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(FATEC)
E o olhar estaria ansioso esperando
e a cabeça ao sabor da mágoa balançado
e o coração fugindo e o coração voltando
e os minutos passando e os minutos passando... (Vinícius de Moraes, O olhar para trás)
A figura de linguagem que predomina nestes versos é:
b) O paradoxo, expresso pela contradição das ações manifestadas pelos verbos no gerúndio
b) A viagem do retirante, que atravessa ambientes menos e mais hostis, mostra-lhe que a
miséria é a mesma, apesar dessas variações do meio físico
d) A visão do mar aberto, quando Severino finalmente chega ao Recife, representa para o
retirante a primeira afirmação da vida contra a morte
07. (PUCCAMP)
O alpinista
de alpenstock
desceu
nos Alpes
O texto acima, capítulo do romance Memória Sentimentais de João Miramar, exemplifica uma
tendência do autor de:
b) Procurar “ser regional e puro em sua época”, negando influencias das vanguardas
européias
c) Buscar uma interpretação lírica de seu país, explorando a forca sugestiva das palavras
08. (MACKENZIE)
Você, que só faz usufruir
e tem mulher para usar ou para exibir,
você vai ver um dia
em que toca você foi bulir.
A mulher foi feita
pro amor e pro perdão.
Cai nessa, não.
Cai nessa, não. (Vinícius de Moraes e Toquinho)
Assinale a alternativa correta, de acordo com o trecho acima:
a) Usufruir, no texto, significa esbanjar dinheiro
a) Preocupação social
c) Metalinguagem
10. (MACKENZIE)
CIDADEZINHA QUALQUER
Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar
d) É escritor reconhecido quer por sua obra poética, quer por sua prosa, da qual se
destacam as crônicas
01 - C 02 - A 03 - D 04 - E 05 - C
06 - B 07 - A 08 - D 09 - C 10 - E
Leia o trecho do conto “Minha gente”, de Guimarães Rosa, e responda ao que se pede.
Oh, tristeza! Da gameleira ou do ingazeiro, desce um canto, de repente, triste, triste, que faz dó.
É um
sabiá. Tem quatro notas, sempre no mesmo, porque só ao fim da página é que ele dobra o pio.
Quatro notas,
em menor, a segunda e a última molhadas. Romântico.
Bento Porfírio se inquieta:
— Eu não gosto desse passarinho!... não gosto de violão... De nada que põe saudades na gente.
J. Guimarães Rosa. Minha gente. Sagarana.
a) No trecho, a menção ao sabiá e a seu canto, enfaticamente associados a “Romântico” e a
“saudades”, indica
que o texto de Guimarães Rosa pode remeter a um poema, dos mais conhecidos da literatura
brasileira,
escrito em um período em que se afirmava o nacionalismo literário. Identifique o poema a que
remete o texto
de Rosa e aponte o nome de seu autor.
b) Considerando o trecho no contexto de Sagarana, a provável referência, nele presente, a um
autor brasileiro
indica que Guimarães Rosa é um escritor nacionalista, que rejeita o contato com línguas e
culturas
Leia o trecho:
[...] E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um
cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho,
queimado, tinha olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos;
mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios,
descobria-se, escolhia-se na presença dos brancos e julgava-
se cabra.
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
Nesse trecho, a frase “ele não era homem”, dentre outros, o
narrador alude a uma sociedade:
Machista, em que Fabiano não tem coragem suficiente
para enfrentar o poder representado pelo soldado amarelo.
Adversa, pois o comportamento de Fabiano é ostensivamente
rebelde.
Violenta, em que Fabiano, embora fraco, é bastante valente
e provocador.
Incomunicável, já que Fabiano não sabe se expressar
através da linguagem culta.
Capitalista, em que Fabiano não “ter” nada significa não
“ser” nada.
QUESTÃO 70
Leia:
Um certo Miguilim morava com a mãe, seu pai e seus
irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-do-
Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ou pouco
conhecidas, em ponto remoto, no Mutum. No meio dos
Campos Gerais, mas num covoão em trecho as matas, terra
preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos.
(Campo Geral, Guimarães Rosa)
O trecho acima se assemelha às narrativas orais. Assinale a
informação que NÃO contribui para esse aspecto:
A linguagem coloquial de caráter fabular (“Um certo
Miguilim”).
A repetição, própria da fala, de palavras (“longe, longe
daqui”).
A ação ocorrendo em meio à natureza (“matas” e “pé de
serra”).
O caráter imaginário e, até certo ponto, mítico do espaço
(“em ponto remoto”).
A apresentação das relações fundamentais, no caso familiares,
das personagens (“mãe, seu pai e seus irmãos”).
