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UFMT
Grupo de Pesquisa:
Cartografia Geotécnica e
Dinâmica Superficial
CARACTERIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO
CARTOGRÁFICA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE (APP’S) E DE ZONAS DE INTERESSE
AMBIENTAL (ZIA’S) NA ÁREA URBANA DE CUIABÁ.
Agosto de 2008
CARACTERIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO CARTOGRÁFICA DAS ÁREAS
DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP’S) E DE ZONAS DE
INTERESSE AMBIENTAL (ZIA’S) NA ÁREA URBANA DE CUIABÁ.
EQUIPE TÉCNICA
1
Departamento de Geologia Geral da Universidade Federal do Mato Grosso
2
Departamento de Geologia Geral da Universidade Federal de Mato Grosso
3
Instituto de Pesquisa Matogrossense
4
Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso
5
Instituto de Pesquisa Matogrossense
6
Instituto de Pesquisa Matogrossense
1
SUMÁRIO
Pág
1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 1
2. METODOLOGIA ............................................................................... 3
7.BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 46
LEGENDA DE FIGURAS
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3
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1. INTRODUÇÃO
O presente relatório atende a serviços contratados pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Urbanismo (SMADES) de Cuiabá em parceria com empresários desta
Capital, mediante convênio de cooperação mútua celebrado entre o Instituto de
Pesquisa Matogrossense – IPEM e o município de Cuiabá, com execução a cargo do
Grupo de Pesquisa Cartografia Geotécnica e Dinâmica Superficial da UFMT7, tendo por
objetivo geral identificar, caracterizar e mapear as Áreas de Preservação Permanente
(APP), bem como propor Zonas de Interesse Ambiental (ZIA), dentro da área
urbanizada de Cuiabá, com base em critérios técnicos estabelecidos.
7
Registrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil junto ao CNPq e credenciado pela
Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.
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2
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2. METODOLOGIA
A execução do projeto obedeceu à orientação principal de oferecer as informações
concernentes ao meio ambiente, necessárias para a caracterização e delimitação
cartográfica das Áreas de Preservação Permanente (APP) e das Zonas de Interesse
Ambiental (ZIA) da área urbanizada de Cuiabá, que foram consolidadas em formato
analógico na escala 1:10.000, direcionada para a correta administração do uso e
ocupação do espaço urbano, priorizando os aspectos relativos ao risco quanto aos
processos de dinâmica superficial, bem como o mapeamento das áreas legalmente
protegidas e as de interesse ambiental.
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São apresentados aspectos do clima, geologia, solos e relevos dentro de uma visão de
análise integrada voltada ao entendimento do comportamento da dinâmica das águas.
De acordo com o IBGE (1989) e Nimer & Brandão (1989), as Estações de Cuiabá,
localizada em Várzea Grande, e de Coxipó da Ponte (bairro Coxipó), encontram-se no
âmbito da Baixada Cuiabana, em cotas altimétricas de 172m e de 150m,
respectivamente, cujos balanços hídricos sazonais são representativos não só para a
cidade da Cuiabá, como também, para a região do médio curso do rio Cuiabá.
A zona climática é do tipo C2wA’a’, conforme IBGE (1989) e Nimer & Brandão (1989),
Figura 1, e enquadra-se no grupo Úmido (C2- da classe subúmido - úmido, com
moderados excessos na estação úmida e moderado déficit na seca, apresentando o
índice de umidade efetiva entre 0-20); com variação sazonal (w- mas, com moderado
déficit de água no inverno, sendo o índice de aridez entre 16,7-33,3); o clima é
megatérmico, do ponto de vista termal (A’- apresentando valores de eficiência térmica
anual, que é dada pela evapotranspiração potencial, entre 1.495mm e 1.397mm); além
disso, tem o índice de concentração da eficiência térmica no verão com valor de 48%
(sendo portanto do tipo – a’).
A precipitação efetiva anual ser negativa e o clima ser do tipo subúmido úmido, com
moderados excessos de água na estação úmida (verão) e moderado déficit na estação
seca (quando ocorre o inverno), implica em se ter uma estação de excesso que não é
muito úmida e uma estação de déficit que não é muito seca.
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Figura 1 – Balanços hídricos das Estações Meteorológicas de Cuiabá e Coxipó da Ponte, municípios de Várzea Grande e
Cuiabá/MT. Fontes: IBGE (1989) e Nimer & Brandão, (1989).
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Ao se iniciar em maio a estação de déficits, com forte redução da precipitação, ela não
é suficiente para criar valores elevados negativos, em virtude do decréscimo paralelo da
evapotranspiração potencial e conseqüentemente, em maio, o déficit é ainda pequeno.
