciúmes (como Juno, a grande mãe de tudo, ou a Eva), porém na época
daquele concurso Vênus prometeu dar a Páris a mais bela mortal (Helena de
Tróia) se ele votasse nela. Isso significa que Vênus jamais competiu com
Helena naquele concurso, que tinha caráter político.
- Senhor Jesus, essas histórias estão escritas em alguns livros na Terra, não
estão?
- Sim, meu anjinho, porém esses livros parecem não chamar muita atenção e
se tornam a cada dia mais raros. Sendo assim poucos são os que sabem dessas
histórias e menos ainda os que se interessam em divulgá-las.
- Mas Senhor Jesus, a história de Vênus, a Afrodite, na Terra lhe é muito
injusta, pois ela somente persuadiu o mortal Páris a votar nela para manter os
seres elementais vivos tal qual fez Ísis.
- É verdade, meu querido. Naquela época não eram apenas os elementais que
Vênus ou Ísis protegiam. Havia também seres de formas estranhas e
horripilantes aos olhos dos humanos do novo tempo. Haviam restado alguns
seres que pareciam crimeras e na verdade não eram monstros assustadores.
Os dragões eram grandes mestres, que guardavam o conhecimento e o

193
O LIVRO DA LUZ

passavam somente aos escolhidos. Os seres normais temiam uma nova


destruição da Terra se as crimeras continuassem a se multiplicar e se
tivessem filhos com as mulheres normais. Além disso desejavam possuir os
poderes daqueles seres. Tentaram descobrir seus segredos ou fórmulas de
magia, etc. Não conseguindo resolveram matá-los, extinguindo-os da face da
Terra. Para continuar guardando esses seres Ísis ou Vênus entrou em guerra
com vários reinos que queriam destruir a raça “imperfeita” da Terra.. Por isso
Vênus entrou em um acordo com Páris, dando-lhe o que ele desejasse. Ele era
apaixonado por Helena e a julgava a mais bela mortal. Vênus, para continuar
a proteger seus amigos, disse a Páris que ele teria a mais bela mortal se
votasse nela no concurso que elegeria dentre 3 deusas aquela que iria a Tróia
para destruí-la. Ela sabia que se fosse Diana ela não pouparia ninguém e
Minerva facilmente aceitaria a vontade dos outros deuses, apesar de ser justa.
- Páris então fez apenas o combinado e terminou se saindo bem, porém Vênus,
apesar de ter ganho o concurso e ter a ajuda de Apolo e Marte, não teve muito
êxito em seu plano. Tróia foi invadida por um plano sórdido de Minerva e
Diana, que mataram primeiro alguns mortais para servir de aviso a Vênus e
seus aliados. Muitas das criaturas (crimeras) que haviam sobrado de
Atlântida, Lemúria e Shangrillá agora estavam mortas pelo preconceito e a
ignorância absoluta, mas alguns foram preservados em esconderijos
subterrâneos. Sobreviveram e se multiplicaram, mas com o passar dos anos
foram desaparecendo da face da Terra. Essa foi a batalha de Tróia que os
poetas não sonharam escrever, porém muitos sabiam dela. Enfim, os seres
chamados de deuses tentavam destruir a si mesmos para ter mais poder sobre
um povo sem rumo, mas até mesmo os deuses têm um fim. Assim como
Osíris morreu e foi ressuscitado por Ísis outros também morreram.
Explicando melhor, a ressurreição de Osíris não se deu num corpo carnal. O
que Ísis trouxe de volta foi apenas o espírito reluzente e limpo de seu amado
que, atendendo ao suplício do verdadeiro e puro amor, voltou para ao lado de
sua amada viver por mais algum tempo e, tão logo cumpriu sua missão, partiu
da Terra.
- Septh-Há tinha o dom de transformar as pessoas em pedra e um dia, na
tentativa de possuir Ísis, ameaçou-a com seus poderes caso ela não se
entregasse aos seus desejos. Ísis negou-se a prestar-se a tal sacrilégio. Septh-
Há tocou-lhe um braço e ela, percebendo que logo estaria petrificada,
apressou-se em arrancar o braço petrificado e se distanciou de Septh-Há que,
desesperado, a seguia segurando o braço petrificado dela nas mãos. Septh-Há
amava Ísis e sabia que ela sempre seria fiel a Osíris, mas seu dever de gênio
contrário era tentá-la até o limite, porém foi ele que terminou sendo pego na
teia do destino. Como ele era meu gênio oposto tinha o amor que eu tinha por
Ísis, mas o meu amor estava além da alma, além do ser e do universo. Meu
amor era simplesmente fagulha do “Infinito É” e o amor de Septh-Há era o
amor das malícias, das luxúrias, das paixões ardentes, devastadoras e
caóticas. Enquanto Ísis corria de Septh-Há seu sangue se esvaía como sua
vida. Assim meu gênio viu seu amor partir pelas suas mãos frias. Quando ele
tocou o sangue de Ísis foi invadido por todos os sentimentos que Ísis sentia

194
O LIVRO DA LUZ

por mim e percebeu que eu e ela éramos um só ser e que ele era parte desse
corpo divino e assim Ísis, Osíris, Hórus e Septh-Há

CRUZ ANSADA

transformaram-se no primeiro ser divino, as quatro letras sagradas do nome de


Deus: IHVH, Hórus, a sabedoria divina, a águia; Ísis, o amor da alma que vence a carne, a
água; Osíris, o Sol, a luz que dá vida às trevas da ignorância e Septh-Há, a serpente que
rasteja pela terra, a natureza que tudo dá e tudo tira conforme a evolução de quem a
compreende. Formamos as quatro letras, os quatro cantos da Terra, o destino escrito como
ROTA.

- Somos o corpo, a alma, o espírito e a evolução deles. Na verdade são muitas


as explicações para essas quatro letras que o povo judeu tão bem conhece e
mantém em segredo seu significado. Durante muitos anos vários faraós
egípcios mantiveram essa dualidade equilibrada entre Septh-Há e Osíris para
que o equilíbrio da balança universal estivesse sempre perfeito. A maçonaria
e os templários ainda mantêm o segredo do 33º rito, que significa Sol em
miniatura. Para os bons entendedores da palavra isto fica bastante claro, o
pequeno Sol que desceu à Terra. Deus Pai é olhado e comparado com o Sol
de incalculável calor e infinita luz. Assim eu fui considerado o Sol pequeno.
Os alquimistas criaram uma simbologia para explicar alguns fatos da minha
história. Os doze apóstolos representam os doze meses do ano. Dividindo-se
em quatro teremos as estações do ano: verão (nascimento), outono
(crescimento), inverno (morte) e primavera (plantio para ressurreição). Nos

195
O LIVRO DA LUZ

deparamos aí com as quatro letras sagradas ou quatro palavras sagradas que


compõe o Tetragrammaton, um sol quatro vezes maior. Foi este o nome que
me deram. Assim também pintaram os artistas as imagens que tentam retratar
a minha pessoa. Sempre colocaram um sol dourado ao redor da minha cabeça
para que as pessoas pudessem identificar o Filho do Pai ou o Ungido ou o
Escolhido. Meu nome em hebraico é IHSHVH (pronuncia-se Jehêshua).
Retiraram duas letras para que o nome do Deus deles não fosse revelado no
meu e ficou assim: IHVH. Assim o nome de Deus e o meu são a mesma
coisa, quatro forças elementais criadoras de tudo. O fogo (o leão) representa
o espírito, o ar (a águia) representa a consciência e a sabedoria, a água (o
homem) representa o sangue e a vida, a terra (o touro) representa o corpo
físico e a força, o simbolismo dos quatro evangelistas.
- Senhor Jesus, sua história foi realmente escrita nas lâminas do tarô de
Hermes, porém poucas pessoas sabem onde começa sua história nas lâminas,
mesmo porque somente alguns egípcios, judeus e iniciados sabem do que de
fato estou falando.
- De fato é verdade, meu anjinho. Raros são aqueles que compreendem e
sabem da minha história nas lâminas de Hermes, mas se isso é algum segredo
que seja então revelado e tu farás isso por mim e pela humanidade. Minha
história nas lâminas do Tarô começa pela lâmina nº 12 (O Enforcado, O
Sacrificado, etc.) e vai até a lâmina nº 22 (O Mundo), onde a vitória absoluta
do Religare é nitidamente expressa por uma bela mulher nua com duas
baquetas nas mãos, que apontam na mesma direção em um equilíbrio
harmonioso (simboliza a religião do equilíbrio universal). Em volta dessa
mulher está a grande serpente Oroborus mordendo a própria cauda
representando um círculo completo de aprendizado, uma era que chega ao
final, um tempo que se cumpre. Ao redor da serpente estão os quatros
animais sagrados representando o ar (a águia), o fogo (o leão), a terra (o
touro) e a água (o homem). Tudo isso unido em uma só lamina de Tarô
representa a vitória da minha Verdade, da Verdade de meu Pai sobre todas as
mentiras e ilusões terrenas. Observe que a lâmina 21 é o contrário de 12 e é
1+2. Sempre somos a trindade, a pirâmide construída sempre de cima para
baixo, a sabedoria que desce de Deus para os homens.
- Como já expliquei a última lâmina vou agora para o número 12, aquele que
define a minha chegada, o Enforcado. Mostra um homem pendurado pelo pé.
Ele está de cabeça para baixo, suas mãos estão atadas nas próprias costas,
como se ele nada pudesse fazer. Como só tem um pé amarrado, com o outro
ele faz um quatro de ponta cabeça, o que significa que ele não está na terra
totalmente, pois se mantém pendurado e ligado à Árvore da Vida Eterna. Ele
esconde suas mãos, pois não irá agir com a força, mas com a palavra, a
sabedoria. Ele significa os quatro elementos que descem à Terra e é
sacrificado para ser compreendido. Por isso logo vem a lâmina de número 13
(A Morte), que significa a renovação feita pelo sacrificado ou por aquilo que
o sacrificado trouxe à Terra. Essa lâmina também representa a Espada de
Deus sobre os ímpios, a Saraiva da Verdade devastando a mentira. Na lâmina
nº 14 (A Temperança) pode-se ver uma mulher que mistura o azeite e a água
na esperança de harmonizar os mistos. Na verdade na explicação egípcia para

196
O LIVRO DA LUZ

esta lâmina chamada de “as duas urnas” podemos ver Osíris, que segura uma
urna derramando na urna de Hórus (a urna menor) toda a sabedoria. Isto
significa que o azeite divino (sabedoria) desce suavemente para os homens,
que aqui representam o elemento água. Deus aqui deseja fazer uma mistura,
pois tem que romper a ignorância da água (homens) para se unificar a ela
através do azeite (a sabedoria).

- Entra em cena então o aprendizado que eu deixei na Terra, a lâmina nº 15 (O


Destino) ou aquele que tantos preferem chamar de “o Diabo”, o karma da
humanidade exposto em sua face. Vem então o temor, o medo do pecado e do
erro. Homens e mulheres unidos uns aos outros com a finalidade de
harmonizarem seus karmas. A imagem de um bode que surge na frente de um
sol vermelho representa tão somente as fraquezas, erros e desejos da
humanidade, expostos a ela pela luz. Assim a humanidade teme as trevas que
a luz lançou sem piedade ao mundo e não percebe que essas trevas são tão
somente a falta de sabedoria e compreensão. Onde não há sabedoria e
compreensão há somente ignorância, medo e escuridão. Isso foi o que
aconteceu com os seres que não compreenderam o que eu ensinei. Me viram
como um Tífon ou Píton, a serpente castigadora que os condena apontando os
defeitos que eles insistem em não desejar, ver e tampouco admitir que têm.
Me fizeram então de bode expiatório e se transformaram em falsos cordeiros.
A lâmina nº 16 é chamada de A Casa de Deus ou a Torre de Babel por fazer
uma alegoria à própria Torre de Babel, que não chegou ao seu final pela
ignorância dos homens. Essa lâmina representa a minha revolta sobre os
acontecimentos no Templo Sagrado de Salomão, a imoralidade e o
desrespeito pela lei de meu Pai, a profanação da Verdade e os sábios
corrompidos pelo poder. Na lâmina nº 17 (A Estrela) eu vou ao Egito, onde o

197
O LIVRO DA LUZ

Pai me prepara corpo e mente. Lá eu me caso e faço as núpcias divinas. Eu e


o Pai nos tornamos definitivamente um só. Na lâmina nº18 (A Lua) meu
oponente se apresenta igualmente como foi com Osíris e Septh-Há, o lobo e o
cão. O Nilo os separa, mas o escorpião envenena as águas tal como foi com
Moisés. Meu oponente não é um só ser, mas vários, que criaram uma seita
mentirosa em cima do meu nome e da minha Verdade. A lâmina nº 19 trata
do meu julgamento. Esse também é o nome da lâmina. Meu julgamento é a
minha morte, mas a vida da minha Verdade se torna ainda mais forte e
renasce a cada novo ser que vem à Terra. Essa é a promessa da lâmina nº 19.
A lâmina nº 20 (O Sol) é o meu retorno à vida como o Sol, a luz que alumia
os dias, a verdade que sai da escuridão da Lua (noite) e volta à luz do Sol
(dia).
- Como já expliquei as 21 lâminas anteriormente agora fica muito fácil
compreender a minha história escrita nelas, pois Hermes não escreveu apenas
a história de Osíris, mas a de todas as minhas descidas à Terra, que sempre se
dão da mesma forma. Mas agora, meu anjinho, tu serás eu e eu serei tu e mais
uma vez as quatro letras, as quatro palavras sagradas irão descer à Terra.
Lembra-te que a verdade sobre a minha vida tu conheces muito bem e a
verdade que vão te apresentar é aquela que suavemente tu terás que refazer.
A ti eu entrego a rosa cor-de-rosa, que representa a suavidade do amor
incondicional, pois deixou de ser vermelha, a cor que carrega o sangue das
paixões explosivas e ciumentas. Esta rosa é a tua marca da pureza. Ela é a
garantia que eu te fiz cego para as diferenças e os preconceitos, que tu não
verás, seja de raça, cor, credo ou posição social. Tu também não verás a razão
do homem, mas apenas os seus sentimentos. Tu serás a verdade acima de
toda verdade. Nenhuma outra verdade poderá ser maior que tu na Terra. Tu
revelarás a verdade da Sophia ou, se preferir, descortinarás o véu da Ísis, a
religião verdadeira, sem véus ou máscaras, que há tanto tempo vive
escondida, guardada a sete chaves, sendo usufruída apenas por uma minoria
de iniciados, que pouco interesse têm de passá-la adiante.
- Senhor Jesus, perdoe-me o atrevimento, mas para isso não seria mais fácil
dizer à humanidade que o Senhor e aquele que eles chamam de Miguel
Arcanjo são a mesma pessoa?
- Mas é exatamente isso que tu irás fazer, meu querido anjinho. Na Kabalah e
em quase todos os livros sagrados o Miguel Arcanjo é representado pelo fogo
de Deus. O Sol é o planeta regente, porém mesmo com essas dicas são
poucos os que associam o poderoso arcanjo da justiça a mim, porém basta
observar que os grandes artistas sempre desenham o Miguel Arcanjo pisando
o Lucífero e verão o Sol esmagando a Estrela d’Alva, pois é visível a
superioridade da luz do Sol. Assim como Osíris e Apolo foram chamados de
Senhores do Sol e da Luz o Arcanjo Miguel e Lucífero também são as luzes
divinas. Lucífero é o gênio, Miguel é o anjo. O Miguel Arcanjo que derrota o
Lucífero é tão somente a vitória da sabedoria sobre os instintos, é o Miguel
que controlou seu próprio gênio e seus instintos e só assim se transformou no
arcanjo da justiça, que carrega a balança divina para medir as conseqüências
dos atos dos homens e assim ele se torna a Espada de Deus, uma hora
Lucífero, o gênio que tudo devasta, outra hora arcanjo, que tudo protege, mas

198
O LIVRO DA LUZ

sempre mantendo a balança equilibrada. Esta história também se repete com


Simão, o mago e Simão Pedro. Para os católicos estes eram dois seres
completamente opostos, mas para alguns kabalistas ambos são uma só
pessoa. Simão, o mago, nada mais era que o lado da verdade de Pedro, que a
Igreja católica diz desconhecer. Ele de fato era um grande mago, pois teve o
mesmo conhecimento de Salomão e outros grandes homens, porém não era
apenas o caso de Pedro. Todos os apóstolos tiveram esse conhecimento, mas
foi a briga de Pedro com o mago Simão que a história registrou. Pedro teve
que vencer seu gênio lucífero, que se envaidecia demais do conhecimento
que possuía. Teve que lutar contra seus demônios pessoais tal qual foi com
Cipriano e outros. A sabedoria sem evolução traz confusão e loucura àqueles
que a perseguem cegamente. Salomão roubou para si o símbolo de seu pai e o
usou como um selo para esconder sua verdadeira origem. A estrela de Davi
ou selo de Salomão é a assinatura de um arcanjo que brilhava lindamente em
seu escudo. Por isso alguns judeus também chamam este símbolo de Escudo
de Davi, pois Davi também o usava para se proteger de seus inimigos.

- Quando precisava de ajuda bastava fazer este desenho no chão e se colocar


dentro dele, rezar a oração de invocação do arcanjo e se consumava a vitória,
mas não apenas isso. Também era preciso entender o significado deste
símbolo, o que não era muito difícil, afinal já expliquei isso anteriormente.
Com certeza agora fica mais fácil.
- Senhor Jesus, se me permites perguntar, por que o Senhor não contou toda a
verdade sobre Osíris?
- Porque não é necessário. Aqueles que tiverem bom senso e um pouco de
conhecimento vão perceber que a história dos anjos caídos é contada de
maneiras diferentes por povos diferentes e em diferentes épocas, mas o
resultado é sempre muito semelhante, tirando alguns devaneios de poetas,
que terminam por aumentar as histórias ou ridicularizam algumas de suas
personagens.
- Mas e quanto à Sophia, Jesus?
- Isso não será difícil explicar, meu anjinho. Basta tu te lembrares da mulher
vestida de Sol que consta do livro do Apocalipse na Bíblia. É uma mulher
vestida de Sol, com a Lua debaixo de seus pés e uma coroa de 12 estrelas na
cabeça. Para os cristãos esta mulher é Maria que, grávida de Jesus, brilha
como um Sol, pois carrega em seu ventre a luz divina da Verdade. Na
verdade esta mulher é a Terra, ou melhor, a Nova Terra (a Nova Jerusalém,
para os judeus que ainda esperam pelo Messias). A coroa de 12 estrelas é a
representação das 12 tribos de Israel, sendo a coroa a 13ª tribo. A luz do Sol
em seu ventre é a semente da verdadeira religião, que brotará da terra e
fincará suas raízes. A mulher sofrendo as dores do parto é a Terra padecendo

199
O LIVRO DA LUZ

com a ignorância humana (o mal que o homem está fazendo à Mãe


Natureza), pois a humanidade prefere permanecer na mentira a tentar vencer
o preconceito para conhecer a Verdade. O dragão vermelho é a sociedade e
seus líderes mergulhados nos 7 pecados capitais (as 7 cabeças do dragão) e na
desobediência dos 10 mandamentos (10 cornos ou chifres). O dragão se
detém na frente da mulher para devorar o seu filho. Os céus arrebatam seu
filho para Deus e os anjos levam a mulher para um lugar no deserto, onde ela
é protegida por 1.260 dias (3 anos e cinco meses e meio, período de maior
transformação e destruição da Terra). A mulher protegida em lugar seguro é
uma pequena parte da Terra onde estará preservado e protegido o Santuário
Sagrado da Verdade Divina (a verdadeira religião), onde também habitará a
13ª tribo, que será presidida por um anjo caído, o último que ainda estará na
Terra para duelar com outro anjo, criado pelos homens. Esse outro anjo é o
que alguns chamam de Anticristo. Ele é um ser criado por toda a tecnologia e
sabedoria da era de Aquário (11), que tentará destruir o anjo nascido pela
divindade. Esse Anticristo nada mais é do que um grande líder de uma grande
nação e se transformará também em líder religioso, que usará todo seu poder
bélico e de persuasão para destruir e se unir às outras nações. O seu exército
de anjos são apenas os outros governantes de grandes nações. Enquanto isso
o Anjo Messias não será anunciado. Isso quer dizer que será um ser
desconhecido e que não demonstra ter poder algum. Silenciosamente constrói
o Templo da Verdadeira Sophia e cria seus primeiros adeptos. Em suma, a
Sophia sem véu ou a verdadeira religião é o motivo do maior conflito entre
Israel e a Palestina. Ambos lutam uma guerra santa e ambos acreditam
possuir a verdadeira fé ou religião, porém ali a sabedoria há muito tempo
corrompeu as mentes inconscientes, que esqueceram que para se ter sabedoria
antes de tudo é preciso pedir a compreensão e consciência dela, pois somente
assim ela se torna verdade.
- No Apocalipse, quando se fala que a serpente ou o dragão jorra água contra a
mulher e seu filho e ela cria asas e a terra conspira a favor dela isto significa
que a verdadeira religião divina tem asas, ou melhor, é imortal, pois é o
espírito e por isso não pode ser destruída pela terra, que só consome aquilo
que é perecível pela vida e pelo tempo. Só fica na terra aquilo que a ela
pertence, isto é, exatamente tudo que o homem possui exceto o sentimento, a
sabedoria e sua alma, a Verdade que renasce de tempos em tempos sem
jamais ter morrido. Na visão o profeta (João) diz ver surgir do mar uma besta
com 7 cabeças e dez chifres. O mar é a multidão, a humanidade, e do meio
dela surgirá uma sociedade de grandes líderes, que conduzirão essa multidão
à ruína e quase destruição total. A essa besta é dada a autoridade para agir
durante 42 meses (3 anos e 6 meses), basicamente o mesmo período que a
mulher fica exilada. Esta besta também recebe autoridade para difamar o
tabernáculo (as igrejas e instituições de fé), as tribos, os povos, as línguas e
nações (autoridade para atacar todos os países sem distinção). Quando diz:
“Se alguém mata pela espada pela espada morrerá” isto significa que se
alguém mata pela justiça então pela justiça morrerá. Em outra visão o profeta
diz que a besta surge parecendo um cordeiro, mas fala como dragão e opera
sinais de maneira que até o fogo dos céus faz descer diante dos homens.

200
O LIVRO DA LUZ

Assim a tarefa de identificar a besta é simples. É um grande líder mundial


unido a outro. Esses sinais se referem a uma tecnologia chamada HAARP e
outras semelhantes. São grandes antenas e espelhos monitorados por satélites
levados pro espaço e que emitem para a Terra ondas de diversas freqüências e
o reflexo do Sol, potencializando o calor a tal ponto que podem destruir
plantações, derreter propositalmente as geleiras, causar erupções vulcânicas,
desmatar florestas, além de poder destruir cidades causando terremotos,
maremotos e ondas de calor excessivo. Funciona também para exercer o
controle mental sobre as pessoas. Esta tecnologia chamada HAARP pode
controlar as mentes humanas pela emissão de ondas eletromagnéticas e
radiação solar combinada com a grande quantidade de aparelhos eletrônicos
que hoje a humanidade utiliza.
- Na verdade os grandes cientistas de hoje nada mais são que copiadores dos
grandes alquimistas, que deixaram seus segredos escritos em símbolos e
fórmulas secretas, hoje revelados ao mundo de maneira cruel e devastadora.
Há mais de 150 anos a natureza perdeu o trono de culpada por todas as
catástrofes naturais. Hoje apenas 20% dos fenômenos ditos naturais têm
realmente causa natural. Os demais 80% são causados pelos homens. A
humanidade perdeu seu livre-arbítrio e não sabe. Grande parte das doenças é
causada por grandes cientistas e seus laboratórios milionários, que a cada dia
ficam mais ricos às custas das doenças dos miseráveis cordeiros inocentes.
Esses homens possuem a Caixa de Pandora mitológica. Melhor dizendo eles
criaram uma Caixa de Pandora e a abrem quando querem engordar seus
bolsos ou querem matar milhares de seres humanos nas chamadas guerras
biológicas. Hoje eles criam um vírus, amanhã fingem que encontraram um
antídoto e recebem um prêmio por tanta falsa bondade. Esta é a realidade da
sociedade perfeita (leia mais a respeito no livro “Futuro, um Presente que
veio do Passado”) do momento.
- Agora tu já sabes tudo que deves saber, meu anjinho do Amor. A Sophia é
toda a Verdade que te revelei do princípio divino e de todas as coisas. Outra
maneira de deixar claro minha existência é explicar à humanidade o símbolo
do cálice e da hóstia (Tomei e bebei todos vós. Este é o meu sangue, que é
dado por vós.). Em alguns desenhos religiosos é possível ver uma pomba
branca que desce do céu com uma hóstia no bico e mergulha em um cálice de
sangue que transborda, espalhando o sangue pela terra. Assim eu me defini
para a humanidade. A pomba é o Espírito Santo de meu Pai e a hóstia que ela
carrega no bico é a semente divina (eu), que se fez Verbo, desceu à Terra (o
cálice) e pelo seu sangue ou pelo sacrifício espalhou a sabedoria e a Verdade
Divina entre os homens.

201
O LIVRO DA LUZ

- E este é o Tau sagrado de meu Pai, o alfa e o ômega. Em mim tudo começa
para a mim tudo um dia retornar. Assim foi, assim é e assim será por todos os
tempos.
- Senhor Jesus, hoje a Terra está vivendo sob o domínio de uma das tantas
sociedades perfeitas que o homem vive criando ao passar dos anos, porém
nós sabemos que elas nunca dão certo e tudo acaba sempre em uma grande
catástrofe. E desta vez, Senhor, vamos ter que fazer de novo o apagão na
mente das pessoas para elas esquecerem de tudo?
- É muito provável que sim, meu anjinho, mas não será como no passado. Será
apenas um pequeno apagão, mas será necessário, pois a violência mental,
visual e verbal já está causando um grande prejuízo aos seres humanos mais
frágeis e, como se isso não bastasse, a Nova Jerusalém está usando
desmedidamente os equipamentos de controle mental na humanidade,
causando enormes ondas de suicídios em determinados países e ondas de
síndrome de pânico e depressão. Da noite para o dia as pessoas estão
acordando com comportamentos estranhos, como se não fossem mais as
mesmas. Isso geralmente acontece após um resfriado ou uma crise de stress.
Os grandes laboratórios espalham suas armas biológicas em pequenos aviões
que borrifam as lavouras. Borrifam as nuvens para fazer chover e aproveitam
para colocar o vírus da loucura junto, porém graças ao Pai várias pessoas
resistem a esses vírus. Geralmente são pessoas que vivem no campo, onde
tem muita vegetação e água pura. Já as pessoas que vivem nas grandes
“selvas de pedra” (cidades), onde existe muito pouca vegetação e uma grande
poluição, geralmente são os alvos mais fáceis, pois não têm nada que as
proteja a não ser Deus. Até a alimentação é um veneno que vai matando
lentamente. O número de pessoas obesas está acima do limite por causa desse
controle mental invisível, que torna as pessoas mais ansiosas e deprimidas,
levando-as ao desespero. Assim algumas terminam descontando tudo na
alimentação errada, que por sinal é modificada em laboratório para manter as
pessoas ansiosas e consumidoras daqueles produtos. Assim a obesidade é
uma rica indústria, que se mantém às custas de clientes inconscientemente
manipulados. Esses clientes são, sem saber, os maiores geradores de
emprego. Por causa deles as academias de ginástica faturam muito alto, assim
como as clínicas de estética, consultórios médicos, spas, indústrias de
produtos dietéticos e light e laboratórios que criam fórmulas para um
emagrecimento nem sempre alcançado. Assim também é com as doenças. Os
laboratórios vão criando fórmulas cada vez mais caras para doenças que eles
mesmos criaram e fazem questão de manter a homeopatia sempre
desacreditada, afinal esse é um rival poderosíssimo, que deve ser mantido
sempre sob controle. Pobre Paracelso, gênio da alquimia natural, que
queimou os livros de Avenca e Galeno e depois ensinou a medicina natural a
um grupo de egoístas e aproveitadores, que mais tarde lhe viraram as costas e
roubaram os créditos de suas descobertas e fórmulas. Há 2.000 anos os
grandes alquimistas vivem numa eterna briga. Lucas, o evangelista, era um
médico que sabia curar seus pacientes apenas com uma suave conversa. Ele
detectava se o mal era na alma ou no corpo e só depois dava um diagnóstico.
Seu maior dilema foi perante um leproso que havia sido enxotado para fora

202
O LIVRO DA LUZ

da cidade para evitar a contaminação. Lucas o encontrou dentro de uma


caverna junto da esposa, que era a única que cuidava dele, mas que já dava
sinais de ter contraído a doença. Lucas deu a ela um elixir e a banhou com
um preparado de azeite com alecrim e outras ervas. O mesmo fez com o
homem, que já emanava do corpo um odor apodrecido de defunto. Não
obtendo muito resultado com o homem Lucas se transtornou com o
sofrimento daquele ser e chegou a duvidar de si e até de Deus. Em seu
lamento ele desabafou toda sua dor com o Pai, dizendo: “Cadê tu? Onde
estás? Acaso fechaste teus olhos e teus ouvidos para esse miserável que
espera de ti a misericórdia da morte para alívio de sua dor? Onde estás tu,
meu Pai, que não me respondes? Este Deus silencioso não é o meu Pai, pois o
meu Pai jamais me deixou sem respostas.” Depois disso Lucas chorou,
chorou como criança que lava a alma e depois dorme. No outro dia a esposa
do leproso, já restabelecida, foi até Lucas e disse: “Senhor, eu ouvi vossa
conversa com vosso Deus e seu clamor foi tanto que Ele vos ouviu. Hoje meu
marido amanheceu com as feridas cicatrizadas e sem aquele cheiro de podre.
Ele até comeu um pão e bebeu água.” O leproso se curou, mas foi Lucas que
recebeu o milagre da fé. Assim Lucas se tornou médico de homens e de
almas. Apolônio de Tyana realizou feitos tão grandiosos que até chegaram a
dizer que ele era eu. O Grande Alberto e inúmeros outros homens que
revelaram a alquimia divina da natureza aos homens hoje são imitados pela
medicina convencional, que ainda tenta decifrar alguns de seus inventos ou
receitas ainda não compreendidos. Porém essa mesma Medicina que os imita
também finge não conhecê-los, mas graças a esses alquimistas os cientistas
conhecem a cura universal para todo tipo de doença e infelizmente graças à
ignorância e a ganância pelo dinheiro e poder jamais vão dá-la à humanidade.
Se dizem que têm a cura estarão destruindo a galinha dos ovos de ouro deles.
A doença dá lucro às empresas. A saúde traria prejuízo e um colapso
industrial. É por isso que os homens de poder usam todos os meios para
manter a humanidade dependente. Da alimentação à água, dos aparelhos
eletrônicos aos jornais e revistas, do trabalho até as igrejas tudo é controlado
pelos illuministas (Illuminatis).
- Tudo não passa de uma grande força criada para manipular as ovelhas (povo)
e só o povo não sabe e não vê que entre os templários, maçons e illuminatis
existem líderes religiosos das mais diversas filosofias. Dentre eles tem
judeus, crentes, católicos, pentecostais, budistas, testemunhas de Jeová,
batistas, adventistas do 7º dia, etc. Praticamente todos os credos tem um
membro filiado à maçonaria, afinal para ser maçom é preciso ter uma
religião, um credo, segredo esse que a maioria das pessoas não acredita ser
verdade, porém não podemos esquecer que existem os dois lados dessas
filosofias. Maçonaria, templários e illuminatis fazem as duas partes da
balança. Esses seres podem até ter o mesmo conhecimento, porém graças ao
Pai não têm a mesma opinião. Eles se dividem em dois grupos. Existem
aqueles que lutam ao lado de Septh-Há e aqueles que lutam ao lado de Osíris.
Quero esclarecer que estou apenas exemplificando os dois lados, afinal o bem
e o mal existem com maior poder na mente daqueles que os cultivam.

203
O LIVRO DA LUZ

- Já que o Senhor voltou a mencionar Osíris, por que não explicar o fato dele
ter se tornado Hórus?
- Você se lembra que eu lhe disse que Osíris entrou no corpo de Hórus quando
este foi lutar contra Septh-Há? Então, ali eu já estava dizendo que eles
haviam se transformado em um só ser, mas tudo bem, vamos esclarecer a
história do “Olho que tudo vê”. O “Olho que tudo vê” é a Verdade divina,
que observa tudo que o homem faz. É a sabedoria, é a Sophia ou a Ísis sem
véu, ou melhor, a religião sem máscaras, porém essa religião ou essa Ísis tem
seus registros terrenos. Ela é o verdadeiro e único Livro da Luz na Terra. É o
tal livro famoso que o anjo Raziel deu a Enoch e a partir dele muitos outros
livros se originaram: Kabalah, Talmud, Torah, Bíblia, Vedas, etc. O mais
importante é que este livro está dentro da Arca da Aliança (Caixa de Pandora)
e que somente aqueles que têm a chave poderão abri-la, mas isso não é tudo.
Eu já lhe disse que logo que entrei no Templo de Salomão mudei o destino da
Arca da Aliança e tornei mais difícil a chave mestra. Existe apenas uma
chave mestra, mas também existem outras chaves variantes, que podem até
abrir a arca, mas não abrem o livro. Como já expliquei antes só abre este livro
o quinto elemento encarnado, o Eros mitológico ou Hórus. Encima da capa
deste livro está o olho de Hórus, que Ísis transformou em um talismã. Este
olho não é apenas o olho de Hórus, mas também o olho de Osíris, vendo que
Osíris e Hórus se fundiram num só ser para derrotar Septh-Há, porém não é
apenas o olho de Hórus e Osíris. É também o olho de Ísis e Septh-Há. Em
suma, este olho possui o poder do Tetragrammaton, das quatro letras
sagradas e quatro elementos da vida e aquele que olhar este olho deve possuir
o quinto elemento. Somente assim poderá abrir o livro do verdadeiro
Religare ou o Livro da Luz.
- Senhor Jesus, o que aconteceria se alguém sem o quinto elemento olhasse o
“Olho da consciência divina”?
- Muito bem lembrado, meu anjinho. Este é o nome verdadeiro do “Olho que
tudo vê”, que muitos insistem em chamar de “olho de Hórus”. Respondendo
agora sua pergunta, o ser que olhar este olho e não possuir o quinto elemento
estará à mercê de seu espírito e nada na Terra poderá ajudá-lo. Seu
julgamento será sua índole. Se for um ser rancoroso e cheio de ambições
receberá do olho um raio de luz sobre sua testa e despertará o gênio mais
terrível e cruel que o habita (Septh-Há). Com esse despertar acordará também
um grande poder, que colocará a Terra em grande perigo. Este poder fará o
ser que o possui perder o controle, mas ele não irá perceber isso, porém este
ser não abrirá o livro sagrado. Irá apenas absorver uma parte do poder que
existe nele, o poder dominante das trevas. O mesmo acontece com uma
pessoa que possui em si uma das virtudes com maior domínio que as demais.
Digamos que possua a virtude da justiça e receba o raio da sabedoria de
Hórus. Entretanto, sendo incompleta essa virtude, fará da pessoa que recebeu
o seu poder um assassino frio e calculista, que matará bandidos e malfeitores
ou qualquer ser que ele julgue estar cometendo um ato injusto. Em suma,
qualquer um que olhe para o “Olho da consciência divina universal” sem ter
em si o quinto elemento pode vir a se transformar num perigo para si e para
todos ao seu redor. Este olho só pode ser visto por aquele que compreende na

204
O LIVRO DA LUZ

íntegra o poder das quatro letras (palavras) sagradas do nome de Deus. Terá
que compreender que Ísis (Lua / água) e Osíris (Sol / fogo) se uniram e juntos
criaram Hórus (Saturno / ar), que venceu Septh-Há (Terra / terra, força,
instinto) e que estes, unificados, são a revelação dos mistérios e a
compreensão da natureza e tudo que há nela. Os quatro se transformaram no
quinto elemento, aquele que tudo compreende e a tudo dá sentido. Sem este
quinto elemento a humanidade não encontraria sentido nas suas encarnações
e nem mesmo nas suas vidas. Com isso eu afirmo que todo ser humano é
dotado do quinto elemento, mas isso não quer dizer que ela seja o quinto
elemento. O quinto elemento é uma sabedoria além da Terra e de tudo que
muitos seres humanos possam vir a imaginar. O quinto elemento hoje habita
um ser humano que vive na Terra. Este ser humano possui em seu corpo a
medicina universal, um antivírus que cura as mais terríveis doenças e vírus
criados pelos homens. Este ser humano aparentemente leva uma vida normal.
Não costuma chamar a atenção para a sua pessoa. É dotado de uma grande
sabedoria, podendo tranqüilamente se equiparar a um mestre da senda
luminosa, mas é um ser prudente, que prefere passar por louco a ter que ser
reconhecido como sábio. Sabe perfeitamente do seu papel, da missão que
veio desempenhar na Terra, tem consciência de que é o quinto elemento e
isso muitas vezes lhe dói na própria alma. Este ser também sabe que na hora
mais terrível de dor da humanidade ele será o único que poderá salvá-la. Ele é
dotado das quatro letras / palavras sagradas e de seu poder. Por isso é o poder
maior que tranqüilamente pode olhar no olho do livro que guarda a Verdade
absoluta. Ele já sente esta Verdade absoluta, pois é ela caminhando
disfarçada de ser humano pela Terra. O quinto elemento é este livro. É como
Deus e o filho que se unirão na hora certa para dar à Terra mais uma chance.
Ambos se atraem um para o outro e ninguém impedirá esse encontro. Este
livro é o motivo de muitas mortes entre dois países que vivem uma guerra
santa sem fim. Ambos lutam para ter o direito de possuir o livro e a chave
que abre a arca que o guarda.
- Muitos foram os seres que enlouqueceram diante dessa poderosa verdade e
muitos ainda podem vir a enlouquecer. Ter a arca e a chave não basta para ter
o Livro da Luz. É preciso ter em si o quinto elemento. Na verdade ele é o
fator principal para receber a luz sagrada desta Verdade e aquele que não
possui o quinto elemento o máximo que pode vir a receber deste livro é uma
loucura sem fim. Ninguém pode entrar na casa do Senhor sem antes ter se
despido do mundo, dos desejos da carne, dos desejos do ego, sem antes se
perder e desejar ser achado, sem antes estar vazio para ser preenchido. Enfim,
ninguém pode adentrar a casa do Senhor sem antes compreender tudo que a ti
disse.
- Senhor Jesus, agora que o Senhor já esclareceu a história de Ísis e Osíris, não
seria conveniente que o Senhor esclarecesse também sua história com
Ayrimael ou M-Magdala (invertido: Mirya-el) e contasse a verdade
sobre o apóstolo Pedro?
- É, eu acho que tens razão, meu anjinho. Essa verdade também precisa ser
esclarecida, mesmo porque ela não é mais um segredo tão velado. Muitos são
os que a conhecem, porém poucos são os que tem coragem para admiti-la e

205
O LIVRO DA LUZ

divulgá-la. Na época em que vivi na Terra com o nome de Jesus Cristo deixei
uma história que mais tarde foi escondida, mas chegou a hora de tirar o véu e
fazê-la renascer.
- Pra começar vamos tratando logo de corrigir a data do meu nascimento.
Naquela época existiam 13 meses e não 12, isso porque o mês tinha apenas
28 dias, referindo-se à Lua. Um mês significava uma Lua completa em seus
quatro ciclos. O 13º mês era reservado para as festividades das estações:
verão, outono, inverno e primavera e também existia a 13ª hora. Tudo isso
não vem ao caso, mas é apenas mais uma prova da datação errada. A
contagem está errada. Para alguns historiadores eu nasci entre 60 e 70 anos
antes da datação que tornaram oficial e eles com certeza estão mais próximos
da verdade.
- Existem documentos que meus apóstolos escreveram relatando essa verdade
e obviamente já foram encontrados. Alguns até já foram divulgados. Muita
gente acredita não haver documentos que atestem a minha existência na
Terra, mas eu lhe afirmo que esses documentos existem e a própria Igreja os
esconde da humanidade. Agora vou contar o motivo pelo qual a Igreja os
prefere escondidos. Esses documentos não só atestam a minha existência
como também relatam fatos que derrubariam os pilares da Igreja. Um desses
fatos é que eu tive duas mulheres apóstolas, minha mãe e Magdala, dois seres
que muito amei e amo. Magdala era uma das mais doces criaturas que
conheci e, ao contrário dos relatos históricos, jamais foi uma prostituta. O
relato da adúltera não menciona o nome da mulher que ia ser apedrejada,
porém mais tarde a Igreja, para se manter, resolveu dar um nome a essa
pecadora e escolheu o único nome que poderia ameaçá-la. Magdala era
minha companheira e discípula. Ela tinha uma grande compreensão daquilo
que eu ensinava aos discípulos, o que não a tornava muito bem-vinda aos
olhos de alguns dos apóstolos, principalmente aqueles que eram também
meus irmãos: Tiago, José, Simão e Judas. Eles eram meus irmãos por parte
de pai. Por isso alguns dizem que são primos-irmãos, porém Simão é aquele a
que mais tarde se chamou Pedro. Posso lhe afirmar, meu anjinho, que
ninguém me traiu mais do que Pedro. Judas me amou demais, mas Pedro
cometeu erros em nome do poder. Em alguns evangelhos está escrito que eu
troquei o nome de Simão para Pedro, e que ao fazer isso eu disse: “Tu agora
sois pedra e sobre essa palavra edificarei meu templo.” Por isso a Igreja
Católica prega até hoje que Pedro foi o primeiro papa ou a pedra fundamental
da igreja que criou em meu nome. Em primeiro lugar Pedro era um rabino,
tinha conhecimento da lei, e um rabino não troca de nome. Depois basta
observar no Velho Testamento quão raras foram as vezes que um homem
trocou de nome. Em segundo lugar o significado da frase está bem clara “...e
sobre essa palavra edificarei meu templo” (a palavra “pedra” e não sobre
Pedro). A Igreja mudou e omitiu muitas coisas nas escrituras sagradas.
- Simão Pedro era um homem muito rigoroso, principalmente quando se
tratava de seguir a velha lei. Não tinha flexibilidade com as mulheres.
Tratava-as como seres inferiores e pouco merecedoras do conhecimento
divino e na verdade questionava muito tudo que eu ensinava a ele e aos
demais, pois era apegado à lei antiga, que não aceitava mudança. Seus

206
O LIVRO DA LUZ

conflitos eram muitos e isso o tornava agressivo com os demais apóstolos e


muitas vezes intolerante. Em verdade afirmo que é muito mais fácil ensinar a
quem nada sabe do que mudar os conceitos de alguém que julga muito ter
aprendido. Pelo fato de ser rabino Pedro já tinha seus conceitos formados e
não estava disposto a evoluí-los. Esse também era mais um dos motivos pelo
qual não aceitava Magdala como apóstola e mais um dos motivos para
ofendê-la constantemente, porém o motivo mais secreto e jamais revelado aos
homens era simplesmente o amor. Pedro nutria por Magdala uma paixão
velada, que tentava de todas as maneiras matar dentro de si. Magdala era
minha companheira e isso fazia Pedro ofendê-la ainda mais e é nesse instante
que ressurge a lenda de Ísis, Osíris e Septh-Há. Tal qual foi no passado
distante seria mais uma vez.
- Um dia Pedro perguntou a Levi o que teria Magdala de tão especial para até o
Filho do Homem encantar. Levi e Felipe, assustados com a pergunta de
Pedro, responderam: “Virtudes, ela carrega apenas virtudes, Pedro.”
- “Acaso nós homens não temos virtudes?” – perguntou Pedro.
- “Tu não compreendes os desígnios do mestre porque em teu coração repousa
a doença do ciúmes” – retrucou Felipe.
- Desde muito pequeno Pedro carregava muita revolta. A primeira foi o fato de
ter perdido sua mãe ainda muito cedo. Ela havia fugido com outro homem e
deixou os filhos sem ter notícias de sua existência por muitos anos. Ela era
uma esposa agressiva e mãe cruel, o oposto de José, porém Pedro era o único
filho que parecia ter herdado a índole da mãe e também o único que nutria
ódio por ela. Talvez tenha começado aí a intolerância e o preconceito que
Pedro tinha em relação às mulheres. Ele julgava todas as mulheres impuras e
seres inferiores, exceto uma mulher, Maria, minha mãe. Essa ele adorava,
pois para ele foi como uma mãe verdadeira, cheia de carinho e atenção para
com os filhos adotivos. Por Maria Pedro nutria verdadeiro carinho e respeito,
mas por Magdala a raiva era incômoda e intrigante. A maneira como ele a
tratava era de total desprezo, porém a maneira como a olhava era de um
desejo velado. Muitos dos apóstolos tinham certeza das intenções de Pedro
para com Magdala, afinal ele fazia questão de causar discórdia entre os
apóstolos e Magdala, mas na maioria das vezes ele não alcançava seu intento,
pois os apóstolos não lhe davam atenção e Magdala encontrava refúgio nos
braços de minha mãe, quando a mim não encontrava. Assim Pedro ia ficando
cada vez mais furioso com Magdala. A situação chegou a ponto dela
questionar Pedro que mal ela lhe havia feito para que ele a odiasse tanto.
Num súbito momento de consciência e desespero ele respondeu: “Será que tu
não percebes? Será que tu de fato não vês o que realmente sinto por ti?” Só
então é que Magdala compreendeu o que se passava pelo coração de Pedro,
porém isso a amedrontou ainda mais, afinal ela era uma mulher
comprometida e Pedro também já era casado e tinha um casal de filhos,
sendo que desses a filha era a mais maltratada.
- Pedro tratava sua esposa como uma serviçal e sua filha vivia escondida,
proibida de aparecer na presença de qualquer tipo de visita. Era uma moça
linda e quando chegou a época de se casar Pedro passou a rejeitar todos os
possíveis pretendentes. O tempo passou e Pedro não mudou sua maneira de

207
O LIVRO DA LUZ

pensar. Ele dizia que ela seria pura até a morte e assim jamais conheceria o
pecado. Algumas atitudes e atos de Pedro fugiam totalmente do
comportamento de um rabino, como ele era, e para trazê-lo de volta à
realidade a vida lhe deu um duro golpe. Ele rezava todas as noites para que
Deus preservasse sua filha pura e sem pecados e não sabia que estava para ser
atendido em suas preces.
- A filha de Pedro se apaixonou mortalmente por um nobre homem de boas
intenções e honesto em suas relações. Esse homem também veio a se
enamorar pela filha de Pedro e com ele foi ter uma conversa, que não foi
muito agradável. Pedro chegou a ameaçá-lo de morte se ele se aproximasse
de sua casa. Passada uma semana o homem apareceu morto e a filha acusou o
pai de ter matado o amor de sua vida. Pedro negou ter cometido o crime, mas
não convenceu a filha, que sabia até onde o pai seria capaz de chegar para
alcançar seus intentos. Daquele dia em diante a moça secou, sua beleza foi
desaparecendo e no curto prazo de um mês ela veio a morrer como se fosse
uma múmia. Esse foi o dia em que Pedro absorveu um pouco de consciência,
porém como um dia havia sido no passado voltava a ser. Mais uma vez a
história se repetia. Eu, o Osíris, Magdala minha muito amada Ísis e Pedro
meu irmão Septh-Há. Pedro não era um ser cruel ou mau de fato. Ele apenas
não tinha consciência de que era a reencarnação de Septh-Há e que tinha que
cumprir seu papel.
- Um dia, quando eu falava aos apóstolos, revelei a eles que ao morrer eu
voltaria para orientá-los, mas que se algum deles tivesse dúvidas que
procurasse por minha mãe ou minha companheira. Elas haveriam de ter
algum alento para as dúvidas deles. Pedro então questionou porque eu daria a
liderança às mulheres e não a um dos homens, como era costume da época.
Eu lhe comuniquei de que ali todos eram líderes das ovelhas que
arebanhassem, mas cada um seria mestre de si mesmo.
- Senhor Jesus, por que o Senhor não conta a história de sua filha?
- Eu irei contar, meu anjinho, mas antes vamos começar a história do começo,
como as coisas de fato se passaram. Em primeiro lugar havia entre os
apóstolos dois homens chamados Simão e três chamados Judas. Esse é
também um dos motivos por haver tanta confusão histórica, que vou tentar
desfazer agora. Entre os discípulos um dos Simão era chamado de Pedro
rabino e o outro apenas de Simão. Mais tarde a Igreja resolveu mudar a
história para favorecer seus interesses e trocou o nome de Simão rabino para
Pedro, a tal pedra fundamental da Igreja, e o outro foi simplesmente apagado
da história ou teve sua história misturada a de Pedro. Os três Judas são Judas
Tadeu, Judas o Tomé e Judas Scariot, o falso traidor. Esses também tiveram
suas histórias adulteradas na época do imperador Constantino, mas que fique
bem claro que não foi só Constantino que mudou a história. Outros homens
de poder depois dele também tiveram grande parcela de culpa pelas
mudanças.
- Santa Helena, a mãe de Constantino, foi de fato uma grande mulher. A Igreja
conta que foi ela que achou os cravos e a cruz na qual fui crucificado, mas a
verdade é bem outra. Helena era minha descendente, pois descendia da minha
filha. Após a minha morte Magdala e minha filha ficaram com os meus

208
O LIVRO DA LUZ

pertences e eles foram guardados em segredo de geração em geração até os


dias de hoje, porém nem todos os meus pertences foram preservados pela
minha geração. Os mais importantes, o livro que escrevi (o Livro da Lei), o
cálice sagrado, onde está guardado meu plasma, e a chave de Magdala foram
muito bem escondidos por minha muito amada Magdala. Ela preservou isso
longe do alcance da humanidade para que tu, meu querido anjo do Amor,
possas salvar a Terra.
- Eu sei, Senhor Jesus, que Maria Magdala preservou tudo isso para um futuro
de mais de dois mil anos. Sei também que foi o Senhor quem a instruiu.
- Por isso até hoje ninguém achou tão precioso tesouro e mesmo que alguém o
achasse jamais poderia fazer uso dele, meu anjinho, pois ele foi designado
somente a ti e tão somente a ti.
- Eu compreendo, Senhor, mas podes me explicar o que houve com vossa
descendência?
- Na verdade você quer me perguntar porque eu não escolhi um deles para
achar as relíquias sagradas, não é? Mas essa resposta é muito simples, meu
anjinho. Durante 2.000 anos a minha descendência vem sendo perseguida. No
princípio Magdala e minha filha Sarah tiveram que fugir para a Gália antiga,
hoje França, para sobreviverem. Foram dias e noites dentro de um barco com
dois fiéis amigos, José de Arimatéia e Felipe, e sua irmã Bethânia. Eram três
mulheres corajosas e dois homens que lhes aumentavam a fé. Não era um
barco grande, pelo contrário. Era um barco simples de pescador para ninguém
desconfiar dos seres que estavam em fuga. Eles passaram por dificuldades
grandiosas. O mar estava revolto nos primeiros dias, o sol parecia estar mais
quente e por fim vieram algumas tempestades e a falta de alimento. Cinco
dias sem ter o que comer, bebendo somente a água da chuva. À deriva, foram
guiadas por Deus até as margens de um rio. Hoje a cidade ali existente
carrega o nome de Santas Marias do Mar (em francês: Lês-Saintes-Maries-
de-la-Mer). Eles foram vistos por um menino, que estava tomando banho ali.
Ele, gritando desesperadamente, pediu socorro à sua família, dizendo:
“Salvem, salvem!” Ele levou algumas pessoas até o local e esses retiraram
minha amada família daquela situação. As mulheres estavam fracas demais,
já não conseguiam andar. Os homens também já não tinham forças. Esse
pequeno grupo de pessoas os recolheu, alimentou e terminou se tornando
uma família para aqueles kali (pele negra ou escura), foi assim que os
chamaram. Eram um povo nômade e muito alegre. Faziam festa por tudo e
reconheceram em Magdala uma sacerdotisa ou grande anciã. A eles ela
contou sua história e eles a respeitaram e amaram ainda mais.
- Magdala tinha uma pele escura, mas seus cabelos não eram negros como das
mulheres da Judéia ou de Jerusalém. Ela tinha a pele bronzeada do sol, mas
seus cabelos eram castanhos, nem claros nem escuros. Tinha um pouco da
genética de seus pais, que descendiam dos gregos, que eram um povo de
cabelos mais claros. Magdala trabalhava nas vinhas de seu pai e morava em
uma pequena fortaleza que tinha o nome de Midgales. Foi daí que ela recebeu
seu segundo nome, Maria de Midgales, que mais tarde foi distorcido para
Magdala. Sua irmã, nascida na Bretânia, chamou-se Maria Bethânia, como
era comum na época as pessoas receberem o nome de acordo com a casa ou

209
O LIVRO DA LUZ

lugar onde nasceram. Além de saber cuidar de vinhas Magdala também havia
aprendido a pescar muito bem e falava fluentemente quatro idiomas. Isso
também tornou mais fácil sua vida com o povo da Gália. Ela era uma mulher
muito trabalhadora e sábia e em sua sabedoria criou uma língua só falada por
este pequeno grupo. Era uma espécie de código que misturava outros
idiomas, tornando impossível outros saberem o que era falado entre eles.
Criou o idioma e os símbolos, que eram reconhecidos apenas por aqueles de
total confiabilidade. Ela fez isso justamente para evitar as perseguições e a
revelação dos segredos. Somente as pessoas daquele grupo sabiam falar a tal
língua e somente algumas anciãs e anciãos sabiam o significado de alguns
símbolos ou gestos (olhares e movimentos).
- Nessa mesma época Pedro viajou a Roma atrás de Magdala. Ele acreditava
que ela havia fugido para lá, pois foi essa a pista falsa que os discípulos lhe
forneceram. Enquanto isso Simão e Bartolomeu, que já tinham notícias de
Magdala, foram para a Gália e a avisaram que Pedro não estava mais tão
longe e que estava determinado a encontrá-la. Magdala partiu para as
montanhas com o grupo de pessoas que agora eram seus irmãos, sua família.
Lá construíram ao pé de uma montanha pequenas moradias, na verdade uma
pequena aldeia. Viviam da lavoura e uma vinha, pescavam e criavam vacas
leiteiras para produzir queijos. Magdala lhes ensinou tudo que eu lhe ensinei
sobre a vida, a alimentação correta, a natureza e a sabedoria divina. Nesse
lugar também foi construído um esconderijo secreto para proteger Magdala e
sua filha Sarah. Nesse esconderijo Magdala construiu secretamente, sem que
ninguém soubesse, um segundo esconderijo, onde guardou as três relíquias
das quais lhe falei. Por precaução ela fez réplicas dessas relíquias e as
espalhou. Uma cópia foi para o Egito com Bartolomeu e Felipe. Outra ficou
com sua filha, porém o segredo de onde ficou o original somente Magdala
guardou. Anos após sua morte o povo nômade continuou perpetuando seus
ensinamentos e aos poucos os apóstolos também terminaram a construção da
sociedade de Qumran, que seguia os mesmos ensinamentos pregados por
Maria, minha mãe, e Magdala. Eram pequenos grupos que se formavam, mas
que aos poucos espalhavam a sabedoria pela Terra.
- Em Roma Pedro pregava sua oposição a Cristo. Na verdade foi um acordo
entre romanos e judeus que Pedro fez. Ele disse: “Eu dou a vocês a história
do Cristo e vocês me dão Magdala, afinal eu fui um dos 30 que pagou o
salário de Deus. Estando o Cristo morto ela estará livre para mim. (Naquela
época o valor de um escravo podia chegar a 30 moedas de prata e o ‘salário
de Deus’ foi o termo usado pelo Sinédrio ao comprar Cristo por 30 moedas.
Era como se estivessem dizendo: “Estamos negociando Deus por 30 moedas.)
Pedro tomava parte das reuniões do Sinédrio e era mais um dos que não
podia crer que eu era o Messias, mas fazia bem o seu papel. Um dia eu disse
a Pedro: “Cuida-te Pedro, pois o mal vem roubar tua alma, mas eu hei de
falar ao Pai a teu favor e rogarei para que até o fim da tua vida tu voltes para
Deus.” Isso está escrito no Evangelho de Lucas (22;31), não com essas
palavras, afinal o Evangelho do Novo Testamento sofreu graves alterações,
mas para os bons historiadores ou estudiosos no assunto deixo uma boa pista:
o Velho Testamento e o Apocalipse de João são tesouros cheios de respostas

