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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

O ILUMINISMO
SÉCULO DAS LUZES

O ILUMINISMO
SÉCULO DAS LUZES

"Nossa divisa é: sem quartel aos supersticiosos, aos fanáticos, aos ignorantes, aos loucos, aos
perversos e aos tiranos...será que nos chamamos de filósofos para nada?" - (Carta de Diderot a
Voltaire, em 29 de setembro de 1762.)

O século XVIII é também chamado de século das luzes. A origem de todo esse movimento de
nome iluminismo começou na França, onde influenciou a Revolução Francesa denunciando
erros e vícios do Antigo Regime através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade.
Também teve influência em outros movimentos sociais como na independência das colônias
inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil. Os escritores
franceses do século XVIII provocaram uma revolução intelectual na história do pensamento
moderno. Suas idéias caracterizavam-se pela importância dada à razão: rejeitavam as
tradições e procuravam uma explicação racional para tudo. Filósofos e economistas
procuravam novos meios para dar felicidade aos homens. Atacavam a injustiça, a intolerância
religiosa, os privilégios.
As novas idéias conquistaram numerosos adeptos, a quem pareciam trazer luz e conhecimento
pois, para os filósofos adeptos ao movimento, os homens da sociedade do antigo regime
viviam nas “trevas da ignorância”. Por isto, os aqueles que divulgaram estes novos ideais
foram chamados iluministas; sua maneira de pensar, Iluminismo; e o movimento, Ilustração.
Para os iluministas, o homem era naturalmente bom, porém, era corrompido pela sociedade
com o passar do tempo.
No antigo regime, a educação estava sob o controle da igreja. Isto não era bem visto pelos
novos pensadores, os iluministas, pois para eles a igreja ensinava uma filosofia arcaica. Isto
tornava a sociedade ignorante, fanática e submissa. Por isso a educação precisava ser
mudada, a razão, ou melhor, a capacidade de pensar por si próprio, deveria ficar à frente na
educação.
Este século mostrou uma nova maneira de pensar. Esses filósofos acreditavam que se todos
fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria
alcançada. Eram contra a injustiça, intolerância religiosa e a concentração de privilégios dados
a nobreza e ao clero.
Para os iluministas, a razão era importante para os estudos dos fenômenos naturais e sociais.
De certa forma eles eram Deístas, ou seja, acreditavam em Deus, mas que este Deus agiria
indiretamente nos homens, através das leis naturais. Com isso em mente, a própria pessoa
pode descobrir-se dentro da razão.
Na natureza as pessoas seriam boas, os problemas, as desigualdades sociais foram colocadas
e provocadas pelo próprio homem, de acordo com a organização da sociedade. Para consertar
essa situação, teria de se mudar totalmente a sociedade. Para estabelecer a garantia dos
direitos naturais da pessoa, como a liberdade e a livre posse de bens.

