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Ana Maria - Meus caros telespectadores, meu público fiel aqui presente, Agora é a hora
do nosso quadro PSICANALIZOOM, um zoom total, irrestrito em todas as novidades do
mundo da psicologia. É um prazer sempre muito grande receber essa sexóloga pra lá de
VIP, Marta Suplício para abrilhantar nosso programa. Marta, por favor querida, sente-se.
Marta – Ana meu amor, obrigada. É sempre um prazer imenso estar aqui com você e
esse público acolhedor e tão fiel. Boa noite pra todos!
Ana Maria – Obrigado minha querida... Você sempre linda, arrasando no visual! Adorei
este vestido... é Clodovil não é?
Marta – Claro, ele desenhou pra mim... Especialmente para vir aqui hoje.
Ana Maria – Ai que amor... Obrigada Clô, a gente se fala qualquer hora amor! Mas Marta,
fala pra nós agora, você está lançando um livro novo não está?
Marta - Sim estou... aqui está um exemplar de presente pra você... Saiu agora da gráfica.
Ana Maria – Ai, não acredito, sério? “Rompendo esfíncteres complacentes!”... Nossa que
diferente... e que sugestivo, não?
Marta – E é bom enfatizar que esse livro é da maior importância para pais, educadores,
estudantes, escritores, enfim, toda pessoa que tem ou já teve algum interesse por contos
de fadas.
Marta – Exato. Esse livro é o resultado de uma extensa pesquisa sobre a sexualidade dos
personagens destes contos em todas as suas variações e símbolos: fadas, gnomos,
bruxas, lobos maus, sapos encantados, príncipes inseguros, madrastas violentas,
duendes, etc, etc. Todos foram exaustivamente analisados e retratados através de suas
verdadeiras identidades sexuais e dos objetos de prazer de suas libidos...
Ana Maria – Identidades sexuais... objetos de sua libido... eu não entendo. Não são
contos infantis A cinderela por exemplo, é a minha favorita! Você descobriu alguma coisa
dela também?
Marta – Tudo. Descobri tudinho. Não somente sobre ela, mas também sobre a Branca de
Neve, Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, etc...
Marta - Claro, com muito prazer. Em princípio Ana, a verdade é que todos esses
personagens – todos sem exceção, viveram uma situação de triângulo, até quarteto
amoroso.
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Não pode ser encenada sem autorização do autor. Humberto Mello, melloh@bol.com.br
Ana Maria – Como?! Mas... a Cinderela, por exemplo. Não era perdidamente apaixonada
pelo príncipe? E só por ele?
Ana Maria – (de queixo caído) Não posso acreditar... quer dizer que ela... ela era... bom,
ela era homossexual?
Marta – É claro que isso não está explicito nos contos, mas para quem faz uma análise
através da sexologia moderna, deste personagem, fica evidente a sua homossexualidade.
A carga de ira, de maldade de um lado, e a pretensa inocência e pureza de outro, só tem
explicação através de uma explosiva atração sexual. Todos os conflitos derivam do sexo,
como já disse Freud. Amor e ódio são irmãos gêmeos. Mas não é só isso. (Ana fica mais
assustada) Joãozinho e Maria por exemplo, a união deles, a fuga da casa dos pais, tudo
isso demonstra uma relação incestuosa. O príncipe de Cinderela era um fetichista, está
muito claro.
Marta – Fetichista. Na verdade ele não amava Cinderela como um todo. Seu objeto de
adoração, de prazer era o pé dela. A cena do sapatinho então, ilustra claramente essa
sua verdadeira identidade sexual. O prazer dele, o seu fascínio em experimentar o
sapatinho em todas as donzelas do reino é um prazer sexual... Ela era apaixonado pelo
pé da Cinderela e aliás, há uma corrente de sexólogos que afirma com base em outros
estudos que a paixão dele, na verdade, era somente pelo sapatinho, ele se imaginava
calçando aquele sapatinho alto, de cristal e correndo o reino como uma garça
tresloucada... sintomático, não?
Ana Maria – (completamente perdida) É... muito, muito sintomático. Mas e o príncipe
nisso tudo?
Marta – Ele é carta fora do baralho. Só entrou no conto por causa da censura da época...
foi criado para que a história terminasse dentro dos padrões preestabelecidos e vigiados
pela sociedade e a Igreja. Ele virou uma bichona e foi fazer show de drag num bar de
duendes...
Ana Maria – Meu Deus! Quanta coisa escondida há séculos... Quem imaginava! Olha, é
realmente um perigo a psicologia, não fica nada escondido! Mas, você tem algum outro
assunto interessante para trazer para nós hoje?