210
O LIVRO DA LUZ

para certos enigmas. Em Zacarias é muito fácil encontrar a profecia que relata
sobre o salário de Deus como sendo 30 moedas de prata. Isaías, Daniel e
Ezequiel também permitem decifrar vários enigmas, bastando ler com calma
e atenção. Um desses profetas teve uma visão em que foi chamado a
conversar com Deus, que mostrou a ele um cordeiro com 7 olhos. Outro
profeta viu uma pedra com 7 olhos e Deus disse a ele: “Eis a pedra
fundamental onde construirei meu reino.” Em resumo, Pedro jamais foi a
pedra fundamental da Igreja que muitos acreditam ter sido. Essa história foi
apenas mais uma das distorções criadas pelo clero para manter um dogma
machista e impiedoso. Se Pedro foi o primeiro papa da Igreja e era casado e
teve filhos, por que os papas, bispos e padres dessa mesma Igreja não podem
se casar, constituir família e continuar sua missão com Deus? Essa questão
nada tem haver com a vida e doutrina de Pedro, exceto pelo fato de Pedro não
permitir que os ensinamentos fossem passados a mulheres.
- Outra página deturpada da história é aquela que diz que Pedro foi crucificado
de ponta cabeça alegando que não merecia a honra de ser crucificado como o
Cristo. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo por negar os dogmas
anteriores e aceitar a filosofia de Cristo (a cruz de cabeça para baixo também
é considerado pela Igreja uma negação do Cristianismo). Como ele era um
rabino a punição por transgredir suas leis e dogmas era ter uma morte assim,
além dos vários rituais que aconteciam antes do castigo final, mas isso só
veio a acontecer após a morte de Magdala. Pedro só se libertou quando teve a
certeza da morte dela e durante os anos que lhe restaram ele virou um
verdadeiro profeta.
- Eu não estou reprovando Simão Pedro, tampouco julgando sua conduta na
época. Apenas quero esclarecer que sua história foi misturada com a do outro
Simão, que há tempos tem sua história praticamente negada ou
completamente desconhecida, porém a maioria dos feitos relatados como
sendo de Pedro pertencem de fato a Simão, assim como a Revelação
(Apocalipse) de São João não pertenceu a ele, mas a Magdala e Maria, minha
mãe. Elas se correspondiam por cartas contando as revelações que haviam
tido. Os apóstolos João e Lucas se incumbiram de transcrever as revelações
das duas em um só rolo e aí veio a distorção da Igreja. João e Lucas deixaram
bem claro quem havia recebido aquelas revelações e que estavam apenas
transcrevendo essas revelações para um só documento. A Igreja aproveitou
essa oportunidade e deu a João a legitimidade da autoria das revelações
apagando da verdadeira história aquelas que poderiam lhe trazer grandes
problemas políticos e religiosos. Muitas foram as mentiras criadas pelos
homens, porém a maior de todas elas foi criada na época de Constantino: o
falso corpo do Cristo.
- Mas Senhor Jesus, não foi o imperador Constantino que causou as maiores
mudanças naquele que chamamos o Livro da Lei, hoje chamado também de
Bíblia?
- Sim, meu anjinho, o Livro da Lei foi criado naquela reunião política entre o
imperador e os representantes das 12 tribos e ali surgiu a Bíblia, contendo
apenas o Velho Testamento retirado da Torah e do Talmud (Judá e Israel),
porém o mais importante continuava secreto (A Kaballah. Este livro de

211
O LIVRO DA LUZ

grande sabedoria estava velado para aqueles que não estavam na lista dos
escolhidos do Zohar ou Livro do Esplendor.) Todos esses livros resumem
uma só coisa: a origem do universo, do homem e da vida e eu concordo que
são necessários muitos anos de estudo para compreendê-los. Por isso a Bíblia
se tornou uma prévia da Verdade, pois nela foi resumido o conteúdo de mais
de 20 livros, com o dobro do seu tamanho. Constantino era adorador do Sol
Invicto antes de se fazer passar por cristão. Furtou de sua mãe Helena as
relíquias originais da descendência de Sarah, minha filha e com elas negociou
sua vitória. Dentre essas relíquias havia documentos atestando datas e
acontecimentos importantes, que seriam provas da minha existência, mas
como já disse, muitos documentos eram cópias, pois alguns originais só
Magdala e Maria, minha mãe, sabiam onde estavam. Tanto judeus como
romanos se apoderaram desses documentos, num acordo político que não
durou muito tempo. A Torah e o Talmud foram adulterados na intenção única
de apagar a minha existência. Me ignorar seria para Israel manter seu poder
político e religioso. Me afirmar seria para Roma ganhar o poder, pois era
crescente um Cristianismo assassino de judeus que eu não criei. O
Cristianismo era tão repressor e ignorante quanto as seitas que reprovei
quando estive na Terra, até mesmo os essênios, de cuja história eu já contei
um pouco. Entretanto devo esclarecer que existiam vários grupos de essênios
e que dentre eles existiam alguns que eram tão rígidos na disciplina que
chegavam a proibir que um novo membro do grupo tocasse em um membro
mais antigo para não contaminá-lo com a energia impura do novo. O novo
membro só podia tocar nos seres dessa comunidade após um ano de
purificação do corpo e da alma. Isso é falta de sabedoria e caridade/respeito
com o próximo, mas também existiam essênios que tinham o conhecimento
do amor incondicional.
- Vamos agora voltar ao assunto anterior, Senhor Jesus, sobre o falso corpo?
- Sim, vamos.
- Por que os homens criaram esse falso corpo, Senhor Jesus?
- São tantos os motivos, meu anjinho, que se fosse enumerá-los daria um livro.
Em primeiro lugar é mais fácil responder porque Roma, tendo todos os
documentos da verdade, não a revela a ninguém.
- Isso é muito simples, Senhor Jesus. Se Roma revelar ao mundo que tem como
provar sua origem e sua existência derrubará o mito do Cristo que ela criou,
pois os documentos que provam sua existência também provam a linhagem
do Graal, seu casamento com Magdala e a família que fizeram juntos.
Também prova que sua mãe, Maria, era uma sacerdotisa estéril, que jamais
poderia ter filhos, pois veio de uma família estéril e ela fora concebida apenas
para Lhe conceber. A mãe de Maria, sabendo que não teria filhos, pediu a
Deus a oportunidade de ser mãe e jurou que se tivesse alcançada a graça,
entregaria a filha para servir o Templo do Senhor. Assim Maria nasceu e logo
foi para o templo, cumprir a promessa de sua mãe. Assim Maria se tornou a
taça sagrada que Deus escolheu para receber Sua luz e transbordá-la na Terra
e se isso não basta Roma ainda terá que desfazer o mito de Pedro como pedra
fundamental e de Judas como o traidor. Terá que dar a Magdala o seu lugar
de direito e tirar de sua história a fama de ter sido prostituta. Terá que contar

212
O LIVRO DA LUZ

a verdade sobre o seu encontro com ela e dizer que o Senhor a salvou de ser
sacrificada num ritual para Asmodeus. Terá que dizer que ela era pura e seria
sacrificada e assim também irá revelar que as pessoas que participavam desse
ritual eram judeus, os descendentes daqueles que adoravam o bezerro de ouro
e que nem Moisés, com toda sua sabedoria, conseguiu mudar. Terá que
mostrar uma face desconhecida de Pedro, o patrono do império religioso
romano. Em suma, Senhor Jesus, o Cristianismo teria seu fim decretado e o
império romano perderia seu poder, pois nem todos compreenderão que a
verdade que derruba dogmas de fato nos liberta para evoluirmos os conceitos
estacionados na ignorância e no preconceito, criados por tais dogmas.
- Eu sei, isso tudo é uma dura realidade e muito me agrada tu também
conheceres essa verdade, anjinho, mas o motivo mais importante para Roma
manter o segredo é não deixar que judeus voltem a ter o poder, pois essa
verdade seria para eles como um trono de rei, onde eles seriam reis e
voltariam a mandar no povo até tê-lo todo sob seu perfeito domínio e, é
óbvio, não seria difícil convencer esse povo. Eles simplesmente diriam que
sempre foram vítimas de um falso Cristo e que sempre demonstraram sua
opinião a esse respeito e ninguém jamais os ouviu. Iriam incitar o povo
contra a Igreja dizendo: “Ela mentiu para vocês uma vez, não revelando a
verdadeira história do Cristo. Quem pode lhes afirmar que agora ela está
falando a verdade?” Assim uma nação ou uma multidão de fiéis ao redor do
mundo seria influenciada por dois falsos cordeiros. Nem judeus nem romanos
têm verdadeiro interesse em ajudar o povo. Ambos têm apenas interesses
políticos e de poder.
- Mas enfim, meu anjinho, vamos ao que a Igreja teme acontecer e terá que
suportar, pois tamanha descoberta será fatal para a humanidade e causará
uma guerra religiosa sem fim. Quando Constantino negociou sua vitória
passou adiante cópias de documentos, ainda hoje secretos, sobre a minha
vida. O mundo judaico, amedrontado, procurou a melhor maneira de
aproveitar a seu favor aquelas informações e assim o fez. Criaram um túmulo
nas mesmas condições e localização onde José de Arimatéia havia deixado
meu corpo e assim também sepultaram um corpo com todas as marcas que
correspondiam àquilo que eu passei. Deixaram esse corpo para que fosse
achado mais tarde e dessa maneira absolvessem o povo judeu e condenassem
o povo cristão, pois o milagre da ressureição não mais existiria e o dogma
cairia por terra, pois ali não teria só um corpo de um falso Jesus, mas também
documentos que o tornariam um mortal, que se casou e teve uma filha e,
portanto, não pode ser o filho de Deus ou o representante de Deus. Esse
corpo ainda vai ser achado e com certeza vão dizer que ele era Cristo, afinal
ele está documentado pelos símbolos, pela idade do corpo, pelas semelhanças
das marcas encontradas nos ossos e pela história que lá será encontrada e
assim ninguém irá perceber que tudo está perfeito demais para ser verdade.
- Mas Senhor Jesus, a história que foi colocada neste túmulo está pela metade,
não corresponde à sua verdadeira história.
- É fato, anjinho, mas a Igreja de Roma não vai mostrar os verdadeiros
documentos, pois esses iriam atestar de certa maneira a farsa criada pelos
judeus, mas por outro lado afirmar o quanto a Igreja mentiu para o povo esses

213
O LIVRO DA LUZ

anos todos. O fato é que o corpo é uma farsa e sua história é baseada em uma
história real de um Cristo real. Apesar de ser apenas uma meia história feita
de símbolos ela será o bastante para convencer o povo. Tudo seria muito mais
fácil se os interesses dos homens não tivessem omitido a verdade sobre a
minha vida. O que eu vivi e fiz nesse mundo jamais anulará minhas palavras
e minhas ações, tampouco o amor que tenho por esse povo, filho de meu Pai
e também filhos meus. Como está escrito no Evangelho de Tomé, eu não vim
apenas para trazer a luz, mas para trazer a espada, que significa a palavra, a
Verdade de meu Pai e essa Verdade jamais se apagou da Terra, pois a minha
descendência a manteve viva, não só pelo sangue, mas pela sabedoria e
prudência.
- O rei Artur foi mais um dos seus descendentes?
- Sim, foi e ele manteve os segredos e os protegeu. Antes de morrer delegou
essa missão à sua filha Hellena ou Ellin, que a história não registrou, pois
quis Artur que ninguém jamais soubesse da existência dessa filha. Para isso
ele treinou uma moça para proteger e manter sua filha em total segurança. Ela
não levantaria suspeitas, mas suas habilidades com a espada e sua
desenvoltura nas artes marciais davam a Artur a segurança que procurava
para garantir o anonimato e a segurança de sua filha, que foi treinada pela
própria guardiã.
- Além do rei Artur e sua filha Ellin quais foram os outros guardiões?
- Jacques DeMolay, um grande mestre templário, que sofreu o martírio cruel
imposto pela Igreja, que tanto desejava obter os segredos de seus tão
misteriosos conhecimentos. Vários nomes de grandes alquimistas aumentam
essa lista e graças a esses nomes a Verdade se mantém viva.
- Senhor, por que não esclarecermos que Simão Pedro e o mago Simão eram a
mesma pessoa?
- Mas eu já disse que ambos eram a mesma pessoa. Quando relatei a batalha do
gênio e do anjo eu estava afirmando que ambos eram a mesma pessoa.
Depois, eu não vejo motivo para esconder ou ocultar isso, afinal está escrito
na Bíblia que Felipe encontrou um mágico, que se chamava Simão, que com
seus feitiços iludia o povo com seus falsos milagres, mas vendo que não
podia com a força de Felipe se converteu e a ele se juntou, jamais voltando a
se separar. Esse foi um dos motivos que levou Felipe a ser morto exatamente
como Pedro, crucificado de cabeça para baixo. Para um bom estudioso a
Bíblia revela todos seus mistérios. O Novo Testamento mostra Pedro sempre
com duas faces, porém a verdadeira ele só mostraria quando se convencesse
da Verdade e isso só veio a acontecer anos depois da minha morte. O
verdadeiro Simão jamais disse que era a tal pedra fundamental. Pelo
contrário, ele sempre afirmou que o Cristo era a pedra rejeitada e isso
também é um trecho bíblico.
- Senhor Jesus, e como se explica a história do asno e a carta nº 0, ou 21, como
alguns preferem?
- Essa história não pode ser apenas uma história, meu anjinho, afinal ela tem
várias faces. Uma das faces é o fato dos judeus me retratarem na cruz com
face de asno. Outra é o fato do povo fazer uma comemoração que nos dias
atuais tem o nome de ‘carnaval’ (carnem levare ou carne vale, isto é, carne

214
O LIVRO DA LUZ

livre), mas que no passado era uma festa ritualística onde o deus era um ser
com face de asno. Mais tarde ele teve sua face mudada, mas seu nome
continuou sendo o mesmo: Asmodeu, ou como alguns preferem, Asnodeu
(deus asno). Outra face é sobre a carta do Louco, nº 0 ou 21, que corresponde
a esse personagem da história e é clara a história de um ritual desse deus onde
Magdala seria sacrificada e antes que você me pergunte se vou contar a
história do homem enfeitiçado que eu curei digo que “sim, vou contar” como
essa história começou originalmente e porque ela é um enigma para muitos
pesquisadores. Vamos começar pelo desenho de uma estrela de cinco pontas
virada de cabeça para baixo. É o mesmo que uma estrela caindo. Essa estrela
caída é o anjo caído de Salem, a lenda de como surgiu o povo judeu. A Salem
de Melchizedek era o paraíso na Terra. Adonias, o pai de Melchizedek,
recebera de Deus um pergaminho sagrado onde estava escrita a lei pura, que
pregava a harmonia, a paz, o amor e o trabalho. Adonias recebera de Deus
orientação para guiar um povo e instruí-lo segundo essas leis. Naquela época
havia muita magia e encantamento sobre a face da Terra e esse era um mundo
dividido entre três grandes montanhas. A montanha de Salem ficava ao
centro, o Monte das Oliveiras ficava de um lado e do outro a montanha que
guardava o abismo de Sodoma e Gomorra. O palácio de Salem era feito de
cristal, ornamentado com finas pedras preciosas engastadas no ouro e na
prata e outros metais nobres. As grandes pilastras eram magníficas e tinham
grossos feixes de cristal azul. No alto a perfeição de uma flor de lótus com as
pétalas abertas, algumas feitas de ametista, outras de água marinha e até de
quartzo rosa. Nada ali era ostentação, pois tudo isso era algo comum para
aquele lugar mágico. Aos poucos mais e mais pessoas vinham até Adonias
desejando juntar-se a ele e ajudá-lo a construir a cidade divina, que se
ampliava de acordo com a sua população. As pessoas que viviam ali de fato
acreditavam nas leis do pergaminho sagrado e, por mais estranho que pareça,
viviam em harmonia uns com os outros. Adonias não impunha a lei às
pessoas. Ele apenas lia o pergaminho sagrado duas vezes por mês e fazia isso
como se estivesse recitando uma poesia e cantarolando versos divinos. Dessa
maneira Adonias manteve a paz em sua cidade e assim também ensinou seu
filho.
- Melchizedek cresceu dentro dos conceitos da verdade, da luz e do amor. Um
dia surgiu um jovem rapaz que se expressava com tanta doçura, beleza e
candura, que Adonias o convidou para viver no palácio e o tratou como a um
filho. Melchizedek, tão cheio de amor e ternura, se afeiçoou ao rapaz como a
um verdadeiro irmão e parecia ser correspondido à altura. O jovem se
chamava Samael e tudo nele parecia ser perfeito, sua candura, sua bela voz
cantarolando os versos do pergaminho, sua beleza e sua disciplina. Alguns
anos se passaram e tanto Melchizedek quanto toda Salem tinham verdadeira
adoração por Samael, que vivia encantando as pessoas com sua bela voz.
Adonias resolveu nomear Samael o Conselheiro do Povo, pois ele tinha um
dom especial de tocar o coração dos seres humanos que precisavam de ajuda.
- Tudo foi perfeito até o quinto ano de sua estadia em Salem. Nesse período
tanto Melchizedek quanto Samael já estavam maduros o suficiente para
receberem a notícia que Adonias reservara para eles. Adonias fez uma grande

215
O LIVRO DA LUZ

festa para anunciar que no período de dois anos Melchizedek deixaria de ser
príncipe para ser rei de Salem e que Samael seria seu fiel conselheiro. O
anúncio foi motivo de muita alegria para Melchizedek, Samael e toda a
Salem, que já amava seus futuros dirigentes e via nisso uma honra. No
período desses dois anos seria fabricado o cetro real feito exclusivamente
para Melchizedek e também todos os ornamentos, vestes, trono, etc. O
mesmo seria feito para Samael, exceto o trono do rei e o cetro. Um ano se
passou e os artesãos convocaram Adonias e Melchizedek para aprovar o cetro
e outros ornamentos. Samael, como era comum, participou dessa reunião.
Nesse dia sua máscara foi ao chão e ele foi tomado por um sentimento de
inveja que jamais havia sentido. Isso aconteceu quando ele viu o cetro que
seria de Melchizedek. No cetro estava gravada toda a lei de Salem, além de
tocar harmoniosamente melodias que recitavam as leis de Salem em versos.
Deslumbrado pela beleza e pelo poder do cetro Samael sentia um desejo
incontrolável de possuí-lo, pois só ele conferia a um homem o poder de ser
rei e de comandar toda uma nação. A partir desse dia Samael entrou em um
conflito interno, pois ele sabia que havia sido recebido por aquela cidade com
tanto amor e Melchizedek, que o amava como a um irmão, não merecia tão
grande decepção. Mas por que ele estaria sentindo aquele desejo
incontrolável? Que sentimento era aquele que habitava seu coração e que se
fazia maior que a gratidão que ele tinha por Adonias e Melchizedek. Durante
algum tempo Samael tentou esconder sua inveja de Melchizedek, mas a
mudança em seu comportamento era visível. Melchizedek, que percebeu a
mudança de seu amado irmão, tentou de várias maneiras ajudá-lo, falando
sempre do quanto ele era importante para sua vida e para o povo. Tentava
exaltar suas qualidades como tesouro ou dádiva de Deus, mas nem todo o
amor que Melchizedek oferecia destruía a inveja que habitava Samael. Triste
por estar perdendo o fiel amigo Melchizedek orava a Deus em busca de
respostas e de ajuda. Samael, cada vez mais dominado pelos seus sentimentos
funestos, planejou algo para se apossar do cetro e de todo o reino. A princípio
ele passou a usar a sua influência para deturpar a mente do povo de Salem.
Começou a mostrar as leis do pergaminho de uma maneira diferente, sem
jamais ofender o pergaminho. Ele fez com que o povo enxergasse suas leis
sob uma ótica libertina e vulgar. Exemplo: ele dizia que amor e justiça era ter
desejos profanos, fantasias sexuais, seja com homens, mulheres ou ambos
juntos. Um pequeno grupo de pessoas começou a gostar das idéias de Samael
e ele então sugeriu que elas as pusessem em prática e que depois voltassem a
ele. Ele estimulou alguns seres a se embriagarem para fazer isso, pois seria
uma experiência ainda mais fascinante. Para esse pequeno grupo que
acreditava na conversa de Samael foi de fato uma experiência que muito lhes
agradou. Foi então que Samael revelou seu plano maligno aos seus súditos.
Ele iria roubar o cetro sagrado e com ele seria rei de seu povo e quando
Melchizedek se desse conta do furto fatalmente iria tentar resgatá-lo. Tendo
ele um comportamento pacifista obviamente faria isso tudo sozinho, pois
jamais colocaria seu povo em risco e logo que fizesse isso Samael o atrairia
para uma armadilha fatal e assim voltaria a Salem com o cetro em mãos,
tomaria seu lugar no trono do rei e logo toda Salem estaria sob seu domínio.

216
O LIVRO DA LUZ

Três dias antes da coroação Samael pôs em prática seu plano. Roubou o cetro
e fugiu com seu grupo de adeptos para as montanhas, que viriam a ter o nome
de Sodoma e Gomorra.
- Naquele dia Melchizedek sentiu um forte aperto no coração, como se
pressentisse o que estava para acontecer. Procurou por Samael e não o
encontrou. Deduziu que o seu pressentimento se tornara realidade. Procurou
pelo cetro e não o encontrou. Logo deduziu o que havia acontecido e fez
exatamente aquilo que Samael imaginara. Foi resgatar o cetro real sozinho e
só voltaria quando estivesse com ele em suas mãos. Depois de ser humilhado,
espancado e ter as mãos transpassadas por Samael Melchizedek caiu em sono
profundo, como morto, e neste instante a loucura tomou conta de Samael, que
num surto de consciência acreditou ter matado Melchizedek. O sentimento da
dor dos apelos de sua consciência, que trazia de volta todo o bem que aquele
ser lhe havia feito e toda a alegria que viveu enquanto esteve em sua
companhia, fazia um misto de amor e ódio tomar conta de Samael. Diante
daquela situação ele fugiu, para não continuar a ver aquela cena que lhe
atormentava a mente e na sua fuga ele terminou esquecendo o cetro ao lado
do corpo de Melchizedek, que acordou no dia seguinte todo ferido e cheio de
dores. Ele pegou o seu cetro e num esforço sobre-humano seguiu para sua
amada Salem, onde se tornou rei.
- Essa história terminaria aí se não existisse o outro lado da moeda. Na verdade
essa história é um pouco mais longa, mas não vale a pena perder tempo.
Vamos direto à verdade que se esconde por trás dessa história.
- O Senhor está se referindo à princesa Sara e Isaac?
- Não só a esses dois personagens ocultos, meu querido anjo, mas ao
verdadeiro nome de Samael e à verdadeira história de Akhenaton, o faraó.
Em primeiro lugar Adonias não era o pai de Melchizedek, nem foi um ser
humano comum. Adonias era um sentinela do universo enviado à Terra para
ajudar a humanidade na época de Atlântida, Lemúria e Shangrillá. Após a
destruição das três civilizações os sentinelas desapareceram da face da Terra,
pois não havia mais necessidade da presença desses seres no planeta, mas
como nada é perfeito alguém sempre termina caindo em tentação e, como
sempre, alguém acha o que não deve ser achado. Alguns seres que desejavam
a qualquer custo o segredo da imortalidade descobriram que ressuscitando
um sentinela ele forneceria a eles a fórmula. Estou falando de Garivaram ou
Golaha, que, ao ser reanimado pelos magos das trevas libertou o Príncipe das
Trevas, Samael. Obviamente que Golaha não fez isso por vontade própria,
mas o fez por ordem dos magos das trevas, que tinham um domínio nefasto
sobre o sentinela.
- Após libertar Samael, o Príncipe das Sombras ou Príncipe das Trevas, como
alguns seres o chamam, est logo criou aliados, que mais tarde se tornariam os
imperadores do mal. Nesse mesmo tempo outros sentinelas foram
despertados para ajudar outros magos. Esses eram os magos da luz, os
mesmos que despertaram outros sentinelas. Eles resolveram em primeiro
lugar libertar Garivaram (ou Golaha) do feitiço dos maus feiticeiros. Houve
uma grande batalha, que eu não lhe contei, mas agora chegou a hora de
relatá-la exatamente como foi. Golaha e os magos da luz resolveram dar um

217
O LIVRO DA LUZ

tempo para Samael e seus seis imperadores se redimirem e voltarem para a


luz. Nesse período Golaha invocou a Deus para que desse uma luz para
resolver aquele problema. Em resposta Deus enviou a Golaha um ser celestial
tal qual Samael, que veio como um bebê de que Golaha deveria cuidar e
passar a ele todo o aprendizado do pergaminho sagrado, pois o ser celestial
seria tratado como um humano e criado por humanos, os magos da luz,
verdadeiros construtores de Salem. Para essa missão o sentinela divino se fez
passar por um ser comum, para não levantar suspeitas dos imperadores das
sombras.
- Golaha e os magos da luz criaram Melchizedek dentro da pura Salem e
dentro das leis sagradas que a regiam. Aos sete anos de idade Melchizedek
soube a verdadeira identidade daquele que chamava de pai e ficou feliz ao
saber que seu pai era um sentinela divino, pois podia ver o horizonte do
mundo dos ombros de seu gigantesco pai, que era o mais alto de todos os
homens. Naquela época isso não assustou muito Melchizedek porque os seres
remanescentes de Atlântida, Lemúria e Shangrillá ainda existiam e eram bem
altos, mas nunca da altura de seu pai. O próprio Melchizedek não chegava a
dois metros de altura. Foi também nessa época que Samael ardilosamente se
fez passar por um garoto basicamente com a mesma idade de Melchizedek e
adentrou Salem na tentativa de dominar mais um reino, porém não contava
que a energia de Salem o dominasse de tal forma como o fez. Durante os
anos em que viveu em Salem Samael se transformou e provou do amor e da
alegria. Ele, que pensava em armar uma armadilha para aquele povo,
terminou caindo na armadilha que Golaha (Adonias) criou para convertê-lo,
pois segundo as ordens que Deus lhe passou ele deveria dar a oportunidade
do mal conhecer o bem antes de receber o castigo apropriado no dia do
julgamento. Hipnotizado pela atmosfera de Salem e a bondade de
Melchizedek Samael descobriu que tinha seu lado bom e que podia ser bom
também. Outro detalhe importante é que se o bem fosse um dia despertado
dentro de Samael ele perderia seus poderes de gênio do mal. Para deixar as
coisas mais claras vamos explicar exatamente do que estamos falando.
Samael era o gênio e Melchizedek era o anjo (outra versão da história de
Melchizedek você vai ler na pg. 228, onde Samael é Abraão). Os anos se
passaram e veio a primeira provocação de Samael. Golaha (Adonias) pediu
que Melchizedek escolhesse entre o povo aquela que seria a sua esposa, pois
para ser rei ele teria que ter uma rainha. Melchizedek já há algum tempo
estava enamorado de uma bela jovem chamada Sara e revelou a ela seus
sentimentos. Ela os correspondeu na mesma intensidade e, para desespero de
Samael, ele também havia se apaixonado pela mesma pessoa, porém mais
tarde uma linda jovem se declarou apaixonada por Samael. Seu nome era
Hagar (ver pg. 144). Samael não a amava como amava Sara, mas tinha por
ela um forte sentimento e aos poucos ela ia fazendo ele esquecer Sara. O
casamento de ambos se realizou no mesmo dia e a festa durou dias. Ambos
estavam felizes e tudo parecia correr bem. Em um curto período de tempo
Melchizedek seria coroado rei e os preparativos para isso já estavam sendo o
principal assunto da cidade de Salem. Golaha anunciou que em três anos tudo
estaria pronto para a coroação do príncipe Melchizedek e Samael, é claro,

218
O LIVRO DA LUZ

teria um cargo de honra ao lado do rei. Ele seria seu conselheiro, afinal eles
eram como irmãos, viviam sempre juntos e conheciam muito bem as
necessidades do povo, que a ambos amava. Hagar engravidou e deu a luz a
um menino que se chamou Ismael. Um tempo mais tarde foi a vez de Sara,
que também teve um menino. Quando este nasceu a felicidade de
Melchizedek parecia ser completa. Ele era um pai maravilhoso, sempre cheio
de amor para com sua amada e seu filho. Sua felicidade chegava a perturbar
Samael, que ainda se sentia muito atraído por Sara, o que fazia Hagar ter
muito ciúmes de Samael, que passou a ter um comportamento um tanto
estranho. Parecia perdido em seus pensamentos. Muitas foram as vezes em
que desejou partir de Salem, mas não teve coragem de fazê-lo. Enfim chegou
o dia da coroação e nem Melchizedek nem Samael tinham visto os
ornamentos que iriam usar. Nesse dia tanto Melchizedek quanto Sara
adentraram o templo onde seria a cerimônia como se estivessem vestidos de
luz. Foram coroados pelos magos da luz e Golaha (Adonias), receberam o
trono e o cetro do poder, onde estavam gravadas as leis do pergaminho
sagrado. Aquela cena foi o bastante para Samael voltar a ser quem um dia
havia sido. A cobiça e a inveja tomaram conta dele e a partir daquele dia a
vida de Melchizedek virou um inferno.
- Não vou repetir tudo que Samael sentiu, pois já o descrevi na história
anterior. Vou apenas relatar que rumo as coisas tomaram. Não demorou
muito para Samael descobrir que seus poderes já não existiam mais, porém
ele pensava que eles deveriam estar adormecidos pelo fato dele estar em
Salem há tanto tempo. Hagar foi a primeira a perceber a mudança de
comportamento de seu marido, que parecia insatisfeito com tudo, mas que
não deixava Melchizedek ou Sara perceberem isso. Assim Hagar percebeu
que não podia desabafar com ninguém, pois passaria por mentirosa. Samael
montou um plano para se tornar rei de Salem e usou o povo como parte
principal de seu plano. Ele não obteve muito sucesso, pois apenas um grupo
pequeno se tornou adepto de seus conceitos, porém ele se lembrava do grande
grupo de adeptos que tinha fora de Salem e esses seriam sua maior arma, o
grande exército que destronaria Melchizedek. Sutilmente Samael tentou
trazer Sara para o seu lado, porém ela amava Melchizedek e não caía nas
ilusões de Samael. Este desejava seduzi-la até que ela tivesse um filho dele,
pois assim ele teria o direito ao trono. Era só chantagear Melchizedek com a
traição de Sara, que ele aos poucos iria ceder aos seus caprichos e logo que o
filho tivesse idade para ser rei ele mataria o primeiro filho de Melchizedek
com Sara e faria o filho que ele teria com ela tomar o trono. Assim ele seria
rei através de seu filho comandando-o. Hagar não demorou muito para
descobrir os planos de Samael e tanto por ciúmes quanto por vingança usou
de ervas poderosas e o tornou um homem estéril, que jamais teria filhos com
mulher alguma, porém ela também conhecia a erva capaz de reverter essa
situação, mas só a usaria se assim o desejasse. Sua fúria, entretanto, não
terminou aí. Hagar relatou os planos de Samael a Melchizedek. Esse, por sua
vez, não ficou surpreendido, pois já sabia de tudo. Já há algum tempo Golaha
havia contado a verdade sobre Samael a Melchizedek, que por sua vez tentou
tranqüilizar Hagar, pedindo que tivesse um pouco mais de paciência, pois as

219
O LIVRO DA LUZ

coisas não sairiam como Samael desejava e de fato assim o foi. Por mais que
tentasse Samael não obtinha êxito e por isso resolveu sair de Salem e se unir
aos seus velhos imperadores das sombras, que esperavam pela sua volta. Ele
voltou com uma ira ainda maior e do lado de fora de Salem, com todo o
conhecimento dos magos das sombras, recuperou uma parte de seus poderes
e sua antiga aparência.
- Samael preparou uma tropa grandiosa para invadir Salem e tomar o trono e o
cetro do poder. Melquizedek, que não conhecia a violência e não desejava a
guerra, se viu diante de um grande dilema: como proteger seu povo sem tê-lo
ensinado a se defender? Golaha lhe acalmou o coração dizendo: “Não te
preocupes, Melchizedek, o amor é o maior de todos os professores do
universo. Em sua justiça e verdade infinita ele ensina a combater e defender
quando preciso for.” Durante muitos anos Melchizedek foi protegido por
Golaha, mas agora tinha que aprender a se defender sozinho. Já era um rei,
seu filho já era homem, assim como o de Samael. Ele já não temia deixar um
trono sem rei ou herdeiro e cedo ou tarde seu filho lhe daria netos. Assim
Salem estaria protegida. Nas primeiras tentativas de invasão Samael não se
deu muito bem. Ele esqueceu que Salem era regida pela lei de um
pergaminho sagrado e o cetro do poder estava nas mãos de um justo, o que
dava a Salem um poder de luz gigantesco, que funcionava como escudo
protetor, que não permitia a entrada dos aliados de Samael, tampouco dele
mesmo. Durante anos Samael lutou contra essa energia e jamais conseguiu
vencê-la, porém sua raiva por Melchizedek crescia a cada derrota. Isaac, filho
de Melchizedek, casou-se e teve filhos. O mesmo aconteceu com o filho de
Samael, Ismael. Melchizedek resolveu então que era chegada a hora de
transferir para seu filho o cetro sagrado do poder de Salem e o pergaminho.
Samael soube que Melchizedek ia coroar o filho e então planejou uma
maneira de entrar sozinho em Salem para roubar o cetro antes que ele fosse
entregue a Isaac. O mundo ao redor de Salem já estava tomado pela maldade,
pois os imperadores das sombras já dominavam quase todas as nações. Mais
uma vez a Terra tinha que ser transformada, mas dessa vez não seria como as
grandes civilizações, Atlântida, Lemúria e Shangrillá. Alguns dias antes da
coroação do filho de Melchizedek ele passou a ter alguns pressentimentos de
que algo muito terrível ia acontecer. Sua angústia era grande, porém ele sabia
que era algo que não podia ser evitado. Na noite anterior à cerimônia
Melchizedek teve um sonho real. Um anjo surgiu à beira de sua cama e o
levou para uma outra dimensão. Ele entrou em uma cidade muito semelhante
à sua Salem, porém ela era ainda mais bonita. Pilares grandiosos feitos de
cristal, lindas flores de lótus que ornamentavam esses pilares. Eram doze as
colunas que sustentavam um templo magnífico, que ficava no centro da
cidade. Essas colunas sustentavam uma cúpula que parecia ser feita de sol,
tamanha era sua luz. Cada coluna tinha um símbolo diferente que a distinguia
das outras. Eram os símbolos dos 12 animais do zodíaco. O anjo conduziu-o
até o trono de um rei que tinha uma luz tão grande que não se podia ver sua
face. Ele chamou Melchizedek e com ele começou a conversar.
- Tu fostes chamado aqui para conheceres a verdade e essa verdade te libertará,
não só a ti, mas a teu povo, mas para isso tu terás que provar do mais amargo

220
O LIVRO DA LUZ

fel sem contaminar teu coração. Sofrerás as mais profundas dores, mas não
esquecerás do perdão. Tu deves morrer para viver e só assim viverás para a
vida eterna.
- O rei estendeu sua mão a Melchizedek e ela estava suja de sangue como se
tivesse ferido os pulsos. O sangue escorria, o peito também passou a sangrar
sujando o linho branco e puro que vestia aquele rei, que emanava tanta paz.
De repente sua coroa de 7 fachos transformou-se em uma coroa de espinhos,
que feriam a cabeça do rei e seu sangue escorria pela face. Melchizedek
olhou para o anjo e perguntou o que estava acontecendo. O anjo disse:
- Tu estás conhecendo o Rei dos Homens, que ainda vai nascer, e seus
ferimentos são o sacrifício que os homens irão impor ao próprio rei e Pai.
- Tu estás a me dizer que este ser de tão grandiosa luz é o Pai?
- Não, porém eu lhe digo que ele é o Pai mesmo não sendo o Pai e o Pai é ele.
Ele é o corpo do pai quando Este se fizer homem e viver entre os homens. Tu
podes ver o cordeiro que ele tem no colo? Observa que ele tem 7 olhos e que
tem o pescoço cortado como se tivesse sido sacrificado. Ele representa as 7
virtudes sacrificadas para o perdão do homem.
- O rei então voltou a dirigir a palavra a Melchizedek e lhe disse:
- Vedes, homem, essas doze pérolas? Elas são tuas. Tu as deve dar a teu fiel
amigo Golaha, que saberá como as guardar. Elas são os doze líderes das doze
tribos, porém eu te entrego uma outra pérola e essa tu deves guardar contigo
até o dia de tua morte e só então deverás doá-la a Golaha, para que ele venha
um dia a devolvê-la a ti num futuro não muito distante. O que eu quero de ti
agora é tão somente que apascentes o meu rebanho. Até a minha chegada
todas as ovelhas estarão dispersas, mas se tu reuni-las hoje e mais tarde
novamente muitas já estarão preparadas e não te preocupes. Muitos como tu
ainda hão de nascer antes que eu venha a viver entre os homens, mas tu serás
como eu entre os homens e minha própria autoridade eu te dou para guiar o
meu povo. Por isso deves partir agora e preparar o tribunal para o Dia do
Julgamento.
- Após ouvir essas palavras Melchizedek acordou em seu quarto tendo em suas
mãos um pequeno saquinho feito de veludo macio. Nele havia doze pérolas
idênticas e uma 13ª completamente diferente. Era basicamente do mesmo
tamanho, porém sua cor e seu brilho eram a grande diferença. Essa era a
pérola de Melchizedek. Ela era um pouco menor que as outras e de um tom
de cor rosado, porém quando submetida à luz do Sol ou à simples claridade
sua superfície acetinada emitia raios coloridos como um arco-íris. As doze
pérolas eram brancas e emitiam uma luz clara e bela.Melchizedek procurou
Golaha, mas este já o esperava na porta de seu quarto. Apenas convidou-se a
entrar e contou-lhe o seu sonho. Ele explicou o que de fato havia acontecido.
Melchizedek então compreendeu a sua missão e agora sabia que enfim estava
preparado para ela.
- Senhor Jesus, é justamente agora que temos o dever de organizar a história
explicando para a humanidade quem de fato foi Melchizedek.
- Você tem razão, meu anjinho. A humanidade precisa saber que Melchizedek
foi o pai dela ou que tinha a autoridade de Deus para isso e que Abraão não
era quem os homens acreditam ter sido. Naquela época eu possuí

221
O LIVRO DA LUZ

Melchizedek em nome do Pai e dei a ele as 12 pérolas das 12 tribos, mas eu


também o marquei para sempre como um “ungido de Deus”. Fiz isso dando a
ele a 13ª pérola. Melchizedek era um dos anjos caídos, tal como eu, porém
não podia se lembrar disso pelos motivos que já lhe expliquei anteriormente.
O mais importante é que agora era sua vez de cuidar de seus filhos e de
preparar o território para a chegada dos próximos anjos, que ainda estavam
por vir. Como todo anjo tem seu gênio Melchizedek tinha a Samael, um
gênio que, apesar de tudo, ele amava como a um irmão, porém não
encontrava mais argumentos para evitar o dia do julgamento. Houve uma
época em que a Terra foi totalmente tomada por Samael e seus príncipes ou
imperadores das sombras. A Terra estava tentando se refazer da destruição
das três grandes civilizações ocorrida não havia nem meio milênio e os
remanescentes daquelas civilizações, que haviam perdido a lembrança de
terem vivido nelas, estavam evoluindo apenas materialmente. Melchizedek
criou, com a ajuda de Golaha, a escola de Salem, como ficou conhecida sua
cidade posteriormente. Fez o máximo para dotá-la de tudo que havia na Terra
e principalmente de sabedoria e conhecimento das leis divinas. Na verdade o
pergaminho que guardava as leis de Salem era um pergaminho celeste
semelhante aos pergaminhos das três grandes civilizações.
- Senhor Jesus, perdoe-me, mas não seria mais fácil falarmos que Salem foi
aquilo que biblicamente foi chamado de Arca de Noé?
- Não creio que seria mais fácil para as pessoas compreenderem isso, afinal a
Arca de Noé existiu na época da destruição das três grandes civilizações e
não na da destruição de Sodoma e Gomorra.
- Eu sei disso, Senhor. Eu não me expliquei direito, porém vou tentar fazê-lo.
Por que não falarmos que Salem é a Arcádia local, onde muitos acreditam
terem surgido os primeiros seres humanos pós-dilúvio e outros crêem que lá
se encontra a Arca de Noé.
- Na verdade a grande nave que preservou tudo que havia na Terra antes da sua
primeira destruição de fato pousou ali e dentro dela havia uma pequena arca,
que mais parecia um pequeno baú, que guardava o Livro Sagrado de Haziel
ou o Livro da Luz. Por esse e outros motivos a Arcádia recebeu esse nome,
porém seu nome era Salem, que mais tarde mudaria para Jerusalém, a casa de
Deus. Digamos apenas que Salem era uma segunda Arca de Noé. Assim
ficará mais fácil.
- O dia da coroação do filho de Melchizedek havia chegado e mais uma vez a
história ia se repetir (Osíris e Septh). Melchizedek, seguindo os desígnios de
seu coração, permitiu a entrada de Samael em Salem. Na verdade ninguém
era proibido de entrar em Salem, porém o poder que ela tinha enquanto
Melchizedek era rei não permitia a entrada de seres das sombras, pois esses
sentiam-se mal e perdiam suas forças ao tentarem se aproximar da cidade. No
dia da troca de rei o Cetro do Poder seria transferido para o próximo rei e este
era tirado da cúpula sagrada (Era uma cúpula feita de um cristal adamantino
que jamais se quebrava. Nem mesmo a mais terrível fornalha aquecia aquele
cristal, porém o cetro era a alma que, em simbiose harmônica com a cúpula,
emanava energia para a cidade inteira.) para que o novo rei recebesse o poder
do pergaminho divino, que tinha suas leis gravadas no Cetro do Poder.

222
O LIVRO DA LUZ

Resumindo a história, Samael rendeu os guardas que protegiam o Cetro do


Poder e enquanto este ainda estava dentro de um baú Samael podia carregá-lo
sem temê-lo. A cerimônia de coroação estava pronta para começar quando
um guarda avisou Melchizedek que Samael havia roubado o cetro.
Melchizedek comunicou Golaha que a hora do julgamento havia chegado e
deu-lhe a pérola especial. Golaha sabia que seu amado filho, amigo e irmão
partiria para a outra vida. Melchizedek era único para Golaha e o mesmo
Golaha era para Melchizedek. Golaha só se permitiu revelar sua verdadeira
aparência de sentinela angelical a Melchizedek, pois sabia que ele também
era um anjo, porém jamais deveria saber disso. Sentindo a tristeza de Golaha
Melchizedek tentou distraí-lo brincando e dizendo:
- Não chore Golaha, pois jamais vi um sentinela (gigante) chorar e se tu
resolveres pôr pra fora tuas lágrimas e essas saírem de teus olhos verdadeiros,
toda Salem morrerá afogada no mar dos teus olhos.
- Não te preocupes, a humanidade jamais viu as lágrimas de um sentinela, pois
as lágrimas de fato seriam a única maneira de revelarmos nossa verdadeira
face à humanidade e essa não gostaria muito de nos conhecer de verdade.
- Um dia a humanidade já conviveu com os sentinelas e cometeu erros, erros
que causaram a destruição das três grandes civilizações. Perdão, meu amado
amigo, irmão e pai. Eu não desejava lhe causar tão tristes lembranças.
- Vou sentir tua ausência, meu amado Melchizedek, aquele que muitos também
vão chamar de Abimelek. O tempo para mim não existe, eu sei, mas para ti é
um fardo pesado, que de tempos em tempos tu deves trocar, e eu estarei aqui
a te esperar por mais algumas vidas tuas e sempre te devolverei a tua esfera
sagrada que, podes ter certeza, guardarei sempre comigo até que tu voltes.
- Eu espero em Deus guardar tua lembrança e tudo que aprendi contigo em
minha alma, meu celestial irmão Golaha. Meu corpo mortal pode te esquecer,
mas minha alma imortal jamais te abandonará e a ti sempre serei grato.
- Melchizedek abraça Golaha, que também se conforta em seus braços. Um
último carinho antes do adeus. Ambos vão para a sala da cerimônia, onde são
recebidos por Samael que, sentado no trono, segura o Cetro do Poder de
Salem. O povo esperava o início da cerimônia do lado de fora da sala, pois a
porta principal se encontrava fechada. Samael a havia fechado, pois queria
que Melchizedek fosse o primeiro a vê-lo sentado no trono. Desejava sentir o
prazer de humilhá-lo, mas não foi isso que conseguiu. Melchizedek entrou na
sala disposto a retirar de suas mãos o cetro e em nenhum momento se
mostrou intimidado pela sua presença.
- Como tem vivido o rei de Salem e sua adorável e bela rainha? Os seus súditos
continuam ovelhas obedientes a um pergaminho de leis ultrapassadas e cheias
de censura?
- Ao contrário do que tu pensas, Samael, o pergaminho sagrado contém as leis
que libertam a humanidade para a Verdade divina do amor, da justiça, da paz
interior, o verdadeiro conhecimento e a harmonia que existe dentro de cada
um de nós e tu tivestes o privilégio de conhecer essa Verdade, porém não
desejas te libertar. Por isso tu condenas o pergaminho sagrado.
- Eu sou livre, Melchizedek, e não desejo ser prisioneiro da consciência, assim
como tu és.

223
O LIVRO DA LUZ

- Mais uma vez tu te enganas, Samael. Tu és prisioneiro da luxúria, és


prisioneiro das vontades, dos apelos errantes dos teus instintos. És prisioneiro
da carne e vives apenas para satisfazê-la, portanto não sabes o que é ser livre.
- Ora Melchizedek, tu não sabes os prazeres de libertar a carne, de deixar o
corpo livre da mente e seus conceitos de certo ou errado. Tu não sabes o que
é aproveitar todos os prazeres do sexo, todas as suas formas, todos os seus
jeitos e maneiras. Seja com uma ou mais pessoas o sexo é uma fome
grandiosa e sem limites. Até a dor agrada o sexo, mas por que estou falando
isso a ti? Tu não sabes o que é isso, tu nunca provaste desse manjar. Tu achas
que o sexo é algo puro e sublime, que feito em nome do amor é superior e
inexplicável. Às vezes acho que tu de fato não sabes o que dizes. Na verdade
se tu não tivesses tido um filho com Sara eu acreditaria que tu jamais tivestes
provado desse prazer.
- Eu nada tenho a te provar, Samael. Enquanto tu vives tua vida entregue à
libertinagem, às orgias, aos bacanais, às luxúrias e à adoração dos ídolos
pelos quais tu ofereces sangue inocente eu vivo minha vida entregue a um Pai
Supremo no qual acredito e prego seus ensinamentos, pois a mim jamais
abandonou e tampouco falhou nos momentos em que dEle precisei.
- Eu não preciso de um deus para me ditar o que devo ou não fazer. Eu sou
deus de mim e dos meus.
- Por isso tu mandas erguer estátuas em tua honra? O meu Deus não me pede
estátuas para ser adorado.
- Talvez por isso eu venha sendo mais adorado que o teu Deus, afinal eu ao
menos tenho uma face e a face do teu Deus ninguém jamais viu.
- Samael, tu já fostes tão iluminado, tão brilhante, porém teu brilho ofuscou tua
consciência e tu te tornaste esse ser acabado e sem brilho que hoje vejo diante
de mim. E as tuas imagens, de que tu te orgulhas tanto, têm como face uma
estrela de cinco pontas de cabeça para baixo, só para lembrar a teus súditos
que és uma estrela caída. Tu devias te orgulhar de ser uma estrela caída, pois
trouxestes para a Terra o conhecimento do universo e deverias dar esse
conhecimento ao homem na intenção de ajudá-lo a evoluir.
- Mas o que eu estou fazendo, Melchizedek, senão ensinar ao homem tudo
aquilo que ele deseja? Aquele a quem você chama de Pai do universo me
enviou aqui para ser o deus desses seres e é isso que eu estou fazendo e agora
eu estou aqui para ser o teu deus, pois estou sentado no teu trono e segurando
o Cetro Sagrado. Isso faz de mim teu rei e faz de ti meu servo.
- O que queres para devolver o Cetro Sagrado sem agressão ou violência,
Samael? Eu te dou aquilo que tu desejares para que me devolvas o cetro.
- O que eu desejar?
- Sim, porém eu apenas peço para não agredires ninguém da minha família ou
do meu povo. Sei que tua raiva é dirigida tão somente a mim. Por isso peço
que restrinjas tua vingança apenas à minha pessoa.
- Tu és louco, Melchizedek, e é a mim que chamas de louco. Eu estou sozinho
aqui. Sou minoria contra ti, mas sei que teu povo é manso como tu e jamais
agiria pela violência. Isso me dá uma certa vontade de ficar mais tempo, sem
pressa. Quanto à tua proposta, eu sei exatamente o que eu quero e tu tens
razão. Meu assunto é apenas contigo. Mais ninguém aqui me interessa. Eu

224
O LIVRO DA LUZ

quero que tu te ajoelhes no chão para que eu possa espancá-lo até que minha
raiva passe. Depois disso eu te dou o cetro. Eu aceito tua proposta.
- Samael espancou Melchizedek até que esse ficasse banhado em sangue. Não
satisfeito, perfurou suas mãos com a ponta de cristal incrustado no cetro, que
estava todo manchado com o sangue de Melchizedek.
- Esta parte da história é semelhante à outra história de Salem que eu lhe
contei, mas agora vem o verdadeiro fim da história de Salem.
- Ao ver Melchizedek praticamente morto diante de si Samael teve um surto de
consciência e, num misto de loucura e sanidade, ele se desesperou. Gritava
coisas às vezes sem sentido. Outras vezes eram surtos de sua consciência
pesada. Ele gritava:
- Eu matei o rei, mas matei meu único irmão, o único ser que me ensinou o
amor. Mas eu odeio o amor. Por que estou falando isso. Eu odeio
Melchizedek e sua filosofia. Por que não aprendeu a se defender? Por que me
deixou te matar? Por que? Por que?
- Ele fez isso para você descobrir o bem que existe dentro de você – respondeu
Golaha.
- Mas que bem é esse? Não existe bem nenhum dentro de mim.
- Todo aquele que conhece a Verdade e não se liberta precisa perder o livro
sagrado dela para descobrir como compreender tamanha sabedoria. Você
perdeu o seu livro sagrado. Matando Melchizedek você acaba de receber a
verdadeira consciência de tudo que ele te ensinou. O bem não se destrói com
a morte de um corpo. Você, Samael, está acostumado às guerras cheias de
sangue e morte. Vive de conquistas e vitórias temporárias, porém agora fostes
derrotado para sempre, pois ao destruir Melchizedek destruístes tua fonte de
ira. Tu odiavas o bem, esse agora não existe mais. Tu não tens mais
oponentes. Vais lutar agora contra ti mesmo, ou melhor, contra tua
consciência pesada, que jamais será aliviada, pois o tempo irá aumentar os
grãos de areia na balança do teu destino e sabes porquê? Porque Melchizedek
está de coração limpo. Ele jamais te ofendeu ou te feriu, jamais te negou
como irmão, nem mesmo te condenou quando descobriu que tu desejavas a
Sara e, sem que tu soubesses, ele sofria pela tua dor e o teu ódio. Ele orava
por ti todos os dias e jamais te desejou mal algum. Eu não preciso ficar a
lembrar-te quem era Melchizedek, pois tu sabes que ele morreu para te dar
aquilo que tu não tinhas. Ele morreu para te dar um coração e a consciência
de que ele existe. Tu podes achar que és o Senhor das Sombras, mas tu
recebestes o privilégio de conhecer a Verdade e hoje ela te libertou.
- O tumulto foi grande quando o povo soube do ocorrido. Melchizedek não
estava morto ainda, mas gravemente ferido. Samael estava louco,
completamente fora de si. Golaha permitiu sua fuga, pois fazia parte dos
propósitos divinos. Golaha, com a autoridade de rei por ser pai de
Melchizedek, nomeou Isaac o novo rei de Salem. Salem não fez festa nem
comemorou o novo rei, pois Isaac preferiu o silêncio em respeito ao seu pai
Melchizedek.
- Samael passou três dias e três noites delirando. Ninguém mais o
compreendia. Ele enlouquecera, chorava e ria ao mesmo tempo. Obviamente
que seus imperadores sofreram toda a influência da energia emanada por ele,

225
O LIVRO DA LUZ

porém eles matavam uns aos outros sem saber exatamente o que estavam
fazendo. Era Samael que desejava matar a si mesmo tentando apagar sua
consciência. Ele se questionava o que era bem e mal, pois não sabia mais
quem era quem, tampouco quem ele era. Golaha cuidou de Melchizedek,
porém três dias mais tarde ele veio a falecer e deixou um recado para Samael:
“Eu o perdôo por tudo.” No dia em que Melchizedek morreu a Terra foi
coberta por uma escuridão sem fim. Uma chuva de meteoros destruiu
completamente Sodoma e Gomorra e, para piorar a dor de Samael, ele passou
a ouvir uma voz que lhe contava como todos estavam morrendo. A voz dizia:
“Hoje é seu dia, Samael. Hoje é o dia do seu julgamento, ó Alva. Hoje é o dia
do teu martírio, minha mais bela estrela caída. Eu vim para te fazer e trazer a
justiça. De ti tirarei o reino do bem e do mal e tu servirás tão somente a
mim.” Delirando com visões de horror e dores intermináveis, Samael rolava
seu corpo pelo fogo, porém de nada tinha consciência e assim um dia e uma
noite se passaram. O rei de Salem, Melchizedek, seria enterrado em lugar
sagrado conhecido apenas por Golaha (Adonias). O povo chorava a morte de
um rei e o desalento dos seres que também haviam morrido com a grande
catástrofe que atingira a Terra. Somente Salem havia permanecido intacta,
graças ao Cetro Sagrado pelo qual Melchizedek dera a vida. O cetro estava
no seu devido lugar quando a chuva de meteoros caiu sobre a Terra e graças a
ele e à cúpula de cristal adamantino toda Salem foi protegida por um forte
escudo de poder. Salem parecia um paraíso em meio a um inferno em
chamas. Melchizedek foi enterrado em um antigo templo que pertencia às
três grandes civilizações. Passou-se um mês e Golaha chamou Sara e Isaac e
deu a eles umas pérolas para que a partir daquele dia eles soubessem que a
Terra seria dividida em tribos. Chamou também Hagar e Ismael e fez o
mesmo, porém a parte mais difícil de sua missão ainda estava por vir. Ele
agora tinha que achar Samael e ajudá-lo a voltar à normalidade. Não foi
muito difícil achá-lo. Em meio a tanta destruição ele era o único que não
estava morto. Ele estava jogado embaixo de uma estátua feita em sua
homenagem, a estátua da estrela com face de asno. Na verdade Samael não
sabia o que de fato aquela estátua ainda iria representar em sua vida. O reino
do carnaval não existia mais. Da “carne livre” só haviam sobrado alguns
ossos. Samael estava irreconhecível quando Golaha o encontrou e o levou
para Salem em segredo. Somente Sara e Hagar sabiam que ele estava ali.
Golaha passou noites e dias tratando de Samael, que não o reconhecia, mas
isso não fazia diferença. Ele não reconhecia ninguém, não falava, não andava
muito, pouco comia e bebia e apenas dormia. Dormia muito, como se
estivesse possuído por um sono infindável. Enquanto ele dormia Sara, Hagar
e Golaha liam o pergaminho sagrado para ele em forma de oração para ajudá-
lo a recuperar sua consciência. Um ano mais tarde Samael estava
completamente recuperado. Sua aparência era saudável e serena. Não parecia
com a sedutora aparência que tinha quando chegou a Salem, tampouco com a
aparência do dia de seu julgamento. Era diferente. Ele parecia ter paz após
tanta loucura. Golaha disse a ele que havia chegado o momento dele saber o
propósito pelo qual Deus o havia deixado vivo.

