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REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO
MATER DEI
Pato Branco
Paraná
1
Os artigos publicados na Revista de Admininstração Mater Dei são de responsablidade de seus autores. As
informações neles contidas, bem como as opiniões emitidas, não representam pontos de vista da Instituição de
Ensino Superior: Faculdade Mater Dei.
SUMÁRIO
Walt Disney World e a excelência em serviços: um estudo de caso.
A. J. Baggio; S. Baggio ......................................................................................................... 9
ISSN 1806-0005
R. Adm. Mater Dei, Pato Branco-PR, v. 2, n. 2, jan./dez. 2005
3
REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO
MATER DEI
Conselho Editorial
Editor Chefe: Anery Junior Baggio
Corpo Editorial: Anderson Luiz Michelin
Norma Brambilla
Revisor:
DiagramadorA e Capa: Imprepel - Lilyane Helena Sartori
PUBLICAÇÃO ANUAL
SOLICITA-SE PERMUTA
Periodicidade: anual
ISSN: 1806-0005
1. Administração - Periódicos.
CDD: 658.050
4
FACULDADE MATER DEI
APRESENTAÇÃO
Com periodicidade anual, a revista pretende ser um elo de ligação entre Fa-
culdade e comunidade, dando oportunidade para alunos, professores e administrado-
res para exporem seus pensamentos e suas experiências profissionais embasados em
estudos das diversas áreas que compõem a ciência da Administração.
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FACULDADE MATER DEI
NOTA DO EDITOR
Editor
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FACULDADE MATER DEI
ABSTRACT
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Walt Disney World e a excelência em serviços: um estudo de caso
até que ponto a Gestão de Serviços pode re- A implementação deste enfoque pode
presentar o diferencial de sucesso num mun- trazer resultados de fidelização de clientes,
do onde a maioria de produtos se transfor- satisfação de colaboradores e bons resulta-
ma em commodities? dos com o negócio. Para que isso ocorra, a
empresa precisa voltar sua concepção de ne-
gócios para a excelência no atendimento ao
2. MATERIAIS E MÉTODOS cliente, implantando uma nova cultura de ser-
viços no ambiente organizacional, abrangen-
A metodologia utilizada para a pesqui- do desde o pessoal da linha de produção de
sa valeu-se da pesquisa original de objetivo bens e serviços até os dirigentes da empresa.
explicativo. Foram utilizadas as técnicas de Esta não é uma tarefa fácil, pois implica
observação direta intensiva participante levan- em mexer na cultura vigente da empresa, aba-
do-se em conta as percepções do pesquisa- lando estruturas de poder, necessitando o
dor do tempo de trabalho na Walt Disney apoio de Análise e Desenvolvimento
Company, mais precisamente o período de Organizacional para sua efetiva
Maio a Setembro de 2001. implementação. É uma nova proposta que
Também foram utilizadas as técnicas de inclui princípios de liderança diferenciada e
documentação indireta através da pesquisa empowerment3 (BERRY, 1996) os quais nem
bibliográfica tomando por referência os prin- sempre são bem vistos pelos dirigentes, mas
cipais autores do assunto e também a pes- que certamente satisfazem colaboradores e
quisa documental, tendo por base as infor- clientes e resultam em vantagem competiti-
mações contidas em manuais de treinamento va. ALBRETCH confirma a necessidade desse
da referida empresa. novo comportamento apontando para seus
benefícios dizendo que,
...quando os administradores de todos os ní-
3. DISCUSSÕES A RESPEITO DA GESTÃO veis estiverem preparados para compreender,
DE SERVIÇOS apoiar e contribuir para a missão de serviço,
eles começarão a fazer as coisas certas para
ajudar as pessoas de linha de frente a cuidar
Vários enfoques organizacionais têm se dos clientes. Em vez de açoitar os funcionári-
alternado na escolha dos empresários quanto os por serviço deficiente, os administradores
devem proporcionar a liderança e o apoio de
à forma de gerir seus negócios. Algumas em- que necessitam para que façam um bom tra-
presas têm pautado sua administração no balho. (apud CASTELLI, 2003, p. 118)
avanço tecnológico, outras na contenção de Em suma, o objetivo da Gestão de Ser-
gastos, no planejamento estratégico e ainda viços é que a empresa mude seu foco para a
na gestão do marketing, dentre algumas das prestação de serviços. Com vistas a iniciar a
estratégias na busca de alcançar vantagem discussão, faz-se necessário rever conceitos
competitiva. como cliente, serviço e estratégia de serviço.
Uma proposta inovadora que promete
revolucionar o modo como as empresas ad- 3.1 O QUE É O FENÔMENO CLIENTE?
ministram seus negócios é a Gestão de Servi- Não é novidade para nenhuma empresa
ços. A Gestão de Serviços é entendida como que o conhecimento de quem é o seu públi-
“um novo enfoque organizacional global que co-alvo e quem são seus clientes gera vanta-
faz da qualidade do serviço, tal como sentida gem competitiva. No entanto, as empresas
pelo cliente, a principal força motriz do fun- nem sempre levam isso muito a sério e igno-
cionamento da empresa” (ALBRECHT apud
CASTELLI, 2003, p. 117). 3
Do inglês: Descentralização de poder e autoridade.
ram a utilização de técnicas de pesquisa de de valor com estilo e qualidade – tudo isso
transmite mensagens. Algumas delas são aber-
mercado que podem identificar a evolução
tas e conscientes e outras são mensagens in-
do perfil de seus clientes, suas expectativas e conscientes (apud CASTELLI, 2003, p. 126).
seus interesses. Uma das mensagens que também é en-
Esse conhecimento possibilita a adapta- tendida pelo cliente é a burocracia. Ele perce-
ção dos produtos e serviços às necessidades be logo se a organização está voltada para o
dos clientes, de acordo com sua percepção e serviço ao analisar a descentralização das de-
não mais segundo o modelo fordiano que afir- cisões. Desta forma, autonomia, autoridade
mava que ‘todos podem ter um automóvel, e responsabilidade também são itens que
contanto que seja preto’. Os clientes do sécu- devem ser repensados pelas empresas que
lo XXI têm características distintas dos clien- querem ingressar neste novo enfoque. A abor-
tes do século passado e parecem mais dinâ- dagem por serviços não pode ser burocrática
micos, bem informados, exigentes, aprecian- e exige que sejam definidas de antemão as
do certo grau de personalização no que com- políticas de reposição de serviços, autonomia
pram, não são tão fiéis e não se importam para decisão e responsabilidades das ações
tanto com a tradição como o era antigamen- tomadas pelos funcionários, evitando que o
te. Muitas empresas ignoram isto, mas para cliente fique à espera da palavra final de al-
que possam competir na era da informação e guém que não está na linha de frente.
através da Gestão de Serviços, precisam “cri-
ar a mania do permanente conhecimento do 3.2 O QUE É O FENÔMENO
cliente” (CASTELLI, 2003, p. 121). SERVIÇO?
Outro assunto que precisa estar na pau- De maneira simples, um serviço é uma
ta das empresas geridas pelo enfoque do ser- atividade a ser realizada em benefício de uma
viço é o respeito com o cliente interno, os pessoa. O verbo servir diz respeito a ser útil,
colaboradores. Não há como atingir altos ní- ajudar, e chega a incluir a definição de ‘pôr
veis de satisfação de produtos e serviços sem comida e bebida à mesa’; ser servo é colocar
um grande investimento neste ativo de capi- a alguém na posição de senhor. Tais defini-
tal intelectual da empresa. Ora, todo ativo ções dão a idéia que o serviço precisa ser rea-
para ter garantia de proteção precisa de um lizado com carinho, com qualidade e pensan-
seguro, também os colaboradores ao serem do em agradar à pessoa a ser servida, no caso,
entendidos como ativo patrimonial precisam o cliente.
estar assegurados e isso se dá através do res- Em negócios o termo também é utiliza-
peito, da capacitação atualizada, da motiva- do e vem sendo bastante discutido, assumin-
ção constante e de um trabalho de integração do várias conceituações. Em síntese, pode-se
e envolvimento que pode fazer com que o afirmar que serviço é qualquer atividade pres-
colaborador sinta-se parte indispensável da tada para a satisfação de uma necessidade
empresa. ou interesse do cliente (GRÖNROOS, 1993).
Isso não pode ficar na esfera do discur- Se analisado este breve conceito, pode-se afir-
so, pois não há como esconder do cliente fi- mar que os serviços apresentam as seguintes
nal a falta de respeito com os colaboradores características gerais: são atividades e não
e, como afirma ALBRETCH, coisas, são intangíveis, são heterogêneos, são
a aparência e a percepção da operação, o produzidos e consumidos simultaneamente e
ritmo das coisas, a maneira pela qual os fun- o cliente participa do processo de produção
cionários são tratados por seus chefes, a ma- (GRÖNROOS, 2003; LAS CASAS, 2000). Tais
neira pela qual os chefes tratam os clientes, a
importância atribuída à entrega do pacote características demonstram que a prestação
de serviços precisa ser estudada de uma ma- termos de instrumentos e procedimentos para
neira peculiar, ora similar, ora distinta do o trabalho em equipe.
modo de produção e comercialização de bens Talvez o elemento que mais deva ser con-
tangíveis. siderado pelas empresas em busca da exce-
Satisfazer as necessidades de clientes é lência dos serviços seja a superação das ex-
o mínimo que se espera de um serviço de pectativas do cliente. Esse fator é de grande
qualidade. O que falar, então, de um serviço complexidade e subjetividade e envolve um
de excelência? O serviço de excelência é aque- conhecimento profundo do ser humano e seus
la atividade prestada de maneira apaixonada anseios, bem como a capacidade de
e que, além de incluir qualidade e satisfação discernimento do perfil do cliente e o senso
de necessidades, ultrapassa as expectativas de oportunidade na hora da verdade. Essas
da compra, sendo estes atributos percebidos são habilidades que podem ser inatas, mas
pelo cliente. Analisemos esta afirmação para nada impede que sejam também adquiridas
um melhor entendimento do assunto. ou aprimoradas para o eficaz atendimento.
