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Portel

Uma vila, um hotel e uma barragem

Portel é mais conhecido por ser onde os vip´s portugueses costumam caçar — o Monte do
Peral de Américo Amorim fica aqui ao lado, convivendo com mais 16 coutadas em todo o
concelho, todas com javalis, perdizes, lebres e veados. Ou por aqui perto estar a nascer a
barragem do Alqueva. Não costuma ser destino turístico — é muito mais um ponto de
passagem para terras que souberam preservar melhor o seu património.

Só que a vila, a 40 quilómetros de Évora, e os seus arredores, têm muito mais história do que
aquela que normalmente nos ocorre. E lendas e tradições profundamente arreigadas, com o
cristianismo a assumir um papel crucial.

Para descobrir este Alentejo menos melancólico, Portel é um bom ponto de partida. E de
chegada também, quando o regresso se faz para o novo hotel rural Refúgio da Vila, numa casa
oitocentista do centro da povoação, que se apresenta como "a sua casa no Alentejo".

Antes de ser hotel, o antigo solar da família Palhavã Amaral foi partilhado e depois vendido,
esteve algum tempo abandonado e teve um momento de glória quando o realizador Luís Filipe
Rocha o escolheu para cenário do filme Cerromaior (1981), inspirado na novela homónima de
Manuel da Fonseca.

É em 1993 que chega finalmente às mãos de Sofia Vieira, na altura uma jovem guia-intérprete
que resolve apostar na criação de um hotel rural, numa terra esquecida pelo turismo.

Um desafio e tanto, que ganhou vida própria no princípio deste ano. Da quase ruína passou a
uma casa solarenga de grande conforto, com o charme dos pequenos hotéis. Os tectos
trabalhados foram recuperados, alguns frescos — maltratados por um empreiteito ignorante —
terão em breve o mesmo destino. A piscina é construção nova.

Dentro e fora, a cor dominante é o branco. As portas verdes da enorme fachada estão
aconchegadas pelas habituais barras alentejanas, aqui em amarelo-ocre. No interior, os 30
quartos foram divididos por duas áreas distintas: doze ficam na casa principal, os restantes
alinham-se ao longo da reconstituição de uma rua alentejana, com entradas directas do
exterior, e foram concebidos para satisfazer as necessidades dos caçadores. Mas também são
ideais para quem busca privacidade.

Todos os quartos têm ar condicionado, telefone directo, televisão via satélite e mini-bar. Neles,
como nas salas comuns, a decoração impõe-se pelo charme e pela
elegância. Uma conjugação de tonalidades em cru, misturadas com
alguns apontamentos de cores mais fortes e alguns amarelos, criam um
ambiente caseiro e acolhedor, onde apetece ficar.

Mesmo sabendo que lá fora está uma paisagem que em breve irá
desaparecer — enchimento da barragem oblige — e que este concelho
Suíte do Paço, onde o
afinal tem muitos recantos para explorar. De preferência de jeep, que destaque vai para o
aqui o caminho até às melhores paisagens, e aos montes particulares impressionante tecto
mais bonitos, faz-se por terra batida. Só que é fundamental ter um guia. trabalhado.
Peça-o no Refúgio da Vila, que além destes percursos em TT (no 4x4 do hotel), também
proporciona passeios a pé na vila e na serra de Portel, caçadas em reserva ou visitas a
Alqueva. E consegue que as pessoas que guardam as chaves de igrejas se disponibilizem para
as abrir.

In Rotas e Destinos

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