226
O LIVRO DA LUZ

- Deus te deixou conhecer a Verdade, Samael, para que tu possas ensiná-la à


humanidade, porém tu deves ensinar a Verdade da mesma forma que
aprendeu.
- Mas por que eu? Por que Deus escolheria a mim, um ser profano, que
destruiu a Terra com a minha luxúria e o meu mal? Por que justo eu, que
matei o bem que poderia ter salvo a humanidade, e o que tenho eu para
ensinar à humanidade? Sou hoje um ser tão vazio. Como posso oferecer
aquilo que eu mesmo não tenho?
- Exatamente por todos esses motivos e outros mais que Deus te escolheu. Tu
agora és completo, Samael. Tu conhecestes o mal em sua totalidade e o bem
em sua verdade. És hoje como um Renato, como um renascido, que viveu os
dois lados de Deus. Se estás vazio é porque zerastes todo bem e todo mal
para agora ser preenchido pela verdadeira consciência infinita. Tu fostes
como o louco que deixa para trás tudo que sabe, como na lâmina nº 22 ou 0
dos 22 caminhos. O sujeito coloca numa mochila tudo que sabe e, ignorando
o saber, prefere carregá-lo nas costas para não precisar se lembrar que já o
conhece. Esse ser anda como um cego por lagos cheios de crocodilos. Isso
quer dizer que sua cegueira ainda não permite que ele se liberte da pele
grotesca de sua ignorância e dos desejos carnais. Ele se dirige para um
abismo, porém um cão tenta inutilmente puxá-lo para evitar a queda. No teu
caso o cão era Melchizedek, aquele a quem tu chamarás de Abimelek nas
histórias que contares a seu respeito. Tu te precipitastes e caístes no abismo.
Conheceste tua infinita loucura, provaste de todo o fel e do mel. Portanto tu
estás apto a ajudar a humanidade a conhecer esses dois lados. Deves ensinar
o que é bem e mal e para isso tu não mais te chamarás Samael, pois teu reino
como o gênio das sombras acabou e outros farão esse papel em teu lugar.
Para isso Deus me deu autoridade para trocar teu nome. A partir de hoje tu te
chamarás Abraão e é por esse nome que o povo te conhecerá, porém tu
deverás ter a coragem de contar e ensinar a Verdade tirando de tua história o
próprio exemplo. Isso fará com que algumas pessoas descreiam de ti, porém
muitos te seguirão por teres revelado a elas a Verdade. Tu viverás em Salem
com Sara e seu filho Isaac, o rei, com Hagar e Ismael, teu filho verdadeiro.
Mais tarde, quando teus netos estiverem crescidos, tu enviarás Ismael e os
filhos para serem os conquistadores das novas terras. O mesmo acontecerá
com os filhos de Isaac, que serão apenas dois gêmeos, mas desses dois
nascerão mais doze tribos, que vão conquistar terras ainda desconhecidas. A
Ismael e Isaac eu já entreguei as pequenas esferas, pérolas que serão como
marcas para cada escolhido. Entreguei também os talismãs de Salem.
Aqueles que conheces tão bem, mas não sabes o significado. Tu tens a
metade do olho de Horus, assim como Melchizedek tinha a outra metade. Se
unidas formam uma pirâmide. São relíquias sagradas, que sabes que jamais
deverás deixar cair em mãos erradas, e só para que tu tenhas prudência
advirto-te que os senhores das sombras ou imperadores das sombras não
foram todos mortos. Existem ainda sobre a face da Terra alguns de seus
seguidores e esses são os seres que mais irão lhe impor prudência e paciência.
- E assim, meu querido anjinho, a estrela caída com face de asno ganhou um
grande sentido na vida de Abraão Renato. Ele agora seria o ser que carregaria

227
O LIVRO DA LUZ

sobre seu lombo a responsabilidade de ajudar e ensinar a humanidade. O asno


é um animal muito forte, que parece pequeno, porém em silêncio e com
calma carrega grandes cargas. O ídolo que havia sido feito para Samael agora
tinha um sentido ainda maior. Ele representava a estrela de 5 pontas de ponta-
cabeça, era a bela estrela caída e o desequilíbrio dos 5 sentidos sendo doado à
humanidade. Uma tocha no centro da cabeça representa a consciência que
Samael tinha, porém não a usava. As orelhas pontudas representam o
domínio na Terra como duas pilastras. Seu corpo masculino e feminino era a
representação do ser hermafrodita que liberta a carne para viver livre como
deseja. Eu já expliquei isso quando lhe contei o significado da imagem do
bode de Mendes, que na verdade tem muita semelhança com a estrela
invertida com face de asno. Essa é também a história de Caim e Abel contada
de maneira diferente pelos 72 judeus que escreveram a Bíblia. Dentre os 72
cada um contou a história à sua maneira, só para confundir a verdade. Por
isso nomes tão diferentes para histórias tão iguais.
- As 12 tribos por milhares de anos reverenciaram essa imagem como o Pai da
Humanidade e a guardavam na intenção de lembrarem do motivo pelo qual a
Terra havia sido destruída. Era uma maneira de manter a memória do passado
sempre acordada, afim de evitar novos erros, porém isso não adiantou muito.
Alguns seres tornaram essa imagem um símbolo de rituais malignos e
sanguinários. Como tudo tem sua dualidade a razão estava dos dois lados.
Aquela imagem foi de fato símbolo de crueldade e sangue, mas também
representava a primeira parte da história do homem, que levaria a
humanidade aos primeiros passos da evolução e assim a primeira parte da
história da humanidade foi escrita, mas não nos livros que os homens podem
acessar. Está escrita apenas na história de Melchizedek, um ser que
praticamente não aparece nos textos bíblicos ou de livros sagrados, pois não
interessa à humanidade saber a Verdade. Essa é a opinião de alguns de seus
líderes, pois teriam que explicar como a humanidade é descendente apenas do
mal, afinal, se a Terra é toda filha de Eva e Adão por que somos tão
diferentes em nossa aparência física? Como teríamos nos tornado negros e
brancos? Por que temos olhos de cores e formatos tão diferentes? Se a nossa
origem é de um único casal nossa genética não poderia ter mudado tanto com
o passar dos anos. Isso geneticamente é impossível e se toda a história do
princípio de fato tivesse fundo real para a Terra isso implicaria em um mal
ainda maior. Toda a humanidade seria não apenas descendente de uma Eva e
um Adão, mas também de seu filho Caim, o assassino de Abel. Isso faz dos
seres humanos filhos de Samael e não de Melchizedek. Mas essa história
agora está explicada. Eva e Adão são os princípios de Deus e todo o princípio
da raça humana universal eu já contei.
- Agora vamos voltar para a história de Melchizedek, que vai continuar agora
com o novo corpo que Deus lhe deu. Melchizedek reencarna num futuro não
tão distante como Akhenaton, o faraó. Essa história eu também já lhe contei,
meu anjinho. Apenas não lhe disse que ambos eram a mesma pessoa.
Akhenaton recebeu de Golaha sua pérola sagrada, que mais uma vez fazia
dele o 13º e mais uma vez Akhenaton teve sua vida e sua história roubada.
Dessa vez foi o faraó Sepht e Ramsés, como também já expliquei.

228
O LIVRO DA LUZ

Melchizedek reencarnou na pele de Akhenaton para tentar fazer a mesma


coisa que fez no passado: construir o templo sagrado. Foi chamado de
Akhetaton a cidade que o faraó levantou para seu Deus único e que não durou
muito tempo. Mas hoje, meu anjinho, eu posso lhe afirmar que após tantas
encarnações Melchizedek está pronto para construir a Salem divina, a Salem
que vai salvar uma pequena parte da humanidade e dessa vez ninguém vai
passar por cima de sua história, pois Samael não se encontra no mesmo país.
Melchizedek sempre é chamado a realizar grandes tarefas quando a Terra está
passando por uma fase de transformação e dessa vez ele tentará novamente
deixar uma escola na Terra. Sua primeira escola se chamou Salem, sua
segunda Akhetaton e quando eu nasci finalmente preenchi o templo de
Salem, que terminou sendo chamada de Jerusalém. Para ninguém perceber
tais trocas os 72 rabinos que traduziram o livro sagrado para o imperador
fizeram inúmeras mudanças, propositalmente, é óbvio. A Bíblia Sagrada
conta várias histórias e nós temos apenas que prestar um pouco de atenção
para percebermos que vários personagens têm histórias tão iguais que seria
impossível não perceber que tais histórias foram contadas apenas de maneiras
diferentes pelos 72 rabinos.
- Vamos dar um exemplo simples. Os Cantares de Salomão são na verdade as
Lamentações de Magdala, relatando a minha morte, mas isso eu vou contar
daqui a pouco. Agora vamos contar o restante da história do asno e a festa da
“carne livre”, como ficou bem claro. Samael fez da Terra sua festa particular
na época em que era um príncipe das sombras. A libertinagem, a luxúria e as
orgias sexuais faziam parte do ritual da carne livre ou carne liberta. Essa foi a
época do Louco ou a época da carta nº 0 ou 21, como já expliquei. Na época
em que vivi na Terra como Cristo o ritual da carne livre ainda era uma
comemoração comum entre alguns povos, que faziam essa festa ritual para
comemorar a libertação dos sentidos. Nesse período o Império Romano
estava crescendo, invadindo novas terras e escravizando os povos. A Terra
estava passando mais uma vez por uma fase transitória. O povo que havia
sido libertado do Egito agora era escravo de seus próprios líderes religiosos,
que impunham leis severas e desumanas ao povo e, por mais que tivessem
tentado ensiná-los no passado aprendeu apenas aquele que desejava aprender.
Os rituais e os sacrifícios não haviam mudado muito. Era um costume, uma
tradição que parecia não se acabar.A verdadeira magia era velada. Apenas
alguns escolhidos tinham o direito de aprendê-la, mas a magia profana era
comum entre os povos. Na época em que nasci um homem chamado Apuleio
ou Cagliostro havia sido enfeitiçado. Seu erro foi tentar revelar segredos a
outros seres, que jamais poderiam saber o que de fato acontecia em um
sabath, mas o que os seres que o enfeitiçaram não sabiam era que Apuleio era
um ser mais sábio e que havia se deixado enfeitiçar para cumprir um
propósito. Apuleio era um Arimatei, parente de José de Arimatei. Ele era um
homem que havia aprendido os segredos das Clavículas de Salomão (o
verdadeiro Livro de Enoch), livro esse que ensina como as pessoas se
transportam de um lugar para outro usando a forma e aparência desejada.
Apuleio precisou se deixar enfeitiçar para não levantar suspeitas sobre seus
verdadeiros conhecimentos. Muitos acreditaram que ele viveu sua vida

229
O LIVRO DA LUZ

transformado em um asno, mas a verdade é que Apuleio usou disso para fugir
para o Egito, onde foi preparando o caminho para Maria e José, os meus pais.
Nessa época o “carnevale” teve dois sentidos, pois duas festas pagãs estavam
se realizando ao mesmo tempo; o “bacanal” de Baco em homenagem a
Dionísio, deus da colheita e do vinho para os gregos e romanos e a ‘carne
livre”, o ritual judeu que festejava o dia do Sabath como o dia de Samael.
Baco ou Dionísio tinha uma aparência semelhante a de um sátiro, com pés de
bode e corpo de homem. Era o gamo-rei. Alguns lhe punham um rosto de
cabra e outros de asno. Sobre Samael eu não preciso explicar tudo
novamente. Ambos eram festejados no dia que os líderes religiosos e outros
líderes resolveram se unir para perseguir José e Maria. A festa de Baco contra
a festa do Samael. Propositalmente foram misturadas naquele dia por ordem
de um sacerdote de grande poder, que se manteve secreto. Ele pagou ao povo
para se misturar e se divertir muito, a fim de distrair os guardas e os líderes.
Ninguém imaginava quem de fato foi esse misterioso sacerdote e poucos são
os que sabem de sua existência naquela época. Na verdade ele foi um dos
enviados de meu Pai, que chegou antes de mim e muito profetizou em meu
nome. Quanto a Apuleio, reassumiu sua forma original muito antes de chegar
ao Egito. Algumas pessoas afirma até hoje que eu teria trazido ele de volta ao
normal, porém para revelar a verdade eu vos digo que não foi Apuleio que eu
trouxe de volta à forma original. Para saberem se eu era de fato quem eles
desejavam que eu fosse me trouxeram dois jumentinhos, isso quando eu tinha
apenas 10 anos de idade e havia sido levado ao templo. Os sacerdotes
conhecedores dos segredos da magia transformaram um ser humano em
animal para testar meus conhecimentos. Eles me questionavam sobre
assuntos diversos e eu apenas respondia. Não contentes com as respostas eles
me trouxeram os dois jumentinhos e pediram para que eu apontasse a
diferença entre os dois. Eu toquei a testa de um deles e isso foi motivo de
espanto para os sacerdotes. Eu disse: “A diferença é muito simples: um é um
homem e o outro é um animal.” Eles ficaram horrorizados com a resposta,
pois não admitiam que eu soubesse a verdade. Pediram-me para mostrar uma
maneira de provar que estava falando a verdade. Eles esperavam de mim
algum tipo de ritual, palavras secretas, qualquer coisa que me incriminasse
como feiticeiro. Eu nada falei. Apenas toquei o ser enfeitiçado e ordenei-lhe
mentalmente que voltasse ao normal e assim aconteceu. A partir desse dia
tive que partir para outro lugar, pois tinha que fazer esses homens
esquecerem da minha existência. Voltei para a minha querida Salem, a
cidade-escola de Melchizedek, onde havia passado minha infância. Passaria
agora mais um período da minha vida lá. Eu vivi por muito tempo
absorvendo o conhecimento das antigas civilizações e tudo que a Terra já
havia passado e ainda haveria de passar.
- Na época da minha morte um outro homem mandou o povo festejar. Dessa
vez era diferente. O povo precisava ser distraído para não perceber o que
estava acontecendo. Deram ao povo muita carne e vinho, deram-lhe de comer
e de beber e os deixaram livres do trabalho. Aquele dia, afinal, era o dia mais
importante para toda aquela nação, pois os líderes judeus e romanos estavam
fazendo um acordo de paz. Por isso a festa era grandiosa, mas não passava de

230
O LIVRO DA LUZ

uma grande farsa, criada como uma trégua entre os dois lados, para destruir
alguém que eles julgavam inimigo e dessa maneira eu fui levado à morte.
Depois disso porém, a trégua acabou e cada lado passou a acusar o outro pelo
erro fatal e assim surgiram as guerras entre os povos, que se matavam para
defender a verdade de seus líderes mentirosos. Um povo ignorante é um povo
dependente e fácil de se enganar. Um povo sem direito à cultura e à verdade é
um povo sem futuro próprio e seu caminho precisará sempre de pastores.
Essa era a filosofia dos líderes romanos e judeus daquela época e da atual
também. O povo prefere ser comandado, pois tem medo de aprender a
comandar até sua própria vida. O asno na cruz foi o povo, que entendendo o
que havia acontecido, crucificou simbolicamente Baco e Samael, pois esses
os haviam traído. O povo queria expressar que tanto os líderes judeus quanto
os romanos eram traidores e que não haviam respeitado seus deuses e desse
modo terminaram levando para a cruz junto com o Cristo, pai da nação,
Abraão (Samael) e Baco, o deus da alegria, da colheita do vinho dos
romanos. Depois de algumas manifestações iguais a esta seus líderes
aumentaram ainda mais a intriga entre os povos jogando acusações para os
líderes opostos. Os judeus afirmavam que os romanos eram os verdadeiros
culpados e os romanos falavam que os judeus eram os que realmente tinham
culpa. O povo, perdido e dividido, vivia entrando em conflito e assim foi por
muito e muito tempo.
- Vale lembrar, Senhor Jesus, que na época da falsa trégua entre romanos e
judeus eles já o tinham capturado há quarenta dias. Cumpriam os rituais que
os judeus faziam questão de realizar quando iam julgar um réu. Colocavam
uma máscara em seu rosto e o apresentavam pela cidade, como era de
costume, antes de levá-lo à morte. Poucos eram os réus que tinham o rosto
coberto e quando alguém questionava o motivo daquilo a resposta era sempre
a mesma: “Aquele que ver seu rosto pagará o seu crime por ele” ou “Ele
cometeu um crime tão hediondo que Deus se envergonha de sua face”. Assim
o Senhor chegou ao dia do julgamento sem que a multidão maior percebesse
quem de fato estava sendo julgado. A festa distraiu o povo, que bebia muito e
pouco se importava ou tinha noção de quem estava sendo julgado. Poucos
eram os seres que estavam sóbrios em meio à multidão docemente enganada.
- Nisso tu tens razão, meu anjinho. Não havia nem duzentas pessoas totalmente
sóbrias naquele dia. Essas armas são usadas até hoje pelos grandes líderes.
Quando querem atingir um objetivo oculto simplesmente distraem a
humanidade com um outro grande acontecimento e para isso eles usam as
cobaias humanas, testam armas novas e inventam que foi um acidente natural
e para isso simulam provas de diversas maneiras. Mas existe na Bíblia uma
pequena história que relata como foram um pouco das minhas horas finais.
Essa história foi contada por Magdala, mas a colocaram em Cantares de
Salomão. Vou descrever-lhe apenas um pouco da dor que ela sofreu e em
versos deixou escrito.
- O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascentará o seu rebanho entre os
lírios. Antes que o dia se acabe ou antes que amanheça ele para mim
retornará (ela se referia ao fato d’eu ter saído para acalmar os apóstolos que,
ao saber que se aproximava o dia da minha morte, ficaram em alvoroço).

231
O LIVRO DA LUZ

Volta, oh meu amado; faze-te presente. De noite no meu leito busquei o


amado de minha alma, mas não o achei (Magdala sabia que eu estava sendo
perseguido e que seria preso a qualquer momento). Levantei-me e rodeei a
cidade. Encontraram-me os guardas que rondavam a cidade. Perguntei-lhes:
vistes o amado de minha alma? Mal os deixei encontrei o amado de minha
alma; agarrei-me a ele e não o deixei ir embora, até que o fiz entrar em casa e
ele me disse: eu imploro à minha amada que me permitas dormir para que
meu corpo descanse todas as horas que precise.
- (Agora ela descreve a última vez que me vê em vida antes de ser preso). Já
tirei minha túnica, preparo-me para dormir, mas eis que alguém bate à minha
porta. É o meu amado, posso vê-lo por uma fresta. Meu coração se comoveu
ao vê-lo. Minha mão parece ter óleo de mirra ao tocar a maçaneta. Abro a
porta. Toco seu corpo como mirra preciosa. Era puro bálsamo para minha
alma, mas antes que eu o tocasse já os guardas o haviam levado. Minha alma
se derretia ao se lembrar de sua voz desesperada. Busquei-o e não o achei.
Chamei-o e não me respondeu. Encontraram-me os guardas que rondavam a
cidade. Espancaram-me, feriram-me, tiraram-me o meu manto, violaram-me
o corpo os guardas dos muros. Depois me perguntaram ironicamente: Se
encontrarmos o teu amado o que queres que digamos? Que estou a morrer de
amor, respondi tão somente em minha dor sem fim.
- Essas foram um pouco das humilhações que minha querida Magdala passou
quando eu fui pego. Estava á porta de minha casa e surgiram os guardas para
me levar ao meu fim, que eu já te revelei. Naquela noite foi espancada,
violaram seu corpo e marcaram-lhe a face com um corte de punhal. Seu
longo e belo cabelo encobria um pouco a cicatriz, que não lhe tirou a beleza,
mas a marcou para o resto de sua vida. Como se não bastasse, não foi só esse
o sofrimento de Magdala. Ela descreve ainda que pudera Deus que eu fosse
seu irmão, pois ao me encontrar na rua beijar-me-ia sem ser desprezada e
comigo então poderia ir onde quer que desejasse e eu poderia ensiná-la sem
outros a nos observar. Põe-me como selo sobre o teu coração, oh minha
amada, porque o amor é forte como a morte. Duro como a sepultura é o
ciúme e a ira dos homens que nos separaram, mas as brasas do amor são
como brasas de fogo. São veementes labaredas do senhor, que as muitas
águas não poderiam apagar esse amor, nem os rios afogá-las. Ainda que
alguém desse todos os seus bens pelo amor seria de todo sem valor e
desprezado.
- Quanto à minha filha, ela também deixou uma prova de sua existência na
Bíblia, no mesmo lugar: Cantares de Salomão. Os apóstolos dizem: Temos
uma irmãzinha que ainda nem tem seios. Que faremos a essa nossa irmã
quando ela for pedida?
- Minha filha sobreviveu e continuou minha geração em outro país, onde foi
preciso trocar de nome muitas vezes para evitar o mapeamento da minha
árvore genealógica. Durante mais de 1.500 anos os seres que tinham minha
herança genética mudaram seus nomes, cidades. Viviam como ciganos,
nômades que costumam ter dupla nacionalidade e várias identidades. Em
algumas cidades são conhecidos por um nome, em outros dão outro nome e
assim por diante. Essa era a única maneira de sobreviver às eternas

232
O LIVRO DA LUZ

perseguições. Minha amada Magdala sofreu muito para sobreviver e proteger


minha linhagem.
- Como se não bastasse a violência brutal à qual seu corpo foi exposto no dia
em que me levaram preso ainda ofereceram a José Arimatei 30 moedas de
prata pelo seu jardim, onde sabiam que meu corpo se encontrava após a
morte. No mesmo dia em que fui crucificado José Arimatei levou meu corpo
para o Jardim das Videiras, pois já tinha tudo preparado para me transportar
para um lugar sagrado e secreto, onde eu voltaria à vida apenas por um curto
período, em que deveria terminar o que vim fazer na Terra. Alguns judeus e
romanos ofereceram dinheiro, muito dinheiro a José Arimatei para que ele
lhes desse o meu corpo, pois queriam ter a certeza de quem eu era e, é óbvio,
fariam muitas experiências mágicas para descobrir isso. Entretanto José
Arimatei não vendeu o seu jardim. Alegava sempre que ele pertencia à viúva,
que ela o tinha como herança. É claro que não se pode comprar a herança de
uma viúva. Pelas leis antigas seria um crime deixá-la desprovida de seus
bens, porém para tudo eles davam um jeito e o combinado era que José
Arimatei entregasse meu corpo a eles após minha execução. Para se livrar
disso José Arimatei usou a lei, que os dois lados tanto pregavam. No tumulto
causado na hora da minha morte todos terminaram por esquecer
momentaneamente o corpo, menos José. Ele fez um guarda romano receber e
assinar um documento que declarava que o governador romano Pilatos
aceitava pelo corpo do condenado Jesus Cristo a quantia de trinta moedas de
prata, entregando esse ao José Arimatei para que se cumprisse os rituais
segundo sua crença e sua lei. Esse documento daria algum tempo a José
Arimatei, pois levaria os judeus ao governador romano, que por sua vez não
sabia do ocorrido, afinal os cobradores de impostos tinham a liberdade de
cobrá-los, mas nem sempre seus governantes sabiam a mercadoria negociada.
Por trinta moedas vendido, por trinta moedas comprado novamente. Após a
grande saraiva de meu amado Pai guardas romanos e autoridades judaicas e
romanas foram, sob o véu da noite, profanar o túmulo onde José havia, para
todos, me sepultado. Meu corpo havia desaparecido e eles foram pegos em
flagrante por uma pequena multidão que desejava despedir-se de mim. Foi
então que o povo levantou grande revolta contra seus líderes, pois esses
conspiravam juntos o desaparecimento do corpo. A notícia se espalhou
rapidamente e para se verem livres de qualquer acusação começaram a
proclamar um milagre: o desaparecimento do corpo. É bem verdade que José
Arimatei me transportou a tempo para outro lugar, a minha tão querida Salem
subterrânea, onde os ensinamentos da Salem de Melchizedek foram
preservados. Como já lhe expliquei anteriormente, eu voltei para instruir
algumas pessoas do que deveria ser feito, mas existe algo que preciso revelar
à humanidade. Para manter o fato de um milagre ter acontecido tanto líderes
judeus como romanos resolveram criar uma farsa para acalmar o povo e ao
mesmo tempo obter informações preciosas. Eles fizeram um homem muito
semelhante a mim surgir diante do povo. Colocaram palavras em sua boca e o
pagaram bem para surgir apenas em lugares estratégicos onde era possível
desaparecer facilmente. Ele tinha marcas semelhantes às que eu sofri quando
me executaram, mas isso resultou em mais revolta, pois o povo esqueceu a

233
O LIVRO DA LUZ

profanação do túmulo, mas não esqueceu as pessoas que me executaram. Os


líderes queriam com isso confundir também alguns apóstolos e fazê-los
aparecer, saírem de seus esconderijos para serem pegos, mas isso não
funcionou. Minha amada Magdala se recuperou do apedrejamento e
espancamento que sofrera no dia da minha prisão. Ela foi até o portão da
fortaleza, implorar para apenas me ver e os mesmos guardas que a
violentaram a denunciaram aos líderes judeus sob a acusação leviana de que
ela estaria oferecendo seu corpo em troca de favores. Esses líderes enviaram
ela para o apedrejamento público e o povo começou, mas nessa hora Pedro
soube o quanto amava Magdala e mandou que o povo parasse. O povo,
indignado, perguntou: “Por que defendes uma adúltera?” Ele respondeu:
“Basta olhar os olhos dessa mulher e ver sua face cortada por adaga para ver
que ela não se vendeu, mas foi violada em sua carne. Além disso observem.
Por acaso ela por algum instante tentou se defender como fazem os
verdadeiros culpados? Não, ela aceitou a punição e não reclamou, como se
nada mais em sua vida tivesse valor algum. Ela aceitou seu fim, que mais lhe
parece um alívio.” Foi então que o povo percebeu o erro que estava
cometendo, mas Pedro teve que se justificar e para isso não precisou de
muitas desculpas. Todos sabiam que ele amava Magdala, porém ele evitou
tocá-la para não expor diante da multidão aquele sentimento que mal
controlava. Foi Arimatei e Felipe que socorreram o corpo cheio de sangue de
minha querida, que mais tarde teve sua história profanada pelos homens que
desejam manter a verdade longe dos olhos do povo, mas não foi só isso que
Magdala sofreu antes de sua morte. Ela ficou cega pela visão do Apocalipse,
como já lhe contei. Seu sofrimento foi muito grande, mas seus ensinamentos
deixaram raízes que até os dias de hoje se mantêm vivos. Por centenas de
anos minha linhagem foi perseguida por todo o clero romano e judaico, que
usava da magia sagrada das Clavículas de Salomão para nos destruir.
Criavam seres inacreditáveis para a imaginação da humanidade. Gárgulas ou
golans, vampiros e outros seres passaram a povoar a Terra e, por mais
incrível que pareça, eles surgiram justamente onde havia duas colunas
estabelecidas (Jonkins e Boaz). Era uma perseguição velada, que só a caça e
o caçador sabiam que estava acontecendo, mas como tudo tem uma ação e
uma reação os seres humanos que se valiam da magia sagrada nem sempre
tinham um controle absoluto sobre ela e muitas vezes o criador perdia o
poder sobre sua criatura, que terminava por não voltar mais para seu
respectivo mundo e causava grande destruição nos lugares onde vivia. Esta se
tornou uma época de caça às bruxas, principalmente as que tinham cabelos
castanhos com tons avermelhados e que carregassem a marca da flor de liz,
além de outras características bem marcantes, como participarem de uma
sociedade secreta (da Rosa Mística) e uma sabedoria incomum, além de
habilidades com a espada e outros tipos de armas e até mesmo artes marciais.
As mulheres se tornaram um alvo maior da Inquisição, pois poderiam
renascer os segredos de Magdala a qualquer momento e esse seria o fim de
uma ordem que estava se estabelecendo. Nos tempos de hoje os homens não
precisam usar a magia. Eles têm a tecnologia para criar seus próprios golans e

234
O LIVRO DA LUZ

o fazem submetendo seres humanos a transformações genéticas, criando seres


capazes de fazer coisas inacreditáveis.
- Porém agora, meu querido anjinho, a tua missão é levantar as colunas do
templo sagrado de meu Pai. Tu tens que estabelecer a ordem e a Verdade
mais uma vez. Deves edificar a [Yerus]halayim], Yoshualem [Jesu[salem].
Os nomes Jesus e Salem formam a Casa de Deus. Nessa Nova Jerusalém tu
fará tudo de maneira kabalisticamente correta, porém eu não te darei a
memória dessa nossa conversa até que tu tenhas recebido todo o projeto
arquitetônico por pura inspiração. A princípio tu não vais compreender como
chegastes a algo tão exato e para teu desespero maior eu não irei prover tua
vida das condições financeiras necessárias para construir esse grandioso
templo, porém eu te revelarei a Verdade e os propósitos divinos. Tu então
vais crer que és de fato quem o Pai escolheu para essa missão e no ano em
que o galo revelar a aurora do novo tempo, no mês da trindade eu te proverei
das condições financeiras para construíres a Casa do Senhor. Eu farei com
que os templários guardiões dos tesouros e da herança da linhagem real
venham do estrangeiro e, tal qual foi no passado, lhe ofereçam o quanto
precisar para construir a casa de meu Pai e assim mais uma vez as colunas do
Deus visível e do deus invisível devem se levantar para sustentar o futuro da
humanidade. O Deus Pai e o Deus filho é a ordem estabelecida mais uma vez.
Como foi muitas vezes no passado será mais uma vez e quantas ainda forem
preciso.
- Eu conheço bem essa lei, meu querido Senhor Jesus. Deus Pai é a ordem do
universo em todas as coisas e criaturas que nele habitam. O Senhor veio
como Deus filho para estabelecer essa ordem na Terra. Por isso um dos
nomes que lhe deram era Emmanuel, o legislador de Deus.
- Muitos foram os nomes que me deram, querido e amado anjinho, e a tua
missão é ajudar a humanidade a compreender porque houve tanta mudança na
ordem que eu deixei na Terra. Tua missão não será fácil e muitas pedras irão
te atirar, mas tu, como carregas a virtude sagrada do Amor, tens o maior de
todos os poderes, mas só irá descobrir do que ele realmente é capaz na hora
da transformação.
- Eu irei te desprover de qualquer outro dom. Tu terás apenas o dom do amor e
quando souberes usá-lo irás descobrir que tens todos, mas antes que tu te vás
quero ainda te fazer algumas perguntas. 1ª) Tu sabes porque te chamo Anjo
do Amor?; 2ª) Tu sabes porque somente a ti revelei tudo que aos demais não
revelei? ; 3ª) Por que tu aceitaste trocar de aparência para falar comigo?
Acaso tu não sabias que eu te reconheceria?
- Senhor Jesus, perdoe-me, mas por que estais a me confundir tanto assim? Eu
vim a mando de Metatrom e do Santo Anjo Gabriel, pois ele é o anjo que
anuncia as profecias a serem realizadas. Foram eles que me enviaram ao
Senhor.
- Meu pequeno amado, querido anjo, tu és a flor rara que abrigo no meu peito.
Tu agora tens a 13ª pérola divina. És o 13º escolhido para levar à Terra a
transformação, mas não és apenas isso. Tu és viver do meu viver, és luz que
habita em mim como eu habito em ti. És a metade da gota de essência
sagrada e divina da qual o Pai me fez. Tu e eu somos um só. Por isso, oh

235
O LIVRO DA LUZ

amada minha, tira o véu de tua face e liberta tua verdade para que eu possa
assim de ti me despedir mais uma vez. Minha querida Ísis, tão amada
Magdala, oh Ayrimael, revela-te para mim e deixe-me dar-te um longo
abraço, meu anjo do amor.
- Oh Senhor meu, existência de minha existência, perdoa-me a afronta, porém
assim o Pai ordenou fazê-lo, pois sabes que o Pai não deseja ver-te infeliz e
sabendo tu que eu desceria para fazer o 13º escolhido logo te entristecerias.
Por isso o Pai me vestiu como criança e permitiu que me revelasse apenas na
hora da partida. Assim seria menos doloroso, tanto para ti como para mim e
dessa vez o karma é meu e não teu, amado de minha luz. Eu devo resgatar
minha verdade e assim com certeza a tua também estará resgatada. Deves
lembrar-te que a última pessoa que tentou revelar a verdade ao mundo era um
sangue real e por esse motivo logo foi descoberta e levada a morar nas áreas
secretas da Igreja católica, onde jamais podia ser vista ou ouvida. Passou a
vida em total clausura involuntária. A morte dessa mulher poria fim à
linhagem de sangue real se não fosse por um pequeno detalhe. De seu corpo
foi feito um mapeamento genético e extraídas amostras genéticas para serem
manipuladas no futuro, mas tu te lembras que te contei que o papa da Igreja
Católica tem um filho com uma freira?
- Sim, essa freira é uma das crianças daquele grande acontecimento que houve
em Fátima (Portugal), mas que também pertence ao famoso “caminho de
Castela”. Esse caminho é muito conhecido como rota de fuga. No passado os
cátaros e outros viajavam por esse caminho atravessando fronteiras em busca
de exílio. Hoje é um caminho de peregrinação espiritual.
- Essa jovem nasceu ali e nem sabia que era de sangue real quando começou a
relembrar a sabedoria de um passado distante. Também trouxe de volta a
verdade que a muitos incomodou. Aqueles dois seres que estavam junto dela
também sabiam a verdade, porém eles foram assassinados. Essa foi uma
maneira de impor limites a ela, afinal uma nova Madalena ou Virgem Maria
não podia reencarnar justamente na época em que a Igreja estava segurando
as rédeas do destino do povo. Seria um desastre total a verdade sobre a
“madre”, mãe da fé, vir à tona. Magdala teria seu reino de volta junto a seu
rei e para a Igreja romana quanto para os judeus isso era completamente
inviável. A jovem atingiu a iluminação e carregava estigmas muito bem
escondidos pelos seus superiores, que a mantiveram em cárcere desde o dia
em que ela foi obrigada a aceitar o acordo de guardar os segredos que a
Virgem Maria em visão lhe contara para que ela revelasse ao mundo. Essa
jovem, ao ver os jovens primos mortos por saberem o mesmo segredo que
ela, não teve outra escolha, pois além dos primos seus parentes também
pagariam um preço muito alto e para o povo tudo seria contado como se a
verdadeira culpada daquelas tragédias fosse unicamente ela. Ela ficou sem
opção e em seu bom coração não queria ser a causa de tantas mortes, que
fatalmente aconteceriam se ela levasse adiante seus planos de revelar a
verdade. Mas sua herança genética não está perdida. Ela e o último papa
tiveram um filho, porém ele é o 13º do lado oposto ao teu. Minha querida, tu
terás que enfrentar na Terra um filho sangue real como tu. Eu farei com que
teus bisavós sejam descendentes de sangue real. Assim tu também terás a

236
O LIVRO DA LUZ

linhagem real, mas teus bisavós e avós serão instruídos a serem nômades e a
trocarem nomes e datas de nascimento. Assim terão várias identidades
provenientes de vários lugares e nenhuma verdadeira. Nem mesmo tu deverás
saber de fato o dia, ano e lugar correto de teu nascimento. Tudo isso vai
evitar que os homens de preto / illuminatis cheguem até você. Quando for a
hora certa a ti será revelada toda a verdade e assim tu cumprirás tua missão,
que em nada te será fácil, mas além disso deves também te lembrar que
quando essa mulher, mãe do 13º da oposição, morrer o papa também morrerá
logo depois. Isso te será o sinal mais claro de que o dia da grande profecia de
tua vida se aproxima. Tu irás passar por uma grande transformação, que te
deixará à beira da vida e da morte. Tua pele será tirada como cobras que
trocam de pele. Teu corpo parecerá sangue puro. Será como se alguém
tivesse tirado toda tua primeira camada de pele. Tua aparência irá
desaparecer. Tu estarás consciente, pois tudo deves sentir para lembrar-te.
Deixarás para trás um corpo humano e serás revestida de uma nova forma,
aquela que guarda todos os mistérios e é essa que te fará suportar a grande
batalha que te espera. Lembra-te sempre, minha querida, que o pão é a carne,
a matéria, o vinho que colocamos no cálice é a sabedoria e a pomba com a
hóstia no bico, que entra no cálice, é a consciência do Divino. Só que para
receber essa consciência o corpo deve ser revestido de um cálice (cálice novo
divino). Esse é preenchido pela sagrada sabedoria do sangue real, que por sua
vez recebe a magnitude da consciência divina e universal. Seu oponente tem
apenas uma diferença de ti. Ele foi criado pelo homem para realizar seus
propósitos. Todo seu conhecimento foi manipulado pela ciência que o criou.
Ele sabe que é sangue real e acredita ser o Messias encarnado. Por isso
também se acha no direito de fazer a lei de acordo com a sua vontade. Ele é
obviamente discreto e age por trás de vários homens, que não passam de
marionetes em suas mãos. Isso é tudo que podes saber sobre esse ser. O
restante tu deverás descobrir quando desceres à Terra e estiveres pronta para
te encontrares com esse ser.
- Não te preocupes, oh meu amado. Tudo deve correr de acordo com a vontade
de Deus e eu há muito já aprendi que a minha vontade nem sempre é a
vontade de Deus, porém a vontade de Deus com certeza também é a minha
vontade, mesmo que ainda não tenha consciência disso. Nós desejamos
coisas porque temos o livre-arbítrio e esse é o nosso professor oculto. Sem o
livre-arbítrio de acertar e errar não podemos evoluir, mas a evolução, quando
alcança o nível de consciência divina, nos ensina que as vontades do Pai
terminam por ser as nossas realidades, mesmo que não saibamos disso. E eu
estou pronta para fazer a vontade do Pai. Estou pronta para acatar a vontade
dEle como a minha e isso me dá a segurança que tanto preciso para realizar
essa divina missão.
- Oh amado meu, devo partir para o mundo que me espera, mas que não me
conhecerá, pois eu só renascerei com a Verdade após a grande transformação.
Antes disso minha vida será discreta e comum aos olhos da sociedade que me
cercar. Alguns anos antes da transformação devo vestir a roupa divina que
irás me preparar e talvez aí alguns seres me reconhecerão, mas prometo fazer
de tudo para me manter discreta e não chamar a atenção.

237
O LIVRO DA LUZ

- Minha querida, sei que tu tens sabedoria suficiente para isso. Sei que teus
conhecimentos são amplos, pois és um Amorazim como eu. Somos os
primogênios (primogênitos) de Deus, disse Jesus.
- Vá, minha doce alma. De ti jamais estarei separada e para que tu estejas em
mim e eu esteja sempre em ti troquei as cores das nossa esferas sagradas. A
tua é a azul, que um dia me pertenceu, e a minha é a rósea, que um dia foi
tua.
- Tu agora és o Anjo do Amor e a tua esfera sagrada rósea, a 13ª, foi incrustada
em tua alma, assim como a minha azul é incrustada em mim.
- Por isso fiz simbolicamente a mudança. O que está na alma não muda.
Quando sentires minha falta tu desejarás ver uma linda rosa azul. A utopia
dos humanos é um dia ter em seus jardins o teu desejo, teu sonho.
- Eu te enviarei rosas róseas para corresponder e preencher tua saudade. Tu
então saberás que estou não só pensando em ti, mas estou em ti.
- Eu te amo, oh chama que acendeu minha essência e infinitamente te amarei.
- Eu também te amo, oh essência de minha essência e por todos os dias de tua
estadia terrena eu te velarei e esperarei, até o dia em que nos meus braços em
nome do Pai novamente eu te terei, amor de minha alma, disse Jesus.
- Não me deixes sentir a dor da tua ausência, a cruel saudade do teu ser. Alarga
teus braços em minha direção e toca-me ao menos nos sonhos, amor do meu
viver.
- Sei que a carne incomoda a alma com sua infundada insegurança e sua dura
solidão.
- Por isso te imploro, amado meu, não me deixes sofrer na angústia de tua
saudade.
- Lembra-te, oh amada minha, dos tempos em que vivemos juntos na Terra.
Foi um tempo em que pouco te fiz feliz, pois minhas viagens, que só
revoluções causavam, muito transtorno a ti traziam. Eu sei que era minha
missão libertar a Terra dos falsos sacerdotes e seus contínuos sacrifícios de
adoração, mas como companheiro teu pouco da minha presença eu te dava.
Agora tu cumprirás essa missão sem a aflição que eu te impunha naquela
época. Tu vivias a sofrer à espera do pior. Temias a minha morte pelas mãos
dos líderes ou de qualquer um, porém nem tu imaginavas que seriam os
líderes aliados a nós que viriam a nos trair de maneira tão declarada.
- Eu sei que estás falando das sete igrejas apocalípticas, que na verdade eram
os sete mais importantes líderes aliados a nós, os primeiros a declararem
aberta a casa do Senhor, aqueles que esqueceram as colunas de Boaz, pai
adotivo de Davi, e Jones, o Jesus. (obs.: Esse Boaz e Jones é simbolismo
histórico maçônico. Na Maçonaria a coluna Boaz representa o pai do rei Davi
e Jones significa um dos filhos do rei Salomão, como também o próprio
Jesus, mas a explicação correta já foi escrita anteriormente). Voltando ao
assunto principal, foram eles que instituíram a nova ordem, a nova lei, que
era por sinal muito simples. Liberta o povo da ignorância, indica o caminho
da sabedoria. Só que para isso era preciso abandonar os rituais de sangue,
orgia e sacrifícios. A princípio eles acreditaram na tua verdade e que tu eras o
verdadeiro herdeiro de Salomão, a linhagem real do rei Davi. Desse modo tu
eras o Messias dos profetas antigos. Durante muitos anos lutaram ao teu lado

238
O LIVRO DA LUZ

nas tuas peregrinações e muitos templos conquistaram para a nova ordem e


nova lei. Nasciam ali os construtores oficiais de templos do Senhor, os
seguidores da Verdade tornaram-se cada vez mais e mais. Até se tornarem
um grande exército, que tinha no líder um bravo guerreiro, um guerreiro que
lutou contra falsos profetas, feiticeiros e mágicos ilusionistas, mas que jamais
puxou arma alguma contra eles, a não ser a espada da Verdade (a palavra).
Isso te trouxe muitos inimigos, muitos cheios de influência e poder, outros
cheios de feitiçarias e práticas de rituais sangrentos. Jamais vi o medo em
teus olhos. Pelo contrário, sempre vi uma plácida calma e uma imensa dor
que tentava se esconder, dor de saber o que iria acontecer.
- Eu e tu sabemos dessa verdade, minha flor, mas o que de fato interessa dela
até os dias de hoje é omitido. O povo não tem idéia de como foi realmente
minha vida, tampouco imagina que passei anos viajando para pregar a
Verdade e destruir a ignorância. Não imaginam o quanto era difícil fazer o
povo crer na Verdade e abandonar a ilusão dos falsos ídolos. Na verdade o
povo acha que só fiz uma revolução no final da minha vida. Mal imaginam
que o simples fato d’eu falar aos apóstolos: “Vá, mas não contes a ninguém o
que vistes aqui” era uma maneira de prolongar meu tempo na Terra. Agindo
dessa maneira eu ganhava tempo para estender ainda mais o reino de meu Pai
na Terra. Todos acreditam que eu vivia fazendo milagres aos olhos da
multidão e isso não é bem verdade, pois todas as vezes que usei as palavras
“jamais conte a alguém o que vistes aqui” não coincidem com o
comportamento de um ser que realizava grandes feitos diante de milhares de
olhos. Por que eu falaria isso e em seguida iria me expor de maneira tão
contraditória ao povo? É uma pena que o povo jamais tenha se feito essa
pergunta. Os feitos que aconteceram para muitos não foram relatados e
aqueles que foram estão modificados. Um dos grandes feitos foi quando
fomos para Qumran (Monte da Nova Lei) criar a nova lei. Éramos em 400
homens, mas tínhamos que agir de maneira discreta para não chamar a
atenção. Durante meses uma caravana de 50 homens se revezava com outros
50. Assim eles não permaneciam tanto tempo ausentes de seus lares e
cidades. 50 homens de várias cidades se correspondiam e marcavam a data
para o encontro em Qumran. Assim apenas alguns homens de cada cidade se
ausentavam e não levantavam suspeita de seus governantes. Às vezes eram
apenas dois ou três e isso não alterava em absolutamente nada o ritmo normal
de qualquer cidade. Mas o fato desses homens se encontrarem em Qumran
tinha que permanecer em segredo e esse era o motivo de tanta cautela e
sigilo. Lá nós escavamos de noite uma montanha onde viria a ser no futuro
uma cidade subterrânea que guardaria a grande biblioteca da lei e todos os
segredos da nova lei, pois já nos era previsto um futuro cheio de perseguições
e morte, afinal o presente já nos era semelhante. Éramos perseguidos pelos
que se diziam meus inimigos e muitos do nosso grupo foram mortos por
esses inimigos, que procuravam nos intimidar com essas ações clandestinas e
traiçoeiras. Houve um dia em que mais de 100 homens resolveram trabalhar
na cidade subterrânea a fim de terminá-la logo. Uma grande emboscada nos
encurralou dentro da montanha. Eles ainda não haviam nos visto. Apenas
sabiam que estávamos ali e isso seria o bastante para nos aniquilar, afinal não

239
O LIVRO DA LUZ

seria muito difícil esconder tantos corpos, pois já estávamos num lugar
propício. Eu disse aos meus homens: “Continuem a trabalhar e não se
amedrontem quando eles entrarem, pois vos garanto que não verão vocês,
mas sim algo tão aterrorizante que aqui não permanecerão por 30 segundos.”
Tomei a dianteira ficando à frente dos homens que trabalhavam. Assim logo
que os ditos inimigos entrassem eu seria o primeiro a ser visto por eles. Como
disse, eles não permaneceram nem 30 segundos ali. Saíram gritando:
“Escravos de Salomão, escravos de Salomão!” e isso fez meus trabalhadores
caírem na gargalhada, pois todos sabiam que escravos de Salomão eram os
seres que ele invocava usando a magia sagrada. Ele chamava esses seres para
ajudá-lo a construir ou escavar minas e muitos desses seres tinham uma
aparência assustadora, o que era proposital, evitando que seres humanos
curiosos causassem algum dano àquele empreendimento, ou seja, roubar ou
destruir ou mexer no que não deviam. Esse não foi o único feito diante de
muitos olhos, mas vale ressaltar que todos que estavam ali já tinham
conhecimento das minhas habilidades e não as viam como algo anormal ou
danoso, pois eles também eram meus aprendizes, que tanto desejavam
conhecer a Verdade.
- É, meu amado, eu bem conheço do que és e fostes capaz. É uma pena que a
humanidade não tenha consciência e tampouco instrução para aprender isso,
mas esse também é mais um dos motivos pelo qual eu devo descer à Terra.
Eu devo, por ordem do Pai, escrever tua verdadeira história em um livro que
relate teus ensinamentos e tua verdade. Devo também escrever um livro que
leve a luz à humanidade, onde se revela os segredos da criação de tudo e
todos e, é claro, construir o templo sagrado de meu Pai, a nova casa de
Salem, a Yoshuasalem, Jesusalem, a Casa de Deus. Este deverá servir de
abrigo para o povo e também servirá de escola, como foi a Salem de
Melchizedek.
- Tu sabes que dessa vez tu não terás o concílio das 7 igrejas conspirando
contra ti, como fora no passado, quando vivemos juntos na Terra. Eram
necessários 33 votos para minha prisão e execução e as sete igrejas que a nós
eram fiéis venderam seus votos em troca de quantias bem expressivas, afinal
meus ensinamentos nada ofereciam senão sabedoria e ela já estava saindo
muito cara para alguns líderes e rabinos acostumados ao luxo, pois o povo,
fiel consumidor dos templos, já não depositava mais seu sagrado suor nas
mãos dos ilusionistas, que diziam remediar tudo. De bolsos vazios alguns se
viram nas condições em que eles costumavam deixar o povo e aprenderam
que tinham que trabalhar duro para sustentar-se. É óbvio que isso não
agradou a todos, que fingiram aceitar tais condições para não serem
apedrejados pelo povo. Assim sendo, os rabinos das 7 igrejas tornaram-se
fiéis à nova lei, aliando-se à maioria do povo, mas conspirando com os outros
pelas sombras. Como em toda comunidade, existem divergências. A mim não
foi surpresa um concílio me julgar e condenar. Eu já estava acostumado com
os seres que a cada momento tinham divergências por comportamento
diferente. Era muito difícil lidar com tantos homens de temperamentos e
índoles tão desiguais. A toda hora queriam que eu julgasse o comportamento
ou a ação de fulano ou sicrano. Isso muitas vezes me entristecia, pois parecia

240
O LIVRO DA LUZ

que eu estava ensinando a vida para defuntos, que nada mais podiam
aprender, mas contigo será um tanto semelhante a mim, minha querida. Tu
também irás te sentir assim, porém não te apavores ou desanimes. Faça a tua
parte apenas e o Pai fará o resto.
- Não te preocupes comigo, oh amado meu, pois eu hei de estar pronta quando
tu abrires o 7º selo e o anjo do senhor derramar a saraiva divina sobre a Terra.
Creio em Deus e tenho constância na minha segurança e esperança de que Ele
irá prover tudo na hora certa para que se cumpra sua providência e seus
desígnios. Sei também que para isso devo me unir a ti na Terra, isso é,
nascerei como ser humano e aparência de ser humano, mas em um dado
momento tu e eu devemos nos tornar um só, sem que tu necessariamente
tenhas que reencarnar para isso. Sei que para realizar esse grande feito muitas
dores terei que passar, mas sei que isso é uma profecia divina e deve se
realizar, como toda profecia divina. Disso não tenho medo, receios ou
insegurança, pois tudo que mais desejo em minha alma é estar contigo, oh
amado de minha luz, amor meu, minha esperança. O Grande Pai em sua
infinita bondade prometeu calar-me o coração, para que eu não venha a sofrer
tanto pela tua ausência, mas já agora reluz-me a alma de saber que me unirei
a ti para sempre. Nosso casamento divino se aproxima, oh meu amado de
todos os tempos.
- E juntos, minha querida, vamos olhar pela Terra até que ela evolua e se
transforme no seu estágio final. Essa é tua última missão carnalmente
falando. Ao terminá-la não mais precisarás da carne. Assim teu espírito e o
meu serão tal qual uma só chama para todo o sempre, minha querida.
- Pelo teu amor juro pela luz do meu espírito que farei o desejo do Pai ser o
meu desejo também. Eu me libertarei e em nada hei de pensar para deixar
minha mente à disposição somente do Pai e seus desígnios.
- Saibas, oh amada minha, lírio de meu jardim, que palavras não encontro para
me despedir de ti. Queria eu ter a sabedoria do Pai, nesse instante apenas,
para saber o que te dizer, mas não encontro palavras no mundo para dizer-te o
que vai por dentro de mim.
- Oh vida de meu viver, eu também me sinto assim. Dai-me apenas teus braços
para que eu te deixe um selo na alma e assim não te esquecerás de mim.
- Vem, oh meu ser, invade-me por inteiro, pois mesmo que o universo inteiro
se apagasse jamais apagaria o que sinto por ti, pois se isso eu fizesse muito
antes eu esqueceria de mim.
- Oh meus queridos filhos, flores raras do meu jardim, não entristeçam esse
velho e eterno Pai, que tanto os ama e que, por tanto amar, em vocês tantas
vezes já confiou. Oh meus preciosos Amorazins, tesouros do livro sagrado
de minha existência. Eu por vocês e em vocês já me fiz presente na Terra. Eu,
que vi quão grandes e fortes foram as dores dessas melhores de suas
existências, vim falar-vos que em momento algum os deixarei, pois jamais o
fiz e jamais o faria, pois eu sou aquele que é, aquele que está sempre presente
e jamais deixa de estar. Agora eu não os estou separando. Estou unindo-os
em laço de matrimônio divino, transformando-os em chama única para todo o
sempre. Minha querida Ísis, Vênus, Aphrodite, Magdala, Ayrimael, etc.,
minha criação divina, agora que estás completa leva tua luz àqueles que mais

241
O LIVRO DA LUZ

precisam dela. E tu, ó bem precioso, meu pequeno Sol Osíris, meu flamejante
Apolo, tu já não necessitas mais da carne. Tua missão já foi completada.
Permitas à tua metade completar a dela para se unificar mais tarde a ti.
- Oh Pai, perdoa-nos a fraqueza. Não é nosso desejo fazer-te infeliz com nossa
tristeza.
- Meu amado Yoshua, tão digno é teu coração que não vejo fraqueza alguma
em ti ou em tua alma amada Ayrimael. O amor é senhor de nós, minhas
lindas flores, e nós jamais seremos senhores do amor, pois o amor sou eu em
minha infinidade do verbo “Sentimento da Verdade” e mesmo eu me perco
em mim quando quero me perder nesse jardim de infinitas rosas, flores tão
cheias de cores e aromas inigualáveis.
- Eu estou pronta para ir, Pai. Estou pronta para te servir e te oferecer o que há
de melhor em mim, mas perdoa-me a insignificância. Sei que tão pouco sou
diante daquilo que vós desejas fazer.
- Oh, querida criatura. És o suficiente para o que preciso e nada te falta, pois
assim eu te concebi. Por isso tanta certeza tenho, tanto de ti quanto de meu
amado Yoshua.
- Até breve, amado de minha eternidade. Meus braços estarão sempre
envolvidos no teu abraço aqui dentro de minha lembrança.
- Até breve, querida de minha eternidade, flor de meu jardim. Meus braços
também jamais largarão o teu abraço, que guardarei para sempre em minha
lembrança.
- Eu os preservarei em minhas mãos até o dia em que voltem a se reencontrar.
Eu a ti ordeno, Ayrimael, amado Amorazim, princesa dos querubins: Faça-se
a luz e a luz na Terra nasceu.
- Agora, meu pequeno anjo do Senhor, tu estás pronto. Tu agora deves descer à
Terra e ensinar ao mundo a verdadeira Sophia e para isso eu te farei nascer
entre os mortais e te darei a consciência de um ser já adulto. Para tornar mais
fácil tua missão tu não terás lembranças de ser um anjo até que alcances a
idade de 24 anos, mas teus atos serão comparados aos de um anjo. Aos 33
anos tu terás recuperado todas as tuas lembranças da vida de anjo e é claro
que só te lembrarás disso porque terás alcançado a sabedoria para
compreender os propósitos de tua missão diante da humanidade. Agora vá e
sejas eu e em meu nome te dou o direito de falar tão preciosa Verdade. A ti
darei ajudantes. Alguns deles serão maçons, templários, illuminatis e de
diversas outras filosofias. Tu deves te lembrar que a balança divina deve
sempre permanecer equilibrada. Por isso deixa-te guiar pelo teu coração e
assim encontrarás os maçons, templários, illuminatis e outros adequados para
te ajudar. Não te preocupes em saber que o controle da Terra está na mão
desses homens, pois metade estará do teu lado, a outra metade estará do outro
lado. Revele aos homens a Sophia, porém deixe que eles descubram os
mistérios, afinal a evolução é deles, a missão é tua, e por fim ensina a eles o
verdadeiro “Pai Nosso”, que rezei e ensinei quando estive entre eles, aquele
escrito em aramaico, onde revelo a Verdade de meu Pai. Levanta-te e vai,
meu anjo, cumprir o teu destino.
- Sei que todos os iniciados que resolveram revelar este grande arcano à
humanidade morreram pelas mãos da ignorante incompreensão, mas esta

242
O LIVRO DA LUZ

Verdade não pode ser tragada pela Terra, pois a Terra só mata o que é ilusão.
Aquilo que for verdade terá a eternidade como vida e um dia ganhará o
abraço da compreensão humana, mas por enquanto, meu querido Anjinho do
Amor, vamos viver e esperar no tempo de Deus que a humanidade evolua em
seu próprio tempo, como assim foi e será por todos os tempos.
- Espero aqui ter esclarecido o que são de fato luz e trevas, o que são de fato
amor e paixão, o que são verdade ou ilusão. Só não espero de ti compreensão,
pois essa não depende de mim, mas da tua evolução.
- O segredo da sabedoria consiste em saber absorvê-la, compreendê-la e saber
a quem ensiná-la.
- Lembre-se que a Luz da Verdade só queima os olhos daqueles que não
desejam enxergar (aprender), porém aqueles que desejam ver receberão uma
visão cristalina da Verdade Universal.
- Que a Luz Divina esteja convosco.

