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TUDO SOBRE PROTEÍNAS


Muitas vezes criam-se mitos ao redor de determinados assuntos e estes adquirem
status de verdade absoluta, as dietas muito ricas em proteínas são um exemplo desses
infundados dogmas, de modo que há um consenso entre praticantes de atividades
físicas, leigos e alguns profissionais de que altíssimas quantidades de proteínas são
essenciais para que se obtenha resultados que variam desde redução do percentual de
gordura até hipertrofia muscular. Segundo CARPENTER (1986) as atribuições inerentes
a proteína são baseadas na idéia de Liebig, para quem este macronutriente era a fonte
de energia dos músculos, assim como a observação de que as pessoas (e nações) mais
bem sucedidas e influentes tinham uma ingestão protéica mais alta.

Mas quais são as bases científicas para esta teoria? Será que ela é verdadeira?

INTRODUÇÃO ÀS PROTEÍNAS

Peço que não pulem esta parte, pois a compreensão de alguns conceitos e reações
apresentados aqui será muito útil no futuro.

A proteína é uma molécula relativamente grande formada pela união de blocos


menores denominados aminoácidos, os quais recebem este nome por possuírem um
radical amino (NH2) e um radical ácido orgânico, tecnicamente denominado carboxila
(COOH). Além desses dois radicais, os aminoácidos possuem uma cadeia lateral que lhe
dará características específicas. Estes “blocos” podem se combinar de infinitas
maneiras, formando diferentes proteínas como insulina, hormônio do crescimento e
proteínas musculares.

Nosso corpo tem a capacidade extremamente limitada de armazenar aminoácidos,


transformando o excesso de proteína em outras substâncias. No inicio dessas reações,
a proteína é degradada a aminoácidos, os quais tem seu nitrogênio retirado por um
processo denominado desaminação (lembrem-se que a proteína é o único
macronutriente que possui nitrogênio). Após a desaminação, o nitrogênio é excretado
pelos rins na forma de uréia. Se o organismo recorrer com muita freqüência a estas
reações pode ocorrer sobrecarga do fígado e rins, principalmente em pessoas
predispostas.

O esqueleto restante da desaminação será, então, usado em outros processos, ou


seja a proteína que excede a necessidade metabólica simplesmente é convertida em
outras moléculas (inclui-se aí a gordura) ou usada como energia.

Estando o nitrogênio presente no produto das reações de “quebra” de proteínas, a


sua excreção é diretamente relacionada aos resultados deste processo, sendo a
relação entre ingestão e eliminação de nitrogênio chamada balanço nitrogenado.
Quando houver mais nitrogênio sendo ingerido que eliminado, ocorre o balanço
nitrogenado positivo, ou seja, o corpo reteve a proteína (anabolismo), já o
desequilíbrio a favor da eliminação é denominado balanço nitrogenado negativo
(catabolismo).

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VANTAGENS DA PROTEÍNA

• Menor resposta de insulina em comparação com os carboidratos: a insulina


inibe a liberação de hormônio do crescimento e media o processo de acúmulo
de gordura, sendo assim é interessante evitá-la em alguns casos. Porém este
hormônio também influencia positivamente na construção de tecidos e
absorção de creatina, o que é muito interessante para pessoas que almejam
ganhos de massa muscular (GUERRERO-ONTIVEROS, 1998),
• Maior indução da termogênese: alimentos ricos em proteínas induzem maior
gasto energético durante a digestão (LeBLANC et al, 1991).
• Menor quantidade de calorias em relação a gordura (porém um pouco maior
em relação aos carboidratos).
• Alimentos protéicos geralmente são menos saborosos e o processo digestivo
mais complexo, o que acaba por levar a menor ingestão calórica.
• Alguns aminoácidos (essenciais) não são sintetizados pelo corpo, só podendo
ser obtidos pela alimentação (ou suplementação).

