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FAC - FITO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA
FUNDAÇÃO INSTITUTO TECNOLÓGICO DE OSASCO

GETULIO DE OLIVEIRA GERMANO

O SISTEMA FINANCEIRO NO BRASIL: UMA ABORDAGEM SOBRE O SISTEMA


DE PAGAMENTOS

Orientador: Prof. Ms. Alexandre Borbely

OSASCO
Dezembro de 2006
FAC - FITO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA FUNDAÇÃO INSTITUTO TECNOLÓGICO DE
OSASCO

GETULIO DE OLIVEIRA GERMANO

O SISTEMA FINANCEIRO NO BRASIL: UMA ABORDAGEM SOBRE O SISTEMA


DE PAGAMENTOS

Monografia apresentada à Faculdade de


Ciências da Fundação Instituto Tecnológico de
Osasco FAC – FITO do Curso de Ciências
Econômicas, como exigência parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Econômicas.

Orientador: Ms. Alexandre Borbely

OSASCO
Dezembro de 2006
DEDICATÓRIA

Aos meus pais Josias e Relma,


meus irmãos, Viviane, Valéria, Vanessa e Oséias,

Que jamais deixaram de me incentivar, cujo apoio foi imprescindível e


incomensurável.

Aos amigos de estudo Eliz, Ângela, Alexandrina, Gisele e Manoel

Ao Professor Alexandre Borbely,


Ao Professor Marcus Eduardo de Oliveira,
Ao Professor Fernando Santos
Ao Professor Dr. José Braga do Carmo,

Que sempre souberam que a única forma de conhecer é descobrir, e que fazer
descobrir é a única forma de ensinar...
AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho só foi possível, primeiramente a Deus, que muito


agradeço por ter me dado perseverança nos momentos mais difíceis pelo qual tenho
enfrentado, agradeço às pessoas que contribuíram direta ou indiretamente,
manifesto minha gratidão a todas elas e de forma particular;

a minha família pelo apoio dado, que muito contribuiu para que eu realizasse este
curso.

ao Professor Alexandre Borbely, meu orientador, que com sua paciência,


compreensão e entendimento, soube conduzir a bom termo esta monografia.

aos colegas do 4º ano do curso de Ciências Econômicas.


ii

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Estrutura do sistema financeiro........................................................ 12


Figura 4.1 – Estrutura financeira proposta pelas reformas de 1964 - 66............... 25
Figura 4.2 – Estrutura do sistema financeiro nacional no final da década de
1970.................................................................................................. 27
Figura 4.3 – Liquidação no antigo sistema de pagamentos brasileiro.................. 49
Figura 4.4 – Liquidação no novo sistema de pagamentos brasileiro.................... 51
Figura 4.5 – Cheque de valor inferior ao VLB-cheque.......................................... 53
Figura 4.6 – Cheque de valor igual ou superior ao VLB-cheque.......................... 54
Figura 4.7 – Ted.................................................................................................... 56
Figura 4.8 – Bloqueto de cobrança de valor inferior ao VLB-Cobrança e Doc..... 56
Figura 4.9 – Bloqueto de cobrança valor igual ou superior ao VLB-Cobrança..... 57
Figura 4.10 – Débito direto interbancário ............................................................... 59
Figura 4.11 – Cartão de débito............................................................................... 61
Figura 4.12 – Instrumentos de pagamentos e sistemas de liquidação e
compensação.................................................................................... 70
iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Número de instituições financeiras................................................... 15


Tabela 4.1 – Receitas inflacionárias das instituições bancárias (%)..................... 29
Tabela 4.2 – Número de Instituições bancárias 1960 - 1970................................. 38
Tabela 4.3 – Sistema bancário: evolução de sedes autorizadas e em
funcionamento – 1989 - 1997........................................................... 43
Tabela 4.4 – Fusões e aquisições bancárias com incentivos do PROER............ 44
Tabela 4.5 – Quantidade de instituições financeiras em funcionamento no
Brasil................................................................................................. 46
Tabela 4.6 – Instrumentos de pagamentos não em espécie................................. 54
Tabela 4.7 – Instrumentos de pagamentos – Valor............................................... 54
Tabela 4.8 – Cartões de débitos e créditos valores das transações..................... 64
Tabela 4.9 – Distribuição dos terminais ATM e POS por unidade da Federação.. 65
Tabela 4.10 – Quantidade de terminais e de transações e valor médio
transacionado.................................................................................... 66
Tabela 4.11 – Sistemas de compensação e liquidação processadas em 2004...... 67
Tabela 4.12 – Infra-estrutura de compensação e liquidação .................................. 68
iv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APE Associação de Poupança e Empréstimos


APR Ativo Ponderado pelo Risco
ASBACE Associação Brasileira de Bancos Estaduais e Regionais
ATM Automated Teller Machine
BACEN Banco Central
BB Banco do Brasil
BC Banco Central
BIS Banco de Compensações Internacionais (Bank of International of
Settlements)
BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo
BM&F Bolsa de Mercadorias e Futuros
BNCC Banco Nacional de Crédito Cooperativo
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Sócio Econômico
BNH Banco Nacional da Habitação
CBLC Câmara Brasileira de compensação
CDC Certificado de depósito compulsório
CDI Certificado de depósito interbancário
CETIP Câmara de Custódia e Liquidação
CGPC Conselho de Gestão da Previdência Complementar
CIP Câmara Interbancária de pagamentos
CMN Conselho Monetário Nacional
CNSP Conselho Nacional de Seguros Privados
COMPE Centralizadora da Compensação de Cheques e outros Papéis
COPOM Conselho de Política Monetária
CPC Conselho de Previdência Complementar
CVM Comissão de Valores Monetários
DEBAN Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
DECAD Departamento de Cadastro e Informação do Sistema Financeiro
DOC Documento de Ordem de Crédito
v

EAPP Entidade Aberta de Previdência Privada


EFPP Entidade Fechada de Previdência Privada
EPC European Payments Council
FAC-FITO Faculdade de Ciências da Fundação Instituto Tecnológico de Osasco
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FGV Fundação Getúlio Vargas
FMI Fundo Monetário internacional
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IOSCO International Organization of Securities Commissions
LBTR Liquidação Bruta em Tempo Real
LDL Liquidação Diferida Liquida
MP Medida Provisória
PAEG Plano de Ação Econômica do Governo
PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
PIB Produto interno bruto
PIS Programa de Integração Social
PMC Papel moeda em circulação
PME Papel moeda emitido
PMPP Papel moeda em poder do público
POS Point of Sale
PROER Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do
Sistema Financeiro Nacional
PROES Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na
Atividade Bancária
RB Reservas Bancárias
RSFN Rede do Sistema Financeiro Nacional
RVA Rede Verde Amarela
SELIC Sistema de liquidação e Custódia
SILOC Sistema de Liquidação diferida das Transferências Interbancárias de
Ordens de Crédito
SISBACEN Sistema de Informação do Banco Central
SITRAF Sistema de Transferência de Fundos
SPB Sistema de Pagamentos Brasileiro
vi

SPC Secretária de Previdência Complementar


STR Sistema de Transferências de Reservas
SUMOC Superintendência da Moeda e do Crédito
SUSEP Superintendência de Seguros Privados
TecBan Tecnologia Bancária
TED Transferência Eletrônica Disponível
VLB Valor líquido Bruto
vii

RESUMO

O principal componente desse estudo, o foco de toda a movimentação


financeira, os bancos. O trabalho aborda o processo de criação do sistema bancário
no Brasil, antes e pós constituição de 1988, criando uma nova reestruturação
bancária, além, de apresentar as funções de cada tipo e função de determinados
bancos. O objetivo do trabalho é mostrar importância do novo SPB (Sistema de
Pagamento Brasileiro) analisando as principais mudanças que estão ocorrendo com
a implantação desse sistema, e a sua utilização no mercado interno. Traçando
principalmente o processo entre contas a pagar e a receber, e a importância das
formas de transações como a TED (Transferência Eletrônica Disponível) e cartões
de pagamentos (débito) e (crédito) além, das Clearings. demonstrando o processo
de liquidação e compensação.
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..........….........................................................…………………...... ii

LISTA DE TABELAS……………………………………………………………………........ iii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS…………………………………………............... iv

RESUMO………………………...…………………………….…………………………....... vii

1. INTRODUÇÃO……………………………………………..…………………………....... 01
1.1 Importância do problema……….…….……….....…..…..………………………....... 02
1.2 Objetivos……………………..…….…..…………......…..…………………………..... 02

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA…………………………..……………………………........ 03

3. MATERIAL E MÉTODO............................................................................................ 17
3.1 Material..... .................……………………......…..............………………………...... 17
3.2 Método.................................................................................................................. 17

4. O SISTEMA FINANCEIRO NO BRASIL: UMA ABORDAGEM SOBRE O


SISTEMA DE PAGAMENTOS...................................................................................... 18
4.1 A Função e Criação de Moeda.………….…..…......……..………………............... 18
4.2 O Sistema Financeiro em Seu Aspecto Histórico e Estrutural............................. 21
4.2.1 O Banco Central e suas funções como Órgão Regulador...…….................... 30
4.3 O Processo de Criação dos Bancos……….........………….……………................ 36
4.4 O Sistema de Pagamentos Brasileiro……......…...…………………………............47
4.4.1 O Antigo e o Novo Sistema de Pagamentos.................................................... 48
4.4.2 Instrumentos de Pagamentos no Varejo.......................................................... 51
4.4.3 Os Sistemas de Liquidação e Transferência Interbancária..............................66

5. CONCLUSÃO………………………………..…………………………..……...……....... 72

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 75
1. INTRODUÇÃO

1.1 - Importância do Problema

Pretende-se neste trabalho sintetizar a estrutura do sistema financeiro


brasileiro privado, apresentar a estrutura deste sistema, esboçada em seu aspecto
atual, principalmente pela lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, com a Reforma
Bancária e o Mercado de Capitais, apresentar ainda, a importância da evolução do
sistema financeiro bancário e instituições financeiras não bancárias. Apresentar a
importância do controle de risco sistêmico sobre o Sistema Financeiro Brasileiro e
os instrumentos usados pelas autoridades monetárias para evitar o risco. sistêmicos.

Qual a importância da implantação do Sistema de Pagamentos Brasileiro atual


para o sistema financeiro, sobretudo, os tipos de instrumentos de pagamentos
utilizados no país e como é feito o seu curso pelo sistema financeiro, como a
evolução desse sistema possibilitou a eficiência das compensações e liquidação
dos pagamentos, recebimentos e investimentos, bem como, as transações
eletrônicas, via SELIC (Sistema de Liquidação e Custódia), no mercado
interbancário.

Como o Banco Central (BACEN), gerencia as transações interbancárias e


quais os mecanismos de controle de risco sistêmicos entre instituições financeiras.
2

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo principal

Apresentar reestruturação pela qual passou o sistema financeiro nacional e


abordar a implantação do Novo Sistema de Pagamentos Brasileiro.

1.2.2. Objetivos secundários

a) Definir o sistema financeiro atual.

b) Mostrar o processo pela qual passa o sistema de compensações bancárias e


quais mecanismos de gerência de riscos entre pagamentos, ou seja, a transferência
efetiva de fundos entre as reservas bancárias.

c) A probabilidade de falhas de créditos e/ou liquidez que possa ocasionar uma


ruptura desse sistema.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esta revisão tem por objetivo mostrar a estruturação pelo qual passou o
sistema financeiro nacional, apresentando os órgãos reguladores deste sistema e
suas diretrizes, alguns instrumentos de políticas monetárias, o processo de criação
de moeda, apresentando algumas leis, (MP) Medidas Provisórias, como a Lei 4.595
(Lei da Reforma do Sistema Financeiro Nacional, apresentar ainda, a
regulamentação, o funcionamento do sistema financeiro brasileiro, o Conselho
Monetário Nacional (CMN), que é o órgão formulador da política da moeda e do
crédito, devendo atuar inclusive no sentido de promover o aperfeiçoamento das
instituições e dos instrumentos financeiros, com vistas à maior eficiência do sistema
de pagamentos e de mobilização de recursos.

O Banco Central do Brasil é o principal órgão executor da política traçada pelo


CMN cumprindo-lhe também, nos termos da mencionada lei, autorizar o
funcionamento e exercer a fiscalização das instituições financeiras, emitir moeda e
executar os serviços do meio-circulante. Adicionalmente, o Banco Central do Brasil
tem competência legal para submeter as instituições financeiras a regimes de
intervenção ou de administração especial podendo, também, decretar sua liquidação
extrajudicial (Lei 6.024 e Decreto-Lei 2.321).

De acordo com Andrezo & Lima (2002, p. 100), no livro Mercado Financeiro,
aspetos históricos e conceituais. Os autores, apresentam os principais conceitos do
mercado financeiro nacional abrangendo historicamente em ordem cronológica. Os
autores apresentam as principais legislações necessárias para o desenvolvimento
do sistema financeiro do país. A obra é dividida em cinco capítulos, sendo o Capítulo
1 sobre conceitos básicos e função do mercado financeiro. No capítulo 2 concentra
na evolução do mercado financeiro nacional, principalmente as evoluções a partir da
década de 1960. O capítulo 3 apresenta a consolidação do sistema financeiro na
década de 1970, e a criação de alguns dos principais órgãos do sistema, como a
CVM. O capítulo 4 apresenta os anos de 1980, conhecidos como década perdida.
No capítulo 5 os autores abordam os anos de 1990, apresentando as inovações
deste período. Por fim apresentam uma conclusão construindo uma linha de
evolução do mercado financeiro nacional.
4

Segundo Assaf (2005, p. 35), para entender os princípios básicos do


funcionamento do sistema financeiro é necessário definir o que é moeda, identificar
suas funções e características. O processo de criação de moedas não é só pelo
Banco Central (BC), pois, adota como premissa o desenvolvimento econômico
baseado principalmente na participação do setor privado, sendo que a função do
governo, nesse contexto, restringe-se a promover políticas econômicas direcionadas
ao aperfeiçoamento do mercado e que a regulação e o controle deve voltar-se para
eliminar as imperfeições e incentivar a eficiência de mercado, permitindo melhor
avaliação e alocação dos recursos.

De acordo com Carvalho et al. (2000), Na visão dos autores deste livro, nas
modernas economias capitalistas, questões monetárias são importantes
principalmente porque afetam a escolhas privadas de poupança e investimentos,
influenciando diretamente as oportunidades de aplicação financeira.

O processo de criação de moeda pelos bancos comerciais, constituindo os


meios de pagamentos. O autor aborda também a regulamentação do sistema
financeiro e o papel do Banco Central nesse sistema.

Segundo ANDIMA (2001), a arquitetura do Sistema Financeiro Brasileiro, foi


esboçada na lei n° 4.728, de 14.7.1965, que buscava racionalizar esse sistema e
nem tanto inovar. Ao fazer corresponder atribuições a entidades a lei apenas
reconhecia a operacionalidade de uma estrutura financeira, que era preciso se
modernizar.

A inflação que no início dos anos de 1960 não possibilitava o fortalecimento do


Sistema Financeiro, devido a taxa de juros ser amena e não atrair tanto capital por
motivo precaução e especulação. Essa mesma taxa de juros tornou-se uma aliada
do sistema financeiro quando atinge a casa dos três dígitos e quatro dígitos nos
anos 80. As entidades financeiras são, segundo seus passivos, monetárias ou não
monetárias, onde a regulamentação deste Sistema Financeiro e Bancário deve estar
em concordância com os organismos internacionais de tal modo que possibilite as
transações multilaterais entre si.

Apresentado por Costa (1999), na obra Economia Monetária e Financeira, uma


abordagem pluralista, cujo livro refere-se à teoria aplicada, examinando o
5

funcionamento das instituições financeiras contemporâneas. O autor expõe cada


uma das teorias rivais como se fosse um adepto. É um livro simples, mas,
abrangente, no que se refere à conceituação dos diversos pensamentos, teorias e
postulados econômicos. Neste livro, Costa utiliza diversos conhecimentos e
experiências de seus alunos para introduzir diferentes pontos de vista. Entre os
Sistemas Financeiros adotados pela maioria dos países está o modelo baseado em
mercado de crédito com forte presença estatal, ou seja, atuar em setores onde a
instituição privada não tem interesse de atuar, outro modelo é o modelo baseado no
crédito das instituições financeiras privadas.

Na América Latina e conseqüentemente no Brasil, segue o modelo baseado


em mercado de crédito com forte presença estatal. Cabe salientar que no Brasil as
instituições financeiras privadas, nunca tiveram interesse de envolver-se na
concessão de créditos a longo prazo, exceto, quando serviam de intermediadores de
créditos públicos ou externos.

De fato, um exemplo é a crise do petróleo na década de 1970, principalmente


com a segunda crise do petróleo em 1979, em que o Estado teve de atuar na
tentativa de continuar o desenvolvimento do país que ocorrera no início da década.
Este financiamento foi obtido com emissão de títulos da dívida pública. Essas
constantes emissões de títulos levaram o país a adotar taxas de juros cada vez
maiores levando o aumento da dívida à níveis extravagantes.

Por outro lado, possibilitou o avanço do Sistema Financeiro atingindo ganhos


em ativos cada vez mais eficientes, levando parte destes recursos para financiar a
produção, o consumo e obras públicas, pois, as decisões de investimentos e criação
de riquezas se apóiam no Sistema Financeiro, como dar crédito ao consumidor e
conseqüentemente aumentando sua renda.

Como mostrou Keynes1 (1937), em um artigo semanal, a criação de crédito


por parte de um banco em resposta a uma demanda por liquidez, em um
primeiro momento, e a cessão deste poder de compra novo, aos
investidores que vão utilizá-los dará origem num momento posterior ao
crescimento da renda e a criação da riqueza (ou poupança) financeira. Esta
última será utilizada para validar as divisas vincendas e alongar o prazo dos
passivos dos devedores. Desta forma, o financiamento do investimento é
consolidado em uma estrutura adequada de ativos financeiros, em termos

¹ KEYNES, Jonh Maynards Economista fundador da escola keynesiana, implantou a teoria


Macroeconômica.
6

de prazo e custos no mercado de capitais. Em outras palavras, o


financiamento do crescimento econômico pressupõe a existência de um
sistema bancário organizado e mercados financeiros bem integrados que
possibilitem inter-relações complexas entre os agentes econômicos.
(CARVALHO, 2003:133)

Na década de 1980 há forte pressão de organismos externos, sobretudo do


Fundo Monetário Internacional, para uma maior abertura do sistema financeiro. Seja
para a aquisição de instituições financeiras locais ou para fortalecer o sistema
financeiro doméstico, possibilitando ter mais poder de ação para combater crises e
dinamizar esse mercado, sobretudo o de capitais.

Outro acordo de total relevância para o sistema financeiro mundial é o acordo


de Basiléia, como mostra Carvalho, id. (2003, p. 134) esse acordo originou em 1988
pelo Banco de Compensações Internacionais Bank of International of Settlements
(BIS) e pelos dez maiores bancos centrais do mundo. Voltado à fiscalização
bancária, criar referências internacionais entre instituições que operavam com capital
de terceiros e em países que operavam com capital próprio, isto é, criando um
desnível competitivo.