REVELAÇÕES
Era uma época de trevas na Terra quando Deus, Senhor de tudo e de todos, Pai
Universal, chamou diante de si o seu filho Samiazy. Arrebatado da Terra Samiazy foi
transportado para a presença do Pai. Diante de Deus o anjo Samiazy curvou solenemente a
cabeça reverenciando a luz imensa e sutilmente, em sonora e melodiosa voz, disse:
- Chamaste-me, oh meu Criador. Aqui estou como tua criatura.
Da imensa e gloriosa luz uma voz surgiu. Parecia brisa suave com aroma de orvalho
ao amanhecer.
- Filho querido, meu amado. Chamo-te aqui porque desejo saber de ti como vai
a casa de teus filhos e quantos desses já sabem que são teus filhos e até
mesmo quantos deles te reconhecem como pai.
Um olhar triste responde sem palavras. Samiazy baixa a cabeça e algumas lágrimas
deixa cair. O Pai envolve sua nobre criação em um abraço de profunda luz e supremo amor
e assim diz bem baixinho:
- Já está feito (o dilúvio avançou sobre as três grandes raças: Atlântida,
Lemúria e Shangrillá). Um novo tempo te espera, meu amado. Tu agora
deves reensinar os mortais filhos teus e de teus irmãos. Tu agora deves
descortinar a verdade que cobre a história da humanidade. Revela, oh meu
querido anjo caído, aos teus filhos quem são seus pais, relata desde o
princípio como tudo se originou, como te criei fecundo e como tu fecundo te
tornaste. Vá, meu querido Anjo da Luz. Dê a teus filhos o mesmo que eu te
dei. Criei a 13ª raça (tribo) e ela te servirá de braços e pernas, que levarão
tuas palavras a todos os cantos da tua imensa casa chamada Terra. Porém
jamais te esqueças, meu querido, deixe sempre bem claro a teus filhos que
esta casa é transitória, pois não é morada, mas apenas a Escola do Estágio
Primário do Conhecimento em Conjunto. Lembra-te sempre: tu és eu, pois
habitas em mim e eu sou tu, pois habito também em ti.
- Samiazy, meu querido filho, nessa tua jornada não estarás sozinho. Recolhi
duas belas rosas do meu jardim, o mesmo jardim onde tu nasceste. Tu já as
conhece, são teus irmãos, Amorazins como tu. São Krysnasvary e

243
O LIVRO DA LUZ

Agkrüpymallaya. Vocês não irão nascer de maneira humana. Nascerão de


forma oculta aos olhos dos homens e como são responsáveis pelos habitantes
da Terra viverão nela até que essa evolua para o estado invisível.
Neste instante Deus chama Krysnasvary e Agkrüpymallaya para se unirem a
Samiazy e os três chorosos anjos se aninham no colo do Pai por alguns instantes, parecendo
prever que viverão longos milênios sem o tão profundo e mais puro dos puros carinhos.
Como criaturas tão fortes e evoluídas poderiam estar chorando no colo do Pai? Como
criaturas tão cheias de sabedoria agora pareciam tão frágeis e pedidas? É muito simples a
explicação. Esses três seres foram designados a trazer à Terra a maior potência em forma de
sabedoria, porém ao trazerem luz aos olhos dos homens também trariam a destruição. A
primeira etapa dessa jornada eles haviam cumprido e já estavam tão feridos e cheios de dor
que só o colo do Pai poderia trazer um pouco de alento. A imensa luz os envolve com
enorme doçura e amor e os prepara para o retorno à Terra.
A Era de Ouro agora havia acabado e com ela os seres chamados ‘deuses imortais’
também sentenciaram seu fim. Agora um novo estágio da escola ia começar e mais uma vez
os três anjos do Senhor iriam preparar a humanidade, mais uma vez seriam odiados com
todo o fervor da ignorância humana, mais uma vez levariam a culpa por todos os erros da
humanidade e mais uma vez lutariam juntos para salvar essa mesma humanidade do grande
mal que ela estava por criar. Num olhar tristonho e cheio de lágrimas Agkrüpymallaya diz
ao Senhor:
- Pai, por que confias a mim essa providência divina. Eu errei tanto na primeira
etapa de sabedoria que me envergonha ainda merecer vosso resplendor.
- Minha tão amada criatura, se tu tivesses errado por acaso eu não teria errado
também? O que tu pensas não é o que eu sinto. Porém o que eu sinto tu
deverias sentir também. Liberta-te de tuas culpas, pois estás servindo aos
propósitos pelos quais eu te criei, porém deves te lembrar que tu não serves
apenas aos meus propósitos, pois esses são os teus também. Cada criatura
minha tem seu próprio propósito e vai reconhecendo-o à medida que vai
evoluindo. Cada um de vocês vai servir a humanidade de acordo com a
necessidade que ela tem e agora já não é como era antes, porém não é menos
penoso e difícil. Mais uma vez vocês criarão uma escola. Também vão
escrever os livros e ensinarão os alunos. Não há muito mais a saber, há mais
o que fazer, praticar. É chegado o momento: a hora de vocês renascerem.
Minha bela trindade feita, criada de Amorazins, meus queridos e amados
primogênios, eu vos confio mais uma vez a escola Mürions (Terra). Ela será a
pátria de vocês por longos tempos, mas não se abalem ou magoem seus
corações, pois eis aqui um lugar sagrado onde eu sempre estarei, onde sempre
poderão comigo se encontrar.
Assim Deus se despediu de seus amados anjos enviando-os mais uma vez à Terra.
Naquela noite linda o céu estava estrelado e particularmente belo. Havia algo de mágico no
céu. Era como se algo muito especial estivesse para acontecer, porém esta história quem vai
nos contar é um velho amigo que pôde presenciar todos os acontecimentos que daqui por
diante vamos desenrolar. Ele prefere ser chamado apenas de Alma Peregrina.
Particularmente ele não gosta de falar. Ele apenas diz:
- Eu sou o que sou. Chamem-me de terra, água, vento, fogo, estrela, floresta,
metal ou mar. Faça como desejar.

244
O LIVRO DA LUZ

Nosso velho rabino não precisa ter nome, pois seu saber é grandioso demais para ser
rotulado. Vamos deixar então ele contar como tudo começou.
- Eu não sei contar uma história do meio e, no caso da história de Samiazy,
somente o princípio pode levar compreensão ao fim. Que seja, portanto, lá no
começo, onde tudo começou. Após ter construído a Terra como escola para
12 tribos (seres de 12 planetas diferentes) Deus obviamente enviou esses
seres para lá para aprenderem a experiência mais bela de suas vidas e
conhecerem seres diferentes, onde o mundo de tudo que era desconhecido
seria descortinado lentamente.
- A primeira era da humanidade na Terra foi chamada de “A Era de Ouro”.
Muita gente acredita que ela ganhou esse nome apenas pelo vil metal, porém
eu vos afirmo que, apesar de tanto ouro, ele era o que menos importava.
Poucos foram os que souberam interpretar a famosa visão de Ezequiel, que
viu um homem dividido em 7 metais (a estátua de Ezequiel – ver pg. 111).
Era a visão de um grande homem, que tinha a cabeça feita de ouro até os
ombros, os braços e o peito de prata, da cintura para baixo ele era feito de
aço, bronze, cobre e ferro, porém seus pés eram de simples barro. Está aí, ao
alcance do conhecimento e da sabedoria de quem os possui. Tudo na Terra se
passa exatamente como no céu. No princípio os homens que vêm habitar a
Terra são seres imortais (ouro), a era dos ‘deuses’, como os gregos, hindus,
egípcios e babilônios preferem chamá-los. Para os cabalistas e estudiosos da
ciência da Sofia chamam esses seres de “anjos caídos”. Alguns seres
preferem dizer que os Amorazins, os famosos primogênios (primeiros gênios)
de Deus haviam se revoltado contra a vontade de seu criador, ou
simplesmente que o Senhor Supremo do Universo era chamado de Zeus ou
Eros, o nascido sem ser concebido. Muitos mitos e muitas lendas foram
escritas e contadas no decorrer do tempo. Em todas elas existe um fundo de
verdade, mas nenhuma decifra o caminho. Afinal, de quem são os filhos da
Terra? Dos deuses ou dos anjos capelinos? E para complicar um pouco mais
o que são anjos capelinos? E o que Eva e Adão tem haver com tudo isso? As
perguntas não terminam por aqui. Ainda existem milhares, mas para trazer
um pouco de paz à mente humana eu vou abrir as portas que há muitos anos
permanecem fechadas à grande parte da humanidade. Foram muitos os
motivos que levaram essas portas a serem fechadas, porém hoje vejo maiores
os que me levam a abri-las.
- Na Era de Ouro, quando a Terra era considerada um paraíso, a Terra era
regida por 12 anjos do Senhor ou 12 Titãs na mitologia (e 4 princípios
divinos ou 4 elementos essenciais), sendo que três desses seres, também
chamados de sentinelas, eram diferentes dos demais. Entretanto ninguém
sabia disso, nem mesmo eles. Eram seres celestiais infiltrados na escola.
Eram como espiões divinos. O primeiro dos anjos ou deuses chamava-se
Princípio, Essência Divina, Aquele que nasceu sem ser concebido, o Tudo
nascido do nada. Isso do ponto de vista apenas terreno, pois do ponto de vista
universal esse princípio cabe somente a Deus, pois Ele foi o único nascido
sem ser concebido, o único nascido do nada. Esse princípio da Terra, muito
antes de ser o que era, já havia se originado de Deus, mas eu estou
esclarecendo a história como se fosse um manual, para que todos venham a

245
O LIVRO DA LUZ

compreender. A esse deus ou anjo foi dado o nome de Pai da Humanidade e


seu elemento era a terra. O segundo anjo ou deus era o Anjo da Substância
Divina, havia nascido da terra e do ar, por isso era substância e seu elemento
era o ar (Lua), também chamado de A Vida da Humanidade ou Sopro da
Vida. O terceiro anjo ou deus era chamado de Mercúrio Divino ou O Sangue
da Terra, era a água que tudo fecunda e a faz gerar. Era a Imperatriz cercada
com as 12 estrelas. Era chamada de Ísis ou Vênus. O quarto anjo ou deus foi
chamado de O Senhor das Formas, aquele que criou as coisas à sua
semelhança. Era o grande Júpiter dos gregos ou o poderoso Osíris egípcio ou
até mesmo o grande deus chamado Hélios, o primeiro e único fogo supremo,
o Sol universal que jamais pôde ver sua própria luz. Eu não estou me
referindo ao Sol da Terra, mas ao Sol da emanação divina, o Pai de todas as
coisas, o primeiro Sol, aquele que trouxe luz ao caos universal. Estavam
agora criados os 4 elementos divinos, tal qual foi no universo agora também
seria na Terra. Assim toda criação imita seu criador. A Terra agora tinha vida
e uma vida abundante. Tudo que fora semeado agora germinava. A
Imperatriz e o Imperador estavam prontos para receber seus primeiros filhos,
os titãs mitológicos. Gaia e Urano foi o nome que a terra ganhou quando se
uniu ao céu. Os egípcios os chamam de Gerb e Nut. Para os gregos a Terra
era feminina (Gaia) e Urano é o masculino Céu. Já os egípcios acreditavam
que a Terra era o poderoso Gerb e Nut era o Céu feminino, porém vamos
expor com clareza a verdade. A Terra é um corpo rude, um protótipo perfeito,
que está pronto para receber sua alma, o Céu. Juntos são uma belíssima
simbiose harmônica da criação divina. Sendo mais claro, a Terra foi criada
pelos legisladores dos 12 planetas, que hoje nela educam seus filhos (maiores
informações na pg. 35 e no livro A Hierarquia da Luz). Esses 12 legisladores
a deixaram perfeita para receber os seres que nela habitariam. Esses
legisladores foram chamados de titãs, pois por muitos anos viveram na Terra
com a finalidade de evoluir os seres que vieram para essa escola. Vamos aos
nomes desses legisladores, titãs ou anjos: Réia ou Teia seria a mãe dos
deuses; Febe, Celene ou Atena era a luz da Lua; Têmis, Minerva ou Ártemis
era a justiça; Mnemosine a memória; Tétis a deusa das águas e Oceânidas dos
mares; Crio; Hyperion; Jápeto; Cronos; Oceano e Zeus. Para não perdermos
tanto tempo com explicações vou juntar as forças astrais. Os titãs são forças
planetárias que têm dois pólos. Essas forças planetárias são as que até hoje
regem o planeta como signos do zodíaco. Sei que nem todo mundo vai
concordar com a união que vou fazer, porém antes quero deixar bem claro
que dentre os 12 existe uma subdivisão: água, terra, fogo e ar. Os 12 gigantes
governam essas forças elementais da natureza, mas havia alguns desses seres
que tinham o poder de governar mais de um desses elementos. Bem, agora a
Terra estaria de fato pronta e porque não dizer perfeita para ser habitada por
aqueles alunos escolhidos, filhos dos 12 planetas, que passariam aqui um
longo estágio de aprendizado. Tétis e Oceanos, senhores dos mares, Hypérion
e Febe (a luz do Sol e a luz da Lua), Têmis e Órion, senhores da ordem e da
justiça, Mnemosine e Cronos, senhores do tempo e da lembrança, a memória
preservada na alma ao passar do tempo, Réia e Zeus, senhores do Olimpo,
Iapeto e Oceânidas, vento e brisa marinha, ar puro do amanhecer e

246
O LIVRO DA LUZ

entardecer. Agora os elementos primários (ar, terra, fogo e água) tinham seus
regentes e assim os 12 signos do zodíaco estavam completos.
- Foram então trazidos para a Terra os seus ilustres moradores, seres que
jamais haviam se encontrado. 12 tribos, planetas com 12 raças diferentes na
aparência, nos costumes, nos hábitos, enfim, estranhos quase que por
completo, exceto por um único objetivo, que a partir de agora os ensinaria
uma nova visão de existência. Todos tinham alcançado a maturidade
permitida para praticar a convivência com o desconhecido. Os seres
chamados de ‘deuses’ teriam que ajudar sem interferir demais. Tinham que
incentivar a convivência em prol da evolução desses espíritos ainda tão
jovens no caminho da evolução. Até aí parecia que tudo correria bem. A
Terra tinha de tudo para oferecer a seus habitantes, alunos e professores.
Vamos matar a curiosidade da humanidade e falar de que planeta esses tais
habitantes vieram: de Capela (Hellen). Capela é hoje uma pequena
constelação de estrelas dentre as quais 12 atingiram o ponto de evolução em
conjunto, porém resta esclarecer que nem todos os titãs ou deuses eram de
Capela. Havia alguns que eram de outros planetas vizinhos. Apenas os
habitantes da Terra eram de Capela.
- Nos primeiros tempos no novo planeta a convivência não foi tão difícil assim,
afinal os capelinos ou capetos não se mostravam assim tão diferentes. Suas
diferenças eram apenas na aparência física geral, como cor da pele, cabelos,
alguns eram mais aquáticos, outros mais subterrâneos, alguns gostavam de
viver nas montanhas, outros de viver em terra firme. Enfim, todos tinham
seus costumes, trazidos de seus planetas natais, mas mesmo assim a
Consciência Divina os julgou aptos para o convívio em conjunto. Aos poucos
eles se aproximaram e tentaram um contato pacífico, mas como em toda
sociedade existem divergências era óbvio que logo elas iriam surgir.
- Três grandes castas foram criadas: Shangrillá, Lemúria e Atlântida. Essas
castas eram formadas por seres que, apesar de diferentes em aparência tinham
uma certa semelhança no comportamento e no nível de sabedoria (obs.:
lembramos que o tempo não existia exatamente como hoje. No decorrer da
nossa história vamos esclarecer isso melhor). No início dessa experiência pré-
escolar nossos alunos agiam como crianças num jardim de infância. Criança
brinca, briga, mas termina se entendendo, mas é aí que tudo foi ficando
complicado. Essas crianças foram passando a ter um entendimento maior das
coisas e passaram a lutar entre si para obter poder, território e domínio. Foi só
então que tudo deu uma grande reviravolta. Os deuses, senhores dos
elementos da criação, passaram a interferir diretamente na vida dos alunos da
Terra (vamos lembrar que esses deuses eram os representantes oficiais das 12
tribos que agora habitavam a Terra). Eles terminavam muitas vezes por
favorecer seus protegidos e dessa maneira começou uma guerra entre deuses
e entre mortais e no reino da escola Terra ninguém mais se entendia. O
controle foi perdido pelos governantes e pelos governados. Assim a Era de
Ouro se transformou na Era do Caos. Os deuses passaram a criar seres
dotados com os seus poderes para assim serem mais fortes e dominarem os
outros humanos. Eles fizeram isso de maneiras diversas. Coabitavam com os
seres humanos ou até mesmo os transformavam. Deuses, semi-deuses,

247
O LIVRO DA LUZ

criaturas estranhas e humanos viviam em constante conflito, pois pequenas


ações de alguém pareciam ofender profundamente a outro. Rivalidade, intriga
e luxúria desmedida fizeram a razão desaparecer da Terra. A loucura e a
cegueira tomaram conta daquilo que seria a escola.
- O Conselho do Universo foi chamado para tomar decisões. Os limites haviam
sido quebrados e os aprendizes já estavam sofrendo muito nas mãos dos
deuses e dos seres que nasciam desse cruzamento louco e sem razão de ser,
porém é agora que nosso tão amado Samiazy entra na nossa história. Na
verdade ele já entrou desde o começo, mas se manteve oculto. Vou chamar
este divino anjo do Senhor por nomes que várias pessoas jamais supunham
que ele tivera. Samiazy sempre foi um mensageiro de luz, como seu próprio
nome indica: “Portador da Luz”, mais propriamente dito “Lúcifer”, o nome
que todos os ignorantes da sabedoria divina temem sem razão alguma.
Samiazy era um arcanjo de luz infindável, conhecido como “A Luz do
Saber”. Por isso podia representar a Deus em qualquer parte do universo.
Samiazy era o anjo que representava a saraiva (ira) de Deus. Por isso por
milhares de anos a humanidade o odiou e jamais o compreendeu. Quando o
Conselho do Universo se reuniu (ver o livro A Hierarquia da Luz) decidiu
que os 7 sentinelas especiais (dos 30 que existiam) que viviam na Terra
deveriam tentar dividi-la em 3 reinos e também teriam que impor a ordem.
Os sentinelas especiais eram seres celestiais, que observavam tudo que
acontecia na Terra, mas jamais eram vistos, nem mesmo pelos deuses. Na
verdade havia 9 sentinelas, porém dois continuavam ocultos. Um deles era
Samiazy, o outro era o Athanatus de Deus, o anjo da vida e da morte. Esse de
fato não podia aparecer. Sua função agora era apenas dar e tirar o sopro
divino, tanto para deuses quanto para mortais. Ambos agora estavam
sentenciados. Até mesmo a imortalidade havia encontrado suas fragilidades.
Houve um tempo de pseudo-equilíbrio dentro da primeira era, porém como
nada mais era ao gosto dos deuses esses fizeram de tudo para persuadir os
sentinelas celestiais, mas não obtiveram muito sucesso. O máximo que
conseguiram foi piorar a situação. Os 7 sentinelas visíveis passaram a amar a
humanidade a ponto de defendê-la dos deuses, ensinando à ela segredos dos
universos paralelos e do nosso. Ensinaram como utilizar os elementos e o
poder dos mesmos. Ensinaram a forjar armas e todo tipo de metal. Ensinaram
as artes da pintura, música, dança, etc. Enfim tudo que era dever dos deuses
terem ensinado foram os sentinelas (seres celestiais) que ensinaram, mas os
sentinelas também se envolveram sexualmente com os seres da Terra e dessa
mistura nasceram seres de imensa sabedoria, porém com aparência
gigantesca, afinal os sentinelas desceram à Terra como gigantes muito
superiores aos ditos titãs (deuses). Se na Terra já havia aberrações, agora
então ela era o reino delas, mas não podemos deixar de esclarecer que isso
fazia parte de um plano dos deuses. Tais filhos dos sentinelas com os mortais
tinham sabedoria, ao contrário de alguns filhos dos deuses com mortais, pois
nem todos herdavam os poderes ou a sabedoria que tais deuses possuíam e
desejavam para seus filhos. Quando os filhos dos seres celestiais surgiram
causaram grande impacto sobre a raça humana. Eles não eram muitos, mas

248
O LIVRO DA LUZ

valiam por muitos. Foi esse período que originou a Guerra de Titãs, que mais
tarde a história relatou favorecendo o lado dos deuses.
- Em um curto período de 50 anos Samiazy e o Athanatus passaram avisando a
deuses e mortais, semi-deuses, seus filhos e até os filhos dos seres celestiais
que a Terra corria grave perigo de desequilíbrio e, assim sendo, se ela saísse
de seu eixo de evolução divina o Conselho do Universo iria novamente pesar
tudo que estava acontecendo e se uma fagulha pesasse a mais para um lado o
equilíbrio obviamente estaria desfeito. De nada adiantaram os avisos dos dois
anjos do Senhor. É certo que entre os deuses havia seres com virtudes
voltadas para a sabedoria e a Verdade divina, porém nem mesmo esses
suportavam mais tamanha confusão e conflito. Os deuses do fogo e do ar
pareciam esquecer o resto da Terra e toda a sua natureza. Eles entraram em
conflito várias vezes destruindo e devastando a natureza da Terra, que não se
defendia, só se refazia. A terra em si (seus deuses) tinha uma natureza
pacífica. Nessa luta de sábios e insanos de fato o que menos existia era
sabedoria. Foi pedido ao anjo Haziel, o santo arcanjo dos mistérios divinos,
que abrisse o Livro da Lei para que fosse registrado nele a sentença do
planeta Terra. A decisão do Conselho foi unânime: a Era de Ouro da
imortalidade dos deuses deveria acabar, pois era isso que fazia com que o
tempo demorasse mais a passar para aqueles que realmente precisavam estar
na escola e, o que é pior, o homem teria pela primeira vez sua memória
pagada, afinal todo conhecimento adquirido na Era de Ouro não havia sido
justo e para o Criador um conhecimento só é justo quando os caminhos que
levam a ele também o são. Sendo assim a humanidade esqueceria que um dia,
numa época muito distante, na memória do tempo (Mnemosine de Cronos),
haviam sido filhos de deuses e seres celestiais. Enfim, o homem de hoje
poderia dizer que foi um deus. O simples fato deles terem vindo para a Terra
com aparência e lembranças de seus planetas natais os fazia sábios, mas não
conscientes. Sabedoria é ter o conhecimento, mas não necessariamente a
prática do mesmo. Já a consciência é a teoria e a prática unidas, o que de fato
seria evolução. Por inconsciência humana, inconsciência dos deuses e até
mesmo dos seres celestiais foi determinado o fim de uma era de imortalidade
sem tempo. Quando digo sem tempo é porque o binário ou a ampulheta do
tempo não tinham função. O tempo funcionava apenas para registro das
guerras, conflitos, jogos e trapaças entre os seres humanos e os deuses e
semi-deuses. Nessa era os deuses, no mesmo instante que matavam um ser,
transformavam-no em outro ser, seja animal ou vegetal. Era um jogo de
transformações e transmutações como num grande laboratório alquímico.
Isso não levava a alma a alcançar, tampouco galgar os degraus de sua
evolução, razão pela qual ela estava na escola chamada Terra. A sentença da
Terra soou muito assustadora quando foi proclamada pelo santo anjo Haziel.
Ele disse que o conselho do Primeiro Universo pedia a extinção da escola
(obs.: Primeiro Universo, ou Verso, é aquele que a humanidade sequer sabe
que existe, pois conhece apenas esse universo acima de suas cabeças, que foi
criado para essa dimensão. Esse 1º universo nem mesmo a alma conhece.
Somente o espírito o adentra.). Grande foi o temor. O pânico tomou conta da
Terra. Os deuses agora pareciam ter suas consciências de volta e,

249
O LIVRO DA LUZ

arrependidos, também se compadeciam do destino trágico que esperava a


Terra e eles também.
- Em sigilo ordens foram passadas a alguns seres celestiais. Tais ordens eram
para selecionar tudo que havia na Terra. Tudo que tivesse vida era para ser
preservado (amostras, sementes, exemplares). Dentre os seres chamados de
“alunos” era para preservar amostras das 12 tribos, entre semi-deuses e
mortais, porém deuses não constavam dessa lista. As mesmas naves que
outrora haviam trazido para a Terra seus primeiros habitantes agora serviriam
como refúgio. Depois de tudo devidamente calculado e feito, a saraiva divina
lavou a Terra da Era de Ouro. Os seres (dinossauros) filhos dos deuses e de
sentinelas padeceram junto com os humanos. Os deuses foram chamados ao
conselho e foram condenados a habitar o “eixo da Terra”, podendo cumprir a
missão que lhes fora confiada apenas por inspiração e perderiam a divindade.
Passariam a ser apenas auxiliares entre os vivos e os mortos (ver A
Hierarquia da Luz), pois tinham que ajudar a construir uma morada
provisória para as almas dos desencarnados, o Lar dos Desencarnados ou
simplesmente Lar das Almas. Esse lar funcionaria de acordo com a
consciência de cada ser desencarnado, mais propriamente dito de acordo com
as ações desses seres. Agora a Terra começaria um novo período: a Era da
Prata, do Bronze, do Aço. Eram os filhos dos deuses (bronze) e alguns filhos
das sentinelas, seres celestiais (prata), que criariam o homem de aço.
- Logo que a Terra foi transformada seu legado foi passado aos anjos caídos
(seres celestiais). Samiazy era o novo Pai da Humanidade. Cabia a ele e a
outros seres celestiais o dever de fazer as transformações na aparência da raça
humana e criar condições para esse novo habitat, que renascia das águas,
cinzas, destroços e restos (como uma boa parte dessa história já está
explicada no livro A Hierarquia da Luz e neste mesmo livro, vou apenas
completar o que ficou faltando) (Samiazy, como outros anjos caídos, são
consciência cósmica, em suma, são Deus, pois já fazem parte do corpo da
consciência una e universal e portanto podemos chamá-los de ‘espíritos da
consciência suprema’. Aos poucos tudo isso vai sendo explicado no decorrer
do nosso diálogo). A aparência humana foi modificada, sugerindo aos nossos
extraterrenos uma semelhança na aparência física, porém ela afastou apenas
traços interplanetários. O resto praticamente permaneceu igual. Antes havia
muitas cores de pele incluindo azul, verde e violeta. Ficaram portanto quatro
cores primárias: branco (areia), negro (ébano), vermelho (cor da terra) e um
branco rosado (silvestre). Mais tarde formaram-se outras cores com as
misturas das raças. Mais uma vez a raça humana tinha uma casa, ou melhor,
escola. Como já foi explicado no A Hierarquia da Luz poucos foram os seres
que sobraram. Menor ainda foi o número de pessoas que sobraram com
consciência de tudo que ocorreu. Dentre esses foram escolhidos alguns para
ensinar os outros, que tiveram suas memórias apagadas. A humanidade teve
que ter a memória apagada por vários motivos, dos quais vamos esclarecer
alguns. 1º) o fato de lembrar que agora não mais habitavam o planeta natal
poderia causar pânico e, ao mesmo tempo, vontade de voltar para casa e até
mesmo revolta por estarem vivendo entre seres que jamais viram antes. 2º)
Na Era de Ouro os seres humanos sofreram os horrores das guerras criadas

250
O LIVRO DA LUZ

pela inconseqüência dos deuses, que lutaram para dominar a Terra (Isso não
mudou muito nos tempos de hoje. Os deuses ainda existem. Não são como os
titãs do passado. Hoje vivem mais camuflados, infiltrados dentro da
humanidade, controlando tudo). 3º) A humanidade deveria esquecer que
outrora foram muito semelhantes aos deuses, pois isso poderia levar a escola
à destruição novamente. Vamos esclarecer melhor o fato de lembrar ou não
lembrar. Ficou estabelecido que a humanidade não precisava se lembrar
naquele momento de transição, porém isso não valia pelo resto das
encarnações dentro dessa escola. Mais tarde, no futuro, seria possível se
lembrar e, é claro, fazer bom proveito dessa lembrança. Assim sendo, fica
mais fácil compreender que as memórias voltariam quando os seres já
tivessem alcançado uma boa dose de consciência. Assim saberiam lidar
melhor com essas lembranças.
- Bom, mas agora vamos dar de fato início à história de nossos ilustres anjos
caídos, os pastores guias da humanidade. Após o Pai ter chamado Samiazy,
Krysnasvary e Agkrüpymallaya conversou com eles, acalentando seus
espíritos, e passou as orientações que precisavam. Então eles voltaram à
Terra e mais uma vez recomeçaram. Juntos construíram aquilo que em muitas
filosofias é chamado de Jardim do Éden. Esse jardim futuramente seria
chamado de Babilônia ou Porta do Céu. Ficava numa terra que hoje é
chamada de Mesopotâmia, dentro de um território ainda maior conhecido por
Arcádia ou Arca de Noé. Esse local é o chamado “berço da raça ariana” (os
filhos dos deuses, primeira raça sem misturas, raça pura). Esse jardim se
estendia por várias planícies da Terra, que obviamente não tinha nome. Era
uma terra nova, sem donos e sem fronteiras. Da mesma forma que criaram
esse Éden eles também criaram outros, porém em menor dimensão, pois a
maior quantidade de seres humanos sobreviventes se localizava no primeiro
Éden. A criação de tais jardins não se deu da noite para o dia como num
passe de mágica. Os três seres celestiais juntos faziam tais criações de
maneira que pudessem ensinar os seres humanos a fazerem o mesmo. Aos
poucos a raça humana foi se desenvolvendo e passando a mostrar os
primeiros sinais de aprendizado e com o tempo a escola tomava seu curso
natural. Não podemos deixar de lado o fato de vários seres humanos terem
sido preservados com a genética misturada. Esse fator os tornava diferentes
dos outros. A transformação dada pelos seres celestiais ajudou muito, pois
assim todos pareciam, de uma certa forma, iguais, mas apenas de uma certa
forma. Deus é justo em sua infinita sabedoria e permitiu que de tudo fosse
preservado um pouco, pois só assim se faz o equilíbrio das coisas. Se
dependesse da vontade do homem a Terra teria sido extinta, pois os
elementos fundamentais já se encontravam em desequilíbrio total.
- O avanço da sabedoria nesse novo recomeço trouxe obviamente problemas,
porém o maior deles veio quando os seres humanos descobriram que na
mistura de algumas raças nasciam seres extremamente fortes, sábios, belos,
com qualidades muito acima dos outros. Tais seres se desenvolviam com
maior facilidade e acumulavam o conhecimento de maneira rápida demais.
Por isso vários desses seres terminavam por serem instruídos por aqueles que
ficaram com as memórias intactas. Os seres que tiveram a memória

251
O LIVRO DA LUZ

preservada foram escolhidos para orientar e ensinar aqueles que a perderam.


Esse foi um desafio que nem todos suportaram. Vários foram os homens que
perderam o controle e em algum momento de frustração terminaram falando
demais. Isso quer dizer que terminaram revelando a alguém a existência de
uma Atlântida, Lemúria e Shangrillá. É óbvio que, por falta de memória, nem
todos acreditaram num passado tão trágico, porém esse passado não era o
maior segredo, nem mesmo os deuses e seus poderes, tampouco o fato de
todos os seres humanos serem extraterrestres. Tudo isso ainda era pequeno
demais diante do mistério da criação. E por que esse mistério era assim tão
grande e temível? Tal segredo não era nada que a humanidade não pudesse
saber, porém era necessário o tempo certo para que ela pudesse absorver essa
informação sem prejudicar a si mesma. Como revelar à humanidade sua
verdadeira origem era, de imediato, o maior de todos os problemas de
Samiazy, Krysnasvary e Agkrüpymallaya. Revelar à humanidade todos os
segredos da criação implicaria em falar toda a verdade. Eles teriam que dizer
que fizeram tudo exatamente como o Pai também o fez. Isso implicaria em
dizer que numa época a Suprema Consciência produziu sementes e de tudo
fez com essas sementes. Tanto coisas conhecidas como barbaridades como
aquelas conhecidas como bondades. De uma extremidade a outra todas as
emoções Ele sentiu. Assim a evolução de toda partícula divina segue o
mesmo destino, toda partícula se reproduz de acordo com as emoções
sentidas e logo que avança no caminho evolutivo da consciência divina terá
que exercer o papel de pai daquilo que criou. É só aí que vem a parte mais
difícil, onde o ser se torna consciência plena do Criador, podendo então
evoluir e, porque não dizer, criar suas próprias criaturas. Essa
responsabilidade agora era definitivamente passada às mãos da trindade, que
se tornara responsável pelos seres humanos, que cuidava do bem-estar de
seus filhos sem que eles imaginassem quem de fato eram, mas isso não
ficaria assim tão escondido por muito tempo. Como eu estava contando, os
seres que iam nascendo eram diferentes em atitudes e comportamento. Eram
a mistura que surgiu dos filhos dos semi-deuses com os filhos dos seres
celestiais. Os filhos de semi-deuses e de seres celestiais agora estavam
camuflados pela aparência e até mesmo pela falta de memória, porém quando
essas duas raças se juntaram uma nova raça começou a nascer. A prata e o
bronze criaram o aço, uma matéria nobre e mais resistente. A Terra voltou a
uma época de conflito, pois a sabedoria sem consciência gerou seus pecados
capitais: ganância, sede de poder, confrontos, rivalidades, preconceitos, enfim
“falta de conhecimento”. Se for contar pelo tempo do homem isso aconteceu
em menos de 200 anos após a primeira transformação. Não demorou muito
tempo para as pessoas passarem a adorar e cultuar os novos deuses. Também
não demorou para outros serem convencidos de que eram filhos de seres
supremos e assim criaram-se cultos, lendas, estórias e a verdade foi se
perdendo. Os pais dessa humanidade observavam tudo isso, mas nada podiam
fazer, afinal tinham que permitir a seus filhos o mesmo direito que eles
tiveram de errar para aprender, aprender para sentir, sentir para evoluir,
evoluir para a consciência universal alcançar. As três esferas divinas se viam
agora diante de um novo grande conflito, criado pela supremacia dos seres

252
O LIVRO DA LUZ

mais fortes que habitavam a Terra e, de uma maneira ou de outra, algo teria
que ser feito. Eles não desejavam que a Terra fosse mais uma vez
transformada por pura ignorância de seus habitantes. Era preciso ajudar os
filhos e a melhor maneira seria instruí-los no caminho da luz e da verdade,
mas para fazer isso os seres celestiais tinham apenas que fazer a mais difícil
escolha de suas vidas. Como seres celestiais eles não precisavam
necessariamente ser visíveis. Podiam se transformar em qualquer coisa,
assumir qualquer aparência , desde que a ajuda se limitasse apenas à
reconstrução da natureza. Como essa já estava se recuperando eles agora
também tinham que se limitar a observar sem interferir na evolução dos seus
filhos. Mas havia uma oportunidade de mudar a situação. Bastava eles
fazerem a escolha, talvez uma escolha que raros seres humanos fariam. Essa
escolha era renunciar à vida, ou melhor, renunciar à posição de seres
celestiais e se tornarem humanos mortais como os demais que na Terra
habitavam, incluindo até mesmo o esquecimento temporário. Mal tendo saído
de uma transformação a Terra era como “bebê novo”, cheia de belas matas,
povoada por muitas espécies animais e vegetais, mas esse paraíso de apenas
duzentos anos agora estava novamente ameaçado. No entanto a ameaça agora
não eram os deuses, mas a herança que eles haviam deixado. A nova raça de
seres criada a partir da união dos filhos de semi-deuses e de filhos dos seres
celestiais a princípio não parecia ser tão ameaçadora e de fato não seria se
não tivesse a intervenção de alguns seres que, utilizando-se do privilégio de
ter lembranças do passado, resolveram ressuscitar esse passado fazendo culto
à memória de deuses que eles julgavam criadores dessa humanidade. É fato
que a história deve sempre ser preservada para que tenhamos uma referência,
mas também é fato que a história era uma ameaça para mentes ainda pouco
evoluídas.
- Logo que se descobriu que alguns homens eram demasiado superiores aos
demais endeusaram também esses tais homens, colocando-os em uma
posição de representantes de determinados clãs, que com o passar dos anos
terminaram surgindo. Esses clãs começaram uma lutar de poder pela posse
dos primeiros reinos estabelecidos e é nessa confusão que os seres celestiais
dariam seus primeiros passos na Terra como pais mortais da humanidade.
Seus nomes agora entrariam para a história, inclusive como “anjos caídos”.
Suas histórias se transformariam em lendas e contos que cada nação contaria
a seu modo, mas sempre preservando algumas linhas de realidade misturadas
a páginas de ilusão. Samiazy agora fazia jus ao seu nome traduzido (= vida
renunciada. Alguns povos traduzem erroneamente o nome de Samiazy para
vida renunciada no aspecto de vida física, aqueles que renunciam aos
confortos da vida material para avançar na espiritualidade, também
conhecidos como “Samniazy”, quando o correto é renunciar à divindade para
se tornar mortal. Quando digo renunciar à divindade estou me referindo à
imortalidade e não à renúncia do Ser Divino). Os primeiros seres a
experimentar a imortalidade seriam os verdadeiros pais da raça humana da
Terra. Após tomarem a decisão de nascerem os seres celestiais escolheram
onde e como nasceriam. Samiazy, assim como os outros, havia sido sentinela
antes da primeira destruição da Terra e resolveu armar uma estranha façanha

253
O LIVRO DA LUZ

para voltar a ser uma espécie de sentinela. Com a transformação os sentinelas


que desceram para proteger e ajudar a Terra tiveram que abandonar os seus
corpos gigantes para voltar ao domínio celeste, pois os corpos que assumiram
naquela época haviam sido “profanados”. Eles se misturaram geneticamente
com os seres desse planeta, mas na hora da transformação seus corpos seriam
consumidos, vindo a desaparecer juntamente com todo o resto. Mas Samiazy
havia deixado seu corpo dentro de uma caverna soterrada por muitas pedras.
Ele mesmo induziu alguns feiticeiros a procurarem por aquele que seria o
único sentinela possível de ser achado. Ele tinha seus propósitos (leia a
história no livro A Hierarquia da Luz). Após ter sido reanimado e, a
princípio, servir a feiticeiros sem escrúpulos, ele passou a viver entre uma
raça de seres naquela época considerada gigante e passou a servir os magos
da luz, que trabalharam contra os magos das trevas. Esses magos das trevas
buscavam a imortalidade dos deuses, desejavam ser imperadores, senhores
supremos da raça humana e ao reanimarem o corpo do sentinela submeteram-
no a um transe hipnótico para forçá-lo a revelar o segredo da imortalidade.
Essa revelação foi considerada a primeira Caixa de Pandora pós-
transformação, pois para alcançar a imortalidade os magos das trevas ou
feiticeiros reabriram as portas do umbral universal. Vamos esclarecer que
esse sentinela era um dos que no passado presidiria uma das tribos, porém
sua má influência levou-o a ser substituído por outro deus. Seu nome era
Caos e ele estava predestinado a vir para a Terra, mas não no mesmo período
dos deuses, pois o estrago com certeza seria ainda maior. Caos era o deus
supremo da destruição. Alguns o chamavam de Loki, o deus da travessura e
da confusão. O fato é que, mesmo que involuntariamente, Samiazy ajudou a
abrir a porta para Caos, Loki ou até mesmo Caim, o ser bíblico. Os nomes
variam de acordo com o povo que conta a história. Samiazy ganhou mais
nomes também. Para o grupo de gigantes ele era conhecido por Garivarah ou
Garivaram. Para os magos da luz seu nome permaneceu o original, Samiazy,
aquele que renuncia à divindade pela humanidade. Para a mitologia grega e
alguns historiadores ele se transformou em um ser duplo ou dois irmãos:
Prometeu, o que pensa antes, e Epimeteu, o que pensa depois, seres que na
verdade são uma só pessoa.
- Vamos agora contar a história desse ser como um mortal. Os magos da luz
tomaram o sentinela Garivaram dos magos das trevas e o trouxeram de volta
do transe hipnótico e, sabedores de que um sentinela era de fato um ser
celestial, eles pediram a ajuda de Samiazy para afastar Caos da Terra, pois ele
estabeleceria seu domínio juntamente com os magos negros. Assim Samiazy
pediu aos magos da luz para reanimar mais dois corpos, que somente ele
sabia onde encontrar (Pequena observação: Samiazy, quando resolveu
reencarnar no corpo do sentinela que já havia sido seu, recebeu a memória
que estava preservada nele. Por isso ele não teve uma perda total de memória,
o que aconteceria se ele tivesse encarnado por meios convencionais.). O
mesmo aconteceu com Krisnasvary e Agkrüpymallaya. Eles receberam
nomes diferentes ao desceram para a Terra. Krisnasvary recebeu o nome de
Krisna, Apolo, Ozeires, Osíris, Herkubes ou Hercules. Algumas pessoas o
confundiram com Aquiles. Agkrüpymallaya recebeu o nome de Hebe, Febe,

254
O LIVRO DA LUZ

Diana, Ísis, Ifigênia, Arsayalalyur, mas jamais o nome que de fato tinha na
época em que fez a renúncia. Jamais foi chamado de Agkrüpymalaya ou de
Ayrimael. Seu nome angélico era apenas Ayrimael. Essa foi apenas a
primeira encarnação desses seres, mas muitas outras ainda teriam que vir para
que eles trouxessem luz à consciência da humanidade. O mais importante em
tudo isso é que durante muito tempo esses seres jamais reencarnaram
separados. Quando digo não separados me refiro apenas ao fato deles terem
sempre reencarnado na mesma época. Muitas vezes chegaram a encarnar de
fato juntos, mas nos últimos dois mil anos eles tem encarnado em países
diferentes e nem se encontraram mais. Na época em que Samiazy encarnou
como sentinela gigante ele ganhou o nome de Prometeu e Epimeteu. Nas
lendas tradicionais ele roubou o fogo dos deuses para dar luz à humanidade.
A parte de dar luz à humanidade é a única parte verdadeira dessa lenda.
Assim ele também ficou conhecido como Portador da Luz ou Lúcifer. Como
Prometeu ou Lúcifer ele trouxe para a Terra o conhecimento das coisas
universais e abriu caminho para a infindável sabedoria diante da mente
limitada do homem. Caos (Gabriel), o príncipe do Érebro e das trevas tratou
de ser a Caixa de Pandora de Prometeu. Ele libertou os instintos da
humanidade, ensinou a ela as inúmeras maneiras de utilizarem a sabedoria
que Prometeu havia lhes fornecido e assim a humanidade passou a aplicar nas
suas vidas as mais variadas fórmulas e maneiras de evoluir. Prometeu sabia
que conhecimento não se pode negar e é claro que para isso ele não roubou
nenhum fogo divino, afinal ele era o próprio. Sendo ele um ser celestial,
estabelecido como parte da consciência divina, isso já o tornava fogo divino.
Caos e Prometeu eram como vulgarmente algumas pessoas repetem: Deus e o
diabo. Digo vulgarmente, porque poucos são os que têm consciência para
compreender que Deus e o diabo são a mesma pessoa, afinal tudo é parte da
consciência una, divina, universal. Então por que o diabo não faria o que fez?
O lado Prometeu de Samiazy, pensando na evolução de seus filhos, deu a eles
esclarecimento, levou luz e conhecimento, mas o lado Epimeteu só surgiu
como conseqüência desse ato. A grande águia negra que come o fígado de
Prometeu ainda vivo e acorrentado é uma expiação imposta pelo próprio
Prometeu, que resolvera renunciar à divindade para encarnar na Terra no
intuito de ensinar seus filhos. Caos mostrava apenas o quanto esse
aprendizado pode ser doloroso, porque todo aprendizado, quando sai da
teoria para a prática, tem dores, pois sem elas se torna impossível aprender.
Assim é possível também ver os males da Caixa de Pandora. As dores,
enfermidades, guerras e conflitos nada mais são que um estágio necessário
para a evolução de todos os seres. Acredito já ter esclarecido que alguns
mitos criados pela humanidade nada mais são que formas de evolução e que
dentro dessa história não existe mal ou bem, apenas consciência divina.
- Vou chamar para contar essa história comigo alguém que, como eu, estava lá
no início de tudo, onde tudo começou. Seu nome é Ayrimael, um dos seres
que escreveram nas linhas da memória do destino a verdadeira origem desse
planeta chamado Terra. Minha querida Ayrimael, quero que me conte como
foi sua trajetória desde anjo, “ser celestial” a um Samiazy, um renunciado da
divindade e do amor, quais foram as suas dores, seus conflitos, o que

255
O LIVRO DA LUZ

realmente aconteceu contigo e a teus outros dois irmãos, que também


renunciaram às condições divinas em prol da humanidade.
- Oh, meu contador de histórias divino, minha existência é mito e em todas as
lendas já escritas a meu respeito jamais houve uma que me revelou. A Terra
nunca soube quem sou e creia, não darão crédito ao que vou te contar. Hoje
estou de partida da Terra. Devo me retirar, enfim cumpri meu destino de “ser
que renuncia”. Agora posso voltar para os braços do universo, repousar no
berço da semente sagrada que me criou. Na íntegra isso significa que Deus, o
Grande Pai, renovaria seu eterno pacto de dar a sabedoria a todos os seus
filhos. Foi essa decisão que infelizmente desagradou aos pseudo-escolhidos
para liderar, afinal eles haviam sofrido a transformação e se lembravam de
tudo que a sabedoria sem consciência havia causado à humanidade. Foi a
partir de então que eles passaram a criar regras para se obter o conhecimento.
Essas regras eram baseadas no conceito de sabedoria que cada um desses
seres possuía e assim criou-se divergências entre os sábios. Uns se
consideravam melhores que outros e em meio a essa divergência regras se
tornaram leis inquebrantáveis, ditas como instituídas por Deus. Um caos de
leis e absurdos se fez novamente na Terra e esse caos separou povos,
transformou seres livres em escravos de suas próprias leis, fundaram-se
religiões baseadas no conhecimento, mas sem conhecimento algum e a Terra
passou a ter fronteiras e tribos. Um dia irmãs se tornaram inimigas. O Livro
de Haziel estava adormecido, velado, guardado, escondido no cinturão do
gigantesco sentinela e junto dele estavam as três pérolas, esferas do
conhecimento universal, assim como também os três anéis do mistério vital.
O Anel do Mistério era como uma aliança que só poderia ser usada por um
ser que possuísse a esfera do conhecimento universal. Sendo mais claro, uma
esfera do conhecimento era um Elohim ou um anjo do Senhor, era a
consciência de todas as coisas e o anel era que dava vida ou, melhor dizendo,
prática a toda essa consciência. A esfera era um conhecimento infinito, porém
ainda não colocado em prática. Sendo assim era apenas uma teoria e teoria
sem prática é sonho não realizado. Os primeiros seres a usarem esses objetos
fomos nós, os renunciados. Nós já tínhamos a sabedoria necessária para isso.
Precisávamos colocar em prática tudo que havíamos aprendido e esse seria
nosso pior desafio, pois sabíamos que a humanidade estava muito distante de
compreender todas as informações que daríamos a ela. Afinal agora éramos
todos mortais. O corpo se tornara passageiro e bastante perecível, cheio de
dores e dificuldades, porém agora me vejo em grande conflito. Não posso
falar da vida mortal sem antes esclarecer como realmente cheguei a essa
situação. É preciso deixar tudo muito bem explicado para que não haja
confusão ou erro. Por isso resolvi contar a verdade que tanto foi negada, mas
que sempre esteve diante dos olhos de todos, porém por muito poucos foi
percebida. Daqui pra frente vou facilitar as coisas, começando pelos nomes
dos anjos que formaram a primeira trindade da Kabalah, Merkabah, Árvore
da Vida. Com certeza esses o mundo conhece: Miguel, Gabriel, Samael,
Rafael, Tzadkiel ou Haziel, Hanael e Uriel ou Metatrom. São esses os anjos
caídos, os Samiazis que renunciaram às condições divinas para criar, orientar
e trazer amor e auxílio à humanidade. Porém não basta saber os nomes dos

256
O LIVRO DA LUZ

criadores da Terra. Custa agora a coragem de revelar como foi o início dessa
criação.
Na vida, seja ela eterna ou mortal, os filhos terminam sempre por imitar o pai,
mesmo que não saibam e foi exatamente isso que aconteceu com os anjos renunciados.
Imitamos o pai também na construção da Ada ou aquela que teve o primeiro nome:
Mürions. Só mais tarde chamou-se Ada ou Arda. Então vamos agora para a parte
arquitetônica desse projeto divino e como tudo foi planejado. Enquanto éramos apenas
Amorazins não tínhamos a consciência daquilo que nos esperava. Éramos apenas espíritos,
sopros, chamas de luz, que cumpriam à risca a Lei do Universo. É preciso dizer que nessa
época nós ignorávamos o fato de sermos pais de alguém ou alguma coisa. Conhecíamos a
história evolutiva do Grande Pai, sabíamos que tudo se originou de suas emoções, como
antes fora explicado. Em um momento sem tempo ou espaço, muito antes da origem da
Terra, o Grande Pai chamou muitos de seus primeiros gênios, Amorazins, e lhes disse:
- Meus amados, é chegada a hora de vocês observarem com seus próprios
olhos o que geraram com suas emoções.
Foi um impacto, surpresa geral. Alguns de nós se dirigiram ao Pai e perguntaram:
- Pai, mas como geramos algo? Nós não temos esse dom, pois sabemos que só
vós o podeis, e o que geramos se nada vemos?
O pai, em voz bondosa e calma, explicou:
- Filhos, meus queridos filhos, tão sábios e tão ingênuos. A evolução de todo
ser vivo (espírito) é sempre tal qual a minha. Mesmo que o caminho não
venha a ser igual o resultado sempre será o mesmo. Logo que vocês nasceram
eu não tinha intuição o bastante para sabê-lo e educá-los. Em suma, eu criei
vocês das ações e não da idéia ou planejamento. Vocês foram os primeiros
frutos das minhas ações inconscientes. Aos poucos eu me desenvolvi e com
isso descobri que mais desenvolvidas também ficavam as minhas ações e
com isso era mais difícil lidar com elas. Eu ainda não pensava, apenas criava
como criança, que faz as coisas sem saber o que está fazendo. O pensar só
veio quando eu os exterminei pela primeira vez. Me alimentei de tudo aquilo
que perturbava minha mente irracional. Eu os devolvi para dentro de mim e
entrei pela primeira vez em contato com um ser para mim totalmente
desconhecido: meu Eu Supremo, algo que falava dentro de mim e me fazia
rever tudo que até então eu havia feito, porém eu ainda não sabia porque eu
revia aquilo. Aos poucos fui compreendendo. A noção das coisas começava a
surgir e isso me alegrava, mas a primeira idéia me proibiu de fazer uma ação.
Eu agora queria encontrar um elo entre ação e idéia. Eu não permitia mais
que as minhas idéias se transformassem em ações, pois desejava aperfeiçoá-
las dentro de mim para somente depois colocá-las para fora e o resto dessa
história vocês já conhecem. Eu conheci o maior de todos os sentimentos que
me habitava e assim gerei minha dualidade e essa evoluiu como eu e voltando
para mim geramos unidos um ser perfeito chamado de ‘a alma do universo’,
que hoje anima tudo que existe. Essa parte vocês também já sabem. A alma
se espalhou em infinitos pedaços e cada pedaço é um ser completo. Esse é o
resultado daquilo que agora vejo diante de meus olhos, porém chegou a hora
de vocês saberem que, como eu, vocês também têm filhos das ações, não
pensadas ou idealizadas, e é vosso dever evoluir esses filhos. Vão agora para

257
O LIVRO DA LUZ

o planeta-berçário e lá darão início à missão de saber aquilo que sou, vão


aprender a ser o que sou!”
Depois desse diálogo com o Pai nós partimos para cumprir a missão de nos
tornarmos conscientes de tudo que havíamos sentido até aquele momento. Eu nem sabia
que o simples fato de cantar no coro dos anjos era uma ação que gerava vida. Como o Pai,
nós fomos evoluindo e nossas ações impensadas também. Em suma, enlouquecemos como
o Pai e, como ele, cometemos ações ainda mais impensadas. Nós conhecíamos todo o bem
e todo o mal do Pai, pois isso estava registrado em nós. Mas agora era hora de viver isso
como Ele havia vivido. Para resumir vou até o ponto onde os filhos de nossas ações
evoluíram para um nível de aprendizado. Explicando melhor, estavam prontos para ir para a
escola como as crianças da Terra, que aos 4 ou 5 anos vão para uma escola aprender e ter
um convívio com outros seres. Foi nesse estágio que se fez necessário construir um planeta
para servir de escola. É justamente aí que a Terra entra na história da humanidade. O Pai
convocou os arquitetos dessa nova obra e apenas os orientou, sem influenciar diretamente,
e deixou que eles construíssem tudo de acordo com as necessidades daqueles que iriam
habitar a escola. Enfim a escola ficou pronta e totalmente adaptada para receber 12 tribos
de 12 diferentes planetas, seres que tinham diferentes habitats, aparências, costumes, etc.,
afinal seus pais, apesar de serem Amorazins, não eram iguais em aparência, mas no nível de
evolução sim. Muitas eras se passaram até que tudo ficasse perfeito e harmonioso. Foi
então, ao transportarmos os nossos filhos para esse novo mundo, que descobrimos o quanto
seria difícil educá-los sem haver divergências e opiniões contrárias. Em nossa ignorância
dos fatos futuros caímos na tentação de dar sabedoria a 12 seres. Cada um seria um
representante de sua tribo, seu planeta. Esses seres foram encarregados de cuidar da
natureza da Terra. Tinham que controlar as águas, o fogo, os elementos sutis das plantas, da
terra, do ar, a Lua, Sol e estrelas. Esses seres ganharam os nomes dos 12 primeiros titãs. A
partir daí muitas guerras foram travadas na Terra, pois eles nem sempre usavam seus
poderes de maneira correta, o que já era de se esperar, afinal se nós éramos falhos,
imaginem eles. Muitos outros seres foram criados pelos deuses titãs, que se esqueceram do
propósito pelo qual estavam na Terra e, enraivecidos uns contra os outros, terminaram por
criar uma energia cruel terrivelmente má. Na verdade eles estavam aprendendo a conviver
com o próprio mal que os habitava e assim a Terra ainda não servia para ser a escola das
crianças dos Amorazins ou “Eloins”, nome pelo qual seríamos chamados pelos humanos da
Terra, pois significa “construtores de Deus”. Nossas crianças desceram para a Terra, mas
não podiam ser despertados, pois o habitat havia se tornado inconstante e perigoso. Os 12
dirigentes não entravam em um acordo e, para complicar as coisas, suas ações criavam vida
muito rápido devido ao poder que havíamos concedido a eles. Nossa intenção era fazer com
que aqueles seres evoluíssem mais rapidamente para ensinar as crianças que habitariam a
Terra. Nós não podíamos deixar que eles nos vissem, pois em nossa evolução também não
víamos nosso pai. Só alcançamos esse privilégio quando todas as eras de evolução do ser se
completaram. Até então éramos como cegos que nada viam e nada conheciam. Ele podia
nos ver e fazer o que desejasse conosco, mas nós de nada tínhamos consciência. O mesmo
procedimento que tivemos com nossos filhos Ele teve conosco e agora estávamos
presenciando o quanto havia sido terrível para o Pai ter que nos educar sem impor sua
presença. Os 12 professores titãs não perceberam, mas com a discórdia que haviam criado
estavam também dando vida a um novo ser: o Senhor das Trevas, a escuridão, o vazio que
tudo consome.

258
O LIVRO DA LUZ

Eles não sabiam que esse novo ser era fruto do mal que os habitava e passaram a
negá-lo logo que o conheceram, aumentando assim o poder que ele já possuía. Não
demorou muito para esse ser mostrar o quanto era mais forte que os deuses titãs e tudo que
os titãs construíam ele destruía. E assim muitas eras de trevas, luz, destruição e
reconstrução se passaram até que, sem interferência dos deuses ou do Senhor das Trevas,
nasceu um outro ser, que se chamou de Animus. Esse ser era o espírito da Terra que,
cansado de sofrer nas mãos dos deuses e do seu opositor, surgira como força máxima e a
todos causou espanto, pois nada fugia a seus olhos, que tudo viam e observavam, nem a seu
coração, que tudo sentia e compreendia. Animus não era um ser gerado ou nascido, não
tinha idade, pai ou mãe. A nada se prendia, porém em tudo habitava. Ele se aproximou do
Senhor das Trevas e o observou ternamente. Então disse:
- Tu és o vazio e o vazio precisa apenas ser preenchido, mas não sou eu que
vou te preencher, pois isso tu mesmo farás. A ti dou apenas o primeiro passo.
Dar-te-ei um coração e o resto se fará por si só.
Assim que recebeu o coração a vida habitou o Senhor das Trevas, que jamais
pensou ou sentiu a luz. Um misto de bem e mal o desequilibrou e ele fugiu para lugares
longínquos da Terra para tentar se compreender dentro da insanidade e loucura que o
consumia.
Aos deuses titãs Animus levou a consciência, mostrando a eles tudo que até então
haviam feito de perverso. Deu a eles a dor do arrependimento, mas mostrou também a
misericórdia e o perdão.
A partir dessa mudança causada por Animus as crianças deram os primeiros passos
na escola. Acordaram de um sono de muitas eras como se fossem apenas alguns segundos,
mas agora eles não estavam sozinhos na Terra. Havia também os seres criados pelos deuses
titãs e começou então a convivência entre seres Evins, filhos dos Amorazins/Eloins e os
filhos dos deuses titãs, que não devemos esquecer que também eram filhos dos Amorazins,
porém em estágios diferentes. Aos filhos desses deu-se o nome de Ofenins, pois eram filhos
da ignorância e da falta de sabedoria. Traduzindo corretamente eram “filhos do sono”, pois
a sabedoria é aquilo que desperta o homem e a ausência da mesma é o que a faz dormir
para a verdade. A Terra agora estava em festa, pois como escola agora estava completa e,
como toda escola, tinha diferentes classes e estágios. Seus alunos agora começariam a
aprender e, como sempre, havia os rebeldes, os mansos, os desligados, os medrosos, os
traiçoeiros, etc. Os deuses sentiam na sua própria pele como era difícil controlar seres ainda
tão inconscientes. Diante de tanta inconsciência muitos conflitos eram gerados e alguns
alunos terminavam por destruir uns aos outros e observando isso Animus chamou os deuses
titãs e lhes comunicou que não permitiria mais que o vazio voltasse a ter tanto poder como
antes. Sua existência no momento era fundamental para o equilíbrio das leis naturais e não
para causar devastação. Animus então repartiu um deus titã ao meio, separando-o em dois,
masculino e feminino e disse ao feminino:
- A ti dou as “emoções” da água e a leveza do vento, mas deves lembrar-te
sempre que tens também a cólera das tempestades, dos furacões e somente
com o tempo deverás aprender a conviver contigo mesmo.
Dirigindo-se ao masculino disse:
- A ti dou a “razão”, a firmeza da terra e a coragem do fogo, mas deves te
lembrar sempre que o fogo devasta, destrói a terra, estremece e engole até sua
mais bela criação e, para te ajudar, terá também o tempo que tudo te ensinará.