A IDEOLOGIA BURGUESA

No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte forma: em primeiro lugar vinha o
clero, em segundo a nobreza, em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cidade e do
campo. Com o fim deste poder, os burgueses tiveram liberdade comercial para ampliar
significativamente seus negócios, uma vez que, com o fim do absolutismo, foram tirados não
só os privilégios de poucos (clero e nobreza), como também, as práticas mercantilistas que
impediam a expansão comercial para a classe burguesa.
O Iluminismo expressou a ascensão da burguesia e de sua ideologia. Foi a culminância de
umprocesso que começou no Renascimento, quando se usou a razão para descobrir o mundo,
e que ganhou aspecto essencialmente crítico no século XVIII, quando os homens passaram a
usar a razão para entenderem a si mesmos no contexto da sociedade. Tal espírito generalizou-
se nos clubes, cafés e salões literários.
Os burgueses foram os principais interessados nesta filosofia, pois, apesar do dinheiro que
possuíam, eles não tinham poder em questões políticas devido a sua forma participação
limitada. Naquele período, o Antigo Regime ainda vigorava na França, e, nesta forma de
governo, o rei detinha todos os poderes. Uma outra forma de impedimento aos burgueses
eram as práticas mercantilistas, onde, o governo interferia ainda nas questões econômicas.
A filosofia considerava a razão indispensável ao estudo de fenômenos naturais e sociais. Até a
crença devia ser racionalizada. Assim, iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que Deus
está presente na natureza, portanto no próprio homem, que pode descobri-lo através da razão.
Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensável,
sendo criticada por sua intolerância, ambição política e inutilidade das ordens monásticas.
Os iluministas diziam que leis naturais regulam as relações entre os homens, tal como regulam
os fenômenos da natureza. Consideravam os homens todos bons e iguais; e que as
desigualdades seriam provocadas pelos próprios homens, isto é, pela sociedade. Para corrigi-
las, achavam necessário mudar a sociedade, dando a todos liberdade de expressão e culto, e
proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras.
O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade; ao governo caberia
garantir direitos naturais: a liberdade individual e a livre posse de bens; tolerância para a
expressão de idéias; igualdade perante a lei; justiça com base na punição dos delitos;
conforme defendia o jurista milanês Beccaria. A forma política ideal variava: seria a monarquia
inglesa, segundo Montesquieu e Voltaire; ou uma república fundada sobre a moralidade e a
virtude cívica, segundo Rousseau.

OS PENSADORES

Estes pensadores eram divididos em duas classes: os filósofos, com mente voltada para os
problemas políticos; e os economistas, que estavam voltados para o lado financeiro, com
intenções de aumentar a riqueza da nação.

• Filósofos
Os representantes mais destacados dos filósofos foram: Charles de Secondat, Barão de
Montesquieu; François Marie Arouet ( Voltaire), Jean Jacques Rousseau e Denis Diderot.

 MONTESQUIEU (1689-1755)
Sua obra de destaque – O Espírito das Leis (1748), era um estudo sobre formas de governo em
que destacava a monarquia inglesa e recomendava, como única maneira de garantir a
liberdade, a independência dos três poderes; defendia a separação e a ao mesmo tempo a
igualdade entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. Além disso, publicou em 1721 –
as cartas persas- que usava do ridículo para certos costumes da sociedade européia.
 VOLTAIRE ( 1694- 1798)
Não era partidário das idéias da igreja. Foi o mais destacado dos
iluministas. Irônico e crítico mordaz, também foi um bom escritor.
Difundiu idéias liberais de outro filósofo iluminista, mas inglês –
Lock.
Com tantas críticas, Voltaire foi perseguido e inúmeras vezes
mandado para o exílio. Publicou Cartas Inglesas quando exilado
na Inglaterra; nesta obra há ataques ao absolutismo e à
intolerância e elogios à liberdade existente naquele país.
Fixando-se em Ferney, França, exerceu forte influência por mais
de vinte anos, até morrer. Sua filosofia espalhou-se por toda
europa, inclusive alguns governantes foram adeptos de suas
idéias e divulgaram-nas, como Catarina II da Rússia, e Frederico
II da Prússia.

 JEAN JACQUES ROUSSEAU ( 1712-1778)


Esse italiano da cidade de Genebra, teve origem modesta e vida aventureira; era contra o
estilo de vida luxuoso e mundano. Ele fugiu diversas vezes por causa da perseguição às suas
idéias. Uma de suas obras é Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens
(1755). Nesta obra , ele defende a tese da bondade natural da pessoa, que é deturpada pela
civilização. Consagrou toda a sua obra à tese da reforma necessária da sociedade corrompida.
Ele também defende uma vida familiar simples, com uma sociedade baseada na justiça,
igualdade e soberania do povo como mostra em seu texto mais famoso - O Contrato Social -,
baseado em sua teoria da Vontade Geral, referida ao povo e fundamental na Revolução
Francesa tendo inspirado Robespierre e outros líderes.