Quanto à qualidade do serviço pode-se Conhecer a fronteira da expectativa a
afirmar que envolve questões técnicas e fun- cada cliente que entra na empresa não é tare-
cionais (GRÖNROOS, 2003). A qualidade téc- fa fácil. A palavra ‘expectativa’ pode ser en-
nica remete a o que é oferecido e a qualidade tendida através de uma analogia com uma
funcional a como se oferece o serviço. Assim, linha tênue que, quando cruzada, estabelece
é indispensável que haja treinamento e um vínculo entre a empresa e o cliente que
capacitação sobre qualidades técnicas e fun- poderá durar por muito tempo. Ultrapassar
cionais a fim de preparar o funcionário para a a fronteira da expectativa é adentrar no pro-
hora da verdade, o momento em que a em- cesso de consolidação de um relacionamento
presa estará interagindo com o cliente e que duradouro com o cliente (BERRY, 1996), o so-
deixará sobre este a impressão do atendimen- nho de qualquer organização, e também de
to. Este momento é o termômetro que mede qualquer cliente. A freqüência com que uma
a capacidade da empresa de mostrar o seu organização consegue cruzar a fronteira da
valor e sua habilidade em servir. expectativa na prestação de serviços determi-
Na questão paixão na prestação de ser- nará o grau de fidelização de seus clientes.
viço alguns elementos estão envolvidos. Para
3.3 ESTRATÉGIAS DE SERVIÇOS DA
que um funcionário aja de maneira apaixona-
WALT DISNEY COMPANY
da pressupõe-se que, em primeiro lugar, gos-
te do que faz, saiba faze-lo e busque supe- As estratégias de serviço podem variar
rar-se a cada vez que o faz. Esses fatores são de empresa para empresa. O que importa é
intrínsecos ao indivíduo e devem ser que, em geral, sejam pensadas com foco no
escaneados ainda no processo de seleção do cliente, preparando os colaboradores para a
pessoal que vai atuar na linha de frente do hora da verdade, para um atendimento de
negócio. rapidez e eficiência bem como para a quali-
Outro elemento da paixão na prestação dade dos serviços prestados e para a reposi-
de serviços diz respeito ao ambiente de tra- ção de serviços. Apresentamos, a seguir, o
balho. A maneira pela qual a empresa dará modelo de estratégia de serviços da Walt
condições para o atendimento apaixonado do Disney Company.
funcionário envolve a forma de tratamento A Walt Disney Company possui em torno
para com o mesmo, o respeito a sua indivi- de 42.000 funcionários distribuídos pelos qua-
dualidade, a satisfação de suas necessidades tro cantos do mundo em seus parques
e a disponibilidade de condições ideais em temáticos, hotéis e restaurantes, navios de cru-
12 R. Adm. Mater Dei, Pato Branco-PR, v. 2, n. 2, p. 9 - 16, jan./dez. 2005
FACULDADE MATER DEI BAGGIO, A. J. & BAGGIO, S.
zeiro, centros de compras, estúdios de cinema cruzeiros não pertencem à Disney. O que real-
e redes de TV (como a ABC News e a ESPN). mente faz a diferença é a qualidade funcional
A competência desse contingente de da empresa, ou seja, o comportamento adota-
pessoas unida à estrutura da empresa traz do ao se prestar o serviço.
como conseqüência grandes resultados. A Para conseguir sucesso através da quali-
Disney apresenta índice de retorno de clien- dade funcional os padrões de excelência são
tes de fazer inveja a qualquer empresa: em incutidos em seus colaboradores através de
torno de 60%, ou seja, a cada 3 clientes que incansáveis treinamentos e reciclagens que
visitam os parques, 2 estão repetindo a visi- acabam por formar uma cultura favorável para
ta, segundo pesquisas realizadas pela empre- o serviço. Quando chegam à empresa, todos
sa nas bilheterias dos parques (WALT DISNEY os funcionários passam por um curso de mo-
COMPANY. Traditions, 2001[?]). Por exemplo, tivação de três dias, intitulado Traditions: a
em um 04 de Julho, dia da independência journey into our past, present and future4 ,
americana, as bilheterias dos quatro parques onde aprendem sobre a história e a cultura e
de Orlando chegam a atingir a marca de herança da empresa (BERRY, 1996).
400.000 visitantes, ou seja, mais de 240.000 O curso apresenta o passado da compa-
estão retornando à empresa. Ao questionar nhia, ressaltando a história e os caminhos que
os visitantes sobre pelo o que a Disney é real- levaram Walter Ellias Disney a sonhar e
mente lembrada, as respostas indicaram: “pe- viabilizar seus sonhos de construir uma em-
los seus amistosos e sorridentes membros do presa de sucesso. A primeira frase que cons-
elenco” (WALT DISNEY COMPANY, Food, ta no material do curso demonstra qual foi o
2001[?], p. 1). caminho percorrido por Disney: “você pode
Como alcançar estes índices consideran- sonhar, criar, desenhar, e construir o lugar mais
do-se 42.000 funcionários? Como conseguir maravilhoso do mundo... mas são necessári-
altos padrões de qualidade, de cordialidade as pessoas para fazer do sonho uma realida-
e até de sorriso levando em conta o de” (WALT DISNEY COMPANY. Traditions,
gigantismo descomunal desta empresa? Como 2001[?], p. 2).
atingir níveis tão elevados de satisfação dos Ao falar sobre o presente, o curso apre-
clientes? senta o objetivo comum a ser alcançado por
Certamente, isso não é fruto do pó má- todos os funcionários que é “criar alegria ao
gico da Sininho! A resposta para estas inda- providenciar o melhor em entretenimento para
gações está no fato de que a Disney desco- pessoas de todas as idades em todo lugar”
briu como despertar em seus funcionários a (WALT DISNEY COMPANY. Traditions, 2001[?],
paixão pela cultura voltada para o cliente e p. 6). Assim, os funcionários parecem ter a
ensinou-os como interagir com seus convida- difícil tarefa de levar as pessoas à alegria, ao
dos para gerar-lhes alegria e satisfação. divertimento.
Tal abordagem voltada para o cliente exi- O curso também aponta para os valores
giu da empresa grandes investimentos na ado- adotados pela empresa. Respeito, ética e in-
ção e manutenção de padrões de excelência. De tegridade, trabalho de equipe, padrões de
um lado, a qualidade técnica é abordada em qualidade, iguais oportunidades de trabalho,
todos os seus produtos e serviços. Mas este abertura para o diálogo com relação a pro-
não é o grande diferencial, pois um produto, blemas do trabalho e oportunidade de cres-
ou mesmo os procedimentos de um serviço, cimento são ações praticadas no ambiente da
pode ser copiado de modo relativamente fácil. companhia. Isso pode ser percebido através
Afinal de contas, sabe-se que as melhores mon-
tanhas-russas, os melhores hotéis, restaurantes, 4
Do inglês:Tradições – uma jornada pelo nosso passado, presente e futuro.
5. REFERÊNCIAS
17
MARKETING: TURISMO E HOSPITALIDADE
capazes de fazer progredir o seu negócio em hotelaria, permitindo que os gestores deste
face de uma concorrência cada vez mais acir- ramo do turismo possam aproveitar ao máxi-
rada. Terceiro, o marketing auxilia o hoteleiro mo as potencialidades oferecidas com o cres-
a melhor captar as transformações que ocor- cimento do setor ao passo em que
rem no seio da sociedade, podendo desta
forma, adequar o hotel a tais mudanças. Quar-
to, o marketing auxilia o hoteleiro a melhor 3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DO
compreender as particularidades dos produ- TURISMO
tos oferecidos pelo hotel. Existem ainda mui-
tas outras razões para esse assunto ser explo- Percorrer as inúmeras definições técni-
rado, mas foram enumeradas para justificar cas de turismo já formuladas, de propostas
a idéia principal deste artigo. individuais como a formulação pioneira do
O objetivo geral dessa pesquisa é de- economista austríaco Hermann Von Schullard,
monstrar a importância do marketing para a em 1910, até soluções consensuais como a
hotelaria e como ele, o marketing, pode auxi- da Conferência das Nações Unidas sobre Via-
liar toda o setor hoteleiro na obtenção de gens Internacionais e Turismo, realizada em
resultados.Um dos objetivos específicos des- Roma em 1963, é fazer um verdadeiro tour
se trabalho centra na idéia de verificar a im- de force conceitual, uma extenuante viagem
portância de um plano estratégico de acadêmica com destino ao lugar turístico no
marketing para a hotelaria. Segundo Morga- contexto das atividades e ciências humanas.
do (2005): “O processo de elaboração de um Sem pretender tal precisão cientifica,
plano de marketing é importante para a em- este trabalho prefere tomar o ponto de parti-
presa. Para que todos os integrantes venham da a palavra turismo “em estado dicionário”,
a compreender e participar do processo de conforme expressão do professor e
maneira cooperativa, criativa e analítica, a es- semanticista Hayakama, que revela as seguin-
tratégia é o ponto convergente de qualquer tes acepções:“[1]Viagem ou excursão feita por
plano, pois, é a chave para responder às in- prazer, a locais que despertam interesse”. [2]
dagações referentes aos rumos de uma em- O conjunto dos serviços necessário para atra-
presa ou negócio.” ir aqueles que fazem turismo e dispensar-lhe
Enfim, este trabalho de pesquisa se des- atendimento por meio de provisão de itine-
tina a analisar a importância do marketing den- rário, guias, acomodações, transporte, etc...”
tro da empresa hoteleira em face da realidade O turismo é um dos maiores movimen-
em que o mundo se encontra na atualidade. tos da história da humanidade e se caracteriza
por sua taxa de crescimento constante. Ele res-
ponde a uma série de necessidades humanas:
2. MATERIAIS E MÉTODOS de espaço, movimento, bem-estar, expansão e
repouso, longe das tarefas impostas pelo tra-
Esse estudo se caracteriza como uma balho cotidiano ou de rotina. Na atualidade o
pesquisa bibliográfica buscando turismo não é privilégio de algumas classes.