Só a partir de junho, quando os solos estão quase inteiramente exauridos de água e a
precipitação quase nula, os déficits para as plantas se tornam importantes,
principalmente entre agosto e setembro (70mm em média a cada mês), sendo esses os
mais secos do ano e juntamente com outubro, formam o trimestre das maiores
vazantes dos rios.
Tal fato evidencia uma adaptação das formações vegetacionais naturais em termos de
requerimento de água, face à sazonalidade climática regional o que resulta em ajustes
ecofisiológicos, que são transmitidos geneticamente aos descendentes. Por isso, as
espécies do Cerrado da Baixada Cuiabana são fortemente aptas à suportarem elevados
graus de estresses hídricos, baixa capacidade edáfica dos solos, sendo de alta
rusticidade e alta resiliência, em função das alterações da própria dinâmica superficial,
do balanço morfogênese/ pedogênese, etc.
Assim, o excesso de água no solo e nos cursos d’água da região, pode indicar por um
lado, a época de maior vulnerabilidade ao desenvolvimento de processos erosivos e por
outro, a intensificação da lixiviação de produtos químicos. Enquanto que o déficit de
água implica em se elevar a concentração de produtos químicos, quer sejam os
utilizados na agricultura, fertilizantes, agrotóxicos, etc., quer sejam aqueles de uso
doméstico (desinfetantes, detergentes, e outros), e que, em últimas instâncias, são
conduzidos através de águas servidas e lançados na rede de drenagem principalmente
da malha urbana, o que certamente resulta em necessidade de ações eficientes de
saneamento público.
Metarenito Filito
Figura 4 – Foto da esquerda, aspecto da foliação do filito. Foto da direita, detalhe de fraturas
em corte de estrada. Cuiabá, MT.
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Figura 5 – Aspectos dos veios de quartzo muito fraturados e orientados segundo a direção NW-
SE, recortando rochas do Grupo Cuiabá formadas localmente, por metarenitos intercalados por
filitos, em área degradada por garimpo, bacia do ribeirão do Lipa, no entorno do aterro
sanitário de Cuiabá.
Essa dinâmica superficial regida por erosão diferencial com notório incremento das
ações intempéricas sobre os materiais menos resistentes, e a preservação daqueles de
maior resistência, resulta na ocorrência comum de morrotes, regionalmente
denominados “cocurutos”, emergindo das formas de relevo colinosas da Depressão
Cuiabana com cotas altimétricas médias entre 150 e 200 metros.
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As galerias de águas pluviais, que deveriam drenar as águas de chuva das áreas
ocupadas e depositá-las de forma disciplinada e controlada ao longo dos talvegues
naturais, constituem-se em um dos principais veículos da degradação e destruição de
nascentes e de córregos. A prática de lançamento de águas servidas e de esgoto nas
redes de drenagem pluvial é uma realidade de conhecimento geral, que dá às
drenagens efêmeras e intermitentes aspectos de drenagens perenes.
O setor mais alto da microbacia (área de cabeceira) foi seccionada pela avenida
Historiador Rubens de Mendonça e ocupada por grandes edificações. Não é possível
saber se havia nascente nesse setor (Figura 7 “a”).
Uma rede de drenagem pluvial foi implantada na área ocupada, na qual a saída d’água,
na forma de bueiro duplo, situado a uma distância aproximada de 90 metros da
avenida, (Figura 7, foto “b”), lança as águas (de chuva, servidas e de esgoto)
diretamente sobre o talvegue do córrego.
Nos períodos chuvosos o volume de águas que sai dos bueiros, sem cuidados com a
distribuição de volumes e dissipação de energia, provocou a erosão do canal natural na
área de dissecação, e também da área de agradação, seccionando todo pacote de
assoreamento anteriormente depositado, o solo hidromórfico e a parte superior do
substrato rochoso alterado (Figura 7, foto “c”).
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(a) (b)
(c) (d)
Figura 7 – Na parte superior imagem do Google Earth com indicação do talvegue do córrego
Canjica afluindo para o córrego Barbado. Esta indicado as posições das tomadas fotográficas a,
b, c e d: (a) setor de cabeceira do córrego Canjica ocupado; (b) local de lançamento de águas
pluviais e servidas; (c) grande erosão na área de agradação, que ainda hoje é faiscada por
garimpeiros; (d) faixa de APP ocupada por residências do bairro Canjica, que contribuem com o
lançamento de águas servidas.
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A área de agradação deste córrego forma um campo úmido que se estende até o
ribeirão do Lipa, num comprimento aproximado de 850 metros. Esse trecho do córrego,
importante para a equilíbrio hidrológico da rede hidrográfica, encontra-se em processo
de degradação, tanto pela ocupação do entorno, com aterramentos, como por ruas que
o seccionam e interferem no fluxo natural das águas, tanto em superfície como em
subsuperfície pela compactação do solo.