O QUE DIZEM AS PESQUISAS

Já em 1975, MUNRO afirmava a existência de um mecanismo eficiente de


reciclagem de aminoácidos, relatando que o metabolismo protéico na musculatura
esquelética exibe eficiência considerável na reutilização de aminoácidos essenciais, o
que nos levaria a questionar se altas quantidades de proteínas seriam realmente
necessárias.

Há alguns experimentos que podem ser usados a favor das dietas


hiperprotéicas, mas maior problema destes estudos é o fato de não considerarem a
ingestão calórica total, essas limitações levaram autores como WOLFE (2000) a
concluir que ainda não seja possível formar um consenso quanto aos benefícios dos
suplementos de proteínas e/ou aminoácidos. MUNRO (1974) aborda o problema com
propriedade ao afirmar que um aumento na ingestão calórica será frustrado se a
ingestão de proteínas for muito baixa, assim como um aumento na ingestão protéica
de nada valerá se a ingestão calórica for baixa. PROCTOR et al (1991), parecem
concordar e consideram que uma dieta composta de 15-20% de proteínas é suficiente
para atletas (de força ou de resistência) desde que haja uma ingestão calórica
adequada. Segundo LEMON “talvez o fator mais importante a determinar as
necessidades de aminoácidos/proteínas seja a ingestão de quantidade adequadas de
calorias”.

Nesta linha, DOHM (1984) afirma que apesar de tanto atletas de endurance
quanto de força necessitarem de maiores quantidades de proteínas em termos
absolutos, a ingestão relativa “normal” será suficiente se as calorias ingeridas forem
adequadas. PAUL et al, realizaram um estudo em 1989 onde se afirma que apesar dos
atletas necessitarem de mais proteínas que pessoas sedentárias em termos absolutos,
quando se expressa essa quantidade em relação à quantidade calórica total, as
porcentagens diferem muito pouco.

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Em 1993, ECONOMOS e outros pesquisadores realizaram uma revisão de
literatura procurando avaliar as recomendações nutricionais seguidas por atletas de
elite. Segundos os autores, havendo ingestão calórica suficiente, a suplementação de
proteínas não se faz necessária, para eles, atletas em treinamento deveriam manter
cerca de 70% da sua ingestão calórica provenientes de carboidratos. Na opinião dos
autores nenhum alimento isolado melhorará a performance dos atletas, e o aspecto
mais importante seria seguir as orientações básicas de uma alimentação saudável.

Em alguns experimentos, mesmo o aumento da ingestão protéica em cerca


100% se mostrou ineficiente. No estudo de CAMPBELL et al (1994), os participantes
recebiam 0,8 ou 1,6g/Kg/dia de proteína, os resultados não mostraram diferenças nas
medidas da composição corporal nem nos componentes do metabolismo energético
durante as 12 semanas de treinamento de força. Outra pesquisa que revelou a
ineficiência do aumento da ingestão protéica foi realizada por LEMON et al (1992)
onde observou-se a influência da elevação da quantidade de proteínas na massa
muscular e força. Foi comparado o uso de 2,62g/Kg/dia de proteínas com 1,35g/Kg/dia
durante um mês de treinamento intenso. Ao final do experimento, os ganhos de força
e massa muscular não diferiram entre os dois grupos. De acordo com os resultados, a
quantidade de proteína necessária para manter um balanço nitrogenado neutro foi de
aproximadamente 1,4-1,5g/Kg/dia, sendo a quantidade de 1,6-1,7g/Kg/dia
recomendada para um balanço nitrogenado positivo.

Considerando que a demanda energética esteja sendo devidamente equilibrada


com a alimentação, diversos autores concluem que dietas compostas de 12-15% de
proteínas, fornecendo 1,2-1,6 g/Kg/dia são suficientes para atletas de força. Alguns
exemplos são: LEMON (1988):1,2-1,6g/Kg por dia; LEMON et al (1992): 1,6-
1,7g/Kg/dia; WILLIAMS (1995), 1,2-1,7g/Kg/dia.

DOLNY et al (1984) E LEMON (1991) sugerem um pouco mais, recomendando


aos atletas consumir de 1,5 a 2 g/Kg/dia, porém afirmam que estas quantidades
podem ser facilmente obtidas através de uma dieta composta de 12 a 15% de
proteínas.