embasamento nas diversas publicações a res- Trata-se de um movimento “sem classes”, que
peito do assunto para a discussão do tema graças à política dos pacotes turísticos, “que
proposto (MARCONI, 1999). proporciona a possibilidade de viajar a quase
Assim, tem-se ao final do trabalho um todas as pessoas dos países industrializados,
artigo de revisão bibliográfica que apresenta tornando-se, cada vez mais, uma reivindica-
informações e conceitos atuais necessários ção e um direito do homem civilizado.”
para alavancar os negócios no setor da (Marketing Turístico, 2003, internet).
dois poderosos atores globais da economia constata-se que, em virtude da grande explo-
internacional.” são do turismo registrada nas últimas déca-
Com todas estas mudanças os meios de das, a hotelaria vive, o momento de mercado
hospedagem de uma forma geral também ti- comprador. Em outras palavras, a oferta já
veram que procurar formas de entrar no pro- supera a demanda, e nesta situação, somen-
cesso de globalização para continuar agradan- te o hotel que for construído ou gerido levan-
do e satisfazendo seus clientes. Para o profis- do em consideração os desejos e necessida-
sional amante dos meios de hospedagem, des da clientela é que terá condições de ser
estar sempre em busca da perfeição é essen- bem sucedido e, neste caso, o marketing se
cial, quanto mais se estuda, se especializa, constitui um instrumento de vital importân-
mais tem que buscar. Sabe-se que um hotel é cia para o hoteleiro. Através do marketing o
um somatório de detalhes que se unem diari- hoteleiro poderá manter o seu hotel sempre
amente para agradar seus clientes na busca atualizado, isto é, voltado para os objetivos e
da excelência. Neste contexto de mundo necessidades de uma clientela que está em
globalizado e meios de hospedagem, entra e constante mutação.
importância das estratégias de marketing tão
3.3.1. HOSPITALIDADE: UMA
essenciais quanto o fator humano para o bom
VISÃO DO FUTURO
andamento do setor.
O futuro é uma realidade presente dos Como bem observa Cobra (2001), “os
empresários de sucesso. A medida em que desafios competitivos no setor de serviços de
houver uma mentalidade aberta para as mu- turismo, viagens e hospitalidade são tão gran-
danças, ali residirá, em grande parte, o su- des que as empresas não podem se acomo-
cesso dos negócios.Tais empresários são sufi- dar, imaginando que a demanda para os ser-
cientemente sensíveis e perspicazes para cap- viços se manterá em patamares que viabilizem
tar os desejos e necessidades expressas ou o seu negócio.”. Ao contrário do que se pen-
latentes dos mercados com os quais traba- sa, da noite para o dia poderá ocorrer a per-
lham e, por isso, têm condições de projetar da da demanda para os serviços de turismo,
ou direcionar suas decisões, mantendo a posto que, os turistas, cansados da
modernidade das suas empresas. “mesmice” dos serviços atuais de turismo es-
tão ávidos por novidades.
Face ao quadro de mudanças registrado
nestas últimas décadas em praticamente to- A fim de buscar novos clientes e reter os
dos os níveis da atividade humana, verificou- rituais, faz-se necessária uma luta incessante
se, como não poderia ser diferente, que a tendo por base uma tecnologia diferenciada,
situação da hotelaria também tem se modifi- tantos em custos competitivos, quanto em
cado consideravelmente. Ou seja, a hotelaria, novos e atraentes serviços. Nota-se que o raci-
na grande maioria dos pólos turísticos, pas- ocínio estratégico deve ser permanente para a
sou da situação de um mercado vendedor para procura de soluções duradouras que proporci-
a de mercado comprador. Isto significa, se- onem vantagens competitivas.
gundo Castelli (1994) “que até bem pouco Percebe-se então, que os meios de hospe-
tempo atrás era possível construir um hotel dagem de uma forma geral, busca a satisfação
sem se preocupar com o segmento de merca- da clientela. Satisfazer o cliente é ajudá-lo resol-
do a quem era dirigido. Havia uma demanda ver seus problemas, a saciar seus desejos e ne-
maior que a oferta. Vivia-se o momento do cessidades. O consumidor quer usufruir satis-
mercado vendedor.”. Embora esta situação fação do produto adquirido. Quando um clien-
ainda possa ser encontrada em alguns pólos te procura um meio de hospedagem ele imagi-
turísticos que estão ingressando no mercado, na algo que irá suprir tudo que ele sonhou.
25
MARKETING DE RELACIONAMENTO:
O DIFERENCIAL PARA CRIAR SUA MARCA
marketing como nos lembra McKENNA (1992, integrar as atividades de marketing, satisfa-
zendo assim, as necessidades e desejos dos
p. 7): “a tarefa do marketing era usar a publi-
mercados alvos (KOTLER, 1997, p. 37).
cidade para divulgar a mensagem ao cliente
O que os autores recentes mais ressal-
em uma comunicação unilateral” Talvez o con-
tam é a criação da satisfação, da necessidade
ceito de publicidade, propaganda e venda que
e procura do cliente pelo seu produto ou ser-
o público em geral costuma definir para
viço. O consumidor muitas vezes não sabe
marketing, seja devido ao que apenas as pes-
do quê gosta, por exemplo, de cores mais
soas podem ver antes da compra ou troca, o
fortes nos ponteiros do relógio de pulso para
que as atrai. Mas então afinal o que está nos
não forçar a visão, ou também de alguns bo-
bastidores? Qual o conceito de marketing?
tões a mais no controle remoto de sua televi-
A idéia de marketing evoluiu, e muito, são para acessar a internet e sua conta bancá-
desde seu início. A definição em 1960 pela ria enquanto espera o intervalo do jogo. Bas-
AMA (American Marketing Association3 ) co- ta apenas alguém criar e disponibilizar novas
loca marketing como sendo “o desempenho tecnologias e facilidades no produto para cha-
das atividades de negócios que dirigem o flu- mar a atenção do público atraindo-o para a
xo de bens e serviços do produtor ao consu- compra.
midor ou utilizador” (COBRA, 1997, p. 23),
O marketing até aqui tratado foi descri-
que dá a idéia de que marketing é o conjunto
to como um elemento, mas como lembra
de estágios pelo qual o produto passa até
COBRA (1997), sua composição traz muitos
chegar ao consumidor, mas que não explica
fatores que abrangem áreas diversas como:
sua real natureza.
horário de atendimento, preço, qualidade,
O conceito foi evoluindo com o passar quantidade, estudo de mercado, comunica-
do tempo e uma definição de Robert Haas ção mercadológica, administração de venda,
datada de 1978 que trás uma visão mais am- processos de atendimento, propaganda, pon-
pla. Nesta definição, marketing “é o processo to de venda, bom relacionamento com o cli-
de descoberta e interpretação das necessida- ente e fornecedor e muitas outras áreas que
des e desejos do consumidor para as devem estar integradas de forma coesa para
especificações de produto e serviço, criar a que se obtenha o melhor produto final. To-
demanda para esses produtos e serviços e das os aplicativos contidos na atividade são
continuar a expandir essa demanda” (COBRA, chamados de “composto de marketing” ou
1997, p. 27). Na mesma linha de pensamen- “Marketing Mix Ampliado”.
to Philip Kotler em 1997 também trata da
COBRA (1997) descreve o composto en-
satisfação da necessidade do cliente quando
volvendo três sistemas integrados dos elemen-
diz que marketing “é o processo de planeja-
tos do marketing, são eles: os 4 Ps, os 4 As e
mento e execução desde a concepção, preço
os 4 Cs. Em uma sucinta análise em cada um
e promoção e distribuição de idéias bens e
temos:
serviços para criar trocas que satisfaçam os
objetivos de pessoas e de organizações” Os 4 Ps de McCarthy (apud COBRA 1997)
(KOTLER, 1997, p. 37) conduzindo assim o são:
conceito para um parâmetro mais objetivo • Produto: um produto é dito certo ao con-
quanto à sua natureza. Ele , KOTLER, tam- sumidor quando atrai o consumidor por ter
qualidade e padronização, modelos e tama-
bém aborda que nhos desejados e ainda apresentação física
o conceito de marketing assume que a chave atrativa.
para atingir as metas organizacionais consis- • Ponto: a escolha do ponto para o produto
te em ser mais eficaz que os concorrentes para ou serviço relaciona-se com o canal de distri-
buição como atacado, varejo e distribuidor e
3
Do inglês: Associação Americana de Mercadologia
funções administrativas de organizar e contro- vo quando diz que “as relações são a chave,
lar, executar, além de planejar; o autor ainda a base da escolha do cliente e da adaptação
complementa na seqüência que as funções da empresa”. Segundo ele, é o consumidor
administrativas de forma sucinta são: “Esta- quem avalia os produtos e serviços de uma
belecer os objetivos da organização; escolher empresa de acordo com o potencial do pro-
e estudar o mercado selecionado e verificar as duto ou serviço de outras empresas. A con-
condições de atendê-lo; desenvolver o com- corrência faz o giro da necessidade.
posto mercadológico (produto, preço, distri- O relacionamento entre os colaborado-
buição e promoção); implementar o plano; con- res da organização caminha intimamente com
trolar o plano para verificar se está alcançando o desempenho da função dos mesmos. A
seus objetivos.” (LAS CASAS 1997, p. 35) motivação sempre deve ser trabalhada, os
Um das áreas do marketing empresarial conflitos devem ser neutralizados e transfor-
que o administrador deve levar muito em con- mados em novas idéias e mudanças, a comu-
ta é o relacionamento tanto na empresa quan- nicação entre todos tem de ser no mesmo
to com as organizações que o cercam, pois “as nível. O colaborador precisa sentir-se valori-
relações são a chave” (McKENNA, 1992, p. 5). zado.