Obra de drenagem pluvial vêm sendo executada à margem esquerda dessa área
brejosa. A foto “d” da Figura 7 mostra, no primeiro plano, um canal formado por erosão
no interior da área brejosa e, ao fundo, bueiro duplo por onde será lançado as águas de
chuva capturadas pela rede de drenagem.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 8 – Na parte superior imagem do Google Earth com indicação do talvegue de um córrego
afluente do ribeirão do Lipa e o contorno da área brejosa (linha branca). Foto “a” vista da
cabeceira degradada; foto “b” vista do canal erodido; foto “c” vista do canal assoreado; foto “d”
vista, em primeiro plano, da área brejosa e ao fundo local em que será lançada as águas da
galeria pluvial.
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Nesse ambiente, quando ainda não alterados em conseqüência da ocupação, podem ocorrer
micro-diques marginais descontínuos acompanhando canais de escoamento de excedentes
hídricos, e pequenos embaciados e micro-ilhas à feição de murundus circunscritos por canais
anastomosados e cuja cobertura vegetal é essencialmente florestada, porém na forma de
contato de Formações, principalmente do tipo Savana Florestada/Floresta Estacional (IBGE
1992), podendo ainda passar localmente para Formações Ribeirinhas com influência fluvial
sazonal (Rodrigues 2000).
O que se observa em geral na área urbana de Cuiabá é que o principal agente gerador
da erosão dessas áreas de agradação são os grandes volumes de águas pluviais, que se
juntam às águas servidas e de esgoto, e que vêm sendo lançadas nos talvegues sem
sistema de dissipação de energia.
• Erosão e assoreamento
• Aterramento
• Escavações
Se por um lado o regime das APP’s, mesmo nas áreas urbanas, é bastante rígido9, por
outro, o crescimento urbano desordenado, é reconhecidamente um fator de degradação
ambiental e de diminuição do equilíbrio ecológico. Dessa forma, torna-se um desafio
cumprir a lei no espaço urbano da cidade de Cuiabá, se não for exercitada, na práxis, a
nova ótica do direito ambiental contemporâneo, conforme previsto no Estatuto da
Cidade10, em que se tem a concepção de cidades sustentáveis.
Esse conceito de cidade sustentável será de difícil aplicabilidade para Cuiabá, onde os
recursos hídricos, por exemplo, sofrem deterioração de sua qualidade ambiental, em
face da carência de saneamento básico, de planejamento urbano e de acesso à terra no
meio urbano, tendo como principal conseqüência o uso dos recursos hídricos como
destino de esgoto doméstico e de águas servidas, de resíduos industriais, além da
ocupação de APP’s, principalmente por população de baixíssima renda, as quais
deveriam ser justamente as áreas destinadas à proteção dos mananciais.
De acordo com o jurista Paulo Affonso Leme Machado (Machado, 2001), as áreas de
proteção dispostas no artigo 2º do Código Florestal Brasileiro podem ser divididas em
dois grupos: o primeiro, tem por objetivo proteger os recursos hídricos, estando contido
nas alíneas a, b e c; e o do segundo é proteger o solo, conforme as alíneas d, e, f, g e
h , a seguir transcrito:
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O Código Florestal Brasileiro passou por profundas transformações a partir de 2000, a exemplo da Lei
9.985 de 2000 que, ao instituir o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza revogou o
art. 18 da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, que transformava as Áreas de Preservação
Permanente em reservas ou estações ecológicas. Também, a Resolução CONAMA nº 303/2002 redefiniu
parâmetros, definições e limites das APP’s; ou ainda, a Resolução CONAMA nº 369/2006 em que prevê a
intervenção ou supressão de vegetação APP, nos casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social
ou baixo impacto ambiental.
9
Nas APP’s, a regra é a intocabilidade, admitida excepcionalmente a supressão da vegetação apenas nos
casos de utilidade pública ou interesse social, e que estejam legalmente previstos.
10
Estatuto da Cidade: Lei 10.257, de 10.07.2001.
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As Áreas de Preservação Permanente ope legis são aquelas fixadas pelo art. 2º do
Código Florestal, já anteriormente referidas; enquanto que as APP’s administrativas são
aquelas previstas no art. 3º desse mesmo Código, e só podem ser instituídas por ato do
Poder Público, assim vejamos:
11
Benjamin, Antonio Herman V., 1997. Reflexões Sobre a Hipertrofia do Direito de Propriedade na Tutela
da Reserva Legal e das Áreas de Preservação Permanente. Congresso Internacional de Direito Ambiental,
5 anos após a ECO – 92 – Anais. São Paulo. p. 26.
