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No início dos tempos Deus criou todo o Universo. Começou


por criar gigantescas galáxias, depois para as iluminar criou
fulgurantes estrelas e pálidas luas; em seguida salpicou as
galáxias de planetas e entre estes estava o mais azul de todos: o
planeta Terra.
Deus resolveu
demorar-se naquele
planeta. Sentou-se
no firmamento e lá
de cima criou
oceanos vastos,
profundos e azuis;
desenhou
montanhas enormes,
ilhas perdidas,
continentes imensos,
desertos quentes, e
frios glaciares.
Estava feliz com a
sua obra mas
faltava-lhe ainda a
centelha da vida. Estendeu os braços e encheu os mares de peixes,
de corais e de algas; povoou as terras firmes de seres fantásticos

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que só a sua imaginação infinita podia conceber e depois, pintou
tudo aquilo com o verde das florestas, rematando com flores de
todas as cores.
Apesar da excelência da sua obra, Deus sentia que faltava
naquele planeta um ser que, à sua semelhança, pudesse apreciar
toda aquela beleza e, então, concebeu o ser humano. Agora só
faltava traçar
o céu sobre o
planeta. O
firmamento
foi mesmo o
maior
presente que
Deus
concedeu aos
homens pois,
para os
alumiar na
escuridão da
noite, povoou
o céu de
estrelas e de
anjos.
Deus confiou aos seus anjos a importante missão de cuidar da
Terra, dos seus vastíssimos mares, das suas luxuriantes florestas,

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de todos os seus espantosos animais, de toda a humanidade. Mas
ao anjo mais pequenino de todos, Deus deu a missão de zelar por
uma estrela muito pequenina que era, apesar do seu tamanho, a
mais brilhante do céu. O anjinho sentou-se, então, no firmamento
e cuidou, dia e noite, daquela estrelinha. Os outros anjos vinham,
por vezes, visitá-lo, e contavam-lhe as maravilhas que ocorriam,
lá em baixo, na Terra. Falavam-lhe de como as flores
desabrochavam na Primavera; de como o Sol brilhava quente no
Verão, de como as árvores ganhavam mil e uma cores no Outono
e de como era reconfortante ver os seres humanos reunidos à volta
do lume quando o frio do Inverno chegava. O pequeno anjo ficava
lá em cima, pensando como seria bom poder voar até à Terra e
ver, com os seus próprios olhos, todos aqueles acontecimentos
mágicos… Ali, nas colinas do céu, tudo acontecia sempre da
mesma maneira; não havia surpresas, nem risos, nem flores;
reinava o silêncio e a quietude.

Passaram dias, meses, anos e os outros anjos vinham visitá-


lo cada vez menos. A cada novo dia que passava, o anjinho
sentia-se mais triste e isolado e todo aquele seu desconsolo
começava a ofuscar o brilho da sua estrelinha.
Até que um dia, pensou que já não tinha mais força para segurar
o peso da sua estrelinha. Encheu-se de coragem e resolveu
perguntar a Deus se poderia, nem que fosse por instante, pousar

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numa nuvem a sua estrelinha e ir conhecer a Terra. Deus disse-
lhe:
- Um anjo nunca pode abandonar o que tem à sua guarda.
Um dia, descobrirás a grandeza da tua missão.
O anjinho sentou-se ao lado da sua pequena estrela e juntos
esperaram décadas, séculos, milénios até que, numa noite fria
muito límpida,
a estrela
estendeu os
seus pequenos
raios e acordou
mais brilhante
do que nunca.
O pequeno anjo
olhou para ela e
comoveu-se ao
ver a grandeza
da sua luz. Viu
como aquela
estrelinha era
especial para
ele e como se
sentia feliz por lhe ter sido confiada a sua guarda.
Envolvida no brilho ofuscante da estrelinha, o anjinho, ouve
a voz de Deus:

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- Pequeno anjo, apressa-te, pois é chegada a hora de
partires com a tua estrela para juntos iluminarem o caminho de
três Reis Magos através das areias do Deserto até uma gruta onde
nasceu um menino que há-de salvar todos os homens. E tu, meu
pequeno anjo, serás para sempre recordado na Terra pela
grandeza da tua missão.

O anjinho
pega então na
sua estrela e
juntos
mergulham em
direcção à
Terra,
iluminando
todo o céu por
onde passam.
Atrás de si,
deixam um
rasto de luz
prateada que
maravilhou
todos aqueles
que olharam
para o céu naquela noite.

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Ao aproximar-se da Terra, o anjo ficou maravilhado com o
azul profundo dos oceanos, com a frescura das florestas, com a
planura do deserto onde, por entre as dunas, viu os três Reis de
que Deus lhe falara. Pega na sua estrelinha e juntos alumiam o
caminho dos Reis até à pequena gruta.
Ao chegar à gruta, o anjinho sente uma enorme curiosidade
em conhecer o menino tão especial por quem Deus até movera
uma estrela do
seu
firmamento.
Espreitou para
dentro da gruta
e viu um
menino recém-
nascido,
pobremente
deitado numa
caminha de
palhas. Pensou
que, com
certeza, o
menino estaria
com frio pois
aquela noite,
apesar de

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límpida, estava gelada. Subiu ao céu onde tinha deixado a sua
estrelinha, pegou nela e desceram até à gruta. Colocou, então, a
estrelinha no cimo da gruta, sentou-se ao seu lado e juntos, como
se fossem um só, aqueceram o coração de todos os que com eles
estavam.

Ainda
hoje, na Terra,
todos os anos
festejamos a
noite mágica em
que nasceu
aquele menino
tão especial
chamado Jesus.
E se, na
Noite de Natal,
olharem para
céu, avistarão
uma estrela
pequenina que
será também a
mais luminosa
de todas e, ao seu lado, se observarem com atenção, encontrarão
um pequeno anjinho sentado que, zelosamente, a guarda.

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Texto: ANGELA MARTINS
Ilustrações: SOFIA RIBEIRO

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