O marketing de relacionamento, até mais
3.2. O MARKETING DE
que as outras áreas de marketing, deve ser
RELACIONAMENTO
exercido por todos na empresa. Além dos fun-
Depois de implantar a alta tecnologia nas cionários é importante que todos que
organizações, o fator do capital humano co- interagem com a empresa, como fornecedo-
meçou a ganhar destaque no olhar adminis- res, prestadoras de serviços e revendedores,
trativo. BARROS (2004, p. 12) relata que “As também estejam bem relacionados tanto com
organizações atuais associam o sucesso como a empresa como com outros mercados. Eles
resultado de tecnologia, informação e um for- podem ser chamados de capital humano de
te componente humano”. terceiros.
O diferencial no produto ou no serviço McKENNA (1992) enfatiza que o
não pode ser apenas a marca propriamente posicionamento do produto no mercado com-
dita ou o nome da empresa, mas sim aquilo petitivo deve ser feito preferivelmente com
que só essa empresa oferece para o consumi- análises na qualidade e tecnologia e logo, tam-
dor. A marca é a referência que o consumidor bém é necessário avaliar os participantes da
tem sobre o produto ou serviço. Dentre os infraestrutura do setor: distribuidores,
atrativos para o cliente podemos destacar a revendedores, fornecedores, etc. O marketing
equipe de vendas, atendimento ao telefone não assume mais o papel de ludibriar o con-
com qualidade na informação, entrega em sumidor ao final da produção. Portanto, a
domicílio como serviço gratuito, etc. qualidade de todos os envolvidos também
Um ponto que as organizações têm de- faz parte dos fatores analisados. Todas as or-
senvolvido muito para não serem apenas mais ganizações envolvidas no processo devem
uma no mercado é o relacionamento dos co- defender, repassar, transmitir o produto ou
laboradores internamente e externamente. O serviço da mesma maneira, ou melhor, do que
bom relacionamento entre os funcionários in- a publicidade.
flui positivamente no desempenho de suas Esse posicionamento dinâmico conecta
tarefas. Criar uma relação bem sucedida com toda a empresa com o mercado além de in-
o cliente é sinônimo de ser uma ‘dor de cabe- fluenciar na motivação do funcionário, que
ça’ para o concorrente. McKENNA (1992, p. por estar trabalhando para uma empresa bem
5) coloca o relacionamento como fator decisi- posicionada, com a imagem reconhecida, pas-
R. Adm. Mater Dei, Pato Branco-PR, v. 2, n. 2, jan./dez. 2005 29
MARKETING DE RELACIONAMENTO:
O DIFERENCIAL PARA CRIAR SUA MARCA
33
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: O CASO DA INOVAÇÃO EM UMA BALANÇA DE PRECISÃO DESENVOLVIDA E PATENTEADA
POR ACADÊMICOS DO CURSO DE ELETRÔNICA DA UTFPR - CAMPUS SUDOESTE ATRAVÉS DO APOIO DA INCUBADORA
GÊNESIS.
um meio importante para aprimoramento, não venções têm proporcionado avanços signifi-
somente de profissionais ligados à iniciativa cativos nas mais diferentes áreas de conheci-
privada como, também, aos que atuam em mento e aplicação. Para Reis (2005, p. 02) “o
setores públicos e instituições de ensino e bem estar dos indivíduos, organizações e pa-
pesquisa, proporcionando interação e troca íses assenta crescentemente na criação, difu-
de experiências. são e utilização de conhecimento”. Pode-se
perceber que as instituições de ensino, orga-
nizações e sociedade como um todo, buscam
2. MATERIAIS E MÉTODOS constantemente criar e aperfeiçoar os proces-
sos e produtos.
O objetivo deste estudo é avaliar o pro- No contexto social moderno, surgem téc-
cesso de criação, patenteamento e nicas e conceitos que visam a análise e inter-
comercialização de uma inovação em uma pretação dos métodos de criação e inovação,
balança de precisão, desenvolvida por acadê- e aplicação do conhecimento, porém, fica di-
micos do Curso Superior em Tecnologia de fícil e ainda confuso estabelecer conceitos e
Automação de Processos Industriais da Uni- definições unânimes para esta área. Segundo
versidade Federal Tecnológica do Paraná, no Terra (2001, p. 19),
Campus Sudoeste, Unidade de Pato Branco, “é relativamente difícil se estabelecer os limi-
com incentivo e apoio da Incubadora Gênesis tes para a forma como os termos conheci-
de Pato Branco-PR. mento, competência, aprendizado e habili-
dade, criatividade, capital intelectual, capital
Os pesquisadores realizaram um estu- humano, tecnologia, capacidade inovadora,
do de caso, onde visitaram a empresa, anali- ativos intangíveis e inteligência empresarial,
saram a inovação aplicada ao produto, como entre outros são empregados no dia-a-dia das
ocorreu o surgimento da idéia e o seu desen- empresas e na literatura gerencial”.
volvimento e o processo de patente junto ao Muitos estudiosos e autores buscam
INPI (Instituto Nacional de Propriedade Indus- maneiras de compreender e explicar como
trial), bem como a forma de aplicação e ocorrem os processos relacionados ao apren-
comercialização do produto. dizado, à criatividade e à aquisição de conhe-
cimento, podem ser destacados alguns deles
citados por Terra (2001, p. 62):
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Carl Jung - as mentes criativas brincam com
objetos que amam;
A. Shapero - pesquisas mostram que o mo-
3.1. CONHECIMENTO, TECNOLOGIAS mento ‘criativo’ consciente acontece somen-
E SUAS APLICAÇÕES. te após uma preparação intensiva e um perí-
odo de incubação subconsciente;
Com o avanço das evoluções e invenções
G. F. Kneller - para que a criação ocorra, a
desenvolvidas pelo ser humano para o atendi- pessoa criativa há antes de ser frustrada e
mento de suas necessidades surgem também perturbada por um problema ou uma situa-
novos métodos para análise e avaliação dos ção que ela não pode manobrar. O cientista,
processos de desenvolvimento, bem como da por exemplo, tem de ser mentalmente dila-
cerado por fatos que ele não consegue ex-
aplicação destes para incremento produtivo e primir pelas convenções artísticas a que está
benefício da qualidade de vida das pessoas. acostumado. A pessoa criativa regride pois a
uma região menos consciente, menos dife-
Os cursos técnicos, de engenharia, de renciada de sua mente, na qual possa gerar-
tecnologia e os demais que buscam constan- se a solução de seu problema;
temente analisar processos e produtos com o M. Polanyi - Sabemos mais do que nos damos
intuito de aperfeiçoamento, inovações e in- conta.
O produto recebeu a denominação de: dados obtidos; redução dos custos de mão
Smart Scale – funcionando como um coletor de obra; simplicidade na coleta de dados; fá-
de dados inovador (patente registrada no INPI cil manuseio de equipamento; antecipação de
sob nº MUB403194-8) com o objetivo de rea- diagnósticos; ausência de stress e hematomas
lizar pesagem de aves sem intervenção hu- nas aves; precisão na pesagem.
mana, com o diferencial de que basta a ave Após os dados serem coletados e trata-
passar sobre o prato de pesagem que a infor- dos, é possível ao usuário do produto obter:
mação de peso é automaticamente captura- uma listagem de cada peso coletado; número
da. Os dados armazenados podem ser de pesos coletados; peso máximo encontra-
visualizados no próprio produto e também do, peso mínimo encontrado, peso médio
podem ser enviados para tratamento em um calculado.
terminal de computador. Figura 5: Ilustração do Pesagem P01 Figura 6: Demonstração de Uso da P01
Figura 3: Foto da Balança SmartScale F01 Figura 4: Ilustração de pesagem F01
ABSTRACT
39
GESTÃO DO CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM FOMENTANDO AÇÕES EMPREENDEDORAS NAS ORGANIZAÇÕES
aspirações coletivas são libertadas e as pes- ções. Porém, estes autores ressaltam que a
soas estão continuamente aprendendo a aprendizagem organizacional não ocorre line-
aprenderem juntas”. Para Levitt e March armente como apresentado nos estágios, e
(1988) as organizações são vistas como deve-se ter isso em mente para que as mu-
“learning” quando incorporam inferências, danças possam ser percebidas em um ambi-
que fazem parte da história, às rotinas que ente de aprendizagem menos definido.
guiam comportamentos. Para Garvin (1993) os caminhos pelos
Também o trabalho desenvolvido por quais a aprendizagem pode ocorrer são: 1)
Zarifian e Veltz (apud FLEURY & FLEURY, 1995) resolução sistemática de problemas; 2) expe-
sob a denominação de Organização rimentação com novas abordagens; 3) apren-
Qualificante possui diversos pontos em comum dizagem com experiências próprias e história
com a proposta de Organizações de Aprendi- passada; 4) aprendizagem com experiências
zagem. O ponto de partida é o questionamento e melhores práticas realizadas por outros; e
do surgimento de um único novo modelo de 5) repasse de conhecimento de modo rápido
organização; devido à diversidade de experi- e eficiente em toda organização. Cada uma
mentações que engajam as empresas e a vari- destas atividades é acompanhada de menta-
edade de trajetórias nos diversos segmentos e lidades distintas, de um conjunto de procedi-
países, os autores crêem que a indústria não mentos e de um padrão de comportamento.
reencontrará formas de organização tão ho- Para detecção do efetivo aprendizado
mogêneas quanto no passado, o que resultará organizacional, estes autores sugerem os es-
em grande diversificação. tágios cognitivo, comportamental e a
Para Senge (1990) o processo de inova- mensuração dos resultados.