22
b) a fixar as dunas;
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;
h) a assegurar condições de bem-estar público.
Esse conceito deixa clara a condição para que um determinado terreno apresente
nascente: presença de água subterrânea. Devendo entender-se por água subterrânea o
conceito apresentado pelo Dicionário Ecológico Ambiental15: “suprimento de água doce
sob a superfície da terra, em um aqüífero ou no solo, que forma um reservatório
natural para o uso do homem" (The World Bank, 1978).
Dessa forma, as margens dos canais ou talvegues efêmeros não se configuram como
Áreas de Preservação Permanente – APP, uma vez que apresentam exclusivamente
águas de escoamento superficial provenientes das precipitações pluviométricas, e não
de nascentes. Assim, não se justifica que esses canais de drenagens efêmeros sejam
contemplados com APP’s. Como já anteriormente referido, as APP’s de nascentes e de
cursos d’água, na interpretação de Machado (2001), têm função protetora dos recursos
hídricos e as drenagens efêmeras não possuem um recurso hídrico a ser protegido.
13
Para download, no site: http://www.ana.gov.br/gestaoRecHidricos/TecnologiaCapacitacao/tecnologia_glossario.asp
14
Definição conforme seu Art. 2º Inciso II - nascente ou olho d`água: local onde aflora naturalmente,
mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea.
15
http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/
24
Esse ambiente de agradação, que também vem sofrendo forte pressão antrópica,
compreende as formações ribeirinhas em que se definem a maioria das APP’s da área
urbana de Cuiabá, onde os cursos d’água, que funcionavam como drenos naturais, hoje
em boa parte, funciona como drenos de águas servidas e de esgoto das casas e de
bairros inteiros. Além disso, muitas dessas áreas encontram-se ocupadas por
moradores, que não conseguem acessar o sistema habitacional para a população de
baixa renda da cidade.
16
As ruderais são espécies que se adaptaram aos ambientes alterados por ação antrópica (Pedrotti e
Guarim Neto, 1998), ou espécies que compõem a vegetação urbana e que crescem espontaneamente na
margem de ruas, sobre muros, telhados e calçadas (Lorenzi, 2001).
25
Nota-se que as áreas úmidas, de vital importância para a manutenção dos recursos
hídricos e para os sistemas ribeirinhos, funcionam como veredas, sendo caracterizadas
como espaços brejosos ou encharcados, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos
d’água, onde há ocorrência de solos hidromórficos.
A maioria das APP’s associadas aos cursos d’água se relacionam aos ambientes
agradacionais, e vem sofrendo forte pressão antrópica. Constituem áreas muito
suscetíveis ao assoreamento, a erosão e, conseqüentemente, ao desequilíbrio
hidrológico que acaba refletindo na substituição da tipologia vegetacional nativa por
espécies exóticas e ruderais, sendo muitas vezes, impossível a recuperação da
funcionalidade ecológica.
Nota-se que a Baixada Cuiabana é bordejada em sua maior parte, por regiões serranas
e áreas de planaltos, fazendo contato na porção sul, com o Pantanal Mato-Grossense,
resultando em uma condição geográfica sui generis, onde a sensação de conforto
térmico depende da época do ano, da hora do dia e do local onde a pessoa se
encontra.
Tal fato tem sido objeto de vários estudos a respeito dos efeitos da vegetação sobre o
micro-clima da cidade de Cuiabá e sobre o desconforto térmico em sua malha urbana
(Maitelli, 1994; Maitelli et al., 1995; Maitelli et al., 2004). De um modo geral, essas
pesquisas mostraram que a atenuação de desconforto térmico é fortemente percebida
em áreas associadas a remanescentes de vegetação, quer sejam por pomares de
quintais, quer sejam por ambientes urbanos protegidos por lei (unidades de
conservação, áreas de preservação permanente, praças, jardins, áreas verdes...), quer
por lotes baldios, ou ainda, por ambientes revegetados, caso do campus universitário
da UFMT.
Além dessas áreas, há ainda outras de suma importância em Cuiabá e que também
minimizam os efeitos das ilhas de calor na cidade, tais como: Horto Florestal, os
Parques Mãe Bonifácia, Massairo Okamura, da Saúde, Tia Nair, e Dante de Oliveira.
27
É com essa ótica que Maitelli et al. (2004), referem-se às áreas verdes como de
fundamental importância por desempenharem papel preponderante em cidades
tropicais que são marcadas por sazonalidade climática e com estações bem definidas,
como é o caso de Cuiabá. Em Cuiabá há ocorrência de ilhas de calor à semelhança das
grandes metrópolis, que de acordo com Lombardo (1985a e 1996b), “a ilha de calor
urbana corresponde a uma área na qual a temperatura da superfície é mais elevada
que as áreas circunvizinhas, o que propicia o surgimento de circulação local. O efeito da
ilha de calor nas cidades ocorre devido à redução da evaporação, ao aumento da
rugosidade e às propriedades térmicas dos edifícios e dos materiais pavimentados”.
