O documento descreve a história e definição da psicanálise segundo Freud. A psicanálise é (1) um método de investigação baseado na associação livre para entender processos mentais inconscientes, (2) um método terapêutico baseado nessa investigação, e (3) um conjunto de teorias psicanalíticas sistematizadas. Freud comparou o trabalho do psicanalista ao do químico que decompõe substâncias em elementos.
O documento descreve a história e definição da psicanálise segundo Freud. A psicanálise é (1) um método de investigação baseado na associação livre para entender processos mentais inconscientes, (2) um método terapêutico baseado nessa investigação, e (3) um conjunto de teorias psicanalíticas sistematizadas. Freud comparou o trabalho do psicanalista ao do químico que decompõe substâncias em elementos.
O documento descreve a história e definição da psicanálise segundo Freud. A psicanálise é (1) um método de investigação baseado na associação livre para entender processos mentais inconscientes, (2) um método terapêutico baseado nessa investigação, e (3) um conjunto de teorias psicanalíticas sistematizadas. Freud comparou o trabalho do psicanalista ao do químico que decompõe substâncias em elementos.
O texto abaixo do Vocabulrio de Psicanlise, de Laplanche e Pontalis:
Disciplina fundada por Freud e na qual podemos, com ele, distinguir trs nveis: a) Um mtodo de investigao que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, aes, das produes imaginrias (sonhos, fantasias, delrios) de um sujeito. Este mtodo baseia-se principalmente nas associaes livres do sujeito, que so a garantia da validade da interpretao. A interpretao psicanaltica pode estender-se a produes humanas para as quais no se dispe de associaes livres. b) Um mtodo psicoterpico baseado nesta investigao e o especificado pela interpretao controlada da resistncia, da transferncia e do desejo. O emprego da psicanlise como sinnimo de tratamento psicanaltico est ligado a este sentido; exemplo: comear uma psicanlise (ou uma anlise). c) Um conjunto de teorias psicanalticas e psicopatolgicas em que so sistematizados os dados introduzidos pelo mtodo psicanaltico de investigao e de tratamento. Freud empregou inicialmente os termos anlise, anlise psquica, anlise psicolgica, anlise hipntica, no seu primeiro artigo As psiconeuroses de defesa, de 1894. S mais tarde introduziu o termo psycho-analyse num artigo sobre a etiologia das neuroses publicado em francs. Em alemo, Psychoanalyse figura pela primeira vez em 1986 em Novas observaes sobre as psiconeuroses de defesa. O uso do termo psicanlise consagrou o abandono da catarse sob hipnose e da sugesto, e o recurso exclusivo regra da associao livre para obter o material.
Freud deu vrias definies de psicanlise. Uma das mais claras encontra-se no incio do artigo da Enciclopdia publicado em 1922: Psicanlise o nome: 1) De um procedimento de investigao de processos mentais que, de outra forma, so praticamente inacessveis 2) De um mtodo baseado nessa investigao para o tratamento de distrbios neurticos. 3) De uma srie de concepes psicolgicas adquiridas por esse meio e que se somam uma s outras para formarem progressivamente uma nova disciplina cientfica A definio proposta na abertura deste verbete produz de forma mais pormenorizada a que Freud apresente neste texto. Sobre a escolha do termo psicanlise, nada melhor do que dar a palavra quele que forjou o termo ao mesmo tempo que identificava a sua descoberta: Chamamos psicanlise ao trabalho pelo qual levamos conscincia do doente o psquico recalcado por ele. Por que anlise, que significa fracionamento, decomposio, e sugere uma analogia com o trabalho efetuado pelo qumico com as substncias que encontra na natureza e que leva para o laboratrio? Porque, num ponto importante, essa analogia , efetivamente, bem fundada. Os sintomas e manifestaes patolgicas do paciente so, como todas as suas atividades psquicas, de natureza altamente compsita; os elementos dessa composio so em ltima anlise motivos, moes pulsonais. Mas o