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b) SISTEMA HIDRÁULICO PREVENTIVO AUTOMATIZADO

1- HISTÓRICO
Foram longos anos de pesquisa e estudos de casos reais de grandes incêndios em todo
o mundo que permitiram o desenvolvimento de tecnologia bastante sofisticada de
sistemas que extinguem o fogo rapidamente, sem o auxílio humano, uma vez que são
acionados unicamente pela ação do próprio fogo.

Registros históricos atestam que a idéia de criação de um sistema automático para


combater o fogo surgiu em 1723 quando Ambrosio Godfrey, utilizando um vaso de couro
por ele mesmo construído, cheio de água e completamente fechado, fixou-o no teto e
nele adaptou um cartucho com pólvora ao qual foi fixado um fio fusível. A idéia do projeto
era que quando o fio fusível fosse queimado pelo fogo do incêndio, em seu início, a
explosão da pólvora arrebentava o vaso e a água se espalhava sobre os materiais que
estavam queimando.

Em 1806 John Carey desenvolveu um sistema de chuveiro perfurado contendo uma rede
de canalização que operava automaticamente quando o calor do fogo queimava a corda
que segurava as válvulas fechadas. Em 1864 o Major Stewart Marcison, do First
Engeneer London Volunteers, projetou um sprinkler automático, considerado como
protótipo, pois já possuía elemento termo sensível que se fundia com a ação do calor
permitindo a descarga da água sob pressão em todas as direções, acionando somente
aqueles atingidos pela ação do calor.

Em 1875, Henry S. Parmeller projetou o fabricou o primeiro corpo de chuveiro


automático, para proteger contra incêndios a sua fábrica de pianos em New Haven -
Connecticut, nos Estados Unidos, sendo este o primeiro sprinkler a ser aceito
comercialmente e também o primeiro a ser reconhecido pelas seguradoras.

No período de 1875 a 1878, a Fator Mutua Insurance Company (FM) compilou diversos
relatórios que indicavam claramente a eficiência do sistema de chuveiros automáticos na
proteção contra incêndios. A pesquisa realizada pela FM convenceu as companhias de
seguro, levando-as a estimularem seus segurados na implantação de sistemas de
sprinklers em seus prédios, com custos de seguros bastante reduzidos.

Entre os anos de 1872 e 1914, mais de 450 patentes de “AUTOMATIC SPRINKLERS”


foram registradas nos Estados Unidos da América. Em 1974 a lista da Factory Mutual
relacionava apenas 15 modelos de “Automatic Sprinklers Head”

A lista atual elaborada pela FM informa que hoje existem diversas fábricas de spriklers
espalhadas pelo mundo, sendo que a maioria delas está localizada nos Estados Unidos
da América, seguindo-se a Europa e o Japão. No Brasil existem atualmente cinco
empresas fabricantes, sendo que todas utilizam a ampola estilhaçável de vidro como
elemento termossensível. Apenas uma empresa brasileira desenvolveu tecnologia de
fabricação deste componente, sendo que as outras importam da Inglaterra ou Alemanha.

2 - LEGISLAÇÃO
Os Sistemas Hidráulicos Preventivos automatizados, também denominados Sistemas
Fixos ou Sistemas de Chuveiros Automáticos, não dependem da ação do ser humano
(operador) para a sua aplicação sobre o material combustível que entra em combustão.

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O sistema apresenta como principal vantagem o seu acionamento sem a dependência
da intervenção humana, agindo com rapidez de modo a extinguir o incêndio em seu
estágio inicial ou pelo menos controlá-lo, não permitindo que atinja níveis críticos. As
exigências técnicas para montagem dos sistemas e as especificações de fabricação dos
chuveiros são regulados por normas e regulamentos.

