FEITU:

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Mais do que apre- Umuarama, domingo, 8 de novembro de 2009

sentação artística,
presença artística!

por Caroline Guimarães Gil
      No dia 26/10 (segunda-feira) até o dia 30/10 (sexta-
feira) aconteceu na UNIPAR o Festival Intercampi de Talentos
Universitários (FEITU). Fiz questão de poder estar presente
em todos os dias - com exceção, infelizmente, dos dias 29 e
30/10 - para prestigiar os artistas que – além de Umuarama
- vieram de outros campos da universidade, como: Cianorte,
Cascavel, Toledo, Paranavaí e Francisco Beltrão. Como
breve descrição - antes de incrementar com o meu olhar
as impressões que obtive durante os dias em que estive
presente – faz-se importante lembrar, os nomes das apre-
sentações que estiveram acontecendo durante a semana,
sendo elas: “MPB - Projeto Por Todo Canto”, “50,60, Em
algum lugar do passado” e o “Noviço” do campos de Cianorte;
já no campos de Cascavel, tivemos, “O retrato de Dorian e
Gray”, “O reino encantado das águas da vida” e “Passion”;
no campos da Paranavaí, “Som da Gente”, “100 anos de
Carmem Miranda: a pequena notável” e “As Aves” peça do
dramaturgo grego Aristófanes; e para finalizar a semana, o
campos de Francisco Beltrão, vieram nos apresentar “Brasil
O Frango
na Telha
Hoje é o último dia da 10ª Festa do Frango na Telha de Umuar-
ama, que está acontecendo no Pavilhão da Indústria e Comércio
do Parque de Exposição Dário Pimenta Nóbrega (inclusive, hoje é
só para o almoço, à partir das 11 da manhã). Tocado pelo sabor da
iguaria, alimentei meus devaneios sobre pratos típicos, suas origens,
reflexos, funções sociais e culturais. Sei que é discussão pra mais
de metro, mas vou tentar resumir algo nesse texto.
Primeiro é interessante definir (ou tentar definir) o que é um
prato típico. Vamos lá. Um grupo de pessoas se manifesta de várias
formas: dança, música, gravuras, cinema e muitas outras. A culinária
é uma dessas formas, pois assim como toda manifestação cultural,
ela utiliza e transforma a matéria prima disponível nas redondezas,
a rearranja e devolve para a sociedade em forma de novo produto,
maior do que a simples mistura dos ingredientes, neste produto
também está a inspiração de quem o criou e uma grande pitada de
identidade local.
Um prato típico, além de manifestação da arte e culinária local,
é um ótimo meio de se preservar a história, pois seus ingredientes
geralmente remetem a alguma realidade ou fato histórico do local, que
pode ser da época de sua colonização ou até mesmo algum evento
de grande relevância e mudança na cultura da região.
Eu mesmo já me questionei bastante sobre a adoção do Frango
na Telha como um prato típico de Umuarama, afinal não via conexão
alguma com a história da Cidade (a criação do Município, em 1960,
foi comemorada com uma churrascada). Porém, depois de alguma
reflexão e estudo, percebi que esse meu pensamento era muito
simplório e limitado, tendo em vista que nossa história tem apenas
59 anos e nossa colonização foi bastante plural de etnias e costumes,
certamente demoraríamos um bom tempo para unificar a Identidade
Umuaramense num prato gastronômico ou outro tipo de manifestação
cultural essencialmente local. Mas o primeiro e salutar passo para
isso veio do pessoal do Rotary da cidade.
Umuarama tem grande tradição pecuária, possuindo um dos
maiores rebanhos bovinos do estado, portanto seria uma decisão óbvia
fazer um prato típico usando carne bovina. Essa era a discussão da
reunião de 20 de março de 1999, no Rotary Club Umuarama, que
estava com a intenção de criar um prato gastronômico local e introduzir
uma festa de comida típica Umuaramense no calendário de eventos
municipal e estadual. No ano anterior já haviam feito uma costelada
e se questionavam se a fórmula deveria se repetir.