O acordo de Basiléia propunha um ajuste no capital dos bancos a fim de evitar


insolvência das entidades, ou seja:
O acordo de Basiléia substituiu a ênfase predominante nas instituições de
liquidez dos depósitos por maior segurança de seus ativos e menor
exposição a insolvência. A orientação básica do acordo era de a instituição
manter capital próprio mínimo equivalente a 8% do Ativo Ponderado pelo
Risco (APR), Isto significa que, para cada $ 100 de aplicações realizadas, o
banco deve manter $ 8 (8%) em capital próprio. [...] APR é um índice de
capitalização dos bancos e tem por objetivo proteger os depositantes de a)
volatilidade dos indicadores econômicos; b) crises das instituições
bancárias; c) surgimento de novos instrumentos financeiros no mercado,
mais sofisticados e complexos, como derivativos, securitizações etc.; d)
desregulamentação observada no sistema financeiro, expondo os bancos a
riscos decorrentes das novas oportunidades de negócios.
(CARVALHO, 2003:101)

Já na década de 1990, com a abertura econômica, começa à entrada de capital


externo no país atraído por altas taxas de juros, obrigando as instituições domésticas
a se modernizar e tornar-se competitivas. Com a implementação do Plano Real1 no
país, o planejamento financeiro teve grande avanço, isso se deve ao fato de

1
Plano Real, Plano de estabilização econômica implantado em 1994, no governo de Itamar Franco
pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso.
7

implantação de medidas para o controle da inflação. Com os preços sobre controle,


os setores informais da economia puderam ter um maior controle sobre o nível de
preços, pois, antes do Plano Real, não conseguiam se proteger das constantes
perdas de compra.

Em conseqüência de vários planos econômicos ineficazes que acarretaram a


perda do poder de compra e, conseqüentemente, o nível de distribuição de renda, o
brasileiro acostumou a não reter dinheiro e sim transacionar, pois, a moeda era
constantemente corroída devido à alta taxa de inflação. Com o Plano Real a
distribuição de renda vem melhorando chegando ao nível que era no início da
década de 1980, entretanto a partir da década de 1990 a renda per-capita vem
diminuindo entre as classes mais baixas e aumentando o nível de renda para
classes mais altas da sociedade.

O Sistema Financeiro é um dos setores favorecidos com as políticas de juros


altos, possibilitando ao setor financeiro lucros cada vez mais expressivos. No
período houve um grande afluxo de capital externo para o setor financeiro, como a
aquisição de bancos nacionais por bancos internacionais. Para a economia
brasileira, em parte, o fortalecimento do setor bancário trouxe sérios problemas para
a formação da renda do trabalhador.

Os bancos privados no Brasil nunca conseguiram converter-se em


instrumentos de desenvolvimento, isto é, nunca conseguiram fornecer
crédito barato e em longo prazo para alavancagem do investimento
produtivo. Esse papel sempre coube aos bancos estatais. Não bastasse
isso, no período recente, passaram a controlar parcelas crescentes da
riqueza e das rendas nacionais, não apenas ao haverem adquirido grandes
empresas industriais e comerciais, como também ao escorcharem o Estado,
as empresas e os consumidores com seus juros de agiotagem, retirando da
produção e do consumo massas crescentes da riqueza nacional, que
transferem para a ciranda financeira. (SOUZA, 2004:733)
Foi em cima das grandes dificuldades financeiras que na década de 1980 e
1990 possibilitou ao Sistema Financeiro do Brasil se tornar um modelo eficiente em
comparação com países ricos e pobres. O modo como à economia brasileira reagiu
ao processo inflacionário nas últimas décadas possibilitou, ao público brasileiro
procurar por ativos financeiros indexados emitidos pelo governo e também pelas
instituições privadas. Era uma forma de “fugirem” das constantes desvalorizações da
moeda, que era muito penoso para a manutenção do nível de renda do país. Essa
reação por procura de ativos financeiros nacionais foi diferente que em outros países
8

como a Argentina, pois, a fuga das constantes desvalorizações da moeda provocou


um deslocamento de ativos do sistema nacional para aquisição de moeda
estrangeira como o dólar.

De acordo com Costa, id. (1999), com a modernização desse sistema, as


instituições não mais oferecem apenas a captação de depósitos e empréstimos, mas
que oferece uma gama cada vez maior de serviços exigidos pelos demandadores de
recursos quanto aos investidores. Tornando as instituições financeiras sólidas e um
mercado de títulos com alta liquidez.

E para conseguir atrair capital externo para o mercado financeiro, a taxa de


juros interna tem que estar mais atrativa que a taxa de juros internacional, visto que
o risco de se aplicar dinheiro no Brasil é grande, porém, compensado praticando
uma taxa de juros elevada.

O sistema financeiro quando bem ajustado às condições econômicas


permite a maximização da poupança, distribuição de crédito, ou seja, pode funcionar
como uma política de transferência de renda. Porém, esse fluxo de capital externo
que entra no Brasil sobre a forma de capital especulativo tem seus malefícios e
benefícios. Este capital especulativo pode gerar uma valorização da moeda nacional
ocasionando uma poupança interna que será usada para adquirir bens e serviços do
exterior, podendo levar a déficits no balanço de pagamentos. Com juros interno alto
as instituições nacionais buscam financiamentos juntos aos organismos
internacionais e instituições financeiras, pois, a taxa de juros eram menor do que a
taxa de juros interna praticada no Brasil na década de 1980.

Nessa mesma década, a relativa estabilidade de M4/PIB era identificada à


paralisação do processo de aprofundamento financeiro.

Esse ativo monetário é aplicado no país para a concessão de créditos a uma


taxa elevada, entendemos isso como um capitalismo selvagem, pois desta forma, as
instituições financeiras contribuíram para a geração de renda e produção, entretanto,
a um custo elevado..
9

Ou seja, o sistema financeiro pode ser usado como um instrumento de


geração de renda, de financiamento de serviços públicos e também, para financiar a
produção das empresas.

De acordo com um dos objetivos proposto nesta abordagem, quanto a


regulamentação do Sistema Financeiro, segundo Costa (1999), o Banco Central age
como executor da política monetária, que é definida pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN), a fim de controlar o nível de preços e dos gastos da economia,
porém, como executor o BC não tem controle direto sobre estas variáveis, tendo que
usar metas intermediárias, ou seja, objetivos operacionais que recaem sobre o
controle das reservas bancárias.

As reservas bancárias fazem parte do passivo do BC, portanto, poderá


controlar essa conta em seu ativo correspondente, isso, só funciona na prática, pois,
o Banco Central não pode aumentar ou diminuir as reservas bancárias sem que os
agentes e o público as requerem. Portanto, a única variável operacional realmente é
a taxa de juros de curto prazo. Como a atuação do Banco Central na política
monetária está restrita às reservas bancárias e a única variável operacional é a taxa
de juros de curto prazo, não quer dizer que o Banco Central é ineficiente, pois, é
através da sinalização dessa taxa de juros básica e seu viés, que os agentes
financeiros utilizam para a formação das demais taxa de juros negociada no
mercado financeiro.

Assim, por meio desse sistema toda a negociação converge para as reservas
bancárias e o Banco Central (BC) é o ofertante e pela segurança que os agentes
têm, pois, é livre de riscos ou são amenos, e também podem tomar emprestados. O
Banco Central como participante neutro dá a possibilidade do mercado “zerar”
sozinho seus fluxos desde que no mercado interbancário haja recursos suficientes.
Esses métodos ou recursos usados pelo BC são conhecidos como
compulsórios, isto é, recaem sobre os depósitos efetuados no sistema bancário. As
reservas servem também para controlar os déficits e superávits entre os bancos
diariamente, emitindo títulos para captar recursos para controlar os fluxos de caixas
dos bancos com problemas de liquidez, que em meados da década de 1990,
apresentava um sistema de transferência cada vez mais eficaz, como descreve o
Banco Central:
10

Até meados dos anos 90, as mudanças no Sistema de Pagamentos


Brasileiro SPB foram motivadas pela necessidade de se lidar com altas
taxas de inflação e, por isso, o progresso tecnológico então alcançado visou
principalmente o aumento da velocidade de processamento das transações
financeiras. Na reforma recentemente conduzida pelo Banco Central do
Brasil, o foco foi redirecionado para a administração de riscos. Nessa linha,
a entrada em funcionamento do Sistema de Transferência de Reservas -
STR, em 22 de abril de 2002, marca o início de uma nova fase do SPB.
Com esse sistema, operado pelo Banco Central do Brasil, o País ingressa
no grupo de países em que transferências de fundos interbancárias podem
ser liquidadas em tempo real, em caráter irrevogável e incondicional. Esse
fato, por si só, possibilita redução dos riscos de liquidação nas operações
interbancárias, com conseqüente redução também do risco sistêmico, isto é,
o risco de que a quebra de um banco provoque a quebra em cadeia de
outros bancos, no chamado "efeito dominó". (DEBAN, 2004: 4-5)

Desde 22 de abril de 2002, o Brasil convive com o novo sistema de


pagamentos, sendo que tal mudança no Sistema Brasileiro de Pagamentos impôs a
necessidade de gerenciar esses saldos de reservas em tempo real, segundo
Rodrigues (2002) em seu trabalho orientado pelo Professor Dr. Valdevino Kron, da
Univap, cujo objetivo do trabalho é mostrar importância do novo SPB (Sistema de
Pagamento Brasileiro) e como as empresas estão se adaptando. Analisando as
principais mudanças que estão ocorrendo com a implantação desse sistema, e a sua
influência no mercado interno e futuramente externo. Traçando principalmente como
as empresas de varejo precisarão ter maior controle de seu fluxo de caixa, contas a
pagar e a receber, e a importância das formas de transações como a TED
(Transferência Eletrônica Disponível) e Clearings. Conforme demonstrado no estudo
de Caso. As pesquisas foram realizadas com base em dados fornecidos por bancos
privados e empresas que utilizam desse serviço sendo esta de análise documental.
O SPB começou a vigorar a partir de 22 de Abril de 2002 e sua função é transferir
recursos, bem como processar e liquidar pagamentos.

A importância do novo Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB), a


importância dessa nova mudança, sua influência no mercado interno e
controle pelas empresas sobre o faturamento, fluxo de caixa, contas a pagar
e receber, as transações feitas por TED (Transferência Eletrônica
Disponível), e Clearings. [...] a partir de dados fornecidos por bancos
privados e empresas que utilizam este serviço, como irá trazer maior
credibilidade para os bancos privados brasileiros diminuindo os riscos de
quebra (risco sistêmico) [...]. (RODRIGUES, 2002:2)

Segundo o Deban-Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de


Pagamentos (2004, p. 6-8) no Relatório publicado, Diagnóstico do Sistema de
Pagamentos de Varejo no Brasil, 1ª edição maio de 2005, neste Relatório descreve
e analisa o sistema de pagamentos de varejo do Brasil com o propósito de obter os
11

determinantes para a sua modernização e de subsidiar a definição de políticas e


diretrizes sobre o tema.

No relatório, modernização é entendida como o aumento da participação dos


instrumentos eletrônicos de pagamentos, vis-à-vis aos instrumentos em papel.
Nesse sentido, a busca da modernização se justifica pelo aumento de eficiência
econômica produzida por uma composição de instrumentos de pagamento em que
os eletrônicos preponderam. O diagnóstico foi elaborado com foco nos aspectos que
podem contribuir para a melhoria do estágio de desenvolvimento atual do sistema
de pagamentos de varejo brasileiro.

Os princípios básicos de funcionamento do sistema de pagamentos brasileiro


foram estabelecidos por intermédio da Resolução 2.882, do Conselho Monetário
Nacional, e seguem recomendações feitas, isolada ou conjuntamente, pelo BIS
(Bank for International Settlements) e pela (IOSCO) (International Organization of
Securities Commissions), nos relatórios denominados "Core Principles for
Systemically Important Payment Systems" e "Recommendations for Securities
Settlement Systems". A mencionada resolução dá competência ao Banco Central do
Brasil para regulamentar, autorizar o funcionamento e supervisionar os sistemas de
compensação e liquidação, atividades que, no caso de sistemas de liquidação de
operações com valores mobiliários, exceto títulos públicos e títulos privados
emitidos por bancos, são compartilhadas com a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM).

O Banco Central do Brasil dentro de sua competência para regular o


funcionamento dos sistemas de compensação e de liquidação, estabeleceu, por
intermédio da Circular 3.057, entre outras coisas, que:
• os sistemas de liquidação diferida considerados sistemicamente
importantes devem promover a liquidação final dos resultados neles
apurados diretamente em contas mantidas no Banco Central do Brasil;
• são considerados sistemicamente importantes todos o sistemas que
liquidam operações com títulos, valores mobiliários, outros ativos
financeiros, inclusive moeda estrangeira, e derivativos financeiros, bem
como os sistemas de transferência de fundos por intermédio do qual sejam
feitas transferências de valor superior a R$ 10 milhões por operação ou que
apresentem giro diário superior a R$ 5 bilhões, valores referenciais
normativamente denominados K1 e K2
• o prazo limite para deferimento da liquidação da operação deve ser de
até: (i) o final do dia, no caso de sistema de transferência de fundos
considerado sistemicamente importante; (ii) um dia útil, no caso de
operações à vista com títulos e valores mobiliários, exceto ações; e (iii) três
12

dias úteis, no caso de operações à vista com ações realizadas em bolsas de


valores. O prazo limite de liquidação para outras situações é estabelecido
pelo Banco Central do Brasil em exame caso a caso;
• a entidade operadora deve manter patrimônio líquido compatível com os
riscos inerentes aos sistemas de liquidação que opere, observando limite
mínimo de R$ 30 milhões ou de R$ 5 milhões por sistema conforme ele seja
ou não considerado sistemicamente importante. Os cheques são regulados
segundo os princípios gerais da Convenção de Genebra (Lei 7.357) e as
relações financeiras entre os agentes econômicos, aí incluídas as questões
relacionadas com transferências de fundos e compensação e liquidação de
obrigações, são comandadas por contratos entre as partes.(DEBAN, Ibid)

De acordo com o Banco Central do Brasil, essa nova estrutura do sistema


financeira é formada como é apresentado na Figura 2.1.

Órgãos de regu- Instituições


lação e fiscaliza-
Categoria Discriminação
cão
instituições financeiras Bancos múltiplos com carteira assinada
BCB que captam depósitos Bancos comerciais
à vista Caixas econômicas
Cooperativas de créditos
Demais instituições Bancos múltiplos s/ carteira comercial
financeiras Bancos de investimentos
Bancos de Desenvolvimento
Sociedades de créditos financiamento e investimento
Sociedades de créditos imobiliário
CVM Companhias hipotecárias
Associações de poupança e empréstimo
Outros intermediários Bolsas de mercadorias e de futuros
CMN ou auxiliares finan- Bolsas de valores
ceiros Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários
Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários
CNSP Sociedades de arrendamento mercantil
Sociedades corretoras de câmbio
SUSEP
Agentes autônomos de investimentos
CGPC Entidades ligada aos Entidades fechadas de previdência privada
sistemas de previ- Entidades abertas de previdência privada
dência e de seguros Sociedades seguradoras
Sociedades de capitalização
Sociedades administradoras de seguro-saúde
Entidades administra- Fundos mútuos
doras de recursos de Clubes de investimentos
SPC terceiros Carteiras de investidores estrangeiros
Administradoras de consórcios
Entidades operadoras Sistema de liquidação e compensação
de sistemas de liqui-
dação
Figura 2.1 – Estrutura do Sistema Financeiro
Fonte: DEBAN (Sistema de Pagamentos Brasileiro, 2004, P. 8)

De acordo com Puga (1999, p. 1), no artigo - Sistema Financeiro Brasileiro:


Reestruturação Recente, Comparações Internacionais e Vulnerabilidade à Crise
Cambial, mostra, com base em dados dos balanços das instituições financeiras, que
os bancos privados nacionais se encontram atualmente em uma posição menos
13

vulnerável do que estavam nos primeiros anos após a implantação do Plano Real. O
nível de inadimplência do sistema bancário está fortemente concentrado nos bancos
múltiplos e comerciais públicos federais.

Além disso, comparações internacionais revelam que os principais bancos


privados brasileiros estão bem menos vulneráveis ao risco de crédito do que os de
outros países emergentes da América Latina e da Ásia.

O Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade


Bancária (PROES) tem levado à redução significativa da participação dos bancos
estaduais no sistema financeiro nacional, além, da melhoria na gestão dos recursos.

O ingresso de bancos estrangeiros também tem contribuído para dar mais


solidez e eficiência ao sistema financeiro nacional. Contudo, os bancos privados
nacionais continuam sendo largamente hegemônicos em comparação com bancos
de outros países emergentes, em que o crescimento do sistema financeiro, se fez
necessário em parte pela crise financeira que atingiu o sistema financeiro mundial ,
como descreve abaixo:

[...] em meados de 1997, em decorrência da eclosão da crise asiática.


Krugman (1998) ‘aponta a situação dos bancos como um dos principais
fatores responsáveis pela crise. O autor considera que a existência de
garantias implícitas do governo às obrigações dos bancos estimulou o
sistema financeiro a emprestar um excessivo volume de recursos, que
produziu uma inflação no preço dos ativos financeiros’.
Esse aumento do valor dos ativos, por sua vez, melhorou os balanços dos
bancos, contribuindo para um nível maior ainda de empréstimos. Em um
certo momento, o pessimismo quanto à solvência do sistema – em
particular, que o governo deixaria de garantir os novos empréstimos – levou
à reversão na tendência de alta no valor dos ativos e, finalmente, à
deterioração do balanço dos bancos, ratificando a queda no preço dos
ativos.
Finalmente, a credibilidade e o grau de desenvolvimento do sistema
financeiro também são considerados importantes para o crescimento de um
país. Levine (1997) mostra que, entre 1976e 1993, os países com sistema
financeiro mais desenvolvido tiveram maior crescimento econômico, de
3,2% ao ano, do que os países com um sistema pouco desenvolvido, que
cresceram apenas 1,4%. Stiglitz (1998) ‘acredita que os investimentos em
pesquisa e desenvolvimento são bastante sensíveis a restrições de crédito,
dada a dificuldade de se auferirem o risco e o retorno desses investimentos
e dada a falta de garantias’.
No Brasil, os programas de ajuste do sistema financeiro têm sido
considerados de fundamental importância para diferenciá-lo das nações
emergentes asiáticas. Um dos principais elementos de diferenciação se
refere ao menor volume de crédito sem atraso e em liquidação em relação
ao total de créditos concedidos pelos bancos brasileiros, comparativamente
a bancos de outros países. A entrada de instituições estrangeiras também
tem contribuído para dar mais solidez ao sistema financeiro.
(PUGA, Ibid p. 7)
14

O autor apresenta as principais legislações ocorridas a partir da implantação


do Plano Real, que possibilitou o avanço do sistema financeiro e as mudanças
ocorridas neste período, como número de instituições financeiras, instituições
financeiras estrangeiras, e outros tipos de instituições apresentadas no período de
dezembro de 1988 a dezembro de 1998.