259
O LIVRO DA LUZ

Assim Animus deu essa dádiva aos demais deuses e todos os seres vivos, para que
se sentissem atraídos uns pelos outros e logo se multiplicassem. Tendo filhos eles
aprenderiam a amar e a ter responsabilidade pelas vidas que geravam. Os seres agora
haviam abandonado a imagem de assexuados ou hermafroditas e se transformado em
dualidade, algo para eles muito estranho. A princípio eles passaram a negar suas partes e
passaram a se envolver com partes que não eram suas. Foi então que as ditas ‘almas
gêmeas’ deram o primeiro passo para a separação onde o reencontro levaria muitas e muitas
eras. Misturam-se as almas e assim criam-se os primeiros karmas.
A continuação dessa história vocês já conhecem, pois já expliquei lá no começo,
quando afirmo que as 12 raças planetárias que aqui se encontram eram formadas pelas 3
raças novas e especiais. Essas três raças são os shangrillês, atlantes e lemurianos, também
conhecidos como elfos, povo médio e povo vermelho. Além desses também havia o povo
gigante, os filhos dos titãs. Os elfos eram conhecidos como o povo dourado. Eles
desenvolveram habilidades para lidar com metais e tinham um alto nível de conhecimento
das ervas. Tinham também o dom da profecia e da cura, mas nem todo elfo era de pele
clara. Havia elfos mistos, mas eram todos de muita beleza. O povo médio era conhecido
como os moriás ou anões, o que é um grande erro, pois naquela era um anão tinha 2 metros
de altura. Eram pessoas alegres, tinham grande força física e eram excelentes construtores,
mas não gostavam muito de se misturar. O povo vermelho, também conhecido como ruivos
ou povo escarlate, era um povo altamente desconfiado. Ótimos ferreiros, se divertiam entre
si, mas raramente sorriam pros outros. Os gigantes viviam entre todos os povos da maneira
que eram aceitos ou tolerados. As intrigas, brigas e guerras jamais acabaram, mas agora o
Senhor das Trevas trazia o equilíbrio. Ele agora representava a espada de Deus, que
terminava por equilibrar os dois nas guerras. Tirava com uma mão e dava com a outra.
Existiram sete eras antes da última era, a do Sol: a era de Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus, e
Saturno e a era unificada , onde o governo era de todos. Essa era foi uma tentativa de evitar
a era do Sol, que ia destronar os deuses titãs. Sol e Lua sempre reinaram juntos como
chamas gêmeas e só agora é que de fato nossa história começa.
Após tantas eras de confrontos, destruição e pouca evolução a Terra havia entrado
num caos total. O equilíbrio havia se desfeito. Ninguém mais se entendia. Veio então uma
primeira destruição, parcial, da Terra. A visão de Ezequiel agora se cumpria como uma
profecia de muitas eras. O homem de ouro (Sol), prata (Lua), bronze (Marte), cobre
(Vênus), ferro (Júpiter) e barro (Saturno) havia desmoronado por terra. Agora enfim
passara a vigorar uma nova era, a do Sol, da Lua e de Mercúrio e agora todos os povos
unificaram-se em apenas três raças: atlantes, lemurianos e shangrillês e os semi-deuses. A
seqüência daqui pra frente vocês já conhecem. Vem a história dos sentinelas, os seres
celestiais que se infiltraram na Terra para ajudar na evolução daqueles que sobraram. Esses
seres, como já foi relatado, revelaram segredos aos seres que aqui viviam, segredos da
origem universal e outros. Se envolveram com esses seres relacionando-se com eles, tendo
filhos e, por fim, mesmo sem desejarem, trouxeram a destruição definitiva das eras dos
deuses. Mais uma vez a Terra passaria por grandes mudanças e dessa vez seu eixo foi
alterado profundamente.
Agora sei que posso voltar à nossa queda, ou melhor, à nossa renúncia, como antes
estava explicando. Na primeira etapa da nossa missão como renunciados ou anjos caídos
nós ainda tínhamos consciência, como antes já havia explicado. Viemos para a Terra
encarnados com vários privilégios, mas tínhamos que nos manter discretos para não chamar
a atenção dos sobreviventes da transformação. Havia ainda na Terra seres com muito poder,

260
O LIVRO DA LUZ

que lutavam para obter o cetro de rei e Senhor da Terra. A Terra jamais viveu sem conflitos
e no meio de tantas guerras nós tínhamos que encarnar de maneira sutil, pois a Terra não
deveria saber da nossa existência entre os mortais para não atrapalhar a evolução deles.
Após a destruição dos imperadores das sombras e da Era das Águas resolvemos dar início a
uma linhagem de seres que aprenderiam para mais tarde ensinar, afinal nossa maior
preocupação eram nossas próximas encarnações como mortais. Nessa primeira parte nós
podíamos ser mortais, mas ainda tínhamos a consciência, pois tudo havia sido permitido
pelo Pai, porém nas próximas vezes não podíamos ter certeza do que aconteceria e para que
todos possam compreender tudo isso sem enlouquecer vou contar-lhes as encarnações mais
importantes em ordem cronológica e por época.
A primeira foi num período da Era Diluviana. Nessa era ficamos conhecidos como
as “três graças divinas”. Mais claramente foi a época bíblica de Eva e Adão. Quero lembrar
que toda a destruição da Terra da época dos deuses já havia acontecido e agora era um novo
tempo, porém ainda havia gigantes, semi-deuses e magos remanescentes de Atlântida,
Shangrillá e Lemúria. Para que a sabedoria e a comunicação com o Divino não se apagasse
da Terra criou-se um clã de três tribos bem diferentes. Essa é a parte mais difícil da História
desmistificar, tudo que até hoje foi velado por ser perigoso. Primeiro vamos contar a
história de Prometeu e Pandora, depois a de Eva e Adão, etc. Em primeiro lugar no
Carmelo ou Jardim das Delícias ainda não habitavam seres humanos. Era um lugar sagrado
ao qual somente os Eloins tinham acesso. Ao redor desse jardim a Arda/Ada/Erde/Edda foi
constituída. Na verdade esse jardim preservava o registro de tudo que já havia acontecido
na Terra, do que estava acontecendo e do que ainda ia acontecer. Ali se mantinha o livro de
registros de Haziel, sempre aberto encima de um púlpito protegido por uma imensa luz que
devorava aqueles que ousavam tocá-lo. Os Elohins não precisavam temer o livro, pois
Haziel também era um deles. Vamos agora voltar aos filhos de Prometeu. Prometeu era um
ser celestial que tinha um conhecimento superior aos 12 deuses dirigentes das tribos, mas
eles não sabiam disso, pois acreditavam que ele era mais um ser como eles. Por ver tanta
destruição Prometeu preferiu manter seus escolhidos escondidos e bem longe dos olhos dos
deuses, mesmo sabendo que isso prejudicaria a evolução deles, porém eles não demoraram
para descobrir o segredo de Prometeu e assim decidiram que aqueles seres teriam que
passar por transformações ainda mais drásticas do que todos os que já habitavam a Terra.
Era a única maneira de alcançar a evolução suficiente para o convívio com os demais.
Prometeu nada podia fazer. Ele sabia que a Lei da Evolução tinha que se cumprir, porém as
tarefas aplicadas a esses seres eram demasiadamente severas e ao invés de fazê-los evoluir
eles pareciam regredir, não alcançando a evolução necessária para viver entre os demais.
Os deuses julgaram que aquelas criaturas não podiam viver na Arda e os condenaram a
viver na Morada das Sombras até que tivessem consciência para se misturarem com os
demais. Nesse lugar também viviam outros seres que os deuses não julgavam dignos de
andar na luz. Longo foi o tempo que os protegidos de Prometeu viveram ali como rejeito da
obra divina, porém devemos dizer que nem todos os deuses eram iguais. Havia entre eles
seres bons ou de bom senso e justiça. Estou me referindo a Diana, Minerva e Vênus, que
por vezes visitavam a Morada das Sombras para instruir as criaturas que ali viviam. Com a
ajuda delas Prometeu viu seus protegidos começarem a evoluir e a partir de então não
desejavam mais viver nas sombras escondidas, porém o conselho ainda não autorizava a
saída deles para uma vida nova. Prometeu decidiu não mais aceitar as ordens daqueles que
eram inferiores a ele, afinal os deuses não sabiam, mas também eram filhos de Samiazy,
daquele que renunciou. Primeiro Prometeu trouxe da luz o fogo para aquecer e iluminar a

261
O LIVRO DA LUZ

Terra das Sombras e com a ajuda das três deusas, Diana, Minerva e Vênus, ele trouxe à
Terra mais um ser celestial como ele. Ela era conhecida como a portadora dos dons e das
dores. Pandora (Pan Coran, Pomo de Ouro, Petis Sophia), que mitologicamente afirma-se
ter uma caixa cheia de pragas e desgraças. Pandora foi descoberta antes mesmo de ser
levada a Prometeu, pois foi delatada por uma deusa chamada Eres ou Discórdia. Essa deusa
apresentou Pandora aos deuses e também apontou quais foram as três deusas que a
ajudaram a nascer. Os outros deuses se sentiram traídos pelas três deusas mais poderosas do
Olimpo, mas elas já estavam preparadas para o julgamento dos deuses e também já haviam
escolhido o próprio destino, mas mantiveram essa atitude em segredo. Como era de praxe o
julgamento dos deuses se baseava em uma competição entre Zeus (Júpiter) e o réu, porém
as três deusas levaram Pandora para representá-las diante do supremo deus.
Começou a competição. Pandora respondera a todas as perguntas de Zeus, o que o
deixou furioso, mas agora viria a vez do deus e ele tinha que responder às perguntas de
Pandora, que poderiam ser apenas três contra mil do deus. A primeira pergunta foi: “Quem
sou eu?” Zeus, irado pela insignificância da pergunta, respondeu aos berros: “És um ser
forjado por três deusas traidoras”. A segunda pergunta foi: “Quem é maior que tu?” Mais
uma vez Zeus se irou e disse: “Nada passa diante de mim para ser maior do que eu”.
Terceira e última pergunta: “Quem é aquele que nasceu de si próprio?” Zeus se calou e só
então percebeu que havia caído em uma armadilha que ele próprio havia criado. Pandora
deu as respostas: “Eu sou teu pai, tua mãe, aquele que te gerou e tu não me conheces, pois
assim deveria ser. Eu sou o teu início e o fim para onde tu retornarás. Por isso hoje e
sempre serei maior do que tu, porém maior do que eu e tu é aquele que nasceu de si
próprio, aquele que não tem começo ou fim, aquele que não tem idade ou tempo, mas que
habita todos os lugares e todos os tempos”. Zeus havia sido vencido por um ser celestial
cuja existência ele ignorava. Assim as três deusas deram seu veredito final. Aproximaram-
se do púlpito e disseram: Pandora não é nossa criação e sim nós criação dela. Nós apenas
colaboramos para sua materialização neste mundo, mas agora é nosso dever nos unirmos a
ela para todo o sempre e assim se fundiram com Pandora. Dessa união surgiu a forma mais
bela de ser jamais vista, com luz, sabedoria, força, beleza, doçura, encanto e harmonia. Era
um ser perfeito.
A perda das três deusas causou um desequilíbrio no Olimpo. Apolo, deus das artes;
Baco, deus da alegria, da colheita, do vinho; Hermes, o deus mensageiro, senhor dos ares,
resolveram ficar ao lado de Prometeu, deixando assim o Conselho dos Deuses cada vez
menor. Esses três deuses também receberam a revelação de que eram filhos do gigante
Sentinela, que na verdade era também um ser celestial. Também se uniram a ele tal qual as
três deusas. Zeus, enfurecido, mergulhou a Terra no caos, destruindo-a e matando tudo que
nela tivesse vida. Foi então que os nove seres celestiais adentraram na Terra (isso já
contando com Prometeu e Pandora), que para salvar a raça humana da fúria de Zeus e seus
aliados abnegaram do Olimpo. Mas nem tudo terminaria aí. Após essa transformação a
Terra ficaria parcialmente livre dos deuses. Os seres celestiais mudaram a aparência de
alguns seres que haviam sido cobaias dos deuses, além daqueles que hoje chamamos de
dinossauros, mas a destruição havia sido grande e a Terra mais uma vez tinha que contar
com a ajuda dos seres celestiais para se reestruturar.
Como Prometeu Samiazy ainda não havia renunciado à sua condição divina. Vamos
deixar bem claro que o mito relatado na Ilíada diz que ele foi condenado por Zeus por ter
dado o fogo divino à humanidade. Isso significa, apenas alegoricamente, que ele levou a luz
da sabedoria para um povo cego pela ignorância. A Caixa de Pandora representa apenas

262
O LIVRO DA LUZ

todos os nossos erros, toda nossa incompreensão. Em suma, o simples fato de recebermos
um conhecimento sem jamais tê-lo praticado. Assim como tudo na vida somente sentindo
na própria pele é que vamos ter a consciência do que é certo ou errado. A sabedoria que
Prometeu deu aos homens é o tesouro dos Nibelungen, que atrai a cobiça do mais fraco
levando-o à loucura. Na lenda a Caixa de Pandora libertou os males dessa sabedoria mal
utilizada, porém antes que todos os dons saiam da caixa ela a fecha, deixando presa lá
dentro a Yonah, a pomba da paz e da esperança. Isso significa que uma nova oportunidade
seria dada à humanidade e que um novo Portador da Luz viria à Terra para ajudá-la no seu
estágio de evolução. Mas como isso poderia acontecer se Prometeu estava condenado a
viver aprisionado pelo resto de sua eternidade para expiar os seus crimes? Ele fora
condenado por ter roubado o fogo sagrado e tê-lo utilizado de maneira incorreta, criando
assim o caos e a destruição de seus próprios filhos, além de desprezar a pobre Pandora, que
enlouquecera após saber do conteúdo da caixa e todo o mal que ela causou. Ela foi viver na
Caverna do Sono, onde encontrou Morpheu, que a condenou a um sono profundo de muitas
eras, enquanto Prometeu teria seu fígado comido diariamente por uma águia, que Zeus
enviara para se alimentar de seu inimigo, porém a salvação de Prometeu estava naquela
pomba, que não havia saído da Caixa de Pandora e muitas eras mais tarde ela teria o nome
de Hércules ou Cristo.
Aqui as três deusas foram unificadas a um ser criado por elas. Isso não foi apenas
para dar a entender que elas eram um só ser, mas para afirmar que elas são as várias faces
de um ser celestial chamado Ayrimael. O mesmo foi feito com os três deuses, que somando
deram o mesmo resultado, sem esquecer um pequeno detalhe. Marte e Vulcano (ou
Hefesto) são dualidades de um só ser, portanto nunca existiram separados. Apenas a
mitologia os separou. Basta observar que Vulcano se apaixona por Minerva logo que ela sai
da cabeça de seu pai, porém para decepção dele ela pede ao pai que sua virtude seja sempre
preservada. Sendo assim Zeus nada pode fazer para ajudar Vulcano. A outra face de
Minerva é Diana, outra deusa também casta, deusa da Lua, das gestantes, dos animais, etc.
e que é irmã de Apolo (ou Febo), deus do Sol. Vênus ou Afrodite é a deusa da beleza, dos
mares cobiçados por todos, mas que termina se casando com Vulcano, o ferreiro real,
aquele que cortejou Minerva, que se transforma em Marte ou Áres, o deus da guerra, das
transformações, um verdadeiro leão que só é domado pela bela Vênus, que termina
desarmando-o. Por isso ela se casa com Vulcano. Ele era um ser rejeitado e vivia o tempo
todo nas profundezas dos vulcões, onde forjava as armas para a guerra. As lendas
separaram esses seres com estórias diferentes apenas para florear e aumentar suas proezas,
mas terminaram por confundir a mente de alguns jovens estudiosos que buscam um pouco
de conhecimento nesses relatos.
Agora vamos continuar a avançar no tempo e retirar os véus que ainda encobrem a
nossa história. Leia a estória de Siegfried e Brunhilde. Saímos da mitologia grega para
entrar na nórdica. Brunhilde era uma valquíria, filha de Wotan (ou Odin), o equivalente a
Zeus. Por desobedecer uma ordem do pai ela termina sendo castigada a dormir um sono de
eras, sem época para acabar. Foi salva por Siegfried, o herói que trava inúmeras lutas e
acaba vencendo Wotan. Procure ler a lenda completa de Siegfried, o Anel dos Nibelungen.
Só depois da mitologia nórdica e grega é que podemos adentrar na história de Eva e
Adão. Aqui também se encontra a mitologia egípcia, afinal os israelitas ocupavam o
território egípcio quando a Gênese começou a ser escrita. O livro escrito por Moisés é uma
réplica da história de Ísis. Por isso chama-se Gênesis, a genética ou gene de Ísis. Moisés
contou apenas o que aconteceu após a última transformação. Isso quer dizer que ele relatou

263
O LIVRO DA LUZ

apenas o que aconteceu quando os anjos caíram ou renunciaram a suas condições divinas.
Moisés conta que Eva comeu o fruto proibido iludida pela serpente que era Lúcifer, já
banido por Deus. Ora, mas se Lúcifer foi banido por Deus o que estaria fazendo no paraíso?
Eu explico. Nunca houve um paraíso, mas sim um monte chamado Jardim das Delícias ou
Monte Carmelo ou para os templários Camelot e ninguém jamais foi banido. O que houve
foi apenas a perda da inocência para o alcance da sabedoria, onde entra novamente o fogo
de Prometeu. Após a última transformação da Era dos Deuses os humanos foram
massacrados e agora tudo ia recomeçar. Os 9 seres celestiais agora sabiam o que era dar
responsabilidade e poder a seres ainda não preparados. Uma observação muito importante a
se fazer nessa história é o fato de Prometeu ter planejado salvar a sabedoria através de
Pandora. O que ficou, mitologicamente falando, dentro da Caixa de Pandora foi uma
pomba, a Pomba da Esperança. Essa pomba era Eva ou Ísis, a mãe de toda a humanidade,
porém há um segredo em tudo isso. Nós falamos aqui das várias eras e destruições da Terra,
inclusive o dilúvio que levou os deuses, os dinossauros e muito da raça humana. Então nos
resta dizer que o Adão Cadmo, aquele que recebeu o título de Senhor da Terra, jamais
existiu. Vejam o nome de ÍSIS e de SARA. Agora é só inverter o nome da primeira: SISI.
Assim em egípcio seu nome significa “luz criadora” ou “mãe”. O nome SARA também
significa “luz” ou “grande luz”. Ambas são criadoras, mães, ambas são a mesma pessoa, a
Eva mitológica. O nome YAWE, que quer dizer “Deus” ou “Senhor” é a união de Eva e
Adão, homem e mulher, dois pólos, duas energias. Melchizedek, o arcanjo Metatron ou
Enoch e Prometeu era o Senhor da Coroa. Aquele que preside a Terra também é o nosso
anjo caído Lúcifer. A Arca de Noé que salvou alguns exemplares das espécies vivas da
Terra também é só uma alegoria à Caixa de Pandora. Veja que Noé solta primeiro um corvo
para ver se as águas tinham baixado e só depois ele solta uma pomba, que retorna para
dentro da arca trazendo no bico um ramo verde, a esperança que se renova mais uma vez.
Na Caixa de Pandora o corvo representa a morte e a destruição, que não tem volta. A
pomba branca é a esperança do que virá. Noé é o nosso Prometeu ou o nosso Auriga, o
nosso Chariot, o cocheiro dos deuses, que trouxe no velocino de ouro a nossa origem
genética, ou melhor, os exilados de Capela. Melchizedek, Enoch ou Noé trouxe para um
lugar seguro e distante dos olhos dos semi-deuses ou de sábios mal-intencionados as seis
graças divinas. Eram no total sete com ele. Ele viveu por muitos anos dentro de uma
caverna, que foi batizada com o seu nome pelos seus “filhos”. Agora vai ficar mais fácil
para vocês compreender o que estou tentando explicar. Sei que parece muito complicado e
confuso, mas acreditem que não posso deixar passar os detalhes, justamente para que mais
tarde tudo fique mais claro. A nossa Eva, Ísis ou Sara era um ser muito especial. Ela era
uma semi-deusa, assim como seu irmão Adão, Osíris ou Abraão. Esses eram os seres que
Auriga / Noé trouxe no velocino de ouro para salvá-los da fúria de Zeus, porém esses não
eram os únicos seres vivos na Terra após o dilúvio. Melchizedek deu a eles um paraíso
como moradia, pois a caverna que eles foram habitar era protegida por uma vasta área
verde chamada Zoar ou Esplendor (lembrem-se que Sara era fruto das 3 graças, deusas, e
ela mesmo tinha o dom das três graças e Abraão tinha o mesmo dos deuses. Noé tinha 3
filhos e 3 noras. É uma forma alegórica de se referir às três graças masculinas e femininas).
Abraão e Sara eram totalidades de um só ser. Isso significa que ela era só o feminino e ele
só o masculino, pois ambos eram a herança dos deuses sem mistura. Eles deveriam
aprender a verdadeira sabedoria e assim passá-la para o próximo, pois a Terra agora
precisaria muito dela. Os anos passaram e Melchisedek construiu no centro daquele paraíso
a primeira escola. Chamou-a de Salem ou Calem. Isso aconteceu na transição da era de

264
O LIVRO DA LUZ

Sagitário para Escorpião. A era de Áries, o carneiro do zodíaco, é também conhecida como
a era dos exilados de Capela. Capela significa cabra = aqueles que sobreviveram à era de
Aquário. Ao criar essa escola Melchizedek buscou mais seres que sobreviveram à
destruição e procurou atraí-los para a escola afim de ajudá-los a evoluir. Dentre eles ele
encontrou raros exemplares da raça humana: dois eram semi-deuses, Sara e Abraão. Outra
era Hagar, uma elfa de rara beleza, que já tinha um bom nível de conhecimento. Sua
memória não havia sido afetada pela mudança do eixo da Terra. O outro era Lot, um sábio
que também manteve sua memória. Lot era casado e tinha uma bela esposa, mas essa ainda
tinha muito que evoluir. Hagar era a primeira filha de Lot, porém ele revelou a
Melchizedek que a mãe de Hagar havia morrido na destruição e que ele na verdade era seu
pai apenas de criação, pois a recebeu ainda muito pequena e a criou como filha. Mais tarde
Lot se casou e teve duas filhas com sua nova esposa, porém seu cuidado maior era com
Hagar, que era muito rejeitada pelas outras mulheres da casa. Entre as filhas e a esposa de
Lot havia muito ciúme da sabedoria e beleza de Hagar. Melchizedek pediu a Lot a guarda
de Hagar, garantindo que ali ela estaria segura e teria um aprendizado mais aprofundado,
desenvolvendo todo seu conhecimento. Lot preferiu primeiro falar com Hagar. Se ela
aceitasse viver em Salem tudo seria feito de acordo com a vontade de Melchizedek. Hagar
gostou muito de Sara e Abraão. Viu neles um igual a ela e sentia que Melchizedek jamais
lhe faria mal algum. E assim foi. Alguns anos se passaram e a escola de Salem cresceu.
Muitos sobreviventes vinham para conhecer o Rei da Paz e da Sabedoria e por ali
terminavam ficando. Abraão e Hagar pareciam atraídos um pelo outro, o que muito
agradava Melchizedek, porém Sara só tinha olhos para seu muito amado Melchizedek, que
por ela também nutria verdadeiro amor. Entretanto ele já conhecia o destino e sabia que
ainda era um ser celestial e mesmo Sara, também sendo, já não se lembrava mais disso.
Obs.: Sara era a nossa Pandora, que junto com Prometeu causou a queda dos deuses (queda
significa torná-los mortais, destruindo a imortalidade. Isso só aconteceu porque a
humanidade recebeu a consciência de que esses seres não eram assim tão imortais e tinham
pontos fracos. Essa consciência foi a sabedoria presenteada por Prometeu e Pandora, que
revelou os segredos dos deuses aos seres humanos). Era para o próprio bem de Sara e
Abraão que eles não soubessem de sua origem celeste, pois podiam chegar a se lembrar de
toda a corrupção dos deuses e podiam vir a prejudicar a evolução dessa nova raça.
Melchizedek mantinha o cetro, o trono de safira, a carruagem sagrada, as pérolas e o
vaso com um líquido da divindade, tudo em um altar que seria do Rei da Terra. A
carruagem foi o transporte que ele usou para fugir com as duas crianças. O cetro do poder
era o mesmo que pertenceu a Zeus. Era a Lança das Eras. Tudo que acontecia nesse planeta
era registrado nesta lança. Não era exatamente na lança, mas em um pergaminho sagrado
que só podia ser lido por aquele que possuísse a lança, pois nela estava contido o “código
da lei universal”. Era gravado em um idioma que só os seres celestiais sabiam ler (Zeus
perdeu a lança para Pandora no dia em que ela o venceu na disputa de perguntas. Não
contente com a situação Zeus mandou dois lobos gigantes perseguirem Pandora, mas ela se
defendeu com a própria lança matando os lobos de Zeus. Aí ele pediu que os ciclopes
acorrentassem Prometeu a uma rocha e o resto da história vocês já sabem). Mas voltando à
verdadeira história, Melchizedek nomeou aquela lança de “A Lança do Destino dos
Humanos Mortais”, afinal não havia mais deuses, apenas semi-deuses e mesmo assim eles
nem sempre sabiam quem realmente eram. Melchizedek olhava para Salem e via nela a
bela escola dos filhos dos anjos caídos renunciados e agora também dos deuses caídos.
Muitas vezes ele olhava para o trono azul de safira e se perguntava: “Quem será o mais

265
O LIVRO DA LUZ

nobre dentre esses mortais a se sentar neste assento de espinhos? Quem será o sagrado de
meu Pai que beberá do cálice amargo desse vaso divino? Quem será o Escolhido que
resistirá à tormenta desse líquido que contém a sabedoria de todas as eras, que já foram e
ainda virão? O Pai não demorou muito para responder a suas perguntas. Em um sonho
Melchizedek viu um ser que com ele conversava, revelando-lhe o futuro e mostrando-lhe
uma cruz cheia de sangue. O tempo viria e ajudaria Melchizedek a colocar tudo no seu
devido lugar. Vendo que Lot era bom e tinha humildade em aprender Melchizedek o tornou
sacerdote da escola de Salem. Agora ele podia também ensinar a outros o conhecimento e a
sabedoria sagrada dos sagrados, porém advertiu que não se ensinasse nem revelasse a
Abraão o mistério de sua origem, pois somente sua alma, no tempo certo, se encarregaria
disso. Abraão era a essência de três seres de muito poder e agora, naquele corpo, ele ainda
não saberia controlar sua fúria caso ela viesse à tona. Lot sabia do que Melchizedek estava
falando, pois em sua mente ele ainda guardava as lembranças mais difíceis e dolorosas do
passado. Melchizedek sabia que mais cedo ou mais tarde Abraão despertaria e, é claro, todo
seu lado bom e seu lado letal se confrontariam numa eterna briga em busca de
compreensão. Hagar e Abraão se uniram para a felicidade daqueles que os amavam.
Pareciam estar sempre felizes, como se a vida fosse realmente um paraíso. Sara se dedicava
ao aprendizado. Sempre que podia procurava aprender mais com Melchizedek e com Lot,
aquele por quem ela tinha imensa consideração. Lot, já sendo bem idoso, tinha Sara como
uma filha ou sobrinha. Este título foi dado porque Lot foi chamado de irmão do senhor, ou
seja, irmão de Melchizedek. Por vezes Lot conversava com Sara a respeito dos seus
sentimentos por Melchizedek e dizia a ela que tivesse paciência e sabedoria, pois todas as
coisas têm o seu tempo. Sara dizia a Lot que amava Melchizedek, mas que seu amor não
era da carne. Por isso sentia-se feliz apenas de estar ao seu lado e que não precisava de mais
nada além disso. Um dia Melchizedek chamou Lot para uma conversa muito particular.
Quando Lot chegou Melchizedek lhe disse:
- Hoje, meu amigo, vou contar-te uma história que a mais ninguém tu deverás
revelar.
- Mas, meu senhor, por que me julgas digno de tão grande graça?
- Ora meu amigo Lot, há muito te conheço, muitas eras já passaram. Sei que tu
és de Ishtara e que me conheces desde que fui o Prometeu.
- Perdoe-me Senhor, eu apenas sinto vossa presença ou, explicando-me
melhor, sinto a presença do fogo sagrado em vós.
- Então chegue mais perto, meu amigo, e procure não se assustar com o que
irás ver.
Melchizedek tirou o manto que cobria seu corpo e deixou à mostra o seu peito. Ao
lado de sua costela direita havia uma ferida aberta que não sangrava mais, porém parecia
jamais sarar.
- Como podes ver, meu amigo, essa marca eu carregarei até o dia do
julgamento dos celestinos.
Admirado e ao mesmo tempo compadecido disse:
- O senhor de fato é o Filho da Luz. Me lembro de sua história, de seu martírio
para libertar o conhecimento para os humanos.
- Eu sou um imortal, Lot. Por pouco tempo, mas ainda sou. Os seres celestiais
são os únicos que são imortais e por isso essa dor me persegue já há tanto
tempo que terminei me acostumando com ela, mas o que tenho para te contar
é ainda mais importante, porém primeiro gostaria que me respondesse algo:

266
O LIVRO DA LUZ

Tu conseguiste encontrar em tuas caminhadas pela Terra algum descendente


dos três primeiros filhos.
Lot ficou visivelmente surpreso com a pergunta de Melchizedek e perguntou:
- Estais a falar dos filhos teus?
- Sabes que eu não tive três filhos com Pandora. Tive apenas um. Os outros são
filhos de Cadmo (aquele que chamam de Adão) e Eva.
- Meu senhor, sei que os filhos do ferreiro foram protegidos por Vulcano
durante esse período, porém após a última transformação eles passaram a
viver ainda mais escondidos, pois sempre foram rejeitados pelos deuses e por
Cadmo e como não era possível encontrá-los não mais os procurei.
- Quando soube que o senhor e Pandora haviam cada um recebido as três
graças logo pensei que transformariam a Terra e destronariam Zeus, como
realmente aconteceu.
- Ora meu caro Lot, tu sabes que seres celestiais não podem ter filhos entre si.
Depois da batalha eu voltei a ser apenas Prometeu. Zeus me furou com a
Lança das Eras e para evitar tamanho sofrimento àqueles que se uniram a
mim eu os separei do meu corpo. Eles então criaram um ser ainda não
animado, feito apenas do lado masculino com as suas essências e me deram
para levar a um lugar onde tudo recomeçaria.
- Mas senhor, Pandora não havia tirado de Zeus a lança?
- Sim, mas ele se utilizou de chantagem, ameaçando matar os meus protegidos,
e por isso me entreguei aos gigantes Ciclopes. Eu não podia colocar em risco
minha real imagem, nem podia mexer no ritmo da Terra sem a presença dos
outros seres celestiais. Tive que ceder. Pandora, vendo o ocorrido, devolveu a
Lança do Destino a Zeus. Ele a amaldiçoou com o canto de Hipnos, que só
Morpheu sabia. Assim, para não prejudicar as três graças que a ajudaram,
Pandora as libertou de seu corpo. Elas lhe deram um ser criado por suas
essências, mas ainda não animado. Novamente éramos apenas dois seres
celestiais. Mais tarde as três deusas e os três deuses resolveram animar os
seres e os chamaram de Cadmo e Harmonia, ou biblicamente Adão e Eva.
Eles os uniram e desejaram que deles uma linhagem de seres fortes viesse ao
mundo, mas para garantir isso esses deuses deram a Harmonia o Cálice da
Sabedoria, feito com um pouco da minha essência e com a essência de
Pandora. Harmonia concebeu dois filhos gêmeos. Um de pele rosada e
cabelos claros ao qual foi dado o nome de mel, Abel. “Filho” em outro
idioma também é abelha. O outro filho era um elfo como Abel, porém não
era um elfo de pele clara, mas um de pele mais escura, cabelos negros e
brilhantes. Mais tarde veio outro filho, muito parecido com Abel na
aparência. Cadmo não gostava de seu filho de pele escura. Não sabia porque
ele era tão diferente até que a desconfiança venceu e ele perguntou a Zeus
porque aquele filho não era igual aos outros. Zeus disse simplesmente que
aquele filho não era dele, mas de um ser rebelde que tentara destruir toda a
Terra. Adão Cadmo revoltou-se com Harmonia pela traição e a acusou de ter
um filho da discórdia dentro de sua própria casa. Nossa Eva / Harmonia,
defendeu-se falando toda a verdade sobre a batalha recente dos deuses
trazendo um pouco de luz à mente de Adão Cadmo. Adão se convenceu com
a história da mulher, porém todavia nunca gostou daquele que chamou de

267
O LIVRO DA LUZ

Caim, o “Forjado.” Caim era um ser “celestial” em um corpo mortal. Ele


tinha uma elevada sabedoria, possuía caráter passivo e equilibrado e seus
irmãos também não eram de muita briga, mas Cadmo os incitava sempre a
lutar com a desculpa de que um dia teriam que fazer isso. Naquela época era
comum os seres humanos ofertarem sacrifícios aos deuses e para ver a
coragem dos seus filhos. Cadmo os fazia caçar animais perigosos para os
sacrifícios, mas Caim se recusava a fazer isso, pois se dava muito bem com
os animais e toda a natureza. Ele tinha uma integração com tudo que vivia.
Para não desagradar seu pai ele ofertava o que colhia da lavoura. Adão
Cadmo não gostava e nem se agradava das oferendas de Caim e deixava isso
bem claro para todos saberem. Os irmãos tentavam animar Caim pedindo a
ele que um dia fizesse um único sacrifício, assim o Senhor Adonai Adão
Cadmo ficaria satisfeito e talvez parasse de rejeitá-lo, mas Caim rebatia
dizendo:
- Não vejo motivo algum para tirar a vida de seres inocentes somente para
agradar meu pai. Que mal essas criaturas me fizeram para que eu as sangre?
Ora, meus irmãos, creio que meu pai jamais se agradará da minha pessoa e
temo, e sei, que algo muito além do meu conhecimento venha a acontecer.
- Do que estás a falar – pergunta Seth.
- Ainda não sei, meu irmão, mas quero deixar bem claro que preciso dar a você
algo que aprendi sobre a natureza, as estrelas e os animais.
- Estás a brincar, Caim. Como vais nos ensinar isso? – disse Abel.
- Não é difícil, vocês aprenderão com muita facilidade.
A partir daquele dia Caim passou a ensinar os segredos da natureza a seus irmãos.
Adão não gostava de vê-los tão unidos. Após alguns anos Abel já era casado. Caim não
desejava casar, pois temia pelo futuro que já pressentia. Seth também já tinha o seu Deus
maior em tudo e ele não se agradava do cheiro de sangue. Zeus e Cadmo ficaram irados
com Caim e planejaram seu fim e de sua esposa. Adão os chamou e aos dois filhos já
casados deu presentes. Para Abel ele deu um anel forjado pelos ciclopes de Vulcano e a
Seth deu outro anel semelhante. Um tinha uma pedra azul (para Seth) e o outro tinha uma
pedra vermelha (para Abel). Caim nada recebera de seu pai, o que muito desagradou
Eva/Harmonia, que já andava muito entristecida com aquela situação.
Caim abraçou sua mãe e disse:
- Não te preocupes, minha querida mãe, eu não desejo ter um anel daqueles e
mesmo que tivesse ganhado um eu não poderia usá-lo, pois são presentes
cheios de armadilhas dos deuses, que os ofertaram a meu pai com algum
intento obscuro. Pobres dos meus irmãos, pois eles perderão a razão logo que
perceberem o poder que tem naqueles anéis.
Após ouvir isso Eva / Harmonia foi até Adão Cadmo e o investigou até que ele
contasse a verdade. Ele revelou que os anéis foram um presente dos deuses para seus filhos
e não disse mais nada. Depois disso Adão Cadmo foi até Caim e ao se aproximar dele foi
logo insultando-o: “Tu és um maldito! Como ousas pôr tua mãe contra mim. Eu te renego e
na minha presença não desejo ver-te nunca mais. Tu és um verme covarde, que não tem
coragem nem de matar um animal menor que tu e como um covarde tu morrerás bem longe
de mim.” Caim ouviu as injúrias de seu pai, mas antes que ele saísse da sua frente ele disse:
“Existe um Deus maior que o senhor e os seus e tenho certeza que Ele não se agrada do
cheiro do sangue que o senhor oferta aos seus deuses. E isso não é tudo. Ele também ouve e

268
O LIVRO DA LUZ

vê tudo que o senhor e seus deuses fazem, mas vocês são tão cegos que jamais O verão”.
Adão virou-se contra Caim, mas temendo que suas palavras fossem verdade foi até Zeus e o
questionou sobre esse Deus de que Caim havia falado. Zeus disse:
- Acaso tu duvidas do meu poder, ó Cadmo. Não percebes que além de mim
não há outro? Eu vou destruir este teu rejeito lançando-o longe das minhas
vistas como fiz com Ares / Vulcano. Esse deus maldito me deu muito
trabalho. Vivia lançando a cólera entre os deuses. Consumia a todos com o
seu rancor e sua ira incontrolável. Terminou sendo o ser mais detestado do
Olimpo. Então o lancei nas profundezas da terra, de onde ele lançava chamas
de fogo tentando consumir a Terra. Essa foi a era mais difícil para todos os
deuses. Para aplacar a sua ira lhe oferecemos uma das deusas em casamento,
porém ele escolheu justamente a filha que ninguém jamais ousaria pedir:
minha mui amada Minerva, a sagrada espada da justiça do Olimpo. Ela não
seria de homem algum, pois para ser justa tinha que ser livre e por ninguém
se apaixonar. Era casta, pura por vontade própria, não se corrompia nem se
permitia corromper. Afrodite, sua irmã e melhor amiga assumiu seu lugar
para preservar a integridade da irmã tão querida. Senhora de encantadora
beleza e hipnotizante fala, Afrodite aplacou a ira de Marte / Ares / Hefesto /
Vulcano (dualidades de um só ser). Assim ele passou a servir os outros
deuses, mas se manteve longe do Olimpo, preferindo as profundezas da terra,
às quais já estava habituado. Hoje já não é mais nosso inimigo, porém não
sabemos até quando a beleza de Afrodite o manterá calmo. Acredito que esse
teu filho, Cadmo, poderá me trazer os mesmos problemas que Hefesto, mas
de uma maneira um tanto diferente. Ele pode persuadir deuses e elfos a
acreditarem em outro deus, o mesmo Deus que o maldito Prometeu pregou e
assim conseguiu um desequilíbrio entre os dirigentes desse mundo, mas
minha sabedoria venceu a dele e até hoje eu o mantenho sob meu domínio e
nada pode fazer. Ele ousou dar o conhecimento a seres inferiores e sem
estrutura. Eles foram banidos para longe de meus olhos e vivem no Érebro
até que se humilhem o bastante pela afronta que me fizeram.
- Mas e agora Senhor, o que faremos com Caim?, perguntou Cadmo.
- Os anéis que dei a teus dois filhos os farão se afastar de Caim. Então tu verás
a discórdia surgir entre eles e logo Caim será morto por um dos irmãos, mas
tu deves levar essa lança, pois Caim não é um ser qualquer. Se for filho
daquela serpente que me roubou o Fogo do Conhecimento só poderá ser
morto por essa lança, que deve atravessar o seu peito.
Assim Adão Cadmo voltou para sua casa planejando sua vingança contra Caim, mas
o que ele não contava era que as três graças (Diana, Afrodite e Minerva) tecessem o destino
de maneira bem diferente de seu plano. O anel dado a Abel o deixou desorientado. Ele
passou a desejar um animal sagrado que se escondia no Vale dos Espinhos, lugar que
ninguém habitava. Ele se embrenhou atrás do bicho e na sede de poder tê-lo nem percebeu
que estava todo arranhado pelos espinhos. Ao abaixar-se para pegar o animal terminou
perfurando os dois olhos, ficando cego. Caim que, preocupado com a demora do irmão
resolveu procurá-lo, achou-o e o levou para casa. A mãe tratou do filho e, percebendo a
maldade que o anel havia lhe causado, retirou-o de seu dedo enquanto ele dormia. Para não
despertar a ira de Adão Cadmo ela pediu a Vulcano que forjasse outro igual, mas sem a
influência maléfica de Zeus. Vulcano, que não morria de amores por Zeus, assim o fez.

269
O LIVRO DA LUZ

Abel acordou todo cheio de dores e sem enxergar. Caim, com seu conhecimento de ervas,
amenizou o sofrimento do irmão e recuperou apenas 30% de sua visão, o que fez Abel ficar
muito agradecido ao irmão, que salvara sua vida e ainda podia dar-lhe um pouco da visão,
porém Abel não conseguia distinguir pessoas ou coisas a mais de 100 metros. Só quando se
aproximava mais. A sua esposa deu-lhe grande felicidade ao ter filhos gêmeos, assim como
ele e Caim eram gêmeos. Ele, para homenagear o irmão, chamou o menino de Jubal-Caim e
a menina de Naema. Seth também teve filhos com Zitra, a irmã de Mirni. Duas lindas elfas,
uma casada com Seth e a outra casada com Abel. Mirni, a esposa de Abel, era arqueira
como ele e, temendo que um dia o marido viesse a cometer um erro grave resolveu ela
mesma caçar em seu lugar, o que terminou por frustrar o plano de Adão Cadmo, que via
nas caçadas do filho a oportunidade de acabar com Caim. Seth não era caçador e andava
mais ocupado em erguer um templo para sua própria adoração (efeito do anel). Um dia,
estando Caim sentado às margens do rio, Adão Cadmo chamou Abel e, sabendo que ele não
conseguia distinguir nada à distância, preparou seu arco e tornou a lança como uma flecha e
a entregou nas mãos do filho dizendo: “Eu venho aplacar tua tristeza. Vejo que há muito tu
não caças animal algum por causa da tua pouca visão, mas agora garanto-lhe que almoçarás
um saboroso javali. Vês o vulto lá à beira do rio? É um animal que se encontra a beber
água. Sei que mesmo com pouca visão tua mira continua certeira”.
Abel, que de fato estava nostálgico, alegrou-se do convite do pai e, sem notar
maldade alguma, lançou a flecha certeira, que atingiu Caim bem no alto de sua costela
direita. Caído e sangrando muito pelo ferimento Caim ficou enfraquecido, mal podia se
mexer. Abel se aproximou e logo viu que cometera um erro fatal. Deseperado ele gritava o
nome de Caim, pedindo-lhe perdão, pois não sabia que era ele o seu alvo. Seus gritos
chamaram a atenção de Eva / Harmonia, que, desesperada, corria na direção deles, mas
ainda estava longe e iria presenciar o pior dia de sua vida. O medo de Abel chegar a revelar
seu plano tomou conta de Adão Cadmo. Ele pegou uma pedra bem grande e acertou a
cabeça do próprio filho Abel. Eva viu a cena toda, mas nada podia fazer. Sua voz não saía
da garganta e além disso ela ainda não estava tão próxima a ponto de poder impedir o ato
criminoso de Adão Cadmo. Quando chegou perto e viu seus dois filhos banhados de sangue
ela perguntou a Adão como pudera cometer tamanho crime, falando claramente que vira o
que havia acontecido com Abel. Nesse instante, para salvação de Eva, a esposa de Abel
também se aproximava, já de arco em punho. Eva lhe disse: “Mira teu sogro para que
possamos sair daqui vivas ou ele nos matará também.” Eva observou que Caim ainda
respirava, porém Abel não mais. Ela removeu das costas de Caim a lança e enterrou Abel
ali mesmo. Disse a Mirni: “Pega teus filhos, pois precisamos partir ainda hoje. O teu sogro
atentará contra nossas vidas e não nos deixará viver, creias nisso.” Mirni, que era
extremamente forte e boa de pontaria, ganhou tempo amarrando Adão a uma árvore até que
ela e sua sogra preparassem a fuga e assim elas fugiram levando Caim e os filhos de Abel.
Desceram para as terras escuras e passaram a viver em cavernas, pois Adão, ao ser
libertado, logo disse a todos que Caim havia matado seu irmão com uma pedrada na
cabeça. Sua mãe, para tentar protegê-lo, fugira com ele e raptara Mirni e seus filhos. Seth se
irou ao saber que Caim havia cometido tamanha maldade e perguntou a seu pai se sabia o
motivo. Adão disse que Caim resolvera oferecer o seu irmão como um sacrifício aos deuses
e já que Abel era aquilo que ele mais amava obviamente os deuses se agradariam do
sacrifício. Seth achou estranho, pois Caim não era dado a sacrifícios. Foi então procurar
Zeus, que confirmou a estória de Adão. Zeus disse a Seth que jamais deveria deixar sua
descendância se misturar com a descendência de Caim, pois agora ele era um ser

270
O LIVRO DA LUZ

condenado e errante e seria também amaldiçoado pelos deuses. Temendo a maldição Seth
prometeu jamais permitir a tal mistura, embora acreditasse que Caim jamais fosse ter filhos,
pois não desejava se casar ou se unir a alguém. Ali mesmo, na caverna que Caim e sua
família resolveram habitar, havia várias galerias e um dia, já recuperado da flechada, ele
resolveu explorá-las e qual não foi sua surpresa ao encontrar uma bela mulher adormecida
em sono profundo. Ele carregava em sua cintura a flecha que o havia ferido, sem saber que
essa era a lança de Zeus. O simples fato de estar perto da lança acordou Pandora que, logo
que abriu os olhos, pôde ler na mente de Caim tudo que havia acontecido durante o tempo
em que permanecera sob os efeitos hipnóticos de Morpheu. Sem dizer nem uma palavra ela
também reconheceu em Caim seu gene e o dela. Tirou dele a lança e, usando seus dons
celestiais, apagou da memória de Caim sua imagem. Fez isso para preservá-lo de vir a saber
que era um celestino, o que poderia causar grandes problemas. De posse da lança ela o
libertou. Ela disse: “Liberta nossos protegidos do Érebro e volta para enfrentar Zeus”.
Acontece que houve aquela transformação, meu caro Lot. Eu sei que Adão Cadmo e
Eva/Harmonia não sobreviveram a ela, pois as três graças femininas e masculinas os
fizeram reencarnar nesses seres que hoje você conhece como Abraão e Sara e me
incumbiram de mantê-los longe dos olhos dos semi-deuses, afinal qualquer deus podia
reencarnar como um semi-deus e podia até mesmo manter a memória do passado e,
reconhecendo os dois podia trazer de volta suas lembranças e isso seria um prejuízo ainda
maior do que aquele passado. Não sabemos qual a aparência que Zeus tem agora, mas sei
que tinha habilidade suficiente para se reprogramar para uma vida com lembranças. Ele
pode ter perdido seu cetro e o seu reino, mas não perdeu sua sede de vingança.
- Dar-te-ei duas boas notícias, meu senhor Melchizedek. A primeira é que
Hagar, a princesa élfica, é da linhagem direta de Caim com Mirni. Por isso
tem tão elevada sabedoria e pele tão semelhante à dele. A outra é que alguns
filhos de Seth também sobreviveram e têm também dois filhos, que eram
filhos de Jubal-Caim, o filho de Abel. Esse é o neto chamado de Tubal-Caim.
Foi criado por Caim, que tudo lhe ensinou. Dizem que é um ferreiro que
incorporou os poderes de Hefesto, pois sabe usar a forja como o próprio. Do
outro filho não sei o nome. Barsilai é filho de Caim e o chamam de O
Homem de Ferro, pois recebeu de seu pai o segredo de como misturar os
minerais, assim como Tubal-Caim.
- Mas isso não são apenas boas notícias, meu bom Lot, são verdadeiros
milagres. É muito bom saber que a raça dos três filhos de Cadmo ainda
existe, pois isso mostra que o equilíbrio não foi quebrado. Você sabe porque
digo isso. Cada filho de Cadmo representa seis lados das virtudes, com
exceção de Caim, que tinha a maior de todas, a sabedoria e a consciência,
mas Caim não é válido. Ele era um ser celestino forjado inconsciente dessa
condição, porém Abel e Seth possuíam as virtudes dos seis deuses que
forjaram Cadmo e Harmonia. Por isso tinham as virtudes e seus opostos. De
fato essa foi uma boa notícia, mas lembro-me que Cadmo amaldiçoou os
filhos de Caim pedindo a Seth que jamais permitisse a mistura dos seus filhos
com os de Caim e isso ainda deverá durar muitas eras.
- Mas agora, meu caro Lot, o que tenho para te contar é de suma importância.
Caim e Abel voltaram a nascer nos mesmos pais que tiveram na primeira
vida.

271
O LIVRO DA LUZ

- Não pode ser – disse Lot com seu semblante visivelmente preocupado. Meu
senhor, por que eles fizeram tal escolha? Isso não os coloca novamente diante
do erro do passado?
- As escolhas foram feitas por eles mesmos e nada podemos mudar, Lot.
Apenas temos que lapidar Sara e Abraão na vida atual para que o erro não
seja assim tão grave.
- Mas então o senhor está afirmando que a história vai se repetir mais uma
vez?
- Lot, atenta para o que eu vou te dizer. Tal qual a primeira vez nossa Sara
passará muitas encarnações fugindo de seu esposo para proteger seus filhos.
- Por que isso, meu senhor?
- Porque dela sempre nascerão aqueles que se oporão à lei de seu pai e criarão
suas próprias leis. Eu devo partir, Lot, e confiarei a ti e a Sara o Segredo dos
Elohins (anjos caídos), os construtores divinos. Aqui nesse planeta deverá ter
sempre sete Eloins intercalando encarnações, mas o mais importante que
você precisa saber é que três sempre nascerão na mesma época e sempre se
encontrarão, mesmo que seja por um curto encontro. Dar-te-ei um exemplo
disso: As encarnações de Caim e Abel nessa Nova Era. Isso não significa que
os dois serão seres celestiais (Elohins). Você bem sabe que o único era Caim,
mas posso garantir a ti que já existe um Elohim vivendo na Terra. Mais um
vindo ficará faltando apenas mais um.
- Perdoe-me a indiscrição, mas esse que já está na Terra sois vós?
- Essa é uma pergunta que eu não posso te responder, pois tu deverás sentir a
resposta em teu próprio coração.
- Senhor, me lembro que os Elohins são forjados, pois não têm um nascimento
normal como os demais seres.
- Isso é verdade, Lot. Todos sempre nascem forjados.
- Perdoe-me Senhor, mas agora me deixaste confuso, pois se o Senhor é um ser
celestial (Elohim) quem o forjou, ou melhor, como trocou a aparência de
Prometeu para Melchizedek?
Rindo da expressão confusa de Lot Melchizedek disse:
- Acalma-te homem, isso eu posso te explicar. Eu sou um dos arquitetos dessa
Terra (Ada) e minutos antes dela eu e meus irmãos já havíamos nascido. Sou
mais velho que o Sol que tu hoje observas. Em mim moram as infinitas eras.
Eu Sou desde o princípio, tal qual meus irmãos. Um dia, em novas eras que
ainda estão por vir, minha história será tão reescrita e mudada que muito da
verdade se perderá, não porque a verdade desaparecerá, mas porque os
homens desejarão que ela seja escondida e velada. Eu terei muitos nomes e
muita confusão se criará. O simples fato de alguns saberem a verdade sobre
mim os condenará à morte, porém mesmo assim eu sempre estarei de volta à
Terra. Eu, Caim e Pandora somos os três primeiros da velha e da nova era.
Caim foi forjado de mim e Pandora. Por ser diferente se tornou o pomo da
discórdia. Pandora seria a primeira Eva, eu o primeiro Adão na Gênesis do
Livro da Terra, mas como não renunciamos a nossas condições divinas ainda
somos imortais. Isso significa, meu caro Lot, que Pandora não está morta,
mas anda pela Terra. Como eu ela assumiu uma nova aparência para não se
permitir ser reconhecida. Nós, os Elohins, não podemos morrer, Lot.