Por outro lado, segundo as concepções de Soares (1998), as áreas verdes nas cidades
além de desempenharem o papel já conhecido de propiciar o conforto térmico para a
malha urbana, desempenham também, um outro ainda mais relevante, a significação
social, pois são obras de arte, e como tais, se destinam em incentivar a cultura dos
sentimentos da coletividade.
Assim, é muito importante conservar, os remanescentes que têm uso funcional para a
comunidade, ainda que na forma de quintais (Figura 10), ou de áreas verdes (Figura
11), ou área de lazer (Figura 12), ou como área para práticas de educação física (Figura
13), ou para educação ambiental (Figura 14), entre outras.
Figura 10 – Quintais arborizados de moradias voltados para a rua, onde corre a céu aberto,
esgoto e água servida, em antiga linha de talvegue efêmera. Cuiabá/MT.
28
Figura 11 – Quintal de moradia zelada como área verde, à semelhança de um Jardim Japonês,
recortado por água servida e de esgoto, proveniente dos setores de montante, onde
certamente deveria haver uma linha de talvegue efêmera. Bairro Jd. Fortaleza, Cuiabá/MT.
Figura 14 – Área conservada por moradores em parceria com o colégio Portal, onde se
desenvolve linha de drenagem efêmera, situada à montante de nascente hoje alterada pela
presença de esgoto. Bairro Jd. Itália, Cuiabá/MT.
30
Sob esse aspecto, do clima da malha urbana de Cuiabá, Souza (2004), apresenta as
seguintes conclusões em sua monografia:
“1) Em Cuiabá o clima quente provoca desconforto térmico na malha urbana e a simples
presença de vegetação recobrindo os solos, amenizam tais efeitos, sentidos pela
população humana e por animais domésticos e silvestres comuns em áreas urbanizadas.
2) Na malha urbana da cidade, onde a pavimentação asfáltica e a impermeabilização, é
na atualidade uma tendência crescente e já predomina em sua porção central, as Praças
e os quintais cuiabanos remanescentes são incontestavelmente importantes áreas
vegetadas para reduzirem esses efeitos.
3) Preocupada com o gerenciamento da zona urbana de Cuiabá, sob o ponto de vista
administrativo-financeiro, a Prefeitura tem procurado implementar as diretrizes contidas
em seu Plano Diretor, considerando a realidade concreta da cidade. Por isso, buscou
instrumentos legais para estabelecer parcerias principalmente com as entidades
representativas do setor privado (comercial, empresarial, artesanal...), para ajudar a
manter as “áreas verdes” da cidade como um todo.
4) Todas as Praças deste estudo estão enquadradas na categoria de “áreas verdes”, de
acordo com a classificação do Plano Diretor de Desenvolvimento e Gerenciamento
Urbano de Cuiabá. Entretanto, todas elas apresentam superfícies impermeabilizadas e
apenas arborizadas nas áreas de canteiros e jardins.
5) Como as Praças sofreram reformas nos últimos cinco anos, o estado de conservação
varia em função do público que as freqüentam e de certa forma, exibem um padrão
paisagístico, onde se valorizou canteiros separados por muretas, que ao mesmo tempo,
isola o “verde” minimizando ações depredativas, e servem de banco à população.
6) Porém, esse padrão, que designamos neste trabalho com diferentes terminologias
“estilo espontâneo, neo-contemporâneo, contemporâneo”, resulta de uma interpretação
subjetiva das Praças que tivemos a oportunidade de conhecer antes da década de
oitenta, quando Cuiabá teve aumento substancial na expansão de sua malha urbana e
impermeabilização das superfícies por pavimentação e edificações em concreto.
7) Também, quer dizer que misturas de estilos paisagísticos nas Praças de Cuiabá podem
resultar em novo conceito e o “estilo contemporâneo espontâneo” vir a ser inovador,
onde existe um padrão geral, que permite variações, de acordo com o tamanho da área,
as características ambientais onde se situa, o uso coletivo a que se destina, mas tudo
amparado por uma arborização capaz de sombrear e minimizar os efeitos do calor desta
cidade.”