Ao final de 1998, havia 2.053 instituições financeiras sob a supervisão do


Banco Central. A Tabela 2.1 ilustra os efeitos da estabilização da economia
e dos programas de reestruturação sobre o número de instituições
financeiras. Enquanto o número de bancos aumentou de 166, em dezembro
de 1988, para 273,6 em junho de 1994, ao final de 1998 esse número era
de 233. Nesses últimos anos, houve uma queda bastante significativa do
número de bancos privados nacionais, públicos estaduais e bancos com
participação estrangeira. Por outro lado, o número de bancos com controle
estrangeiro quase dobrou. No caso das instituições não-bancárias, houve
substancial queda do número de distribuidoras, que passaram de 376, em
junho de 1994, para 212, em dezembro de 1998. Contudo, em virtude do
crescimento do número de cooperativas de crédito, aumentou o número
total de instituições financeiras, de 1.987 para 2.053, nesse mesmo período.
No tocante ao número de agências de bancos, elas decresceram de 17.577,
em junho de 1994, para 16.121, em agosto de 1998. Com base em
informações até dezembro de 1997, ‘ Barros et al. (1998) afirmam que de
um total de 271 bancos no início do Plano Real, em julho de 1994, 48 já
haviam passado por algum processo de ajuste que resultou em
transferência de controle acionário (com e sem recursos do Proer) ou em
incorporação por outras instituições. Nesse período, o Banco Central
submeteu 43 bancos a algum tipo de regime especial (Raet, intervenção ou
liquidação): um banco de investimento, quatro bancos comerciais privados
nacionais, três bancos comerciais públicos estaduais, um banco de
desenvolvimento estadual, dois bancos múltiplos nacionais com participação
estrangeira, 28 bancos múltiplos privados nacionais e quatro bancos
múltiplos públicos estaduais. (PUGA, id. 1999: 9 - 20)
15

Tabela 2.1- Número de instituições financeiras

Ti pos de Instituição dez/88 jun/94 dez/98

Bancos Públicos Federais 6 6 6


Múltiplos 0 2 2
Comerciais 4 2 2
de Desenvolvi ment o 1 1 1
Caixa Econômic a Federal 1 1 1
Bancos Públicos Estaduais 37 34 24
Múltiplos 0 24 16
Comerciais 23 2 2
de Desenvolvi ment o 10 7 6
Caixa Econômic a Estadual 4 1 0
Bancos Pri vados Nacionais 44 147 106
Múltiplos 3 138 101
Comerciais 41 9 5
Filiais de bancos estrangeiros (comerciais) 18 19 16
Bancos com Controle Estrangeiro 7 19 36
Múltiplos 0 19 34
Comerciais 7 0 2
Bancos com Participação Estrangeira 5 31 23
Múltiplos 1 29 21
Comerciais 4 2 2
Bancos de Investimentos 49 17 22
Total do Sistema Bancário Nacional 166 273 233
Sociedade de Crédito, Financiam ento e
Investimentos 102 42 46
Sociedade de Arrendamento Mercantil 54 72 83
Corretoras de Câmbio e Valores Mobiliários 259 288 233
Distribuidoras de Câmbi o e Valores
Mobiliários 419 376 212
Fonte: Banco Central do Brasil. Número de Instituições Bancárias no Brasil, citado em PUGA (1999)

Os Sistemas de Liquidação e Compensação é apresentado por Lima (2002),


em sua dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências na
área de concentração em Economia Aplicada, teve como finalidade mostrar a
importância da Clearing de Câmbio dentro do novo projeto de reestruturação do
Sistema de Pagamentos Brasileiro. Para tanto foi observado como funcionava o
antigo sistema, com os riscos assumidos pelo Banco Central, principalmente no que
se refere à possibilidade do risco sistêmico. No novo projeto, as Clearings são
fundamentais para se evitar esse tipo de risco. Os dados utilizados permitiram que
fossem feitas simulações com a presença ou não da Clearing. Para contextualizar o
cenário em que se encontrava a economia antes da implantação do novo sistema
fez-se uma breve análise do cenário de instabilidade pelo qual o sistema bancário
atravessava e a forma como o governo conseguiu controlá-lo. Para garantir uma
maior segurança em todo o sistema de pagamentos criou-se o Sistema de
16

Transferência de Reservas adotando o processo de liquidação bruta em tempo real,


conseguindo eliminar a possibilidade de risco de crédito. A Clearing de Câmbio
possui um papel fundamental no novo SPB, pois trabalha adotando o princípio da
liquidação líquida, reduzindo a necessidade de capital para a realização das
transações financeiras. O objetivo do trabalho foi mostrar os efeitos causados no
mercado de câmbio e o papel da clearing nesse novo sistema.
3. MATERIAL E MÉTODO

3.1 – Material

O desenvolvimento deste trabalho baseou-se em revisão bibliográfica de livros


de diferentes autores, artigos publicados em endereços eletrônicos, revistas
especializadas, teses, dissertações e monografias, bem como figuras e tabelas
pertinentes ao assunto.

3.2 – Metodologia

A metodologia que utilizaremos será a histórica e descritiva através de revisões


bibliográficas e descrições de tabelas e figuras.
4. O SISTEMA FINANCEIRO NO BRASIL: UMA ABORDAGEM SOBRE O
SISTEMA DE PAGAMENTOS

4.1 A Função e Criação da Moeda

Este tópico tem como objetivo apresentar a função da moeda e suas principais
características, pois, é um meio de pagamento para adquirir bens e serviços, além
da moeda ser um instrumento de curso legal previsto em Lei, tornando de total
importância estudar a influência da moeda no sistema financeiro, pois, ela afeta o
nível de poupança, a renda, os investimentos em capital e investimento produtivo. O
processo histórico e as fases pelo qual passou a evolução da moeda é definida
segundo o autor como:
moeda mercadoria, escolhida por critério de ser adaptar às necessidades
gerais, o que não depende essencialmente de sua “raridade”, como sugere
a Teoria Quantitativa da Moeda.
Metais cunhados, impostos pelo poder governamental, para cobrança de
tributos.
Papel-moeda conversível ou transformável em dinheiro de aceitação
universal.
Moeda fiduciária, dependente de confiança, de curso forçado e de poder
liberatório garantido pelo aparelho jurídico, com circulação independente
dos limites do lastro existente.
Moeda bancária escritural (por corresponder a lançamentos contábil de
débitos e créditos ou invisível (por não ter existência física)).
(COSTA , 1999: 34).

Costa ainda cita a evolução do papel-moeda e diversos tipos de moedas


escriturais, que estão sendo substituídos pelos “dinheiros de plásticos” e “moeda
eletrônica”

“Conhecida como E-cash, a moeda eletrônica pode se movimentar por canais


múltiplos fora da rede de compensação estabelecida de bancos, cheques e cédulas
controlados pelos bancos centrais”. (COSTA , ibid, p. 36)

Conforme Assaf (2005, p. 35), para um melhor entendimento de todo ativo


financeiro e monetário que circula no sistema financeiro é necessário entender o
ciclo de criação da moeda e suas funções como meio de troca, unidade de conta e
19

reserva de valor, que são funções da moeda. A moeda é um ativo de liquidez por
excelência, em sua característica física deve ser facilmente divisível, manuseável e
transportável. Para ter um melhor entendimento desse processo pelo qual passou
cada função da moeda desde o processo de escambo (troca), é definida por Assaf
como:

• meios de troca; decorrente da divisão do trabalho e, conseqüentemente, da


produção, isto é, diferentes produtos e a necessidade de adquirir novos produtos por
meio de compras e vendas, pois, a moeda é aceita em qualquer transação e pode
se adquirir uma variedade de produtos, devido à divisibilidade da moeda.

• unidade de conta; permite a noção de valor futuro e possibilita a emissão de


contratos sendo que o valor apresenta-se em unidades monetárias. Há a
possibilidade de que as transações não sejam liquidadas imediatamente, ou seja,
exista uma promessa futura de pagamento.

• reserva de valor; possibilita o indivíduo reter moeda para consumo ou pagamento


futuro sendo que esta conserva seu valor, isto é, não sendo em uma economia
hiperinflacionária.

Considerando a demanda da moeda como um ativo financeiro, isto é, sendo


uma forma alternativa para se guardar riqueza, através da remuneração do juros,
portanto, entende-se por taxa de juros como o custo de oportunidade, ou seja, o que
se deixa de ganhar por reter moeda, sendo assim, quanto maior a taxa de juros
menor será o estímulo para manter saldos monetários.

A importância da moeda é definida por João Sayad como uma instituição, isto
é;
´Moeda é uma instituição. Como a igreja, o Estado, o casamento. Ninguém
diz que uma instituição faliu porque uma “quantidade excessiva” de
instituição. O casamento está em crise, mas não porque existe muita moeda
ou porque o Banco Central não é independente, ou por causa do déficit
público. Infelizmente, o problema não é simples. Instituição não depende de
quantidade.´ (SAYAD in: COSTA, 1999:3)

Com esta afirmação, João Sayad, contradiz a teoria quantitativa da moeda que
afirma que a quantidade de moeda influência no seu poder de compra e níveis de
preços.
20

Conforme Costa, (1999, p. 5 - 7), a Teoria Quantitativa da moeda consiste em


um conjunto de proposições inter-relacionadas, entre a oferta e demanda de moeda
que sustentam a conclusão de que quando a quantidade de moeda se torna
abundante, seu valor ou poder de compra cai, e conseqüentemente, o índice geral
de preços das mercadorias eleva-se. De acordo com essa teoria a estabilidade do
poder de compra do meio circulante depende do controle de sua quantidade.

A Teoria Quantitativa da Moeda foi reformulada pelos monetaristas de


Cambrigde, tendo seu principal expoente Milton Friedman. Ele propôs que a Teoria
Quantitativa da Moeda passa a ser uma nova teoria, a Teoria da Demanda por
Moeda, ou seja, a moeda tem uma relação funcional estável entre velocidade de
circulação na economia e um número de varáveis independentes. Friedman
considera a demanda por moeda uma constante numérica e o que importa é o poder
aquisitivo dos encaixes monetários possuídos, isto é, saldos de caixa reais, e o que
de fato os saldos nominais irão comprar, devido a ação de outras variáveis, como a
inflação.

Como apresenta Lopes & Rossetti (2002, p. 221) a teoria quantitativa moderna,
mostra que as principais causas de influência negativa na economia do país, são as
políticas fiscais, afetando o nível de emprego, e, políticas monetárias, afetando,
principalmente, a inflação. Para Friedman;
[...] O controle da oferta monetária e sua correta adequação ao crescimento
da economia pode produzir um clima favorável ao funcionamento das forças
básicas do empreendimento, da engenhosidade, da invenção, do trabalho
árduo e da poupança, que são verdadeiros trampolins para o crescimento
econômico [...]. (LOPES & ROSSETTI, 2002:222)
21

4.2 O Sistema Financeiro em Seu Aspecto Histórico e Estrutural

O objetivo deste tópico é fazer uma abordagem do processo histórico, pelo qual
passou a estruturação e desenvolvimento do sistema financeiro brasileiro, fazendo
essa abordagem de acordo com, períodos de governos e, suas respectivas políticas
econômicas e sociais, alem, dos órgãos reguladores do sistema financeiro e o
processo de criação bancária no Brasil. A importância de estudar o processo
histórico é conhecer as fases de desenvolvimento desse sistema na fase do Brasil
agrícola, na fase da industrialização, no processo inflacionário e no período de
estabilização da moeda.

O Sistema financeiro é proveniente de toda economia em que há entidades e


indivíduos poupadores e tomadores. Entende-se por poupadores todo indivíduo que
utiliza parte de sua renda para o consumo e parte de sua renda para poupança.
Entende-se por tomadores de recursos todo indivíduo que consome toda sua renda
em consumo ou investimento e não possui recursos suficientes para este fim.

Portanto há disposição de recursos financeiros em determinados setores e, ao


mesmo tempo, aquisição de recursos financeiros em setores que há escassez de
recursos. Assim, para intermediar estas transações é preciso ter um mercado
financeiro que são compostos por instituições bancárias, instituições financeiras não
bancárias, câmaras de compensação, mercado de capitais e seus órgãos
reguladores.

O Sistema Financeiro no Brasil, de acordo com Lopes & Rossetti (2002, p. 37)
tem seus primórdios com a vinda da família real portuguesa no ano de 1808. Na
ocasião desta vinda, criou-se o Banco do Brasil que posteriormente passou por
diversas fases entre criação e fechamento. A primeira fase foi criada por D.João VI
para financiar a família Real e os Burgueses, com a volta da família Real em 1811 a
Portugal, levaram todo o capital do banco e, emissões de moedas superiores ao
lastro do banco, em 1929, foi decretado a liquidação do primeiro banco do Brasil.
Numa segunda fase, a junção do banco Comercial do Rio de Janeiro e o banco de
Mauá, em 1851, é criado o segundo Banco do Brasil, porém, para financiar os
investimentos no país, que tinham recursos em virtude da emissão de moeda sem
22

controle, especulações, acarretou nova falência do banco. A terceira fase


corresponde a reativação do banco, em 1906, e, em 1923 o Banco do Brasil passa a
ser o banco emissor de moeda e financiador do governo.

Segundo Andrezo (2002, p. 23 - 42), o sistema financeiro moderno no Brasil


começou por volta da década de 1930 com o surgimento de dois importantes
decretos em 1933, conhecidos como lei da usura e lei da cláusula ouro e outros
processos deste sistema apresentado a seguir buscando uma ordem cronológica.

Lei da Usura (Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933), que estabelecia


o teto máximo das taxas de juros em 12% ao ano. Esta taxa foi definida em
12% ao ano devido à baixa taxa de inflação no período, na ordem de 2% ao
ano, o ponto negativo desta lei é tornar inviável os investimentos financeiros
se a inflação passar dos 12% ao ano, incorrendo em juros negativos.

Lei da Cláusula Ouro (Decreto nº 23.501, de 27 de novembro de 1933),


que veda a celebração de contratos em outras moedas que não a nacional,
impossibilitando qualquer mecanismo de correção monetária decorrente de
variações cambiais ou do preço do ouro, com isto, a moeda passa a ter sua
função como meio de troca, reserva de valor e unidade de conta
(VITAL, 1981, apud ANDREZO , 2002:23)

Cabe observar que, a economia brasileira era dependente das exportações


(basicamente de produtos agrícolas como o café). Entretanto, havia um certo
acúmulo de capital proveniente destas exportações e, que despertava o interesse de
alguns senhores do café de investir em indústrias, com a atuação de alguns
imigrantes, como a família Matarazzo, que iniciou o processo de industrialização de
São Paulo e o desejo do próprio governo em industrializar o país, como Getulio
Dorneles Vargas (1930-1945) como a implantação de algumas siderúrgicas e o início
da exploração de petróleo no Brasil, e Juscelino Kubistchek (1950) com o Plano de
Metas e o desenvolvimento da indústria automobilística.

Com todo esse processo pelo qual passou o país no começo do século e com
a crise mundial de 1929, obrigou o país a mudar o foco de sua política econômica. O
objetivo principal passa a ser a industrialização, esse, porém, envolvia grandes
esforços em termos de geração de poupança e transferências de recursos para a
atividade industrial. A forma assumida para essa industrialização foi o “Processo de
Substituição de Importações”.

Este processo consistia em substituir os bens de consumo, bens intermediários


e bens duráveis, que eram produtos importados. Com a implantação das
23

substituições de importações, todo produto importado que possuía similar nacional


pagava uma tributação maior. Todo esse processo não foi implantado a curto prazo,
pois era preciso seguir em etapas de desenvolvimento, entretanto, o país não
possuía tecnologia e nem recursos suficientes para a implantação imediata deste
processo, sendo a seqüência deste processo de desenvolvimento em bens de
consumo, bens intermediários e bens duráveis.

Contudo, para desenvolver todo esse processo era preciso ter um sistema
financeiro que financiasse esse tipo de desenvolvimento, é neste ambiente que o
governo atua, com as regulamentações e criação de diversos órgãos de
financiamento público e privado.

A década de 1940 é marcada pela criação da SUMOC (Superintendência da


Moeda e do Crédito), que era uma espécie de banco central, criado em
conseqüência de acordos e obrigações assumidos em 1945 na Conferência de
Bretton Woods.

Nesta conferência é criado as bases de um sistema financeiro mundial, com a


criação de diversos órgãos governamentais, porém, dando ênfase a criação do
Fundo Monetário Internacional (FMI). Nesta década também há a continuação do
processo de substituição de importação e regulamentação financeira, como é visto
essas mudanças, abaixo está relacionada algumas funções atribuídas a SUMOC
segundo a autora:
Até que fosse convertido em lei o projeto de criação do Banco Central, a
SUMOC tinha competência para:
a) requerer emissão de papel-moeda do Tesouro Nacional;
b) receber com exclusividade depósitos de bancos;
c) delimitar, quando julgasse necessário, as taxas de juros a abonar às
novas contas, pelos bancos, pelas casas bancárias, e pelas Caixas
Econômicas;
d) fixar, mensalmente, taxas de redescontos e empréstimos a bancos,
podendo vigorar taxa e juros diferentes.
e) autorizar a compra e venda de ouro e de cambiais;
f) orientar a fiscalização dos bancos;
g) orientar a política de câmbio e operações bancárias em geral;
h) autorizar empréstimos a bancos a prazo não superior a 120 dias,
garantidos por títulos do Governo Federal;
i) promover a compra e venda de títulos do Governo em bolsa;
j) autorizar o redesconto de títulos e empréstimos a bancos nos termos da
legislação em vigor. (Ibid, p. 25)

A década de 1950, segundo Andrezo (2002, p. 271), é marcada pelo aumento


da inflação, e como o país sofria de falta de capital social básico e de infra-estrutura
24

para suportar o processo de industrialização, contudo, com a missão de financiar o


desenvolvimento do país o governo criou o BNDE que, posteriormente, tornaria
(BNDES) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que tornou um
instrumento de desenvolvimento econômico e social do país

O BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), foi criado em 20 de


junho de 1952, por meio de um adicional de 15% sobre o imposto de renda, essa foi
à forma que o governo encontrou na época, dando continuidade ao processo de
substituições de importações que se encontrava na fase de bens duráveis sendo
que esta fase exigia financiamento a médio e longo prazo. Como o nível de
poupança do país estava a níveis muito baixo, devido ao aumento da inflação, os
ativos financeiros eram direcionados para outros investimentos que não fosse a
poupança, isso, ocorria devido à lei da usura que muitas vezes os juros tornavam
negativos e os investimentos em poupança ficavam inviáveis.

A partir dos anos 60 o país finalmente insere-se num sistema financeiro


complexo, pois, era necessário estimular a poupança privada voluntária e que o
Estado abandonasse o papel de ”poupança forçada”, em que o Estado era o
financiador econômico e social do país, aumentando o déficit público.

O país necessitava de reformas institucionais, mas na época o quadro político


não contribuía para isso, devido o país passar por um processo de corrupção e
divergências políticas com Jânio da Silva Quadros e outros líderes políticos. Essa
crise se agrava com a visita de João Gourlat, vice de Jânio, à República Popular da
China, e que não agradava aos militares essa aproximação política.

Com o Golpe Militar em 1964 e com imposições autoritárias, trouxe as


condições objetivas para o desenvolvimento econômico do país como a implantação
do PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo). As principais ações desse plano
ocorreram nos setores tributário e econômico.