doente nada sabe, ou sabe muito pouco, desses motivos elementares. Ns lhe ensinamos, pois, a compreender a composio dessas formaes psquicas altamente complicadas, reconduzimos os sintomas s moes pulsionais que os motivam, apontamos ao doente nos seus sintomas os motivos pulsionais at ento ignorados, como o qumico separa a substncia fundamental, o elemento qumico, do sal em que, em composio com outros elementos, se tornara irreconhecvel. Da mesma maneira, mostramos ao doente, quanto s manifestaes psquicas consideradas no patolgicas, que ele s estava imperfeitamente consciente da motivao delas, que outros motivos pulsionais que para ele permaneceram desconhecidos tinham contribudo para as produzir. Explicamos tambm a tendncia sexual no ser humano fracionando-a nas suas componentes, e, quando interpretamos um sonho, procedemos de forma a pr de lado o sonho como totalidade, pois dos seus elementos isolados que fazemos partir as associaes. Essa comparao justificada da atividade mdica psicanaltica com um trabalho qumico poderia sugerir uma direo nova nossa terapia () Disseram-nos: anlise do psiquismo doente deve suceder a sntese! E logo houve quem se mostrasse preocupado com o fato de que o doente pudesse receber anlise a mais e sntese a menos, e desejoso de colocar o peso da ao psicoteraputica nessa sntese, numa espcie de restaurao daquilo que, por assim dizer, tinha sido destrudo por vivisseco. A comparao com a anlise qumica encontra o seu limite no fato de que na vida psquica lidamos com tendncias submetidas a uma compulso unificao e combinao. Mal conseguimos decompor um sintoma, liberar uma moo pulsional de um conjunto de relaes, e logo esta no se conserva isolada, mas entra imediatamente num novo conjunto. Tambm no sujeito em tratamento analtico a psicossntese se realiza sem nossa interveno, automtica e inevitavelmente. A Standard Edition traz uma lista das principais exposies gerais sobre a psicanlise publicada por Freud. A moda da psicanlise levou numerosos autores a designar por este termo trabalhos cujo contedo, mtodo e resultados tm apenas relaes muito tnues com a psicanlise propriamente dita.
A Psicanlise: Cincia e tica Podemos contar a histria do mundo, do nosso mundo, em poucas palavras e entender o sentido da psicanlise. A psicanlise s possvel em um mundo onde a cincia est presente. Mas a psicanlise, atualmente, no se considera cincia. Neste texto, voc aprender mais sobre a psicanlise, como esta disciplina est relacionada com a cincia e com a tica. O que havia antes da cincia, antes do surgimento da modernidade? Havia um discurso que centralizava o saber. A partir de Aristteles, pensa-se o mundo como sendo perfeito acima da lua (mundo supra-lunar) e imperfeito abaixo da lua. Acima da lua era possvel criar uma cincia, um conhecimento perfeito e exato: a astronomia.Abaixo da lua, como o mundo nosso imperfeito, no era possvel criar uma cincia, uma fsica- matemtica. E o campo da tica era centralizado pelo discurso da Igreja. Tudo em seu lugar.Este foi o pensamento at o Renascimento. Com Galileu e Newton, a ideia de que no era possvel criar uma cincia nesse mundo foi questionada. Conseguimos chegar a resultados exatos com a nova fsica (na poca ainda uma filosofia natural). Com o pensamentos destes autores, h uma revoluo no pensamento humano e uma separao radical entre dois campos de saber: A episteme ou cincia (o conhecimento exato) E A tica (ou moral) Passamos a viver em um mundo infinito, em que a terra no o centro. O homem est perdido nesse infinito quem garante que a tica, a moral est realmente certa? desta forma que podemos ler a importante obra de Descartes, Discurso sobre o Mtodo, em que ele duvida de tudo, at de que existe e tem um corpo.A dvida passa a ser fundamental ao homem moderno. Com a dvida, a filosofia, desde o Renascimento, tem que ser pensada sempre sob a sombra do niilismo, sob a sombra do nada e tambm do infinito. O homem perdido busca uma resposta, um sentido, uma orientao. Perdido em si mesmo, ainda acossado por um