 DENIS DIDEROT
Organizou a primeira Enciclopédia, publicada em 1771/ 1772. Foi ajudado pelo matemático
Jean Le Rond D’Alembert e da maioria dos pensadores e escritores. A obra foi proibida pelo
governo por divulgar as novas idéias e passou a circular clandestinamente. Seu objetivo
principal era a reunião do conhecimento em uma única publicação. Os economistas pregaram
essencialmente a liberdade econômica e se opunham a toda e qualquer regulamentação.

• Economistas
Estes defendiam uma economia que não deveria ser controlada pelo estado. O estado talvez
só interferiria se fosse para garantir seu livre caminhar e o desenvolvimento da economia. Isso
dá origem aos fisiocratas (do grego, governo da natureza).
Suas idéias eram basicamente:
• As leis econômicas de um país eram como leis naturais que durariam para sempre e
eram independente da vontade do homem;
• A economia deve fluir livremente, sem interferência do estado.

Alguns economistas de destaque foram:

• FRANÇOIS QUESNAY - médico na corte de Luis XV, foi colaborador da Enciclopédia,


uma atividade de importância para ele era a agricultura.
• VICENT GOURNAY - propunha total liberdade para o comércio e a indústria. Sua frase
consagrada foi: “Laissez faire, laissez passar”.(Deixe fazer, deixe passar.).
• ADAM SMITH - aluno de Gournay, este escocês, foi um pouco diferente dos
fisiocratas. Ele criou novas teses, o liberalismo econômico. Sua obra de destaque foi: A
Riqueza das nações (1765). Nesta obra ele enfatiza: nem a agricultura, como queriam
os fisiocratas; nem o comércio, como defendiam os mercantilistas; o trabalho livre era
a verdadeira fonte de riqueza , sem nenhuma intervenção exterior, guiado
espontaneamente pela natureza..

A SECULARIZAÇÃO DA SOCIEDADE

Acreditavam-se todos eles pertencer a uma só família, cujos membros espalhavam-se por
Edimburgo, Nápoles, Filadélfia, Berlim, Milão ou Königsberg e, é claro, Paris. Eram os
philosophes iluministas, escritores e livres-pensantes que organizavam-se ao redor de alguns
dos mestres-pensadores da época, tais como Adam Smith, David Hume, Edward Gibbon,
Diderot, o barão d'Holbach, Helvetius, o excêntrico filósofo Emanuel Kant e, evidentemente,
em torno do "mestre" Jean-Jacques Rousseau e do seu rival , o "rei" Voltaire. Consideravam
seus mentores espirituais os grandes pensadores do século anterior, tais como René
Descartes, Isaac Newton e John Locke.
Essa família de escritores das mais diversas nacionalidades empenhava-se na propagação de
um vasto e ambicioso programa comum: a secularização total da sociedade. Secularismo,
humanismo, cosmopolitismo e liberdade em todo os sentidos, eram as bandeiras deles. Além
do direito à liberdade de palavra, de expressão, de imprensa, também se estendia para eles à
liberdade de comércio, à liberdade do empreendimento econômico, fora das intromissões da
censura da Igreja e do Estado absolutista-mercantilista. Livres enfim, para que cada um, de
acordos com os talentos nascidos ou adquiridos, encontrasse o seu próprio caminho de
realização. De certa forma, os Iluministas tiveram que buscar e ao mesmo tempo formar o seu
próprio público; para atingir o novo público cultivado (tanto de gente da nobreza como das
classes burguesas) que gradativamente estava se formando na sociedade européia do século
XVIII, recorreram intensamente à publicação e difusão de livros. Quando, devido à censura ou
à uma queima judicial estes tinha que parar de circular legalmente, recorriam à impressões
clandestinas (feitas na Holanda), depois as introduziam por contrabando em qualquer canto da
Europa. Revelaram-se verdadeiros mestres em escrever panfletos, publicações que fizeram
largo uso devido ao lado prático que eles tinham como veículo instantâneo de difusão de
idéias. Daí boa parte da literatura deles, fosse em verso ou em prosa, estar carregada pelo
estilo polêmico e apaixonado.