A estruturação neste período do Sistema Financeiro como mostra Andrezo


(Ibid. p. 34), com a intenção de controlar a emissão de moeda no Brasil foi criado o
BACEN (Banco Central) em substituição da Sumoc, entretanto, isso não ocorreu
completamente, pois, embora ele fosse o banco emissor, as emissões eram
realizadas em função da necessidade do Banco do Brasil.
25

Além disso, neste período foram criados diversos fundos como o FGTS (Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço), o PIS (Programa de Integração Social) e o
PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público), que
constituíam importantes fontes de poupança compulsória.

Quanto aos sistemas econômicos e financeiros, as autoridades


governamentais promoveram uma completa reavaliação dos sistemas e uma
reestruturação dos títulos e documentos negociados, assim, essas inovações
principais dos anos 60 são apresentadas a seguir:
a) lei de Capitais Estrangeiros (Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962);
b) lei de Correção Monetária (Lei nº 4.357, de 17 de julho de 1964);
c) sistema Financeiro da Habitação (Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964);
d) reforma Bancária (Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964);
e) lei do Mercado de Capitais (Lei nº 4.728, de 16 de julho de 1965);
f) reservas Monetárias (Lei nº5.143, de 20 de outubro de 1966);
g) seguros (Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966);
h) títulos de Capitalização (Decreto-Lei nº 261, de 28 de fevereiro de 1967);
i) consórcios (Resolução CMN nº 67, de 21 setembro de 1967);
Nessa década houve total reestruturação dos mercados financeiros e de
capitais no Brasil, tendo sido criados o CMN (Conselho Monetário Nacional)
e o BACEN (Banco Central do Brasil), assim, estes órgãos disciplinam e
fiscalizam o sistema e detém a condução da política monetária.
(ANDREZO, op. cit.)

Essa nova arquitetura do Sistema bancário e financeiro, na década de 1960, e


as respectivas atividades de cada instituição e a utilização dos respectivos fundos, é
visualizado na figura 4.1 abaixo.

TIPOS DE POUPANÇA INSTITUIÇÃO USO DOS FUNDOS


Depósitos à vista Banco do Brasil (BB) Crédito rural (somente BB)
Bancos comerciais privados Crédito ao consumidor
Crédito de curto-termo para
as firmas

Letras de câmbio Companhias financeiras Capital instrumental

Cadernetas de poupança Sistema Financeiro da Crédito imobiliário


Letras imobiliárias Habitação (APE e SCI)

Certificados de depósitos Bancos de investimento Investimento de longo termo

Ações e debêntures Mercado de ações Capitalização das empresas

Títulos do governo Mercado de títulos Eventuais déficits públicos


Figura 4.1 Estrutura financeira proposta pelas reformas de 1964 - 66
Fonte: (STUDART ,1995, p. 119, apud. PAULA, Luiz Fernando Rodrigues de, 1998, p. 4)
26

Em relação às operações de seguros e de capitalização foram criados o CNSP


(Conselho Nacional de Seguros Privados), a SUSEP (Superintendência de Seguros
Privados) e novas instituições financeiras como o BNH (Banco Nacional da
Habitação).

Já na década de 1970, o país encontrava-se em boa estruturação no sistema


financeiro e com boas taxas de crescimento econômico, algumas entidades foram
criadas para melhor atender esse sistema financeiro, como a criação da CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) (Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976), que
era uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, com amplos poderes para
fiscalizar e disciplinar o mercado de valores mobiliários.

O aprimoramento do Mercado Financeiro, com a implantação do SELIC


(Sistema de Liquidação e Custódia), em outubro de 1979, a Circular do BACEN nº
466 aprovou o regulamento do SELIC, cujo objetivo, era simplificar a sistemática de
liquidação e custódia dos títulos públicos no mercado aberto (open market), esse
controle é definida por Assaf como:
O Governo tem enorme controle sobre a fixação da taxa de juros, o Estado
controla certos instrumentos de política monetária (open market) [...]
Que permite regular temporariamente o nível da taxa de juros no mercado,
sempre que for julgado recomendável para a economia. O controle da taxa
de juros, quando seus percentuais escapam para níveis economicamente
indesejados, é estabelecido pelo governo, forçando ou a procura ou a oferta
de seus próprios títulos.
Essa taxa de juros que precifica os ativos do Governo no mercado é
denominada taxa pura ou taxa livre de risco, constituindo-se na taxa de
juros base do sistema econômico.[...] Em conclusão, a taxa de juros do
sistema econômico é a taxa mínima, estando sempre abaixo dos retornos
oferecidos pelos ativos que sejam títulos governamentais. E a taxa de juros
estabelecida pelo mercado é a taxa referencial a ser comparada com os
retornos oferecidos pelos investimentos de riscos.
(ASSAF, 2005:.62)

Todo esse processo do SELIC funciona através do SISBACEN, (Sistema de


Informação do Banco Central) diretamente pelos próprios participantes, ou seja,
pelos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos, Banco Central
e caixas econômicas. O SELIC é, portanto, um sistema eletrônico de registro,
custódia e liquidação financeira de títulos públicos e depósitos interfinanceiros.

Além disso, neste período foram estabelecidas regras sobre arrendamento


mercantil, bem como investidores institucionais, os fundos de investimentos, as
27

entidades de previdência privada e as sociedades de investimentos com capital


estrangeiro (Decreto-Lei nº 1.401).

As entidades fechadas de previdência privada foram atribuídas ao CPC


(Conselho de Previdência Complementar), e sua regulação e fiscalização ao SPC
(Secretaria de Previdência Complementar).

Em relação às entidades abertas de previdência privada, foram criados órgãos


reguladores e fiscalizadores como o CNSP (Conselho Nacional de Seguros
Privados) e a SUSEP. Segundo o autor:
Nessa década, o arcabouço institucional do mercado de capitais se tornou
mais complexo, em virtude da criação da CVM e das novas regras sobre
companhias abertas, bem como houve aprimoramento do mercado
financeiro, a partir da criação do SELIC e do detalhamento das normas
sobre intervenção e liquidação extrajudicial em instituições financeiras.
Assim, no final dos anos de 1970, a estrutura do Sistema Financeiro
Nacional podia ser visualizada da seguinte forma: (ANDREZO, 2002:152)

Conselho
Monetário
CPC CNSP Nacional

Banco
SPC SUSEP Central Comissão de
do Brasil Valores
Mobiliários

EFPP EAPP Seguradoras Sociedade de


Capitalização Bolsa de
Valores

Banco
BNCC ¹ BNH ² do BNDE Agentes
Sociedades Sociedades
Brasil Autônomos
Distribuidoras Corretoras
de Invest.

Bancos Sociedade de
Associações
Sociedade Crédito, Sociedade de
Bancos Caixas de de Poupança Bancos de
Desenvolvolvi-
Arrendamento Financiamento Crédito
Comerciais Econômicas e Investimento Imobiliário
e Empréstimos Investimentos
mento Mercantil

Figura 4.2 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional no final da década de 1970


Fonte: ANDREZO (2002, p. 153)
¹ Extinto em 1990.
² Extinto em 1986.
28

No início dos anos de 1980, na América Latina e conseqüentemente o Brasil,


segue ainda o modelo baseado em mercado de crédito com forte presença estatal.
Cabe salientar que no Brasil às instituições financeiras jamais se envolveram na
concessão de créditos a longo prazo exceto quando serviam de intermediadores de
créditos públicos ou externos.

Na segunda metade da década de 80 havia uma forte pressão de organismos


externos, sobretudo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o banco mundial de
desenvolvimento, para uma maior abertura do sistema financeiro. Seja para a
aquisição de instituições locais ou para fortalecer o sistema financeiro doméstico
tornando-os mais fortes e possibilitando ter mais cacife para combater as crises e
dinamizar esse mercado, sobretudo o mercado de capitais. Com a dinamização do
mercado de capitais, empresas multinacionais e investidores externos têm a
possibilidade de investir em empresas brasileiras, características conhecidas no
período como neoliberalismo econômico.

Na década de 1990 com o processo de abertura econômica, o país tem


recebido capitais externo para o sistema financeiro, atraído pelo setor bancário
brasileiro, setor esse, que mostra eficiência quando o assunto é tratar de gerar
rendimentos.

Com a implantação dos planos de estabilização econômica em 1994 o


mercado financeiro passa a inovar em produtos e serviços prestados, pois, esse foi a
maneira que os bancos no Brasil encontraram para cobrir os ganhos no período de
inflação alta (floating).

[...] o desempenho do sistema bancário em contexto de alta inflação. Deste


modo, o sistema bancário brasileiro desenvolvia suas atividades nos
segmentos de curto prazo do mercado financeiro e direcionava seus
recursos basicamente para o financiamento do setor público, em detrimento
da oferta de crédito ao setor privado. Os títulos públicos se constituíram,
assim, na base dos elevados lucros bancários, seja na intermediação do
dinheiro financeiro (moeda indexada), seja na absorção da “transferência
inflacionária” (mais conhecido como os ganhos com o float), assegurando
aos bancos ao mesmo tempo liquidez e rentabilidade em seus negócios.
(PAULA, 1998: 9).

A tabela 4.1 apresenta os ganhos inflacionários que o sistema bancário obteve


até o período de reversão inflacionária, com a implantação do Plano Real.
29

Tabela 4.1 - Receitas inflacionárias das instituições bancárias (%)

Receitas Inflacionário/PIB Receitas Inflacionárias/Produção Imputada


Ano
Privado Público Priv.+ Públ. Privado* Público Priv.+ Públ.
1990 1,4 2,6 4,0 31,3 38,7 35,7

1991 1,4 2,4 3,9 34,7 46,5 41,3

1992 1,7 2,3 4,0 31,3 55,5 41,9

1993 1,6 2,7 4,2 19,6 67,7 35,3

1994 0,7 1,3 2,0 11,1 38,4 20,4

1995 0,0 0,1 0,0 -0,9 2,5 0,6

Fonte: IBGE (DECNA 1997, p.44-6 apud. PAULA, 1998, p. 9).


OBS: Os resultados apurados (e a produção imputada) referem-se às receitas inflacionárias apuradas
para os segmentos bancos comerciais (incluindo caixas econômicas) e bancos múltiplos.
(*) Os resultados negativos encontrados para os bancos privados em 1995 resultam do forte aperto
da política monetária nesse ano, traduzido num maior volume de recolhimento compulsório.

Nota-se que a participação das receitas inflacionárias na produção imputada


teve no período 1990/93 um aumento gradativo para os bancos públicos, o que
pode ser explicado em parte pelo fraco desempenho dessas instituições nesses
anos, enquanto que, inversamente, o peso destas receitas reduziu bastante para os
bancos privados.

Porém, em um país cuja concentração de renda e distribuição de renda têm


uma diferença tão grande, a diferenciação deste mercado e a concorrência bancária,
baseou-se na diferenciação de produtos para cada classe da sociedade ou seja, há
um mercado para pessoas com rendas elevadas. Por outro lado, produtos mais
simples como concessões de créditos e manutenção de contas correntes, ou seja, o
banco ganha na venda do dinheiro.

O histórico do Sistema Financeiro Nacional mostra que esse sistema conviveu


com diversas crises e altas taxas de inflação, o que possibilitou ao país, criar
mecanismos para compensar essas crises, principalmente, em se tratando de
inflação. O sistema bancário do país tornou-se muito eficiente, com o Sistema
Brasileiro de Pagamentos, possibilitando transações em tempo relativamente curto,
entre os pagamentos, recebimentos e investimentos e trocas entre as transações
interbancárias, como demonstra Rodrigues esta eficiência:
30

“[...] que mudou com o novo sistema e como isso trará maior credibilidade
aos bancos privados brasileiro, diminuindo os riscos de quebra (risco
sistêmico) e gerando uma economia mais eficiente, com menores índices de
inadimplência melhorando o ranking do país. E principalmente a liquidação
de pagamentos em tempo real, conferindo maior segurança às operações
bancárias, o que exigirá que o mercado busque se adequar às novas
mudanças. (RODRIGUES, 2002:1)

Portanto, com essas implementações o Sistema Financeiro divide-se em dois


grandes blocos, sistema bancário, que têm o poder de criar moeda pela
multiplicação dos depósitos (no caso dos bancos), ou monetário, o Banco Central
(BACEN) que possui o monopólio da emissão de moeda.

4.2.1 O Banco Central e suas funções como Órgão Regulador

O objetivo deste subtópico é apresentar a atuação do Banco Central que tem


fundamental importância na execução de políticas monetárias, assegurar o pleno
funcionamento do sistema financeiro, estabelecendo normas e fiscalizando. O Banco
Central, como órgão regulador, é subordinado pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN), sendo assim, o Banco Central também atua como executor das diretrizes
definidas pelo CMN.

Apresentar suas funções como regulador do sistema financeiro, e executor de


políticas governamentais, como controle do crédito, usando a taxa de juros, ou taxas
ou impostos, podendo ser, também, todas essas possibilidades.

De acordo com Andrezo (op. citi.), como regulador do sistema financeiro o


Banco Central fiscaliza as operações dos bancos e instituições financeiras
realizando acompanhamentos e intervenções em instituições que apresentam risco,
afim de evitar riscos sistêmicos. A maneira que o Banco Central utiliza para esse
controle é através dos compulsórios, e um sistema de liquidação dos pagamentos
em tempo real, isto é, o Sistema de Transferência de Reserva (STR) só autoriza as
transações que realmente possuem saldos monetários.

Os compulsórios são uma porcentagem de todo depósito realizado nas


instituições bancárias, essa porcentagem, definida pelo BC, vai direto para uma
31

conta que a instituição mantém junto ao Banco Central, conhecida como Reservas
Monetárias.

Como emissor de papel-moeda, o Banco Central detêm o poder de criar ou


destruir moeda, isto é, os meios de pagamentos que formam a quantidade de papel
moeda emitido, mais as reservas dos bancos, formando a base monetária de acordo
como segue abaixo:

Moeda manual:

PME – EBACEN = PMC, sendo que;

PME = (papel moeda emitido)

EBACEN = (encaixe do Banco Central)

PMC = (papel moeda em circulação)

Moeda escritural:

DV, sendo que;

DV = (depósitos à vista)

Meios de pagamento:

MP, sendo que:

MP = agregado monetário M1, que é formado pelo;

PMPP + DV = MP

Base monetária:

BM = PMC + RB = PMPP + EBC +DBC-BACEN, sendo;

RB = reservas bancárias voluntárias e compulsórias

DBC-BACEM = depósitos dos bancos comerciais no Banco Central

A base monetária da economia é influenciada pelas políticas monetárias, pela


demanda realizada pelos bancos e pelo público. Os bancos demandam base pela
necessidade de manter reservas, isto é, a necessidade de obter recursos para
repassá-lo a quem necessita, dando fluxo ao dinheiro na economia. O público
demanda base pela necessidade de transformá-la em meios de pagamentos, ou
seja, necessitam de recursos financeiros para fazerem frente às necessidades de
32

consumo. Essa necessidade de consumo está intimamente ligada a política


monetária, pois, a quantidade de dinheiro em circulação é um fator que define mais,
ou menos, consumo.

A base monetária também é em função das políticas monetárias, sendo que


existe demanda desta base, isto é, há necessidade de recursos para movimentar a
economia, seja para o consumo, para financiar a produção ou investimentos
financeiros, e com isso dar fluxo ao mercado monetário, ao mercado do dinheiro,
mercado de crédito e mercado de capitais.

Os bancos demandam recursos pela necessidade de manter reservas para sua


segurança financeira e necessidade de repassar estes recursos para o público que
necessita de financiamento e investimento financeiro e produtivo da economia, ou
seja, emprestar dinheiro para a necessidade de consumo e com isso maximizar o
multiplicador monetário da economia.

O multiplicador monetário é o quociente entre os saldos do fim de período dos


meios de pagamentos e da base monetária, formulada abaixo:

Sendo EBC = encaixe bancário e,

RB = reserva bancária

Essa expansão do multiplicador monetário, tomando como referência os


depósitos à vista e meios de pagamentos, é em função das variáveis totais de
depósitos á vista e total dos meios de pagamentos.

Quando a relação entre a quantidade de reservas bancárias em relação ao


total dos depósitos à vista é aumentada, em relação ao total dos meios de
pagamentos, menor será o multiplicador bancário. Quando a quantidade de
depósitos à vista em relação ao total dos meios de pagamentos é aumentada, dada
a uma quantidade de reservas bancárias em relação ao total dos depósitos à vista
maior será o multiplicador.
33

Como depositário de reservas internacionais o Banco Central detém grande


parte das reservas internacionais. Estas reservas são necessárias para saldar
dívidas com o exterior, pois, a escassez de divisas em moeda estrangeira pode
afetar a taxa de câmbio e deixar o país vulnerável a ataques especulativos se as
reservas internacionais forem escassas. Essa escassez de moeda irá desvalorizar
muito a moeda interna, aumentar a taxa de juros, e remarcação de insumos e
equipamentos importados.

O Banco Central também utiliza como instrumento de política monetária a


taxa de juros de curto prazo, pois, é essa taxa que serve de base para o sistema
financeiro sendo assim, atua diretamente no nível de crédito disponível na
economia.

A principal taxa de juros do sistema financeiro no Brasil é a taxa de juros de


curto prazo SELIC (Sistema de Liquidação e Custódia), criada em 14 de novembro
de 1979 em parceria com o Banco Central e a Associação Nacional das Instituições
de Mercado Aberto (ANDIMA). A taxa de juros para alguns autores esta ligada ao
preço que equilibra a demanda segundo os clássicos, e para os Keynesianos é
fenômeno fundamentalmente monetário, como demonstra Carvalho:
´Keynes desenvolveu sua teoria da preferência pela liquidez como uma
teoria alternativa à tradição clássica, incluindo nesta a teoria dos fundos
emprestáveis e a teoria quantitativa da moeda. Para a tradição clássica, a
taxa de juros é o preço que equilibra a demanda por recursos para investir
(determinada pela produtividade potencial do investimento) e a propensão
de abster-se do consumo imediato enquanto para Keynes ela é um
fenômeno fundamentalmente monetário, determinado pela preferência pela
liquidez dos agentes e pela política das autoridades monetárias.’
(KEYNES, 1936:20 apud CARVALHO, et. al, 2000:57)

As transações realizadas no SELIC têm transferência de custódia (portador), e


liquidação no mesmo dia, isto é, as contas reservas se formulam no mesmo dia
entre as instituições financeiras devedoras e credoras no mercado interbancário.
Essas trocas de reservas entre as instituições e o Banco Central são feitas
eletronicamente pelos participantes do sistema. De acordo com essas operações
diárias se obtém a média da taxa SELIC diária para títulos federais.
O controle e custódias da taxa de juros básica no mercado aberto são
controladas e custodiadas no SELIC, que registra os débitos e os créditos
correspondentes às decisões de compra e venda de títulos públicos nas
contas das instituições financeiras. No final do dia, cada instituição
interligada ao Selic recebe um extrato de sua posição financeira, o qual tem
como reflexo as operações realizadas, esquematicamente, quando se
processa uma operação de compra (ou venda) de títulos, à parte vendedora
34

(financiada) é debitado prontamente o volume negociado, ocorrendo


simultaneamente a transferência do direito de posse dos títulos para o
cliente aplicador. (ASSAF, 2005:49)

De acordo com a circular nº. 2.727, de 14 de novembro de 1.996, podem


participar do SELIC;

a) o Banco do Brasil;
b) os bancos múltiplos com carteira comercial, bancos comerciais, e Caixas
Econômicas;
c) os bancos múltiplos com carteira de investimentos mais carteira
comercial, os bancos de investimentos, as corretoras e as distribuidoras de
títulos e valores mobiliários;
d) os bancos de desenvolvimento e financeiras;
e) as sociedades de arrendamento mercantil e outras pessoas jurídicas.
A critério do Banco Central do Brasil, os grupos (a) e (b), grupos de
bancos com grande relevância no país, são considerados custodiantes e os
demais são titulares de contas de subcustódias. (CARVALHO, 2000:125)

O autor considera grupos (a) e (b) como instituições dominantes no sistema


financeiro e são considerados custodiantes por manter a guarda do numerário
(dinheiro).