Muitas vezes a suplementação protéica proporciona apenas uma correção, a


qual ocorre nos níveis de proteína ou simplesmente na ingestão calórica. Em 1988,
CHIANG et al comprovaram a influência da ingestão calórica na retenção de nitrogênio,
mantendo-se a ingestão protéica em cerca 1,25 g/Kg de massa corporal. Durante o
experimento elevou-se a ingestão calórica em 15% e depois 30%, o que fez a retenção
de nitrogênio aumentar de 7,2 mg/Kg/dia para 23,8 mg/Kg/dia e 33,3 mg/Kg/dia
respectivamente. Como visto, não foi necessário subir a quantidade de proteínas, mas
apenas aumentar a ingestão calórica total. Detalhe que esta quantidade de 1,25
g/Kg/dia é o limite inferior da recomendação de muitos especialistas.

MELHOR MANEIRA E MOMENTO INGERIR

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Apesar de quantidades adequadas de proteínas (não doses muito elevadas)
poderem beneficiar tanto indivíduos treinados quanto sedentários, os efeitos são mais
evidentes em praticantes atividades físicas. Para WOLFE (2000) tanto a composição do
suplemento ou refeição, quanto a hora de ingestão são importantes no resultado, o
que não significa necessariamente dividir sua ingestão diária em inúmeras doses com
pequena concentração de proteínas.

Apesar de haver aumento do catabolismo após exercícios com pesos, isto é


comparativamente reduzido em relação ao aumento da síntese protéica, que pode
durar até dois dias. A elevação do anabolismo é ligada a disponibilidade intramuscular
de aminoácidos e conseqüentemente ao aumento do fluxo sangüíneo e entrega de
aminoácidos ao músculo. Sendo assim, a administração de aminoácidos após
exercícios aumenta a síntese de proteínas enquanto atenua o catabolismo,
melhorando o balanço nitrogenado (TIPTON et al, 1998).

BIOLO et al (1997), verificaram que a hiperaminoacidemia é 30-100% mais


eficiente quando ocorre após atividades físicas. A síntese protéica após o exercício
também foi maior que no repouso (291 +/- 42% vs. 141 +/- 45%), porém o catabolismo
muscular não foi significativamente afetado. Segundo os autores, a ingestão protéica
após atividades físicas pode ser mais anabólica do que em qualquer outro período.

Seguindo esta tendência do melhor aproveitamento após atividades físicas,


Bryan Haycock propôs o protein pulse feeding, um método revolucionário que
recomenda a concentração de grande parte da ingestão protéica (80%) no período
pós-treino. (tratarei deste método em um artigo específico).

Como foi dito anteriormente há uma grande distância entre a ingestão de


proteínas e sua disponibilidade, o que levou cientistas a criarem variações deste
macronutriente, como a whey (lactoalbumina, obtida do soro do leite) e os pools de
aminoácidos. Outra evolução dos suplementos foi melhorar as proporções de
aminoácidos, aumentando o valor biológico dessas proteínas. Dentre os suplementos
encontrados no mercado, tanto os compostos de aminoácidos, quanto o whey são os
que unem melhor estas características.

CONCLUSÃO

Indiscutivelmente a proteína é necessária, mas deve ser ingerida de forma


consciente e equilibrada, não há porque faze-la de maneira extrema, conforme
recomendam muitos “especialistas”. Faltam bases científicas suportando a teoria de
que ingestões protéicas muito elevadas trarão os benefícios prometidos, afirmar que
esta relação seja tão simples é manipular errada e perigosamente conceitos da
fisiologia humana até porque, além da eficiência questionável, há a probabilidade de
sobrecarga dos rins e fígado, com conseqüentes riscos a saúde.

Não estou condenando a suplementação protéica, somente questionando a


dieta absurdamente rica em proteínas. Os suplementos podem ser úteis na medida
que oferecem proteínas facilmente digeríveis e de altos valores biológicos. Além disso,

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estes suplementos podem beneficiar vegetarianos e pessoas muito ocupadas, com
dificuldade de se alimentar adequadamente, para elas os compostos hiperprotéicos
mais completos são de grande valia na manutenção de uma alimentação saudável.

