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Sinopse
A geração de energia elétrica ocorre nos geradores das usinas hidrelétricas e termelétricas em
tensões inferiores às tensões empregadas na transmissão dessa energia. Transformadores
elevadores, instalados nas subestações das usinas, elevam a tensão da energia gerada para os níveis
de tensão de transmissão. Logo, esses transformadores estão no caminho crítico da produção de
energia elétrica. Um transformador apresenta uma vida útil operacional, onde, particularmente, os
elementos dielétricos sofrem envelhecimento. Esse envelhecimento pode ocasionar descargas
parciais entre as bobinas do transformador e a carcaça, através do dielétrico, composto de material
isolante das bobinas e do óleo. Essas descargas parciais, com o tempo, podem evoluir para uma
descarga total, levando ao colapso o equipamento. Uma das técnicas de identificação e de
monitoramento da ocorrência de descargas parciais é a medição dos níveis de atividade interna do
transformador com a técnica de emissão acústica. A análise de gases dissolvidos no óleo
complementa o ensaio. Um conjunto de 9 transformadores elevadores de uma grande usina
hidrelétricas foram monitorados e detectou-se a ocorrência de descargas parciais evolutivas. Um
desses equipamentos foi retirado de serviço e durante sua manutenção foram detectados, no local
identificado pela técnica de emissão acústica, evidências da ocorrência de descargas parciais.
Introdução
Um transformado elevador de subestação de unidade de geração tem por objetivo elevar a tensão de
geração, da ordem de 103 V, para os níveis empregados na transmissão, da ordem de 105 V. São
conectados diretamente ao gerador e podem ser trifásicos, um para cada unidade geradora, ou
monofásicos, portanto três para da cada unidade geradora. Um transformador tipicamente apresenta
um tanque, no interior do qual se instalam o núcleo constituído de chapas de aço silício para o
desenvolvimento do fluxo magnético, enrolamentos de cobre ou alumínio, isolamento a partir de
produtos derivados da celulose, com papel de alta densidade, e óleo isolante que também prove
refrigeração (Figura 02). A Figura 01 apresenta um esquema típico da geração e fornecimento de
energia elétrica a partir de uma usina hidrelétrica.
Figura 01: Esquema de sistema de geração e fornecimento de energia elétrica. (Extraído de [1]).
Falha em Transformador
A ocorrência de uma descarga parcial depende a princípio de dois fatores: a) a existência de cargas
livres (elétrons e/ou íons positivos) numa determinada região do espaço e b) um campo elétrico
intenso o suficiente para acelerar as cargas livres com energia necessária para iniciar um processo
de avalanche. Existem três classificações de descargas parciais: descargas parciais internas;
descargas parciais superficiais e descargas do tipo corona.
Descarga parcial interna é a descarga que ocorre no interior de vazios ou inclusões em um material
dielétrico. Este tipo de descarga pode ocorrer numa região do material dielétrico onde um vazio está
totalmente circundado pelo dielétrico ou na interface entre o dielétrico e um dos eletrodos.
Descargas parciais também podem ocorrer em inclusões na estrutura do material. Uma forma
comum de inclusão que ocorre em materiais dielétricos é a formação dos caminhos condutores
conhecidos como arborescência elétrica. A arborescência elétrica em geral é iniciada pela
ocorrência contínua de descargas parciais internas em vazios preenchidos por gases. A ação das
descargas causa alterações nas propriedades das superfícies internas dos vazios, e a quebra das
moléculas do polímero inicia a formação dos caminhos condutores. Os caminhos formados pela
arborescência elétrica são canais preenchidos por materiais com propriedades condutoras, em geral,
carbono resultante das reações químicas das moléculas do polímero sob ação das descargas e vazios
preenchidos com gases também resultantes dessas reações. Dentro desses vazios também ocorrem
descargas parciais que aceleram o processo de crescimento da arborescência levando o material à
ruptura dielétrica.
