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Shijo Kingo
O Japão sofreu uma série de calamidades
que se iniciaram em 1256. Tempestades,
inundações, secas, terremotos e epidemias
impuseram grandes sofrimentos à nação.
Em 1257, um terremoto especialmente
violento destruiu muitos templos,
construções governamentais e casas em
Kamakura. Em 1259 e 1260, uma severa
fome e epidemia assolaram o povo.
Nitiren Daishonin acreditava que havia
chegado o tempo dele explicar as causas
básicas destas catástrofes. Em 1258, ele foi
a Jissoji, um templo em Iwamoto, atual
Prefeitura de Shizuoka, para consultar as
cópias dos cânones budistas e reunir provas
da verdadeira causa.
Durante sua estadia lá, encontrou um acólito de treze anos de idade, este
impressionou-se de tal forma com Daishonin que pediu a permissão de seus
sacerdote chefe para seguí-lo. Daishonin deu ao jovem o nome de Hokibo, mais
tarde, este se tornou-se seu legítimo sucessor com o nome de Nikko Shonin.
O homem mais poderoso do país na época era Hojo Tokiyori, um dos primeiros regentes
do Shogunato de Kamakura, que retirou-se em um templo Zen. Em 16 de julho de 1260,
Nitiren Daishonin escreveu um tratado intitulado “Tese Sobre o Estabelecimento do
Ensino Correto para a Paz da Nação.
Nele, Daishonin atribui a causa daquelas recentes calamidades à calúnia das pessoas ao
correto ensino e a sua crença em falsas doutrinas. A adoração ao Buda Amida, declara
ele, é a fonte dessa calúnia.
A nação não teria nenhum alívio para o seu sofrimento a menos que as pessoas
renunciassem à suas crenças errôneas e aceitassem os ensinos do Sutra de Lótus. Foram
incluídas citações dos sutras da Luz Dourada, Mestre dos Remédios, Reis Benevolentes e
da Grande Coleção para comprovar suas declarações. Estes Sutras mencionam várias
calamidades que recaem sobre uma nação hostil ao correto ensino.Das sete calamidades
mencionadas no Sutra Mestre dos remédios, cinco já haviam ocorrido no Japão. Daishonin
predizia que, se as autoridades persistissem em voltar as costas ao correto ensino, as
duas calamidades restantes, "invasão estrangeira" e "conflito interno", também
assolariam a nação.
Tokiyori e os oficiais do Shogunato aparentemente não deram importância à advertência.
Quando as palavras de Daishonin chegaram ao conhecimento dos seguidores da seita
Jodo, estes enfureceram-se. Um grupo deles desceu à cabana de Nitiren Daishonin em
Matsubagayatsu para matá-lo. Ele escapou com alguns discípulos para província de
Shimoussa, onde permaneceu por certo tempo na residência de Toki Jonin, seu discípulo e
amigo de influência. Entretanto, o senso de missão de Nitiren Daishonin não o permitiu
permanecer lá por um período mais longo. Em menos de um ano ele estava de volta a
Kamakura para retomar suas pregações.
Os Bonzos da Jodo, alarmados com o poder de Daishonin atrair seguidores,
inventaram uma acusação contra ele e submeteu-a ao governo de
Kamakura. O regente da época era Hojo Nagatoki, filho de Shigetoki, um
inimigo declarado de Daishonin. Sem investigações ou julgamento,
Nagatoki aceitou as acusações como verdadeiras e em 12 de maio de
1261, decretou o exílio de Nitiren Daishonin à isolada península de Izu.
Esta foi a primeira perseguição por parte do governo sofrida por Daishonin.
Izu era uma fortaleza da seita Jodo, o
que acarretava em grande risco à
pessoa de Daishonin. Porém, ele foi
recebido por Funamori Yasaburo,
chefe dos pescadores da área, e foi
tratado com muita generosidade.
Após algum tempo, o Shogunato,
aparentemente instigado pelo antigo
regente, Hojo Tokiyori, promulgou o
perdão, e Nitiren Daishonin retornou
a Kamakura em fevereiro de 1263.
Em agosto de 1264, Nitiren Daishonin, preocupado
com a mãe idosa, retornou à sua casa de Awa.
Seu pai já havia falecido e sua mãe encontrava-se
muito doente.
Nitiren Daishonin orou fervorosamente para que
ela recuperasse a saúde. Desta forma, ela
conseguiu superar a enfermidade e prolongou sua
vida por mais quatro anos.
Infelizmente, a notícia de sua volta chegou ao
conhecimento do lorde Tojo Kaguenobu.
Quando Daishonin e um grupo de discípulos partiram para visitar um
aliado, foram atacados por Tojo e seus soldados em um local chamado
Komatsubara. Daishonin escapou da morte apesar de ter se ferido por
espadas na testa e ter tido sua mão direita fraturada.
Em 1268, a invasão estrangeira predita por Nitiren Daishonin parecia estar para se
concretizar. Naquele ano, uma carta dos mongóis chegou a Kamakura, exigindo o
reconhecimento de lealdade a Kubilay Khan. Os líderes do Japão perceberam que a
nação estava em face a um grande perigo. Imediatamente, foram empreendidas as
construções de fortificações defensivas em Kyushu, nas costas voltadas à Coréia.
Todos os templos e santuários do país receberam a ordem de oferecerem orações
para a derrota do inimigo.
Nitiren Daishonin que havia voltado a Kamakura, convenceu-se
que era tempo dele agir. Envio 11 cartas de censura aos oficiais
da cúpula, incluindo o regente Hojo Tokimune, o chefe da polícia
militar, Hei-no-Saemon e os dois bonzos mais influentes em
Kamakura na época, Doryu da seita Zen e Ryokan da seita Ritsu.