O Órgão responsável pela definição da taxa SELIC e seu respectivo viés, é o


COPOM (Comissão de Política Monetária), o COPOM é um órgão instituído em julho
de 1994, afim de estabelecer uma vertente para a política monetária e metas da
taxa de juros a ser seguido pelo SELIC.

Este órgão é composto por 8 membros da diretoria colegiada do Banco Central


com direito a voto, o presidente do Banco Central tem o voto de qualidade, e
também participam das reuniões sem direito à voto os chefes de outros
departamentos.

São constituídas reuniões ordinárias mensais sempre às quartas-feiras,


podendo ser convocados pelo presidente do Comitê reuniões extraordinárias. Essas
reuniões são divididas em duas partes sendo que na primeira apresentam uma
análise da conjuntura econômica e financeira, na segunda parte o responsável pela
política econômica apresenta as diretrizes da taxa de juros com base na análise
conjuntural apresentada e posteriormente há a votação das propostas, sendo que,
estas decisões são transmitidas pelo Sistema de Informação do Banco Central
(SISBACEN) que informa ao mercado a nova taxa (SELIC) e seus viés.
35

Portanto, concluindo este capítulo, a estrutura do sistema financeiro nacional


consiste entre órgãos normativos como o CMN, o BC e a CVM e fazendo parte
dessa estrutura os intermediadores financeiros.

Dentre os fatos históricos estudado, Um fato interessante de todo esse período


pelo qual o país tem passado, com relação aos Governos e Políticas monetárias
adotadas segundo Rego, et. al. (2003, p. 91), foi no governo de Café Filho no
período de 1954 a 1955. Nesse curto espaço de tempo, Café Filho executou duas
políticas econômicas distintas, por dois ministros da Fazenda;

Eugênio Gudin era considerado uma antítese do Governo de Vargas, pois,


defendia uma política monetária ortodoxa, somente se preocupava com políticas
antiinflacionárias baseado no controle da emissão de moeda e do crédito.

Com o apoio de Jânio Quadros, governador de São Paulo, à candidatura


udenista, para a sucessão de Café Filho, resultou na queda de Gudin e em abril de
1955 assume para o ministério da Fazenda José Maria Whitaker.

Whitaker, logo que assumiu o ministério da Fazenda, colocou em prática sua


política desenvolvimentista, aumentando a liquidez da economia com emissão de
moeda e aumento do crédito.
36

4.3 O Processo de Criação dos Bancos no Brasil

O objetivo deste tópico é abordar o processo e modelo de sistema bancário,


que o Brasil adotou no decorrer da evolução do Sistema Financeiro, além, dos tipos
de instituições bancárias em funcionamento na atualidade no Brasil.

Os bancos no Brasil, assim como no mundo, passam por evoluções durante o


tempo, no período do império do Brasil, seguia o modelo europeu que possuía
apenas duas atividades, os depósitos e empréstimos, nesse período somente a
burguesia tinha contato com o banco.

Segundo Chick (1994, p.10-23), em um trabalho apresentado em Paris ela


definiu o sistema bancário e seus passivos em estágios de criação, como se segue;

Estagio I; Neste estágio os bancos são numerosos e pequenos, além de


semi-isolados geograficamente. Débitos em contas não são usados como
forma de pagamentos, os bancos eram, portanto, principalmente receptores
de poupanças [...] os bancos eram, pois, dependentes dos depósitos para
formar reservas e das reservas para obter a capacidade para emprestar [...]
originando-se de uma oferta crescentes de moedas que as pessoas não
desejavam reter na forma de dinheiro, ou de uma mudança nas preferências
do público entre dinheiro e depósitos, a medida que aumenta a confiança
nos bancos [...] (ibid)

Neste estágio demonstrado por Chick, mostra a relação entre poupança e


investimento proposto por Keynes, e que ‘A teoria da poupança e da taxa de juros
não pode – ou mesmo não deve ser independente do estágio de desenvolvimento
das instituições financeiras’. (CHICK, ibid.)

No segundo estágio ela mostra uma evolução neste processo;


Estágio II; Neste estágio o sistema bancário já demonstrou sua viabilidade e
obteve a confiança do público. O número de bancos é menor, e o tamanho
médio, maior. A criação de agências disseminadas desenvolveu-se,
contribuindo para a dispersão de risco [...]. A função “meios de pagamentos”
é crucial. Significa que os depósitos agora representam não apenas
poupança, mas também balanços de transações que financiam o circuito do
consumo movendo de um banco para outro [...]. Os depósitos que resultam
desses empréstimos para a construção de instalações e equipamentos são
em uma primeira instância mantida – de forma voluntária ou involuntária [...]
(CHICK, op. citi, p. 12)

Portanto, os depósitos formam meios de pagamentos, isto é, começam a criar


moeda, a moeda escritural, e com isso surge o multiplicador dos depósitos
37

bancários, ou seja, os empréstimos são um múltiplo das reservas que é formada


voluntariamente ou involuntariamente como os compulsórios.

Estágio III; Desenvolve-se o mecanismo de empréstimos interbancários


suplementando os mecanismos dos empréstimos à vista e contribuindo para
um uso eficiente das reservas disponíveis. As possibilidades que se abrem
para os bancos individuais cada vez mais se aproximam daqueles que são
acessíveis para o sistema como um todo. A cadeia casual do Estágio II
ainda é aplicável e o multiplicador dos depósitos bancários atua de forma
ainda mais ampla.
Estágio IV; [...]. Esse estágio poderia ter sido abordado de forma simultânea
com o anterior o princípio de emprestador de última instância está agora
firmemente estabelecido [...]. Colocando a questão de outra maneira, o
Banco Central já aceitou totalmente a responsabilidade pela manutenção da
estabilidade do sistema bancário.
Na expectativa de que essa política continue a ser seguida Os bancos
tornam-se cada vez mais audazes, os empréstimos agora podem se
expandir além da capacidade determinada pelas reservas do sistema [...].
Os bancos são agora capazes de acompanhar qualquer aumento razoável
da demanda por empréstimos. Os depósitos aumentarão em conseqüências
disto e a carência de reservas é suprida pelo sistema [...]
(CHICK, Ibid p. 12)

Neste estágio segundo Chick, ‘o sistema bancário está evoluindo para um


ponto no qual as reservas se tornam irrelevantes [...] a adoção de uma nova teoria
de comportamento dos bancos, baseada na rentabilidade marginal dos empréstimos
[...]’. (CHICK, Ibid p. 12)
Estagio V; Neste estágio os bancos desenvolvem a administração do
passivo. Até este estágio, todos os ajustamentos, independentes da
estrutura causais, ocorriam elo lado do ativo dos bancos. [...] No estagio V
os bancos passaram a agir no sentido de buscarem atrair, ou reterem como
depósitos, poupança que poderiam ter sido mantidas em outras instituições
financeiras [...] A administração do passivo desenvolve-se como parte geral
na concorrência entre instituições financeiras, encorajada pela política de
‘’Controle da Concorrência e do Credito ‘’. (CHICK, Ibid p. 12)

Como Chick descreveu a importância da administração dos passivos dos


bancos para a eficiência bancária, o processo de criação dos bancos no Brasil foi
muito reprimido, pois, como exemplo é o Banco do Brasil, que após várias fases,
entre fechamento e criação de um “novo” Banco do Brasil, como mostra Andréa:

Quando D. João VI e a Corte retornaram a Portugal, em 25 de abril de 1821,


levaram os recursos que haviam depositado no banco, o que agravou a
crise já existente no Banco do Brasil em virtude de sua profunda vinculação
com os interesses da Coroa. Em 1829, o Banco foi extinto sob a acusação
de que suas emissões geravam desvalorização da moeda, evasão de
metais preciosos e elevação geral dos preços.
Em outubro de 1833, ocorreu uma tentativa de restabelecer o Banco do
Brasil; no entanto, houve falta de subscrição pública de parte de capital, de
modo que o verdadeiro segundo Banco do Brasil somente veio a ser criado
em 1853, a partir da fusão do Banco Comercial do Rio de Janeiro com um
banco particular de depósitos e descontos, denominado Banco do Brasil,
38

que havia sido fundado em 21 de agosto de 1851, no Rio de Janeiro por


Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá, entre outros. [...]
Em 17 de dezembro de 1892, o Banco do Brasil se fundiu com o Banco da
República dos Estados Unidos do Brasil, resultando em novas instituições,
com faculdade emissora, denominada Banco da República do Brasil. Em 30
de dezembro de 1905, com base no decreto nº 1.455, o Banco da República
do Brasil foi liquidado e seus bens, direitos e ações foram incorporados no
capital inicial do novo banco, o Banco do Brasil. (ANDREZO, 2002: 53).

Uma outra fase, conhecida como fase intermediária, se deu no pós-guerra


(anos 50), houve uma expansão no número de bancos e matrizes bancárias,
entretanto, com a criação da SUMOC e intervenção do governo muitos bancos
encerraram suas atividades, como mostra na tabela abaixo que em 1950 atuavam
455 instituições e em 1970 atuavam 195 podemos ver na tabela abaixo uma relação
entre os anos de 1950 e 1970.

Tabela 4.2 - Número de instituições bancárias – 1950 - 1970

Ano
Instituições financeiras 1950 1955 1960 1962 1964 1966 1968 1970
Número de instituições
Bancos Comerciais 455 401 379 376 336 313 231 195
Bancos de Desenvolvimento 1 1 1 1 1 1 1
a) Federais 1 1 1 1 2 9
b) Estaduais 1 1 1
Bancos de Investimentos 7 30
Caixas Econômicas
a) Federais 21 21 21 22 22 22 22 1
b) Estaduais 2 2 2 2 4 4 4 5
Sociedade Financeira 76 110 134 275 245 212
Companhias de Seguros 144 157 157 157
Sociedade de Crédito Imobiliário 2 25 44
APEs 21 32
Sociedades Corretoras 377 404
Sociedades Distribuidoras 559 573
Sociedades de Investimentos 6 0
Fonte: Banco Central do Brasil

Na fase atual os bancos no Brasil tiveram sua regulamentação e constituição


com a instituição da lei 4.595 de 1964 (Reforma Bancária) e, a lei 4.728 de 1965,
(Reforma do Mercado de Capitais). O maior avanço no sistema bancário nacional se
deu partir da constituição de 1988. Para o sistema bancário, a mudanças que a
Constituição trouxe foi à autorização das instituições bancárias em atuar em mais de
uma carteira, isto é, os bancos que atuavam em determinados segmentos
específicos, como bancos de investimentos, bancos comerciais, passam a se
39

organizar como bancos múltiplos, isto é, podem operar em vários segmentos, podem
ser ao mesmo tempo banco de investimentos e bancos comerciais ou mais carteiras
de atuação.

A partir da criação dos bancos múltiplos, ou (universais), praticamente todos os


grandes bancos comerciais se tornaram bancos múltiplos. Atualmente só as
instituições bancárias regionais se caracterizam por bancos comerciais, com
exceção do Banco do Brasil que é uma instituição formalmente organizada como
banco comercial.

A credibilidade de um banco é a garantia de que estes depósitos possam ser


convertidos em moedas por parte de seus depositantes decorrente de
externalidades, ou seja, o cliente do banco, numa necessidade financeira a qualquer
momento possa retirá-lo.

Os bancos com o intuito de transformar estes depósitos em empréstimos e


maximização dos lucros através do multiplicador bancário.

O multiplicador bancário é regulado e fiscalizado pelo Banco Central, isto é,


interferindo nas transações entre depósitos e empréstimos, impondo compulsórios
em relação aos depósitos a fim de, proteger a garantia mínima do dinheiro dos
depositários, e evitando, assim, o sistema incorrer no risco sistêmico.

O risco sistêmico é a eminência de alguma instituição, em dificuldades


financeiras, afetar os outros participantes do sistema financeiro. Tão logo identificado
pelo Banco Central esse risco, há a intervenção, em último caso como emprestador
de última instância, evitando assim, na medida do possível, o alastramento de crises
sistêmicas.

Portanto a eficiência de um banco depende de como o seu balanço é


administrado, a natureza das operações, suas aplicações, etc.

O passivo de um banco tem como conta típica os depósitos à vista, além, do


patrimônio liquido. Em contrapartida no lado do ativo o depósito à vista é
transformados em empréstimos de capital, principalmente de giro, pois, têm um
retorno de curto prazo. Outras contas típicas mantidas no ativo é o caixa, para fazer
frente aos saques tornando essa conta em reservas voluntárias e a conta reservas
40

compulsórias, instituídas pelas autoridades monetárias para manter a liquidez dos


bancos. O valor do compulsório é uma fração dos depósitos efetuado e recolhido
para o Banco Central.

Os bancos comerciais não captam apenas depósitos à vista, eles diversificam


suas captações, administrando seu balanço com um portifólio dinâmico e eficiente,
principalmente, administrando seus passivos como mostra Victoria Chick:
Uma mudança no panorama teórico, em dois aspectos, como conseqüência
do desenvolvimento de estratégias de “maximização de vendas” e da
“administração do passivo por parte dos bancos. Em primeiro lugar, como
as mudanças no comportamento bancário descrito acima não alteraram,
mas, sim, intensificaram, a criação da poupança e despesa autônoma que
domina o ato de poupar e compreender menos investimentos do que antes.
Isso aumenta a probabilidade de uma expansão financeira e monetária
possa não ser apoiada por uma capacidade de pagar os empréstimos. Isso
constitui uma fonte de pressão inflacionária não conduzida na atual teoria
macroeconômica. Em segundo lugar, o viés deflacionário previsto na teoria
macroeconômica. (CHICK, 1994:10)

O processo de criação dos bancos no Brasil passou por transformações, foram


de simples bancos comerciais, que tinham a finalidade de captar depósitos e
conceder empréstimos, aos bancos de desenvolvimentos, que predominam a
atuação do Estado, as Caixas Econômicas, que predominam o financiamento
habitacional, o Banco do Brasil, as cooperativas de créditos e outras instituições
financeiras. Em seguida, está relacionado à função de cada tipo de instituição
bancária e financeira que atuam no país.

• Bancos Comerciais;

São os principais intermediadores financeiros captam os depósitos à vista e


custodia estes depósitos para seus clientes e, com isso, criam meios de
pagamentos, repassando esses depósitos como empréstimos.

• Bancos de Investimentos;

São bancos de aplicações financeiras. A principal forma de atuação é pela


subscrição de papéis colocados no mercado, essa operação de subscrição, consiste
na compra de papéis pelo banco de investimentos ao emissor deste papel e
adiantando os recursos para este.
41

A remuneração destes papéis é dada pela diferença entre operação de compra


e operação de venda, já que os bancos de investimentos permitem que os
tomadores de recursos possam antecipar suas captações, ao invés, de esperar pela
recepção dos papéis pelo mercado e mantendo temporariamente estes papéis em
poder do banco.

Essa operação por parte dos bancos de investimentos tem um certo grau de
risco, já que poderá ocorrer externalidades negativas no mercado e a absorção
destes papéis não ser atrativa. Essas externalidades podem ser, como exemplo,
uma empresa passar por dificuldades financeiras ou, o governo passar por
dificuldades, cambiais, déficits públicos, etc...,

Dessa forma, os bancos manterão os papéis por um período maior de tempo,


tentando recuperar a liquidez do papel e com isso, incorrendo na perda de liquidez
devido à volatilidade do mercado.
• Bancos de Poupança;

Estes bancos atuam como especificamente, ou seja, no mercado de créditos,


no financiamento habitacional, utilizando como fonte de recursos os depósitos de
poupança, conhecido no Brasil como caderneta de poupança.

A captação destes depósitos é direcionada especificamente para o


financiamento de imóveis, sendo, que para a aquisição destes financiamentos é
baseado em contratos conhecidos como “hipoteca” e, que o próprio imóvel é dado
como garantia.
• Cooperativas de Créditos;

São instituições de cunho social e operações não voltadas para a obtenção de


lucros. Opera de forma cíclica, isto é, atua sem multiplicação dos depósitos,
procurando desta forma a garantia e segurança da liquidez dos depósitos.

A formação destas entidades pode ser entre comunidades, empresas ou


regiões geográficas.

• Caixas Econômicas;

Estes bancos captam depósitos à vista do público criando também moeda


escritural, além dos depósitos em cadernetas de poupança. Atua no empréstimo a
42

particulares e no financiamento habitacional. Com a extinção do Banco Nacional da


Habitação (BNH), a Caixa Econômica Federal assumiu a função e a carteira do
BNH. Com isso, tornando uma entidade para a execução de políticas habitacionais.

• Bancos e Companhias de Desenvolvimento

No Brasil o principal banco de desenvolvimento é o Banco Nacional de


Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Criado com a finalidade de
financiamento do setor privado e social do país, principalmente no financiamento a
médio e longo prazo.

No Brasil, existe outros bancos com a finalidade de desenvolvimento,


entretanto, voltado a nível estadual e regional, estes bancos atuam como
intermediadores nacionais e estrangeiros no desenvolvimento de infra-estrutura
agrícolas e industriais da região em que estes bancos pertencem.

• Banco do Brasil;

Exerce funções legisladas pelas autoridades monetárias, agente financeiro do


governo em áreas como agricultura, exportações, depositário das reservas
internacionais, Câmara Nacional de Compensação de Cheques. Alem de atuar como
banco comercial.

• Companhias de Créditos, Financiamentos e investimentos (Financeiras)

Criadas sob a forma de sociedades anônimas o principal objetivo é o


financiamento do consumo. Os recursos destas Financeiras são provenientes e
captados no mercado na forma de colocação de letras de câmbio. São títulos de
duração média emitida a taxas pré-fixadas de juros possibilitando assim conceder
financiamentos de prazo relativamente longo.

Foi a partir de 1989, que a separação das funções de determinados segmentos


bancários, puderam ser unificadas, com reforma bancária de 1988, que os bancos
comerciais, os bancos de investimentos, ou seja, puderam operar dois ou mais
segmentos de bancos, e contabilizarem suas operações como um único banco,
43

A estrutura atual do sistema bancário brasileiro é resultado, em boa medida,


das modificações institucionais ocorridas desde a reforma de 1965, passando pela
reforma de 1988 (criação dos bancos múltiplos).