Emissão Acústica
Transformadores são os itens de maior valor em uma subestação e o custo de uma falha é alto tanto
em custo direto quanto em tempo perdido. Por essa razão eles são monitorados periodicamente
usando uma variedade de métodos, sendo o principal a análise de gás dissolvido em óleo, o qual
indica descarga interna parcial ou formação de arco elétrico. Infelizmente, o método não indica a
localização da geração de gás, apenas indica que um problema existe, e análises sofisticadas de
gases dissolvidos para indicar o tipo provável dos danos causados são realizadas com baixa
freqüência. Medidores de Rádio Freqüência podem indicar também um possível problema, mas não
a localização exata ou a causa. Muitas falhas não são ameaças para a integridade do transformador,
mas sem o conhecimento da localização ou causa provável, mais tempo ou dinheiro deve ser gasto
investigando problemas sem sucesso.
Localização acústica da descarga parcial é usada pela maioria dos fabricantes de transformadores
durante testes na produção para localizar descargas ativas antes que danos significativos possam
ocorrer, e para minimizar o tempo necessário para localizar e retificar a falha. O método usa uma
rede de sensores acústicos de alta freqüência, tipicamente captando sinais acima de 150 kHz,
anexada ao lado de fora do tanque. Estes sensores são sensíveis a transientes, fixação estrutural,
sinais acústicos resultantes de descargas parciais ou formação de arco elétrico, embora não sejam
sensíveis a vibração e ruídos em geral. Eles contêm componentes eletrônicos para amplificar e
armazenar o sinal tornando-o virtualmente imune a ruídos elétricos. Métodos de aproximação
temporal são usados para localizar as fontes, da mesma forma que terremotos são localizados, mas
ampliado para três dimensões. No passado, operadores procuravam por sinais capturados em
osciloscópios digitais encontrando a localização da fonte, um trabalho de altíssima habilidade que
requeria uma fonte contínua. Sistemas mais recentes têm sido desenvolvidos e têm sido cada vez
mais usados o que aumenta o uso de softwares e computadores para localizar e caracterizar as
emissões.
O método também é usado no campo de pesquisa de defeitos, mas fontes de Emissão Acústica (EA)
em transformadores operacionais são freqüentemente descontínuas, sendo dependentes das
condições operacionais como carga, posição de tap e temperatura. Por estas razões são requisitados
sistemas que consigam monitoramento isolado e automatizado, e que identificam e gravam os dados
necessários para localizar fontes e condições sob as quais as emissões ocorrem. Estes sistemas,
sistemas de teste de emissão acústica, são aptos a adquirir emissão transiente de dados
simultaneamente em dezenas de canais, junto com parâmetros operacionais e dados de outros
métodos como bobinas de Rogowsky ou medidores de Rádio Freqüência, por longos períodos, ou
até mesmo continuamente. O uso do processo de distribuição paralela, ASICS, e processadores de
sinais digitais, permite que a taxa de aquisição desses sistemas deva ser muito alta, sendo aptos a
capturar e processar milhares de sinais transientes por segundo.
O princípio de detecção de uma descarga parcial pelo ensaio de EA esta baseado no fato de que a
presença da mesma gera ondas elásticas transientes que se propagam de forma volumétrica e com
velocidades conhecidas em materiais isotrópicos. Este fenômeno assemelha-se ao pulso ultra-
sônico. Este pulso emitido pela descarga parcial, que viaja pela estrutura, é capturado por
transdutores (Figura 04) e transformado em um sinal elétrico que é parametrizado pelo sistema de
EA (Figuras 03 e 05). Desta forma, a emissão acústica é capaz de detectar fontes de descargas
parciais em estruturas, tais como transformadores de potência e reatores.
Sinal
Sensor
Instrumento de detecção de
Emissão Acústica
Ten- Ten-
são são
ou Onda de ou
outro Emissão outro
estí- Acústica estí-
mulo mulo
Fonte
Carcaça
Material para
amortecimento
Eletrodo
Elemento
Placa de piezoelétrico
desgaste
Acoplante
Equipamento
Tempo de subida
Contagens
AMESR (MARSE)
Limiar
Tempo
Duração
Sinal de EA
Circuito
Nível de limiar Comparador Pulsos de passagem pelo limiar
Figura 05: Topologia padrão de sinal de EA. (AMESR = Área Medida sob o Envelope do Sinal
Retificado)
Relação
Diagnóstico
R1 R2 R3 R4
Decomposição térmica r > 1,0 r < 0,75 r < 0,3 r > 0,4
Descarga Baixa intensidade (DP) r < 0,1 - r < 0,3 r > 0,4
elétrica Alta intensidade (arco) 0,1 < r <1,0 r > 0,75 r > 0,3 r < 0,4
O Critério de Rogers trabalha com os gases H2, CH4, C2H2, C2H4 e C2H6, e com as relações R1, R2,
R5 e R6. Para a aplicação do critério de Rogers primeiramente se faz necessário codificar os valores
das relações em função de limites de referência apresentados na Tabela 04. Em seguida, com o
código formado, identifica-se um diagnóstico conforme a Tabela 05.