Marta – Sim. Tenho um assunto da maior importância e que está empolgando os meios
sexuais acadêmicos norte americanos. Temos visto cada vez mais uma publicidade sobre
a pedofilia – um mal que está assolando esse nosso mundo moderno e levando a Igreja
Católica Americana à falência, mas os sexólogos americanos estão mesmo
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preocupadíssimos é com a ultima descoberta do grande sexólogo alemão radicado nos
Estados unidos, Hans Helmut Heinner. (empolgada) O COMPLEXO DE DONA BENTA...
Marta - Simples: Electra e Édipo amavam seus próprios pais, certo? O complexo de Dona
Benta se manifesta em netos que amam os seus avós.
Ana Maria – Amar os avós? Mas isso é muito bonito! Muito saudável, aliás é uma coisa
muito rara entre a juventude de hoje, que estão esquecendo de dar atenção aos seus
avós, dar carinho...
Marta – (interrompendo) Eu estou me referindo ao amor carnal... libidinoso. São netos que
sentem atração física... tesão pelos seus avós!
Ana Maria – (assustada) Que horror! (corrigindo-se) quero dizer... que estranho!
Marta – Já foram localizados vários casos deste complexo não só nos Estados Unidos,
mas também em Cajueiro do Norte, aqui no Brasil.
Marta – Bem, a partir da teoria freudiana, normalmente numa fase da infância, a criança
tende a se projetar no pai e na mãe. No complexo de Dona Benta, eles se projetam nos
avós, e isso faz com que suas libidos, num processo de introversão sensual
psicossomática do inconsciente coletivo, aliadas aos arquétipos mitológicos da civilização
globalizada e sob o jugo do G-7, projetem nos seus avós, os seus objetos de desejo. Não
sei se estou sendo clara...
Ana Maria – (completamente perdida) Claríssima... entendi tudo! Mas que coisa heim,
vivendo e aprendendo...
Marta – Mas voltando ao complexo de Dona Benta, eu vou exemplificar com dois casos.
Nos Estados Unidos uma jovem de treze anos, se apaixonou perdidamente pelo avô e
obrigou o velhinho a tomar viagra e ter relações sexuais com ela a noite toda... o pobre
ancião teve um infarto, morreu e ela ficou grávida. E aí está o maior problema: terá um
filho que será bisneto do próprio pai e o garoto, por ser filho do avô, será tio-avô da
própria mãe...
Ana Maria – Se ela vivesse aqui no Brasil eu a traria aqui no meu programa para ser
entrevistada... Nem o Ratinho ia bater minha audiência...
Marta – Meu outro exemplo aconteceu em Cajueiro do Norte, aqui no Brasil. Um jovem de
16 anos violentou o seu avô enquanto ele dormia, o pobre velhinho, já bastante
esclerosado, a partir dessa experiencia traumática e num processo de defesa de seu
inconsciente, regrediu à sua infância e passa noites e dias cantando “Ô Abre Alas” .
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Ana Maria – Ô Abre Alas? (cantando) Oh abre alas, que eu quero passar... essa música?
Marta – Exatamente. E pelo que eu pude concluir, essa deve ter sido a música que ele
ouviu na época em que teve a sua primeira experiência sexual... ele fundiu os dois
momentos num só e vive preso neste momento... sem passado ou futuro... Sua vida se
resume no Abre Alas...
Ana Maria – Coitado... E o delinquente do neto dele, não foi preso? Foi uma barbaridade o
que ele fez.
Ana Maria – Fica um aviso para todos os pais: não deixem os seus filhos abusarem dos
avós, pois daí para esse complexo de Dona Benta é um pulo... Mas minha querida, esse
assunto é extremamente esclarecedor e cativante, mas eu tenho que terminar nosso
encontro de hoje... temos muita coisa por vir ainda, para esquentar ainda mais nosso
programa de hoje. Espero recebê-la novamente em breve para ouvirmos mais sobre o
seu livro...
Marta – Obrigada, e não deixem de comprar o mais rápido esse meu best-seller
“Rompendo Esfíncteres Complacentes”, em todas as boas livrarias.
Ana Maria – (levantando-se e conduzindo Marta até a saída) Boa noite, querida, muito
obrigado mesmo e olha... boa sorte com esse seu best-seller... tchau. (assim que ela sai)
Assistente! Me traz uma aspirina agora...não, traz duas!
MUSICA DE MUDANÇA DE QUADRO
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