Atrás da dieta rica em proteínas, como em todas as teorias radicais, há mais


interesses financeiros do que humanos, tanto que sua propaganda é invariavelmente
feita através de apelos emocionais e empíricos, quando deveriam ser científicos. Por
incrível que pareça, a quantidade calórica é mais importante que a composição da
dieta na maioria dos casos. A simples prática de uma alimentação equilibrada e
coerente com sua demanda metabólica é a melhor maneira de potencializar o
resultado dos seus treinos.

Da próxima vez que tentarem ingerir a terrível (e quase sempre insolúvel)


albumina, se empaturrarem de claras de ovo ou gastarem uma nota em suplementos,
pensem no porquê desta prática e se perguntem: será que vale a pena?

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HMB
Os efeitos anticatabólicos da Leucina e seu metabólito KIC tem sido propostos
há mais de 40 anos. Atribui-se a eles diminuição da perda de nitrogênio e inibição do
processo de degradação da massa muscular, porém isto nunca verificado com clareza,
a menos em alguns casos patológicos de proteólise elevada. Alguns pesquisadores
basearam-se em estudos feitos em animais para criar a hipótese que o ß-hidroxi-ß-
metilbutirato (HMB) seja o responsável pelos efeitos anti-catabólicos por vezes
encontrados com a Leucina e seus derivados. O HMB é um metabólito da Leucina
naturalmente produzido pelo organismo, em quantidades médias de 200 a 400 mg por
dia, podendo também ser obtido a partir da alimentação. No corpo humano cerca de
5% de toda Leucina é convertida em HMB.

Até hoje não se sabe ao certo como o HMB poderia funcionar, no entanto
existem duas hipóteses básicas: 1) inibição direta do processo proteolítico; 2) o HMB
pode ser similar e covalentemente ligado a estruturas da membrana destruídas sob
estresse, o que diminuiria os danos celulares.

Existem muitos estudos acerca dos efeitos dos metabólitos da Leucina, porém
uma boa parte deles foi feito em animais, usando-os com sucesso para aumentar o
peso e melhorar sua resistência a doenças (KREIDER et, 1994; VAN KOEVERING et al,
1994; NISSEN et al, 1994).

Pesquisas em humanos destreinados.

Em 1996 NISSEN et al, usaram 3 diferentes doses de HMB (0, 1,5 e 3


gramas/dia) combinadas com duas quantidades diárias de proteína (117 e 175 gramas)
em pessoas treinando musculação pela primeira vez. De acordo com os resultados,
houve diminuição dos marcadores de degradação protéica com a suplementação de
HMB, porém as alterações na massa magra e no percentual de gordura não foram
significativas. É interessante notar uma "puxada de sardinha" na maioria dos estudos,
principalmente os que têm a participação de NISSEN (ou seja, a maioria deles), no
citado anteriormente, por exemplo, não houve alteração significativa na massa magra,
porém ocorreu uma tendência de aumento, e os autores convenientemente apenas
falaram que ocorreu a tendência, dando a impressão de resultados positivos. Também
é importante frisar que a maioria dos marcadores de danos celulares não teve
redução, porém os pesquisadores se prenderam somente aos marcadores que
mostraram resultados positivos. Ainda assim, sem diferença significativa na
composição corporal e na maioria dos marcadores de danos celulares, o estudo
apresenta duas hipóteses de como o HMB promove sua "mágica" e conclui que a
suplementação de HMB em pessoas submetidas a treinamento de força intenso
resulta em ganho de massa magra e diminui o catabolismo. Uma observação minha:
isto também ocorreu em pessoas que não tomaram HMB e realizaram o treino de
força.

