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Só para refrescar a memória: Viola ama tanto o teatro que se disfarça de rapaz para
conseguir fazer Um papel na peça de William. Vale lembrar que, nessa época,
denominada com justiça Era Elisabetana , o teatro constituía uma atraente diversão
para o povo em geral - mas representar era algo totalmente proibido às mulheres,
sendo os papéis femininos interpretados por rapazes travestidos de mulher.
O diretor John Madden mostra que, mais que musa e amada de Will, Viola é uma
personagem paralela à da rainha Elisabeth, havendo vários pontos comuns entre as
elas: a renúncia ao amor em nome do dever e da posição social, a paixão e o
devotamento ao Teatro - e o desempenho de trabalhos masculinos: a rainha, dando
ao reino britânico a hegemonia que este nunca tivera antes; Viola, salvando
simbolicamente o Teatro e a Arte, pois, ao representar o papel de Romeu, torna
possível a apresentação da peça naquele momento. As duas: mulheres à frente de
seu tempo - cultas, inteligentes, arrojadas. Madden coloca na boca de Elisabeth as
palavras: Eu sei o que significa para uma mulher exercer a tarefa de um homem.
Essas afinidades explicam porque a rainha protege a jovem Viola que transgredira um
tabu ao subir no palco e representar um papel. Ironicamente, ela representa o papel
de Romeu, enquanto um jovem rapaz representa Julieta. O final do filme remete a
outra peça de Shakespeare, uma comédia, em que a personagem principal é uma
jovem chamada... Viola - a qual, depois de salvar-se de um naufrágio, caminha por
uma imensa praia, assim como a amada de Will, em um navio, se encaminhava em
direção ao Novo Mundo.