moralismo excessivo o mundo v surgir a figura de Sigmund Freud. Polmico, ele questiona a moralidade reinante. E faz uma nova revoluo: o centro da psique no o eu, mas o inconsciente. O eu apenas a ponta do Iceberg. Voltando um pouco na histria do mundo, devemos ressaltar a diferena entre tica e episteme. E a saberemos que a psicanlise no uma cincia, mas uma tica.Os cientista descobrem que Coca-cola causa celulite. ( uma verdade cientfica, um conhecimento positivo). Uma mulher tem ento que responder: Devo ou no tomar Coca-cola? Responder esta pergunta uma questo tica. No uma questo cientfica. Entretanto, esta diferena clara entre tica e episteme recente na prpria histria da psicanalise. Tanto Freud como Lacan tentaram fazer da psicanalise uma cincia. Para Freud, a psicanlise era uma cincia natural, emprica. Lacan tambm, por certo tempo, tentou mas depois percebeu que no era possvel fazer uma cincia de um sujeito. E nem por isso a psicanlise menos. Nascida das horas e horas no div, a talking cure (a conversa que cura) ficou mundialmente conhecida e, apesar das atuais controvrsias com a psiquiatria e a neuro-cincia, continua prosperando e ajudando os sujeitos a lidarem com seus sintomas. Desta forma, entendemos atualmente que a psicanlise situa-se no campo da tica e no no campo da cincia. Nos prximos textos, voc aprender a relao entre a psicologia comportamental e a cincia, bem como a relao da cincia com a psicologia humanista. Diferenas entre o psiclogo, psicanalista e psiquiatra Existe uma grande confuso sobre as trs profisses que so intimamente ligadas rea psi. Muitas pessoas no sabem a diferena sobre o modo como psiclogos, psicanalistas psiquiatras trabalham, muito menos sobre que faculdade ou curso necessrio para seguir cada uma destas profisses. Assim, muito comum que pacientes me peam medicamentos psiquitricos. Mas, eu, Felipe de Souza, que sou formado em psicologia, no posso receitar nenhum tipo de medicamento. Tambm muito frequente as pessoas pensarem que a psicanlise uma faculdade e no saberem ao certo o que a psicoterapia. Neste texto, vamos esclarecer os principais pontos. Psicologia Para ser um profissional da psicologia, a pessoa interessada deve cursar uma faculdade de psicologia (que em geral, tem durao de 4 a 5 anos). Durante o curso, estudamos diversas matrias e disciplinas, inclusive psicofarmacologia, ou seja, os principais remdios psiquitricos e sua ao no organismo. Mas, mesmo tendo este conhecimento, no podemos receitar nenhum tipo de remdio para nossos pacientes. Esta funo cabe somente aos profissionais que se formaram em medicina e fizeram especializao em psiquiatria. Durante a faculdade, tambm estudamos diversas abordagens que podem ser utilizadas no consultrio e na clnica. Entre estas abordagens, podemos encontrar a psicanlise. A psicanlise foi fundada por Sigmund Freud e , alm de uma tcnica muito til para tratar diversos sintomas, problemas e dificuldades mentais e emocionais, uma importante teoria sobre o ser humano, que teve influncia em diversas outras reas, como a antropologia, filosofia, letras. Deste modo, podemos dizer que o profissional da psicologia no receita remdios. Com relao psicanlise, o profissional pode se especializar na abordagem psicanaltica. Mas tambm existem diversos profissionais que preferem outras abordagens ou formas de tratar seus pacientes como o behaviorismo, humanismo, psicologia analtica, entre outras. Neste texto sobre o Mercado de Trabalho, voc encontrar mais informaes sobre as matrias na faculdade de psicologia. Psiquiatria A psiquiatria uma especialidade da medicina. Para ser um profissional da psiquiatria, a pessoa deve cursar 6 anos de faculdade de medicina e, aps este perodo, realizar a especializao em psiquiatria (geralmente em 4 anos). Aps a concluso, o profissional estar habilitado a receitar medicamentos para os pacientes que sofrem de determinados problemas mentais, que vo desde problemas simples como insnia e ansiedade at os pacientes com transtornos mais graves, como esquizofrenia.
