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Marcelo Góis
LEI 8.429/1992 – LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
1 – APLICAÇÃO (1)
Empresa cuja criação ou custeio ao erário concorra mais de 50% do patrimônio ou receita anual, podendo ser assim
esquematizadas:
- aplicação do termo agente público no sentido latu sensu; dispositivos legais relacionados:
- mesmo aquele que NÃO é agente público responde com essa lei se: a) induzir; b) concorrer ou c) beneficiar-se de ato de
improbidade administrativa.
Art. 327, CP: Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal 1, e quem trabalha
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
Pública.
Art. 2° da Lei n° 8.429/92: Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
Art. 3° da Lei n° 8.429/92: As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
2 – MOTIVO
- lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa do agente ou terceiro, dar-se-á
INTEGRAL RESSARCIMENTO DO DANO; (5)
- perceba que a lei procura dar a maior amplitude possível, visando ao patrimônio público;
- o integral ressarcimento deve ser visto c/ ressalvas, nem sempre se consegue status quo ante;
3 – ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
CUIDADO: A perda pelo agente público ou terceiro beneficiário dos bens ou valores acrescidos ao patrimônio é
sempre aplicada no caso de locupletamento sem causa (enriquecimento ilícito); apesar desta punição também ocorrer nos
atos quando acarretam prejuízo ao erário esta não é obrigatória, pois não é parte do tipo penal, ou seja, pode ocorrer ou
não tal circunstância; (6)
o SUCESSOR que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente sujeitar-se-á às cominações
até o limite do VALOR DA HERANÇA; (8)
2 - Segue o disposto no Art. 2° da Lei n° 9.784/99 (Processo Administrativo Disciplinar):Art. 2o A Administração Pública obedecerá,
dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
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=> PALAVRAS-CHAVE:
1) frustrar licitude do processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
2) ordenar / permitir despesas não autorizadas em lei / regulamento;
3) agir negligentemente na arrecadação de tributo e renda;
4) liberar verba pública sem observância das normas ou aplicação irregular;
5) permitir / facilitar / concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
4.3 – QUE ATENTEM CONTRA PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (11)
- ação / omissão viole honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições;
=> CASOS DE VIOLAÇÃO:
1) praticar ato com fim proibido em lei ou diverso do previsto;
2) retardar ou deixar de praticar ato de ofício; PREVARICAÇÃO
3) revelar fato / circunstância por atribuições que deva manter segredo;
4) negar publicidade aos atos oficiais;
5) frustrar a licitude do concurso público;
6) deixar de prestar contas quando obrigado a fazê-lo;
7) revelar à terceiro medida que afete preço de mercadoria, bem ou serviço;
Obs.: Em tese não há perdas dos bens e valores;
6 – DO PROCESSO JUDICIAL
qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa p/ investigação apurar ato de improbidade; (14)
Forma da PI: o juiz faz a NOTIFICAÇÃO DO REQUERIDO para em 15 dias se manifestar por escrito; não é citação, ele
ainda não é réu; após manifestação, o juiz poderá em 30 DIAS mediante decisão fundamentada rejeitar a ação por: (17, §§
7° e 8°)
1) inexistência do ato de improbidade; 2) improcedência da ação; 3) inadequação da via eleita.
Recebida PI => réu citado para CONTESTAÇÃO (17, § 9°)
CUIDADO! Da decisão que receber a PI caberá agravo de instrumento; (17, § 10)
A representação passará pelo crivo da autoridade administrativa competente, cuja rejeição EM DESPACHO
FUNDAMENTADO não impede a representação ao MP; (22)
- a representação será escrita e assinada, devendo conter:
a) qualificação do representante; b) informações sobre o fato; c) informações sobre autoria; d) indicação das
provas de que conheça.
Fundados indícios de responsabilidade: Comissão => MP => JUIZ => SEQUESTRO DE BENS do agente (Arts.
822 a 825 CPC)3; bens para garantir a execução; pode ocorrer constrição policial;
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Obs.: Em qualquer fase do processo, reconhecida inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem
resolução de MÉRITO. Visa proteger o agente público de injustiças. (17, § 11)
7- ESFERA CRIMINAL
PREVENÇÃO: a ação prevenirá o juízo para todas as ações posteriores cuja mesma causa de pedir ou mesmo
objeto (evitar divergência de julgamento); (17, § 5°)
constitui CRIME a representação por improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando autor
da denúncia o sabe inocente: detenção de 6 a 10 meses e multa + danos morais e materiais (19)
Obs.1: A PERDA DA FUNÇAO PÚBLICA e a SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS só se efetivam com o
trânsito em julgado da sentença condenatória. (20)
Obs.2: A indisponibilidade dos bens é declarada pelo juiz e não pela Administração (Art. 798 ss CPC);
ATENÇÃO: O afastamento preventivo (20 par. único) ocorre com remuneração do agente e visa impedir irregularidades
na apuração; a lei não determina seu prazo máximo CUIDADO !
II - dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado por sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar;
III - dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de anulação de casamento, se o cônjuge os estiver dilapidando;
IV - nos demais casos expressos em lei.
Art. 823 - Aplica-se ao seqüestro, no que couber, o que este Código estatui acerca do arresto.
Art. 824 - Incumbe ao juiz nomear o depositário dos bens seqüestrados. A escolha poderá, todavia, recair:
I - em pessoa indicada, de comum acordo, pelas partes;
II - em uma das partes, desde que ofereça maiores garantias e preste caução idônea.
Art. 825 - A entrega dos bens ao depositário far-se-á logo depois que este assinar o compromisso.
Parágrafo único - Se houver resistência, o depositário solicitará ao juiz a requisição de força policial.
4 - Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao
erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
5 - Eis o dispositivo da Lei n° 8.112/90 referente ao tema.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo
em comissão; II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
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- Art. 6º par. 3º da Lei nº 4717/65 : regula a AP, caso o MP proponha a ação, o réu pode nem contestar ou até
integrar litisconsórcio ativo facultativo (autor da ação) sempre no interesse público;
Obs.: As sanções por ato de improbidade somente ocorrem em ação judicial e não na esfera administrativa.
7 – JURISPRUDÊNCIA
1.Improbidade administrativa. Crimes de responsabilidade. Os atos de improbidade administrativa são tipificados
como crime de responsabilidade na Lei n° 1.079/1950, delito de caráter político-administrativo. II.2.Distinção
entre os regimes de responsabilização político-administrativa. O sistema constitucional brasileiro distingue o
regime de responsabilidade dos agentes políticos dos demais agentes públicos. A Constituição não admite a
concorrência entre dois regimes de responsabilidade político-administrativa para os agentes políticos: o previsto
no art. 37, § 4º (regulado pela Lei n° 8.429/1992) e o regime fixado no art. 102, I, "c", (disciplinado pela Lei n°
1.079/1950). Se a competência para processar e julgar a ação de improbidade (CF, art. 37, § 4º) pudesse abranger
também atos praticados pelos agentes políticos, submetidos a regime de responsabilidade especial, ter-se-ia uma
interpretação ab-rogante do disposto no art. 102, I, "c", da Constituição.
- para o STF, agente político não está sujeito à aplicação de tal lei e sim Lei nº 1079/1950; segundo o tribunal , os
agentes políticos (Art. 85 CF/88)7 possuem foro por prerrogativa de função e não cometem ato de improbidade, pois
estes são crimes de responsabilidade e os tais agentes não os cometem;
na fixação da pena, o juiz vê a extensão do dano e o proveito patrimonial do agente;
6 - Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades,
funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas,
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o
pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal
ou dirigente.
7 - Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e,
especialmente, contra: ...