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Prefácio
Introdução
Situando o Pensamento Administrativo: as Escolas de Administração
e o Paradigma Desenvolvimentista 1
Introdução
O Pensamento Administrativo como Fruto do Processo de
Modernização da Sociedade 11
Capítulo 1
A Escola Clássica de Administração e o Movimento da
Administração Científica 31
Teoria Geral da Administração
Capítulo 2
A Escola de Relações Humanas 51
Capítulo 3
Teorias sobre Motivação e Liderança: da Administração
de Recursos Humanos à Gestão de Pessoas 71
Capítulo 4
Os Processos Decisórios nas Organizações e o
Modelo Carnegie (Racionalidade Limitada) 103
Capítulo 5
O Estruturalismo e a Teoria da Burocracia 131
Capítulo 6
A Teoria dos Sistemas Abertos e a
Perspectiva Sociotécnica das Organizações 169
Capítulo 7
O Sistema e a Contingência: Teoria das Organizações e Tecnologia 213
Capítulo 8
Enfoque Prescritivo: o Desenvolvimento Organizacional 251
Capítulo 9
Uma Visão Transversal da Teoria Geral da Administração: a Evolução
dos Conceitos Relacionados ao Homem,
à Organização e ao Meio Ambiente 277
8111
Sumário
Capítulo 10
A Cultura Organizacional 299
Capítulo 11
A Aprendizagem Organizacional 331
Capítulo 12
O Poder nas Organizações 361
Capítulo 13
Teorias Ambientais 377
Capítulo 14
Psicanálise Organizacional e Psicodinâmica, Pós-Modernidade
e Tendências Futuras nos Estudos Organizacionais 411
1:
Prefácio
:11
PARTE I
uma breve síntese dos diversos tipos de autoridade tratados por Max
Weber e os compararemos. O processo de modernização é a progressiva
substituição de estruturas sociais baseadas na autoridade tradicional,
como a sociedade medieval, por estruturas sociais baseadas na autoridade
racional-legal e pela emergência de uma lógica de mercado.
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O Pensamento Administrativo como Fruto do Processo de Modernização da Sociedade
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Capítulo 1
A Escola Clássica de Administração e o
Movimento da Administração Científica
1. Introdução
Vimos na classificação efetuada no início deste livro, que o foco da Escola
de Administração Clássica é Interno e Estrutural, ou seja, os principais
teóricos dessa escola focam a sua análise no aperfeiçoamento das regras e
estruturas internas da organização. Para eles, a partir do momento em que
a organização tem estruturas adequadas que funcionam bem e otimizam
a produção, todos os outros problemas se resolvem, incluindo aqueles
relacionados ao comportamento humano e à competição com outras organi-
zações. A frase supracitada de T. S. Eliot exemplifica bem a visão predomi-
nante nessa época: considerava-se que o aperfeiçoamento dos sistemas
garantiriam por si só os resultados desejados. O ser humano era considerado
como um ser que analisava racionalmente as diversas possibilidades de de-
cisão, podendo assim criar e implantar os melhores sistemas. Trabalhava-se
com o pressuposto de racionalidade absoluta. A fé na capacidade e no
engenho humano parecia, então, ilimitada.
Teoria Geral da Administração
2. Origens
Para chegar às origens do movimento de administração científica é
necessário que façamos uma pequena incursão pela história.
No século XVII, Descartes nega todo o conhecimento recebido com base
apenas em costumes e tradições e salienta o poder da razão para resolver
qualquer espécie de problema. É a substituição do tradicional pelo racional.
No século XVIII, o Racionalismo atinge seu apogeu para ser, no século
seguinte, aplicado às ciências naturais e finalmente às ciências sociais.
Havia um campo, no entanto, que ainda não fora afetado pela racionali-
zação. Esse campo era o do trabalho. O advento das máquinas tornara o tra-
balho evidentemente mais eficiente, porém não havia ainda provocado a
racionalização da organização e execução do trabalho.
No início do século XX, surgem os pioneiros da racionalização do trabalho
e, como em muitos aspectos suas idéias eram semelhantes, ficaram conheci-
dos como fundadores da Escola de Administração Científica ou Escola
Clássica.