272
O LIVRO DA LUZ

Podemos apenas trocar nossa aparência, mas nossa energia permanece. Por
isso tu não acreditavas que eu tinha a alma de Prometeu.
- Mas, Senhor, eu sei que Caim dizia a verdade quando falava de um Deus que
os deuses não conheciam. Por acaso esse Deus é o Senhor?
- Sim e não, Lot. Eu sou aquele que teve a idéia da criação da Terra (Ada) e
juntamente com os meus irmãos tornamos essa idéia uma realidade, mas isso
ainda é a aritmética da Merkabah, que vou te ensinar calmamente para que
você possa compreender como tudo isso foi feito. Como eu te dizia, eu sou o
arquiteto desse projeto, porém existe um arquiteto superior a todos os
arquitetos, pois foi Ele que gerou todos os seres, mas ninguém jamais o
gerou. Ele gerou-se a si mesmo. Idealizou-se e projetou-se. Ele é um ser
jamais imaginado, pois a imaginação humana jamais o alcançou, entretanto
eu afirmo que Ele se permite ter todas as faces, pois em tudo Ele habita. Por
isso quando Caim disse que tudo Ele vê e sabe estava realmente se referindo
ao Supremo Arquiteto. Eu sou apenas parte do seu imenso projeto e a Terra
nada mais é que parte do meu projeto, que na verdade também é projeto dEle.
Assim como tu, Lot, és muito importante no projeto dessa Terra.
- Mas do que estais a falar, meu Senhor? Por que credes que eu seria
importante. Sou apenas mais um dentre tantos mortais.
- Entenda, Lot, todos nós somos importantes no projeto divino, porém existem
aqueles que têm consciência de seu trabalho e outros que ainda não precisam
ter, pois de qualquer forma todos vão cumprir sua parte. Lot, meu bom
amigo, preciso que me acompanhes a um lugar de onde deves manter segredo
até o dia da revelação.
Falando isso Melchizedek passou sua mão suavemente pela parede de pedra e, sem
dizer uma palavra, ela pareceu se dissolver ao seu toque e surgiu uma porta de onde vinha
uma luz azul imensamente forte. Lot levou as mãos aos olhos tentando se proteger da luz,
que aos poucos foi se tornando mais amena. Adentrando o recinto luminoso ficou
deslumbrado com a imensa energia que habitava aquele lugar. Lot ficou tão leve que
parecia flutuar. Era tudo tão cheio de paz e calma, que quase se projetou para fora de seu
corpo, mas Melchizedek o pegou pela mão, puxando-o de volta à realidade.
- Senhor, que lugar é esse?
- Aqui, Lot, é a sala do trono do Senhor da Terra, mas daquele que ainda está
por vir.
- Como assim? O Senhor não é o Senhor da Terra?
- Sim, eu sou, mas só até o momento. Virá alguém ainda muito maior, que se
sentará nesse trono.
Lot ficou visivelmente confuso. Não entendia mais nada.
- Olhe Lot, tudo funciona de maneira bem simples. Mesmo que hoje você
ainda não compreenda eu tentarei te explicar. Há muitas eras já passadas eu e
outros Elohins construímos a Terra, mas tal qual a evolução do Pai a nossa
foi semelhante e ousamos agir como Ele. Os filhos não devem conhecer os
pais para que aprendam a ter confiança em si mesmos e assim passem a
descobrir seus sentimentos e a sabedoria que, ao passar do tempo, vão
adquirindo. Isso não significa que Deus jamais tenha se deixado ver por seus
filhos, pelo contrário. O Pai sempre esteve à mostra para aquele que desejou
conhecê-Lo, afinal para encontrá-lo não é preciso ir muito longe. Basta

273
O LIVRO DA LUZ

procurá-Lo dentro de si. Mas como estava a te dizer, a Terra foi construída
para ser uma escola e não um planeta natal, afinal todos os seres que viriam
para aprender aqui já haviam nascido em outro planeta. Especificando
melhor, seu universo é como uma grande comunidade e dentro dela existe
uma escola. Essa é justamente a parte que cabe à Terra. Para o cargo de
professores nós designamos seres de doze comunidades diferentes. Eles eram
como dirigentes que haviam alcançado um nível de consciência melhor que
os demais, no entanto eles teriam que provar para si mesmos se serviriam ou
não para o cargo de responsáveis por seus próprios irmãos. Após a construção
da Terra os alunos dessas doze comunidades foram matriculados nessa escola
e aqueles com um certo nível de consciência foram inscritos como
professores. A esses nós demos um pouco de sabedoria a mais e permitimos
ter a memória de quem eram, porém aos alunos tivemos o cuidado de deixar
que fossem se conhecendo mais calmamente para evitar um choque, afinal
seria a primeira vez que eles se encontrariam. Jamais haviam se visto,
tampouco imaginavam que existissem seres diferentes deles. E foi assim que
começaria a história dos deuses e dos mortais, da luxúria à devastação, da
beleza às aberrações, criaturas metamorfoseadas oprimidas pela cegueira de
deuses loucos por um cetro de rei do Reino. Apesar de tudo nós jamais
deixamos a Terra. De uma maneira ou de outra nós sempre tivemos
participação. Só não desejávamos interferir na evolução dos nossos filhos,
pois tudo que devemos fazer é orientá-los, pois, como nós, eles são dotados
de livre-arbítrio. Essa é uma das leis mais poderosas do universo, porém da
mesma maneira que eles nós também a possuímos e nos cabe avaliar a hora
de utilizá-la em prol dos nossos filhos. Tudo é feito de maneira que não
venha a desfazer o equilíbrio das normas (amor, vida e liberdade). Assim,
meu caro Lot, eu dei o primeiro passo me revelando a você como senhor
criador de algumas das criaturas que nessa escola habitam, mas eu não sou o
único pai. Existem outros e eles também vão descer aqui e se revelar a seus
filhos, assim como eu, porém eu te digo que todos eles serão eu e eu hoje e
sempre serei eles, pois juntos somos as pilastras dessa grande escola e se uma
delas quebrar a casa cai. Por isso nós, os anjos Elohins, formamos a Árvore
do Conhecimento, a Kabalah ou Merkabah (ver desenho na pg. 105). Cada
um de nós trará um nível de conhecimento à Terra, mas no geral será sempre
uma maneira evoluída de alcançar a sabedoria. Vejamos a sabedoria ou o
conhecimento que eu vim oferecer à Terra. É o conhecimento de sua própria
natureza. Resumidamente eu vim oferecer à Terra a explicação de tê-la
construído, porque ela serve de escola, vim dar à Terra a consciência de sua
origem, como foi sua criação e até mesmo quem são aqueles que hoje a
habitam. Eu sou aquele que descortina as eras passadas e futuras, sou o
Senhor que revela os mistérios do passado mais remoto e o futuro mais
distante. Sou o primeiro daqui e de mim nascerão outros como eu, que vão
ensinar os dons da cura de todos os males, estejam eles na alma, no corpo ou
na mente. Vão ensinar o poder da palavra, o poder do crer para criar, o poder
de destruir para reconstruir, o poder do conhecimento, do perdão, da
abnegação e do amor. Enfim, meu bom Lot, Elohins sempre estarão indo e
vindo à Terra inferior. Nós a chamamos de inferior por estar adormecida na

274
O LIVRO DA LUZ

ignorância ou falta de sabedoria. Por isso nosso dever é elevar a escola do seu
nível inferior a um nível médio. Depois disso os homens estarão aptos a viver
sem a nossa interferência. Porém, para que o futuro venha a se realizar é
preciso que o presente comece a construí-lo. É aí que você se faz tão
necessário. Em primeiro lugar vou te contar o que significa ser um Samiazy,
um ser que renunciou à condição divina para viver como um mortal. A partir
do momento em que passei a criar os meus filhos eu renunciei à condição
divina da inocência, só não tinha consciência disso. Na verdade, meu amigo,
só existem duas épocas extremamente distantes em que de fato os homens
são livres. A primeira é a época da inocência, aquela em que somos como
crianças, não conhecemos a culpa, o certo e o errado. Essa época chamamos
de começo ou nascimento ou despertar do espírito. A segunda é a época onde
a renúncia termina por nos libertar. É quando nossos filhos (criaturas geradas
a partir de nossas ações) já estão desenvolvidos o suficiente para criarem e
educarem seus próprios filhos. Ao deixá-los não os estamos abandonando.
Estamos apenas abandonando o convívio para que eles tenham a privacidade
e o livre-arbítrio de criar seus filhos como desejarem. Assim nos libertamos
da responsabilidade de educá-los, mas jamais do fato de amá-los. Assim eles
nos mostrarão se realmente aprenderam aquilo que nós lhes ensinamos. A
essa época nós chamamos de fim, mas é um fim relativo, pois a evolução é
contínua e o caminho infinito para o aprendiz divino. Eu hoje, meu caro Lot,
me encontro no fim, pois sei o que fiz e estou fazendo minha parte para
evoluir os frutos de minhas ações. Na verdade todos os Elohins construtores
da Terra estão nessa época. Alguns têm uns 3 mil anos pela frente, outros uns
6 ou 7 mil. Isso para nós não é tanto tempo assim, afinal se eu fosse revelar
minha idade temporal a você ela não caberia em números. Posso fazer você
sentir o caminho que percorri até aqui. Isso te ajudará a compreender como
foi meu início, porém não te dará um tempo preciso, pois o tempo não existia.
Tudo que existia era apenas espaço e idéias, que o Pai tentava preencher de
qualquer maneira. Não havia ordem, pois o Pai não a conhecia. Em suma, o
tudo e o nada andavam de mãos juntas, pois tudo estava ali, mas não era
possível ver, tocar ou sentir. Além disso eu ainda teria que contar as infinitas
eras que já vivi em vários ou inúmeros planetas, mas agora eu tenho coisas
mais importantes para lhe revelar e são elas que você deve guardar em sua
memória, pois quando eu terminar de contar tudo estará consumado e eu
deverei dar início ao meu próprio fim. A você, Lot, darei sabedoria futura,
pois sei que sua alma já possui o conhecimento necessário para receber tal
responsabilidade e, além disso, foi escolhido pelo Pai para preservar a
história da Terra. Lot, Sara, Abraão e Hagar serão os portadores dos novos
enviados. Serão os pais dos seres chamados Elohins, que vão nascer com
forma e aparência humanas, porém eles não saberão que receberão tamanha
graça, mas antes que isso aconteça Abraão terá a pior de suas provas. Zeus o
achará e trará de volta sua memória. Ele se lembrará que foi Adão Cadmo e
que era um aliado de Zeus. Desta vez será muito difícil ajudar Abraão a
recuperar a razão, pois ele lutará bravamente pelo cetro, pelo trono e pelo
reino dessa nova Terra. Mas hoje existe algo a nosso favor: o conhecimento
que foi dado a Abraão a respeito da verdade e de tudo que nela existe. Isso

275
O LIVRO DA LUZ

haverá de nos ajudar muito. Abraão travará uma batalha contra mim e contra
tudo que já lhe ensinei (ver pg. 185). O mais importante vem depois desta
batalha. Após ter um filho com Hagar Abraão a desprezará juntamente com
seu filho. Isso após descobrir que ela descende de Caim e, o que é o pior,
mais uma vez tentará matar o Filho da Luz que voltará à Terra, só que dessa
vez ele virá de Sara, pois eu a alimentarei com o cálice sagrado da divina
sabedoria e darei a ela o pomo, o fruto do conhecimento que deverá se
perpetuar aqui nessa Nova Terra. [Eu serei sacrificado no lugar de Isaac] Ele
trará o conhecimento, mas também trará muitas guerras. Na época da batalha
entre Abraão e eu surgirá alguém que você já conhece muito bem. Pandora,
minha amada portadora dos dons, será futuramente conhecida como Gabriel,
o mensageiro ou portador das mensagens divinas, porém ela hoje não tem
mais a aparência de um ser feminino. Vive escondida dentro de um corpo
masculino a que deu o nome de Golaha [Golias, Golaha = transmigrador ou
aquele que transporta. Tanto Pandora quanto Melchizedek foram
considerados os capitães da grande nave que transportou a humanidade na
época do dilúvio]. Ela virá para ajudar a trazer Abraão à razão, que trocará
seu nome para Samael e durante um período de insanidade ele criará o reino
da carne livre, o Carnival. Seu papel em tudo isso é ser escriba e proteger
Sara e Hagar e mais tarde, junto com Golaha, você deve ajudar Abraão a
reparar o mal que fez. Ele então receberá as relíquias, a trípode de asas (Uma
pira de 3 pernas onde Prometeu acendeu o fogo sagrado dos deuses e o deu
para a humanidade. Esta relíquia permaneceu com os judeus por todas as eras
e é citada na Bíblia diversas vezes. Até mesmo quando os profetas são
levados ao cativeiro juntamente com o povo conseguem manter oculta essa
relíquia, que nunca saiu das mãos deles). Ele manterá o fogo divino sempre
aceso, pois é a luz do primeiro Sol, aquele que alguns chamam de Hiperion
(Na verdade essa pequena chama é o nosso Sol, que alguns cavaleiros do
Graal chamam de Sol Pequeno. A pira é uma espécie de ornamento sagrado
criado para homenagear o Anjo da Luz que a trouxe. Para a humanidade seu
valor é inestimável por ter sido feita por um dos anjos caídos quando
estiveram na Terra a ensinar a humanidade). O velocino de ouro é a
verdadeira Caixa de Pandora, como já expliquei antes. Também a Arca de
Noé, pois dentro dela não veio apenas o ser humano, mas também tudo que
ele precisaria para viver nessa Nova Terra. Falta explicar que essa também é
a Arca da Aliança, que tem o cajado de Aarão, que sempre florece (o cetro ou
lança de Zeus / Wotan), o pote sagrado onde é preservado o cálice da
sabedoria, as pérolas indicando os anjos caídos que ainda devem vir à Terra e
o olho-talismã. Obs.: Não devemos esquecer que Melchizedek era chamado
de Capelino por ter vindo aqui esclarecer os humanos. Ele era um anjo caído.
Ele foi considerado o bode expiatório dos deuses.
Caro leitor, a partir daqui a estória que se segue (até a pg. 261) não é
verdadeira, mas será mantida porque várias informações nela contidas são reais e os
ensinamentos que ela contém são muito valiosos. A principal falha é não revelar que
Moisés e Ramsés eram a mesma pessoa.
Num futuro não muito distante Melchizedek voltaria na pele de um faraó, que
entraria para a história. Seu nome, Akhenaton, traduzido corretamente é Arquetatom ou

276
O LIVRO DA LUZ

Arketeton. Esse também foi o nome que ele deu à cidade feita em homenagem a Deus. Não
podemos deixar de lembrar que o primeiro faraó do Egito foi Melchizedek, mais conhecido
pelo nome Miquerinos, Micherions, Michel. Aí chegamos ao nome do anjo, pai desses
filhos da Terra. Hiperion ou Michel, Miguel arcanjo, o grande Herodes divino, que no
Livro de Enoch tem piedade de seus irmãos caídos e mais tarde termina vindo à Terra para
ajudá-los, mas Enoch não deixa isso muito claro. É preciso observar o comportamento do
anjo para compreender.
Voltando a Akhenaton, esse arquiteto divino veio em meio a um grande confronto.
Moisés havia nascido príncipe, afinal um dos filhos de José do Egito era o faraó e a
diferença é que os herdeiros do trono dele não tinham o mesmo carisma que seu pai.
Observe Manasses e Neftali. Eram filhos de José e logo que Jacó lançou a profecia sobre
seus filhos ele se dirigiu aos filhos de José, que seriam a herança do próprio Jacó. Segundo
o trato que ele fez com Akhenaton ele abençoou um e amaldiçoou o outro a ser escravo e
servir. Veja que da linhagem daquele que virou escravo nasceu justamente Manasses, o
Moshé ou “homem das águas” e não “trazido das águas”. Moisés, Moshé e Manasses
significa também “homem de Seth” (homem que esquece), pois Seth também significava
“água”, a grande serpente Tifon, “o homem branco”. Neste período Moisés seria aquela
coluna que estabelece e Akhenaton a que traz o poder.
Nossa história começa em um Egito dividido ao meio pelo Alto e Baixo Egito. Uma
parte era o reino de Ramsés e de Moisés o outro. Era o reino do arquiteto divino que
desejava ensinar ao povo os caminhos para a liberdade. Seus primeiros aliados foram
Miriam e Aarão, aqueles a quem Akhenaton confiou os segredos das relíquias de Capela
(Melchizedek). Esses dois na realidade tiveram mais importância na história do que se
conta. Miriam era sacerdotiza formada pela escola de Melchizedek, assim como Aarão e
Moshé aprendeu tudo que sabia formado pela escola de Seth.A antiga maldição dos filhos
de Seth e dos filhos de Caim agora daria uma pequena trégua. Era preciso unir forças para
libertar o povo israelita da escravidão causada pela profecia de Jacó. É preciso lembrar que
o único povo judeu que existia naquela época eram os filhos da tribo de Judá, o segundo
filho mais abençoado por Jacó, perdendo apenas para Levi Aton, que foi o abençoado entre
o céu e a terra. O povo de Israel era geral, pois todos os filhos de Jacó se tornaram israelitas
quando seu pai recebeu este nome após ter brigado com um anjo, que na verdade nunca foi
anjo. Era nada mais nada menos que seu próprio irmão Esaú, onde na luta Jacó, para se
livrar da maldição de seu pai Isaac, matou o próprio irmão, fato omitido pela história,
porém o corte na coxa de Jacó o torna senhor dos senhores (obs.: leia a benção que Jacó
deu aos filhos em Gn 49). Na época de Moshé os israelitas eram em grande número se
reunissem todas as tribos, mas havia duas tribos totalmente rejeitadas pelas outras: os
hebreus, que eram um povo nômade sem misturas com os filhos de Israel e os judeus da
tribo de Judá, que só tinham como aliados os levitas, que estavam sendo exterminados pelas
outras tribos. Esses últimos, também conhecidos no passado como ‘leviatons’, os filhos de
Aton, os profetas do Deus único. levi = unido, Aton = Sol ou Deus = o Deus único de
Akhenaton. O fundador da tribo de Cohen Aarão = arca, irmão de (Deus) sublime. Miriam
= estrela do mar, luz das águas. Aarão era mais que um simples sacerdote. Era chamado por
Akhenaton de irmão e por Miriam ele tinha também a mesma afeição. Nessa época
Akhenaton não concordava com as leis criadas pelos antigos, principalmente a respeito dos
sacerdotes, que viviam enriquecendo às custas do povo, mas não era só isso. Os filhos de
Jacó não estavam mais contentes com o que possuíam e brigavam entre si pelo poder, o que
trouxe muita confusão, pois havia dois governantes no Egito. Um que os protegia e o outro

277
O LIVRO DA LUZ

que os enganava. Na verdade Ramsés instruía os homens de acordo com as leis e normas de
seu pai Seth, seus sacerdotes e seus deuses. Akhenaton não admirava os deuses, acreditava
em um só Deus, pai de todo o universo. Os filhos de Jacó agora eram mistos e viviam
divididos entre esses dois governantes. Os filhos de Seth eram Ramsés e Nefre. Esse
segundo não é cityado na história. A guerra foi declarada entre os sacerdotes de Aton e os
de Amon. As 12 tribos ficaram divididas em meio a esse confronto religioso. Para o lado de
Aton foram duas importantes tribos: a de Judá e de Levi. Foi a partir daí que surgiu a guerra
interna entre as tribos judias, afinal ninguém sabia ainda que a herança que um dia fora de
Levi(aton) agora seria transferida para Aarão. Leviaton transferiu as relíquias de
Miquerinos ou Melchizedek para o templo de Aton, onde sabia que nasceria o Arketeton /
Akhenaton e muito antes dele nascer tudo já estava pronto para ele. Na verdade Leviaton
guardava um segredo apenas para si: o encontro que teria com Akhenaton. Para quem não
sabe Akhenaton era parente de sangue de Zafenate Panéia. Akhenaton era o 13º dos filhos
de Ismael, o filho rejeitado de Abraão, e Zafenate Panéia era o 13º filho de Jacó, filho de
Isaac, irmão de Ismael. Como todos sabem Isaac teve apenas dois filhos gêmeos: Esaú e
Jacó. Ismael teve 12 príncipes, sendo que o 13º seria o rei Akhenaton. Jacó teve 12 filhos e
um 13º, que também reinaria como faraó. No Livro dos Mortos do Egito toda a história é
muito bem relatada. A Torah apenas copiou o início e depois passou a revelá-la como se
fosse a história de autoria apenas dos israelitas (judeus).
Voltemos ao breve encontro entre os dois décimo-terceiros das tribos. Na infância
Akhenaton teve um professor chamado Imhotep, que lhe ofertou uma espada sagrada. Essa
espada estava junto com as relíquias de Melchizedek. Era sua espada. Ele havia pedido para
Basilai forjá-la. De acordo com o conhecimento de Basilai aquela seria a Espada do
Invencível. Melhor dizendo, aquele que a possuísse seria três vezes mais poderoso. Basilai
disse que o próprio Caim havia surgido do nada para ajudá-lo a forjá-la, assim assegurando
seu poder. Na luta dos 4 contra 5, a Guerra de Tróia, de Samael contra Melchizedek, havia
um ser chamado Nimrod, que foi agraciado por Melchizedek com essa espada. Nimrod era
filho de Samiramis ou a Ísis dos egípcios. Mais tarde, vendo que Nimrod cairia numa
armadilha de seu parente (tio) Seth (egípcio) ou Samael (primeiro nome de Abraão)
Melchizedek tentou guardar a espada do poder, mas não deu tempo. Nimrod foi assassinado
por Samael, teve seu corpo esquartejado em 14 pedaços, exatamente como na lenda de
Osíris e que também marca as 14 gerações que levaria para o Cristo reencarnar como o
último Salvador. Nimrod = fogo de Deus ou mesmo Miguel, um dos anjos de Deus. Após a
terrível luta entre Melchizedek e Samael a espada foi recuperada e guardada para um futuro
que logo chegaria. Leviaton foi o filho mais abençoado por Jacó por pregar o Deus único e
por ter o dom da profecia. Nele o pai tinha confiança que sua fé não cairia por terra nem
seria esquecida. De fato o filho tão amado de Jacó deu início a uma religião que ainda era
muito pequena e pouco conhecida, pois os deuses estavam ainda muito em evidência.
Mesmo após a queda deles o povo ainda os temia e acreditava que voltariam a encarnar
entre os homens. O horror, temor e devoção a esses seres eram tão grandes que por todos os
cantos se via templos erguidos em sua homenagem. Quando o príncipe Leviaton morreu,
deixou para aquele que chamou de irmão toda a responsabilidade de continuar a missão de
dar sabedoria verdadeira ao povo. Essa era a missão mais dura que alguém podia receber,
pois acender uma fogueira do fogo eterno em meio a milhares de fogueiras ilusóricas é de
fato uma missão para poucos. Akhenaton era demasiado jovem quando perdeu Leviaton, o
Zafenate Panéia, e já demasiado cansado quando teve que se unir a Moshé, que aqui vamos
chamar por seu verdadeiro nome, que consta do Livro dos Mortos egípcio: Manasses. A

278
O LIVRO DA LUZ

sorte de Akhenaton foram os dois fiéis amigos, Aarão e Miriam, que fundaram a tribo dos
Cohen para não serem totalmente dizimados pelas outras tribos, mas jamais deixaram de ser
leviatons, jamais deixaram de ser unidos a Aton. A tribo de Judá também não era uma tribo
muito bem vista pelos outros, seus próprios irmãos. Aos poucos foram também se unindo a
eles os filhos da tribo de Dã, que era mal-vista por ter ganho o poder de julgar. Seriam
como os juízes daquela época. Akhenaton agora tinha o rei das tribos (Judá), o juiz (Dã) e
os sacerdotes (Levi/Cohen). Assim o poder das outras tribos ficara reduzido, pois seus
principais poderes agora os abandonavam. Sem juizes perderam a lei, sem sacerdotes
perderam os conselhos e as normas para os guiar e sem o líder ficaram como filhos sem pai,
porém isso só veio a acontecer por vontade do próprio povo, que vivia se desentendendo
entre si. Do outro lado do Egito o reino de Ramsés crescia, pois ele dava ao povo
esperança, usando para isso seus deuses e tendo também como aliado Moshé ou Manasses.
Cabia agora a Miriam tentar trazer Moshé à razão, o que não foi muito fácil, mas Miriam
ainda não sabia que já tinha uma forte aliada, Zaíra, filha de Jetro, o Senhor da Montanha,
aquele a quem Ramsés jamais tentou, pois temia seu desconhecido poder. Zaíra era amiga
de Miriam e também simpatizante da doutrina de Akhenaton. Quando Miriam ia conversar
com Moshé Zaíra ia junto. Sua beleza era evidente. Era filha dos Elohins castanhos e Elfos
morenos. Tinha longos cabelos cheios de cachos, formas perfeitas, olhos azuis penetrantes,
educação requintada, sabia mais de três idiomas, incluindo o élfico, falado apenas pela sua
linhagem, já quase extinta. Rica, nada queria de Moshé (Moisés) senão o seu amor, mesmo
sabendo que ele era um ser muito fechado, de poucas palavras, mas que não deixou de
perceber a bela que acompanhava sua irmã. Aos poucos Moisés passou a ir ao encontro de
Akhenaton e recebeu dele a revelação de sua missão. Moisés tentou negá-la, pois era
homem pacifico, não gostava de guerras. Akhenaton argumentou que também era pacífico e
jamais suportara guerras e justamente por isso pedia a ele para libertar seu povo antes que
fosse feito escravo dos deuses mais uma vez, pois é o que já vinha acontecendo. Disse:
- Tudo bem, sabes que um confronto se aproxima entre Ramsés (Ramasses) e
eu, porém me resta dizer-te que tu fostes escolhido para dar continuidade
àquilo que comecei, pois meus dias se aproximam do fim e não terei
herdeiros para levar adiante minha missão, pois será morto aquele que vier a
se assentar no meu trono. Ramsés me odeia e não é de hoje, digo, dessa vida.
Seu ódio por mim vem sendo alimentado há muitas eras. Eu sou o filho do
Prometeu divino e ele é filho das graças, que está aqui para aperfeiçoar todo o
conhecimento que já possui e não sabe. Eu sou aquele que idealiza e vocês
aqueles que concluem a missão. Eu já a tenho carregado há muito tempo.
Agora é a sua vez, mas você não estará sozinho. Terás a companhia da tua
irmã e de Aarão, a quem dei todas as instruções que tu precisas para cumprir
a tua missão. Com a ajuda dos Cohen, filhos dos Leviaton, de Judá e Dã você
encontrará forças para mostrar ao povo o poder que eles precisam para
enxergar o caminho certo. Quanto a mim, devo permanecer aqui enquanto tu
deves organizar tua retirada com o quarto de homens que desejar segui-lo. Se
eu for contigo a ira de Ramsés será grande e não poderá ser aplacada. Você
sabe que ele mandará destruir tudo que já construí, até mesmo Akhetaton, a
Cidade do Senhor (Sol), que ele já não respeita. Depois lembra-te, Moshé, tu
já tens 40 anos, a idade que te dá autoridade de rabino, mas peço que sejas
humilde, pois Aarão e Miriam chegaram a mim muito antes de ti e há muito
já estão adiantados na Kabalah (Merkabah). Por isso eu confio tanto neles.

279
O LIVRO DA LUZ

Sei que conheço deles as almas transparentes e dedicadas ao Senhor. Quanto


a ti o trabalho é árduo, mas experimentarás na prática todo o conhecimento
que já possuis. Quando partires não deves te preocupar, pois teu povo
encontrará auxílio nas terras de Jetro, o senhor da montanha de Gondor. Ele é
mais que um homem comum. É um grande sacerdote de uma linhagem quase
extinta. Ele é filho remanescente de Atlântida e ainda carrega no sangue a
herança dos Elohins. Tu não deves permitir que teu povo o conheça, pois eles
o adorariam como a um deus e Jetro não precisa disso. Ele já vive aqui há
eras, pois a vida dos elfos é longa e nessas longas eras ele já sofreu muitas
tentações. Não sejas tu mais uma para ele. Deves lembrar também que teu
povo deve estar ciente de ter que trabalhar e de que nada nasce da noite para
o dia, afinal tudo que Jetro tem não servirá por muito tempo. Vocês terão que
se organizar, pois um novo lar não pode ser construído sem a colaboração de
seus moradores.
Após explicar tudo a Manassés Akhenaton observou um silêncio perturbador e
cheio de desconfiança por parte do seu futuro sucessor.
- Sei o que estás a pensar, meu jovem Manasses. Sei que para ti é muito difícil
crer que tudo que te relatei venha a ser verdade, mas a causa maior do teu
silêncio não é o que te contei, mas porque eu te contei. Afinal tu és parte
oposta dessa situação. Estás preocupado em descobrir porquê te relatei meus
planos, ciente de que és da casa de Ramsés. A resposta é muito simples: eu
não tenho nada a esconder, nem de ti e tampouco de Ramsés. Obviamente sei
que ele não concorda com os meus propósitos e seria pedir muito a Aton um
milagre desses. Quanto a ti Manasses eu apenas sei que és escolhido para
ajudar o teu povo e mais do que isso eu não poderei te revelar, pois cabe à tua
alma avaliar o caminho que há muito escolheste trilhar.
Rompendo o silêncio Manasses (Moisés, Moshé) disse:
- O que te faz crer que eu vá trair Ramsés? E se eu vier a fazê-lo como me
livrarei de sua ira. Tu sabes que no Templo da Cabeça de Asno Dourada
(Seth) nada passa desapercebido.
- Eu não estou pedindo a ti que traia Ramsés (Ramasses). Estou apenas
dizendo que tens escolhas. Sei perfeitamente dos poderes dos adoradores de
Seth, o deus, mas acima de tudo confio no meu único Deus, do qual Aton é
tão somente uma fagulha.
- Eu sei do que estás falando. Tu falas do Deus dos antigos, o Deus que
ninguém vê ou pode tocar, mas que em tudo está. Ora Senhor, eu não o
compreendo. Vós sois filho desses costumes, habitais a terra dos senhores da
criação. Por que os negais como filho que abandona a casa de seus pais?
- Isso aqui não é a casa dos meus pais, Manasses, tampouco sou filho desses
costumes. Meus pais há muito se uniram para ser um só e essa história tu já
conheces. Não participo dos costumes em que não creio, não compactuo com
os crimes sacerdotais, pois posso falar com meu Deus sem essas cerimônias.
- Admiro tua fé, mas não participo da mesma. Portanto não aceitarei tua
proposta. Procure outro louco para assumir o teu lugar. Ramsés tem razão ao
dizer que tu és um louco e que vens há muito prejudicando a mente do povo.
Na verdade tu és a causa de toda essa desavença. O povo está confuso e

280
O LIVRO DA LUZ

dividido e tudo por culpa de um senhor insano e insensato, que só pensa em


alcançar fama ou glória.
- Estás enganado, tolo Manasses. Tu ficarás com toda a fama e glória no
futuro. Toda minha história será apagada por ti e Ramsés e como duas
estrelas rivais alcançarão o mais alto brilho, mas isso não me incomoda. Eu
não vim aqui com os mesmos propósitos que tu e Ramsés. O poder e a glória
não me corrompem mais. Eu já os conheci. Sei das dores e das falsas delícias
desse manjar de vermes. Por isso os deixo para vocês.
- O que te faz crer que eu desejo a fama?
- Olhe para você, Manasses. És um alto sacerdote dos antigos segredos,
possuis o conhecimento da magia, mas ainda não tens a sabedoria e a
consciência do que realmente isso significa. Um homem sábio não estaria
aqui me ouvindo após eu ter pronunciado as palavras poder, fama e glória,
pois esse homem, em sua sabedoria, ignoraria essas palavras ou as entenderia
como uma ofensa à sua integridade e aos seus ouvidos sábios, que muito
provavelmente guardaria a lembrança de já ter passado por essa experiência.
Sua reação ainda é de um aprendiz sedento pelas conquistas, cheio de
vontade de ser adorado, venerado e respeitado, mas pudera eu te dizer o que
de fato é isso em simples palavras. Não, eu não posso te dizer o que é isso,
Manasses. Tu terás que aprender essa parte sozinho, pois o rei que todo
homem é já está dentro dele, só precisa ser acordado e o teu acordará para ser
rei de milhares. Obviamente que tu não serás um bom rei, mas também fica
claro que não serás de todo mau. O poder vai te subir à cabeça antes mesmo
de serdes coroado. Eu vejo tuas mãos sujas de sangue. Um sangue que
escorre como água de nascente e não se esgota. Tua sede de justiça será mais
forte que tua sabedoria. Não irão te respeitar por amor, mas por imposição e
medo, mas um dia, Manasses, tu irás te lembrar dessa conversa e nesse dia tu
então irás compreender tudo que hoje te falo. Te ficará tão claro como água
cristalina. Tu então enxergarás teu povo como hoje eu os enxergo e te
enxergarás tão profundamente que verás em tua alma teu verdadeiro EU.
Nesse dia tu realmente serás um rei, um rei não mais dos homens, mas um rei
de si mesmo. Será que estás pronto para tudo que vais viver? Não, tu não
estás pronto, mas desejas vivê-lo, isso eu vejo nos teus olhos.
Manasses saiu enfurecido da presença do faraó Akhenaton. Foi para longe, onde não
pudesse ser encontrado. Precisava meditar sobre o que ele tinha falado. Precisava achar
uma razão para as tolices daquele ser. Na verdade precisava compreender porque estava se
preocupando tanto com as loucuras daquele tolo faraó. Manasses não entendia o que teria a
ganhar aceitando a proposta de Akhenaton. Além disso trair Ramasses, seu irmão, seria
uma atitude covarde, mas Manasses lembrou-se que era neto de Jacó e lembrou também das
previsões que seu avô havia feito deixando bem claro que Manasses seria um grande rei
aclamado pelo povo, que os salvaria das sete pragas que estavam para chegar ao Egito mais
uma vez. Na verdade Manasses não se lembrava, mas ouvira falar que na época de Zafenate
Panéia o Egito foi tomado pela fome. O povo e o gado adoeceram. A miséria e a doença
assolavam todas as terras menos as dos filhos de Jacó e o faraó, que pareciam estar
protegidos por uma força maior, porém o que se falava era que José (Zafenate Panéia) tinha
demasiados poderes ocultos, que tanto podiam destruir como salvar. Entre alguns povos das
tribos eram histórias e mais histórias sobre Zafenate Panéia. Alguns o descreviam como um

281
O LIVRO DA LUZ

faraó maldoso, que fez cair a miséria sobre o povo só para tê-lo como escravo, tirando suas
terras, seus bois, suas cabras, ovelhas e todo campo de alimento. O povo vendeu tudo que
possuía ao faraó, até mesmo a sua liberdade. O Senhor do Egito se tornou dono de todas as
terras do Alto e Baixo Egito, mas segundo os planos de Zafenate Panéia nasceria um rei
ainda maior, que seria Arketeton (arquiteto) da Sabedoria em forma divina. Esse rei seria
Akhenaton e até mesmo no futuro sua sabedoria seria utilizada e falada por aquele que viria
a ser Salomão. Foi então que Manasses se interessou pela proposta de Akhenaton, mas se
Akhenaton tinha mesmo o segredo Manasses tinha que saber e dar um jeito de possuí-lo
também. Mas como fazer isso? Afinal, ninguém jamais tinha tocado no cajado de
Akhenaton, ninguém jamais havia entrado no seu salão secreto, onde ele guardava as
relíquias dos deuses.
Era uma época muito difícil no Egito. Estava havendo uma epidemia de lepra e
muita gente já havia morrido por causa dessa doença. As Casas da Cura viviam cheias e as
dos Mortos também, mas havia uma diferença entre a parte egípcia governada por
Akhenaton. Esse faraó não jogava nem mandava para o exílio no deserto os seus doentes,
como fazia Ramsés. Ele ensinava a seus médicos ungüentos feitos de ervas colocadas em
ataduras com as quais se enfaixava os doentes, que além disso bebiam três vezes ao dia um
cálice de um remédio amargo feito de raízes. Assim em uma semana o paciente parecia
recuperado, recebendo apenas pequenos cuidados de seus familiares. Akhenaton não
aceitava as provocações de Ramsés, pois não gostava de guerras nem de ver seu povo
morrer, mas para viver na terra desse faraó tinha que se obedecer a lei de adorar apenas o
Deus único. Não era mais permitido adorar outras imagens de deuses. Já no templo de
Ramsés havia uma cabeça de asno (homenagem a Seth) toda feita de ouro. Mais embaixo
existiam ainda uns cultos secretos que se mantinham longe dos olhos dos faraós.
Manasses conta:
- Resolvi voltar e contar a Ramsés que iria seguir o meu caminho e que a partir
daquele dia eu deixaria seu palácio, mas que eu não iria para o palácio de
Akhenaton. Para Ramsés isso foi muito mais que uma traição. Foi a lança que
daria início a uma guerra, pois ele tinha certeza que minha mudança era
influência de Akhenaton. Ele declarou guerra ao faraó do Deus único
incitando sacerdotes e povo a destruir os vermes que desdenhavam dos
primeiros deuses ousando destruir suas imagens e calando seus cultos. A
princípio Akhenaton não deu resposta a Ramsés ignorando-o como se ignora
uma pedra de uma pedreira, o que deixou Ramsés ainda mais enfurecido, pois
ele esperava uma resposta só para fazer um pouco de sangue rolar. Prevendo
as reações de Ramsés Akhenaton pediu a Aarão e Miriam que preparassem o
povo para subir a montanha. Eles teriam que se preparar para atravessar o
mar (na verdade um rio). Foi quando me juntei de fato a Aarão e Miriam.
Como conhecia os truques que os sacerdotes usavam para demonstrar ao
povo que falavam com os deuses passei a mostrar ao povo que tudo não
passava de uma grande farsa, mas povo é povo. Não adere a mudanças com
facilidade e não é de uma hora para outra que os fazemos crer em algo.
Um dia o faraó Akhenaton disse ao povo:
- Guardem seus filhos dentro de casa e não os tirem da frente de vossos olhos,
pois Ramsés quer beber o sangue dos inocentes para acordar o deus Seth, o
vampiro da primeira geração (vampiro> vam ou vanus = vão + pirro ou piro
= fogo : fogo sem rumo, fogo enlouquecedor, devastador). Seth, como todos

282
O LIVRO DA LUZ

sabem, foi aquele que colaborou ativamente para a era das trevas na Terra e
se ele acordar mais uma vez tudo tornará a acontecer.
Miriam, que tudo ouvia, disse:
- Mas tu és o nosso Osíris, o Sol Celeste. Ele não te matará uma segunda vez.
- Miriam, minha amada irmã. Tu e Aarão devem partir com o povo que desejar
te seguir. Eu ficarei aqui para enfrentar o meu destino. Se Seth acordar é a
mim que ele quer e com certeza não medirá esforços para alcançar seu
propósito. Tu vais levar o Grande Mistério e o manterá sempre protegido.
Meu cajado dou agora a Aarão, pois muito o ajudará. Esse meu encontro com
Seth está escrito já há muitas eras. Se não for hoje vai ser amanhã. É algo que
eu não posso evitar. Sei que mais cedo ou mais tarde vai terminar
acontecendo. Eu já fiz tudo que podia. Durante esses longos anos venho
trabalhando para evoluir a humanidade, mas os poucos que compreenderam
isso não podem mais viver aqui, pois já não é mais um lugar seguro. Aarão,
tu tens sabedoria o bastante para executar essa missão. Além disso tens a
proteção da tribo de Judá. Manasses agora é um a mais para ajudar nessa
trajetória. Todo o ouro e a prata que tenho serão distribuídos entre as tribos e
seus líderes para que tenham um recurso básico de sobrevivência quando se
encontrarem fora das terras do Egito. Não acredito que Ramsés liberte seus
escravos, tampouco que venha a lhes dar alguma providência. Isso vai caber a
Manasses, pois só ele deverá enfrentar o seu irmão. Isso é tudo que tenho
para vos falar. Agora apressem-se.
Ele deu a Miriam e Aarão as relíquias que haviam sido de Melchizedek, pedindo a
eles todo o cuidado necessário. Após uma despedida triste Aarão e Miriam partiram com
lágrimas nos olhos por deixar à própria sorte o mestre que tinham como um pai. Graças às
instruções de Akhenaton Aarão comandou o povo e logo que haviam atravessado o rio
puderam ver o que aconteceu na sua antiga terra: uma chuva de meteoros cobria toda a terra
do Egito. Todos ficaram observando, tentando compreender o que estaria acontecendo ali.
Miriam e Aarão subiram a montanha de Jetro, pois ele tinha o conhecimento superior e
podia lhes informar o que de fato acontecia ali. Zaira fez companhia a Manasses na
ausência dos dois. Jetro recebeu Aarão e Miriam juntamente com as relíquias sagradas e
logo as guardou em lugar seguro. Depois se dirijiu aos dois e disse:
- O nosso Príncipe da Luz sacrificou-se para evitar um mal maior. Ele enviou
todos os seus súditos para a salvação e recebeu a ira de Ramsés sozinho, mas
não se preocupem. A ira do Pai Maior destruiu o muito que Ramsés
acreditava ter. A única cidade que ficou em pé foi Akhetaton, porém por
maior que tenha sido o susto de Ramsés não foi o bastante. Ele levantará
novas paredes e cobrirá a história de Akhenaton. Fará como se fosse sua
própria cidade, mas isso não vem ao caso. Eu preciso da ajuda de vocês para
transportar o corpo de Akhenaton. Ele está morto dentro do Templo do Sol,
na câmara secreta, que eu sei muito bem que só vocês dois conhecem. Eu não
estou pedindo que voltem lá comigo, pelo contrário. Isso não será preciso,
pois através das relíquias sagradas isso é muito mais fácil. Vou preparar o
ritual.
Abrindo uma pequena arca Jetro tirou de dentro dela um jarro com um líquido
amargo. Depois a pérola referente à vida de Akhenaton, o talismã e o Livro das Eras. Pediu
a Miriam que segurasse o jarro e a Aarão o cajado. Fez um círculo ao redor deles e de si.

283
O LIVRO DA LUZ

Abriu o livro e começou a ler e falar numa língua desconhecida. O cajado de Aarão
subitamente saiu de suas mãos e ficou no ar de uma hora pra outra. Ele começou a florecer
e dar fruto. Era apenas um fruto. Jetro colheu esse fruto e o colocou dentro do jarro que
Miriam segurava. O fruto logo se dissolveu desaparecendo completamente e o líquido
amargo transformou-se em um pó branco, que Jetro tratou de transferir para um outro jarro
transparente, onde ele se transformou novamente em líquido. Jetro fechou hermeticamente
o jarro, não permitindo a entrada de ar e logo que fez isso o líquido virou pó mais uma vez.
Ele então explicou para Miriam e Aarão que aquele pó era a essência dos patriarcas divinos,
aqueles que haviam concebido a humanidade: pai, mãe e o primeiro filho ou também os 7
sábios Elohins, Senhores da Criação da Arda.
- Sempre que isso for agitado voltará a ser esse líquido amargo cor de sangue,
mas é por bem que não venha a ser mexido sempre, tampouco aberto, pois
esse pó chama-se Sopro Vitae, aquele que é soprado no nariz e concebe a
vida imortal. Outrora também foi conhecido como Sopro dos Deuses ou da
deusa Minerva, aquela que soprou a vida para os filhos de Prometeu. Vocês
já devem conhecer esta história, pois são os discípulos mais próximos do
Príncipe do Sol.
- Sim – disse Miriam. O irmão Akhenaton já havia nos contado um pouco
sobre os mistérios e também nos ensinou os Caminhos Kabalísticos, a origem
da Grande Árvore dos Mistérios da Vida e os 22 caminhos das eras
planetárias dentro do planeta Terra, nos falou das 12 tribos interplanetárias
que deram origem à Terra e as infinitas crises que vivemos até hoje. Sinto
tanto ter vivido apenas sete anos de sua sabedoria, quando sei que poderia ter
aprendido ainda muito mais. Lamento do fundo da minha alma saber que ele
se foi, pois sei que agora toda verdade que ele queria para seu povo será
pagada pela ganância dos sacerdotes e eu pouco poderei fazer para mudar
isso.
- Não te condenes, Miriam. Tu e Aarão vão levar adiante a sabedoria de
Akhenaton. Sei que não será fácil, mas veja por um ponto de vista otimista.
Tu tens como aliados os juízes da tribo de Dã e a tribo de Judá. É a esperança
de onde virá uma nova pérola, um novo Enviado das Estrelas. Além desses
teu amado Aarão não terá a tribo dizimada, pois criou uma nova tribo dentro
dos levitas, os Cohens. Não te esqueças que tens também os filhos dos
Nefitilis. Tu deves sempre te lembrar que não és irmã de Moshé (Manasses),
pois ele se tornou filho de Jacó no dia em que este o reivindicou de Zafenate
Panéia. Tu não deves saber direito tua própria história, minha querida, mas
tanto tu quanto Aarão não estão aqui à toa. A visão que vocês têm é muito
grande e deve trazer a sabedoria necessária à humanidade. Não deves te
envergonhar se não conseguires alcançar o teu intento. O mais importante é
alcançar o intento divino, aquele que não conhecemos. Zafenate foi um sábio
muito grande, pois já possuía sabedoria na alma. Ele foi dado a Jacó e não
concebido por Jacó. Eis que vou te revelar como tudo isso aconteceu.
Jacó tinha um irmão chamado Esaú. Esaú era muito querido por seu pai Isaac, pois
era homem forte, cheio de alegria e vigor. Jacó era melancólico, caseiro, pacífico, muito
semelhante à sua mãe, mas em seu coração se escondia sua verdadeira face. Jacó era um
homem rancoroso, que guardava ressentimentos ou mágoas por longo tempo e a pior das
mágoas era o fato de Isaac se agradar mais de Esaú. Este casou-se e com o passar do tempo

284
O LIVRO DA LUZ

e seu trabalho enriqueceu. Possuía grandes rebanhos de animais e grandes também eram
suas lavouras, o que muito agradava a Isaac, que via no filho um homem honesto,
trabalhador e merecedor de tudo que possuía, porém Jacó não sabia que seria merecedor de
um bem muito precioso. Ele seria o pai das 12 tribos. Jacó se submeteu a trabalhar para seu
irmão por um período visando as vantagens que teria, mas Esaú não foi assim tão generoso
com Jacó. Disse a ele:
- Eu sempre fui forçado à vida difícil desde minha infância. Tu foste protegido
por nossa mãe, que não te deixava lavorar pesado, mas agora se queres algo
na tua vida terás que dar o suor de teu rosto e assim eu te serei justo e reto na
hora de teu pagamento.
Jacó não tinha muita opção e aceitou a proposta de Esaú. Anos mais tarde, já
bastante estruturado, ele inventou uma briga para fugir, levando consigo aquilo que não lhe
pertencia. Pegou um número maior de animais roubando o irmão e não foi só isso. A culpa
caiu sobre as costas de seus escravos. Mas Esaú não era tolo e não acreditou nas palavras de
Jacó e jurou persegui-lo por todas as terras. Dois anos se passaram e eles não voltaram a se
falar, porém quando fez cinco anos Esaú resolveu que estava na hora de dar um basta
naquela intriga, afinal ele tinha rebanhos incontáveis pastando em campos cada vez
maiores, suas lavouras eram bem-aventuradas e sua casa cheia de filhos saudáveis que
seguiam o mesmo caminho do pai. Suas filhas eram belíssimas, chamavam a atenção dos
senhores mais nobres e ricos, que muitos dotes ofereciam para desposá-las. Enfim Esaú
tinha tudo. Entre seu povo era um homem respeitado e honrado, porém havia algo que
ainda o incomodava. Ele tinha que devolver a Jacó algo que lhe pertencia e infelizmente
Jacó não sabia que possuía. Golaha, o sentinela celestial das eras agora havia encarnado em
um corpo humano, mas ainda era um Elohim, só não podia revelar isso a ninguém. Por isso
tinha que agir como um ser humano normal. Seu nome era Esaú, o irmão de Jacó, e ele
tinha que dar a Jacó o filho que teve, mas não soube, pois na sua fuga terminou deixando
para trás a mulher que ele tanto dizia amar, mas que jamais pôde lhe dar um filho. Esaú
tinha conhecimento das coisas ocultas do universo e prometeu a Jacó ajudá-lo a ter um filho
com sua amada, que por sinal era filha de Esaú. Agora era hora de Jacó saber dessa
verdade. Zafenate Panéia (Zafenate = o Salvador + Penéia = todos: o Salvador de todos) era
o nome do pequeno menino que traria um dos seres celestiais para viver entre os homens
[Obs.: como já disse antes os três sempre nascem juntos, mas não exatamente na mesma
época, ou melhor dizendo, no mesmo ano. Às vezes um está partindo e o outro está
chegando, pois tudo é apenas uma questão de troca de corpo. Às vezes não precisa nem
mesmo nascer. Basta encontrar uma alma que deseje ceder o corpo. É o que na maioria das
vezes acontece. “As filhas de seres celestiais não podem ter filhos de homens comuns. Isso
só é possível com o uso da sagrada magia.”] Todos acreditavam que Zafenate Panéia
trouxe Moshé / Manasses, o seu filho, mas na verdade, minha querida Miriam, ele trouxe
você à vida. Por isso você tinha tanta facilidade em compreender o Arketeton Akhenaton.
Ao ouvir isso Miriam, que já estava silenciada ouvindo a história que Jetro contava,
mais perplexa e assustada ficou. Percebendo o susto Jetro disse:
- Não te perturbes. Ouça tudo até o final e só então compreenderás tua missão.
Na vida, nas eras, poucos são aqueles que sabem da existência de um ser
celestial vivendo na Terra. Teu pai te manteve distante de Manasses e Jacó,
teu avô, para te preservar da influência deles. Manasses, como tu sabes,
recebeu este nome porque Jacó disse a Zafenate Panéia: “Teu filho será meu
para que tu te lembres da época em que já tinhas vida boa e de mim se

285
O LIVRO DA LUZ

esqueceu. Portanto seu nome será ‘esquecimento’ (Manasses = homem do


mar, homem esquecido, Seth, o tirano. Moshé = Moisés = tirano).” Ele já era
um jovem ambicioso de alma e podia vir a prejudicar tua evolução. Quando
tu nasceste foste levada para o outro lado do Egito para crescer dentro da
verdade que Zafenate conhecia e para não ter o mesmo destino que ele teve
quando ainda era garoto. Esaú foi devolver Zafenate a Jacó em um encontro
secreto, pois não desejava causar confusão em sua casa, mas Jacó armou-lhes
uma armadilha para dar cabo da vida de Esaú, que na verdade precisava
trocar de aparência urgentemente, pois tinha que voltar para a terra, mas seu
corpo atual já estava velho e não lhe serviria mais. Foi nesse encontro que
Jacó disse que lutou com um anjo e que o aprisionou ali até que este falasse
seu nome. Na verdade o nome que o tal anjo deu foi ‘Esaú’, que, é claro, Jacó
conhecia muito bem, mas durante a luta injusta Esaú chamou Jacó de Jarel ou
Jael = cabra ou bode selvagem. A luta foi injusta porque Jacó levou outros
seis homens, que tentaram matar Esaú. Esse, porém, era forte e mais alto que
os homens de Jacó. Não os matou com seus golpes, apenas os adormeceu.
Em sua ira Jacó partiu para cima de Esaú, que sem titubear cortou-lhe sem
gravidade maior a virilha, porém isso tornou Jacó estéril, não podia mais ter
filhos, mas já tinha o suficiente. Daí Jacó saiu mancando, recebendo o
apelido de ‘côxo.’ Após ser ferido e amedrontado Jacó tentou fugir, mas Esaú
o alcançou e lhe deu nos braços o menino Zafenate Panéia. Ele parou e enfim
ouviu tudo que Esaú tinha para falar. Envergonhado e ao mesmo tempo cheio
de alegria Jacó não sabia o que fazer, mas Esaú disse:
- Isso não é tudo. A mãe dele ainda vive e se tu ainda a desejas vai à procura
dela, que te espera amanhã para meu velório, pois hoje eu morrerei pelas
mãos dos comparsas de meu irmão.
Jacó disse:
- Não, eu não desejo mais tua morte. Perdoa-me.
- Eu te perdôo, Jacó, mas lembra-te: da minha casa tu só vais tirar aquele que
deseja sair e nada mais. Tudo que a ela pertencer ela poderá retirar, pois a
herança dela já está prescrita, assim como a de todos os meus filhos.
Jacó só teve tempo de ver seus homens se aproximarem de súbito e, a pauladas,
derrubarem Esaú. Estarrecido e sem palavras Jacó caiu sem forças, pois já havia perdido
muito sangue. Quando voltou a si perguntou a um de seus homens onde estava o menino.
Ele estava dormindo ali perto para não ver o que haviam feito com Esaú. Esaú foi jogado
dentro de uma caverna e lacrado com uma pedra. Assim ninguém jamais saberia o que tinha
acontecido, porém Jacó lembrou-se das palavras do irmão e preferiu levar seu corpo para
ser velado entre os seus. O ferimento em sua perna o ajudaria a sair limpo dessa história.
Na casa de Esaú Jacó foi aparentemente sozinho, pois havia dado ordens a um verdadeiro
exército para observar tudo de lugares estratégicos. Jacó entrou na casa de Esaú levando
seu corpo e também se fingindo de vítima de um espancamento. Além do corte na coxa ele
criou mais ferimentos e arranhões, o que de fato causou grande impacto em todos que
foram socorrê-lo e ainda simulou uma perda de consciência. Quando acordou do falso
desmaio perguntou por Esaú, como ele estava, mas logo recebeu a notícia de que ele estaria
morto, como já era sabido por Jacó. Ele contou que fora ao encontro de seu irmão, mas ao
chegar no lugar marcado havia um anjo do Senhor. O anjo estava irado com Esaú e Jacó
por eles terem envergonhado a casa de seu pai Isaac e por isso ele iria limpar a honra de

286
O LIVRO DA LUZ

Isaac lutando contra seus filhos até vencê-los. Isso causou grande medo no povo, que temia
a fúria dos deuses, que costumavam adorar. O anjo só poupou a criança, pois era um ser
inocente e Jacó já o havia enviado à sua casa sob a custódia de seus homens. Com essa
estória conseguiu o que queria, mas num futuro não muito distante o preço lhe foi cobrado.
Aarão pede desculpas e interrompe Jetro por um minuto. Ele precisa compreender
algo que não estava batendo na história.
- Senhor, nossos parentes contam que Jacó se casou com as mulheres da casa
de Labão e não da casa de seu próprio irmão.
- Sim Aarão, isso também é verdade. As duas primeiras esposas de Jacó eram
da família de Labão, mas a mãe de Zafenate não. Ela era filha de Esaú. Esse
também foi um dos motivos da guerra entre eles, pois Esaú não permitia isso
que para ele era uma ofensa: misturar sangues que jamais deviam se misturar.
Porém Labão não usou de honestidade com Jacó e este fez o mesmo, tendo
ele já uma grande nação. Não podia ficar sem terras para seu povo e seus
animais. Ao contrário daquilo que se comenta Esaú não era um ser rancoroso
e cheio de ódio como Jacó, que fez o mesmo que seu pai. Lançou sobre seus
filhos profecias cruéis condenando-os a viver separados, assim como Abraão
fez com Ismael dizendo que ele seria como um jumento, que seria contra
todos e todos contra ele (nessa passagem bíblica Hagar diz: deus ao vivo, El
Roi. Na verdade não é o Deus, mas apenas Abraão. Vem daí também a
adoração à cabeça de asno dourada). Esaú deu alguns anos de trabalho a Jacó
pagando-lhe muito bem, mas isso eu já contei.
Vamos terminar a parte de Zafenate Panéia. Este, aos sete anos de idade, disse a seu
pai que havia sonhado com uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça, mas que também
via essas estrelas se transformarem em escorpiões e serpentes, que mais tarde passariam a
comer umas às outras. Jacó percebeu que os sonhos de Zafenate passaram a se tornar
realidade, pois viu a morte de uma das esposas de Jacó e a chamou antes que ela partisse
dessa vida. Ele pressentia as besteiras que seus irmãos mais velhos iam fazer. Algumas
vezes contava para o pai, outras preferia se calar, pois percebeu que já não estava sendo
bem visto pelos irmãos. Aos doze anos Zafenate teve um sonho que muito o impressionou.
Sonhou que se via no futuro, vendido como escravo, virava rei de 12 estrelas, mas que
essas 12 estrelas viravam víboras e tentavam atacá-lo. Ele ia cortando as víboras em vários
pedaços até que elas não se mexessem mais. Era a segunda vez que ele tinha esse sonho, só
que dessa vez era bem mais completo. Ele, com sua pouca idade, compreendeu o que pôde
e no passar dos anos o resto se revelou. Tudo aconteceu como em seus sonhos. As víboras
cortadas significava que seus irmãos terminariam vendendo tudo que possuíam para o
faraó, ficando à mercê de sua vontade para sobreviver. A idéia de Zafenate era esperar uma
estrela nascer, pois em um de seus sonhos ele já havia visto Akhenaton e este trazia uma
pequena estrela e dava de presente a Zafenate. Esta pequena estrela é você, Miriam. Bem,
tudo que Zafenate fez foi para proteger o povo das víboras de seus sonhos e o restante dessa
história vocês já viveram e por isso a conhecem muito bem. Mas agora temos que dar um
jeito em Moshé, que acaba de criar um ídolo em sua honra e até já deu um nome a ele. Ele
está dizendo ao povo que são o rejeito dos deuses, são o bode expiatório de Mênfis. Isso já
não é um trabalho para mim, mas para tu Aarão e para tu Miriam, que apesar de estar
assustada com tudo que te foi relatado deves te manter firme diante dos confrontos que
ainda virão.
Então Aarão pergunta:

287
O LIVRO DA LUZ

- Sei que não tenho sabedoria o bastante, mas se não era para nos trazer a
discórdia por que Akhenaton nos pediu uma aliança com Moshé?
- Aarão, Moshé é um líder e sabe convencer o povo. Ele tem coragem e tirania
o bastante dentro de si. Você e Miriam serão o pêndulo da balança que
tentará evitar que ele vá longe demais nas suas insanidades. É por isso que ele
foi escolhido. Alguém tem que fazer a parte mais dura e fria, o que não é o
teu caso e nem o de Miriam, que apesar de sábia tem um coração ainda muito
levado pelas emoções. A frieza de Moshé será uma boa maneira de refrear os
impulsos do povo, mas a tua sabedoria aliada à justiça de Miriam
conquistarão a multidão. Vocês verão isso ao passar do tempo e aprenderão a
colocar Moshé no seu devido lugar.
Passados alguns meses nas terras de Jetro o povo fez um bom acampamento e
graças à esperteza de Miriam e Aarão o povo saiu do Egito prevenido com animais,
sementes, aves e vários utensílios, além da boa quantidade de ouro que Akhenaton
distribuiu entre eles. Moshé se interessava ainda mais por Zaira, mas seus interesses iam
além da beleza da jovem. Ele sabia que seu futuro sogro era um homem rico e muito sábio
e também o guardião das relíquias. Não demorou muito para Moshé buscar uma aliança
com Jetro, que já conhecia as intenções de seu futuro genro. Aos poucos Jetro passou
suavemente a dar corda para Moshé só para ver até onde iam as suas ambições. Permitiu o
casamento dele com sua filha, o que deixou Moshé mais à vontade para falar de suas
intenções. Miriam e Aarão tinham um filho chamado Jashá, um jovem sábio que havia sido
criado dentro dos costumes de Akhenaton. Esse jovem havia sido escondido dos olhos de
Ramsés e Moshé, que só veio a conhecê-lo nas terras de Jetro, mas não sabia quem eram
seus pais, pois ele disse ter sido criado por Jetro, que confirmou. Era uma maneira que
Miriam e Aarão encontraram de não levantar suspeita ou a ira de Moshé, que podia vir a se
vingar no rapaz por qualquer briga que viesse a acontecer dentro do conselho que cuidava
do povo. Na hora certa eles saberiam usar esse trunfo a seu favor. Jashá estava sempre
presente nas reuniões. Era uma ordem expressa de Jetro, que não podia aparecer, mas usava
o rapaz para ser o observador. Na verdade ele estava familiarizando o rapaz com aquilo que
ele deveria ser no futuro.
O tempo foi passando e Miriam e Moshé passaram a ter discordâncias constantes.
Ela preferia o diálogo em primeiro lugar. Só depois, quando já não houvesse jeito, era
necessário o uso de outros métodos. Moshé preferia criar guerras, matar e expulsar pessoas
de seus territórios só para tomar-lhes as terras e seus animais. Isso sem deixar de lembrar o
fato de mandar matar homens, mulheres, crianças e até mesmo bebês de peito. Suas
medidas radicais já estavam indo longe demais. Jashá passou a documentar a luta entre
Miriam e Moshé (e mais tarde as pessoas lembraram dessa batalha com o nome de Os
irmão Marah = amarga e Moshé = o tirano). Não é verdade que Miriam tenha se tornado
amarga. Isso é porque a raiz de Marah é traduzido assim, mas a tradução de seu nome eu já
expliquei anteriormente. Na verdade Miriam se tornou uma guerreira, que passou a bater de
frente com Moshé. Para o povo ela era a piedosa, defensora e amada senhora, que eles tanto
respeitavam. As tribos de Judá e Dã não eram muito amigas de Moshé, mas aos poucos ele
foi influenciando as outras tribos com o sonho de obter mais terras, mais animais.
Obviamente que para isso ele ia matar alguns seres que jamais lhe fizeram mal algum. Ele
passou a conquistar grande quantidade de terras e dessa maneira também passou a subir de
importância para o povo, mas ao mesmo tempo era temido. Para impor a lei ele usava de
métodos cruéis, mandando para o sacrifício famílias inteiras bem diante do povo para que

288
O LIVRO DA LUZ

eles observassem o castigo que sentiriam na pele se passassem por cima de suas leis. Houve
uma época em que ele tentou tirar Miriam das reuniões visando afastá-la para sempre. Ele a
trancou dentro de um poço escondido e a deixou lá por uma semana, para desespero de
Aarão, Jashá e do povo. Aarão e Jashá sabiam que ele havia feito algo de errado, mas não
podiam levantar a ira do povo contra Moshé, pois os defensores dele entrariam em atrito
com os de Miriam e isso terminaria em sangue dos dois lados. Jetro localizou Miriam e a
recolheu. Viu que ela havia sofrido na pele os conhecimentos de magia de Moshé e a
questionou porque não havia se defendido. Ela temia que Moshé se vingasse em seu povo e
por isso permitiu que ele a ferisse. Jetro a curou e avisou que ela tinha que retornar com
urgência, pois o povo já estava realmente pronto para entrar em guerra por causa do seu
sumiço.
Aarão e Jashá, membros do conselho, se recusavam a participar das reuniões e
outros representantes também, o que deixava o povo curioso para saber o que estava
acontecendo. Moshé arrumou uma desculpa. Disse que Miriam estava muito doente e que
se afastara para repousar até estar totalmente curada. Enquanto isso seria melhor esperar.
Isso acalmou um pouco a ira do povo, mas frustrou os planos de Moshé. Miriam voltou e
dessa vez trouxe com ela grandes revoluções. A primeira foi separar o seu povo do povo de
Moshé, deixando bem claro que nenhum homem, mulher ou jovem de seu povo o ajudaria
em suas guerras sangrentas por terra. Primeiro ela conversou com os líderes das tribos,
expôs e ouviu opiniões. Eles já estavam satisfeitos com o que tinham, pois agora já tinham
a colheita das sementes que tinham trazido do Egito, o leite para fazer o pão e os ovos.
Miriam dizia:
- Não matem seus animais até que venham a ter mais de seis dúzias, nem os
sacrifiquem, pois vamos precisar do que eles têm para nos oferecer. Lembrem
do que o Príncipe do Sol nos ensinou. Para aquele que tem uma vaca sempre
haverá leite, pão e queijo, mas se sacrificá-la um dia a carne acaba e não terás
mais nada.
Era apenas uma questão de reeducar o povo e ela sempre tinha boas idéias. Por isso
seu povo aprendeu a respeitá-la. Em concordância as tribos deram a palavra final a seus
dirigentes e junto com Miriam eles foram falar com Moshé, que a princípio recebeu bem a
proposta de Miriam, mas era puro fingimento, pois o pior ainda estava por vir. Moshé
roubou animais e frutas, alimentos de quase um mês das tribos de Miriam, mas dessa vez
Miriam foi falar com ele sozinha. Prometeu a seu povo que traria todo o alimento de volta
até o anoitecer e pediu a todos que não fizessem nada até que ela voltasse da conversa com
Moshé. Logo na entrada da tenda de Moshé os guardas barraram a entrada dela. Ela falou
apenas duas palavras e eles caíram em sono profundo. Ela entrou e sem medo algum
sentou-se diante de Moshé, que sentiu uma presença muito forte e assustadora vindo com
Miriam. Ela disse a ele:
- Senta-te, cala-te e aprende a ouvir, pois essa será a primeira vez que tu verás
quem realmente sou.
Petrificado com as palavras de Miriam Moshé não entendeu o que estava
acontecendo. Tentou balbuciar palavras mágicas, mas ela apenas mostrou a ele um símbolo
na palma de sua mão. Desse símbolo saía luz. Moshé parecia conhecê-lo, mas temê-lo
também. Assim Miriam começou a falar tudo que desejava. Disse:
- Meu povo é de seres livres, Moshé. Mesmo que ainda não saibam andar
com suas próprias pernas eles são livres, assim como teu povo também o é.
Assim também são os outros povos que viviam nessas terras que tu, sem dó

289
O LIVRO DA LUZ

nem piedade, massacraste apenas para furtar-lhes o chão que não pertence
nem a ti nem a homem nenhum. Nesse longo tempo que venho convivendo
contigo percebi que muito pouco conheces da alma humana, mas como
poderia eu exigir isso de um ser que não conhece nem a si mesmo. Sei que
não posso negar tuas grandes conquistas para com o povo. Tu ofertaste mais
terras para a lavoura e colocaste certas regras dentro dessa enorme
comunidade, que obviamente precisava de tua mão para guiá-los, mas nos
últimos tempos vens aproveitando do prestígio que alcançaste para derrubar
pessoas que não tem a intenção de te destruir, pois entendem a necessidade
da tua presença e o quanto ela é fundamental, apesar de não concordar com
teus meios radicais e cruéis. Eu não te desejo mal, nem vivo a te oferecê-lo
como fazes incessantemente contra a minha pessoa. Ao contrário do que tu
pensas eu não sou o teu principal inimigo. Na verdade tu devias temer o
único que não conheces. Ele é tão poderoso quanto tu e não teme te destruir.
É uma pena que tu ainda não o tenhas percebido, mas hoje eu estou me
sentindo caridosa e vou te dar uma pista gigantesca para que tu o encontres e
tentes controlá-lo, antes que ele venha a te destruir. Olha-te no espelho,
Moshé, e verás o único ser que tu realmente deves temer.
Irado Moshé tentou erguer seu bastão contra Miriam, mas ela proferiu apenas essas
palavras:
- Sabes qual é a diferença entre nós, meu irmão? Tu acreditas naquilo que
aprendeste, eu sinto e vivo. Crédito é dado pelos olhos, razão é dada aos
homens a troco de algo que um dia se espera de volta. Ao sentir EU SOU, ao
ser EU FAÇO.
O bastão de Moshé não obedecia seu comando.
- Entenda Moshé, eu não estou aqui para te humilhar perante os irmãos, pois se
assim o fosse eu não teria vindo sozinha. Tudo que quero é que me devolva
tudo que foi tirado do meu povo e que isso seja feito em apenas uma hora,
caso contrário vou fazer isso de outra forma, que acredito sim, virá a te deixar
desacreditado perante aqueles que tu lideras. Tu sabes que posso fazê-lo, mas
acredito que não é teu desejo que eu o faça. Saibas que não é o meu também,
mas venho hoje deixar-te bem esclarecido. Jamais ouse levantar tuas mãos
contra mim novamente. Como sabes não gosto de conflitos, mas posso
afirmar-te que tu jamais desejarás ver-me como tua inimiga.
Após essa conversa Miriam saiu e foi a seu povo e já podia vê-los recebendo de
volta tudo que fora roubado na noite anterior. O povo proclamou Miriam como sua
salvadora e a partir daquele dia todo o acampamento foi dividido, mas Miriam sabia que
Moshé não deixaria isso assim. Ele ia encontrar um jeito de ter o poder da maioria
novamente para si só para tentar derrubá-la, mas Miriam foi a Jetro e explicou que seria
melhor partir com seu povo para outro lugar antes que os dois lados agora divididos
começassem a entrar em conflitos maiores do que aqueles que já possuíam anteriormente.
Jetro disse:
- Existe a montanha de Nimrod. Eu mesmo estou indo para lá. Se tu e teu
povo desejarem, podem vir comigo. Serão bem-vindos, mas devo antes avisar
os que já vivem lá e ajudá-los a aumentar as lavouras. As casas são cavernas,
lugares agradáveis para se viver.

