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Pós-Graduação TIC Disciplina de Teoria e Modelos da Comunicação

A Epistemologia da Comunicação

A Epistemologia da Comunicação surge pela necessidade de se compreender o


fenómeno da comunicação no seu sentido mais lato. Para que tal aconteça, é
indispensável que se compreendam conceitos centrais tais como: a redundância, a
entropia, o ruído e a distinção entre informação e comunicação.

O que significa comunicar?

Se recorrermos à etimologia do termo (comunicar) podemos constatar que


"Comunicar" significa tornar comum; tornar conhecido; transmitir; unir. Para que
possa existir comunicação tem, forçosamente, que existir um emissor e um receptor e
o elo entre ambos é a mensagem.

O emissor é aquele que tem pretensão de transmitir determinada mensagem. Ele é a


fonte, a origem no processo de comunicação.

Designa-se por mensagem a ideia que o emissor pretende transmitir para o receptor.
Na mensagem temos um canal de propagação/comunicação e um meio de
comunicação. O canal é o aparato tecnológico utilizado no processo comunicacional
que permite a transmissão das mensagens entre o emissor e o receptor. O meio de
comunicação é a forma do conteúdo utilizado (escrita, sonora, audiovisual, multimídia,
etc.).

No processo comunicacional temos também a interferência de um outro elemento, o


ruído. Este elemento é considerado o responsável por todas as perturbações que não
permitem que a mensagem chegue ao receptor em condições fidedignas.

O receptor é aquele que recebe a mensagem. Tem a função de descodificar a


mensagem enviada pelo emissor.

Charles Cooley entendia a comunicação como “o mecanismo através do qual existem e


se desenvolvem as relações humanas.” 1 Esta definição de Cooley remete-nos para a
noção de que o acto de comunicar é uma das formas fundamentais da existência do
ser humano. Para Cooley “tudo o que é vida é comunicação visto que implica
necessariamente o transporte de ideias e de objectos de um ponto para o outro.” 1

Mas, a definição de comunicação ao longo dos tempos foi-se tornando cada vez mais
precisa.

Nuno Januário Pires Ano Lectivo 2009/2010


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“(…) comunicar significa essencialmente transmitir sentidos, casuais ou intencionais, de


um ponto para o outro.”1

A comunicação é um processo de transmissão e compreensão de informações entre


vários elementos.
No processo da comunicação podemos distinguir dois tipos de comunicação: verbal e
não-verbal.

A comunicação verbal é aquela que utiliza, na maioria das vezes, a linguagem como
meio de transmissão de uma mensagem. Esta pode ser feita através da oralidade,
conversas, discursos, debates, congressos, etc., ou pela escrita, cartas, jornais, livros,
entre outros.

Imagem retirada de: http://consultoriananet.blogspot.com/2009_04_01_archive.html

Nuno Januário Pires Ano Lectivo 2009/2010


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A comunicação não-verbal é a comunicação que utiliza os sinais, tais como: a postura,


o olhar, os gestos. Este tipo de comunicação está presente, mesmo que por vezes de
forma involuntária, na comunicação verbal. Surge como um complemento para a
transmissão de uma mensagem.

Imagem retirada de: http://www.psicologia10.com.br/cursos/linguagem-corporal/

A informação

Também recorrendo à etimologia do termo (informar) observamos que “"Informar"


assume a significação de dar forma a; avisar; instruir; enformar.”

“Informar pressupõe a posse de dados pertinentes e que se pretendem partilhar com


outras pessoas, de forma que fiquem instruídas e enformadas com esses dados.”

Nuno Januário Pires Ano Lectivo 2009/2010


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Comunicar Versus Informar

Os termos comunicar e informar andam lado a lado, contudo, são dois termos
distintos. A comunicação depende da informação mas, é mais do que uma simples
transmissão de mensagens. Na comunicação estabelece-se uma relação entre os
intervenientes. Há uma intervenção centrada sob determinado assunto. O emissor
espera receber noticias do receptor.

A informação é meramente uma difusão de dados, é algo que recebemos ou que


transmitimos aos outros, sem que haja necessidade de uma reciprocidade.