O pensamento central dessa escola pode ser resumido na afirmação de
que alguém será um bom administrador à medida que planejar cuidadosa-
mente seus passos, que organizar e coordenar racionalmente.
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A Escola Clássica de Administração e o Movimento da Administração Científica
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Teoria Geral da Administração
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A Escola Clássica de Administração e o Movimento da Administração Científica
usa essa análise, no entanto, para justificar o Estado autoritário. Segundo ele,
dado o egoísmo humano, em seu estado natural os homens viveriam em guerra e
a civilização humana não duraria. Daí a necessidade de um poder central que
protegesse o homem do egoísmo dos outros homens, permitindo a vida em
sociedade. Autores posteriores, com base no mesmo conceito do egoísmo da ação
humana, desenvolvem argumentos opostos, no sentido de valorizar o liberalismo
econômico e a descentralização do poder. Para Adam Smith, justamente o inte-
resse em maximizar o seu ganho individual faz com que os agentes econômicos –
produtores, consumidores e trabalhadores – procurem as alternativas mais
racionais de ganhos em um mercado competitivo. Esse mercado, livre de toda e
qualquer restrição, permitiria o livre jogo das forças da oferta e da procura. O
mercado agiria como uma “mão invisível”, canalizando as motivações egoístas e
interesseiras dos homens para atividades mutuamente complementares que pro-
moveriam, de forma harmoniosa, o bem-estar de toda a sociedade. Assim, o credo
psicológico dos ideólogos do liberalismo clássico baseava-se em quatro pressupos-
tos sobre a natureza humana: todo homem é egoísta, frio e calculista, inerte e
atomista. A teoria de que as motivações humanas são essencialmente egoístas foi
endossada por muitos pensadores liberalistas eminentes desse período, tais como
Bentham e Locke. Jeremy Bentham1 desenvolveu o utilitarismo, em que ele
propõe uma visão hedonista do ser humano, segundo a qual o homem busca o
prazer e a rejeição da dor e estes são seus únicos impulsos. Todo tipo de esforço ou
de trabalho é encarado pelo ser humano como doloroso. Portanto, a aversão seria
a única emoção que o trabalho poderia suscitar no homem. Dessa forma, os
homens agiriam calculadamente, de forma egoísta, com o objetivo de aumentar o
seu prazer e seus ganhos evitando a dor e o trabalho. Se os homens não encon-
trassem atividades que lhes proporcionassem prazer ou se não temessem a dor,
ficariam reduzidos à inércia e à indolência. A visão individualista do ser humano
é reforçada por Locke, em uma outra linha de argumentação, quando esse autor
define os direitos naturais do ser humano. Para Locke, o direito à propriedade
individual seria decorrente do direito inato e sagrado que o homem tem de pos-
suir os frutos do uso de suas mãos e do seu corpo por meio de seu trabalho. O tra-
balho seria assim a origem do direito à propriedade. A propriedade da sua força
de trabalho e de seus frutos são direitos naturais básicos, e esses direitos são ante-
riores à vida na sociedade civil em comunidade. Dessa forma, devem ser respeita-
dos pelos outros homens e não podem ser alienados pelo poder central. Uma
sociedade liberal, que respeite os direitos naturais humanos, estaria em con-
sonância com essa filosofia. Max Weber mostra também a influência que a ética
protestante do trabalho tem sobre a consolidação do Capitalismo. A partir da
Reforma, no século XVI, tendo em vista as proposições de Lutero, emerge uma
ética individualista protestante, que deixa a cada homem o julgamento da vali-
1
BENTHAM, J. An introduction to the principles of morals and legislation. In: MELDENA, A. I. (Ed.)
Ethical theories. Englewood Cliffs, N. J.: Prentice Hall, 1955. O autor fez uma observação muito elucida-
tiva a esse respeito: “A natureza colocou o gênero humano sob domínio de dois senhores soberanos: a dor
e o prazer. Só a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que na realidade fare-
mos. Ao trono desses dois senhores estão vinculados, por um lado, a norma que distingue o que é certo do
que é errado e por outro a cadeia das causas e dos efeitos.” Op. cit. p. 323 (tradução dos autores).
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