You are on page 1of 13

ANDRÉ DE RESENDE

(ÉVORA, C. 1500 - ÉVORA, 1573)

FRANCISCO BILOU
ANDRÉ DE RESENDE
• Nasceu em Évora,
na rua da Oliveira, c. de 1500
• Filho de André Vaz de Resende
e de Ângela Leonor Vaz Góis
• Iniciação escolar aos oito anos de
idade pela mão do mestre de
Gramática Estêvão Cavaleiro
• C. de 1510 entrou no
Convento de S. Domingos de Évora
• A opção pelo hábito dominicano,
fosse pela natural vocação espiritual
ou pela escolha deliberada do restrito
caminho de acesso aos estudos
superiores facultado pela vida
eclesiástica, permitiu-lhe um contacto
directo com o emergente campo dos
studia humanitatis das mais reputadas
universidades europeias da época.
• Entre 1513 e 1517,
Resende cursou na
prestigiada universidade
espanhola de Alcalá de
Henares

• Aí aprendeu com o mestre


Antonio de Nebrija, figura
maior do renascimento
espanhol, filólogo,
pedagogo, gramático,
historiador e antiquário.

• O exemplo de vida e obra


do mestre espanhol deverão
ter sido um sólido modelo
conceptual, uma fonte
inspiradora para o jovem
discípulo eborense.

Universidade de Alcalá de Henares


• Entre 1518 e c. de 1520,
Resende cursou na
universidade de
Salamanca

• Aí teve como mestre de


Grego o português
Aires Barbosa, insigne
homem de cultura
clássica (professor de D.
Henrique de 1523-30 e
que foi na juventude e em
Florença condiscípulo do
futuro papa Leão X).

Universidade de Salamanca
Universidade de Aix-en-Provence

• C. de 1523 deslocou-se ao sul de França, recebendo em


Aix-en-Provence, as ordens de subdiácono e diácono.

• Frequentou as Universidades de Lovaina e Paris, convivendo e aprendendo com destacados


mestres entre os quais Nicolau Clenardo (que mais tarde virá para Portugal).

• Na Flandres conheceu Erasmo de Roterdão, um dos mais influentes protagonistas do


movimento de renovação cultural do séc. XVI. Ao insigne humanista dedicou Resende o seu
Erasmi Encomium (1531).
• No auge da sua
experiência europeia,
André de Resende foi
acolhido por D. Pedro de
Mascarenhas,
embaixador português
junto da corte do
imperador Carlos V.

• Em Dezembro de 1531
celebrou-se em casa deste
embaixador, em
Bruxelas, uma festa pelo
nascimento de
D. Manuel, filho de
D. João III e D. Catarina
(irmã de Carlos V), sendo Planta da cidade de Bruxelas, Séc. XVI (1581)
aí representado auto de
Gil Vicente Jubileu de
Amores. Estas festas • O vínculo à corte de Carlos V através de D. Pedro de
serão recordadas por Mascarenhas obrigou-o a uma permanente deambulação ao
Resende no poema sabor dos itinerários régios: de 1532 a 1533, Resende
Genethiacon principis viajou sucessivamente entre Colónia, Ratisbona, Viena,
lusitani… Veneza, Bolonha e Barcelona.
• O convite de D. João III para
o importante cargo de preceptor
dos infantes D. Duarte,
D. Henrique e D. Afonso
precipitou o regresso definitivo
do mestre eborense a Portugal e
à sua “pátria” de Évora na
Primavera ou Verão de 1533.

• Chegou a Évora, antes do


começo da obra do Aqueduto da
Água da Prata (Outubro de
1533).

• Com esta obra o rei D. João


III pretendeu trazer de novo à
cidade a água de mui longe (…)
restituindo o cano de água, tam
necessário e [que havia tanto
tempo] esquecido*
* João de Barros, encómio a D. João III
para celebrar o início das obras).

Aqueduto da Água da Prata (1533-1537)


• Em Novembro de 1533, Resende
deslocou-se a Salamanca para
convidar o seu antigo professor de
Grego, Nicolau Clenardo, para,
em nome do rei D. João III, lhe
dar a guarda escolar do infante
D. Henrique (futuro cardeal e rei).

• A vinda de Nicolau Clenardo


para Évora e a sua relação com
André de Resende, D. Francisco
de Melo, mestre Nicolau de
Chanterene e muitos outros que
brilhavam no círculo cortesão de
D. Catarina, D. João III e dos
infantes seus irmãos, marcou o
início duma época a que muitos
evocam como o período de ouro
da cidade de Évora.

Virgem com o Menino.


Nicolau de Chanterene, c. 1540.
Museu de Évora
ANDRÉ DE RESENDE
o primeiro ANTIQUARI
Mantendo uma produção regular
no campo da didáctica e da
retórica (com a qual foi
alicerçando uma imagem pública
de incontestável supremacia
intelectual), Resende abraçou
com entusiasmo a actividade de
historiador, epigrafista,
antiquário, coleccionador e
arqueólogo (de ocasião).

Entre anos de 1547-48, redige em


tempo recorde A Historia da
Antiguidade da Cidade de Évora,
a convite da Câmara local
(primeira monografia deste
género na Península Ibérica).
Foi editada em 1553.
ANDRÉ DE RESENDE
o primeiro ANTIQUARI
•Antiguidades da Lusitânia
Libri Quator de Antiquitatibus
Lusitaniae (1593). Editado
postumamente pelo discípulo e amigo
Diogo Mendes de Vasconcelos.

• Compilação em quatro livros de


factos históricos, arqueológicos e
geográficos da antiga província
romana.

• OBJECTIVO: fixar a “veracidade”


histórica do passado português; A qual
só poderia ser a que reabilitasse a
identidade “nacional”, antiga e
genuína, e fosse, ela própria,
integradora das virtudes dos regentes
seculares e espirituais do seu tempo.
• Estas duas obras contribuíram para a uma Aspectos Negativos:
imagem pública nacional e uma reputação
internacional de André de Resende. A procura da “verdade”
histórica sobre o passado
• As Antiguidades da Lusitânia tiveram várias colectivo português
edições em Roma, Colónia e Frankfurt, sendo até pressupôs para Resende:
ao séc. XIX principal referência do corpus
epigráfico da Hispânia. • A “fabricação” de
elementos de prova
Aspectos Positivos: epigráficos em defesa de
• O inquestionável trajecto intelectual na elite dos uma “identidade nacional”,
humanistas do seu tempo; genuína e antiga;

• Méritos disciplinares e metodológicos; • A obsessiva concordância


desses elementos de prova
• Obstinada demanda pela evidência arqueológica, com a assunção das virtudes
sobretudo epigráfica – de que é exemplo precoce dos regentes seculares e
a Antiqua Epitaphia (1533); espirituais do seu tempo,
particularmente D. João III e
• Pioneirismo nas matérias arroladas, muitas das o cardeal D. Henrique.
quais fizeram “escola” às gerações de
historiadores e geógrafos.
Duas imagens finais
de Resende…
• A polémica com D. Miguel da Silva
sobre a existência de um Aqueduto
romano:

Em abono da sua teoria, Resende parte


com uma brigada de trabalhadores para o
campo tendo aí identificado os “pegões”
do aqueduto romano.

D. Miguel da Silva retrata-se e escreve um poema ao


Aqueduto (De Aqua Argentea)
Duas
imagens
finais de
Resende…

• Resende,
retira-se para
o campo e aí
leva uma vida
simples de
ancião como
jardineiro,
poeta e
produtor de
vinho…

• Morre em
Évora, a 9 de
Dezembro de
1573. Quinta do Arcediago (Set. 2007)

You might also like