290
O LIVRO DA LUZ

Mais uma vez Miriam reúne os dirigentes de seu povo e juntos chegam a uma
conclusão. Era melhor partir e deixar aquelas terras para Moshé antes que ele enterrasse
todos nela. Mas nem todo o povo queria deixar aquilo que havia construído e alguns
resolveram ficar, aliando-se a Moshé. Os que partiram encontraram moradia e terras e uma
vida sem conflitos, mas os que ficaram tiveram que se unir às barbáries de Moshé, que
queria ser dono de todas as terras ao seu redor. Milhares de homens, mulheres e crianças
morreram, muitas terras foram invadidas e o conquistador seguia seu caminho saqueando e
matando o povo que encontrava.
O povo de Miriam viveu uma época de paz até que chegou o dia da fatalidade.
Durante anos Moshé havia aumentado seu exército de homens e se tornara um gigante.
Moshé também tinha um segredo, que só se revelou nessa ocasião. Ele havia encantado a
bela elfa Zaira e ela revelou onde era guardada a Arca das Relíquias Sagradas e não era só
isso. Ela havia roubado para Moshé a aliança que um dia um Elohim havia usado. Era como
um anel de poder, que só podia ser usado por seres puros, caso contrário traria ao seu
usuário a fome incessante pelo poder. Jetro preveniu Miriam e Aarão do que havia
acontecido e das conseqüências também. Aarão e Miriam sabiam que ninguém jamais havia
dominado o poder do anel e que somente os Elohins podiam fazê-lo, mas agora o último
havia sido Akhenaton, que já não estava mais entre eles. Perguntaram a Jetro o que poderia
ser feito para evitar a desgraça que estava por vir. Jetro disse que tudo dependia
exclusivamente deles, pois eram os únicos que tinham a mesma sabedoria de Akhenaton.
De certa forma isso deixou os dois bastante preocupados, mas não havia outro jeito. Era
preciso enfentar Moshé e sua loucura. Miriam e Aarão prepararam um campo mágico ao
redor da montanha visando proteger o povo. Moshé chegou com um número muito grande
de homens. Chamou Miriam aos gritos. Ela surgiu. Saiu da montanha sozinha e caminhou
em direção a Moshé. Em determinado ponto ela parou e perguntou:
- O que queres de mim, Moshé?
Olhou para aquele ser tão cheio de ira e de aparência sombria. Seus olhos pareciam
desejar sangue. Moshé nada disse, apenas avançou para cima de Miriam, que rapidamente
puxou a espada de Nimrod, luminosa, flamejante, inquebrável.
- Ora, mas que surpresa. Tu também sabes pegar em uma espada. O que mais
sabes fazer, Miriam? Teu antigo senhor te ensinou segredos que não cabem a
mulheres. Por isso não era respeitado pelos grandes sacerdotes. Ele era uma
profanação à raça masculina, pois ignorava que as mulheres jamais
chegariam a ser líderes, rainhas, pois são seres inferiores a nós. Nós os
homens, minha cara Miriam, somos o sagrado, pois somos os únicos que tem
a semente da vida. Vocês mulheres não possuem esse dom.
- É verdade, Moshé, mas de que te serve esse dom se tu não tens a terra para
plantar tua semente? Acaso tu és como as rãs do Egito, ou melhor, tu és a
relíquia única que sobrou da era em que mulher e homem não eram
distinguidos pelo sexo, pois eram como os anjos assexuados. Eu não sabia
que tu não precisavas mais de Zaira e das tuas outras esposas para ter filhos, a
não ser que tu agora estejas usando a Lei de Piro, estás dando vida a corpos
sem alma (piro também é conhecido por corpo vazio, sem alma, bruxaria
muito comum que anima estátuas, bonecos de barro e até mesmo corpos de
defuntos).

291
O LIVRO DA LUZ

Moshé, cheio de raiva com as observações de Miriam, começou a invocar forças


terríveis. Uma grande escuridão no céu se fez. Cobras começaram a surgir, brotar do chão
como se fossem mato, porém a confiança de Miriam estava inabalável. Ela disse:
- Eu já conheço essas ilusões, Moshé. Não tens nada de novo para me
mostrar?
- Não sejas irônica, irmã. Não te cabe bem este comportamento.
- Não é ironia, irmão. Eu sempre fui bem-humorada, lembra-se? Tu que nunca
suportaste minha alegria, sempre me feriu com tuas censuras, nunca
acreditaste que o poder possa andar lado a lado com a alegria, mas como se
pode cobrar alegria de um ser que cria leis que incentivam a morte e o medo?
É claro que tu não sabes o que é ser feliz. Se soubesse não teria criado
tamanho horror. Hoje eu sei qual é o teu lema: olho por olho e dente por
dente, mão por mão, pena de morte àqueles que eu achar que erraram ou seria
pena de morte àqueles que Moshé não deseja mais ver? O que faz um homem
sábio, Moshé, não são as leis que ele impõem a seu povo, mas a maneira
como ele as delega. Se tu não te lembras mais do significado dessa palavra eu
posso acordá-la na tua mente. Delegar, meu irmão, é compartilhar com os
outros, palavra essa de que tu nunca gostaste. Quando se trata de poder ele
tem que ser só teu e hoje é mais um motivo para estares aqui.
- Estás melhorando nas palavras, irmãzinha. Ficaste mais audaciosa. Pena que
seja tarde demais para ti.
Abrindo os braços ele fez a terra estremecer ao redor deles. Miriam fincou a espada
no chão e o tremor parou. Ela gritou:
- Como ousas ferir a mão que te dá auxílio. A natureza te provê de tudo. É essa
paga que tu ofereces?
- Não Miriam, eu não quero a natureza, eu quero você. Você sempre foi uma
pedra muito grande no meu caminho, mas que agora eu vou remover de uma
vez por todas. Você sempre teve tudo, sempre foi a amada, a respeitada, a
grande senhora, a salvadora do povo e das tribos. Eu, eu nunca tive o que
você teve. O povo nunca usou de sinceridade comigo. Eu só alcancei tudo
que tenho e sou hoje pelas leis que impus. Eu fiz tudo para dar ao povo mais
e mais terras, mas você, você nunca gostou das minhas idéias, dos meus
métodos. Você pôs o povo contra mim, Miriam, e eu terminei me tornando o
bode expiatório do deserto. Me tornei o bode errante. Só um imbecil foge
para o deserto com um povo limitado, sem cultura e acredita que vai ser líder.
Você me roubou o trono até mesmo no deserto e eu continuei sendo o bode
expiatório, mas hoje tem um lado muito bom nisso tudo. Eu tenho um ídolo
em minha própria homenagem. Eu já lhe falei sobre ele. É o meu bode de
Mênfis, que reina lado a lado com o grande senhor Seth. E você, Miriam, vai
ser lembrada como, no futuro? Já mandaste esculpir alguma coisa em tua
honra? Não, é claro que não. Teu senhor não respeitava os deuses das
primeiras eras. Ele não acreditava neles, não é mesmo, Miriam? Mas e agora,
onde está o teu senhor? Cadê todo o poder do inabalável rei Aton, o Senhor
dos Senhores? Será que ele sabe que hoje você tem um encontro marcado
com ele?
- Sim, Moshé, não só ele sabe disso como eu também. Há muito espero por
esse encontro.

292
O LIVRO DA LUZ

A resposta de Miriam veio como uma ventania, que trouxe confusão à sua mente. O
que Miriam realmente estaria pensando para dar essa resposta? Ela era o ser mais forte e
sábio na arte da magia. Por que estaria falando isso? Além do mais sua face não mudou
nada. Nem mesmo uma fagulha de medo era possível encontrar em seus olhos. Pelo
contrário, brilhavam serena e calmamente, cheios de confiança como ele jamais havia visto.
Moshé então aproveitou e disse:
- Não vamos fazê-lo esperar tanto. Vamos, Miriam, lute comigo e eu te ajudo a
seguir o mesmo caminho que o teu senhor e logo estarão livres de mim.
- Não te preocupes, Moshé, eu já conheço esse caminho.
Mais uma vez o mistério envolto nas palavras de Miriam. O que ela quis dizer
quando afirmou que já conhecia o caminho? Na verdade este era um segredo que só Miriam
e Jetro compartilhavam. Mais ninguém sabia os segredos escondidos por trás dessas
palavras. Moshé investiu para cima de Miriam invocando encantamentos que dispersam a
energia vital do ser atingido, mas nem uma gota de energia saía de Miriam, o que assustou
Moshé, pois isso só aconteceria se o ser atingido tivesse atingido o último grau do
conhecimento ou se já estivesse morto. Entre as duas hipóteses ele ficou com a primeira.
Miriam agora era uma grã-sacerdotisa, tinha o domínio dos elementos, podia transmutá-los,
mas como teria chegado tão alto em tão pouco tempo? Mas isso agora não importava. Ele
tinha o Anel dos Senhores da Terra e isso o tornava invencível. Miriam e Moshé passaram
horas ali num combate mágico. Moshé, já irritado, perdeu seu controle e começou a fazer a
conjuração do Livro dos Mortos para trazer Seth de volta à vida. Miriam fez um contra e o
fez ficar mudo e petrificado. Sem poder se mexer ou falar Moshé sentiu medo, porém ainda
não sabia o que estaria por vir. Miriam tirou facilmente o anel de seu dedo e o colocou em
um pequeno saquinho amarrado à sua roupa. Depois disso ela disse:
- Agora eu vou acabar contigo, Moshé. Vou reduzir-te ao pó que sempre
fostes.
Moshé, que podia apenas ver e ouvir, tornou seu olhar desesperado, tentando pedir
algo que não conseguia. Olhava atentamente para Miriam e tentava ver nela uma fagulha de
esperança, mas ela estava impenetrável como jamais estivera. O que tinha acontecido com a
Miriam do passado, que jamais pensou em matar alguém? Por que havia mudado tanto? De
repente as palavras do faraó Akhenaton voltaram à sua mente. Após tantos anos tudo que
Akhenaton havia dito agora realmente fazia sentido. Moshé passou sua vida inteira
brigando pelo poder e a glória, mas nunca os possuiu de verdade. No entanto sua irmã, que
não procurava isso, já o tinha alcançado, porém parecia não se importar com isso. Era como
se isso fosse algo muito comum em sua vida. Mas por que ele não sentia como ela, por que?
Por que ele tinha aquela sede tão desesperada pelo poder, por que isso o consumia e a ela
nada fazia? Miriam, que lia sua mente, rompeu o silêncio e disse:
- Eu lhe darei a resposta para esse teu enigma, Moshé. Eu não aprendi a
verdade ou a magia sagrada na intenção de possuí-la, de tê-la para mim como
um objeto pessoal. Eu aprendi com o Senhor Akhenaton que a verdade e a
magia sagrada são formas de vida divinas, que por si são livres e em si
libertam aqueles que as compreendem. Libertam dos preconceitos, dos falsos
dogmas, dos medos, mas acima de tudo nos libertam de nós mesmos, pois
somos nós nossos piores inimigos. Sendo assim como poderia eu aprisionar
quem me liberta? Logo que passei a agir e sentir dessa maneira compreendi
que para ter a magia sagrada eu teria que me entregar primeiro a ela, permitir
que ela me tomasse e adentrasse por todas as minhas entranhas. Só depois

293
O LIVRO DA LUZ

disso ela me faria merecedora ou não de sua honrosa companhia. E tu, meu
irmão, fizeste o caminho contrário. Tu tentaste fazer da magia divina tua
prisioneira e ela te levou ao que tu és hoje. Apesar de ver em teus olhos um
pedido de compreensão, um pequeno véu que se descortina, eu não terei
piedade de ti hoje, Moshé. Eu terei que cumprir o destino para o qual fui
incumbida e o farei sem dó nem piedade de ti. Ao término de suas palavras
Miriam pegou algo em um pequeno saquinho que tinha junto da sua cintura.
Era um óleo mágico. Ela passou uma pequena gota na fronte de Moshé. A
partir daquele instante Moshé foi transportado para dentro de sua consciência
e lá se defrontou com todas as pessoas que havia julgado, matado, etc. Ele
não apenas via suas vítimas, mas elas falavam com ele, o acusavam de suas
dores, de seu sofrimento, o condenavam pela falta de compreensão, pela má-
vontade em ouvi-las, pelo julgamento injusto. Crianças choravam pedindo
ajuda, procuravam os pais mortos e vice-versa. O desepero tomou conta de
Moshé, que não sabia como se defender de tantos algozes. Seus atos de
crueldade foram tantos que pareciam intermináveis. Enquanto isso Jetro , que
tudo observava, disse para Aarão:
- Agora é a hora certa. Eu devo agir, porém mais ninguém aqui deve fazer
nada até que eu volte.
Jetro estava calmo o tempo todo. Em nenhum momento seu semblante se alterou.
Ele saiu com o cajado de Elohim, fez o sono cair sobre o povo e os soldados de Moshé,
menos sobre Miriam e Moshé. Logo em seguida foi até Miriam e percebeu o que estava
para acontecer. Levou-a para dentro e a Moshé também, pois este estava completamente
preso dentro de sua consciência, revendo suas ações. Miriam havia passado em sua fronte
‘o óleo da verdade interior’ e o efeito dele só acabava em 24 horas. Mas isso agora não era
assim tão importante. Zaira estava de volta ao normal e cuidava de Moshé, mas Miriam
estava morrendo. A verdade não era bem que estivesse morrendo, pois isso já havia
acontecido semanas antes desse encontro. Era chegada a hora de revelar a Aarão e a Jashá o
que realmente estava acontecendo com Miriam. Em desespero Aarão e Jashá vieram ao
encontro de Jetro na câmara sagrada onde Miriam se encontrava semi-inconsciente. Ao
entrar Aarão assustou-se ao ver sua amada, que de um momento para o outro passou da
vida para a morte. Olhou para Jetro e perguntou o que estava acontecendo, porque ele não
fazia nada. Se era o rei élfico, tinha o dom da cura. Jetro disse:
- Se tu me ouvires poderei te relatar o que aconteceu.
Aarão levou as mãos aos olhos cobrindo a face já com lágrimas enquanto Jashá
ternamente acariciava os longos cabelos de sua mãe. Ele disse:
- Conte, Senhor Jetro, conte a meu pai, pois eu já sei do que se trata. Eu
também carrego a marca da lança do destino e também sinto a dor que minha
mãe sentia. Também sei que aquele que carrega essa marca jamais encontrará
a cura.
Aarão olhou para Jetro e perguntou:
- Do que ele está falando?
Jetro disse:
- Aarão, o teu filho está se referindo à maldição de Prometeu, aquele que
trouxe para a humanidade o conhecimento que um dia o libertará. Prometeu
foi o anjo caído chamado Samiazy, que renunciou à sua condição divina para
evoluir a humanidade, mas ao fazer isso terminou criando sua própria prisão.

294
O LIVRO DA LUZ

Ele teria que viver aqui na Terra até que todo o trabalho fosse concluído, ou
melhor, até que todos tivessem evoluído. Para isso ele recebeu uma marca. A
lança do destino foi atirada em seu peito do lado direito, mais propriamente
próximo do fígado. Esse corte nunca fechou, mas essa não foi sua única
marca. Ele também recebeu um anel que tinha uma pedra com o peso de uma
montanha, mesmo sendo pequena. A pedra cada dia parecia mais pesada. Era
o peso das ações humanas diante do conhecimento que Prometeu trouxe.
Quanto maior o número de pessoas evoluídas mais leve a pedra se torna.
Quanto maior o número de seres ainda ignorantes de saber, mais pesada ela
fica. O primeiro filho de Samiazy chamava-se Shain = vida, mas ele já
nasceu doente, pois nasceu com a marca do pai e ainda sofreu como o pai o
toque da lança, história essa que você já conhece. Shain também teve outros
filhos que nasciam com a marca da maldição. Na verdade o que alguns
acreditam ser uma maldição é apenas a marca daqueles que vêm para
carregar o mundo nas costas ou para dar continuidade à sabedoria sem deixá-
la desaparecer nem ser esquecida. Não sei se tu te lembras, mas o Príncipe do
Sol tinha essa marca, que dores insuportáveis chegaram a lhe causar. Muitas
vezes ela chegou até mesmo a sangrar por ele ter feito esforço em demasia
para segurar a maldade de tantos sacerdotes do Egito. Em determinado
momento a dor avisa que chegou a hora e não é mais possível viver nesse
mundo. É preciso partir e esse momento chegou para Miriam há duas
semanas atrás, mas ela teve uma visão com o Príncipe do Sol e ele disse que
estaria com ela fazendo-a suportar as dores até que sua missão tivesse
realmente acabado. Na verdade ele sempre esteve com ela o tempo todo. Por
isso Miriam era tão forte e a todos fortalecia com sua segurança. Tu, meu
amigo, deverias ter orgulho da esposa que tiveste e do filho escolhido, que
vive ao teu lado, pois agora a parte que vem é missão de vocês dois e ambos
terão que mostrar ter muita sabedoria e compreensão para dar continuidade a
ela.
Após essa conversa nada mais podia ser feito. Era preciso esperar que as próxima
horas mostrassem o destino. Três dias se passaram. Antes de voltar a Moshé e Miriam Jetro
chamou Jashá para uma conversa em particular e disse:
- Eu te chamei aqui para te revelar que eu também devo partir e por essa razão
vou deixar a ti e teu pai incumbidos de guardar as relíquias sagradas. Tu
sabes que essas relíquias são importantes para a humanidade, pois são a única
prova da aliança de um ser imortal com os mortais.
- Tu não precisas se preocupar com isso, Senhor Jetro. Eu sei que os três se
vão e voltam sempre, mas que precisam fazer isso sempre juntos. Gostaria
apenas de saber quem dos três o senhor é, se isso não for ofendê-lo.
- Não é nenhuma ofensa para mim, Jashá. Eu, Krysnasvary, há pouco tempo
fui Nimrod, mas preferi mudar de aparência, pois um deus errante e louco
continua perseguindo seres como eu. Não podemos matá-lo, pois ele faz parte
do pêndulo da balança que equilibra esse mundo. Akhenaton, como tu já
sabes, era o Príncipe do Sol, e foi Melchizedek (Pandora), mas seu nome
celestino era Agkrüpymallaya = Ayrimael. Samiazy foi Prometeu, mas em
um determinado momento ele trocava de aparência com Pandora. Às vezes
eles se faziam passar um pelo outro só para confundir o deus que nos

295
O LIVRO DA LUZ

persegue. Na troca mais importante Prometeu, o Samiazy, tinha assumido o


papel de Melchizedek, mas o abandonou dando-o a Ayrimael e se chamou
Garivaram = Golaha. Agora, meu sábio Jashá, chegou o momento de
trocarmos novamente de aparência, forma e lugar, mas vou ter que confiar a
ti e a teu pai aquilo que a mim foi confiado.
- Mas e quanto a Moshé?
- Não te preocupes com ele, pois ele não é mais a pessoa que tu conheceste.
Venha comigo e eu te mostrarei.
Jashá acompanhou Jetro até o local onde Moshé estava e lá viu que ele havia sofrido
de fato uma grande transformação. Sua aura emanava luz, calma, algo que não existia em
Moshé. Jashá sabia que agora Moshé realmente cumpriria a missão para a qual havia sido
designado. Mas agora ele se voltou mais uma vez para Jetro, pois precisava saber um pouco
mais sobre sua missão e o mistério que envolvia seres como ele. Chamou Jetro para uma
outra sala e seriamente começou a falar:
- Senhor Jetro, eu sei que não és o Grande Criador. Sei também que os outros
dois também não o são, mas sei que todos que aqui vivem são vossos filhos,
ou seja, filhos do arco-íris, filhos dos 7 raios, Elohins divinos. Sei que por
trás de vocês existe o Senhor de todos os Senhores, Aquele que tem todas as
faces, que tudo vê, tudo habita. Aprendi com minha mãe e meu pai a
compreender os mistérios da criação. Dentre tantas coisas gostaria apenas
que, se fosse possível, o senhor me respondesse algumas perguntas.
- Pergunte então e eu responderei – disse Jetro.
- Quem são vocês e quem somos nós?
- Bem direta tua pergunta. Por isso dar-te-ei uma resposta direta. Nós somos
seres interplanetários conscientes e vocês seres planetários inconscientes.
- Desculpe-me senhor, mas essa parte eu também já conheço. Vou ser mais
direto. De que planeta o senhor vem?
- Jashá, todos que vivem na Terra são filhos de doze planetas diferentes, mas
estão aqui para aprender, pois essa é a escola. Mas eu e os outros somos
originalmente filhos da Matrix divina, que não tem nome, mas que agora é
conhecido como Planeta do Princípio Divino. Eras e eras se passaram e
alguns de nós foram descobrindo que haviam criado criaturas com suas
emoções, tal qual o Pai. Essa história você já conhece e por isso vou me
adiantar. Nossas emoções tinham um planeta natal, que correspondia à nossa
personalidade. Por exemplo o Sol corresponde à casa dos filhos de Miguel
Arcanjo. A Lua corresponde à casa dos filhos de Gabriel e assim por diante,
mas o máximo de nossa semelhança com algum desses planetas é o fato de
sermos os responsáveis por aqueles que nasceram neles. Em suma, somos
criaturas livres no universo por termos alcançado a consciência divina. Não
temos morada fixa. Nosso dever é evoluir as criaturas que criamos, a quem
demos na verdade apenas a personalidade, pois todo ser já existe mesmo que
ainda não tenha acordado.
- Eu sei como é essa história, senhor Jetro, não se preocupe, mas me diga o que
de fato são aqueles como minha mãe e eu, aqueles que nascem com a marca.
- Esses, meu bom rapaz, são aqueles que forjamos. São seres que há muitas e
muitas eras nós vínhamos evoluindo secretamente entre nossos próprios
filhos. Não que os outros não mereçam o mesmo, mas tudo é como foi com o

296
O LIVRO DA LUZ

Pai. Vocês foram as nossas primeiras emoções, aquelas que despertaram


quando nós nem sabíamos o significado da palavra emoção. Resumindo, em
um efeito dominó, evolução em cadeia, vocês são os primeiros a evoluirem e
logo poderão desempenhar o papel de pai como nós estamos fazendo há
milhares e milhares de eras. Muitos dentre vós foram aqueles que outrora
foram chamados de deuses e alguns até continuam a ser chamados e no futuro
continuarão com esse título. Depois que terminar o estágio na escola
chamada Terra nós não seremos mais responsáveis por vocês. Assim se
tornarão filhos do mundo, que deverão descobrir suas próprias
responsabilidades com seus filhos, mas isso não significa que vocês estarão
abandonados, sem pai. Apenas terão que fazer tudo como um dia foi conosco.
- Tudo bem, isso eu já compreendi e agradeço muito pela boa vontade em me
responder, mas me diga: Por que o velocino sagrado, sendo o meio de
transporte de vocês para os outros planetas, nem sempre é usado por vocês?
- O chariot ou velocino, como você diz, não pode ser usado a esmo. Devemos
ter cautela, pois ele é algo altamente cobiçado por seres mortais que, sem
sabedoria alguma, desejam viajar até outros planetas, mas não sabem o que
os espera lá. Obviamente este não é o único veículo, como nunca foi. Na
época da grande inundação você bem sabe que muitos de nós voltaram para
um curto exílio num planeta natal chamado Capela. E isso só aconteceu
graças às naves atlantes, shangrillês e lemurianas, que se mantinham muito
bem guardadas, sem contar que Xanthus também ajudou muito com seus
navios voadores.
- Salomão chamou os extraterrestres e foi abduzido. Todo Messias vem em
uma nave que parece uma estrela, mas não é uma. Deus, que só tinha idéias e
idealizou tudo, começo e fim, só depois criou o corpo (explodiu sua alma).
- Hoje não existem mais muitas naves como essas na Terra, pois nós fizemos a
escolha de vez por outra reencarnar em um corpo previamente preparado,
afinal você sabe que não podemos nascer naturalmente como vocês. Por isso
foi ensinado a você tudo que deve ser feito para possibilitar o nosso
nascimento. Sei que essa era mais uma de suas perguntas, mas não se
preocupe. Todas as informações necessárias para isso você já possui e todo
material também. Toda vez que um ser tiver que voltar à Terra uma nave vem
com um mensageiro e deixa o material que não é possível encontrar aqui.
Depois essa mesma nave é vista apenas mais duas vezes: na hora do
nascimento e na hora da morte. Tu te lembras do que viu no dia em que
Akhenaton morreu?
- Sim, eu me lembro.
- Não estou falando apenas da chuva de meteoros. Estou falando que isso
serviu apenas para disfarçar a nave que veio buscar o que não podia ficar na
Terra. O restante, como tu já sabes, eu fiz. Eu trouxe a essência de Akhenaton
para o Cálice da Vida, mas seu corpo jamais será achado. Em seu lugar
surgirão um dia muitos seres ou múmias, que pretenderão fazer passar por
ele, mas nenhuma será verdadeira.
- Por que isso? Por que não desejam ser encontrados?
- É muito simples, Jashá. A humanidade tem hoje uma aparência semelhante e
já tem muitos preconceitos. Nas eras passadas a aparência também já foi

297
O LIVRO DA LUZ

motivo de medo e destruição. No futuro o motivo continuará sendo o mesmo:


ignorar o que não compreende, distorcer, profanar por medo, porém como
aqui é uma escola deve ter de tudo um pouco e lá na Caverna das Antigas
Civilizações existem inúmeros exemplares de seres bastante diferentes, mas
posso lhe afirmar que todos são apenas exemplares daquilo que um dia foi a
aparência humana. Das primeiras eras de exemplares nossos deixamos apenas
três, no tamanho sentinela, e em corpos que fizemos questão de alterar.
- Senhor Jetro, tudo isso só aconteceu porque o senhor e os outros resolveram
construir a torre planetária?
- Quando eu estava disfarçado de Nimrod construí Babel, o palácio do Chariot.
Os sete estavam na Terra e cada um resolveu criar a biblioteca genealógica
dos sete regentes planetários. Era como uma escola profissionalizante, que
dava o conhecimento daquilo que sabíamos aos nossos filhos. Chamamos os
magos astarianos para serem os professores dessa escola, mas muitas guerras
e confusões nos esperavam.
- Jetro, com todo respeito que lhe tenho, não me lembro da torre da escola de
Salém ter mudado de nome – interrompeu Jashá.
- Calma, meu jovem. Não estou querendo confundi-lo, mas a antiga escola de
Salém foi fundada por Melchizedek e dentro dela havia a torre dos 7 círculos,
construída especialmente para preservar registros e, é óbvio, ensinar, mas
quando tudo começou a mudar e o perigo começou a reaparecer seu nome foi
mudado várias vezes. Não por nós, mesmo porque todos sabiam que torre de
Salém, Silo, Jericó e Babel eram tudo a mesma coisa. Essa distorção
aconteceu com o passar do tempo e com a destruição da torre, porém tu bem
sabes que essa não era a única torre que havia em Salém. Mas é muito difícil
manter uma escola como aquela por muito tempo em pé ou inteira. Veja
Akhenaton. Ele a reergueu, mas o orgulho de Ramsés a destrói. É certo que
não fará uma destruição completa, pois é mais viável passar uma história por
cima daquela e ter uma nova história para um enganoso futuro, mas não te
preocupes, Jashá, a chama da verdade nunca se apagará. Ela sempre se
manterá acesa por todos os séculos, mas nem todos terão acesso a essa luz.
- E ainda o encontrarei, Jetro?
- Por que me perguntas isso? Tu sabes que ainda me encontrarás e sabes
também que te lembrarás disso tudo quando vier a me rever. Mas agora
preciso de ti para que Moshé e teu pai Aarão dêem continuidade à missão que
aqui vieram cumprir. Mas hoje, meu bom Jashá, para que o povo confie mais
em ti eu te chamarei de Jashá ou Eleazar e tu serás pai de Finéias, o profeta.
Tu e tua família vão se separar de Aarão e Moshé, pois tu e teu filho serão
líderes da nação de tua mãe. Teu pai vai ajudar Moshé, mas a Arca não ficará
inteira nas mãos do povo de Moshé. Por isso hoje eu crio dois caminhos: um
para a nação de Miriam e outro para a nação de Moshé. Peço a ti que não
faças mais sacrifícios a Azaziel, como o povo de Moshé ainda continuará a
fazer. Ele é o bode emissário lançado ao deserto para expiar os pecados que
não são dele, mas de cada ser que os comete. Ensine teu povo que a Lei da
Ação e da Reação não se paga com sacrifícios de animais. Procure sempre se
lembrar dos ensinamentos do Príncipe do Sol, pois esse legado é muito
precioso. Não te preocupes com Moshé. Ele agora será um bom líder para seu

298
O LIVRO DA LUZ

povo, pois Miriam deu a ele a consciência que faltava para a realização da
Grande Obra.
Muitos anos se passaram e as palavras de Jetro se cumpriram. Moshé havia mudado
muito o seu comportamento. Ele delegou responsabilidades aos líderes de seu povo, que lhe
causaram grandes problemas, conflitos internos e externos. Muito sangue ainda rolou e
muitos seres ainda foram sacrificados.
O Princípio da Vida de Moshé é simplesmente o relato do quanto um ser pode
chegar a se tornar perigoso quando descobre suas origens sem ter sabedoria suficiente para
compreendê-las. Ele sabia que era herdeiro do sangue dos deuses e que de uma foram ou de
outra poderia até ter os mesmos poderes que um deles. Moshé copiou os primeiros livros da
Gênesis, do original egípcio, a gene de Ísis. Aos poucos esses mesmos livros foram
alterados por seu povo, só para aplicar algumas diferenças, mas ele não é o autor de nada.
Afinal cópia não é autoria e, como tudo, também não pertencia ao Egito, mas ao arcanjo da
Sabedoria, Haziel, que forneceu tudo a Melchizedek. Esse, antes da transformação, usando
outro nome, passou tudo para sábios e depois para Lot, que passou para Abraão e este para
seus filhos e assim por diante. Alguns anos já haviam se passado quando chegou mais uma
vez a época certa, ou seja, os planetas estavam para entrar em alinhamento. Isso significa
que o momento de abertura de portais era propício e o nascimento de enviados também.
Golaha, Garivaram, o sentinela dos tempos, ainda vivia e sabia que viriam para a Terra
mais dois seres escolhidos. Dois nazaretas, dois seres que teriam um nascimento
esplendoroso, mas algo não seria assim tão perfeito, pois tudo havia mudado muito após a
época em que Aarão e Jashá haviam se separado. O povo de Miriam, liderado por Jashá,
não seguiu o povo de Moshé, pois não estavam dispostos a seguir as rigores da lei dele.
Rumaram para a Mesopotâmia e aos poucos aliaram-se aos senhores daquele lugar. Os
babilônios não eram um povo de viver em guerra, mas ainda mantinham costumes e
dogmas religiosos reverenciando os deuses de eras passadas, o que de certa forma tornou a
vida de Jashá bastante complicada junto aos protegidos, que se misturavam ao culto dos
babilônios. O mesmo aconteceu com Aarão quando veio a morte de Moshé. O povo não
respeitava suas leis com ele ainda vivo, mesmo sendo linha dura. Moshé chegou a dizer a
Aarão várias vezes que já estava cansado e que não suportava mais o seu fardo. Moshé, a
mando e desmando das armadilhas do povo, quase dizimou a tribo dos levitas, que tinham o
dom de ser odiada pelos outros que, de uma forma ou de outra, sentiam inveja pelo fato dos
levitas e dos Cohen serem autoridades sacerdotais. Eram como sagrados, pois eram o
oráculo de Deus, que revelava aos homens a direção. Não se pode negar que vários deles
tentaram se vingar de seus algozes amaldiçoando-os ou inventando maldições divinas para
castigar aqueles que os odiavam, mas em suma o povo queria acabar com os levitas e
cohens por vários motivos: o dízimo, os sacrifícios obrigatórios e a repreensão contra suas
vontades. As leis de Moshé eram por demais rígidas e os sacerdotes também podiam dar a
palavra juntamente com os juízes, isso quando não eram juízes-sacerdotes, o que era muito
pior. Além disso eles tinham um poder superior a qualquer outro. Eram guardiões dos
mistérios da Arca e alguns seres temiam que muitos dos males que os assolavam era obra
de bruxaria dos sacerdotes para manter o povo em rédeas curtas, sob controle, e isso é fato.
Voltando à Arca, o povo de Miriam assim como o de Moshé jamais aceitaram a
divisão das relíquias sagradas e durante anos tramaram para possuí-las por completo.
Várias dessas tentativas terminaram em sangrentas batalhas e muitas mortes. O alinhamento
trouxe dois grandes sóis sobre a face da Terra. O primeiro foi chamado de Samuel (essa
tradução já está no começo do livro. Samuel, como já expliquei, significa “ele é deus” e ao

299
O LIVRO DA LUZ

mesmo tempo é o nome do Arcanjo Samael, o anjo de Marte, o guerreiro, também


Samiazy) e o outro raio de luz chamou-se originalmente Sansão = Sol, e esse teve sua
história profanada, sendo mais tarde dada a outro ser, ou melhor, lhe deram outro nome:
Saul (= alcançado por oração, emprestado, solicitado). Aqui quero deixar uma pequena
observação. Os seres alcançados por oração foram Samuel e Sansão, pois biblicamente é
declarado que suas mães são estéreis e que ambas vão ao templo falar com um profeta, que
lhes avisa que vão conceber um filho. Ambas as mães fazem um voto de que se seus filhos
nascerem serão nazaretas (Não terão cabeças raspadas, deixando sempre os cabelos longos.
Os nazaretas costumavam ser passivos e profetas de grande poder. A história de Sansão e
Samuel chega a ter tantas semelhanças que quase se fundem em uma só pessoa. O problema
é que a história de Samuel continua e à de Sansão não foi dado o mesmo valor, porém basta
observar melhor a história de Saul que Sansão novamente reaparece. Mas vamos deixar
claro que o comportamento de Sansão não era o de Saul. Veja que Saul era homem grande,
podia ser visto de longe pela sua altura e estatura, forma física de um ser forte e bem feito,
além de outras características que o levam até mesmo a se parecer com Hércules. Sansão
teve 12 trabalhos muito semelhantes aos de Hércules. Saul saiu em busca de éguas de seu
pai. Em um dos trabalhos passou a liderar seu povo e vencer guerras. Com uma queixada de
jumento Sansão matou muitos homens. Matou também um leão e um urso com as próprias
mãos. A ira de Hércules e de Sansão chegou a ser tão grande que ambos tiveram por um
tempo a memória apagada. Sansão, por raiva da mulher, sumiu e demorou para voltar.
Hércules, por castigo de Hera, perdeu a memória e matou sua primeira esposa Megara e
seis filhos. Para se purificar Apolo (Sol) profetizou que ele deveria servir a seres menores e
menos sábios. Era a vez do mais forte servir o mais fraco. Ele foi fazer os 12 trabalhos
impostos pelo rei. Saul, também sendo maior e mais forte, obedeceu a Samuel, ao que se
diz (ele é deus), e foi ungido rei por aquele que era considerado o “deus”, porém muitas
vezes um espírito mau de deus (ler a história de Saul em Samuel 1 16;14-23) entrava nele e
ele perdia o controle. Tiveram que buscar um harpista para acalmá-lo (Davi). Bem, acredito
que já dei dicas demais para que todos os personagens sejam devidamente encontrados,
tanto nas lendas quanto na realidade. Vamos partir para suas histórias como elas realmente
aconteceram.
Como antes já havia citado, estamos falando de dois nazaretas, dois profetas, como
Abraão e Melchizedek, como Moshé e Miriam e como Ramsés e Akhenaton. Sempre vêm
dois na mesma época, mas sempre tem um terceiro para apaziguar as forças, dando
equilíbrio aos dois lados. Como já disse, os dois seres aqui em questão se dizem nazaretas,
nazireus ou nazarenos, porém vejamos que para ser um ‘separado de Deus’ ou ‘guardado
para Deus’ existiam leis e essas leis tinham um rigor muito grande (obs.: a palavra
Nazarenos tem outra tradução, que é ‘ocultado’, por motivos bem óbvios, pois deixaria
claro que Nazarinos ou Nazares simplesmente é igual a ‘filhos do sopro divino’, criados por
Deus e não pelo homem. nazar = narina, canal nasal; ares = ar, deus Ares, mundo invisível.
Essa é aquela parte bíblica onde Deus dá a vida ao homem soprando o espírito pelo nariz).
Dentro da lei do sacerdócio dos nazaretas ou nazarinos os futuros sacerdotes não deviam
comer uvas, pão com fermento, beber vinho, cortar os cabelos, nem tocar em mortos. Não
podendo tocar em mortos obviamente não podiam matar animais de espécie alguma e
tampouco seres humanos (ver Números 6;1-21). Isso tudo durante alguns anos não citados
na Bíblia. Na verdade é até os aprendizes atingirem a idade de 10 anos (os três primeiros
anos eram em casa e os outros sete no templo), pois nesse período vinha para a mulher
nazareta a sua menstruação, sendo algumas aos 11 anos. Não é fantasia, mas sim uma

300
O LIVRO DA LUZ

realidade. Existiam mulheres nazaretas. Está na lei criada por Moshé. Tanto homem quanto
mulher podiam sê-lo. Um exemplo bíblico é Judith, que não se declara, mas se comporta
como uma. Obviamente a lei de Moshé jamais foi verdadeira e tampouco era seguida à
risca por tal seita. Sansão, aquele que na verdade é Sol, foi entregue ao templo e aos 10
anos, como Samuel, teve sua cabeça raspada pela primeira vez, dando, conforme a lei de
Moshé, seus cabelos ao fogo, juntamente com um sacrifício pacífico. Após essa segunda
parte do aprendizado (7 anos) os aprendizes podiam sair do templo e voltar para suas casas
para junto de seus pais para aprenderem um convívio em comunidade, onde já era possível
beber vinho e comer carnes. Isso quer dizer voltar a ter uma vida comum. Ele ainda tinha
que respeitar algumas leis, como não tocar em defuntos, mas em nenhum momento volta-se
a tocar no assunto dos cabelos. Depois de oferecido na primeira vez a Deus pela navalha e
ao fogo o voto já está cumprido. Sendo assim Sansão não perdeu sua força por causa do
corte dos cabelos, mas por outros motivos.
Samuel e Sansão, o Sol, eram sacerdotes e juízes, sendo Samuel considerado um ser
muito sábio. Ele podia ser pacífico, mas tinha de certa forma o contrôle sobre o povo, pois
tinha facilidade em controlar os elementos da natureza, principalmente no que se refere a
raios, trovões e tempestades, o que causava um respeito medroso do povo, que tinha medo,
mas não tinha vergonha de errar de novo. Samuel usava as palavras e profetizava castigos
que viriam se o povo não se acertasse com Deus. Sansão tinha o dom da profecia, mas
usava mais a força. Houve uma época em que o povo ficou sem a Arca da Aliança e ele, é
claro, foi procurá-la (ver 1 Samuel 6). Tudo que tinha dentro dela foi tirado, porém o povo
que a roubou também era adorador de outros deuses, mas seus sacerdotes não sabiam os
segredos contidos na Arca. Nem mesmo sabiam como decifrar as fórmulas do livro
sagrado. Isso funcionou como a Caixa de Pandora mais uma vez, pois na tentativa de usar
dos mistérios da Arca trouxeram mais destruição e pragas para o seu povo. Como já
expliquei antes, somente os marcados conheciam os segredos dessa Arca. O simples fato de
abri-la não matava ninguém, mas a curiosidade de tentar dominar o que havia dentro dela
causava um grande prejuízo. Não foi um único povo que a teve em suas mãos, mas vários,
o que trouxe uma guerra de quase vinte anos na disputa pelo sagrado. Digamos que essa foi
a primeira Guerra de Tróia, onde muitos deuses e cidades caíram pela Helen (Hagia)
Sophia (Sabedoria) Sagrada. O Menelau dessa guerra era Samuel e o Páris eram os filisteus,
mais propriamente dito os filhos de Heli (= o altíssimo deus. Só pelo nome é possível supor
que Heli era muito mais que um simples sacerdote. Príamo era um deus, senhor de Tróia).
Ofnir e Finéias eram Páris e Heitor. Então quem seria o famoso Aquiles, o guerreiro sem
piedade, filho dos deuses, que servia a Menelau e seu cruel irmão Agamenon? Sansão, o
Sol, cabe nesse papel, pois era um gigante de estatura e bravura. É óbvio que aqui os
personagens são controversos, mas como cada povo escreve sua história como acredita ou
convém isso não significa que não exista uma base de verdade. Bom, mas não posso
explicar isso agora. Deixo que cada um procure sua própria verdade. Devo apenas dar
continuidade à história, que teve Samuel como um aliado no roubo da Arca da Aliança. O
rapto de Helena de Tróia foi apenas uma armadilha criada por Menelau e Agamenon para
invadir a fortaleza de Príamo e destruir seu reino, tomar suas terras, seu ouro, etc. Samuel
estava descontente com o povo, que já não vinha obedecendo Heli por causa do mau
exemplo de seus filhos comedores de carne crua, sangue e criadores de orgias sexuais com
prostitutas sagradas. Os filhos ganhavam poder sobre o povo e, como é comum, um povo
livre e sem direção segue aquilo que dita sua razão. As orgias já haviam se tornado
insuportáveis e uma parte conservadora vivia cobrando de Heli uma atitude para com seus

301
O LIVRO DA LUZ

filhos, que levavam o povo para o mau caminho. Heli vivia avisando seus filhos, porém de
nada adiantava. Um dia eles terminaram colaborando para a Arca ser roubada pelos
filisteus. Nesse dia morreram Heli e seus filhos. Samuel, que de longe já ambicionava o
cargo de Heli, agora era o senhor supremo, que para se vingar da mudança de caráter do
povo disse que Deus os abandonara quando a Arca fora roubada. O que de fato estava
acontecendo por trás dos bastidores dessa vingança de Samuel era ainda bem pior. No
acordo feito com alguns aliados ocultados na história Samuel retirou da Arca as relíquias
verdadeiras e colocou no lugar outras falsas. Além disso também criou feitiços para todo
aquele que abrisse a Arca. Tais feitiços levavam pragas, peste, destruíam a saúde do povo e
também suas lavouras. Alguns matavam também os animais. Além disso, é claro, era
declarada a guerra que simulava a tentativa de reaver a Arca. Em suma a verdadeira Arca
nunca foi roubada, pois foram criadas três réplicas só para despistar os interessados nela.
Mas não termina por aí. Samuel guiava um povo já sem muitos recursos em ouro, prata,
pedras preciosas, etc. e viu nesse furto pensado uma boa maneira de recolher uma boa
quantia de ouro. A Arca, dizia-se, trazia peste para aqueles que a abrissem e, é claro que
todo curioso, se vendo diante de algo desejado por todos os povos, ia tocá-la e abri-la.
Contando com a curiosidade e ausência de sabedoria de alguns Samuel executou seu
ardiloso plano. Sendo sábio não ignorava que existissem outros sábios que vissem naquele
presente de grego uma armadilha, mas isso não importava tanto, afinal aquela não era a
verdadeira Arca. Entretanto ele tinha que fazer muito bem o papel de guardião e por isso
criava guerras e invasões para obter a falsa Arca de volta. A cobiça crescia em torno dos
reinos que disputavam a posse da Arca, que durante anos passou de mão em mão sem
retornar para Samuel. Isso terminava atendendo aos seus desejos, pois ele era um grande
mago e grande era seu conhecimento. Não era à toa que seu nome significava “ele é deus”.
Um deus bem perverso e cheio de artimanhas. Sempre que ele sabia que a Arca estava em
uma cidade liberava uma peste devastadora. O povo apavorado procurava ajuda com seus
sacerdotes, que nem sempre podiam fazer muita coisa. Alguns chegavam ao ponto de
combater os poderes de Samuel, mas esses eram raros. A grande maioria nada podia fazer,
porém o povo era menos atacado, pois terminava por ganhar ajuda oculta de Samuel. Ele
enviava um forasteiro desconhecido fazendo-se de profeta ou adivinho. Este dizia ao povo
para fazer peças de ouro dos tumores que surgiram neles e ratos de ouro representando as
pragas e as levassem para Samuel ou fizessem chegar até ele. Assim o Deus de Israel
entenderia que eles estavam arrependidos e que jamais desejaram ser inimigos de seu Deus
e mostravam retidão diante da Arca da Divina Aliança. Logo após proferir essas palavras o
povo mandava fazer quilos e mais quilos de suas pestes em ouro e os mandava entregar a
Samuel por intermédio de seus aliados, pois todos temiam ter de enfrentar a morte se
fossem pessoalmente. Todos sabiam que pela lei de Moshé aquele que profanasse a Arca
deveria ser executado e seu povo dizimado da face da terra, pois só os levitas e os cohens
podiam tocar na Arca da Aliança. Essa era uma lei bastante temida, mas não totalmente
respeitada. Assim Samuel começou a engordar seus cofres e deu os primeiros passos para a
construção do templo que um dia seria chamado Templo de Salomão. Quanto à Arca, todos
que se atreveram a tentar devolvê-la foram mortos misteriosamente por homens de Samuel,
que sempre a deixavam próxima de uma cidade para naturalmente ser achada e dar
continuidade a seu plano. Assim, além de derrubar grandes cidades, Samuel também
roubou seus tesouros e passou a ser o homem mais temido de sua época. Assim ele também
prostituiu a Arca da Aliança do Senhor. Mesmo não sendo a verdadeira ele usou de sua

302
O LIVRO DA LUZ

imagem para alcançar seus objetivos. Apesar de sua época ser um período de medidas
enérgicas seus crimes não tinham justificativa.
Como o equilíbrio existe em tudo Samuel podia até ser temido, mas passou também
a ser odiado, pois reis e profetas, vendo que ele se tornava cad vez mais rico, não
demoraram muito a perceber as verdadeiras intenções de Samuel, afinal ele era um ser até
então insuperável na alta sabedoria. Seu poder sobre os povos se tornara grande. Para
muitos ele era uma bênção de Deus, pois os curou e os perdoou. Para outros ele era um
feiticeiro com duas faces. Uma cruel e criminosa e outra falsamente boa e justa, mas quem
poderia enfrentá-lo? Não havia outros grandes magos com coragem para enfrentá-lo. E as
três estrelas, onde estavam? Por que não haviam aparecido ainda? Afinal as três sempre
surgem na mesma época. E por que Sansão, o Sol, não era forte como os outros que
desceram do céu com o seu nome? Muitos magos refizeram os cálculos e tinham certeza e
esses dados eram precisos na época do alinhamento. As três estrelas nasceram, embora
apenas duas foram vistas e essas duas, ao que tudo indicava, eram Sansão e Samuel, dois
homens enviados por Deus. A terceira estrela ainda era um mistério, mas sempre havia uma
que demorava mais para aparecer. O que tinha Samuel para Sansão não se voltar contra ele,
sendo que como homem tão forte não precisava de muito esforço para dar cabo de Samuel e
se um era mago o outro também o era. É claro que havia algo por trás desse estranho
comportamento, afinal para os magos as estrelas caídas ou enviadas geralmente criavam o
equilíbrio da justiça divina. Não era de todo condenável o comportamento de Samuel,
afinal seja por mal, bem ou medo ele havia feito uma limpa sumária dos deuses antigos e
tentava estabelecer a ordem do Deus único. É óbvio que isso era apenas nas aparências que
a ele se presentavam, pois no fundo ele sabia que os outros cultos continuavam, alguns
mais discretos e outros nem tanto. O comportamento de Samuel só era tolerado justamente
por não ter sido ele quem deu origem à Guerra de Jericó (Tróia). Isso já havia começado
muito antes dele nascer. Josué, o herdeiro do trono de Aarão, deu os primeiros passos para
essa invasão sangrenta (Não confundam esse Josué com Jashá, o filho de Aarão com
Miriam. Em muitos relatos esse mesmo Josué é confundido com Jashá. Até mesmo o nome
dos filhos dele tem semelhança. É a mesma trapaça que usaram com Seth e Caim, que
tiveram filhos com nomes também semelhantes. Por exemplo: Enoch e Matusael, filho e
neto de Caim e Enós, Enoch e Matusalém, filho e netos de Seth). A história desse Josué é
só mais um plágio da história de Jashá. Josué era filho de Naun e causou grandes guerras
matando inúmeros povos para obter suas terras e suas riquezas, o que levou seus seguidores
a darem continuidade às suas devastações e invasões, mas como já disse antes, não se pode
julgar com rigor esses homens, pois mesmo sendo sábios tinham que guiar gente que vivia
entre nuitos deuses e não amava ou respeitava nenhum.
Voltando a Samuel, o senhor do poder, ele enfim começava a ser rejeitado por seu
próprio povo. Ele não desejava colocar ninguém em seu lugar, pois ainda tinha alguns anos
para escolher seu sucessor, mas o povo não o desejava mais como profeta, tampouco como
juiz. Nesse período Samuel mandou Sansão para outra cidade, onde deveria estabelecer a
ordem. Foi para substituir um juiz que havia falecido de maneira misteriosa e mais mistério
surgia quando perguntavam ao povo quem seria o novo juiz. Ninguém desejava subir a esse
posto, pois temia morrer no mesmo dia. O motivo era um feiticeiro, que controlava
pássaros gigantes que podiam carregar facilmente algumas pessoas em suas garras. Eram
aves de rapina, pois se alimentavam de carne humana ou de qualquer espécie de animal.
Contavam que esse feiticeiro era um dos líderes das 12 tribos de Jacó. Ele era conhecido
como Diomedes = o claro divino. A princípio ele era uma pessoa boa, mas contam que logo