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Em setembro de 200 foi publicado outro estudo que usou 3 gramas diárias de
HMB ou placebo em mulheres submetidas a 4 semanas de treino de força. Com a
suplementação, obteve-se uma tendência a redução nos níveis plasmáticos de creatina
fosfoquinase (um indicador de danos celulares), com maiores ganhos de força e de
massa magra. O grupo experimental ganhou em média 1,4 kg de massa magra e
perdeu 1,1% de gordura, enquanto o placebo ganhou 0,9 kg de massa magra e perdeu
0,5% de gordura, sem, no entanto, haver diferença significativa entre os grupos (p =
0,08) (PANTON et al, 2000). Novamente aparecem tendências, sem nada poder ser
afirmado.

Em 2000, GALLAGHER et al publicaram um estudo que mostra claramente a


necessidade de termos cuidado com a interpretação de pesquisas. Houve três
intervenções: sem suplementação de HMB; 38 mg de HMB por quilo de peso corporal
e 76 mg/kg por dia. Trinta e sete homens destreinados terminaram o estudo de 8
semanas, que incluía a prática de musculação 3 vezes por semana. Os resultados foram
curiosos:
- Não houve diferenças de força nos testes de 1 repetição máxima.

- Nos testes isocinéticos houve superioridade em algumas velocidades para a


suplementação de 38 mg/kg e em outras para 76 mg/kg, enquanto no restante não
houve diferenças entre os três grupos.

- Dois dias após o treino, os marcadores químicos de danos celulares eram menores
nos grupos que suplementavam HMB.

- Não houve diferença nas alterações no percentual de gordura entre os grupos.

- O grupo que utilizou 38 mg/kg ganhou em média 1,9 kg de massa magra, enquanto
os outros grupos não tiveram alterações.

A parte que intriga é que os níveis de HMB eram maiores quanto maiores
fossem as doses ingeridas, sendo assim por que somente o grupo que ingeriu 38 mg/kg
teve aumento da massa magra? Se o HMB realmente funciona, por que as doses
maiores não produziram nenhum resultado? Se o HMB realmente funciona, por que os
testes de força não foram consistentes?

Casos especiais e segurança

Pesquisadores do Centro Médico do Condado de Nassau, usaram a combinação


de 3 g de HMB, 14 g de Glutamina e 14 g de Arginina para conter a perda de massa
magra em pacientes com AIDS. Sessenta e oito pacientes foram recrutados nesse
estudo de 8 semanas, medindo-se o peso corporal, a massa magra e a massa gorda. Ao
final do estudo, os pacientes que receberam os suplementos ganharam +/- 3 kg de
peso total, enquanto os outros ganharam 370 gramas, este ganho de peso do grupo
experimental foi principalmente devido à massa magra (2,55 kg), ao contrário do
grupo placebo que perdeu 0,9 kg de massa magra. Outro ponto importante foi um
aumento de fatores imunológicos no grupo experimental. (CLARK et al, 2000).

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Esta mesma dosagem de 3 gramas foi usada por VUKOVICH et al (1997) em
idosos, verificando aumento de 1,5% na massa magra e diminuição de 4,1% na massa
gorda ao final de 8 semanas.

Quanto á segurança, NISSEN et al realizaram uma revisão em 2000 e concluíram


que até 3 gramas diárias são seguras, mostrando inclusive efeitos positivos no níveis
de colesterol. GALLGHER et al (2000) também concluíram que a suplementação de
HMB era segura após acompanharem por 8 semanas a utilização de mais de 6 gramas
diárias e analisarem fatores enzimáticos relacionados à função hematológicas,
hepática e renal. KREIDER et al (2000) e NISSEN et al (1996) usaram doses de 3 gramas
diárias e também não encontraram efeitos colaterais com a suplementação de HMB.

Vida real

Vejamos agora os estudos em pessoas treinadas.

Em 1999, KREIDER et al, analisaram os efeitos da suplementação de HMB em


homens treinados em musculação. No estudo foi testada a suplementação de 0, 3 ou 6
gramas de HMB juntamente com uma bebida carboidrato e proteína em 40 atletas. Os
resultados não mostraram diferença nas alterações na composição nem na força entre
os grupos. Apesar das concentrações séricas e urinárias de HMB subirem, os resultados
não indicaram nenhuma diferença estatística nos marcadores de
anabolismo/catabolismo, massa magra, massa gorda, percentual de gordura e força,
Concluindo que a suplementação de HMB não produz efeitos positivos em pessoas
treinadas.