Nota-se que a cidade de Cuiabá possui instrumentos legais suficientes para favorecer a
existência de espaços públicos, que funcionem como áreas verdes17, que propiciem o
17
A Lei do Gerenciamento Urbano, Lei Complementar nº 004, de 24/12/1992 traz em seu artigo 524, o
conceito de áreas verdes, enquanto “Unidades de Manejo Sustentável”: “l) Áreas Verdes: são espaços
31
Já no inciso VII desse mesmo Artigo 10, está prevista a definição de “medidas de
controle das atividades econômicas visando a preservação, recuperação e conservação
de vegetações nativas”; enquanto que no inciso VIII fala em se “estabelecer controle
permanente na área de proteção aos recursos hídricos e cursos d’água no Município,
com especial atenção para o rio Cuiabá”, como são aquelas áreas que funcionavam
como zonas de anteparo para os sistemas ribeirinhos do ambiente agradacional do rio
Cuiabá, antes da implantação da Usina Hidrelétrica do Manso.
Após a implantação dessa Usina houve o controle das inundações do rio Cuiabá, e
muitos ambientes de agradação perderam a funcionalidade, enquanto sistemas
mantenedores da dinâmica hídrica típica de planícies flúvio-lacustres, resultando em
ambientes de acumulação de águas de chuva, servidas e de esgoto, por estarem em
base de vertentes com terrenos pouco permeáveis e de baixas declividades, por vezes,
com presença de locais embaciados, e normalmente associados a Planossolos18.
Deve-se enfatizar que a Lei Complementar nº 004 de 24/12/1992 traz no seu Capítulo
II que trata da flora na área urbana de Cuiabá, os ambientes que devem ser regidos
pela lei, a exemplo do inciso II, do Artigo 530, “in verbis”: “todas e quaisquer áreas
verdes, bosques, fundos de vale, áreas de recreação e hortos florestais existentes no
território municipal”. E ainda deixa claro em seu Parágrafo Único, que “As florestas e
demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são
consideradas bens de interesse comum a todos os cidadãos, exercendo-se os direitos
de propriedade com as limitações que a legislação em geral, especialmente esta Lei
estabelecem”.
abertos, delimitados fisicamente e interados com o meio ambiente, caracterizados pela predominância de
cobertura vegetal, que podem ser públicas ou privadas, de caráter essencial ou especial,
respectivamente; m) Áreas Verdes do Setor Especial: são os terrenos cadastrados no setor competente,
que contenham áreas verdes com a finalidade de formação de bosques destinados a preservação de
águas existentes, da fauna e da flora local, da estabilidade do solo, da proteção paisagística e da
manutenção da distribuição equilibrada dos maciços vegetais”
18
Os Planossolos são solos minerais hidromórficos ou não, com mudança textural abrupta entre o
horizonte A e B (B textural-Bt). O Bt apresenta densidade aparente mais elevada em relação ao A, é
extremamente duro e firme, imprimindo-lhe porosidade total baixíssima, baixa permeabilidade. Nos
terrenos de agradação e planos favorecem o acúmulo de água.
32
sua identidade, tanto por parte do poder público, na qualidade de gestor, como
também, por parte da população, na qualidade de usufrutuário e agente mantenedor.
Dentre as áreas que já são amparadas por lei para serem protegidas, tem-se as Zonas
de Interesse Ambiental (ZIA), criadas pela lei Complementar 44 de 23/12/1997, cujo
Artigo 18 conceitua, como sendo “zonas que têm por objetivo a preservação e/ou
conservação ambiental, destinadas preferencialmente ao lazer e uso público”.
A lei Complementar 103 de 05/12/2003 sub-divide as ZIA’s em: (a) ZIA 1, constituídas
por áreas com potencial ambiental, paisagístico e de proteção, públicas ou privadas,
preferencialmente destinadas à atividades e empreendimentos com baixa densidade de
ocupação; e (b) ZIA 2, constituídas por áreas com potencial ambiental, paisagístico e de
proteção, públicas ou privadas, com características excepcionais de matas, cursos
d’água e outros, objetivando sua preservação e/ou conservação. Assim, foram definidas
dezesseis áreas como ZIA 1, e três como ZIA 2 (Figura 15).
Figura 15 – ZIA’s definidas pela Lei Complementar 103 de 05/12/2003 para o município de Cuiabá/MT.
Figura 16 – Mapa-índice destacando as cartas que cobrem a malha urbana da cidade de Cuiabá.
Essas cartas compreendem mosaicos formados, em geral, por seis fotos aéreas cada.
dos horizontes pedológicos de solos hidromórficos (Figura 17), ocorrentes ao longo dos
talvegues e faixas marginais foram realizadas por meio de descrição de amostras
coletadas por tradagens e em perfis expostos em taludes naturais e de entalhes
erosivos.
Ab
Cg
Figura 18 - Perfil de
Plintossolo. Em detalhe,
horizonte plíntico, indicando
oscilação do nível de água em
subsuperfície. Parque das
Nações, Cuiabá/MT.