ção e aprendizagem está fundamentado no Na concepção das organizações de
desenvolvimento de cinco “disciplinas”: domí- aprendizagem, as pessoas estarão dispostas
nio pessoal, modelos mentais, visões partilha- a cumprir com os seus compromissos peran-
das, aprendizagem em grupo e raciocínio te a organização, porém, não mais por temor
sistêmico. Esta visão foca inicialmente o indiví- ou desejo único de receber vantagens materi-
duo, seu processo de auto-conhecimento, de ais. Estarão dispostas a transformarem-se a
clarificação de seus objetivos e projetos pesso- si próprias e as suas organizações por meio
ais; em seguida, o foco desloca-se para o gru- de um compromisso pessoal baseado em uma
po e, finalmente, através da última disciplina, compreensão profunda do seu envolvimento
para a organização. O pensamento sistêmico na perseguição dos objetivos coletivos, resul-
constitui a disciplina que integra as demais num tantes da colaboração com outras pessoas e
conjunto coerente de teoria e prática, evitan- de aprendizado por meio da experiência. Nas
do assim, que cada uma seja vista de forma organizações de aprendizagem o controle do
isolada, como modismos que provoquem mu- processo é efetuado basicamente através do
danças parciais na organização. autocontrole. O que era controlado de ma-
Nevis et al (1995) assumem que o pro- neira formal, com a utilização de instrumen-
cesso de transformação em uma organização tos burocráticos, no novo contexto passa a
de aprendizagem possui três estágios basea- assumir uma configuração informal e implíci-
dos no conhecimento, identificados como: 1) ta (SENGE, 1990; FLEURY & FLEURY, 1995).
aquisição - desenvolvimento ou criação de ha- Conseqüentemente, nessas formas de
bilidades, insights e relacionamentos; 2) difu- organização, o poder assume um sentido di-
são - disseminação do que tem sido aprendi- ferente, pois passa a representar o domínio
do; 3) utilização - integração do conhecimento da informação. O aprendizado, em qualquer
disponível e generalização para novas situa- nível da organização, torna-se fonte da cria-
47
ESTRATÉGIAS PARA REDUZIR O IMPACTO DA CRISE CAMBIAL NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
Ao longo de 2004 e 2005 a política cam- uma política de câmbio favorável para que
bial brasileira provou ser muito instável, se haja resultados otimizados em relação ao ca-
tratando da variação da moeda americana: o pital investido. A transferência de diversas
dólar. Pelo fato dessa variação cambial ser indústrias americanas para a República Popu-
negativa, o principal impacto nas empresas é lar da China é uma evidência de que os arran-
a queda na produção devido a não conclusão jos produtivos se movimentam na mesma ve-
da venda que antes se destinava à exporta- locidade do mercado, e qualquer fator que
ção. Baseado nessa perspectiva surge o pro- venha alterar este panorama rapidamente re-
blema de identificar quais as possíveis estra- fletirá nas exportações e importações.
tégias que uma empresa pode adotar para A dependência do comércio exterior para
diminuir o impacto negativo da variação cam- os países na atualidade também é mais in-
bial nas vendas destinadas ao exterior. tensa, pois o modelo neoliberal de comércio
faz com que os países necessitem de expor-
tações para gerar empregos e melhorar o de-
2. MATERIAIS E MÉTODOS sempenho da balança comercial.
Com o passar dos anos, esses fatores
Esse estudo se caracteriza como uma foram se evidenciando fortalecendo a relação
pesquisa bibliográfica que abrange, de acor- entre os países em manter uma política de
do com Marina, como “toda bibliografia já comércio internacional.
tornada pública em relação ao tema de estu-
“Em 1980, por exemplo, o valor das exporta-
do, desde publicações avulsas, boletins, jor- ções de todos os países situou-se ligeiramente
nais, revistas, livros, pesquisas, monografias, abaixo de US$ 2,0 trilhões. Já em 1990, esta
teses, material, cartográfico, etc., até meios soma atingiu US$ 3,3 trilhões, representando
de comunicação orais: rádio, gravações em um crescimento de aproximadamente 75%
nesse período de dez anos” (SILVA, 1999, p.13).
fita magnética e audiovisual: filmes e televi-
são” (MARCONI, 1999, p. 73). À medida que o comércio internacional
cresce cria-se maior vínculo entre os países.
O resultado desse trabalho reúne infor- Deste modo, por exemplo, se um país A ado-
mações e conceitos que poderão servir de tar uma política cambial onde sua moeda se
auxílio para o desenvolvimento de estratégi- desvaloriza ante outra moeda de um país B,
as e revitalização da saúde financeira das isto motivará o país B a exportar seus produ-
empresas exportadoras, permitindo que esse tos ou serviços para o país A, aumentando a
modelo auxilie os gestores que atuam na área relação comercial entre os dois países.
internacional a identificar e aplicar algumas
técnicas para incrementar as exportações em O principal motivo que leva ao comér-
momentos desfavoráveis. cio internacional é a constatação de que ne-
nhum país é auto-suficiente o bastante para
produzir todos os bens e serviços de que sua
3. A IMPORTÂNCIA DA POLÍTICA população necessita. E às vezes, mesmo con-
CAMBIAL FAVORÁVEL FRENTE AO seguindo produzir o suficiente, não o conse-
COMÉRCIO INTERNACIONAL. gue realizar de forma eficiente e vantajosa
em relação aos outros países. Isto porque cada
país possui uma forma diferente de recurso
Na conjuntura atual, empresas natural, de clima, de nível de tecnologia, de
multinacionais e até mesmo as pequenas em- mão-de-obra e assim por diante. “Ainda que
presas, buscam produzir em cenários onde um país tentasse ser auto-suficiente, o custo
exista mão-de-obra barata, baixa interferên- de tal processo seria de tal ordem que não
cia estatal sobre os negócios e, sobretudo, compensaria os esforços” (SILVA, 1999, p.17).
48 R. Adm. Mater Dei, Pato Branco-PR, v. 2, n. 2, p. 47 - 54, jan./dez. 2005
FACULDADE MATER DEI L. A. T. SILVA; M. F. PEGORARO
Em relação à taxa de câmbio (Reais/ Dó- Gráfico 2 – Dólar de compra de jul/04 à jul/05
lar), em julho de 2004 era cotada a R$ 3,0360
por um dólar, entretanto em dezembro do R$ 3,1000
n
ov
ut
ar
t
l
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Se
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A
N
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Tabela 2 – Taxas de câmbio do real
P
Comercial
Fonte: Banco Central do Brasil - Adaptado
E Fim de período Média do período
R
ao setor exportador.
Dez 2,6536 - 2,79 2,6544 - 2,79 2,7174 - 2,44 2,7182 - 2,44 - 7,08 - 7,08
Ano 2,6536 - 8,13 2,6544 - 8,13 2,9249 - 4,75 2,9257 - - 4,75 -
2005
Jan
Fev
2,6240
2,5942
- 1,12
- 1,14
2,6248
2,5950
- 1,12
- 1,14
2,6922
2,5970
- 0,93
- 3,54
2,6930
2,5978
- 0,93
- 3,54
- 0,93
- 4,43
- 5,57
- 11,35 3.1. ESTRATÉGIAS
Mar 2,6654 2,74 2,6662 2,74 2,7039 4,12 2,7047 4,10 - 0,50 - 6,91
Abr
Mai
2,5305
2,4030
- 5,06
- 5,04
2,5313
2,4038
- 5,06
- 5,04
2,5784
2,4520
- 4,64
- 4,90
2,5792
2,4528
- 4,65
- 4,90
- 5,12
- 9,76
- 11,25
- 20,89
Adotar estratégias atualmente soa como
Jun
Jul
2,3496
2,3897
- 2,22
1,71
2,3504
2,3905
- 2,22
1,71
2,4127
2,3727
- 1,60
- 1,66
2,4135
2,3735
- 1,60
- 1,66
- 11,21
- 12,68
- 22,87
- 21,84
mais uma nomenclatura corriqueira no ambi-
ente dos negócios. Entretanto, a efetiva utili-
Fonte: Banco Central do Brasil zação da mesma tornou-se vital no mundo
globalizado onde o mercado muda rapidamen-
Esse cenário, marcado por valorizações te. Essa realidade é afirmada por Silva, onde
da moeda nacional, implica numa diminuição “os desafios de competição em nível global,
de competitividade dos produtos brasileiros, com empresas multinacionais e grandes joga-
acarretando numa redução das exportações dores locais com táticas e objetivos bem
ou diminuição da rentabilidade das operações formatados criam um cenário que requer des-
dessa natureza. tas empresas novas habilidades, estratégias e
vantagens competitivas para garantir a efici-
ência e lucratividade” (SILVA, 2004, p. 11).
A palavra estratégia, de origem grega,
começou a ser utilizada nas ações militares.
3. REFERÊNCIAS
autores que escreveram sobre o assunto. Tam- deles como chefe de equipes. Na área de RH,
bém, recorreu-se às opiniões expressas por ele está a pouco menos de três anos. Sua atu-
dirigentes e executivos de grandes empresas, ação como gestor de pessoas em cargos de
expressas em entrevistas a respeito do tema áreas diversas foi fundamental para a mudança
conflito, liderança e gestão de pessoas. de área. “Fui convidado para assumir o cargo
e aceitei o desafio porque dei atenção à ques-
tão ao longo de minha carreira” (DORNELLAS
3. GERENCIAR OU LIDERAR PESSOAS apud NEDER, 2005). O empresário teve pas-
sagens por diversas áreas não só no Brasil,
Cada vez mais inserida em um contexto mas também em países como o México. Como
de transformações, a gestão de pessoas vem diretor de fábricas, o executivo já chegou a
sofrendo mudanças, principalmente no rela- comandar milhares de funcionários.
cionamento entre organizações e pessoas e Quem também faz a diferenciação en-
no modo pelo qual as pessoas encaram sua tre gerenciar e liderar é Hunter (2004) que
relação com o trabalho. define o verbo gerenciar como atividade que
A gestão de pessoas praticada pelas trata de gerir papéis, recursos materiais, en-
empresas de sucesso foi sendo desvendada fim a parte burocrática e também os investi-
por meio de conceitos de competência, com- mentos pessoais. Na empresa, segundo o au-
plexidade e espaço ocupacional. tor, o verbo deve ser entendido como liderar
Os líderes são os principais responsá- que consiste em “habilidade de influenciar
veis pelo bom desempenho das equipes. A pessoas para trabalhar entusiasticamente vi-
gestão de pessoas não é mais atribuição ex- sando os objetivos identificados como sendo
clusiva do departamento de recursos huma- bem comum”. (HUNTER, 2004, p. 25).