303
O LIVRO DA LUZ

que passou a ter controle sobre os pássaros mudou completamente. Vivia roubando crianças
para alimentar os filhotes de suas adoradas criaturas. Muitos diziam que ele era um
remanescente das terras da era dos deuses e, como outros que ainda viviam na Terra, não
morria. Tinha uma idade já avançada, mas sua aparência não mudava. Na verdade ele era
realmente um dos magos remanescentes que ainda estavam vivendo escondidos nas
cavernas. Eram guardiões dos segredos dos antigos. Eram os magos que sabiam quando o
alinhamento planetário ia acontecer e como os escolhidos viriam à Terra, embora os três
senhores jamais tenham saído dela, apenas trocavam de forma (rememorando Pandora, a
portadora de dons, o pomo de ouro, era o anjo Rafael e para outros o Gabriel, o Prometeu, o
anjo Samiazy, Sataniel, Samuel, Lúcifer, o Anjo da Luz e Krysnasvary o Miguel Arcanjo, o
Fogo de Deus ou Justiça de Deus, etc. resumindo: Sol, Lua e Vênus. Em suma Samuel
enviou Sansão para esse lugar na intenção de desviar a atenção que o povo tinha sobre ele,
achando que ele seria o futuro sucessor. Essa manobra não adiantou muito, pois o povo
continuava a rejeitar Samuel e a admirar ainda mais Sansão, pois as notícias de suas
benfeitorias na cidade em que agora era juiz e herói corria entre as tribos e se propagou por
várias terras, que passou a pagar-lhe muito bem, requisitando seus trabalhos. Na primeira
cidade Sansão não apenas descobriu o mistério como também acabou com a insanidade do
mago. Ele descobriu que as aves gigantes eram apenas controladas pelo mago, mas que em
si não eram perigosas, pois eram aves sobreviventes do passado das antigas eras e já
estavam em pequeno número na Terra, pois as pessoas as temiam e assim procuravam
observar seus ninho e quando a ave saía por alguns minutos o povo destruía seus ovos,
matava seus filhotes, evitando assim a procriação dessa espécie. Sansão descobriu que o
mago era um louco, que sonhava em ter o poder das terras até ter o domínio total. Na
verdade não eram as aves que se alimentavam da carne humana, mas o deus que esse mago
maluco adorava. Isso era uma prática comum naquela época e muitos povos a praticavam.
Dentre esses povos as tribos de Jacó também participavam desses ritos. Assim, com medo
de perder seu cargo de poder, Samuel permitia que Sansão fosse destronar alguns juízes,
que já vinham sendo mais odiados que ele. Eram reis que viviam em constantes conflitos
com outros povos. Nessa época a rebeldia também era geral no povo que, insatisfeito,
tramava a derrubada do seu senhor.
Assim como os 12 trabalhos de Hércules, Sansão derrubou 12 juízes. Dentre eles
havia uma história muito semelhante a uma de Hércules. Havia um juiz Gedeão, homem de
grande porte, que se comunicava com o Senhor através de sinais e um desses sinais ele
recebeu através de um velocino ou fogo. Na história de Hércules ele teve que enfrentar o
gigante Gerião para se apoderar de seus bois. Hércules teve que pegar o cinturão de
Hipólita = senhora dos cavalos. É aí que a história de Sansão se confunde, pois uma juíza-
profetiza chamada Débora = abelha, a rainha dos zangões (filisteus) canta em um de seus
cânticos a seguinte frase: “Hoje desatei a cabeleira de Israel.” Esse foi o último trabalho de
Sansão.
Samuel fez o povo se arrepender do dia em que pediu um novo líder. Ele escolheu
Saul por ser uma pessoas fácil de manipular, uma marionete (1 Samuel 10;23-25). Saul era
uma bomba programada para explodir onde e quando Samuel assim o desejasse. Ele
enfeitiçou Saul fazendo um espírito possuí-lo quando ele quisesse. Na própria Bíblia diz
que esse espírito mau foi enviado por Deus (1 Samuel 16;14 e 23).(obs.: não esqueçam que
Saul era um filisteu pelas suas características, mesmo sendo da tribo de Benjamim: homem
de porte e altura superior, destacando-se no meio da multidão. Assim também era seu filho
Jônatas. Lembrem-se disso, pois vai ser útil mais adiante na história). Durante muitos anos

304
O LIVRO DA LUZ

Saul servia ao povo exatamente como Samuel desejava. Criou uma ditadura onde a lei do
mais forte fazia o rei e o império.
Nesse meio tempo vamos voltar a Sansão, o Sol gigante de Deus. Após anos de
servidão Sansão voltou pra sua casa, onde desejava rever sua esposa e seus dois filhos. Ao
chegar em Tamna ficou sabendo que Samuel havia dado a esposa dele para o oficial filisteu
que fazia parte da mesma tribo de Sansão. Era também um gigante. Samuel disse:
- Tu sabes que dentre a raça dos filisteus as leis de Moshé de nada tem valia.
Não me foi possível aposentar tua esposa, dando a ela o sustento para teus
filhos. Teu sogro não a quis mais sustentar, pois teus filhos já crescidos
podiam trabalhar na lida do campo. Assim sendo, a contar os dois cíclos de 7
anos, tu não voltavas ao fechar 14 e ela foi desposada para não ser
considerada viúva e assim perder o direito de se casar novamente.
Sansão retrucou:
- Mas e todo o ouro que eu sempre te enviei para que levasse aos meus, onde
está? Como não chegou às mãos da minha família?
- De que ouro estás falando? Por quem estás a me tomar? Acaso acreditas que
eu tenha roubado o alimento da tua boca?
- Estás a me dizer que em todos esses anos nunca chegou ouro algum nem as
mercadorias que enviei?
- Por que me questionas, Sansão? Quais são as intrigas que teu coração aponta
contra mim?
- Então me responda, Samuel, onde estão os teus dois enviados do tesouro.
Chama-os agora, mas peça a teu servo que faça isso, pois eu chamarei meus
dois tesoureiros perante ti agora.
Samuel chamou seu servo e pediu que ele fosse buscar os tesoureiros dele e os de
Sansão. Nesse momento a guerra que não encontrava fim ia ficar pior. Os tesoureiros
adentraram o salão onde estavam Samuel e Sansão. Os tesoureiros de Sansão confirmaram
a entrega da encomenda aos tesoureiros de Samuel e tinham a prova disso. Toda vez que
uma encomenda era recomendada era preciso dar uma espécie de sinal de confirmação de
que a mercadoria tinha sido recebida pela pessoa determinada. Na verdade era uma troca.
Funcionava mais ou menos assim: Sansão enviava determinada mercadoria e Samuel
enviava a ele outra e isso os tesoureiros haviam anotado e relembraram a Sansão, que
esperou pelas respostas dos tesoureiros de Samuel, que logo se defenderam dizendo jamais
ter recebido nada com a recomendação de ser entregue à família dele. Tudo que tinham
recebido eram os tesouros que Sansão enviara a Samuel para a construção do Templo do
Senhor, que por sinal não havia andado muito desde que ele havia partido.
- Como podes ver, Sansão, já é tão pouco o que me mandas que nem o Templo
do Senhor pode continuar sua edificação.
- Tu chamas de pouco os anos de trabalho árduo e quase escravo que dediquei
a ti e a teu povo? Eu, juntamente com irmãos de força igual, edifiquei
cidades, fiz melhorias, edifiquei a palavra do Senhor dos Senhores e fiz isso
quase sem guerras. Praticamente não precisei desembainhar minha espada,
apenas me fiz compreender pelo povo (Sansão, como os filisteus, eram a
herança viva de Jubal. Construtores, verdadeiros artesãos, sabiam construir
de tudo e faziam isso em curto tempo). Agora tu, a quem confiei a guarda do
meu segredo (obs.: o segredo era proteger os filhos de Sansão sem jamais
revelar a ninguém quem eles eram nem de quem eram filhos, pois numa

305
O LIVRO DA LUZ

guerra são as vítimas mais comuns. Eles são a melhor maneira de persuadir o
pai a se entregar), te revelaste ser um traidor da minha confiança. Mas de ti,
Samuel, eu não poderia esperar outra coisa, pois me lembro o que fizeste com
a Arca da Aliança. Tu a prostituiu, tal qual fizeste com a confiança que em ti
depositei. Porém juro-te. Não carregarei dor alguma na minha consciência
pelo destino que tu acabaste de prescrever. Hoje sei que tu nunca me tiveste
como amigo, porém agora tu me tens como inimigo.
Falando isso Sansão se retirou da face de Samuel, que sentiu medo das palavras
afiadas de Sansão. Na mesma noite, sem dar tempo para Samuel agir, Sansão invocou o
poder pelo qual havia sido concebido (Sol, fogo) e em sua ira ele pôs fogo no trigo de
Samuel e foi para um lugar que ninguém conhecia. Era sua caverna, que ele mesmo criou,
escondida num grande paredão de rochas. Ali ele ficou a meditar sobre tudo que Samuel
havia se tornado. Era agora um homem soberbo, cheio de interesses. Não era fácil guiar e
orientar aquela multidão, mas todo o ouro, prata e pedras preciosas que Sansão havia
mandado durante 14 anos de garimpo e trabalho duro era suficiente para construir não só
um templo, mas vários. Além disso havia o ouro da época da prostituição da falsa Arca.
Onde havia desaparecido? O povo continuava miserável, senão pior de situação, e o novo
senhor do trono não tinha piedade alguma para com ninguém e mais parecia uma marionete
nas mãos de Samuel. Sansão estava indignado, mas o que nem ele nem Samuel sabiam era
da grande descoberta dos astrólogos. Eles haviam descoberto que na época do alinhamento
planetário, quando havia sido dado o primeiro passo para a Guerra de Tróia, 7 seres
celestiais andavam na Terra, apenas mudando de corpo e aparência e dessa maneira
ninguém sabia quem de fato eles eram. Esses magos temiam que a presença dos 7 príncipes
celestes fosse um aviso como fora nas eras passadas (Os 7 senhores: Sol = Miguel, Lua =
Gabriel, Marte = Samael/Samuel, Mercúrio = Rafael, Júpiter = Haziel ou Tsadkiel, Vênus =
Anael, Saturno = Uriel. Os 7 anjos da semana são chamados de arco-íris). Se agora eles
estavam de volta mais uma destruição estava por vir e uma grande guerra de senhores
celestiais estava por ser deflagrada. A derrubada do arco-íris divino estava para ser
anunciada, pois os 7 senhores agora tomariam partido e defenderiam aqueles de sua
linhagem, mas dessa vez eles estavam ocultos e ainda era impossível descobri-los. Vamos
então apontar o caminho para chegar aos Senhores da Ada. Eles eram gigantes.
Praticamente todos se escondiam por trás de uma pele de filisteu e de um voto de nazireu,
afinal todos haviam nascido do sopro, mas aqueles que sabiam disso mantiveram o segredo.
Sansão sabia apenas o que haviam lhe contado, mas nunca deu muita importância ao fato de
ser um enviado, mas isso ia mudar agora com o seu retorno.
Após a destruição que Sansão causou nos campos de Samuel ele não demorou muito
para dar uma resposta. É claro que ela foi a causa de toda a ira de Sansão. Samuel
ardilosamente incentivou Faltiel a exibir em público a sua esposa com filho e filha, o que
não fazia costumeiramente. Era um período de festas israelitas. Sansão e Samuel eram
filhos filisteus e a diferença era pouca. Sansão era o mais forte e alto, com 3,90 m de altura.
Samuel e outros tinham 2,90 m, o que para eles não era tanto assim, vendo que a altura
máxima dos outros povos era de 1,90 m a 2,30 m. Mas os filisteus, chamados de gigantes,
não eram apenas altos, mas também homens de grande força e muita habilidade para a
construção. Outra grande farsa bíblica é enfatizar que eles, por serem gigantes, eram todos
muito violentos. A própria Bíblia, que afirma isso, termina desmentindo, pois em Josué é
possível encontrar um pacto de paz entre esse povo e os israelitas. Apesra de ser um pacto
de servidão (escravidão), o que parece meio impróprio, pois não gostavam de conviver com

306
O LIVRO DA LUZ

esses seres, tinham que aceitar a lei só para não manchar o juramento de Josué. Nesse
período de festas para os israelitas todos participavam das comemorações. Tal como havia
sido combinado com Samuel, Faltiel apareceu ao lado de sua esposa Mical e seus filhos.
Explicando melhor Mical (o Miguel Arcanjo = Herodias, ou seja, o Fogo do Senhor ou
Justiça do Senhor) é biblicamente a mulher pela qual o rei Davi se apaixonou, mas logo que
a tem termina desprezando-a por ela tê-lo repreendido. Essa Mical era a primeira esposa de
Sansão, filha de Samuel, que agora havia sido oferecida pelo próprio pai a Faltiel, um
homem de baixa estatura, porém de bons modos. Na verdade ele não tinha por Mical uma
atração física e a considerava como uma irmã, o que muito agradou a Mical, que podia se
preservar da maldade do povo e sua família. Faltiel, como muitos homens daquela época, se
casavam com mulheres apenas para esconder seus verdadeiros gostos sexuais. Ele
afeiçoava-se mais por pessoas do mesmo sexo (sobre homossexualismo ler Juízes 19;22-
23), mas a libertinagem não era sua caratcterística, pois preferia manter-se à salvo das leis
dos israelitas, que também cometiam o mesmo “crime”, só que de maneira mais velada.
Então a farsa do casamento de Mical e Faltiel caiu mais como uma bênção do que uma
desgraça. Sansão sabia quem era Faltiel, pois o conhecia e sabia que com ele sua amada
estava segura. Mesmo assim arranjou um encontro às escondidas com ela. Mical foi até o
encontro com Sansão e pediu-lhe perdão pelo ato de seu pai, que só havia feito aquilo pela
influência maligna que o possuía e o descontrolava sempre. Sansão compreendeu as
explicações de Mical, mas pediu a ela que mantivesse segredo sobre seus encontros e que
jamais deixasse alguém a seguir, pois ele pretendia fugir da cidade levando-a juntamente
com seus filhos e se Samuel ou Faltiel descobrissem tudo estaria perdido. Após longas
conversas onde tudo ficou esclarecido entre eles Sansão descobriu que Samuel podia ser
ainda pior do que ele imaginava e passou a temer pela vida de sua amada e de seus filhos.
Nesse meio tempo a situação de Samuel ficava cada vez mais difícil diante do povo, que
agora se sentia escravo de um sacerdote e de um rei louco, que não pensava duas vezes em
eliminar alguém. Samuel dizia ao povo:
- Vocês agora possuem aquilo que tanto desejaram. Rejeitaram a Deus como
rei. Ele então lhes ofereceu um homem como vocês para orientá-los.
Era possível ver que o desatino e o descontrole de Samuel nas guerras e nos
massacres impiedosos aumentavam sua má reputação e o povo já não o suportava mais.
Procuravam entre os sacerdotes Cohen saber se havia um outro homem que podia destronar
Samuel. Eles lhes informaram que não apenas existia como já era conhecido pelo próprio
povo, fato que o protegia da magia de Samuel, que não dava importância para os que
nasciam no meio do povo.
- Ele é ainda um tolo que nada sabe, mas que já possui tudo que precisa para
ser rei e não sabe. Só despertará na hora certa, tanto para vocês como para
ele.
É agora que a nossa história ganha a atenção do mundo, que um dia a viveu. Para
que vocês possam reconhecer esses homens vamos dar a eles os outros nomes pelos quais
um dia foram conhecidos.
Sansão, como já disse, foi Hércules. O mais impressionante é que ele também foi
Davi e por último Sigfried. Todos esses homens mataram um leão ou urso ou dragão.
Agora é preciso muita atenção para compreender quem era de fato Samuel dentro dessa
história. Foi a deusa Hera que impôs a Hércules todo o seu martírio; foi Wotan o deus
nórdico que castigou Sigfried e em luta com ele teve a espada quebrada; foi Golias, o
gigante da lança do destino que perdeu para Davi. As primeiras esposas desses homens

307
O LIVRO DA LUZ

eram: Mical (de Golias) (a segunda foi Dalila = a mulher doce = a Débora = abelha), o
mesmo nome da mulher que Davi tanto desejou, mas não pôde ter, (casou-se com Abigail)
pois foi enganado por Saul e ficou com a outra filha, vindo a recuperar mais tarde Mical e
mesmo assim terminou amaldiçoando-a a jamais ter um filho. Na história de Hércules ele
se casa com Megara, porém os feitiços de Hera a fazem esquecer quem ela era e ele a
esquece. Outros afirmam que ele a mata, mas a verdade é que ele mata seu professor e não
sua esposa e filhos. Depois ele se casou com Djanira = aquela que domina a ira. Sansão
passou anos fora e quando volta sua esposa foi dada a outro homem. Sigfried casou-se com
Brunhilde, a filha de Wotan. Após usar o anel com que ele a presenteou ele também a
esquece e casa-se com outra (Krimhilde). Todos esses homens tinham um irmão como
melhor amigo e um rei louco como meio-irmão. Sansão era meio-irmão de Samuel que,
obcecado em destruir o irmão, impôs a ele todo esse sofrimento. Samuel teve dois filhos,
Joel e Abia, muito queridos por Sansão. Hércules teve um meio-irmão que, protegido por
Hera, levava Hércules a cumprir os mais difíceis trabalhos, tudo para não perder o trono.
Jasão era o melhor amigo de Hércules e filho de Euristeu, o rei louco que tentou se ver livre
do meio-irmão Hércules e do próprio filho Jasão. Davi era meio-irmão de Saul, que nada
mais é do que uma forma vulgar e abreviada de Samuel (1 Samuel 16;23). Saul era
possuído por um espírito maligno de Deus e tentou matar Davi e até mesmo seu próprio
filho Jônata, que era o melhor amigo de Davi e o chamava de irmão. Na história de
Siegfried seu melhor amigo era Günther e Hagen o rei louco.

308
O LIVRO DA LUZ

A CRIAÇÃO UNIVERSAL
Essa é a história de um velho tão velho que sua tão amada Mnemosine, a memória,
se esqueceu do companheiro de viagens, Cronos, o tempo.
Minha história é cheia de tudo. Nela existem muitos princípios ou inícios, como
assim alguns querem chamar. Nela também existem muitos finais, mas nenhum é
definitivo, afinal a vida é uma serpente mágica cheia de sabedoria, que por si só jamais
determina um fim. Sabedoria é a eternidade. É uma história para crédulos e incrédulos. Não
sou dono do conhecimento, tampouco detenho a razão. Eu Sou apenas o que Sou e nada
mais.
Aqui na Terra estou terminando meu estágio temporário de aprendizado e nessa
escola de saberes não voltarei mais. Não como um ser de carne e osso, mas quem sabe em
outro aspecto da divindade...Quando digo que estou partindo para não mais voltar no
aspecto visível é porque acabaram minhas encarnações. Enfim terminei aquilo que me
propus a fazer lá no início da minha jornada terrena. Os círculos chegam ao fim para que
outros, em outros níveis e planos, se iniciem e, antes que isso aconteça, eu quero deixar o
que sei para vocês, não como forma de sabedoria ou aprendizado. Não tenho a pretensão de
ser o mago-professor. Tudo que vou deixar para vocês é em forma de gratidão pela escola e
pelos seres que nela encontrei. Tudo que aqui existe eu hoje sei amar e isso me basta. Esse
é o filme mais longo que passa pela minha memória. Daqui de tudo eu me lembro. Na
verdade me lembro como se fosse hoje e nem parece que tantos milhares de anos se
passaram. Se não fosse pela destruição natural e humana seria tudo como a aurora de um
lindo amanhecer.
Eu não tenho nome, pois tantos nomes já tive que, se fosse enumerá-los, seria
melhor parar aqui mesmo, mas se eu pudesse escolher um nome me chamaria apenas de o
Ser. Seria uma homenagem ao Criador e a suas criaturas, afinal é exatamente sobre isso que
vou escrever. Para muitos essa história será apenas uma história, como de fato ela é. O que
a pode tornar diferente é a consciência de quem a ler. Vou terminar por aqui essa pequena
introdução e abrir as portas para a imaginação dos leitores. Assim sendo, meus caros, sejam
bem-vindos às portas do Universo onde o nada se fez tudo. Existem algumas pequenas

309
O LIVRO DA LUZ

regras para se dar o primeiro passo, afinal o vazio não tem escadaria, porta, chão, muro, etc.
Isso significa que temos que começar a construir e a esse princípio chamamos de Kabalah.
Para não perdermos tempo explicando o significado das palavras vamos entrar no
ensinamento que existe por trás das palavras. A Kabalah simbolicamente é um conceito da
Árvore da Vida, mas não se trata tão somente da vida física, tampouco da vida humana no
planeta Terra. Ela é o conceito claro da árvore da existência universal do Ser, esse Ser
além-mundo, planeta e tempo, o Ser apocalíptico e o Ser da Gênesis, o Alfa-Ômega.
É notável como a Bíblia sempre deixou tudo muito claro, mas é mais notável ainda
como é difícil a humanidade ver isso. A Bíblia é de longe o livro mais vendido do mundo e
o menos lido e, de longe, o menos compreendido, mas chega de julgamentos fora de hora.
Vamos ao que realmente é fato e interessa. O princípio cabalístico nos revela Kether, a
coroa. Essa coroa é formada por uma trindade do Ser. Essa trindade é O Ser (espírito) =
Aïn, Onisciente = única ciência, ou seja, todo o conhecimento universal infinito. O Eu
(alma) = Aïn Soph, Onipotente = único poder, ou seja, todo poder, força. O Homem (corpo)
= Aïn Soph Aur, Onipresente = única presença vital, o corpo causal. Esse ser trino é o
criador dos 33 caminhos serpentinos e das 7 eras planetárias, regido por 7 potências e
virtudes do Divino Ser. Tais virtudes e potências podem ser facilmente localizadas no corpo
humano, assim como podem ser despertadas. Elas estão nos 7 chakras principais. Eles
recebem uma cor que corresponde a uma potência, virtude e era planetária. O Apocalipse
de João fala disso com muita facilidade, trocando as eras por igrejas. Sei que agora
cabalístas e leigos estão confusos, afinal isso não é entrar no assunto, mas literalmente
invadi-lo. Tudo bem, isso é apenas a introdução. Vamos ir com calma e deixar tudo bem
explicado. Vou falar em algo que pode facilitar sua leitura e compreensão: as 22 letras do
alfabeto hebraico, as 22 lâminas do tarô, ou melhor, os 22 arcanos maiores, mitos e lendas
diversas, um bom conhecimento da Bíblia, Torah, Talmud e outros livros e um razoável
conhecimento de línguas (hebraico, aramaico, sânscrito, grego, egípcio, latim, etc.). Tudo
isso pode ter assustado meu tão querido leitor, mas creia: a Verdade anda por vários
caminhos e tudo que quero deixar claro é que não me interessa inventar uma história real,
mas de fato relatar a Verdade. Por isso resolvi deixar um pequeno dicionário disponível
para você avaliar e até mesmo buscar por si a Verdade.
Não se preocupe. Pode parecer difícil, mas farei o possível para tornar isso mais
fácil. A esse Princípio do Ser vamos chamar de “O Princípio da 1ª Era”, a “Era do Domínio
da Luz.” Muitos seres evoluídos chamaram essa luz de “Sol filosofal, o Sol Origem”,
aquele que se originou e assim criou também todos os outros seres vivos. Esse abençoado
Sol, origem, luz cristalina, em nada se assemelha com o nosso astro-rei. Ele é chamado de
Senhor do Universo, é a coroa do Kether ariano, ou seja, a coroa da coroa. Essa é a letra-
mãe chamada Shin. Alguns atribuem a ela o cão de três cabeças, o Cérbero, porém muito
antes dela ser o vício, a mentira e a desobediência ela foi o princípio trino do Ser, chamado
de “o primeiro fermento.” Por trás dessa letra está a carta do tarô O Louco, mais conhecida
como O Coringa, pois essa carta pode ser o 0 como o 20. Em alguns tarôs ela é o 21. Na
verdade ela está sempre antes ou depois da carta O Mundo (22). Para quem já conhece a
Kabalah essa não é uma lição difícil, afinal é só observar a coroa do rei de paus e veremos o
naipe de paus. Paus também é a primeira seqüência de cartas dos arcanos menores. Assim
pode ser mais fácil entender para quem não conhece a Kabalah. O Louco criou o Universo
e se transformou em um mago, porque afinal todos nós nascemos como tolos inocentes e a
vida, no seu decorrer, vai-nos lapidando, transformando-nos em magos do nosso próprio
destino.

310
O LIVRO DA LUZ

Vou agora não dar um conselho, mas esclarecer uma verdade. O verdadeiro mestre é
aquele que se faz eterno aprendiz, pois o mundo é o Universo. Por si só ele se recicla em
seu círculo sagrado de transformação e renovação. Então, para não ser um rebelde viciado
na mentira, luxúria e desobediência dos fatores universais, seja um eterno aprendiz e será
um bom mago. Aprenda com a primeira regra do Mestre Divino: “Não dê conselhos” ou
estará acatando para si a responsabilidade da vida e a situação do teu próximo. A vida e o
karma do teu próximo, como já diz, é do teu próximo. Ajudar a achar o caminho não
significa impor o caminho. Iluminar seu próximo hoje é permitir que amanhã ele também
acenda sua própria luz. Temos que aprender a amar livremente sem impor uma condição
para esse amor, tampouco desejar ser amado. Voltando ao caminho 0 do tarô, quanto é bela
a origem do Ser. Leia sobre a criação, o grito de Deus e o texto sobre as 3 trindades do Pai
(Pg. 62). Leia também as explicações sobre as cartas do Mago (pg.74 e 75) comparados à
Binah (pg. 106). Quando Ele falar do Mago é só se lembrar da letra Aleph, o Alpha,
princípio das formas e da criação, a força de Deus, que vai para Hockmah, a sabedoria de
Deus, a serpente mágica do Universo, que na Gênesis está ao lado do Pai, ajudando-o a
criar todas as coisas. No contexto cabalístico Deus é representado por um carneiro (Áries)
sentado em um trono. No Apocalipse de João essa Kabalah é perfeita, já que o Apocalipse é
composto de 22 capítulos, o que significa as 22 letras do alfabeto hebraico, onde João faz a
revelação do verdadeiro ícone de Verônica (= ver – ícone = verdadeiro ícone). Naquele
tecido com a face do Cristo (= crystal, raio divino) ela revela o Cristo em todo ser humano,
ou seja, revela a fagulha do crystal vivo, que não tem uma só face, mas é todas as faces dos
seres viventes, que não se resume apenas aos homens, mas a tudo que tem vida. Mais
adiante vamos retomar esse assunto, afinal aqui não se trata do Cristo que viveu há 2.000
anos atrás, mas do que nasceu muito antes desse planeta nascer/existir/ser criado.
O Carneiro representa o ser e o pensamento. De certa forma é o nascimento da
primeira nota sonora ainda inaudita. É como uma flor de lótus (o padma dos indianos), que
no escuro breu sobe em busca da luz até romper o lodo e alcançar a luz solar. O Carneiro é
o elemento fogo como o Leão de Judá, o rei eterno dos judeus, mas não podemos nos
esquecer do Sagitário, que também é do fogo e faz parte desse zodíaco cabalista. Esse é o
mais claro dentre os signos do fogo. Ele é o Sexto Ariano, ou seja, aquele que terminou a
Grande Obra, pois no sexto dia Deus fez o homem, porém não podemos esquecer que o
Sagitário tem nas mãos o arco e a flecha. É preciso matar o Leão de Judá, o velho Sol, a
velha era para que uma nova se faça. Três vezes a água, o ar, a terra e o fogo. Três vezes os
elementos se refizeram, se auto-transformaram.
Mas agora vamos parar de dificultar as coisas e torná-las mais fáceis. Quero deixar
claro que em nenhum momento a Kabalah, o zodíaco e as mitologias serão esquecidas,
muito pelo contrário. A todo momento, nessa história, o leitor irá se defrontar com esses
assuntos, afinal são eles que constroem a nossa vida nesse Universo, porém agora vamos
dar uma volta no tempo e no espaço no mundo do Verso, onde tudo teve uma origem
inaudita. Para isso temos que adentrar o mundo dos três princípios inauditos da divindade:
Aïn, Aïn Soph, Aïn Soph Aur. O Ser = Aïn, ainda sem forma, sem força, sem tempo,
Atikos, o princípio energético ainda invisível Atmos, íons e elétrons, positivo e negativo
ainda não unidos, tampouco pensados. Esses princípios são chamados Aba e Aima = Abba
e Ima = Aba e Binah = simplesmente Pai e Mãe Universais. Dentro desses princípios
começaremos pelo Universo visível, mas vamos deixar claro que o Verso invisível é o que
muitos chamam de Primeiro Universo, porém o Verso não pode ser chamado de Universo,
pois não é visível. Sejamos mais específicos. O Verso é o que está por dentro, no interior. É

311
O LIVRO DA LUZ

como o avesso de uma roupa. Esse Universo visível é o lado de fora dessa roupa. Por isso
podemos ver essa unidade, o lado de dentro da roupa é invisível. Ela é como uma grande
bola de ar, que se encheu, mas não podemos ver o seu conteúdo, o seu interior. Do lado de
fora temos constelações, planetários, galáxias e vários sistemas solares ou não, assim como
temos também várias realidades dentro dessa grande massa espacial. O que anima todo esse
corpo universal a ciência pode até explicar e usa os mesmos métodos e explicações para o
planeta como para os seres que nele habitam, entretanto sempre tem um porém. O cérebro
que tudo imagina cria regras e descobre que tem um grande e poderoso adversário e é
justamente este adversário que não é aceito pela ciência como sendo o impulso do cérebro.
O coração é o astro-rei solar em cada ser vivo. Quando essa chama se apaga a Mãe Lua,
que rege o cérebro humano, simplesmente também se entrega. Então vamos ser bem claros.
O Universo é um grande cérebro, uma grande mãe cheia de idéias (filhos), mas o seu Pai
solar é invisível aos nossos olhos, pois sua luz não é como a do nosso Sol. Sua luz alimenta
esse grande ou infindável corpo por dentro do qual é como o ser humano. Kabalisticamente
falando a Lua é a nossa mãe e reina sobre o nosso cérebro. Observe a conhecida imagem de
Maria que pisa sobre a Lua. Ela nos dá o discernimento, o aprendizado racional (observe
também a imagem da virgem com Jesus Cristo bebê e um livro na mão dela).

312
O LIVRO DA LUZ

Ela é como o primeiro professor, pois nos comanda de cima para baixo. Por isso é
também a Diana casta e pura, a filha sábia de Zeus e Minerva, que nasce das suas idéias, ou
seja, do seu cérebro e o único pedido que faz ao Pai é permanecer virgem. Mas nem só de
saber teórico vive o ser. Ele precisa de impulsos emocionais. A teoria lhe oferece a
imaginação. É esse o sentimento ou a vontade de saber como é o sentir e essa prévia do
sentir é o Pai que nos oferece. O Sol é o astro que reina no nosso coração e não no
estômago, como afirmam algumas pessoas que se baseiam nos chakras. A Kabalah espalha
os signos pelo corpo humano, como também distribui as 9 Sefiroth, que simbolizam os
astros regentes. Isso tudo será melhor detalhado mais à frente. Continuando com o assunto,
o Sol reina no coração como impulso emocional. A Terra é o ventre materno do ser. É o
que alguns chamam de segunda mãe ou esposa de Cristo ser humano. É ela que dá a vida às
emoções, é o livro que o homem lê o tempo todo e ao mesmo tempo escreve. Ela é a
professora da prática emocional. Aqui o ser tem que praticar o que aprende e sente, mas
para isso ele ganha um pai adotivo, aquele que embala o ar que anima toda a natureza
física. Esse sopro sagrado é o Senhor que tem a chave do tempo limite da vida de cada ser
humano. Como no princípio hermético, o que está encima é igual ao que está embaixo, ou
seja, o Universo é o Homem e o homem é poeira universal. Somos compostos de tudo
aquilo de macro e micro que podemos ver, porém o que nos anima a existir e a continuar
nós não podemos ver, mas claramente podemos sentir e esse sentir é o motivo que
encontramos para continuar nossa imensa busca pela evolução. Buscamos um Deus visível
que tenha raízes, pai, mãe e uma morada fixa e que, se possível,também creia em outro
deus, mas essa é uma postura bastante perigosa para se tomar, afinal se encontrarmos um
deus que creia em outro deus tudo em que acreditamos cai por terra e Deus não será mais
Deus, mas apenas mais um de tantos deuses. Eis o segredo do Verso do Universo e do
Verso do homem. O Verso universal e o nosso são invisíveis aos nossos olhos, mas nunca
imperceptíveis ao coração, ao sentimento sem nome e sem explicação. Esse Verso é o
Grande Pai-Mãe, o Criador infinito, a semente primeira, que deu origem a vários outros e
dessa forma ganhou vida eterna, pois jamais parou de se multiplicar e, para evoluir sua
criação, deu tempo e espaço para eles. A 1ª trindade de Deus começou quando Ele ainda era
o vazio, o Nada absoluto, o Silêncio absoluto. Alguns dizem que tudo era a mais negra e
pura escuridão. Outros afirmam que era a Luz absoluta. Os dois lados de alguma forma são
o neutro. O branco é a soma de todas as cores, o preto é a ausência de cor. O espírito do
Criador começou obviamente na ausência e evoluiu para a soma de tudo, porém nada
mudou, afinal Ele só saiu de um estado para o outro e continuou sendo neutro, mas aqui nós
já temos dois pólos da 1ª trindade. O terceiro seria o grito de Deus. Para alguns kabalistas
esse grito vai se tornar o Kether, a coroa da Kabalah, mas ainda não é a coroa da Kabalah
visível, mas da invisível. Crow = grito de satisfação de um bebê = corvo e a coroa, que é
crown acrescentando apenas uma letra, mas essa palavra tem ainda mais uma tradução
especial. Crow também é canto do galo, que na escuridão anuncia o nascer do Sol. Sabemos
que o corvo nasce branco para se tornar negro, assim como o bebê é pura inocência, que se
transforma no enigmático homem, o ser adulto. Esse grito de Deus é uma primeira nota
sonora, mas ainda inaudível, pois foi apenas pensada e não projetada como verbo. Seria
uma primeira idéia, que faltava para concluir essa primeira trindade invisível. Agora essa
trindade invisível vai sair da teoria para a emanação por vibração. É como se o vazio
tivesse pensamentos, mas nada ainda ordenado ou organizado. Tudo ainda é uma forma de
vibração e não pode ser visto. Esse mundo é a primeira Sefiroth dentro do Verso que está
prestes a construir o Universo. A criação é a união do pensamento com a vontade ou força.

313
O LIVRO DA LUZ

A nota sonora vai deixar de ser inaudível e o bebê divino vai nascer da vontade e assim
dará o seu grito, ou melhor, o espírito do Pai cria voz na boca de seu filho. Esse filho é
Hockmah e Binah, que projetam uma criação e essa criação, ao libertar a vontade como
Verbo fecha a 2ª trindade. Na 3ª trindade o Verbo criou a ação, que gerou reação. Ação,
reação e tempo: fechamos a 3ª trindade invisível: Aïn, (1ª trindade), Aïn Soph (2ª trindade),
Aïn Soph Aur (3ª trindade). Essas três trindades vão dar vida às Sefiroth visíveis. O Não-
ser se transforma no Ser onipresente, onipotente e onisciente = única presença, única
potência ou poder, única ciência. Esses três poderes da Divindade vão criar a Sefiroth
primordial, de onde proveio o Tudo universal. Essa Sefiroth primordial é aquela que vai
criar todo o Universo. Agora vamos tornar as explicações mais fáceis.
No grito do Verbo de Deus Ele criou uma reação crescente, pois a partir desse grito
nasceram os primeiros seres sem forma, ou seja, as emoções sentidas. O vazio, que era o
espírito inconsciente, torna-se um espaço de luz prenchido por emoções. Vamos imaginar
que um bebê tem suas primeiras ações e essas criam vida própria e, assim como ele, vão
criando, ou seja, gritando as primeiras ações, mas esse Deus ainda é como um bebê, porém
seu princípio sapiens (espírito invisível) não é um bebê e assim Ele passa a emanar
vibrações para o seu Eu-verbo. Esse Eu-verbo está lá no Verso, não tem pai nem mãe,
origem, tempo ou espaço, mas dentro da sua imaginação o princípio de um arquétipo é
sonhado.
É como se Deus tivesse criado um mundo virtual e esse aos poucos fosse se
dilatando com suas primeiras ações emocionais, isto é, suas emoções. Dentro desse
princípio as primeiras emoções do Pai passam a seguir um processo evolutivo caótico.
Imaginemos uma criança de 5 anos aprendendo a cuidar de bebês que acabaram de nascer.
Tudo que essa criança tem é sua própria experiência, mas como não tem professores,
orientadores, amor ou afeto, não sabe o que é isso. Então vai ter que descobrir tudo isso
experimentando suas próprias emoções. A única vantagem está no fato de ter nascido antes
dos seus filhos, mas essa criança não sabe o que é ter filhos e tampouco o que é ser pai.
Assim, no infinito tempo divino, tudo deve acontecer até que Deus tenha sentido todos os
tipos de emoções. Vamos lembrar que Deus experimenta tudo em um mundo sem formas
definidas e sem dor carnal. Então tudo é apenas planejamento, imaginação. Nesse mundo
virtual os seres que Ele imagina possuem as mesmas habilidades que Ele e também
imaginam, ou seja, agem como Deus, porém de formas diversas. Tudo isso vai se tornando
cada vez mais caótico, até que o vazio (espírito) de Deus vai ficando confuso, cheio,
perturbado pelas próprias emoções, até que Ele deseja ser vazio novamente. Deseja acabar
com tudo, mas há algo que o impede. A sua lembrança de ter imaginado, sonhado. Ele não
pode apagar sua história simplesmente, mas também não deseja esquecê-la. O misto de
tudo isso o incomoda, perturba. Foi então que Ele devasta seu mundo virtual com o silêncio
absoluto. Ele reorganiza todas as suas emoções dentro de si imaginando para elas um sono
temporário e não um fim. Assim Ele entra em profundo estado meditativo e de profunda
contemplação de suas emoções, observando-as uma a uma em seus mínimos detalhes. Após
esse estado de organização mental imaginário percebe que havia terminado as três
primeiras trindades invisíveis, mas começara a dar origem a novo princípio. Depois de tanta
emoção imaginária sente o incompreensível, o maldito, o incontrolável, o primeiro pulso
vital. O espírito ou o Ser mais que perfeito estava vazio, porém de alguma forma estava
preenchido e algo incompreensível desejava nascer de dentro do espírito de Deus. Esse algo
O deixava eufórico, como se pudesse romper o Tudo, mas o que era o Tudo? Deus não
sabia. Tudo que Ele conhecia era o Tudo. Era apenas aquilo que Ele havia conhecido, mas

314
O LIVRO DA LUZ

para Ele isso era o Tudo. Então Ele tirou de si um pequeno pedaço, pois era esse pedaço
que tinha o incompreensível, mas logo que Ele fez isso esse pedaço teve vontade própria e
fugiu de Deus. Deus sentiu emoções variadas: medo, curiosidade. Ele não sabia o que era,
mas seguiu a luz que saiu de si mesmo, porém a seguiu de longe e qual não foi sua surpresa
ao observar que esse novo ser saído do Ser primordial era sua própria luz e que agia
semelhante a Ele. Imaginou, sonhou, acreditou estar só no imenso infinito, idealizou sonhos
idênticos a Ele, porém havia algo de mais belo naquele ser. Não é preciso dizer muito para
descobrir esse ‘algo especial’. Esse novo ser de certa forma já possuía a experiência do Pai,
afinal fazia parte da luz primordial, ou seja, tudo que o Pai havia sonhado esse ser de
alguma forma, por osmose, já havia sonhado e passado, porém o espírito de Deus
acreditava ser único e isso também ficou registrado nesse novo ser que, mesmo já tendo o
privilégio de nascer sabendo não percebia isso e assim fez tudo que Deus fez desde o
começo até o final. Criou seu bebê e esse deu seu grito germinador e o círculo dessa vez foi
um espelho por onde Deus se olhava de fora admirando os primeiros passos de sua
evolução teórica, virtual. Quando o ser chegou no estágio do caos teve os mesmos
problemas que Deus e tomou as mesmas atitudes, porém em seu estágio contemplativo esse
ser não se viu sozinho, muito pelo contrário. Sentiu-se atraído por outra luz e para ela
correu e a ela se uniu e quando Deus voltou a ser Um, unificado ao seu outro ser, a luz
reinou em seu esplendor total. Era sentimento inominável, o incondicional, o perfeito ficou
mais que perfeito. Foi então que o Absoluto aconteceu. Da unificação do ser primordial
com o ser secundário nasceu espontaneamente o que chamamos de A Alma do Ser
Inominável. Essa alma era sublime, tinha vontade própria e seguiu os passos dos primeiros
e tudo aconteceu da mesma forma até a fusão trina. Assim a Primeira Trindade de todas as
emoções estava completa. O Ser Primordial perfeito, o Ser Mais Que Perfeito e o Absoluto,
todos como sendo um só ser. Agora sim temos a coroa pronta para surgir o cérebro
universal. Esses três seres inomináveis, absolutos, ao se manifestarem geraram o nível mais
supremo de energia, que rompeu uma fenda no Verso. Verso é aquilo que se esconde dentro
do Universo, mas quando falamos dentro estamos afirmando isso literalmente. O Universo
é a roupa e o Verso aquilo que a roupa esconde. Alguns dizem que essa fenda que se
rompeu é o buraco negro do nosso Universo. Digamos que, para não sermos limitados, isso
seja apenas a fenda que criou o nosso Universo. Ele não é o único. Apesar do nome ele é
único só para a nossa realidade, porém realidades são como verdades. Cada um tem a sua.
Essa fenda que se abriu seria a mãe do nosso Universo ou o nosso Big Bang (explosão
primordial) científico, mas sendo específicos isso não teria condições de ser o Big Bang,
mas apenas o pequeno corpo, que começaria a se formar para vir a ser o Big Bang. No
nosso espaço vazio e nada absoluto luz seria absurdo, porém energia em pequenas porções,
gerada pela luz e as substâncias invisíveis do nosso Universo foram gerando, ou melhor,
criando lentamente as massas. Alguns afirmam que essa enorme energia era um único Sol
cuja combustão desgovernada e sem limites teria explodido, formando assim o Universo e
tudo que nele vive e existe. Isso teria acontecido porque a luz que alimentava esse Universo
também produzia gases nocivos, que se acumulavam ao redor da massa que ia se formando,
ou seja, de uma forma ou de outra o Universo já tinha substâncias e elementos, mesmo que
de forma invisível, como prótons e outros ainda menores.
O Universo nasceu primeiro da explosão divina. O Pai e a Mãe criaram o Filho e
unidos a ele se deram vida visível, a começar pelo Universo, seus planetas e estrelas. Com
tudo isso pronto vamos parar de desperdiçar palavras e ir direto ao assunto Terra e a vida

315
O LIVRO DA LUZ

humana. Sei que agora vocês vão compreender mais facilmente tudo que vamos explicar
sobre a Terra e como ela se tornou a casa-escola dos seres humanos.
Na verdade tudo começou muito longe da Terra, lá no Planeta do Princípio ou
Mundo do Inominável. Bem, a partir de agora a ciência vai ficar dentro ou fora da história.
Isso vai depender no que ela de fato crê, sabe que existe, mas claramente omite.
Começamos por lembrar que o nome que Deus deu às suas primeiras emoções é muito
importante para nossa história, lembrando que Ele teve suas emoções e depois as
adormeceu dentro de si sem as destruir. A elas ele chama de Amorazins = amo (luz) – há
(ser) – zins (terras) = luzes criadoras = mais claramente Aprendizes do Arquiteto Uno,
também chamados de Luzes da Criação por terem sido os primeiros. Depois deles veio a
Chama Gêmea de Deus, que o imitou e fez tudo igual. Ela criou os Evins. Esses eram a
compreensão para Deus, pois eles foram o espelho de sua primeira experiência. Assim eles
se tornaram o cérebro e os Amorazins ficaram no posto de coração, afinal eles eram o lado
de Deus não compreendido, mas imaginado, sonhado, manifestado como vibração
emocional. Quando Eva se separou de Deus ela não levou os Amorazins, porque nasceu da
luz divina quando ela transbordou no seu primeiro estado de compreensão, ou seja, Eva
nasceu de todas as emoções de Deus já num estado superior. Ela se tornou a Sabedoria
refletida do Pai. Seus filhos tinham as mesmas características, mas nem por isso os
Amorazins ficaram desfavorecidos quando houve a união de Deus com Eva. Houve
também a união de suas emoções. Os Amorazins e Evins passaram a fazer parte do corpo
do Uno universal e verso, mas essa união renderia o filho, a terceira luz, onde se originaram
os Infinins (veja pgs. 63 a 70 as explicações dos Amorazins, Evins e Infinins). Assim no
princípio Deus foi a semente que se gerou do seu próprio espírito inconsciente, criou raízes
para a expansão de sua consciência refletida nos Amorazins. Esses eram duas máximas das
emoções do Divino Ser: ser todo bem e todo mal. Deus os classificou para distingui-los,
mas jamais os separou como bem e mal, pois para o Pai tudo é evolução, aprendizado,
sabedoria. Que fique bem claro: no Verso de Deus não existe bem nem mal, como está
escrito na Gênesis 2;1-4: “E foram concluídos o céu e a terra e suas multidões. No sétimo
dia Deus concluiu toda sua obra” e esta é a história da Criação. Gênesis 1;31: “E Deus viu
tudo que havia feito e era muito bom”. Nesse primeiro capítulo da Gênesis Deus criou o
homem e a mulher, os abençoou e disse: “Crescei e multiplicai-vos” (obs.: não os expulsou
do Éden). Portanto ainda no Éden eles cresceriam e se multiplicariam. Então cai o mito.
Tudo que Deus criou era bom e Eva e Adão se multiplicaram ainda no paraíso, como o
próprio Deus permite. Bem, essa é uma das mais belas histórias que terei o prazer, de todo
coração, de contar como aconteceu. Mas voltando ao Pai, para Ele nada de mal ou errado
havia. Esses conceitos surgiram com a involução gerada pela criação da carne. Observem
que só depois que o Senhor Deus cria um corpo de carne e osso para Adão e Eva é que
surge o pecado (Gn 2;23). Quanto ao primeiro corpo que Deus criou Ele não explica que
material usou (Gn 1;27) Ele apenas diz que o criou à sua imagem e semelhança. Já no Gen
2;7-27 Deus modela o homem de argila, dá um jardim para ele cuidar e somente para ele o
Pai diz as seguintes palavras: “Não comas da árvore do bem e do mal” e logo em seguida
diz: “Vou fazer para o homem uma auxiliar” e então tira Eva da costela de Adão. Eva não
sabia nada sobre a ordem de Deus porque era sua alma gêmea, que tinha acabado de ser
separada do seu outro lado. Se Adão era o “não pode”, Eva era a afirmação. Ela era o Adão
dual, desconhecido para o próprio Adão, a 33ª vértebra que Deus havia removido do Cristo
místico deixando-o apenas com 32, ou seja, ela era o lado feminino de Adão ou o pólo
negativo, formando o Yin e Yang, as duas forças de um só ser, os dois lados que nos

316
O LIVRO DA LUZ

habitam. Adão e Eva são o nosso lado misericordioso e o nosso lado severo, as duas
colunas do templo de Salomão.
Bem, vamos retomar o assunto anterior e logo retornaremos para este, que
obviamente vai lhes chamar muita atenção, mas prometo dar-lhes um novelo de lã para que
vocês não se percam nesse fascinante labirinto do Minotauro, lenda de Ariadne, Jasão e o
Minotauro. Vamos agora para a evolução em cadeia. De acordo com os níveis de evolução
os Amorazins são aqueles que estão mais próximos de Deus, afinal foram eles suas
emoções, o que dá aos Amorazins o direito de primeiras emanações do espírito de Deus.
Isso seria o mesmo que os primogênios do Pai. Eu digo primogênios pelo simples fato deles
serem vibrações emanadas da Sapiência. Então eles são o dito conhecimento de Deus, as
primeiras bases teóricas do Pai, tal qual os Evins são para a Eva divina. Depois eles
descobriram que não são apenas os primeiros filhos das emoções do Divino Pai como
também são primogenitores. Imitando o Pai eles também tiveram emoções e essas também
viriam a tê-las e assim, numa reação em cadeia, da criação de um passa para o infinito, o
infindável para a eternidade, mas criar é tão somente criar. Seria o mesmo que um colapso
no Universo. Era preciso criar uma norma, ou seja, era preciso criar o tempo para
aperfeiçoar a evolução dos universos e seus mundos paralelos. O tempo seria a única
maneira de tornar gradual a evolução e foi com esse divino aliado que o Pai fez a mais bela
de suas obras: o próprio Universo e tudo que nele vive, visível ou não. A explosão causada
pela luz do Big Bang, origem das primeiras formas, foi como uma lavoura que, bem
tratada, recebeu as mais ricas sementes, as primeiras. Assim o solo universal se fez e passou
a evoluir de acordo com as suas realidades planetárias. É justamente agora que vamos
começar a tão difícil história da criação da Terra e seus filhos. A palavra humanidade é um
termo universal usado kabalisticamente não apenas para definir os seres deste planeta, mas
de todo o Universo. Por isso vou me referir ao ser humano da Terra como filhos da Ada ou
simplesmente homens. Esse é o nome pelo qual Deus chamou Eva e Adão = Homem (Gn
5;1-2), quando Deus criou o homem e a mulher à sua própria imagem e semelhança, os
abençoou e os chamou Adão = Homem, ou seja, para o Pai feminino e masculino não tem
diferença. Ela surgiu na nossa fase encarnada e é exatamente isso que nós vamos começar a
contar agora.
Imaginem o planetário completo e já em estágio de evolução, mas sem deixar de
imaginar que ainda temos muitos planetas desabitados. Na verdade os planetas nada mais
são que berçários dos filhos dos filhos de Deus, ou seja, dos Seus netos, mas há um detalhe
muito importante em tudo isso. Os primeiros filhos de Deus, Amorazins e Evins, não sabem
que são pais e que terão que criar suas criaturas-filhos, pois eles estavam preparados apenas
para sonhar e não para idealizar e praticar. A missão deles agora era aplicar na prática o
conhecimento que já possuíam por herança genética. Assim o Pai também iria aprimorar
seu conhecimento e consecutivamente emanar uma sabedoria ainda maior. Em suma todos
nós unificados somos Deus em evolução e individualmente somos deuses em estágios de
evolução. Os mais velhos devem resgatar os mais jovens, como Judá mais tarde tem que
resgatar José através de Benjamim (ben = filho, amin = aima). Assim os Amorazins (Sol,
luz, Eva) devem resgatar os Evins (fim, mãe), como um pai que resgata a esposa e seu filho
perdidos no deserto, como Hagar e Ismael. O pai, a mãe e o filho estão prontos. Agora o
Ser Perfeito deve criar sua Gênesis. Tudo tem um começo manifestado e um não-
manifestado. Seguindo essa regra o Pai criou o Planeta do Princípio ou do Ser Não-
Manifestado, mas para sua evolução prática Ele criou o Planeta das Origens Manifestadas.
A esse planeta deu o nome de Universo, que para o ser nada mais é que tão somente um

317
O LIVRO DA LUZ

plano = planeta composto por dentro por milhares de microuniversos planetários. O Planeta
do Princípio Não-Manifestado é o Verso desse Planeta das Origens Manifestadas.
E como tudo isso começou para os seres humanos? Bem, essa é uma longa história,
que temos que tentar resumir sem reduzi-la à incompreensão. Eu afirmo a vocês que são
poucos os livros que revelam essa história, porém revelar nem sempre é estar ao alcance da
compreensão de todos como na Torah, no Talmud, na Bíblia, na Zohar e outros, porém eu
vos aviso que é preciso ler com uma mente que tenha fome de saber e não com a de um
fanático e preconceituoso. A Bíblia e os demais livros revelam um código que relata não
apenas a criação da humanidade da Terra, mas a criação das formas universais. Para alguém
que lê-los tão somente como livros comuns ou religiosos de fato nada se mostra a ele, mas
eu vos digo que é preciso ter prazer em ler tais livros e não apenas ler, mas reler muitas
vezes com muita calma e, é claro, fazer anotações e com o devido tempo é possível ver que
todas as histórias se repetem, mas isso não afirma que necessariamente sejam as mesmas.
Nomes, idades e as personagens vão se transformando em círculos cabalísticos desde a
coroa (Kether) até a Terra (Malkuth). É claro que nem tudo participa da constituição
kabalística, afinal já no Êxodo podemos observar que Moisés tem os seus 72 anciãos.
Diríamos que aí terminaria a história e o resto não seria muito útil, mas não é bem assim.
Jacó, ao se reunir no Egito com José contém também os números necessários para concluir
a história. Até mesmo em Enoch encontramos as 36 décadas da tabela angelical, ou seja,
todas as histórias são perfeitas em si mesmas, mas essa perfeição não completa a queda dos
anjos. Digo que apenas uma história não completa nossa busca da verdade. É apenas mais
uma peça do quebra-cabeça da criação. O primeiro passo é entrar na história de uma vez
por todas, ou seja, vamos adentrar na Gênesis divina e não na terrena, mas quero que fique
bem claro que essa Gênesis divina também constitui a Terra.
Agora eu vou ter que sair do mundo científico e entrar no mundo divino, pois a
Ciência nos analiza pelo Universo que hoje vê e por aquele que supõe ter existido. A
Ciência antiga, Zohar e outros livros nos deram de presente a constituição do homem desde
Pangéia, o continente único que nasceu de uma explosão e ganhou a Lua também a partir
daquele momento, mas a Ciência dos nossos tempos criou um método um tanto duvidoso
de medir e calcular o tempo e espaço, o que deixa qualquer ser louco ou literalmente tolo.
Falando claramente, faz os seres humanos de bobos, marionetes manipuláveis.
Se fossemos falar cientificamente o Cristo seria o Sol, tal como Osíris, Tamuz, etc.
Então a religião estaria em maus lençóis com a humanidade, escondendo que o Cristo não é
um homem, mas sim um planeta “astro-rei”. Ísis e Maria são a Lua na Kabalah. Isso nos
leva aos dois mil anos da morte do Cristo. Lua e Sol na Terra somente há 20 mil anos? Ou
há milênios? A ciência e a religião não se compreendem há muitos anos, mas ambas se
formaram na mesma escola, lendo o mesmo livro. Vou dar um pequeno exemplo disso. A
Medicina reconhece os nomes dos filhos de Isaac como corpo = Jacó e Tarso = Saul ou
Paulo de Tarso, que passou a se chamar Saulo = Saul. Não é esse o único caso. Existem
milhares da área jurídica, química, bioquímica, etc. Ao longo da história vocês poderão
fazer mais descobertas.
Agora vamos avançar para trás, muito antes de Pangéia. Ao criar o Universo o Pai
criou também inúmeros planetas-berçários, que evoluem suavemente. Muitos desses
planetas vivem em estado de hibernação e suas sementes não podem germinar até serem
despertados pela chamada reação em cadeia do pensamento ou da vontade, assim como foi
com o Pai e seus primogênios. Só os seres que nasceram, nascem e ainda vão nascer desses
planetas-berçário são criação dos primogênios e dos Evins. O 3º nível já é considerado dos

318
O LIVRO DA LUZ

Infinins. Na verdade todos seriam Infinins se considerarmos que Amorazins e Evins


renasceram uma segunda vez da união do Pai e sua chama gêmea, porém pela regra, é
claro, eles chegaram na frente e na cadeia evolutiva eles estão na frente dos Infinins. São os
ditos ‘mais velhos’, que deveriam se responsabilizar pelos mais novos. São irmãos porque a
criação é herança divina, ou seja, herdaram do Pai a sabedoria da criação. Sendo assim o
Pai da Criação é um só. O resto seria imitação ou cópia e até mesmo clone, como a ciência
hoje acredita ter criado, sem ver que somos todos clones da divindade, com mais
imaginação e criatividade, é claro, mas também somos pais porque essas sementes são
frutos de seus sentimentos. Assim cada um se torna responsável pela emoção a que deu
origem, não importando se boa ou má. Essa emoção criou forma e vida e também sentirá e
criará outras emoções, tornando-se no futuro pai na prática, afinal no verbo presente somos
todos pais e irmãos.

Este é o PAI NOSSO de Jesus, o Cristo (Issa)


Ó grande e poderoso Pai-Mãe
Onipotente sois Vós em Vossa grandeza
Vós que habitas os céus e todas as coisas vivas deste imenso universo
Glorificado seja Vosso nome quando pela boca do homem pronunciado
Abaixai Vossos ouvidos quando pedimos a Vós piedade e redenção
Dai fartura à mesa dos que sentem fome e ensinai-nos a dividir o pão
Aponta-nos o caminho do perdão conduzindo-nos pela mão da verdade
Fortaleça nossa fé na hora da tentação
Que Vossa vontade seja sempre suprema à minha
Para que eu possa um dia diante de Vós
aos Vossos pés encontrar a Vossa verdade e a salvação
E que assim seja Vosso poder e glória
Que se renova na infinidade dos tempos e séculos

Amem

CONHEÇA A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ

Conheça os outros livros psicografados por Aylla Harard:

319
O LIVRO DA LUZ

O Peregrino de Almas
Os 7 Sábios do Universo

A coleção “Corpus Universalis” – Verdade e Origem do Homem e do Universo.


Manual para a Evolução, composta por:

1º: Entre o Céu e a Terra – Manual completo e prático de aprendizado e evolução


espiritual
2º: A Hierarquia da Luz
3º: Sabedoria – Luzes do Tempo
4º: Encanto – A Chama da Magia
5º: Futuro – Um Presente que veio do Passado
6º: Luzes – Emissários de Amor

320

You might also like