Estas cartas reafirmaram a declaração feita no "Rissho Ankoku-
ron". Isto é, a menos que o governo abrace a Lei Verdadeira, o
país sofreria os dois desastres finais preditos nos sutras. Todos
os onze homens preferiram ignorar as advertências.
Em 1271, o país enfrentava uma seca persistente. O governo, amedrontado pela possível fome
que atingiria o país, ordenou a Ryokan, o famoso e respeitado bonzo da seita Ritsu a quem
Nitiren Daishonin anteriormente havia endereçado uma de suas cartas, que orasse pela chuva.
Quando Daishonin soube da solicitação, lançou um desafio à Ryokan, oferecendo-se a tornar seu
discípulo se ele conseguisse fazer a chuva cair. Se ele falhassse, entretanto, tornar-se-ia
discípulo de Daishonin. Ryokan aceitou a proposta. A despeito de suas orações e dos cem
bonzos assistentes, nem uma gota caiu do céu.
Ao invés disto, Kamakura foi abalada por violentas ventanias. Porém, Ryokan não se tornou
discípulo de Daishonin. Pelo contrário, começou a conspirar junto a Hei-no-Saemon, o chefe da
polícia local.
Tanto Ryokan como o bonzo chinês da seita Zen,
Doryu, lideravam templos que haviam sido
fundados por altos oficiais da família Hojo.
Embora estes já tivessem morrido, suas esposas
ainda exerciam forte influência no governo.
Ryokan e Doryu despertaram a ira das esposas
dizendo-lhes que Daishonin, em sua cartas de
advertência, havia dirigido desrespeitosamente a
seus falecidos maridos.
Finalmente, como resultado de suas tramóias,
uma lista de acusações contra Daishonin foi
apresentada ao governo.Em 10 de setembro de
1271, Hei-no-Saemon ordenou que Nitiren
Daishonin comparecesse à corte para responder
às acusações. Este fato marcou o início da
segunda fase da perseguição oficial.
Daishonin refutou eloqüentemente as acusações
e repetiu suas predições de invasão estrangeira e
conflitos no clã dominante.
Dois dias depois, Hei-no-Saemon e seus soldados
irromperam na residência de Nitiren Daishonin. Embora
inocente de todas as acusações, foi detido como um
criminoso comum e sentenciado ao exílio à distante ilha de
Sado. Contudo Hei-no-Saemon estava determinado a
decapitá-lo numa execução em Tatsunokuti. Nitiren
Daishonin e seus seguidores acreditavam que a morte se
aproximava.
Com o tempo, a situação começou a melhorar e Nitiren Daishonin recebia comida e roupas
como presente dos amigos do local, embora constantemente encontrasse a hostilidade dos
bonzos da Jodo da ilha. Muitos dos seus trabalhos mais importantes, inclusive "O Verdadeiro
Objeto de Devoção" e "A Abertura dos Olhos", são deste período.
Em 18 de fevereiro de 1272, um navio chegou à Ilha de Sado trazendo
notícias de que a guerra havia estourado em Kamakura e Kyoto como
resultado de uma disputa do poder dentro da família Hojo. A profecia de
Daishonin a respeito da discórdia dentro do clã dominante havia se
concretizado.
Um velho provérbio chinês diz "Se um sábio adverte o soberano por três vezes e ainda não é
atendido, ele deve deixar o país". Nitiren Daishonin tinha predito a crise por três vezes - uma
quanto apresentou o "Rissho Ankoku-ron", outra na época de sua prisão e quase execução em
Tatsunokuti, e uma vez mais no retorno de Sado. Convencido de que o governo jamais iria dar
atenção às suas advertências, ele deixou Kamakura em 12 de maio de 1274 para uma vida de
isolamento ele instalou-se a aproximadamente 30 quilômetros a oeste do Monte Fuji, em uma
pequena cabana ao sopé do Monte Minobu, província de Kai.
Devido à localização remota da região, sua vida em
Minobu foi muito difícil. Seus discípulos em
Kamakura enviavam-lhe dinheiro, alimento e roupas
e ocasionalmente vinham em grupos para
receberem instruções dele.
Ele dedicou muito de seu tempo nas escrituras, e
aproximadamente metade de seus escritos
existentes são deste período. Empenhou também o
seu tempo ensinando e treinando seus discípulos.
Suas explanações sobre o Sutra de Lótus
conhecidas atualmente foram compiladas por Nikko
Shonin, formando uma obra chamada "Ongui
Kuden".
Em outubro de 1274, cinco meses após Daishonin
ter se retirado ao isolamento os mongóis iniciaram
ataque ao Japão.
Em uma carta a um de seus discípulos , Daishonin
expressou seu doloroso desapontamento por ter
seus conselhos sido ignorados, pois estava
convencido de que a nação poderia ter sido poupada
destes sofrimentos se ele tivesse sido ouvido.
Durante este período Nikko Shonin teve sucesso em
converter um certo número de religiosos e leigos das
proximidades de Atsuhara. Os bonzos do templo
tendai da área, zangaram-se pela sua vitória e
começaram a hostilizar os convertidos. Finalmente,
em um conflito por direitos de terra, enviaram um
bando de soldados para atacar alguns lavradores
desarmados.
Fontes de Pesquisa:
As Escrituras de Nitiren Daishonin – Vol. I - Ed.Brasil Seikyo
Os escritos de Nitiren Daishonin Vl. I– Ed.Brasil Seikyo
A vida de Nitiren Daishonin – Ed. Brasil Seikyo
Montagem da Apresentação
e Criação dos desenhos e cenários
Sandro Neto Ribeiro – sandro@vertex.com.br
http://www.vertex.com.br/users/san