Alm da prescrio de medicamentos, o psiquiatra tambm pode realizar consultas mais psicoteraputicas, utilizando formas de terapia que no fazem uso de nenhum tipo de remdio. De forma que, em uma consulta com um psiquiatra, o paciente pode apenas conversar com o profissional, expor seus problemas e obter do psiquiatra formas de solucionar aquela dificuldade especfica. Psicanlise Para se tornar um psicanalista, existem basicamente duas formas. A forma mais completa realizar um curso de formao em uma instituio vinculada outra instituio internacional. Existem tambm diversas linhas da psicanlise e isto se reflete na existncia de instituies diferentes. Mas de modo geral, podemos dizer que esta forma mais completa um curso extremamente intensivo que tem durao de cerca de 5 anos. Durante este perodo o profissional vai conhecer profundamente os conhecimentos tericos deixados por Freud e outros tericos, bem como se submeter a fazer anlise ele mesmo. Aps a anlise, ele ter que fazer estgio, atendendo pacientes e tendo superviso (orientao) de profissionais mais experientes.
Outro modo de ser um psicanalista, primeiro fazer uma faculdade. Em geral, qualquer faculdade da rea de cincias humanas (psicologia, filosofia, histria, letras, etc) e depois fazer uma ps- graduao em psicanlise. Nesta ps-graduao, o estudante aprender tambm as tcnicas e teorias, mas o perodo mais breve: por volta de 2 anos. Tambm encontramos cursos de psicanlise que so mais breves do que 2 anos e no exigem que o aluno tenha uma graduao anterior. Mas estes cursos, em geral, no so recomendados. Saiba mais: o que psicanlise? Concluso Aps as explicaes acima, podemos entender porque quem no da rea pode confundir uma profisso com a outra. Afinal, um psiclogo pode ser psicanalista, assim como um psiquiatra pode ser psiclogo e utilizar a psicanlise para atender seus pacientes! O que importante saber que cada profisso possui um grupo que coordena e fiscaliza os profissionais: Profissionais da Psicologia Conselho Federal de Psicologia Profissionais da Psiquiatria Conselho Federal de Medicina Profissionais da Psicanalise Institutos Internacionais como a Associao Internacional de Psicanlise ou a Associao Mundial de Psicanlise. E ainda fica uma pergunta a ser respondida como escolher o melhor profissional para se tratar? Bem, se voc avalia que existe a necessidade de medicao ou se o seu mdico lhe orientou a tomar um determinado medicamento psiquitrico, busque um psiquiatra. Se voc deseja entender melhor os seus problemas e encontrar formas para mudar, escolha um profisisonal da psicologia e lhe pergunte em qual abordagem ele se especializou. Voc poder procurar por informaes sobre aquela abordagem e, depois de conhecer melhor, poder avaliar se voc se sente bem com a abordagem ou no. Se voc quer realizar um profundo processo de auto-conhecimento, sugiro a procura de um psicanalista. Mas como disse acima, um psicanalista tambm pode ser psiclogo, de forma que voc pode tambm procurar um psiclogo que se especializou em psicanlise. O mais importante avaliar que tipo de problema voc est vivenciando no momento, se necessrio o uso de algum medicamento, se sim, tambm avaliar se este medicamento est lhe ajudando ou no. Tambm de extrema importncia avaliar se a terapia com um psiclogo ou psicanalista est trazendo resultados e crescimento pessoal e, por fim, se voc se sente bem e confia naquela profissional. A tcnica da psicanlise para Freud Embora haja uma modificao dos conceitos tericos de Freud ao longo de sua obra dois pontos so mantidos no que concerne sua importncia: a sexualidade infantil e o inconsciente. No que diz respeito tcnica da psicanlise, aps adotar a associao livre, Freud no a abandona. Isto porque ao associar livremente o paciente no decorrer do tratamento vai superando as suas resistncias e deste modo os contedos do inconsciente so trazidos para a conscincia.
Freud e a Tcnica da Psicanalise O paciente neurtico aquele no qual o conflito psquico entre consciente e inconsciente intenso. O recalque incide sobre os ltimos e a satisfao realizada nas formaes de compromisso, principalmente nos sintomas. Segundo Freud, a mola mestra da psicanlise a transferncia, que ambgua, ou seja, positiva e negativa ou ento amor transferencial ou hostilidade. atravs da transferncia, da insero do psicanalista na cadeia de representaes do paciente que aquele pode por meio da interpretao e construo dar prosseguimento anlise. Como a doena inicial do paciente no esttica, com a transferncia ela se transforma em neurose de transferncia. Segundo Freud, eliminar essa neurose equivale a eliminar a doena inicial. A construo designa a atividade do analista de completar aquilo que foi esquecido a partir dos traos que foram deixados pelo paciente e a interpretao indica o desejo. A psicanlise se contrape sugesto na medida em que esta tenta solucionar os sintomas, e por outro lado o seu prprio emprego acarreta no encobrimento do recalque. A psicanlise uma terapia causal pois se prope a remover suas causas; embora no incida s sobre as razes dos fenmenos. Deste modo, a psicanlise com seu arcabouo terico se insere no campo da tica, e como tica se revela tica do impossvel j que no impe uma determinada moral aos seus pacientes, mas deixa a cargo dos mesmos tomar a deciso por si mesmos. A entrevista na psicanlise Tambm a psicanlise se utiliza das entrevistas em seu mtodo clnico, porm o faz com algumas peculiaridades em relao s teorias psicolgicas. Vejamos alguns pontos.