69/E,70/C
45 D Português
46 A Português
47 B Português
48 C Português
Questão 36. O romance Menino de engenho, de José Lins do Rego, é uma das obras mais importantes surgidas no
Modernismo dos anos 30, que, como se sabe, foi marcado por uma ficção de forte cunho social. Sobre esse livro, é
INCORRETO afirmar que:
A ( ) Ele mostra a dura vida do menino Carlos no pobre e árido interior nordestino.
B ( ) Ele registra a vida do menino Carlos, que passa a morar na fazenda do avô após ficar órfão de mãe.
C ( ) A vida de Carlos na fazenda do avô o coloca em contato direto com a natureza e com a desigualdade social.
D ( ) Ele descreve em detalhes a vida de um engenho na Paraíba, onde se produzem derivados de cana-de-açúcar.
E ( ) O tom das memórias de Carlos revela certo saudosismo, o que não impede a referência às
injustiças sociais
36/A
INSTRUÇÕES PARA REDAÇÃO
Considere os quadrinhos reproduzidos ao lado. Identifique seu tema e, sobre ele, redija uma dissertação em prosa, na
folha a ela destinada, argumentando em favor de um ponto de vista sobre o tema. A redação deve ser feita com caneta
azul ou preta.
(Em: Folha de S. Paulo, 15/08/2004.)
33)B
34)C
35)D
36)B
37)C
38)A
39)B
40) E
9. João Guimarães Rosa escreveu Sagarana em 1946, obra composta de nove contos, entre os
quais se
destaca “O Burrinho Pedrês”. Leia o trecho que segue.
Galhudos, gaiolos, estrelos, espácios, combucos, cubetos, lobunos, lompardos, caldeiros,
cambraias,
chamurros, churriados, corombos, cornetos, bocalvos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros,
silveiros... E os tocos da testa do mocho macheado, e as armas antigas do boi cornalão...
Deste trecho é correto afirmar que é marcadamente ritmado e sonoro. Esses efeitos se alcançam
por
causa
A) de uma possível métrica presente no trecho, caracterizada
como redondilha menor, e da presença de aliterações.
B) da diversidade de tipos de bois e do jogo contrastivo de termos
que designam essa diversidade.
C) das medidas dos diferentes segmentos frásicos e pela
dominante presença da redondilha maior.
D) da enumeração caótica estabelecida no jogo adjetivo dos
termos e pela rima interna na constituição dos pares vocabulares.
E) do jogo sonoro provocado pela dominância de vogais fechadas
e pela presença de cadência de sons apenas longos e átonos.
10. A Rosa do Povo, obra de Carlos Drummond
de Andrade, publicada em 1945, além de sua
temática social, marca-se por procedimentos
estéticos capazes de transformar o fato cotidiano
em fina expressão poética, como no fragmento a
seguir, extraído de “A morte do leiteiro”.
(...)
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.
Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue,... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.
9/ A
10/D
GABARITO 4 UEM/CVU
Vestibular de Verão/2007 – Prova 2
Língua Portuguesa e Literatura 11
18 – Leia os fragmentos a seguir.
“[...] O senhor me crê? E foi então que eu acertei
com a verdade fiel: que aquela raiva estava em mim,
produzida, era minha sem outro dono, como coisa
solta e cega. As pessoas não tinham culpa de
naquela hora eu estar passeando pensar nelas. Hoje,
que enfim eu medito mais nessa agenciação
encoberta da vida, fico me indagando: será que é a
mesma coisa com a bebedice de amor? Toleima. O
senhor ainda me releve. Mas, na ocasião, me
lembrei dum conselho que Zé Bebelo, na Nhanva,
um dia me tinha dado. Que era: que a gente carece
de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma
nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se
curte raiva de alguém, é a mesma coisa de autorizar
que essa própria pessoa passe durante o tempo
governando a idéia e o sentir da gente; o que isso era
falta de soberania, e farta bobice, e fato é.”
(ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas.)
“Oh como era bom rever tudo arrumado e sem
poeira, tudo limpo pelas suas próprias mãos destras,
e tão silencioso, e com um jarro de flores, como
uma sala de espera. Sempre achara lindo uma sala
de espera, tão respeitoso, tão impessoal. Como era
rica a vida comum, ela que enfim voltava da
extravagância. Até um jarro de flores. Olhou-o. [...]
Eram algumas rosas perfeitas, várias no mesmo talo.
Em algum momento tinham trepado com ligeira
avidez umas sobre as outras, mas depois, o jogo
feito, haviam se imobilizado tranqüilas. Eram
algumas rosas perfeitas na sua miudez, não de todo
desabrochadas, e o tom rosa era quase branco. [...]