Redundância

Existem situações em que a mensagem original chega adulterada ao receptor. Para


evitar este tipo de falhas utiliza-se muitas vezes uma técnica que consiste em repetir a
ideia presente na mensagem. A esta técnica dá-se o nome de redundância.
Manuel João Vaz Freixo em Teorias e Modelos da Comunicação diz-nos que “a
redundância é um conceito muito próximo e intimamente relacionado com
<<informação>> e podemos concebê-lo como aquilo que, numa mensagem, é
informação previsível ou convencional.” O texto que se segue permite-nos reflectir
sobre a utilização deste tipo de técnica.

“ redundância tautológica em jeito de pleonasmo

É tão fácil cair na redundância que quase ninguém resiste a dizer "costumo fazer
sempre assim" ou "tenho um amigo meu". O dicionário Priberam, aliás, informa que a
tautologia consiste numa «repetição inútil da mesma ideia em termos diferentes» - ou
seja, exemplificando, ao mesmo tempo que define o conceito: tratando-se de uma
repetição, para quê dizer que a ideia é «a mesma»?! Isto dá para ver como a tautologia
é uma espécie de armadilha em que ninguém deve ter a veleidade de dizer que não cai
ou nunca cairá (...). Se nos repetimos desnecessariamente, para além de estarmos
sujeitos a que se riam de nós ou nos corrijam, ainda podemos induzir os outros em erro, a
respeito do que realmente queremos dizer. Quando alguém comenta que "gostou tanto da
comida, que repetiu duas vezes", fico sempre na dúvida: serviu-se três vezes ou caiu na
malfadada tautologia? Ontem ouvi alguém dizer na rádio que «os alunos repetiam novamente
o mesmo ano». Fiquei sem saber se havia ali uma dupla redundância ou se devia fazer uma
interpretação mais rebuscada da frase.”2

Mas, nem tudo é negativo. A redundância, em muitas situações ajuda a superar as deficiências
e/ou perturbações de um canal com ruído. Ou seja, a redundância funciona como mecanismo
compensatório do ruído.

Nuno Januário Pires Ano Lectivo 2009/2010


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Imagem retirada de: http://www.multiculturas.com/retorica/imagens/paliconia.jpg

Entropia

“O oposto de redundância é a entropia, sendo que redundância resulta de uma


previsibilidade elevada e a entropia de uma previsibilidade reduzida. Assim, pode
dizer-se que uma mensagem de baixa previsibilidade é entrópica e com muita
informação. Inversamente, uma mensagem de elevada previsibilidade é redundante e
com pouca informação.”3

A entropia é a desordem. Uma mensagem entrópica é uma mensagem imprevisível. A


vantagem da utilização deste tipo de mensagem é criar suspense junto do receptor.

Ruído

“A primeira noção de ruído foi-nos deixada por Shannon e Weaver na sua teoria
matemática da informação. Para estes investigadores, o ruído é responsável pelas
interferências que prejudicam a transmissão perfeita da mensagem.”

Nuno Januário Pires Ano Lectivo 2009/2010


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“Em teoria da informação, designa-se por ruído qualquer perturbação que ocorra na
transmissão do sinal, tal como uma voz muito baixa, falta de atenção do receptor,
muita informação, linguagem inadaptada ao público ou código mal adaptado. (…) A
teoria da comunicação adaptou o conceito de ruído para designar tudo aquilo que
perturbe a comunicação linguística. Os ruídos podem afectar o plano da produção da
mensagem (perturbações na articulação da fala, dificuldades de pronúncia, casos de
homonímia lexical ou gramatical, etc.), o plano da recepção da mensagem (falta de
atenção, dificuldade de audição, incompreensão do código, etc.) ou ocorrer ao nível do
canal (cruzamentos de vozes, por exemplo). A mensagem consiste numa mistura de
sinal e de ruído. Se a quantidade de sinal for maior, a comunicação fica assegurada; se
pelo contrário a quantidade de ruído for maior, deverão ser activados mecanismos de
redundância para manter a troca de mensagens entre emissor e receptor.” 4

Imagem retirada de: http://www.juniao.com.br/weblog/archives/Ilustra_RP_Sonoro_72.jpg

1
- Retirado de http://www.prof2000.pt/users/arcencio/CI.htm
2
- http://linguamodadoisec.blogspot.com/2009/07/redundancia-tautologica-em-jeito-de.html

3
- Freixo, Manuel João Vaz (2006). Teoria e Modelos da Comunicação. Lisboa, Instituto Piaget.
4
- http://www.infopedia.pt/$ruido-(linguistica)

Nuno Januário Pires Ano Lectivo 2009/2010

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