nos. Gestor de pessoas é qualquer profissio- Diante dessas contribuições aqui
nal que tenha uma equipe sob sua responsa- registradas confirma-se o que foi citado no
bilidade. É nesse sentindo que o desafio de início deste discussão, isto é, houve uma evo-
selecionar, reter e renovar talentos dentro das lução pela qual passou o setor administrati-
organizações diz respeito à maior parte dos vo, em especial, o tratamento dado ao ser
executivos hoje. humano. Isso tudo está alicerçado
Os exemplos de sucesso que normalmen- subliminarmente na relação entre gestor e
te são divulgados reportam-se às grandes colaborador, passando obrigatoriamente por
empresas, entretanto é conveniente destacar uma comunicação franca e transparente.
que é possível ter situações equivalentes in- Robbins3 & Menezes (1999), relatam que
dependentemente do porte de investimento. empresas líderes passaram por bem sucedi-
Aqui se registra o caso da Nestlé do Brasil dos programas internos, investindo na
que, segundo João Dornellas, diretor de RH reestruturação e reorganização dos processos
da empresa em 2005, aponta que cada vez de comunicação.
mais as empresas precisam de lideranças. O Além da comunicação, ao abordar o tema
executivo difere liderança e gerência. “O líder os executivos destacam a importância de ba-
trabalha com a mudança, é puxado pelo fu- sear os relacionamentos dentro de uma equi-
turo e lida com as pessoas”, (DORNELLAS apud pe em bases emocionais, como é o caso de
NEDER, 2005). Já a gerência está mais ligada
ao controle de processos, máquinas e 3
Stephen Robbins dedicou-se a escrever sobre comportamento organizacional,
tecnologia. foi traduzido por Cristina Ávila de Menezes, LTC, 1999. Relatando que oito fatores
são decisivos para comunicar-se melhor com os subordinados, incluindo o com-
Administrador de empresas, o executi- prometimento com a comunicação de mão dupla, a combinação de ações e
vo da Nestlé tem 20 anos de carreira, muitos palavras, o diálogo aberto, entre outros.
Sérgio Leite, um dos diretores da Companhia para serem discutidos, elevando o interesse
Vale do Rio Doce - CVRD. Ele afirma que o dos envolvidos no processo.
gestor de pessoas deve ir além, e também le- Essa discussão leva ao entendimento de
var em conta o lado espiritual de seus colabo- que, para o líder de recursos humanos, o auto-
radores, pois “cada um tem suas limitações, conhecimento se coloca como um primeiro
que devem ser levadas em conta” (LEITE apud passo para liderar pessoas, seguido do
NEDER, 2005). A experiência de Leite à frente feedback de equipe e por fim a autocrítica.
de equipes inclui passagens pela China e pelo Para ter esse tipo de ação é necessário mover
Oriente Médio ressaltando a importância em pessoas, idéias, produtos e informações ao
lidar com a diversidade das pessoas. redor do mundo a fim de atender as necessi-
Outra dica dos executivos para profissi- dades de uma mesma região. Isso demanda
onais que assumem posições de chefia de um aumento da capacidade de aprender para
equipe é basear as relações na transparência. liderar diversidades, complexidades e ambi-
Nesse ponto, a comunicação franca é o mais güidades, pois, uma empresa não é uma car-
importante. Quase sempre, quando um pro- teira de produtos e sim um conjunto de for-
fissional está cheio de tarefas a cumprir e um ças, habilidades individuais, talentos que são
colega o interrompe já perguntando se está utilizadas para criar novos negócios.
incomodando, a resposta é negativa. É im- Para obter a sinergia, os profissionais da
portante haver liberdade suficiente para “pe- área de Gestão de Pessoas devem se tornar
dir para o colega vir em outro momento”, agentes de contínua transformação, desenhan-
exemplificou João Dornellas, da Nestlé do processos e uma cultura que aumente a
(DORNELLAS apud NEDER, 2005). capacidade da organização de mudar. O pas-
Dar e receber feedback, também é im- so inicial para a revolução é identificar falhas
portante para lidar com equipes. De acordo operacionais e implantar sistemas de infor-
com João Ramires4 , “um exercício interessante mação descentralizados e orientados a pro-
para quem está começando é perguntar a sua cessos, bem como redes de comunicação am-
equipe, seus colegas, como eles o vêem” (apud plas por Intranet e Internet, conectadas a fi-
NEDER, 2005). Desde os 23 anos, o executivo bras óticas e satélites que eliminarão a dis-
assume funções de chefia de equipes, sempre tância e, conseqüentemente, o tempo entre
na área de finanças, com passagens pela Coca- os contatos humanos.
Cola, AT&T e a consultoria Ernest & Young, re-
centemente tendo ocupado cargo executivo na 3.1. CONFLITOS – UM DESAFIO
Refrescos Guararapes. O executivo completa Outro ponto importante a ser conside-
afirmando que, “quase sempre, a imagem fei- rado na gestão de pessoas é a questão do
ta pelos outros é totalmente diferente da que conflito. Seja na dinâmica pessoal ou
temos sobre nós mesmos”. organizacional, este é um fator inevitável. Para
Para reforçar o discurso dos grandes exe- Chiavenato,
cutivos, surge a concepção de Moscovici “Conflito significa existência de idéias, senti-
(2003), que afirma que as equipes aparecem mentos, atitudes ou interesses antagônicos e
como ferramentas fundamentais podendo colidentes que podem chocar-se. Sempre que
se fala em acordo, aprovação, coorde-
auxiliar na auto-realização individual e coleti- nação, resolução, unidade, consentimento,
va sendo a comunicação verdadeira o instru- consistência, harmonia, deve-se lembrar que
mento de possibilidades de agregar pensa- essas palavras pressupõem a existência ou a
mentos diferentes os quais podem vir à tona iminência de seus opostos, como desacordo,
desaprovação, dissensão, desentendimento,
4
João Ramires é um dos principais executivos da fabricante de Coca-Cola para os incongruência, discordância, inconsistência,
mercados de Pernambuco e Paraíba, uma empresa com 2,2 mil funcionários. oposição – o que significa conflito.. o confli-
congruência de objetivos entre os homens, Fonte: adaptado de NADLER at all, 1983 & CHIAVENATO,
ou, pelo menos, devido a alguns mecanismos 2002.
ou regras de conduta que imponham ordem
e acomodação”. (CHIAVENATO, p. 471, 2002) Os conflitos destrutivos acontecem quan-
Follet (Apud HAMPTON, 1991, p. 290) do:
afirma que “nós não devemos ter medo do a) “As pessoas sentem-se insatisfeitas e
conflito, porém devemos reconhecer que existe desmotivadas;
um modo destrutivo e um modo construtivo b) O conflito torna-se mais significativo do
de proceder em tais momentos. Na diferença que a tarefa a ser desempenhada e desvia as
em se tratar o conflito pode estar o sinal do pessoas de lidarem com as questões que real-
mente são relevantes;
saudável, uma profecia de progresso”.
Martineli & Almeida (1998, p. 46) reforçam c) Leva as pessoas ou os grupos a se torna-
rem não cooperativos entre si.”(MARTINELI &
essa tese afirmando que “notam-se claramen- ALMEIDA, 1998, p. 50)
te as duas possibilidades de agir em relação
O manejo das situações conflitivas é es-
aos conflitos, que são uma constante no dia-
sencial para as pessoas e as organizações
a-dia dos indivíduos, não podendo ser evita-
como fonte geradora de mudanças, pois des-
dos de maneira absoluta.”
tas tensões, dos diferentes interesses das par-
Por mais que se desenvolvam esforços tes envolvidas é que nascem oportunidades
no sentido de eliminar o conflito, este não de crescimento mútuo.
pode ser contido. Observa-se, hoje, que inú-
Para Martineli & Almeida (1998, p. 68),
meros profissionais disseminam fórmulas e
existem oito passos que consideram essenci-
estratégias para trabalhar com os conflitos.
ais para a resolução de conflitos, quais se-
No entanto, o que se faz necessário é conhecê-
jam:
los, saber qual é sua amplitude e como se
preparar para trabalhar com eles, ao que se a. “criar uma atmosfera efetiva;
dá o nome de administração de conflitos. b. esclarecer as percepções;
Em alguns momentos, e em determina- c. focalizar-se em necessidades individuais e
dos níveis, o conflito pode ser considerado compartilhadas;
necessário se não se quiser entrar num pro- d. construir um poder positivo compartilhado;
cesso de estagnação. Assim, os conflitos não e. olhar para o futuro e em seguida apren-
são necessariamente negativos; a maneira der com o passado;
como lidamos com eles é que pode gerar al- f. gerar opções;
gumas reações. Para Nadler (at all, 1983, p. g. desenvolver “degraus”: as “pedras dos
216) “A administração de conflitos consiste passos”para a ação;
exatamente na escolha e implementação das h. estabelecer acordos de benefícios mútuos.”
estratégias mais adequadas para se lidar com Assim, pode-se entender que a resolu-
cada tipo de situação.” Assim, o gestor ção de conflitos envolve comportamentos
organizacional precisa aprender quais os re- como: ouvir ativamente, pois metas e inten-
sultados advindos dos conflitos, evitando os ções não compreendidas levam sempre a uma
potencialmente destrutivos e aproveitando os resolução sem sucesso, ainda demonstrar
construtivos, conforme o Quadro 1, abaixo: atenção à pessoa que fala e ao seu assunto,
não criticar, saber conduzir positivamente dos distintos de administrar conflitos: “aco-
mostrando respeito pela outra pessoa. modação, dominação, compromisso e solu-
Não se deve esquecer que o ser humano ção integrativa de problemas.”
tem capacidade e habilidade para ouvir e Consideram-se, desta forma, outros as-
melhor entender seus semelhantes. Com esta pectos relevantes para que a empresa que
postura, pode-se silenciar a voz interna e dei- opta pela vanguarda em gestão de pessoas
xar crescer a voz do outro, permitindo que disponha de um ambiente favorável a sua saú-
soe clara dentro de cada um. O desejo mais de organizacional. Dentre eles sobressai-se a
profundo do coração humano é o de ser com- flexibilidade uma das principais ferramentas
preendido, e perceber isto é possibilitar um de gestão capaz de fomentar resultados
processo eficaz de comunicação. satisfatórios à equipe num todo, aumentan-
Essas são dicas da arte da negociação do a produtividade por meio da auto-moti-
onde “negociação é o processo de comunica- vação, garantindo a sobrevivência do negócio
ção com o propósito de atingir um acordo e ainda propiciando satisfação plena aos co-
agradável sobre diferentes idéias e necessi- laboradores.
dades” (ACUFF apud SALGADO Jr., 2003, p.