No ano seguinte, o mesmo KREIDER participou de outra pesquisa em pessoas


treinadas. A amostra era composta por jogadores de futebol americano que estavam
habituados a treinar força. Durante o estudo foram administradas 3 gramas diárias de
HMB. Novamente os resultados não mostraram mudanças significativas nos
marcadores de anabolismo/catabolismo, composição corporal (peso total, percentual
de gordura, massa magra...), força, e performance de sprint. Com estes resultados, os
autores concluem que o HMB não produz alterações positivas na composição corporal,
nem oferece vantagens ergogênicas para atletas bem treinados (KREIDER et al, 2000).

Em uma revisão de literatura, SLATER & JENKINS (2000) afirmam que o HMB
pode ter efeitos em pessoas jovens destreinadas, porém não há material suficiente
para generalizar os resultados para pessoas treinadas. Os autores alertam ainda para a
necessidade de cautela diante da interpretação dos resultados das pesquisas devido à
falta de rigor da maioria delas, e (observação minha) manipulação das pesquisas.

Concluindo

As doses de HMB usadas nos estudos são muito altas para a possibilidade (e
não certeza) de se obter algum resultado. E veja que estou falando em possibilidades,
pois os efeitos, quando encontrados, são reduzidos e foram verificados apenas em
pessoas destreinadas ou em condições patológicas, sem comentar a estranha omissão

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de informações importantes e as conclusões incompatíveis com os resultados da
pesquisa.

O uso de HMB para obter resultados estéticos por praticantes de musculação é


uma prática de custo financeiro muito elevado e sem eficiência comprovada. Já ouvi
muitos comentários sobre o envolvimento do dono da patente do HMB em algumas
(para não dizer todas) pesquisas que mostraram resultados positivos desta
suplementação. Mesmo que isto não seja verdade, a inconsistência dos estudos e suas
falhas metodológicas não permitem que se promova o uso do HMB.

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NATAÇÃO ENGORDA?
A natação é um dos esportes mais praticados do mundo, sendo normalmente
recomendado para pessoas com problemas respiratórios, com lesões músculo-
esqueléticas e pessoas desejando perder peso. Especificamente com relação à perda
de peso, acredita-se que a natação forneça um alto gasto energético por envolver um
grande número de músculos em seus movimentos.

No entanto, é paradoxal ver que nadadores normalmente apresentam maiores


quantidades de gordura corporal em comparação com atletas de outras modalidades.
Como exemplo podemos citar um estudo da década de 1980 no qual foram
comparados nadadores e corredores. Os resultados mostraram diferenças em atletas
de ambos os sexos, no caso dos homens, os corredores possuíam em média 7% de
gordura, enquanto os nadadores possuíam 12%, já para as mulheres os valores foram
de 15 e 20%, respectivamente (Jang et al, 1987). A análise de gasto calórico não
revelou a origem da diferenças, no caso dos homens não houve diferença entre o
balanço energético nem entre o gasto calórico (3380 para nadadores e 3460 kcal para
corredores). No caso das mulheres, a situação foi ainda mais paradoxal, tendo em vista
que as nadadoras gastavam mais energia (2490 x 2040 kcal) e ainda se encontravam
em um balanço energético negativo (Jang et al, 1987).

Ao observar a comparação entre atletas, pode-se alegar que as diferenças de


composição corporal sejam atribuídas à seleção natural, pois nadadores se
beneficiariam menos de corpos mais densos. No entanto, os estudos usando tais
atividades como intervenção trazem testemunho contra a natação. É o caso do estudo
publicado por Gwinup em 1987, comparando três atividades: caminhada,
cicloergômetro e natação. O experimento durou seis meses e o tempo das atividades
foi aumentado até se chegar a 60 minutos diários. Após o término do estudo, que não
envolveu restrições alimentares, as praticantes de caminhada perderam 10% do peso
inicial, as de ciclismo 12% e as de natação não perderam peso algum (na verdade
houve um aumento médio de 2,5 quilos), adicionalmente a análise da composição
corporal revelou que não houve perda de gordura nas nadadoras.