Como são lindas, pensou Laura surpreendida.
Mas, sem saber por que, estava um pouco
constrangida, um pouco perturbada. Oh, nada de
mais, apenas acontecia que a beleza extrema a
incomodava.”
(LISPECTOR, Clarice. A imitação da rosa. In: Laços de
família.)
Tendo em vista esses fragmentos, as obras dos
autores, bem como as afirmações I, II e III que
seguem, assinale a alternativa correta.
I. Considerado uma das grandes tendências da
literatura brasileira, o regionalismo recebe nova
roupagem na obra de Guimarães Rosa. De um
lado, está a experimentação com a linguagem,
por meio da incorporação de termos regionais,
da criação de neologismos e pelo emprego de
uma nova sintaxe; de outro, está a personagem
regional, ultrapassando a problemática
decorrente do próprio espaço físico e
adentrando a seara dos questionamentos
universais, como bem se pode verificar no
fragmento transcrito.
II. Inaugurando a principal vertente da terceira
geração do Modernismo brasileiro, a prosa
psicológica, Clarice Lispector confere ao texto
literário a tão reivindicada linearidade narrativa.
Apesar de interessarem à escritora as narrativas
baseadas na memória e na emoção, portanto no
fluxo de consciência e no monólogo interior,
tais estratégias são construídas de tal modo que
seja respeitada a ordem cronológica. No conto
cujo fragmento transcrevemos, o leitor não
encontra dificuldades em reconhecer o começo,
o meio e o fim.
III. Ambos os autores dos textos em destaque
representam os principais idealizadores da
chamada narrativa universalizante, uma
importante marca da terceira geração
modernista. No cerne da linguagem
revolucionária que engendra, Guimarães Rosa
traz à tona as indagações universais do homem,
como o sentido da vida e da morte, a existência
ou não de Deus e do diabo, o significado do
amor, do ódio etc. Já a literatura produzida por
Clarice Lispector surpreende por definir-se pela
busca da compreensão da consciência
individual, marcada pela introspecção da
personagem.
A) Apenas I está correta.
B) Apenas I e II estão corretas.
C) Apenas I e III estão corretas.
D) Apenas II e III estão corretas.
E) I, II e III estão corretas.
Coração numeroso
COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE
NÚMEROS 06 A 09.
moriconi, Italo (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
carlos drumMond de andrade
5
Foi no Rio.
Eu passava na Avenida quase meia-noite.
Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas inumeráveis.
Havia a promessa do mar
e bondes tilintavam,
abafando o calor
que soprava no vento
e o vento vinha de Minas.
10
Meus paralíticos sonhos desgosto de viver
(a vida para mim é vontade de morrer)
faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente
na Galeria Cruzeiro quente quente
e como não conhecia ninguém a não ser o doce vento mineiro,
nenhuma vontade de beber, eu disse: Acabemos com isso.
15 Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens indiferentes,
que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram.
20 O mar batia em meu peito, já não batia no cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor.
questão
06
O título Coração numeroso expressa o vínculo final do eu lírico tanto com o Rio de Janeiro
quanto com Minas Gerais.
Em relação a esses lugares, o título revela a seguinte atitude do eu lírico:
(A) temer os dois
(B) valorizar a ambos
(C) preferir um ao outro
(D) abandonar um pelo outro
questão
07
O poema de Drummond pode ser dividido em duas partes em que se manifestam
sentimentos de exclusão e de
identificação em relação ao Rio de Janeiro.
O verso que demarca a mudança de sentimento do eu lírico é:
(A) “Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas” (v. 15)
(B) “O mar batia em meu peito, já não batia no cais.” (v. 20)
(C) “A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu” (v. 21)
(D) “meu amor.” (v. 24)
questão
08
Minas Gerais é um espaço privilegiado de lembrança no poema.
A relação de pertencimento que o eu lírico estabelece com tal espaço está sintetizada em:
(A) “e bondes tilintavam,” (v. 5)
(B) “faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente” (v. 11)
(C) “voluptuosidade errante do calor” (v. 17)
(D) “mil presentes da vida aos homens indiferentes,” (v. 18)
questão
09
O discurso poético se caracteriza pelo uso de recursos que abrem ao leitor a possibilidade
de múltiplas
interpretações.
A dupla possibilidade de leitura de uma mesma palavra é o recurso que provoca essa
multiplicidade em:
(A) “Eu passava na Avenida quase meia-noite.” (v. 2)
(B) “Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas inumeráveis.” (v. 3)
(C) “Meus paralíticos sonhos desgosto de viver” (v. 9)
(D) “na Galeria Cruzeiro quente quente” (v. 12)
linguagens, códigos