No Brasil as normas técnicas vigentes são:


Para fabricação: • NBR 10897/03 – NORMA BRASILEIRA (ABNT)
• EB-152/90 – ESPECIFICAÇÃO (ABNT)
• MB-267/90 – MÉTODOS DE ENSAIO (ABNT)

Para instalação: • EB-1135/90 (ABNT)

Os Regulamentos são elaborados pelas Polícias Militares ou pelos Corpos de Bombeiros


Militares e implantados em cada estado, através de decretos dos governos estaduais.
Nas Normas de Segurança Contra Incêndios do CAT/SC – NSCI/94 o Capítulo XV trata
do Sistema de Chuveiros Automáticos (Sprinklers).

3 - EFICIÊNCIA DO SISTEMA
As constantes pesquisas no sentido de aprimorar e consequentemente melhorar a
eficiência desse sistema fizeram com que atualmente o sistema de chuveiros
automáticos seja reconhecido como o mais importante sistema de proteção contra
incêndios existente atualmente.

O sistema apresenta inúmeras vantagens, entre as quais se destacam:


- É um sistema totalmente automático
- Aciona o alarme simultaneamente com sua entrada em operação
- Tem rápida ação de aspersão de água sobre o foco do incêndio
- Tem sua ação restrita à área de circunscrição do fogo

De acordo com dados estatísticos da NFPA (National Fire Protection Association – USA),
em estudo realizado com espaço amostral de 60.000 incêndios ocorridos em locais onde
havia a instalação desse sistema, foi demonstrada sua eficiência em 94% dos casos,
sendo que nos 6% em que não houve desempenho favorável, ocorreram falhas no
suprimento de água ou projeto inadequado.

4 - COMPONENTES BÁSICOS DO SISTEMA


Um sistema de chuveiros automáticos é basicamente constituído por uma rede de
tubulações fixas na qual estão conectados os chuveiros automáticos (sprinkler) com
espaçamento adequado, controlada por uma válvula de governo e alarme, interligado a
um sistema de pressurização e uma fonte de abastecimento de água.

O Sistema Hidráulico automatizado é constituído dos seguintes elementos

- RESERVATÓRIO DE ÁGUA (fonte de abastecimento de água)


- CANALIZAÇÃO - dividida em geral, subgeral e ramais
- BRAÇADEIRAS PARA FIXAÇÃO DA REDE NO TETO
- BICOS DE SPRINKLERS - conectados diretamente nos ramais (gambiarras)
- MOTO-BOMBAS COM ALIMENTAÇÃO INDEPENDENTE
- VÁLVULA DE RETENÇÃO (GOVERNO) E ALARME
- MOTOR DE ALARME E CAMPAINHA
- REGISTRO GERAL DE GAVETA

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Desenho esquemático mostrando as principais partes integrantes do SHP automatizado

• RESERVATÓRIO DE ÁGUA
Todo sistema hidráulico automatizado deve dispor de um suprimento de água exclusivo
que permita uma operação automática, com capacidade suficiente para atender a
demanda do sistema. As normas específicas estabelecem que o reservatório para um
sistema de chuveiros automáticos pode ser elevado, com fundo ao nível do solo, semi-
enterrado ou subterrâneo ou ainda açudes, represas, rios, e lagoas.

A capacidade efetiva dos reservatórios deve ser calculada em função do tempo mínimo
de duração de funcionamento do sistema para cada Classe de Risco de ocupação, sendo
que o tempo mínimo de operação para determinar a capacidade efetiva é de 30
minutos para Risco Leve e 60 minutos para Risco Médio e Elevado.

• CANALIZAÇÕES
A rede de tubulações que liga a válvula de governo e alarme e alarme (VGA) aos
chuveiros automáticos (sprinklers) possui nomes específicos para cada parte, conforme
demonstrado no desenho que segue. As canalizações que ficarem aparentes deverão
ser pintadas de vermelho.

Foto mostrando um trecho de tubulação aparente do sistema pintada de vermelho

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- COLUNA PRINCIPAL (SUBIDA OU DESCIDA) – é a tubulação que liga a rede de
suprimento de abastecimento de água com a tubulação geral e onde é instalada a
válvula de governo e alarme (VGA) que controla e indica a operação do sistema.