Freud, em seus textos tcnicos, menciona o hbito de praticar o que chamava de tratamento de ensaio. Este ocorria antes da anlise propriamente dita, e nesta etapa decidia se aceitaria ou no o paciente. Posteriormente, Lacan ir falar em entrevistas preliminares, que seriam correlatas ao tratamento de ensaio de Freud. Esta fase seria anterior ao paciente deitar-se no div. O objetivo principal das entrevistas preliminares consiste em direcionar a transferncia quele analista especfico. Simultaneamente, h a elaborao de uma hiptese diagnstica, a produo de um sintoma analtico o qual no necessariamente aquele do qual o sujeito chega se queixando e a produo de uma demanda de anlise propriamente (Quinet, 1991; Ariadne, 1998).
As entrevistas preliminares marcam que o incio de uma anlise no se d com a entrada do paciente no consultrio do analista. o fim das entrevistas preliminares que cumpre a funo de estabelecer um corte, marcando a entrada no discurso analtico.
Numa primeira vista essa diferena pode no ser facilmente perceptvel, pois as entrevistas preliminares seguem as mesmas regras da anlise: tambm nas entrevistas preliminares o sujeito deve associar livremente.
Contudo, no se interpreta o discurso do paciente durante as entrevistas; neste momento o analista fala o mnimo possvel, apenas o suficiente para que o sujeito prossiga em seu discurso. Isto porque est em jogo a questo diagnstica: deixa-se o paciente falar para que uma hiptese possa ser formulada acerca da estrutura do sujeito (neurose, perverso, psicose), e tambm porque prprio paciente quem introduz os significantes que iro guiar sua anlise.
neste momento que o analista decide se ir ou no acatar aquela demanda de anlise. O fato de receber algum em seu consultrio no significa que o analista o tenha aceito em anlise (Quinet, 1991, p.15). O analista pode recusar-se a autorizar uma anlise se, por exemplo, percebe uma estrutura psictica (devido aos riscos de desencadeamento de um surto, pelo qual ter que se responsabilizar), ou porque o paciente j se encontra num estgio que o analista acha por bem no levar adiante lembremo-nos daquela mxima que uma anlise s vai at o ponto onde foi a anlise do analista.
As entrevistas preliminares servem tambm para que se configure o sintoma analtico enquanto tal. O sintoma do qual o sujeito chega ao consultrio se queixando expressa, geralmente, uma demanda de cura, ou de amor, mas no uma demanda de anlise: esta dever ser produzida atravs da retificao subjetiva.
Quando o sujeito procura o analista, ele se apresenta a este atravs de seu sintoma: um significante. este significante que ir represent-lo, num primeiro momento, ao menos, para o analista. Este, por sua vez, um outro significante, um significante qualquer fabricado pelo analisante em sua fantasia.
Assim, o sujeito, no incio do processo, acredita que o analista detm um saber ou um poder de cura, e coloca o analista no lugar do Sujeito Suposto Saber.
Se no incio do processo a demanda do sujeito a de se desvencilhar, de se curar de um sintoma, a retificao subjetiva far com que o sintoma inicial passe ao estatuto de sintoma analtico, constituindo uma demanda de anlise propriamente dita, endereada quele analista especfico.
Concomitantemente, estabelece-se a transferncia, simblica, em relao ao analista, fenmeno fundamental para que se d uma anlise. Ao se configurar o sintoma analtico, este passa a ser um enigma a ser decifrado pelo sujeito, um enigma que aponta para sua diviso. o que se chama de histericizao do discurso.