Uma das explicações para a suposta ineficiência da natação na redução da


gordura corporal está em um possível aumento de apetite causado pela atividade, fato
que alguns praticantes relatam através da observação pessoais. No entanto, o estudo
de Jang et al (1987) não encontrou diferenças entre a ingestão de calorias de
corredores e nadadores, e estudos em animais mostram que as mudanças no
comportamento alimentar decorrentes do treino de natação podem ser positivas,
diminuindo a ingestão de gorduras (Boghossian & Alliot, 2000; Boghossian et al, 2000).
Isto também não parece ocorrer em atletas, como mostra estudo realizado com uma
equipe universitária de natação, no qual foi verificado que o aumento de volume e
intensidade dos treinos não era acompanhado por um aumento proporcional da
ingestão calórica, levando a redução da gordura corporal (Barr & Costill, 1992). Em de
1999, Lambert et al compararam a ingestão de energia 2 horas após 45 minutos de
natação ou corrida (a 71,8% do VO2máx) em triatletas bem treinados e verificaram

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que não havia diferença na percepção de fome nem na ingestão calórica após as
atividades.

Um possível efeito agudo no metabolismo também não pode ser usado como
justificativa. Em um estudo de Flynn et al (1990), foram comparados os efeitos da
corrida e da natação (45 minutos a 75% do VO2 máx) no metabolismo durante as duas
horas seguintes às atividades. Os resultados mostraram que o gasto calórico tanto no
exercício quanto no repouso era similar nas atividades, no entanto, o taxa de troca de
gases sugere uma maior utilização de gordura para natação.

Considerações finais

Apesar de ainda não existir uma explicação para o fenômeno, a literatura atual
não fornece suporte para a crença comum de que a natação seja uma “excelente”
atividade para perda de gordura, não havendo evidências de sua superioridade sobre
as demais. Entretanto ainda é necessário estudar as variações metodológicas para se
ter um posição mais precisa quanto à real eficiência da atividade, antes de rotulá-la
como ineficiente.

Certamente a natação é uma atividade excelente, sendo útil para diversas


situações, especialmente como uma forma de lazer e de segurança, no entanto ela
vem sendo prescrita de forma generalista por profissionais desinformados. Com a
crescente popularidade deste esporte, profissionais acomodados vêm enxergando-a
como uma panacéia para casos de problemas articulares, osteoporose, obesidade,
perda de peso e diversas outras situações onde ela pode não trazer os resultados
esperados quando comparada com outras atividades.

É importante que a natação seja praticada e recomendada pelos diversos


benefícios que ela pode realmente produzir, no entanto, deve-se ter cuidado para não
se prescrevê-la de maneira irresponsável, o que pode afastar o aluno dos resultados e
eventualmente rotular esta atividade como “inútil”.

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SOBRE O PROGRAMA DE TREINAMENTO
MAX PUMP
Os produtos fornecidos pelo MAX PUMP tem o propósito de divulgar
informações somente. MAX PUMP não visa substituir o acompanhamento de
profissionais de saúde, tais como médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de
educação física.

Os produtos de MAX PUMP não devem ser usados em detrimento de


informações prestadas por tais profissionais. Os resultados obtidos pelo uso das
informações disponibilizadas pelo MAX PUMP podem variar de pessoa para pessoa,
uma vez que cada organismo tem suas características individuais.

O CLIENTE é o responsável pela sua saúde, pelas pesquisas sobre dietas e pelas
decisões que tomar. Sendo assim, MAX PUMP aconselha que você consulte o seu
médico ou profissional de saúde antes de fazer sua dieta ou tomar qualquer decisão
que tenha reflexo em sua saúde.

Atenciosamente,
Equipe MAX PUMP
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