Em setembro de 1988, através da Resolução do CMN n° 1.524, foi realizada


uma nova reforma bancária no Brasil, desregulamentando o sistema financeiro e
colocando um fim na compartimentação legal que existia até então, através da
extinção da exigência da carta-patente (carta para autorização de funcionamento de
instituição financeira pelo BC), e criação dos bancos múltiplos. Esta reforma adaptou
o marco legal e a realidade institucional do sistema financeiro brasileiro, uma vez
que os grandes e, mais recentemente, pela diminuição nas barreiras legais à entrada
dos bancos estrangeiros no país, e das mudanças observadas na conjuntura
econômica, em especial o contexto macroeconômico geral, marcado, antes e depois
do Plano Real, pela alta e baixa inflação. Tais modificações acarretaram (e vem
acarretando), como será visto nas seções seguintes, mudanças significativas no
sistema bancário no que se refere à dimensão física e à configuração do mercado
bancário no Brasil.

Além disso, com a reforma bancária, houve um grande crescimento no número


de instituições bancárias (públicas e privadas).

Tabela 4.3 - Sistema Bancário: evolução de sedes autorizadas e em funcionamento


– 1989 - 1997
Tipo de Instituição Ano
SEDES 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997*
Bancos Comerciais 66 50 45 36 34 34 35 38 37
Bancos Múltiplos 113 166 180 198 211 210 205 192 186
Total 179 216 225 234 245 244 240 230 223

Fonte: (BACEN/DECAD, apud. PAULA, 1998, p. 21)


OBS: Dados referem-se ao final de período e incluem bancos públicos e privados, mas não as
cx.econômicas
(*) Posição em 31/07/97

Conforme a tabela 4.3, verificou-se que as instituições públicas e privadas,


passaram de 106, em 1988, para 179, já em 1989, chegando a atingir 245 bancos
44

em 1993. A diminuição no número de bancos comerciais, SCI, bancos de


investimento e bancos estaduais de desenvolvimento neste período se deve
fundamentalmente à criação dos bancos múltiplos, que surgiram inicialmente da
incorporação de uma série de instituições financeiras especializadas que formavam
parte de um mesmo conglomerado financeiro.

Com a estabilização da inflação, após 1994, o sistema bancário brasileiro,


começou a passar por uma nova estruturação, ou seja, os grandes bancos
passaram a adquirir ou formar fusões de bancos públicos e privados, facilitados por
programas de financiamento do Governo. Essas aquisições foram realizadas com o
incentivo do PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento
do Sistema Financeiro Nacional) e aquisições bancárias.

Tabela 4.4 –Fusões e aquisições bancárias com incentivos do PROER

Instituição vendida Instituição compradora Publicação no


Diário Oficial da União
Banco Nacional Unibanco 18.11.1995
Banco Econômico Banco Excel 30.04.1996
Banco Mercantil Banco Rural 31.05.1996
Banco Banorte Banco Bandeirantes 17.06.1996
Banco Martinelli Banco Pontual 23.08.1996
Banco United Banco Antônio Queiroz 30.08.1996
Banco Bamerindus do Brasil HSBC 02.04.1997
Banco Nacional Unibanco 18.11.1995
Fonte: Banco Central

Com essa breve abordagem sobre o processo de criação dos bancos no Brasil,
das metas de fortalecimentos para esse setor estabelecidas pelos Governos, desde
a reforma bancária na década de 1960, o fortalecimento do Mercado de Capitais na
década de 1970, o nova estruturação do conceito de bancos com a constituição de
1988 e os programas de incentivo bancário no decorrer da década de 1990 e a partir
de 1997 até o ano de 2004, a estrutura bancária está relacionada conforme se
observa na tabela 4.5, como se pode ver no período de 1997 uma diminuição dos
45

bancos múltiplos que eram 180 no país e em 2004 eram 139. Na mesma análise,
observa-se o mesmo caso com as Sociedades distribuidoras de TVM que no mesmo
período formavam 238 entidades em funcionamento e em 2004 138 instituições.
Tabela 4.5 - Quantidade de instituições financeiras em funcionamento no Brasil
1997 1998 1999 2000 2000 2001 2001 2002 2002 2003 2003 2004 2004
Tipos
Dez Dez Dez Jun Dez Jun Dez Jun Dez Jun Dez Jun Dez

Banco Múltiplo 180 174 169 167 164 157 153 147 143 139 141 139 139
Banco Comercial 36 28 25 25 28 31 28 24 23 24 23 24 24
Banco de Desenvolvimento 6 6 5 5 5 5 4 4 4 4 4 4 4
Caixa Econômica 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Banco de Investimento 22 22 21 21 19 18 20 21 23 22 21 21 21
Sociedade de CFI 49 44 42 43 43 44 42 43 46 46 47 47 46
Sociedade Corretora de TVM 202 194 193 191 187 184 177 171 161 157 147 145 139
Sociedade Corretora de Câmbio 37 39 39 40 41 41 43 42 42 42 43 45 47
Sociedade Distribuidora de TVM 238 210 190 182 177 168 159 152 151 151 146 141 138
Sociedade de Arrendamento Mercantil 80 83 81 80 78 75 72 69 65 58 58 54 51
Sociedade de Crédito Imobiliário,
Associação de Poupança e Empréstimo e 22 21 19 19 18 18 18 18 18 18 18 18 18
Sociedade de Crédito Imobiliário
Repassadora

Companhia Hipotecária 3 4 6 6 7 7 7 6 6 6 6 5 6
Agência de Fomento -- 3 5 7 8 8 9 9 10 10 11 12 12
Total 877 830 796 787 776 757 733 707 693 678 666 656 646
Fonte: Banco Central
46
47

4.4 O Sistema de Pagamentos Brasileiro

Este tópico tem por objetivo mostrar o funcionamento e regulamentação pelo


qual passou o sistema brasileiro de pagamentos, apresentar como era o antigo
sistema e o controle de risco sistêmico, apresentar dados de movimentações dos
meios de pagamentos utilizado no Brasil e em comparação com alguns países do
exterior.
Para melhor compreensão deste tópico é apresentado o funcionamento do
antigo sistema de pagamentos e, da implantação do novo sistema, buscando,
analisar os instrumentos de pagamentos quanto da sua utilização e substituição do
papel-moeda em espécie.
A abordagem é feita considerando o sistema de pagamentos no varejo e o
sistema de pagamentos em grandes valores sobre o sistema de liquidação bruta.
De acordo com Lima (2002, p. 18), “Por sistema de pagamentos entende-se o
conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e sistemas operacionais integrados
para as transferências de fundos do comprador para o vendedor encerrando assim
uma obrigação”.
O processamento das transferências de fundos envolve dois elementos
fundamentais. O primeiro deles é a transferência de informações entre os
bancos pagador e recebedor (ou debitado e creditado). A transferência de
fundos é iniciada pela transmissão de uma ordem de pagamento ou
mensagem requisitando a transferência de fundos para o recebedor. Em
princípio, as mensagens de pagamento podem ser transferências a crédito
ou transferências a débito, embora na prática virtualmente todos os
sistemas modernos de transferência de fundos de grandes valores são
sistemas de transferências a crédito, nos quais as mensagens de
pagamento e os valores se movimentam do banco do pagador (o banco
remetente) para o banco do recebedor (o banco destinatário) [...] O segundo
elemento fundamental é a liquidação – isto é, a transferência real de fundos
entre o banco do remetente e o banco do destinatário. A liquidação libera o
banco pagador de sua obrigação para com banco recebedor em relação à
transferência. A liquidação que é irrevogável e incondicional é definida como
liquidação definitiva. Em geral, a liquidação de transferências interbancárias
de fundos pode se basear na transferência de créditos nos livros contábeis
de um banco central (ou seja, fundos no banco central) ou de um banco
comercial (ou seja, fundos no banco comercial). Na prática, na grande
maioria dos sistemas de transferência de fundos de grandes valores, a
liquidação se dá por transferências de créditos junto ao banco central.
Embora as regras e os procedimentos operacionais de um sistema, bem
como seu ambiente legal, possam permitir conceito [...]
(DEBAN, 2000:3)
48

De acordo com a citação, o primeiro passo para a realização das operações de


débito e crédito é a verificação de fundos, o segundo passo é a liquidação do
pagamento. No caso de valores altos, a liquidação é realizada pelo Banco Central e,
faz estas operações contabilmente, isto é, debitando e creditando na conta Reservas
Bancárias.

4.4.1 O Antigo e o Novo Sistema de Pagamentos

O objetivo deste subtópico é apresentar o antigo sistema de compensação e


liquidação, apresentar as falhas que este sistema apresentava e, como ficou essa
estruturação com o novo sistema de liquidação e compensação.

Segundo Lima (2002, p.12-18), com a implantação do Plano Real em 1994 pelo
então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, plano de combate à
inflação e o resgate de algumas funções da moeda como medida de valor e unidade
de conta, que devido a diversas crises enfrentadas pelo país, havia se corroído com
o processo inflacionário.

O antigo sistema de pagamento no Brasil foi desenvolvido para aumentar a


eficiência da compensação, liquidação dos meios de pagamentos e transferências
de fundos entre o sistema financeiro, que pode ser visualizado na figura 4.3.

Segundo (Andrezo & Lima, 1999, apud Lima, 2002, p. 18) “O antigo sistema
era composto por 4 câmaras de compensação: Selic, Cetip, Compe e Câmbio”,
como mostra a figura 4.3.
49

Figura 4.3 - Liquidação no antigo sistema de pagamentos brasileiro


Fonte: Lima (Reestruturação do Sistema de Pagamentos Brasileiro, 2002 p. 12)

Como observado na figura acima, cabe salientar que, em nenhuma dessas


câmaras haviam mecanismos de controle de riscos e absorção por parte de algum
participante. Em nenhuma dessas Clearings (câmaras de compensação), existiam
mecanismos que gerenciassem os riscos e que fossem capazes de absorver a
insolvência de um de seus participantes, ou seja, “[...] as mensagens de liquidação
financeira que elas enviavam ao BACEN não eram criticadas quanto a saldo, o que
permitia a manutenção de saques a descoberto na conta Reservas Bancárias ao
longo do dia, sem garantias e sem contrato [...]” (LIMA, 2002 p. 16)

O Banco Central considerava como risco sistêmico, sobretudo, no mercado


interbancário em que os valores eram grandes, pois, algum elo da cadeia financeira
incorrendo em risco, poderá afetar os demais participantes.

O antigo sistema possuía características positivas e negativas como é


apresentado abaixo:
Características positivas:
ampla automação dos processos, reduzindo o tempo de
processamento;
os títulos negociados eram todos desmaterializados, permitindo um
sistema de custódia eletrônica mais ágil e de menor custo;
a base tecnológica de telecomunicações atendia plenamente às
necessidades do sistema;
as câmaras de compensações já existiam e operacionalmente
funcionavam de modo adequado.
50

Características negativas:
o Bacen assumia os riscos produzidos pelos demais participantes,
elevando o potencial de riscos sistêmicos;
como as regras de absorção de riscos pelo Bacen não estavam
escritas, não era possível mensurar claramente na ótica do investidor
externo, os riscos envolvido nas aplicações financeiras no Brasil;
as câmaras de compensações não possuíam mecanismo de proteção
que assegurassem a liquidação de todas as operações, na hipótese da
quebra de um participante;
existiam um elevado intervalo de tempo para a liquidação nas Bolsas,
reduzindo sua competitividade internacional na atração de investidores
externos. (LIMA, 2002:14)

Conforme a citação, o processo eletrônico de negociação, ou seja, com a


desmaterialização dos títulos, o processo tornou-se mais eficiente, porém, o lado
negativo era o descontrole que o Banco Central possuía, assumindo os riscos do
sistema como um todo, diminuindo a competitividade internacional, isto é, a
confiança dos investidores.

Conforme Lima (2002, p. 18 - 36), as instituições financeiras que tinham na


inflação uma maneira de lucrar, começaram a passar por dificuldades depois da
estabilização financeira do país, isto é, não existia mais o ganho inflacionário.

O enfraquecimento de algumas instituições financeiras levou o governo criar


mecanismo de reestruturação do sistema financeiro. É neste contexto de dificuldade
que o governo apresenta a criação de planos estruturais para o fortalecimento do
Sistema Financeiro, e a criação de Fundos, como o Programa de Estímulo à
reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER) e o
Programa ao Incentivo à redução do Setor Público Estadual (PROES).

No período de 1995 a 1999 o sistema econômico mundial, sobretudo, os


mercados financeiros, passaram por crises que abalaram principalmente os países
subdesenvolvidos, entre eles, o Brasil.

A principal crise neste período foi a que começou no México, neste mesmo
ano algumas instituições nacionais apresentaram eminência de crise financeira
obrigando o governo instituir conjunto de medidas para amenizar estas crises e
evitar ocorrer risco sistêmicos, isto é, a quebra de uma instituição afetar as outras
instituições do sistema.
51

Essas medidas possibilitaram para as instituições que apresentasse problemas


de liquidez, buscar recursos, podendo estes serem de transferência acionária ou
reorganização societária, isto é, por meio de incorporação.

O novo sistema de compensação e liquidação também foi elaborado para gerir


a eminência destes riscos, como mostrado na figura 4.4. Todas as transações
originárias dos bancos são liquidadas através do Sistema de Transferências de
Reservas (STR), ou seja, antes de ser efetivada a transação na conta reservas
bancárias das instituições as transações devem primeiro ter o aval do STR.

Figura 4.4 - Liquidação no novo sistema de pagamentos brasileiro


Fonte: Lima (Reestruturação do Sistema de Pagamentos Brasileiro, 2002 p. 16)

4.4.2 Instrumentos de Pagamentos no Varejo

As principais características no sistema de pagamentos no varejo estão na


utilização dos meios de pagamentos eletrônicos e nos canais de utilização definidos
como canais (POS) Point of Sale (pontos de vendas com cartão) e redes (ATM)
Automated Teller Machine (pontos de auto-atendimento).

O processo de modernização do sistema de pagamentos, no Brasil, possibilitou


uma utilização maior dos meios eletrônicos, entretanto, ainda, se difere de outros
52

países (que será apresentado mais adiante), pois, predomina a utilização do cheque
como pagamento. Além, da multiplicidade dos sistemas de liquidação, e a baixa
relação entre a infraestrutura dos canais de distribuição no Brasil.

Os instrumentos de pagamentos quanto a sua utilização e objetivo, os canais


de distribuição, segundo o DEBAN (2005, p.18), a seguir são:
a) moeda manual; [...] é utilizado para transações geralmente de baixo valor
[...] apesar dos custos de transportes e segurança pois os custos relativos
diretos são baixos se comparados aos demais instrumentos de pagamento,
sobretudo os custos relacionados à inadimplência, no caso do cheque, e à
infra-estrutura e tarifas, no caso dos cartões de pagamento [...].
b) cheque; [...] O cheque é uma ordem de débito, em papel, do emitente
para o banco onde ele tem conta corrente para pagar determinada quantia,
em dinheiro, ao beneficiário. Em termos de quantidade de transações, o
cheque ainda é o instrumento de pagamento não em espécie mais utilizado
no Brasil, porém é o único instrumento que apresentou redução de uso no
período de 1999-2004. O cheque possui base legal e regulamentar que
reflete as diversas práticas e experiências acumuladas ao longo do tempo,
representando uma vantagem na sua utilização e aceitação. Do ponto de
vista da compensação e da liquidação de cheques, há alguma variação nos
modelos adotados em diversos países. No entanto, é possível identificar
alguns padrões e tendências [...] Alguns países estabelecem um valor-limite
acima do qual todos os cheques devem ser liquidados individualmente pelo
valor bruto, em geral por intermédio de um sistema de Liquidação Bruta em
Tempo Real (LBTR). Há ainda modelos que adotam compensação bilateral
ou liquidação por meio de bancos correspondentes. No Brasil, a
compensação de cheques de valor individual inferior a R$ 250 mil é
realizada por intermédio da Centralizadora da Compensação de Cheques e
Outros Papéis (Compe) . Diariamente, são realizadas duas sessões de
compensação, apurando-se, em cada uma, um resultado multilateral, de
âmbito nacional, para cada participante. A liquidação interbancária ocorre
por intermédio do Sistema de Transferência de Reservas (STR) do Banco
Central, no dia útil seguinte ao do depósito. A partir de fevereiro de 2005, os
cheques de valor individual igual ou superior a R$ 250 mil são liquidados
bilateralmente entre as instituições financeiras, pelo valor bruto agregado,
por intermédio do STR [...]. (DEBAN, 2005:18-20)

De acordo com a citação, a moeda é o ativo de menor custo para se utilizar,


pois os outros ativos como o cheque, cartão, etc., há o custo de inadimplência, em
relação ao cheque, e de tarifas, em relação ao cartão. No Brasil, mesmo com esse
custo de inadimplência, o cheque ainda é o instrumento de pagamento mais usado,
porém é o único que apresentou redução no período de 1999 a 2004.

Quanto ao sistema de liquidação de cheque, no Brasil, são usados dois


sistemas, um sobre o valor inferior a R$ 250 mil e outro sistema de liquidação
realizado bilateralmente entre as instituições, no caso de cheque com valor igual ou
maior que R$ 250 mil.
53

Esse processo de funcionamento, sistemas de compensação e liquidação,


pelo valor individual líquido do cheque (abaixo de R$ 250 mil) é liquidado pela
Centralizadora da Compensação de Cheques (Compe), como pode ser visto na
figura 4.5.

Figura 4.5 Cheque de valor inferior ao VLB-cheque


Fonte: DEBAN (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 32)

Como é apresentado na figura 4.5, a compensação de cheques de valor


individual inferior a R$ 250 mil é realizada por intermédio da Centralizadora da
Compensação de Cheques e Outros Papéis (Compe). Sendo que, diariamente são
realizadas duas sessões de compensação, apurando-se, em cada uma, um
resultado multilateral, de âmbito nacional, para cada participante. A liquidação
interbancária ocorre por intermédio do Sistema de Transferência de Reservas (STR)
do Banco Central, no dia útil seguinte ao do depósito.

A partir de fevereiro de 2005, os cheques de valor individual igual ou superior a


R$ 250 mil são liquidados bilateralmente entre as instituições financeiras, pelo valor
bruto agregado, por intermédio do STR conforme é visualizado na figura 4.6.
54

Figura 4.6 Cheque de valor igual ou superior ao VLB-cheque


Fonte: DEBAN (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 32)

O cheque no Brasil, citado anteriormente é o instrumento de pagamento mais


utilizado no país, diferentemente de outros países, onde os instrumentos eletrônicos
de pagamentos são mais utilizados, tal fato, pode ser comprovado na tabela abaixo.

