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1. Estamos a iniciar o 3º Período.

Um período que deveria inaugurar-se com condições de


tranquilidade para que os verdadeiros intervenientes no processo educativo — professores, alunos
e pais — pudessem estar concentrados naquilo que é, de facto, importante: os professores
concentrados no processo de ensino, os alunos concentrados no processo de aprendizagem e os
pais concentrados no acompanhamento e evolução dos seus filhos.
Mas, lamentavelmente, a realidade não é esta. Um quarto elemento, a equipa que dirige o Ministério
da Educação, decidiu interferir naquela tríade e assumir-se como factor perturbador e quezilento.
Sem o mínimo de respeito pelos interesses de alunos, professores e pais, insensível a tudo e a
todos, a ministra da Educação pretende radicalizar o conflito e, com ele, desestabilizar a vida interna
das escolas.

2. Cumulativamente, durante o período de interrupção das actividades lectivas que agora terminou,
o véu que encobria a realidade de violência e indisciplina de muitas escolas do país caiu, e a
verdade ficou à vista de todos. Verdade que professores, funcionários, alunos, pais, procuradoria-
geral da República e polícias há muito tempo vinham denunciando e que só o Ministério da
Educação negava. Negava e continua a negar, não se inibindo, para isso, de procurar desmentir e
desautorizar, publicamente, o procurador-geral da República nem se inibindo de manipular as
estatísticas, comparando os dados do ano lectivo 2006/07 com o ano anterior, apesar de saber que
não o pode fazer, porque de um ano para o outro alterou os critérios e o método de recolha desses
dados, o que os torna incomparáveis.
Em lugar de tomar medidas e assumir um discurso que valorize, junto dos alunos e pais, a cultura
da disciplina e dos deveres, e, junto dos professores, a sua autoridade, consome o tempo em
disputas inúteis com o procurador-geral. Sobre o problema da violência nas escolas assim como
sobre o problema da avaliação de desempenho, o Ministério da Educação faz de conta que não vê e
espera que tudo fique esquecido. E, perante esta situação interminável, que faz o primeiro-ministro?
Qual a sua responsabilidade em todo este processo?

3. Nas próximas duas semanas, vão realizar-se em muitas escolas do país reuniões de
departamentos, seguidas de reuniões dos conselhos pedagógicos com vista a uma tomada de
decisão sobre o problema da avaliação de desempenho.
Metade do processo de avaliação é da responsabilidade dos conselhos pedagógicos e a definição,
por exemplo, dos instrumentos de registo é da sua exclusiva responsabilidade.
Os departamentos devem, pois, discutir e decidir se o modelo de avaliação decretado pela ministra
da Educação é adequado, justo e competente ou se, pelo contrário, para além de inadequado,
injusto e incompetente é também inoperacional. E, sendo-o para os professores do quadro, também
o é para os professores contratados.
Se for esta a conclusão da maioria dos departamentos, defendemos que os conselhos pedagógicos
deverão formalizar a decisão de suspender de imediato o processo até à revogação do decreto
regulamentar e comunicá-la ao Ministério.
Pensamos que só assim a ministra da Educação perceberá que é inútil persistir em tentar levar à
prática o que é objectivamente impraticável.

4. Há dias, tivemos a notícia de que todas as escolas de Coimbra vetaram o modelo de avaliação
do Ministério. Foram mais de vinte presidentes de Conselhos Executivos que decidiram tomar esta
posição.
Soubemos, dois dias depois, que cerca de cem professores, do Agrupamento de Escolas de
Montemor-o-Velho, em reunião geral, decidiram suspender o processo de avaliação.
Particularmente, vamos sabendo que outras escolas têm assumido idênticas posições por todo o
país.
Simultaneamente, também soubemos que houve presidentes de Conselhos Executivos que se
mostraram susceptibilizados com algumas críticas de O Ponto da Situação nº1. Ora o que também é
um facto é que muitos professores ficaram e ficam susceptibilizados com as posições desses
presidentes de Conselhos Executivos de apoio ao modelo de avaliação da Ministra. E
continuam a não entender essas posições.
Por isso repetimos o que já dissemos: «Vislumbram eles, no modelo de avaliação, méritos,
qualidades e virtudes que mais ninguém vê? Que nenhum daqueles 100 mil professores
consegue ver? Se sim, que digam, que divulguem, que dêem a conhecer essas
benemerências».
Finalmente, quem exerce cargos públicos não pode pensar que está resguardado numa torre de
marfim, está, evidentemente, sujeito ao escrutínio público, quer goste quer não goste.
5. No blogue oestadodaeducacao.blogspot.com estão a decorrer dois inquéritos. Neste momento,
em resposta à primeira pergunta — "No início do 3º período, que devem as escolas fazer?" — 95%
das respostas considera que as escolas não devem aplicar o decreto regulamentar da avaliação de
desempenho e devem exigir a sua suspensão e consequente reformulação; em resposta à segunda
pergunta — "Se a ministra da Educação não alterar a sua posição em relação ao modelo de
avaliação, que devem os sindicatos fazer?" — 70% das respostas defende que os sindicatos devem
marcar nova Manifestação Nacional para o mês de Maio.
Colega, acede a este blogue e participa, dá a tua opinião e o teu voto.
Se queremos nova Manifestação Nacional, temos de o fazer saber aos sindicatos.

Assinam professores das seguintes escolas: Escola Secundária de Amora, Escola Secundária Manuel Cargaleiro,
Escola Secundária Romeu Correia, Escola Secundária João de Barros e Escola Básica Pinhal de Frades.

Mário Carneiro, Margarida Correia, Jaime Ribeiro, João Pedro Costa, António Torres, Maria de Fátima Barata, José
Simão, Filipa Coelho, Maria Isabel Pereira, Ana Monteiro, Fernando Palma, Delfim Nascimento Pinto, Laura Landeiro,
Lúcia Mendonça, António Landeiro, Álvaro Moreira, José Maia, Adelaide Matos, Maria Isabel Chorão, Deolinda
Fernandes, Álvaro José Gomes, Margarida Campos, Custodia Rebocho, Rosa Amaral, Lígia Sequeira, Fernando
Carvalho, Helena Baptista, Luís Martins Teixeira, Rute Reis Oliveira, Armindo Costa, Maria Leonor Falcato, Fernanda
Bucho, Fátima Matado, Miguel Rodrigues, Gabriela Gonçalves, Mariana Lagarto, João Dias, Fernando Alves, Edgar,
Pedro Mata, Rui Filipe Falcato, António José Carvalho, Anabela Peixoto Magalhães, António Rodrigues, Maria dos
Anjos, Cristina Farinha, José Cabral, Ana Maria Morais, Paula Rodrigues, Conceição Folgado, João Próspero Santos,
Francisco Braga, Hélio Gomes, Paulo Falcão, Vítor Vasconcelos, Maria de Jesus Bernardo, Isabel Teixeira, Paulo
Pereira.

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