Uma costelada não era nada inovador e não combinava com
a idéia inicial de se criar um prato novo, exclusivo ou, ao menos,
diferente. Foi aí que o Sr. Delso Rossoni, atento à abertura de uma
grande beneficiadora de aves na cidade e, vislumbrando um novo
ciclo de desenvolvimento regional por vir, sugeriu que se fizesse uma
festa do frango. Assim, naquele ano de 1999, nasceu a Fest Frango
(11, 12 e 13 de Setembro), cuja idéia principal era celebrar esse novo
ciclo de produção da cidade. Entretanto, nestas festas, o Frango na
Telha era apenas mais um de vários outros pratos feitos com frango,
e dessa forma se perdia o foco no prato principal. Sugeriu-se então
que, à partir da 5ª edição (2004) a Fest Frango seria rebatizada de
Festa do Frango na Telha, cujo único e principal prato seria o Frango
na Telha e alguns acompanhamentos como arroz branco, farofa e
salada.
Hoje a festa se encontra na sua décima edição e consta no cal-
endário gastronômico oficial do Estado do Paraná. Existem, também,
movimentos para que se reconheça, oficialmente, o Frango na Telha
como prato típico de Umuarama, o que será de muito bom proveito
aos Umuaramenses.
Tenho comigo que qualquer coisa que é exclusiva de um grupo,
cria em seu membro uma fagulha de orgulho e respeito à esse grupo.
Objetos, cultos, histórias ou outros produtos culturais locais só ajudam
às pessoas a se sentirem inseridas num ambiente mais rico, inspirador,
respeitável e, por que não, mais aconchegante. Um bom quitute local
para se admirar e se gabar aos amigos de outras cidades faz o papel
de se ter um Pelé jogando no seu time do coração.
E o Frango na Telha é isso, um instrumento para fortalecer nossa
identidade e nos tornar mais Umuaramenses. Um prato que, se não
foi criado na cidade, foi acolhido e divulgado por aqui. Inclusive, a
adoção oficial de um prato típico, não exclui a criação de outros, com
outras inspirações e motivações, o que só enriqueceria a “Experiência
Umuaramense” para as pessoas que nos visitam todos os dias.
Então, além convidar você a almoçar, hoje, lá na Festa do Frango
na Telha, lanço aqui a campanha para que o prato seja, oficialmente
reconhecido como um prato típico de Umuarama. Mas caso não tenha
jeito de comparecer na Festa, não fique triste, mas fique atento, na
semana que vem eu publico a receita!

Gentileza
em Tom Maior”, “A2” e “A casa de Bernalda Alba”.
      A noite das apresentações que iniciaram sempre às
19h30min tinha como distribuição 1 espetáculo de teatro, por Ângela Russi
1 do coral e outro da Cia de dança da cidade específica. A
apresentação do Coral de Cianorte foi muito calorosa; uma
Um dia desses, estava caminhando e ao passar em frente a um saía da sala de aula, buscava água para mim sem que eu pedisse. Era
das cantoras presentes chegou a cantar individualmente
portão de garagem, um carro saía. Dei um passo indeciso, pois, uma gentileza que eu recebia com gratidão e que nunca mais esqueci.
duas de suas músicas, que o público as recebeu com
esperava que o motorista saísse para rua, mas a motorista me viu e Quando fiz uma cirurgia e não tive o direito de um acompanhante, uma
grande ânimo - músicas serenas com um conteúdo textual
esperou que eu passasse. Depois saiu e seguiu o seu caminho. Essa paciente que dividia o quarto comigo, e só faria cirurgia no dia seguinte,
maravilhoso. Além disto, neste dia, a Cia de dança fez uma
é uma situação cotidiana muito comum, não é? A situação pode ser. me ajudava quando eu precisava me levantar e andar.  Nunca mais
excelente performance - juntamente com o professor da Cia,
Um motorista esperar o pedestre passar não é  mesmo. a vi e ainda hoje rezo por ela.  Às vezes, um simples sorriso recebido
que por sinal, foi muito aplaudido, por excelente aptidão –
  Continuei a caminhada pensando sobre isso. de alguém é uma grande gentileza num dia em
do musicista Elvis Presley, além de representar muito bem
O gesto dela em esperar que eu passasse é lei, pois que tudo está dando errado. Muitos outros gestos
com o figurino a época representada. A peça “O Noviço”
o pedestre sempre tem a preferência, entretanto, me veem à memória, por sorte conheci muitas
foi igualmente muito festejada, pela boa desenvoltura na
estávamos apenas nós duas. Nenhum guarda de pessoas gentis.