5). Nota-se nessa definição, novamente, a
grande preocupação com a comunicação no 4. CONCLUSÕES
processo de negociação, embora esse autor
afirme que a negociação tem muito mais a A globalização integra o ser humano num
ver com a persuasão do que com a utilização verdadeiro “mundo plano”, onde a concor-
do poder simplesmente, ao contrário do que rência é acirrada. Para tal as empresas preci-
dizem alguns autores que dão importância sam engajar suas equipes a fim de melhor
excessiva, talvez até exagerada, aos vários ti- orientá-las para objetivos concretos que vi-
pos de poder num processo de negociação. sem projetar a empresa, satisfazer os clientes
Outros aspectos importantes que estão e, sobretudo, ter em sua equipe colaborado-
por trás dessa definição são os ligados a ques- res auto-motivados.
tões comportamentais. Assim, a negociação Diante de tal cenário observa-se que a
tem muito a ver com o outro lado sentindo- complexidade de gerir pessoas passa a fluir
se bem com o resultado da negociação, ou naturalmente quando existem à frente da
seja, existe um preocupação muito grande em empresa autênticos líderes, com característi-
satisfazer às necessidades do outro lado, dei- cas muito acentuadas de bons ouvintes, hie-
xando-o contente. Além disso, o autor afirma rarquia descentralizada, que dinamizam o
que “negociação é uma coleção de comporta- ambiente a fim de comprometer as pessoas e
mentos que envolve comunicação, vendas, oportunizar que demonstrem seus talentos,
marketing, psicologia, sociologia e resolução aptidões, atitudes seja em maior ou menor
de conflitos” (ACUFF apud SALGADO Jr., escala, mas participem diretamente do pro-
2003, p. 6). Por aqui se nota a grande ampli- cesso.
tude que é dada a esse conceito, mostrando O gerenciamento holístico rompe as bar-
claramente a dispersão de comportamentos reiras sistêmicas até então em prática, pro-
aí presentes e, portanto, a complexidade do move interação, troca de informações, busca
processo que, à primeira vista, parece ser ex- incessante pela satisfação e a motivação cons-
tremamente simples. tante.
Hampton (apud MARTINELI, & ALMEIDA, A modernização tecnológica,
1998, p. 54) afirma que existem quatro mo- privatização, redefinições de política econô-
61
ADMINISTRAÇÃO CONFLITOS: PROBLEMA PODE SER A SOLUÇÃO
atividade, que são causados por problemas capital humano como maior bem de uma or-
dentro da própria empresa entre os funcioná- ganização. Dentre muitas definições para esse
rios. Muitos desses casos são resolvidos por tema, Marques afirma:
caminhos temporariamente eficazes. Existem As relações interpessoais com seus
estudos que procuram as melhores formas de concomitantes e possíveis apoios afetivos
se resolver e prevenir as falhas relacionadas ao ocorrem nas organizações e, particularmen-
te, nas equipes de trabalho como decorrên-
comportamento dos colaboradores. cia natural da convivência e da tendência à
Dentre os diversos estudiosos desse as- conectividade que é própria do ser humano-
sunto, WOOD (1999), aborda que o compor- em-relação. (MARQUES 2004, p.118).
tamento organizacional trata-se de um “con- Essas relações quando bem trabalhadas
junto de teorias, métodos e tópicos relacio- e bem praticadas tendem a diminuir as fa-
nados de forma mais solta e extraídos de uma lhas e desigualdades de todo o grupo.
grande variedade de fontes de pensamento e As relações interpessoais necessitam de
pesquisa independentes nas áreas das ciênci- apoio e investimento. Esse apoio, como
as sociais e naturais, nas humanidades e nas ROBBINS (2002) explana, está na seleção cor-
artes” (WOOD, 1999, p.409). Em outra defi- reta e reconhecimento dos colaboradores, nos
nição ROBBINS (2002, P.6), descreve que o programas de envolvimento dos funcionári-
comportamento organizacional é o “Campo os, remunerações por habilidade entre outros.
de estudos que investiga o impacto que indi- Esses aspectos, ao invés de remediar proble-
víduos, grupos e a estrutura têm sobre o com- mas, previnem futuras complicações, mas se
portamento dentro das organizações, com o deixados de lado podem acarretar questões
propósito de utilizar esse conhecimento para destrutivas para a união do grupo, e, como
promover a melhoria da eficácia diz SIMONETTI citado por BARROS (2003,
organizacional”. p.82), “Isso provavelmente aconteceu por que
A área estudada pelo comportamento o entrevistador falhou ao verificar as compe-
organizacional divide-se em diversas partes. tências específicas, como relacionamento
Dentre essas partes ROBBINS (2002) destaca: a interpessoal e gestão de conflitos“. A preven-
comunicação interpessoal, motivação, processo ção é um investimento que custa caro, mas
de mudanças, planejamento do trabalho, possui menor grau de erro.
estresse no trabalho, e conflitos. E concentra-se
nesse último o foco do presente estudo. Embo-
3.2. O CONFLITO
ra seja centralizado nesse tema, as outras par- As pessoas pensam e agem de maneiras
tes também são analisadas conforme sua rela- diferentes e assim sempre haverá conflitos em
ção com o conflito e é nesse contexto que se qualquer época e lugar. Eles estão intrinseca-
encontra o marketing da pesquisa. mente ligados à vida de cada indivíduo e faz
Quando se trabalha com pessoas, o nível parte inevitável da natureza humana.
de tensão é muito grande, e as pressões e con- A palavra conflito, como lembra
flitos são freqüentes. MARQUES (2004, p.121) CHIAVENATO (2000), está ligada ao desacor-
afirma que a “A alta pressão exercida sobre o do, discórdia, divergência, dissonância, con-
tomador de decisões (Gerente, administrador, trovérsia ou antagonismo. Segundo esse au-
chefe) leva, algumas vezes, à imobilidade, sen- tor o conflito existe quando uma das partes
do que o esperado dos dias reacomode as vi- seja indivíduo ou grupo, que tenta alcançar
sões e os interesses em conflito”. seus próprios objetivos interligados com al-
Os esforços em estudar o relacionamen- guma outra parte, a qual interfere na sua bus-
to entre os colaboradores estão aumentando ca de objetivos. A interferência pode ocorrer
gradativamente já que estamos na época do por ações ou pela falta de ações que levem a
va ou que trabalha em busca de condições to. Por outro lado quando se discute demasi-
para bancar o estudo e futuramente seguir adamente motivação nas reuniões deixa-se de
sua carreira. lado outras variáveis que também são neces-
A empresa mantém um certo equilíbrio sárias para o bom desempenho. Apresentam-
quanto à sua rotatividade. Dos quatorze se, a seguir, as questões da segunda parte do
pesquisados, dez estão com seu tempo na em- questionário que têm ligação direta com o
presa de até três anos. Tendo em vista que o conflito.
cenário é uma cidade que, contava com quase Os colaboradores foram questionados se
25 mil habitantes em 2000 e hoje conta com durante as reuniões suas idéias e opiniões são
cerca de 22 mil, segundo dados divulgados pelo ouvidas e discutidas, e o gráfico a seguir re-
IBGE em 2005, percebe-se o declínio gradativo presenta as respostas obtidas:
de moradores, e portanto manter empregados
nesse período de tempo é bastante difícil, pois Gráfico 1: As idéias dos colaboradores são ouvidas e discutidas
o objetivo das pessoas é de trabalhar em cida-
des maiores com mais recursos.
Dos restantes, dois estão entre três a 15% 15%
cinco anos e dois estão a mais de cinco anos, 8%
recursos que podem ser compartilhados e criar tração observa-se também uma íntima liga-
conflitos como salários, valores orçamentári- ção dos problemas, a incompatibilidade de
os etc. Para a porcentagem de pessoas que idéias e a falta de comunicação andam jun-
não tem todos os recursos e conseguem reali- tas. O diálogo é um dos causadores de confli-
zar seus trabalhos sem dificuldade o conflito to mais comum, mas ironicamente é por ele
pode aparecer, mas em intensidade muito que se resolvem os problemas com mais faci-
menor sendo mais fácil sua resolução. lidade. A motivação tão trabalhada nas reu-
Questionou-se também quais as princi- niões poderia ser deixada para momentos de
pais causas do conflito na organização: confraternizações e palestras e dando lugar
Gráfico 3: Causas de conflitos Gráfico 4: Causas de Conflitos para se trabalhar novos modelos de comuni-
cação que atendam aos problemas aponta-
dos pelos pesquisados.
No conflito organizacional positivo são
investidos esforços nas condições que o ante-
cedem, no seu processo e em sua resolução
de forma que em todas as fases não se dei-
xem passar falhas que possam comprometer
o desempenho da organização ou que dei-
Fonte: Dados da Pesquisa, 2005. xem caminhos para série de novos conflitos.
Os colaboradores relataram que estilo é usa-
Dentre quatro possíveis problemas de do para se resolver o conflito da organização:
relacionamento entre funcionários apenas dois
foram apontados: disputas por vendas e fal- Gráfico 5: Resolução dos conflitos da empresa pesquisada
ta de comunicação. E entre funcionários e
Quando há algum tipo de problema entre os
administração temos sete opções e também funcionários:
apenas dois foram destacados: Falta de co- 7% 0%
municação e incompatibilidade de idéias. 29%
quantidade de venda. É comum esse proble- Nem os envolvidos nem a administração tomam atitude.
