Voto contra do deputado José Ribeiro na votação na generalidade da Proposta de Lei n.º 238/XII/3ª - Autoriza o Governo a legislar sobre o regime jurídico da exploração e prática do jogo «on-line»
25 de Julho de 2014
Original Title
Proposta de Lei n.º 238/XII/3ª - jogo "online" | Declaração de voto de José Ribeiro e Castro, votação na generalidade
Voto contra do deputado José Ribeiro na votação na generalidade da Proposta de Lei n.º 238/XII/3ª - Autoriza o Governo a legislar sobre o regime jurídico da exploração e prática do jogo «on-line»
25 de Julho de 2014
Voto contra do deputado José Ribeiro na votação na generalidade da Proposta de Lei n.º 238/XII/3ª - Autoriza o Governo a legislar sobre o regime jurídico da exploração e prática do jogo «on-line»
25 de Julho de 2014
Assembleia da Repblica Palcio de S. Bento 1249-068 Lisboa Telefone: 21 391 9233 Fax: 21 391 7456 Email: jrcastro@cds.parlamento.pt | gp_pp@cds.parlamento.pt http://cds.parlamento.pt DECLARAO DE VOTO Votao na generalidade da Proposta de Lei n. 238/XII - Autoriza o Governo a legislar sobre o regime jurdico da explorao e prtica do jogo on-line
Votei contra a Proposta de Lei n. 238/XII na generalidade por considerar que no responde adequadamente s preocupaes correctas que esto expressas na respectiva Exposio de Motivos. Na verdade, as portas abertas pela proposta de lei no permitem ter segurana quanto a este ser o caminho para combater o jogo ilegal, propiciador de actividades fraudulentas e, eventualmente, associadas a actividades de branqueamento de capitais, permitindo, simultaneamente, potenciar a reduo das desigualdades sociais; nem que se vai assegurar a integridade, fiabilidade e transparncia das operaes de jogo, proteger os direitos dos menores e assegurar a proteco dos jogadores, bem como delimitar e enquadrar a oferta e o consumo e controlar a sua explorao, garantindo a segurana e a ordem pblica e prevenindo o jogo excessivo e desregulado e comportamentos e prticas adictivas. Em geral, o novo regime propugnado aponta para o rompimento com a poltica de jogo que tem sido, estvel e longamente, seguida em Portugal, a qual figura, ainda hoje, em lugar de honra entre as melhores prticas europeias, a par doutros pases do nosso Continente que seguem princpios semelhantes. Ao invs, o regime futuro que pode antever-se, se no for reorientado no sentido, ao menos, daqueles modelos que estudos prvios identificaram como o figurino controlado e restritivo, poder encaminhar-nos irreversivelmente para as piores prticas europeias, com graves danos sociais e severo prejuzo para o interesse pblico. Tudo depende obviamente do desenvolvimento concreto da regulamentao, que importaria melhorar de forma muito substancial ainda neste quadro prospectivo. Acresce que muitas das cautelas e limitaes que sobraram nas propostas do novo regime e que traduzem preocupaes e propsitos muito positivos, que, a, inteiramente acompanho so, todavia, de sustentabilidade muito duvidosa. Com efeito, conhecidos que so os tratados e a jurisprudncia dos tribunais europeus, o equilbrio crtico desta matria face ao Direito Comunitrio conduzir facilmente ao seu derrube, ponto por ponto, a partir do momento em que o Estado portugus tenha, pelo novo regime, abandonado aquela impecvel e coerente posio de princpio em matria de restries ditadas por fundamentos de ordem pblica e de interesse geral. O mesmo se diga quanto aparente desigualdade nos tratamentos tributrios, que poder vir a forar evolues sempre desfavorveis para o interesse pblico e as receitas do Estado. Creio tambm que esta autorizao legislativa nunca deveria sair aprovada da Assembleia da Repblica, antes de, ao menos, ter sido dada resposta cabal, ponto por ponto, s mais srias preocupaes manifestadas nos pareceres que nos foram recentemente enviados, nomeadamente, pela Santa Casa da Misericrdia de Lisboa e pelo Comit Olmpico de Portugal, pareceres esses que deveriam ser esmiuados e detidamente aprofundados, em lugar de apenas lidos e arquivados. Este tratamento mais cuidado da matria no pde acontecer no hiper-acelerado processo legislativo com que fomos surpreendidos de supeto e que completamente inadequado a uma proposta reforma de tamanha envergadura e com impactos potenciais to significativos. Preocupa-me, em especial, o dano que, numa imaginvel derrapagem de declnio ano aps ano, possa vir a provocar-se Santa Casa da Misericrdia de Lisboa e obra social que conduz, bem como a tantos outros programas sociais que, em todo o pas, no mbito de diferentes ministrios, so actualmente financiados pelas receitas proporcionadas pelo exclusivo dos jogos que aquela tem titulado e gerido no interesse geral do pas. Preocupa-me tambm que possa desvalorizar-se nalgum momento o perigo que o jogo on-line sempre representa em matria de adico e de criminalidade econmica e financeira (ou outra associada); e, nessa sequncia, que o regime concreto a estabelecer venha a afastar-se um milmetro que seja daqueles modelos mais rigorosos, restritivos e controlados que alguns pases europeus adoptaram, ao regul-lo. Preocupa-me ainda o regime de publicidade e o da idoneidade dos operadores, no podendo transigir-se com qualquer tipo de benefcio ao infractor, para usar uma linguagem desportiva; e, bem assim, que no esteja prevista a reposio e o reforo da autoridade do departamento que sucedeu antiga Inspeco-Geral de Jogos, fortalecendo a sua independncia face a quaisquer outros interesses de operao, neste contexto de alargamento assinalvel da oferta de jogo em Portugal e garantindo, assim, a sua maior capacidade quer de aco prpria, quer de cooperao com outras entidades estatais com competncias nas reas tributria e de preveno e investigao. Receio que o quadro sancionatrio slido e eficaz, muito bem recomendado pela Exposio de Motivos, no venha a ser nem uma coisa, nem outra, sendo certo que esta uma rea em que mais importa a preveno, o impedimento e a dissuaso do que a mera represso punitiva, por muito severas que aparentem ser as sanes. Olhando a outras ocasies em que, na minha actividade poltica, tive que ocupar-me desta matria da poltica do jogo, no posso deixar de referir que sinto, hoje, de forma particularmente viva, a falta da deputada Maria Jos Nogueira Pinto, que foi tambm, entre outras funes pblicas, Provedora da Santa Casa da Misericrdia de Lisboa. Se ainda estivesse connosco na Assembleia da Repblica, acredito que, hoje, haveria, pelo menos, dois votos contra nas bancadas da maioria. Resta-me a esperana nas declaraes e na determinao dos governantes de que todos estes receios so infundados. Oxal! Este meu voto contra , nessa perspectiva, um investimento crtico, no sentido de contribuir para que o regime concreto a regulamentar e implementar no rompa com a bem inspirada experincia portuguesa que to bons resultados tem dado. E no se afaste da experincia daqueles outros pases europeus que partilham os mesmos princpios fundamentais e cautelas e tm sabido tratar os modernos desafios, mantendo o controlo, a disciplina e a rigorosa proteco do interesse pblico numa matria to importante quanto sensvel. Lisboa, Palcio de S. Bento, 25 de Julho de 2014 O deputado do CDS Partido Popular,