(a) (b)
Figura 19 - (a) Detalhe da coleta de amostra do horizonte Bt de Planossolo. (b) Cores acinzentadas
indicando hidromorfismo em Planossolo. Condomínio Belvedere, Cuiabá/MT.
1) Faixa marginal com largura de 30 (trinta) metros, ao longo dos cursos d’água
efêmeros, excetuando-se aqueles com talvegues canalizados e suas margens
pavimentadas e/ou urbanizadas e que não seja possível reverter sua função protetora.
Esses cursos d’água efêmeros têm a função de receber as águas de chuva provenientes
das vertentes urbanizadas ou não urbanizadas, que se dirigem às cabeceiras e
talvegues, e abastecer, com energia dissipada, os cursos d’água de caráter intermitente
ou perene.
Essas áreas devem ser mantidas idealmente preservadas, com cobertura vegetal nas
faixas marginais, e, se necessário, com a implantação de obras de drenagem visando o
disciplinamento das águas de escoamento e/ou obras voltadas ao lazer da população
local. Essas áreas, de 903,422 hectares, distribuídas principalmente em setores com
baixa urbanização, abrangem uma superfície e a extensão desses canais efêmeros é de
88,444 km, na área mapeada.
Essa categoria de ZIA tem significativa expressão em área contendo surgências d’água
ou nascentes que excepcionalmente pela natureza dos terrenos urbanizados de Cuiabá,
fluem diretamente da rocha, podendo dar origem a cursos d’água perenes ou a cursos
d’água intermitentes. Representam, pela localização e conformação topográfica, áreas
sujeitas a invasões e ocupação clandestinas, com sérios riscos de degradação dos
recursos hídricos e do solo muito erodível.
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A preservação dessas áreas de ZIA exige atenção especial das autoridades municipais
de maneira a impedir sua ocupação e degradação. Essas áreas correspondem a duas
situações de ocorrência: (a) Nascentes do córrego Baú, no setor norte da cidade,
apresentando área de 174,137 hectares (Figura 21), e (b) Barra do rio Coxipó,
localizado na confluência deste rio com o rio Cuiabá, nas proximidades da avenida Beira
Rio e da colônia São Gonçalo, apresentando área de 99,833 hectares (Figura 22).
Figura 22 – Delimitação da Área de Interesse Ambiental, Barra do rio Coxipó, que sofre
transbordamentos sazonais anuais no período das chuvas.
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Há ainda uma área situada à margem direita do rio Coxipó, defronte à avenida das
Torres, com superfície de 35,010 hectares (Figura 23), que por se constituir em
remanescente de vegetação florestada, que bordeja a faixa de APP deste rio, formando
um continuum fitofisionômico de Cerradão (Savana Florestada) em contato com
Floresta Estacional, justifica-se como ZIA, sob o ponto de vista da proteção dos solos, e
do rio Coxipó, devendo ser proposto um sistema eficiente de drenagem de águas
superficiais advindos principalmente da Avenida das Torres, controlando de maneira
natural a ação erosiva e o conseqüente assoreamento. Além disso, a ZIA deverá
também, conservar as raras formas vegetacionais existentes no âmbito da malha
urbana de Cuiabá. Se preservada, além da funcionalidade como refúgio e zona de
anteparo da APP, servirá como fonte de fornecimento de propágulos de espécies
nativas.
Sugerimos que tais áreas sejam transformadas em Parques Municipais com sua
viabilização por meio de projeto técnico que leve em conta as peculiaridades de meio
físico, funcionamento hídrico e cobertura vegetal. A categoria de Parque (conceituado
na Lei 9.985/2000) do Grupo de Unidades de Proteção Integral, só é admitido o uso
indireto dos seus recursos naturais. Dessa forma considera-se que as ZIA’s voltadas à
conservação de nascentes e cursos d’água necessariamente devam ser implantadas na
forma de Unidade de Conservação, na categoria de Parque Municipal, cujo uso indireto,
previsto em lei, são para fins de lazer, educação ambiental e atividades culturais.
Consideramos que manter essas áreas na forma de Zona de Interesse Ambiental em
áreas privadas não garantem a preservação e conservação necessário à manutenção
das nascentes e dos cursos d’água.