Tabela 4.6 - Instrumentos de pagamentos não em espécie

País Cheque Cartão de Transferências de Débito direto


Débito/Cartão de crédito
crédito
1999 2002 % 1999 2003 % 1999 2003 % 1999 2003 %
Alemanha 3,8 1,0 -73,7 11,0 16,9 53,6 47,2 42,6 -9,7 37,8 39,3 4,0
Bélgica 5,8 1,4 -75,9 28,9 32,8 13,5 51,9 46,7 -10,0 10,2 11,2 9,8
Brasil 62,5 39,4 -36,9 16,5 32,2 95,7 15,6 16,8 7,8 5,5 11,6 111,3
Espanha 10,7 ___ ___ 24,3 22,9 5,8 14,5 15,2 4,8 50,5 ___ ___
Estados Unidos 61,7 45,3 -26,6 31,4 35,2 12,1 4,5 4,8 6,7 2,4 4,1 70,8
Finlândia 0,1 ___ ___ 38,4 40,5 5,5 56,8 54,6 -3,9 4,6 ___ ___
França 40,1 29,7 -25,9 26,1 27,8 6,5 18,4 17,7 -3,8 15,5 17,8 14,8
Holanda 1,0 0,0 ___ 27,7 29,3 5,8 41,2 40,4 -1,9 29,3 27,8 -5,1
Itália 25,2 15,6 -36,1 18,0 21,2 17,8 38,0 36,6 -3,7 18,8 22,3 18,6
Japão 8,2 4,3 -47,6 51,9 58,2 12,1 39,9 35,2 -11,8 ___ ___ ___
Portugal 34,1 ___ ___ 47,2 50,6 7,2 6,3 7,7 22,2 11,9 ___ ___
Reino Unido 28,8 18,6 -35,4 34.3 36.6 6.7 18.1 17.8 -1.7 18.8 20.1 6,9
Suécia 0,3 0,0 ___ 22.3 26.7 19.7 69.6 65.4 -6.0 7.4 9.6 33,8
Suíça 0,8 0,4 -50, 26.0 28.4 9.2 68.4 62.9 -8.0 3.5 5.3 51,4
Fonte: DEBAN – (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 59)

De acordo com o Deban, que analisou estes dados no período compreendido


entre 1998 a 2004, mostra que mesmo o cheque sendo um dos instrumentos mais
utilizado, há uma forte redução na sua utilização no período mencionado, em
contrapartida com os instrumentos eletrônicos e transferências de fundos.

Tabela 4.7 - Instrumentos de pagamentos – Valor


(R$ bilhões)
Instrumentos de pagamentos 1999 2000 2001 2002 2003 2004 1999/2004
(%)
Total 4.049 3.765 4.418 4.695 4.901 5.692 41
Cheque 1.667 1.728 1.809 1.605 1.027 1.003 -40
Cartão de débito 5 9 14 20 30 42 740
Cartão de crédito 36 46 55 65 77 93 160
Débito direto 44 54 72 77 97 118 172
Transferência de crédito interbancário 2.298 1.927 2.468 2.929 3.670 4.436 93
Fonte: DEBAN - Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 54)
55

De acordo com a tabela 4.7, observa-se nitidamente no período de 1999 a


2004, a redução cada vez mais (com exceção de 2001) da utilização do cheque e,
aumento de 740% na utilização do cartão de débito.

c) Transferência de crédito; A transferência de crédito é uma ordem de


pagamento feita com a finalidade de creditar recursos para o beneficiário. As
instruções de pagamento interbancárias transitam do banco do pagador (remetente)
para o banco do beneficiário (destinatário) por intermédio de um sistema de
liquidação.
As transferências de crédito interbancárias podem ser realizadas por
intermédio do Documento de Crédito (DOC), limitado a valor inferior a R$ 5
mil, do Bloqueto de Cobrança ou da Transferência Eletrônica Disponível
(TED). O DOC e a TED são transferências de fundos típicas, enquanto o
Bloqueto de cobrança pressupõe a existência de uma relação comercial
entre as partes envolvidas na transação (vendedor do produto, ou prestador
do serviço, e o comprador). Assim, o Bloqueto de Cobrança é utilizado para
a liquidação de obrigações referentes a transações de bens e serviços,
permitindo o pagamento da obrigação em qualquer banco participante do
sistema de compensação, por meio do qual são efetuadas a compensação
e a liquidação. O DOC (a partir de fevereiro de 2004) e o Bloqueto de
Cobrança (a partir de fevereiro de 2005), de valores individuais inferiores a
R$ 5 mil são liquidados pelo valor líquido multilateral no dia útil seguinte ao
da compensação por intermédio do Sistema de Liquidação Diferida das
Transferências Interbancárias de Ordens de Crédito (Siloc), da Câmara
Interbancária de Pagamentos (CIP). No caso do DOC, o crédito para o
beneficiário ocorre no dia da liquidação. Para os Bloquetos de Cobrança, o
crédito para o beneficiário pode ocorrer a partir do dia da liquidação,
dependendo do contrato entre o banco destinatário (cobrador) e o cliente
(beneficiário).
A partir de fevereiro de 2005, os Bloquetos de Cobrança de valor individual
igual ou superior a R$ 5 mil são liquidados bilateralmente, entre as
instituições financeiras, pelo valor bruto, por intermédio do STR. No caso da
TED, o sistema de liquidação de transferência de fundos é de livre escolha
da instituição financeira, podendo ser liquidada pelo valor bruto em tempo
real no STR ou pelo valor liquido diferido no Sistema de Transferência de
Fundos (Sitraf), da CIP, no mesmo dia da emissão da ordem. O crédito na
conta do beneficiário ocorre no mesmo dia da liquidação [...].
(DEBAN, op. citi)

Conforme a citação, o DOC e a Ted, só realiza as operações se realmente


houver saldo, já o Bloqueto, presupõe uma relação entre as partes. Quanto a
liquidação dos mesmos, o crédito pelo DOC ocorre no dia da liquidação, e o crédito
do Bloqueto depende do contrato entre as partes, podendo ocorrer a partir do dia da
liquidação.

Este processo é melhor visualizado na figura 4.7, apresentando, os sistemas


de liquidação e transferências de fundos, de acordo com o valor da transação entre
56

as câmaras de compensação e liquidação e o prazo destas transferências entre a


Ted e o bloqueto de cobrança e Doc respectivamente.

Figura 4.7 Ted


Fonte: DEBAN (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 39)

Figura 4.8 – Bloqueto de cobrança de valor inferior ao VLB-Cobrança e Doc


Fonte: DEBAN (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 27)
57

O DOC (a partir de fevereiro de 2004) e o Bloqueto de Cobrança (a partir de


fevereiro de 2005), de valores individuais inferiores a R$ 5 mil são liquidados pelo
valor líquido multilateral no dia útil seguinte ao da compensação por intermédio do
Sistema de Liquidação Diferida das Transferências Interbancárias de Ordens de
Crédito (Siloc), da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP). No caso do DOC, o
crédito para o beneficiário ocorre no dia da liquidação. Para os Bloquetos de
Cobrança, o crédito para o beneficiário pode ocorrer a partir do dia da liquidação,
dependendo do contrato entre o banco destinatário (cobrador) e o cliente
(beneficiário), esse processo, pode ser melhor compreendido entre, o banco que
remete o Bloqueto e o banco destinatário, por intermédio do STR conforme a figura
4.8.

A partir de fevereiro de 2005, os Bloquetos de Cobrança de valor individual


igual ou superior a R$ 5 mil são liquidados bilateralmente, entre as instituições
financeiras, pelo valor bruto, por intermédio do STR. No caso da TED, o sistema de
liquidação de transferência de fundos é de livre escolha da instituição financeira,
podendo ser liquidada pelo valor bruto em tempo real no STR ou pelo valor liquido
diferido no Sistema de Transferência.

Figura 4.9 – Bloqueto de cobrança valor igual ou superior ao VLB-Cobrança


Fonte: DEBAN (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 27)

d) Débito direto e crédito direto; débito direto é o instrumento de pagamento


em que o pagador autoriza previamente (ao seu banco ou ao beneficiário do
58

pagamento) um débito em sua conta corrente, em geral para liquidação de


obrigações recorrentes ou periódicas, tais como aluguéis, seguros, contas de
telefone etc.

O comando do pagamento é feito pelo beneficiário, o que caracteriza o


débito direto como uma ordem de débito. As empresas prestadoras de
serviços, após receberem autorização de seus clientes, encaminham
periodicamente aos bancos conveniados os valores a serem debitados nas
contas de seus clientes. No Brasil, os pagamentos com a utilização do
débito direto são realizadas, em sua maioria, no ambiente intrabancário,
onde o banco sacado e o banco destinatário são a mesma instituição,
processando-se por transferência entre contas do cliente e da empresa. A
Tecnologia Bancária (TecBan), oferece o débito direto interbancário aos
seus participantes, mas a sua utilização é baixa [...] O fluxo operacional do
débito direto interbancário pode ser compreendido considerando-se dois
momentos distintos: o dia de vencimento do débito (D0) e o dia do crédito e
da liquidação (D + 1).[...] (DEBAN, op. citi)

Conforme a citação, a empresa firma um convênio com o banco do cliente e


este autoriza a transação, e a empresa informa esta autorização ao banco do
cliente. É informada o valor e a data do débito, a Tecban solicita autorização do
débito e o banco do cliente debita em conta corrente do correntista do banco.

Neste processo a Tecban informa os resultados multilaterais entre o banco


devedor, e este, solicita transferência de reservas através do Sistema de
Transferência de Reservas (STR), transferindo, para a conta de liquidação da
Tecban, e este, solicita a transferência de reservas para o banco credor.

Essa transação, ou seja, o fluxo operacional apresentado nestes momentos


distintos interbancário, pode ser melhor compreendida na figura 4.10.
59

Figura 4.10 – Débito direto interbancário


Fonte: DEBAN (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, p. 27)

O fluxo apresentado na figura 4.10 demonstra dois momentos, dia do


vencimento do débito (D+0), e dia do crédito e liquidação (D+1/D+n). Neste
processo, há solicitação de autorização para o banco sacado, envio de arquivo no
dia do vencimento ou agendado. As transações não autorizadas (saldo insuficiente)
60

são apresentadas automaticamente, autorizadas as transações é realizada a


liquidação e é gerado movimento de crédito para o banco beneficiário.

Outros meio de pagamento de varejo usado no mercado são os cartões de


pagamento como os cartões de débito e os de crédito. Encontrando-se ainda os
cartões conhecidos como e-money, os cartões de loja (private label) e os cartões
pré-pagos.

e) Cartões de pagamento; são os cartões de débito e crédito fornecidos pelos


bancos e administradoras dos cartões. Neste tópico também é abordado os cartões
pré-pago e private label. As definições de cada um segundo o Deban é a seguinte:

Cartão de débito; é o instrumento eletrônico de pagamento que permite o


pagamento de bens e serviços por meio do débito, no ato da compra, na conta
bancária de seu portador. O cartão de débito é sempre emitido pela instituição
financeira onde o seu portador mantém conta.
[...] pode ser utilizado nos estabelecimentos comerciais associados ao
prestador de serviços de pagamento, denominado, no Brasil, de
credenciador ou adquirente. A rede do credenciador interliga, por meio de
POS, o estabelecimento comercial ao banco emissor. Nos grandes
estabelecimentos, os terminais de acesso estão geralmente interligados a
outros sistemas da empresa, como os controles de caixa, de estoques e de
impostos [...] No Brasil, a liquidação interbancária de pagamentos efetuados
por meio de cartão de débito ocorre, em geral, no dia útil seguinte ao da
transação. Os credenciadores calculam os resultados multilaterais que são
liquidados no Banco Central por meio do STR [...] (DEBAN, 2005:28)

O processo de utilização do cartão de débito pelos clientes, pelo


estabelecimento comercial ou de serviços, pela instituição financeira, pelas
instituições administradoras e pelo sistema de liquidação é apresentado na figura
4.11.
61

Credenciador
Portador realiza Estabelecimento
autoriza operação e
compra solicita autorização
agenda operação

Administradora
contata banco emissor

Banco emissor autoriza


operação e debita
c/c do portador

Banco devedor
solicita transferência
de reservas

Credenciador STR
informa transferência liquida transferência
a ser feita de reservas

Banco credor Credenciador


recebe reservas valida transferência

Figura 4.11 – Cartão de débito


Fonte: DEBAN (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 30)

O fluxo apresentado na figura acima demonstra o processo de compra no


estabelecimento, processando no mesmo dia (D+0) a comunicação entre a
credenciadora e o banco emissor, para solicitar autorização do processo. Aprovado
o processo (a compra), o banco emissor debita na c/c (conta corrente) do portador.
Em (D+1), dia seguinte, o credenciador informa a transferência a ser feita. O banco
devedor solicita transferência no STR, e este transfere para a conta do credor, e a
credenciadora valida o processo.
62

Cartão de crédito; cartão de crédito é o instrumento de pagamento


eletrônico de varejo que permite a seu portador adquirir bens e serviços nos
estabelecimentos credenciados, além de possibilitar a realização de saques nos
caixas automáticos da rede conveniada. Para tal, o portador dispõe de um limite de
crédito para cobrir despesas de compras e saques em espécie. Em geral, o cartão
de crédito é adquirido junto a um banco que, em parceria com as administradoras de
cartões, realiza a sua venda, efetua a entrega ao portador, gerencia o crédito e faz a
cobrança das faturas. O processamento das transações com cartão de crédito pode
ser on-line ou off-line O cartão também pode ser oferecido diretamente pela
administradora, este processamento das transações on-line ocorre da seguinte
forma:
a) leitura da tarja magnética ou do chip do cartão pelo terminal POS
instalado nos estabelecimentos afiliados;
b) informação da pelo portador, no caso do cartão com chip;
c) envio das informações da transação pelo credenciador para o emissor;
d) verificação, pelo banco emissor, da validade do cartão, se está
cancelado ou bloqueado e da existência de margem do limite de crédito
fornecido;
e) não havendo óbices, o emissor reduz a margem do cartão pelo valor da
compra;
f) retorno da informação ao estabelecimento, pelo banco emissor, via
credenciador, para que o estabelecimento emita o comprovante da
operação;
g) reconhecimento da obrigação de pagar a dívida pela assinatura do
portador no comprovante;
h) no caso do cartão com chip, a assinatura manual é dispensada, pois a
senha a substitui para efeito do reconhecimento da dívida;
i) no retorno da informação de autorização, o credenciador faz a sua
captura e agenda o crédito correspondente para o estabelecimento e o
débito para o banco emissor do cartão.
As transações off line são efetuadas da seguinte maneira:
a) os dados impressos em alto-relevo no plástico do cartão, tais como o
número do cartão, o nome do seu titular, a data de validade etc, são
reproduzidos no formulário comprovante de venda, por meio de um
dispositivo mecânico, apelidado de "mata-pulga";
b) o comerciante, pelo telefone, entra em contato com a central de
atendimento do credenciador, que acessa o sistema do banco emissor
do cartão;
c) verificada a validade e a regularidade do cartão e a existência de saldo,
o banco autoriza a transação, reduz a margem do limite do cartão e fornece
o código de autorização da operação para que a central de atendimento o
informe ao estabelecimento. [...] (Deban, 2005:32-33)

De acordo com a citação acima, a comunicação com cartões feitas no modo


on-line, isto é, eletrônicamente entre o estabelecimento o banco do cliente e a
operadora do cartão. No modo off-line, consiste no processo de copiar o número do
cartão em auto-relevo e a comunicação do estabelecimento com a operadora é feito
63

através do telefone e verifica os dados do cliente assim como a validade do cartão, o


saldo disponível, e se havendo saldo, a autorização do banco emissor.

E-money; e-money surgiu em meados dos anos 90, na Bélgica e no Reino


Unido e, desde então, tem sido utilizado, em geral experimentalmente, em vários
países, inclusive no Brasil. O e-money é, essencialmente, um cartão com
determinado valor monetário armazenado, registrado eletronicamente, que é
debitado à medida que seu portador utiliza o cartão para pagamentos de compras ou
serviços.
Esse cartão se difere dos demais cartões de pagamento – débito, crédito e
pré-pagos –, essencialmente, por não requerer autorização on line ou
débito na conta bancária do consumidor no momento da transação e por
não ter utilização específica, como no caso dos cartões pré-pagos. Há dois
tipos de e-money: cartões e produtos de software. No caso dos cartões, o
valor eletrônico é armazenado em um microprocessador ou circuito
integrado, incorporado ao cartão, sendo o valor geralmente transferido
mediante a inserção do cartão em uma leitora. No caso do software, o valor
eletrônico é armazenado no computador do próprio usuário e transferido por
redes de comunicação, como a internet, quando os pagamentos são
efetuados. [...].(DEBAN, 2005:35).

Cartão de loja - Private label O cartão de loja, também chamado de private


label, funciona, basicamente, como um cartão de crédito vinculado a um único
estabelecimento comercial, podendo ser utilizado somente nas suas
dependências. Em geral, esses cartões são emitidos por estabelecimentos de
grande porte, como as grandes redes de supermercados e as lojas de
departamentos, e disponibilizam vários serviços aos clientes.

Cartões pré-pagos; Os cartões pré-pagos são aqueles destinados à compra


de produtos e de serviços específicos, com uma carga de crédito pré-definida.
Um exemplo são os cartões telefônicos, que possuem diversidade de valores de
crédito, a depender do número de impulsos desejados pelo usuário. Outros
exemplos de cartões pré-pagos são os de refeição, de alimentação, de
combustível, de transporte e de pedágio. Recentemente, em função de incentivos
fiscais e mercadológicos, o uso de cartões pré-pagos tem se intensificado no
Brasil.

O uso dos cartões de créditos e débitos no Brasil tem aumentado


substancialmente, principalmente os de débito, cujo valor médio por cartão
aumentou 2.250,7%, porém, o valor médio por transação decresceu de 1,5%. Já os
64

cartões de crédito evoluíram em 741,9% considerando o valor médio por cartão.


Estes dados consideram os anos de 1999 a 2004 de acordo com a tabela 4.8 a
seguir.

Tabela 4.8 - Cartões de débitos e créditos valores das transações

Transações 1999 2000 2001 2002 2003 2004 1999/2004


(%)
Cartão de crédito (R$ milhões) 35.553 45.776 55.215 64.786 77.209 92.505 160.2
Variação (%) ---- 28,8 20,6 17,3 19,2 19,8 --
Valor médio por transação (R$) 64,27 64,85 66,93 66,82 71,26 73,9 14,9
Valor médio por cartão (R$) 1.517,26 1.557,00 1.560,79 1.789,41 1.753,33 1.729,11 14,0
Cartão de débito (R$ milhões) 5.030 9.131 14.151 19.684 29.534 42.345 741,9
Variação (%) -- 81,5 55,0 39,1 50,0 43,4 --
Valor médio por transação (R$) 47,05 44,37 43,38 43,62 44,64 46,4 -1,5
Valor médio por cartão (R$) 74,59 106,85 139,96 172,32 181,43 1.753 2.250,7

Fonte: DEBAN – (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 58)

A eficiente utilização dos meios de pagamentos pelo meio eletrônico depende


da infra-estrutura das redes ATM (automatic teller machine) e canais POS (Point of
Sale), essa infra-estrutura compreende os serviços oferecidos entre os cartões de
crédito, débito e saque de numerário (dinheiro). Essa infra-estrutura não depende
somente dos serviços prestados pelos bancos e operadoras dos cartões, mas,
também, pelos estabelecimentos, e incluindo ainda a confiabilidade de cada
operadora entre os serviços prestados, principalmente no quesito segurança.

A interoperabilidade entre as redes ATM existente no país ainda é baixa, ou


seja, cada operadora ou administradora possui seus próprios pontos de atendimento
e não há comunicação entre os diferentes terminais, com exceção da TecBan
(Tecnologia Bancária) sistema conhecido como Banco24horas, que interliga redes
internacionais como Cirrus, Maestro e Amex. Algumas redes proprietárias também
estão utilizando o sistema da TecBan.