atuação, marcações muito bem elaboradas, gerando gar-
trânsito, ninguém para fiscalizá-la. Ela poderia   Há uma música do Lulu Santos que diz o
galhadas no público.
ter continuado saindo com o carro e ido embora seguinte: ”ela me faz tão bem, ela me faz tão bem
      No dia 27/10, a dramaticidade e seriedade da peça
sem problema. Eu nem me sentiria ofendida ou que eu também quero fazer isso por ela. ”Esse
“O retrato de Dorian e Gray” com certeza levantou grande
prejudicada, porém ela parou e assim cometeu é o espírito quando se recebe gentileza, ou seja,
espanto pelos presentes, que ficaram chocados com tamanha
uma gentileza para comigo. retribuir. Não por obrigação, só por reconhecer o
entrega dos atores em cena - além de ser um texto pouco
  Gentileza é artigo raro hoje em dia. É claro bem recebido. Então, penso comigo mesma e agora
complexo. A Cia da dança chegou para tirar o peso desta
que somos muito educados, dizemos obrigado, conto para vocês, porque não ser gentil se só faz
dramaticidade com uma jovial atuação, numa mistura de
desculpe, por favor, e devemos dizer mesmo, bem? Acontece que a lei do mundo atual é’ toma lá
estilos: balé e dança de rua. Neste mesmo dia, ainda teve
mas gentileza é mais que educação, não nasce da cá’ e há muitas pessoas tão machucadas pela
uma peça teatral com traços infantis que foi recebida com
do processo de aprendizagem, aquele que ensina vida que não conseguem ser gentis, embora, ser
grande alegria pelas crianças presentes.
boas maneiras, nasce do coração e o que lhe dá  gentil seja uma das formas de sermos curados
      No espetáculo de quarta-feira - de Toledo - o Coral
energia chama-se gratidão. das agruras do cotidiano.
esteve muito entusiástico! O pessoal que assistiu vibrou com
  Lembro-me de vários momentos de minha vida em que recebi Talvez por ser considerada antiquada ou por ser confundida com
os cantos da Cia, que se demonstraram presentes no palco.
a gentileza de algumas pessoas e todas elas foram de graça. Eu fraqueza, a gentileza não anda muito popular. O medo de não estar
Logo em seguida, teve uma apresentação da Cia de dança,
não pedi, eu não paguei por elas e por isso tentei demonstrar o vivendo de modo condizente com os tempos atuais, ou de ser passada
num estilo romântico, que exigia total “química” entre casais
bem que me fez com a linguagem do coração. Eu senti gratidão e para trás, leva muita gente a agir grosseiramente. Justificando esse
na atuação. Mas o que ficou muito marcado nesta noite – e
sinceramente agradeci. comportamento como autoproteção, afirmam estar corretas.
tirou várias gargalhadas do público - foi à excelente comédia
  Quando fui professora de 1ª Série, eu falava muito.  Penso que a Gentileza não é troca, é gratuidade. É respeito pelo outro,
“A Cantora Careca”, com um texto contemporâneo, bom
alfabetização exige mais oralidade do professor. Eram horas falando independente de ganhar algo  com isso. Ela está nos gestos mais
desembaraço dos atores em cena, e ótima marcação. Sou
sem parar e naquela época eu não tinha ainda o hábito de carregar simples como num balançar de cabeça de uma motorista que diz,
suspeita a falar desta, já que me causou grande afeição,
uma garrafinha de água como faço hoje. Minha auxiliar, sempre que sem palavras: ”Pode passar. Eu posso esperar.”
também pelo estilo contemporâneo e amadurecido no texto
me agradar mais.
      Não poderia deixar de comentar um pouco a mais
sobre este último, já que me foi de grande valia. O cenário
era totalmente “atemporal” como disse minha prima - logo
após assistir a peça. O figurino dos atores, os móveis e os
utensílios presentes, não dava para categorizar o espe-
táculo num período da história. Além do mais, os atores não
precisaram dispor de grandes movimentos corporais para
encenar, porém pela sutileza das ações, e a forma como
empregaram o texto, foi muito perspicaz.
      Acredito que a semana tenha sido muito proveitosa
para os que tiveram acompanhando-a. E espero que – sin-
ceramente - os que gostam de arte e espera que ela acon-
teça na cidade, que estejam presentes nos eventos. Ainda
informo que no dia 9/11 e 10/11 haverá espetáculos, mais
informações no departamento de cultura da UNIPAR.