Relação
Diagnóstico
R1 R2 R3 R4
Deterioração normal 0 0 0 0
Descargas parciais 5 0 0 0
Sobreaquecimento abaixo de 150 ºC 1/2 0 0 0
Sobreaquecimento entre 150 ºC e 200 ºC 1/2 1 0 0
Sobreaquecimento entre 200 ºC e 300 ºC 0 1 0 0
Relação
Diagnóstico
R1 R2 R3 R4
Sobreaquecimento de condutores 0 0 1 0
Corrente de circulação nos enrolamentos 1 0 1 0
Corrente de circulação no núcleo e tanque,
1 0 2 0
sobreaquecimento em conexões
Descarga contínua 0 0 0 1
Arco com alta energia 0 0 1/2 1/2
Descarga contínua de baixa potência 0 0 2 2
Descarga parcial envolvendo papel 5 0 1/2 1/2
O Critério da Norma NBR 7274 trabalha com os gases H2, CH4, C2H2, C2H4 e C2H6, e com as
relações R1, R2 e R5. Para a aplicação do critério Norma NBR 7274 primeiramente se faz
necessário codificar os valores das relações em função de limites de referência apresentados na
Tabela 06. Em seguida, com o código formado, identifica-se um diagnóstico conforme a Tabela 07.
Tabela 06: Codificação das concentrações de gases para o critério Norma NBR 7274.
Relação
Diagnóstico
R2 R1 R5
Deterioração normal 0 0 0
Descargas parciais de baixa energia 0 1 0
Descargas parciais de alta energia 1 1 0
Arco com baixa energia 1/2 0 1/2
Arco com alta energia 1 0 2
Sobreaquecimento abaixo de 150 ºC 0 0 1
Sobreaquecimento entre 150 ºC e 300 ºC 0 2 0
Sobreaquecimento entre 300 ºC e 700 ºC 0 2 1
Sobreaquecimento acima de 700 ºC 0 2 2
Ensaios
Figura 08: Sistema de aquisição e tratamento de sinais de EA (esquerda) e unidade móvel de ensaio
(direita).
242
241
T e n s ã o (k V )
240
S E A R E IA
L im it e d e a la r m e
239
0 8 :0 0 :0 0 1 0 :0 0 :0 0 1 2 :0 0 :0 0 1 4 :0 0 :0 0 16 :0 0 :0 0 18 :0 0 :0 0 20 :0 0 :0 0 22 :0 0 :0 0 00 :0 0 :0 0
H o r á r io
S E A r e ia 2 0 / 0 2 / 2 0 0 8
242
241
T e n s ã o (k V )
240
S E A R E IA L im it e d e a la r m e
239
0 9:0 0:00 1 1:00 :00 13 :00:0 0 15:0 0:0 0 1 7:00 :00 19 :00:0 0 2 1:0 0:00
H o r á r io
14/02/08 968 4062 36223 1534 463 3544 2601 368 28 5.962 49.791
16/02/08 2107 2879 37103 3654 500 3464 4974 677 66 11.978 55.424
G A S E S D IS S O L V ID O S N O Ó L E O IS O L A N T E - U 3 C
100000
10000
1000
C o n c e n t ra ç ã o ( p p m )
100
10
1
1 /1 /0 7 2 /3 /0 7 1 /5 /0 7 3 0 /6 /0 7 2 9 /8 /0 7 2 8 /1 0 /0 7 2 7 /1 2 /0 7 2 5 /2 /0 8 2 5 /4 /0 8
Data
400 20
18
350
16
300
14
250
12
Potência (MVA)
Tensão (kV);
Corrente (kA)
200 10
8
150
Potência 3A 6
100 Potência 3B
Potência 3 C
Potência 3 4
Tensão 3
50 Corrente 3A 2
Corrente 3B
Corrente 3C
0 0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000
Tem po (s)
Figura 14: Gráfico de contagem por amplitude de eventos no interior dos transformadores.
Referências