Assim, resumidamente, as entrevistas preliminares cumprem as seguintes funes: instaurar a transferncia num nvel simblico; implicar o sujeito no sintoma, para que se configure um sintoma analtico; retificar a demanda, transformando a demanda de amor ou de cura em demanda de anlise; colocar o sujeito a questionar-se sobre seu sintoma, histericizando seu discurso e elaborao, por parte do analista, de uma hiptese diagnstica. O incio da anlise na Psicanlise Quando dizemos que uma pessoa est fazendo anlise, queremos dizer que esta pessoa est fazendo um tratamento clnico com psicanlise, ou seja, ela faz terapia com um psicanalista. Neste texto voc aprender como o incio de um processo de anlise, e falamos tambm sobre a diferena entre demanda e desejo. Utilizaremos a teoria de Freud e algumas elaboraes de Jacques Lacan, fazendo referncia principalmente a Jacques Allain Miller. O inicio de uma anlise, segundo Jacques Allain Miller, no pode ser pensado sem sua inter-relao intrnseca ao fim. Isso porque, para o prprio paciente entrar em analise j implica projetar um fim para a mesma, e para o analista, o inicio assinala o abalo do fantasma (ou fantasia), e o fim, a travessia deste. A questo do desejo, no plano terico da psicanlise, pode ser traado desde o Projeto para uma Psicologia Cientfica (que enquanto projeto s foi publicado postumamente) no qual Freud o elabora. Sendo que o que marca propriamente esta elaborao no campo terico da psicanlise propriamente dita, embora este conceito perpasse toda a obra do autor pode ser melhor traado no Interpretao dos sonhos. Neste livro, Freud define o desejo como sendo a fora que traz o elemento mnmico de uma experincia de satisfao. Neste sentido, o elemento primordial da satisfao do sujeito, o prottipo de satisfao, o seio materno. Por essa via, que lemos Freud ao escrever que o sentido de todos os sonhos a realizao de um desejo. (Freud, 1992 :153). Para Miller, o desejo um conceito complexo, que segundo Freud, pode ser recalcado e a realizado nos sonhos, e, sobretudo, pode ser modificado na experincia analtica. (Miller, 1997: 35). o desejo sempre um lamentar-se, um deplorar, uma nostalgia ou um anelo, de tal maneira que, se buscarmos a palavra desejo em Freud, vamos encontr-la predominantemente na palavra Wunsch o anelo que segundo ele, est em cada sonho e a se satisfaz (Miller, 1997:447). O desejo uma pergunta, uma interpretao, conflui com o discurso (Miller, 1997: 339); a relao entre demanda e pulso: a pulso designa um nvel onde o sujeito parece estar sob uma demanda, da qual no pode se defender. (Idem). Em outras palavras, Em Freud, a pulso uma demanda muito particular: no pede nada a ningum (Miller, 1997:445). Ainda segundo Miller, o que chamamos desejo algo que pomos no ao nvel de significante, mas debaixo dessa articulao, (S1 S2/d), como algo que circula entre os elementos da articulao mecnica e que no responde ao mecanismo (Miller, 1997: 340) Foi Lacan, quem introduziu esta distino entre demanda e desejo (D/d) da qual, segundo Miller, a matriz de todas essas distines a distino primria entre significante e significado (S/s; S1 S2/d; E/ e; D/d) (Idem). De modo que o desejo no pode ser dito, ao menos de forma direta; o que no se consegue dizer dentro do que se diz: o desejo aponta para uma impotncia da palavra e, mais alm, para uma impossibilidade. (Miller, 1997: 449). H a formulao lacaniana, desenvolvida, segundo Miller, a partir do Relatrio de Roma, de que O desejo o desejo do outro (Lacan apud Miller, 1997: 50). Definio ambgua, ou melhor, que pode ser desenvolvida na abertura que permite nas prprias palavras da formulao, em sua oscilao de desejo imaginrio ou de desejo simblico. Miller (1997: 353), em seu seminrio A patologia da tica, diz que na analise: h momentos de quero saber e outros onde, ao contrario, dentro do quero saber h o no quero saber () Para utilizar a barra () h um quero saber, que se pode apresentar enunciado como uma demanda, quando o desejo secreto dentro no quero saber de nada.