Figura 24 – Em vermelho, as Zia’s definidas neste estudo para a criação de Parques, e em amarelo, os
Parques já existentes no município de Cuiabá/MT.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Áreas de Preservação Permanente (APP’s) e as Zonas de Interesse Ambiental
(ZIA’s), incluindo-se aqui as unidades de conservação na forma de Parques Municipais,
apontadas no Mapa Síntese, em anexo, constituem um total aproximado de 2.681,277
hectares, sendo 1.468,874 hectares de APP’s, 903,422 hectares de ZIA’s e 308,981
hectares de áreas propostas para parques, cuja somatória representa 12,83 % da área,
objeto deste estudo. A maior parte dessas áreas encontra-se alterada pela forma
desordenada de ocupação, exigindo estratégia e ações que permitam reabilitar o
equilíbrio hidrológico, harmonizando a paisagem, e criando situação de estabilidade
ecológica.
b) APP de cursos d’água intermitente (em faixa marginal de 30m), cuja representação
está em traço cheio verde, acompanhando o leito, em linha azul tracejada. Caso o curso
d’água intermitente esteja com esgoto, a linha tracejada estará na cor preta.
Compreende a maior parte de linhas de drenagem de primeira ordem de menos de 10m
de largura, que se desenvolvem na zona urbana de Cuiabá.
c) APP de cursos d’água perene (em faixa marginal de 30m), representada em traço
cheio verde, acompanhando o leito da, em linha azul cheia. Caso o curso d’água perene
esteja com esgoto, a linha cheia estará na cor preta. Compreende a quase totalidade
das linhas de drenagem de segunda e terceira ordens, com menos de 10m de largura,
das bacias hidrográficas contribuintes da margem esquerda do rio Cuiabá.
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d) APP de curso d’água perene (em faixa marginal de 50m), cuja representação está
em traço cheio verde, acompanhando o leito do rio Coxipó, que apresenta largura
variável, porém, entre 10 e 50 metros, no trecho em que atravessa a zona urbana de
Cuiabá. O seu curso está em traço cheio e na cor preta por receber águas servidas e de
esgoto na malha urbana da cidade.
e) APP de curso d’água perene (em faixa marginal de 100m), representada em traço
cheio verde, acompanhando a margem esquerda do rio Cuiabá, cujo leito tem largura
variável, mas entre 50m e 200m no trecho que separa a zona urbana de Cuiabá e de
Várzea Grande. Seu leito está em traço cheio e na cor preta por receber águas servidas
e de esgoto no trecho da malha urbana.
Outras cinco áreas, que já haviam sido definidas anteriormente pela Prefeitura de
Cuiabá como ZIA’s, estão sendo reafirmadas, para serem mantidas também, na
Categoria de Parques Municipais. Estas áreas estão representadas no mapa em traço
contínuo, cheio e na cor magenta. São elas:
Com relação ao escoamento superficial através dos cursos d’água (córregos e rios)
observa-se que parte deles, situados nos ambientes de dissecação, compreendem
canais de escoamento de águas de chuva não apresentando nascentes. Esses cursos
d’água são denominados de “efêmeros”, conforme o conceito de Bigarella (2003).
Entende-se que a Lei municipal deve claramente fazer referência a essa categoria de
drenagem como não contempladas com Áreas de Preservação Permanente.
Assim, recomenda-se que essas áreas úmidas e seu entorno sejam contempladas por
Área de Preservação Permanente, numa faixa com largura mínima de 50 metros, a
exemplo do previsto para as veredas na Resolução CONAMA 303.
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O inciso 4º do artigo 3º da Resolução CONAMA 303, estabelece que constitui Área de Preservação
Permanente a área situada “em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima
de cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado”.
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1) Faixa marginal com largura de 30 (trinta) metros, ao longo dos cursos d’água
efêmeros, excetuando-se aqueles totalmente descaracterizados, conduzindo águas
servidas e de esgoto, ou com talvegues canalizados e suas margens pavimentadas e/ou
urbanizadas e que não seja possível reverter sua função protetora. Esses cursos d’água
efêmeros têm a função de receber as águas de chuva provenientes das vertentes
urbanizadas ou não urbanizadas, que se dirigem às cabeceiras e talvegues, e abastecer,
com energia dissipada, os cursos d’água de caráter intermitente ou perene. Essas áreas
devem ser mantidas idealmente preservadas, com cobertura vegetal nas faixas
marginais, e, se necessário, com a implantação de obras de drenagem visando o
disciplinamento das águas de escoamento, e/ou obras urbanísticas para criar condições
à implantação de áreas verdes, sejam elas voltadas ao lazer, às práticas esportivas,
praças, jardins, e/ou outras.
3) Barra do rio Coxipó, localizado na confluência deste rio com o rio Cuiabá, nas
proximidades da avenida Beira Rio e da colônia São Gonçalo, apresentando área de
99,833 hectares. A importância ambiental dessa área é devido aos transbordamentos
sazonais no período chuvoso do ano, tendo a possibilidade de migração do leito do rio,
condicionado pelo grau de assoreamento deste na faixa da planície aluvionar. Apesar da
vegetação encontrar-se fortemente alterada, ainda pode ser recuperada através de um
PRAD.
7. BIBLIOGRAFIA
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