“No Brasil, existem 27 redes proprietárias de terminais ATM, sendo que 26 são
de propriedade de instituições financeiras e uma pertence a TecBan [...] instituições
financeiras que não possuem rede, [...]” (DEBAN, opus citi)
65

Outras redes de nível estadual e regional que não possuem terminais próprios,
mas interligam redes proprietárias de seus associados é a “[...] Rede Verde e
Amarela (RVA), operada pela Associação Brasileira de Bancos Estaduais e
Regionais (Asbace) [...] “ (DEBAN, opus citi)

A distribuição dessas redes e quantidades instaladas no período de 1999 a


2004 entre as federações mostra que essas redes se concentram na região
Sudeste, principalmente nos estados de São Paulo com 33% dos terminais de
atendimento e 35% dos pontos de venda, o Rio de Janeiro com 11% e 15%
respectivamente. Estes dados são melhores compreendidos na tabela abaixo.

Tabela 4.9 - Distribuição dos terminais ATM e POS por unidade da


Federação

Unidades da Federação ATM % POS %


Acre 324 0 2.796 0
Alagoas 1.213 1 8.634 1
Amapá 260 0 3.150 0
Amazonas 1.155 1 14.140 1
Bahia 6.215 4 69.356 6
Ceará 2.904 2 27.474 2
Distrito Federal 3.445 2 32.998 3
Espírito Santo 2.560 2 23.823 2
Goiás 3.791 3 21.182 2
Maranhão 1.505 1 12.582 1
Mato Grosso 1.614 1 20.704 2
Mato Grosso do Sul 1.678 1 10.741 1
Minas Gerais 13.818 10 87.244 7
Pará 2.061 1 20.392 2
Paraíba 1.523 1 11.654 1
Paraná 8.797 6 56.874 5
Pernambuco 4.195 3 31.248 3
Piauí 962 1 11.692 1
Rio de Janeiro 15.684 11 173.559 15
Rio Grande do Norte 1.455 1 12.701 1
Rio Grande do Sul 10.133 7 58.038 5
Rondônia 668 0 5.828 0
Roraima 179 0 9.535 1
Santa Catarina 5.112 4 34.699 3
São Paulo 46.413 33 416.717 35
Sergipe 1.146 1 5.828 0
Tocantins 660 0 3.584 0
Fonte: DEBAN – (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p. 64)

Para melhor compreender estes dados, a evolução do Brasil neste processo de


modernização, considerando o número de transacão per-capita, o número de
terminais por milhão de habitantes e valor médio por transação dessas redes. De
acordo com tabela 4.10, o Brasil está na média de outros países. Essa relação, é de
acordo com o número de terminais por milhão de habitantes e número de transação
66

per-capita. Entretanto, considerando o valor médio transacionado em US$, o Brasil


fica bem abaixo da Alemanha com US$ 149,7 em 2002 e US$ 200,2 em 2003, a
variação do ano de 2002 para 2003 o Brasil e os Estados Unidos tiveram um
percentual de crescimento modesto, de 9,2% no Brasil e apenas 0,3% nos Estados
Unidos.

Tabela 4.10 - Quantidade de terminais e de transações e valor médio transacionado

País Número de terminais por Número de transações Valor médio por


milhões de habitantes per – capitã transação (US$)
2002 2003 % 2002 2003 % 2002 2003 %
Alemanha 612 620 1,3 20,2 39,6 96,0 149,7 200,2 33,7
Bélgica 684 681 (0,4) 23,6 25,4 7,6 96,5 120,5 22,3
Brasil 744 767 3,1 26,0 32,1 23,3 46,5 50,8 9,2
Espanha 1.230 21,0 93,6
Estados Unidos 1.221 1.275 4,4 36,8 37,1 0,8 68,0 68,2 0,3
Finlândia 406 46,3 74,9
França 637 683 7,2 19,8 20,3 2,5 59,1 73,4 24,2
Holanda 466 465 (0,2) 30,5 30,4 (0,3) 100,0 118,6 18,6
Itália 683 671 (1,8) 10,9 11,0 0,9 152,6 186,1 22,0
Japão 895 872 (2,6) 2,9 2,7 (6,9) 451,0
Portugal 1.074 38,0 83,3
Reino Unido 690 786 13,5 38,3 40,0 4,4 90,0 99,1 10,1
Suécia 297 299 0,7 36,0 36,6 1,7 86,2 106,4 23,4
Suiça 706 722 2,3 15,5 15,8 1,9 157,3 179,5 14,1
Fonte: DEBAN – (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, P. 66)

4.4.3 Os Sistemas de Liquidação e Transferências Interbancárias

A reforma do Sistema de Pagamentos Brasileiro como apresentada


anteriormente, teve como principal função gerir a possibilidade de risco sistêmicos,
com a implantação do novo sistema em 1995 e, com diversas reformas, até a
reforma mais recente, em abril de 2002 com o novo sistema de liquidação.

Os principais sistemas de liquidação e transferências de reservas de diversos


países do mundo passaram por mudanças, seguindo um modelo de compatibilidade
entre esses países.

A infra-estrutura de compensação e de liquidação de pagamentos no Brasil é


composta pelos seguintes sistemas:
67

a) STR: liquida ordens de transferência de fundos;


b) Compe: compensa e liquida transações com cheque;
c) CIP-Sitraf: compensa e liquida ordens de transferência de fundos, com
liquidação em D0;
d) CIP-Siloc: compensa e liquida ordens de transferência de fundos, com
liquidação em D+1;
e) TecBan: compensa e liquida transações com cartão de débito e de débito
direto originadas de compartilhamento de terminais ATM;
f) Redecard: compensa e liquida transações com cartão de débito e cartão
de crédito; e
g) Visanet: compensa e liquida transações com cartão de débito e cartão de
crédito. (DEBAN, 2005:40)

Tabela 4.11 – Sistemas de compensação e liquidação Processadas em 2004


Sistema Quantidade Valor Média
(Milhões) % (R$ milhões) % (R$)
CIP-Sitraf¹ 25 0.5 1.768.392 31,9 71.459
CIP- Siloc 94 1.9 89.798 1,6 954
STR¹ 8 0.2 1.591.844 28,7 206.822
Compe² 2.848 55.8 1.961.890 35,4 689
TecBan 89 1.5 7.208 0,1 81
Redecard 799 15.7 50.950 0,9 64
Visanet 1.251 24.5 71.852 1,3 57
Total 5.114 100.0 5.541.934 100,0 1.084
Fonte: DEBAN – (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil, 2005, p.36)
¹ Considerado apenas operações com clientes
² Cheque, DOC (até fevereiro 2004) e Bloquetos de cobrança

Essa multiplicidade dos sistemas de compensação e liquidação no Brasil é


contestada, pois, há quem defende o uso de sistemas mais simples. A experiência
internacional mostra que em muitos países esses sistemas de compensação e
liquidação, opera em um único sistema para todas as operações, como a
implantação do Euro, em janeiro de 2002 e a implantação do Sistema de
compensação e liquidação European Payments Council (EPC) cujo objetivo era:

‘[...] de estabelecer a padronização das regras e procedimentos dos


instrumentos de pagamentos de varejo e a consolidação da infra-estrutura no
sentido de reduzir os custos das transferências em euro [...]’. (DEBAN, p. 91);

Essa simplificação dos sistemas possibilita ganhos de eficiência, custos baixos,


ou seja, a concentração traz ganhos de escala.
Essa tendência à unificação da infra-estrutura ocorre, fundamentalmente,
em função dos ganhos de escala que uma estrutura concentrada permite. A
padronização de processos e protocolos de comunicação aliada à
simplificação de controles para os participantes possibilita uma redução
significativa de custos. (DEBAN, Ibid)
68

A multiplicidade dos sistemas de compensação e liquidação não ocorre apenas


no Brasil, podemos observar na tabela 4.12 que na Alemanha, nos Estados Unidos e
em outros países, operam um sistema múltiplo, cada qual com sua respectiva
especialização. Outros países como a França, o Reino Unido, a Suíça e Bélgica
operam com dois sistemas. Já, Espanha, Finlândia, Holanda, Itália, Portugal e
Suécia possuem um único sistema.

Tabela 4.12 – Infra-estrutura de compensação e liquidação


Pais Sistema
Alemanha RPS, PostBank, Girozentrale e Genossenschaftsbank AG
Bélgica CHB* e CEC
Brasil CIP-Sitraf, CIP-Siloc, Tecban, Redecard, Visanet, Compe
Espanha SNCE
EUA Vários**
Finlândia PMJ
França CEPC’ e CIT
Holanda Interpay
Itália BI-Comp
Portugal SICOI
Reino Unido CC&C´ e BACS
Suécia Bankgiro
Suíça SIC e PostFinance
Fonte: DEBAN – (Diagnóstico do Sistema de Pagamentos no Brasil p. 92)
* Câmaras processadoras de instrumentos em papel, com quantidades e valores insignificantes.
** FED-ACH faz 85% dos pagamentos eletrônicos

O Brasil, em conformidade com esses organismos internacionais, passou a


operar os sistema de liquidação em tempo real, o Sistema de Transferências e
Reservas (STR) em caráter irrevogável e incondicional. Outro aspecto é a simulação
desse sistema com o sistema LBTR (Sistema de Liquidação Bruta em Tempo Real) .

A liquidação bruta em tempo real, operação por operação, possibilita a redução


do risco de liquidação nas operações interbancárias. Especificamente, sistemas
LBTR podem reduzir substancialmente a duração das exposições de crédito e de
liquidez, e, por apresentarem menores riscos, torna-se o meio adequado para
liquidação de transações críticas, em função do valor ou do prazo de liquidação.
Além disso, sistemas LBTR podem oferecer mecanismo eficaz para redução do risco
sistêmico, devido à substancial redução nas exposições bancárias intradia, à
69

impossibilidade de desfazimento de pagamentos e à possibilidade de melhor


distribuição dos pagamentos ao longo do dia.

Pela estruturação do SPB, os sistemas gerenciados e operados pelo Banco


Central, STR e Selic, são do tipo LBTR. No caso brasileiro, as contas das
instituições bancárias para liquidação financeira dos 7 sistemas LBTR e dos
sistemas de LDL são as próprias contas Reservas Bancárias, mantidas junto ao
Banco Central. Essa sistemática permite que todas as liquidações ocorram
diretamente. Em princípio, os sistemas podem ser agrupados em dois tipos:sistema
de liquidação em horário específico (diferida) e sistema de liquidação em tempo real
(contínua), dependendo se o processamento ocorre em horários preestabelecidos
ou em bases contínuas. Neste relatório, estes dois tipos são mais estritamente
definidos em termos de horário da liquidação definitiva.
Participam obrigatoriamente do STR, além do Banco Central do Brasil, as
instituições titulares de conta Reservas Bancárias e as entidades
prestadoras de serviços de compensação e de liquidação que operem
sistemas considerados sistemicamente importantes. As entidades
responsáveis por sistemas não considerados sistemicamente importantes
participam opcionalmente do STR. A Secretaria do Tesouro Nacional - STN
também participa do sistema, sendo liquidadas pelo STR, entre outras,
transferências de fundos relacionadas com recolhimentos de impostos ao
Tesouro Nacional e com o pagamento de despesas do governo federal.
Participam do STR (dez/2004), além do Banco Central do Brasil e da STN,
141 instituições titulares de contas Reservas Bancárias e cinco entidades
operadoras de sistemas de compensação e de liquidação . A utilização do
STR sujeita o participante ao pagamento de tarifa, cujo preço é fixado pelo
Banco Central do Brasil com o objetivo de recuperação de custos (cobertura
dos custos de implantação e de operação do sistema). A tarifa básica é
cobrada das duas pontas da ordem de transferência de fundos, isto é, do
participante emissor e do participante destinatário. A tarifa é reduzida para a
metade de seu valor integral, se a liquidação da transferência de fundos
ocorrer até 8h. O STR é colocado à disposição dos participantes, para
registro e liquidação de ordens de transferência de fundos, em todos os dias
considerados úteis para fins de operações praticadas no mercado
financeiro. (DEBAN 2005:91)

.
Figura 4.12 - Instrumentos de pagamentos e sistemas de liquidação e compensação
Fonte: (Deban-Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos, 2005, P. 42)
70
71

Na figura 4.12, é apresentado o esquema entre os instrumentos depagamento, as


câmaras de compensação e os dias de liquidação em cada uma dessas câmaras.
De acordo com esses sistemas, pela Compe, são compensados os cheques de valor
inferior a R$ 250 mil, sendo, o resultado liquidado pelo STR em D+1. A TED é
liquidada pelo valor bruto na STR em D+0 ou diretamente pelo CIP-Sitraf em D+0
Em relação as transferências de fundos (DOC ou Bloquetos),de valor individual
menor ou igual a R$ 5 mil são compensados e liquidados multilateralmente pelo CIP-
Siloc em D+0. O débito direto é compensado pela TecBan e liquidado
multilateralmente no STR. Os cartões são compensados multilateralmente entre os
três participantes; TecBan, VISANET e REDECARD, sendo a liquidação no STR em
D+1.
5. CONCLUSÃO

Este trabalho foi baseado na literatura pesquisada, não tendo, portanto, uma
pesquisa de campo, sendo deixado o aprofundamento deste processo evolutivo do
Sistema Financeiro Nacional, para pesquisa futura.
Foi essencial para uma boa compreensão do que é sistema financeiro, a
definição de forma breve de algumas funções da moeda e, como essa, multiplica-se
dando fluxo ao sistema financeiro. A evolução do sistema financeiro no Brasil,
apresentado de forma histórica e cronológico, buscando no desenvolvimento deste
trabalho à colocação de pensadores econômicos como Keynes e Friedmann, para o
enriquecimento do tópico 4.1 e 4.2.
Nestes tópicos, de acordo com o objetivo proposto para entre a estabilização
da economia e o sistema financeiro atual, o sistema financeiro atuou como o
propulsor da economia brasileira, ou seja, no desenvolvimento sócio-econômico do
país, estabelece uma ligação com o fatos políticos, econômicos e sociais ocorrido
desde os períodos de transição; do Brasil agrícola, do modelo de substituição de
importações, do milagre econômico na década de 1960, do período de estagnação
na década de 1980 com o desenvolvimento baseado no stop-and-go, a década de
1990 que começou estagnada e teve uma recuperação da economia.
De acordo com um dos objetivos, relacionar o Plano Real com esse sistema,
conclui-se que o Plano Real, obrigou os bancos buscarem novos meios de
lucratividade, contudo, não foi difícil, pois, o próprio modelo possibilitou o aumento
do crédito, favorecido pela estabilidade da inflação, e,
Em conformidade com os objetivos propostos, o início dos anos 2000, inseriu
de forma mais concisa e clara o sistema de pagamentos no Brasil, mecanismo de
prevenção contra a quebra de instituições financeiras nacionais, possibilitado pela
eficiência das Clearings (câmaras de compensação e liquidação) desses meios de
pagamentos de varejo e também entre o sistema bancário.
Como foi apresentado no trabalho, existe cinco câmaras de compensação e
liquidação, foi através desse sistema de liquidação bruta em tempo real (LBTR) e
liquidação diferida líquida (LDL), que possibilitou ao sistema segurança e garantia
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desses meios de pagamentos e evitar, ou, diminuir a eminência de ocorrência de


risco de quebra das instituições tratado no tópico 4.4, que observou-se a eficiência
do modelo brasileiro de compensação e liquidação dos meios de pagamentos por
clearings múltiplas, cada qual com sua competência. Essa multiplicidade de câmaras
de compensação e liquidação (clearings), atua de forma independente e ao mesmo
tempo sincronizada e passando pelo STR ou Cip-Siloc.
Como foi um dos objetivos deste trabalho à verificação da eminência de risco
sistêmico, com esse sistema de compensação e liquidação a ocorrência de tal fato
não é nula, porém o Brasil possui um modelo eficiente, esse modelo controla todos
os débitos e créditos das instituições realizando transações somente com a
existência de saldos em conta sendo que, uma dessas principais contas é a Reserva
Bancária mantida no Banco Central e, este, atuando como observador e
emprestador de última instância, acompanhando a explosão do meio mais cômodo e
rápido de comunicação – a internet.
È através dessa rede mundial de computadores que os meios de pagamentos
como a TED e o uso de cartões de crédito, estão cada vez mais eficientes, não só
em comodidade das transações, mas, também, na segurança (senhas, sites, etc.).
Apresentado neste trabalho, os principais tipos de instituições financeiras
bancárias e não bancárias, no tópico 4.3, observa-se que houve uma diminuição no
número de instituições, porém, o patrimônio das instituições que permaneceram têm
crescido muito nestes últimos anos, a qualidade dos serviços prestados cada vez
mais eficientes, como é o caso da tecnologia de informação, a Internet
Observa-se, portanto, que o período de maior destaque observado, para o
sistema bancário e financeiro, apresentado, foi a década de 1960 e 1970, nesse
período o Sistema Financeiro Nacional galgou grandes passos para a consolidação
do sistema financeiro nacional, e também, dos órgãos de regulação e fiscalização do
Sistema Financeiro, em especial o Banco Central, que a partir da segunda metade
dos anos 1990 muito tem contribuído para o fortalecimento das instituições, no que
diz à segurança do sistema como um todo, e aos usuários, consumidores do sistema
bancário e financeiro, estabelecendo regras e ao mesmo tempo políticas creditícias.
e os compulsórios imposto às instituições bancárias.
O desenvolvimento do Sistema de Pagamentos Brasileiro, em virtude das altas
taxas inflacionária.e instabilidade econômica, que o país tem passado na década de
1980 e 1990, possibilitou o avanço do sistema de pagamentos, pois, era preciso ter
74

um sistema de compensação e liquidação eficiente, isto é, que minimizasse o


máximo possível as perdas inflacionárias. Um bom exemplo dessa evolução é o
sistema de compensação de cheques, que é um dos mais evoluídos do mundo.
Apresentado neste trabalho, os principais tipos de instituições financeiras
bancárias e não bancárias, observou-se que houve uma diminuição no número de
instituições, porém, o patrimônio das instituições que permaneceram têm crescido
muito nestes últimos anos, a qualidade dos serviços prestados cada vez mais
eficientes, como é o caso da tecnologia de informação, a Internet, que possibilita
fazer transações eletrônicas, como transferências de dinheiro entre contas,
pagamentos de contas, e até mesmo, efetuar investimentos eletronicamente..
De acordo com os objetivos propostos, conclui-se que o Sistema Financeiro
Nacional foi um dos fatores essenciais para o desenvolvimento do país, seja para o
financiamento do governo, das famílias e das empresas, dinamizando os bens de
capitais e produtivos da economia. Outorgando, assim, ao Sistema de Pagamentos
Brasileiro, tornando-o eficaz, porém, a possibilidade de um sistema de
compensação e liquidação mais simples, como ocorre em alguns países, poderia
tornar esse sistema mais competitivo, diminuindo custos e possibilitando ganhos de
escalas maiores.
Conclui-se de acordo com os objetivos propostos, a reestruturação do sistema
financeiro atual foi construído na Constituição de 1988 e, a partir de 1995 com os
programas de fomento e recuperação das instituições financeiras, quanto aos
sistemas de compensações e liquidações, o Brasil é eficiente, porém, poderia ser
mais simples esse sistema, quanto à ocorrência de risco sistêmico, o país também é
eficaz.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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