- GERAL – é a tubulação que interliga a subida principal à subgeral, ou seja, alimenta as


redes subgerais.

- SUBGERAIS – são tubulações que interliga a rede geral, ou seja, destinadas à


alimentação dos ramais.

- RAMAIS – são ramificações onde são diretamente instalados os chuveiros automáticos.

Planta baixa do projeto mostrando a rede de canalizações do sistema

Perspectiva mostrando todas as partes das canalizações do SHP automatizado

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• CHUVEIROS AUTOMÁTICOS – são os elementos sensores e acionadores do sistema.
Os bicos de spriklers são dispositivos conectados diretamente nos ramais da rede de
tubulações do sistema, com espaçamento mínimo estabelecido em projeto, de modo a
fornecer cobertura para toda a área da edificação a ser protegida.

Desenho ilustrando em planta e em corte a cobertura fornecida pelos chuveiros

Os chuveiros são dotados de um bulbo de vidro/ampola estilhaçável contendo líquido


altamente expansível ao calor que mantém os chuveiros hermeticamente fechados,
rompendo a uma temperatura pré-determinada e liberando automaticamente uma
descarga de água pulverizada sobre o foco de incêndio, extinguindo-o totalmente ou
limitando a sua propagação.

O defletor colocado na base do chuveiro é responsável por transformar o jato sólido


que sai do orifício em neblina que é aspergida em forma de chuva, sendo que a
densidade das gotas é definida em função da pressão, do tipo de chuveiro e do
diâmetro do orifício de passagem da água.

Detalhe do chuveiro automático (sprinkler) e suas partes componentes

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Projeto e fotos de modelos de sprinklers pendentes e de pé

Fotos e projeto de modelos de sprinklers laterais (deitados)

Os bulbos de vidro (ampolas estilhaçáveis de quartzóide) podem romper a diversas


temperaturas, conforme quadro que segue:

Diversas temperaturas de rompimento das ampolas de vidro

• VÁLVULA DE GOVERNO E ALARME – na verdade a VGA é uma válvula de retenção


com uma série de orifícios roscados para ligação de dispositivos de controle e alarme.
Quando do rompimento da ampola de um ou mais sprinklers, a pressão na rede de
distribuição diminui, a válvula fornece água para o circuito de alarme e aciona o motor
que irá pressurizar o sistema.
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VGA em corte, responsável por acionar o alarme simultaneamente a operação do sistema

5 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA


Um sistema automatizado de extinção consiste na distribuição de uma rede hidráulica
instalada no teto das diversas dependências a serem protegidas formando uma
verdadeira malha de tubulação contendo água.

Quando ocorre um princípio de incêndio, os chuveiros automáticos do sistema são


operados individualmente pela ação do calor do fogo, liberando imediatamente a
passagem de água. O jato sólido de água ao sair da tubulação choca-se com o defletor
do sprinkler, sendo aspergido em forma de neblina (chuva) sobre o foco de incêndio.

A circulação de água no sistema aciona uma válvula automática de controle, também


chamada de Válvula de Governo e Alarme (VGA), que se abre com o empuxo da água
vinda da bomba de incêndio, permitindo sua passagem para os chuveiros automáticos
acionados e para o circuito hidráulico de alarme que faz soar um sinal sonoro em toda a
edificação.

Neste sistema, como a operação dos chuveiros automáticos é individual, a água somente é
descarregada por aqueles que forem acionados pelo calor do fogo.

Após a completa extinção do foco de incêndio, o que deve ser confirmado com absoluta
segurança no local, o responsável pela manutenção do sistema deve desligar manualmente
a bomba, fechar o Registro de gaveta (RG) e providenciar a substituição das ampolas dos
chuveiros abertos, colocando o sistema novamente em condições de entrar em operação.

As normas específicas recomendam que o sistema seja testado mensalmente objetivando


verificar principalmente o funcionamento da bomba e do alarme.

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