Os envolvidos são demitidos.
ma nos setores de venda, mas na segunda
opção onde temos a falta de comunicação tal- Fonte: Dados da Pesquisa, 2005.
vez é onde se encontra o real problema. A
boa comunicação é necessária para que haja Mesmo com toda a falta de comunica-
harmonia e acordos entre os colaboradores. ção existente na empresa, observa-se que
Essa função de comunicação não é trabalha- quando há conflitos de alguma natureza, al-
da em um setor apenas, mas em comum em gumas vezes os próprios envolvidos adminis-
toda a empresa, e nesse caso a administração tram o acontecido o que caracteriza divergên-
percebendo o problema, seja tanto no dia a cias de pequena intensidade.
dia ou no valor do salário de cada um após o O interessante é que maioria das vezes
mês, deve comprometer-se com o diálogo e o as duas partes são chamadas juntas para uma
consenso entre as partes. reunião, e guia-se pelo referencial teórico onde
No caso entre funcionários e adminis- CHIAVENATO (2004), coloca como confronta-
de de sair só, agressões domésticas de pe- do uma maior familiaridade com o proble-
quena monta, relações forçadas dentro do ma, tornando-o claro, além de apresentar
casamento. novas fontes de informações para o pesqui-
Percebe-se que fatos mais graves são sador.
duramente criticados pelas organizações fe- Citando os procedimentos, os dados
ministas. No Brasil, um marco na história do foram coletados em fontes de papel, tais
movimento foi a exigência do fim da impuni- como livros, revistas e periódicos. Além dis-
dade aos criminosos que agiam em nome da so, os dados foram também, coletados em
honra. A legítima defesa da honra é um argu- fontes de pessoas, através de pesquisa de
mento bastante utilizado por advogados que campo realizada junto a mulheres localizadas
não hesitam em denegrir a imagem das mu- em vários bairros diferentes do município de
lheres assassinadas, para garantir a absolvi- Pato Branco –PR.
ção de seus clientes. Visando atingir os objetivos propostos
No pólo oposto à situação enfrentada para a realização do trabalho, cumpriu-se a
pelos homens, que na maioria das vezes são necessidade de realização de uma pesquisa
agredidos por pessoas estranhas e no espaço bibliográfica, desenvolvida a partir de mate-
público, a violência contra a mulher ocorre riais já elaborados e publicados por outros
principalmente no espaço doméstico e é co- pesquisadores. De acordo com RUARO, “o
metida por parceiros, ou pessoas com quem conjunto de materiais escritos/gravados, me-
a vítima mantém relações afetivas. cânica ou eletronicamente, que contém infor-
Questões como: quem são os agressores, mações já elaboradas e publicadas por ou-
qual a razão das agressões, quantas mulhe- tros autores é uma pesquisa bibliográfia”
res sofrem com a violência doméstica não são (RUARO, 2004,p. 13).
contabilizadas oficialmente nos boletins de Além da pesquisa bibliográfica foi reali-
ocorrência das delegacias da mulher, o que zada uma pesquisa de campo junto a mulheres
demonstra que a impunidade é explícita. Um de diferentes bairros do referido município.
outro obstáculo que dificulta a mulher de pro- De acordo com LAKATOS E MARCONI,
curar ajuda oficial é o número reduzido de
A pesquisa de campo é aquela utilizada com
delegacias da mulher existente no nosso país. o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema, para
o qual se procura uma resposta, ou de uma
2. MATERIAL E MÉTODOS hipótese, que se queira comprovar, ou ain-
da, descobrir novos fenômenos ou as rela-
ções entre eles. (1996, p.75)
No que diz respeito à metodologia utili- Quanto aos métodos da pesquisa sele-
zada para a execução da presente pesquisa cionados para a realização desse estudo, fo-
destaca-se que sua natureza é original, por se ram necessários dois tipos: de abordagem e
tratar de um estudo realizado pela primeira de procedimento. Verificou-se que o método
vez, não tendo sido até então, abordado sob de abordagem mais condizente com os resul-
o aspecto que está sendo apresentado. Se- tados da pesquisa é o método dedutivo.
gundo ALMEIDA, “a memória científica origi- O método utilizado para a realização da
nal é aquele estudo original cujos resultados pesquisa foi o método monográfico que, se-
apresentam novas conquistas para o progresso gundo SILVA, “permite, mediante caso isola-
científico “ (ALMEIDA, 1996, p.103). do ou de pequenos grupos, entender deter-
Quanto aos objetivos, caracterizou-se minados fatos, partindo do princípio de que
como uma pesquisa exploratória possibilitan- qualquer caso que se estude em profundida-
efetivo por causa da existência da idéia de privado. NOP/FPA, 2001. Disponível em: <http://
que a mulher gosta de apanhar. É muito mais www.agende.org.br/docs/File/dados_pesquisas/feminis-
m o /
difícil para as pessoas perceberem o quanto
A%20Mulher%20Brasileira%20%20nos%20Espacos%20Publico%20e%20Privado-
a questão está enraizada na questão cultural Fundacao%20Perseu%20Abramo.pdf> Acessado em
e o quanto é difícil mexer com tais estrutu- 23.10.2003
ras. Então, esse vai e vem se torna um pro- RUARO, D. A. Manual de apresentação de produção
cesso até ir e não voltar. acadêmica. Pato Branco-PR, 2004.
No final do século passado, a luta pelos SILVA, A. C. R. de. Metodologia da pesquisa aplicada
direitos humanos das mulheres alcançou um à contabilidade: orientação de estudos, projetos, rela-
novo patamar. Após muitos anos lutando por tórios, monografias, dissertações, teses. São Paulo:
Atlas, 2003.
igualdade de direitos entre mulheres e ho-
mens, o feminismo incorporou definitivamen- 5.1. REFERÊNCIA CONSULTADA:
te a concepção dos direitos à diferença, ou
seja, o reconhecimento de direitos implica no
SILVA, J. C. da. Campanha contra a violência. Disponí-
reconhecer às diferenças como pré-condição vel em: <http://www.contraaviolencia.org>, acessado
para a igualdade. em 05.11.2003
A mulher que sofre algum tipo de vio-
lência doméstica precisa ir pessoalmente à
Delegacia de Polícia ou da Mulher para regis-
trar o fato. Teoricamente ela é orientada a
seguir para a abertura de um processo judici-
al ou é encaminhada aos serviços especiais
com ajuda nas áreas jurídica, social e psicoló-
gica.
Portanto, a violência contra a mulher se
refere a qualquer ato de violência que tem
por base o gênero e que resulta em dano ou
sofrimento de natureza física, sexual ou psi-
cológica, inclusive ameaças à coerção ou pri-
vação de liberdade, quer se reproduzam na
vida pública ou privada.
5. REFERÊNCIAS
ABSTRACT
77
O PAPEL DA EMPRESA JÚNIOR DENTRO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
como a forma como irão desempenhar suas Civis sem fins lucrativos definidas por esta-
funções perante a comunidade e, por isso, tuto próprio, regimento interno, formadas
busca proporcionar ambientes que auxiliem e gerenciadas por acadêmicos, sob a orienta-
na preparação dos acadêmicos para os desa- ção e supervisão de professores. São admi-
fios da vida profissional, ampliando e forta- nistradas por uma diretoria executiva com-
lecendo seu espírito crítico e ético, como pro- posta por estudantes os quais atuam no pla-
fissionais e cidadãos responsáveis. nejamento e organização da Empresa.
Tais atividades permitem que os acadê-
micos membros da diretoria desenvolvam
2. MATERIAIS E MÉTODOS habilidades de liderança, tomada de decisão
e discernimento para tratar de situações di-
Destaca-se nessa pesquisa o estudo da versas dentro da mesma. A diretoria executi-
Mater Júnior – Empresa Júnior da Faculdade va também exerce a função de colocar em
Mater Dei, onde alunos e professores, unidos prática atividades para atingir os objetivos da
por um mesmo ideal, conseguiram tornar re- Empresa bem como motivar o meio acadêmi-
alidade a vontade de proporcionar aos aca- co, incentivando os demais alunos da IES a
dêmicos do Curso de Bacharelado em Admi- fazerem parte da equipe.
nistração a oportunidade de viver a teoria Os demais acadêmicos que compõem a
adquirida em sala de aula, através da criação Empresa, ou seja, consultores juniores, têm
de uma empresa de prestação de serviços na como principal atribuição auxiliar a diretoria
área de administração. executiva na administração da Empresa e atu-
A Mater Júnior vem sendo lembrada por ar na execução direta dos projetos desenvolvi-
seu dinamismo e diversidade na oferta da dos. Essa atividade proporciona aos mesmos
prestação de serviços oferecidos à comunida- um aprendizado interdisciplinar e a aquisição
de, à Faculdade Mater Dei e pela contribui- de habilidades para trabalho em equipe, inici-
ção que traz para uma formação acadêmica ativa, comprometimento e um melhor apro-
integral. Para a comunidade, é vista como um veitamento nas disciplinas assistidas no curso.
importante instrumento de apoio ao desen- Os estudantes que compõem a Empre-
volvimento de micro e pequenas empresas, sa obtêm como maior ganho o aprendizado
uma vez que presta serviços de qualidade a onde exercem atividades profissionais ainda
preços reduzidos. enquanto alunos e tendo como grande dife-
Para estudar a temática escolheu-se uma rencial o acompanhamento direto dos pro-
metodologia de pesquisa com objetivo descri- fessores.
tivo. Quanto aos procedimentos é considerada
um estudo de caso, enquadrando-se, ainda, 3.2. ESTÁGIO
como uma pesquisa de campo. Elegeu-se a téc- O estágio dentro das Empresas Juniores
nica de documentação direta através da obser- deve ser adequado às exigências da Institui-
vação sistemática para a coleta de dados. ção de Ensino Superior onde estão inseridas.
No caso em estudo, a Mater Júnior, o estágio
pode ocorrer em duas situações.
3. PONTOS DE DISCUSSÃO
Em primeiro lugar, tem-se o estágio com-
plementar, ou seja, aquele que busca verda-
3.1. CARACTERÍSTICAS DE UMA deiramente o aprendizado e a experência atra-
EMPRESA JÚNIOR: vés da prestação de serviço na área de admi-
nistração além de auxiliar na aquisição das
As Empresas Juniores são Associações