A Enciclopédia

O mais poderoso e duradouro de todos os instrumentos para a divulgação das Luzes - obra
magna da propaganda iluminista - foi a edição da Enciclopédia, ou Dictionaire raisonné des
sciences, des arts, et des métiers, dirigida por Jean Le Rond d'Alembert (entre 1751-54) e, em
seguida, por Denis Diderot. Grandiosa publicação que se seguiu por vinte anos, até que, em
1772, o seu 17º volume encerrou a obra inteira. Fazendo com que, segundo Daniel Mornet, o
século XVIII fosse "com toda a certeza....um século enciclopédico". Acertada sua impressão por
meio de subscrições, a Enciclopédia ultrapassou largamente os seus 8.011 assinantes
originais, virando leitura obrigatória entre os homens cultos do século. Foi uma obra
consultada por uma quantidade inumerável de leitores por toda Europa e América incluída.
Tratou-se de uma estupenda síntese do conhecimento científico, com grande ênfase nas artes
mecânicas e na sabedoria prática das coisas da vida, servindo de modelo para todas as demais
que a seguiram posteriormente. A predominância e gosto por temas seculares e o alto nível
dos seus colaboradores - Diderot selecionou o supra sumo da elite intelectual (disse-lhes "É
preciso examinar tudo, remexer tudo sem exceção e sem reserva") - fez da Enciclopédia o
acontecimento editorial e intelectual do século. Entre os grandes nome arrebanhados por ele
estavam Montesquieu (Leis), Lamarck (botânica), Helvetius (matemática), Rousseau (música),
Buffon, Necker, Turgot, Mongez, além de artigos do barão d'Holbach, um ateu militante, e
Voltaire (encarregado dos verbetes sobre Elegância, História, Espirito e Imaginação), num total
de 139 colaboradores identificados. Talvez ela tivesse para o mundo burguês e industrial que
então despontava, o mesmo significado que a Suma Teológica de São Tomás de Aquino teve
para a Europa medieval.

DEPOTISMO ESCLARECIDO

Muitos príncipes, influenciados pelas idéias iluministas puseram-nas em prática. Sem


abandonar o poder absoluto, procuraram governar conforme a razão e os interesses do povo.
Esta aliança de princípios filosóficos e poder monárquico deu origem ao regime de governo
típico do século XVIII, o despotismo esclarecido. Seus representantes mais destacados foram
Frederico II da Prússia; Catarina II da Rússia; José II da Áustria; Pombal, ministro português; e
Aranda, ministro da Espanha.

Frederico II (1740-1786) - discípulo de Voltaire- e indiferente à religião, deu liberdade de


culto ao povo prussiano, investiu na educação para o ensino básico, atraindo os jesuítas, por
suas qualidades de educadores, embora quase todos os países estivessem expulsando-os, por
suas ligações com o papado. A tortura foi abolida e organizado novo código de justiça. O rei
exigia obediência mas dava total liberdade de expressão. Estimulou a economia, adotando
medidas protecionistas, apesar de contrárias às idéias iluministas, isto quer dizer, a Prússia
permaneceu um estado feudal, com servos sujeitos à classe dominante - seus senhores.
Catarina II (1762-1796) - atraiu filósofos, manteve correspondência com eles, muito
prometeu e pouco fez. Teve contato com os iluministas franceses, entre eles, Voltaire.
Também deu liberdade religiosa ao povo e fez mudanças de hábitos na alta sociedade, que se
afrancesou. Claro que os servos tiveram prejuízos, pois o poder dos senhores aumentou, com
direito até mesmo de condená-los à morte.
José II (1780-1790) - foi o déspota esclarecido típico. Aboliu a servidão no país, concedeu
igualdade entre todos perante a lei e os impostos, uniformizou a administração do Império, deu
liberdade de culto à todos e direito de emprego aos não-católicos.
Marquês de Pombal - fez importantes reformas baseadas no iluminismo. Houve mais
desenvolvimento no país. A indústria cresceu, o comércio passou ao controle de companhias
que detinham o monopólio nas colônias, a agricultura foi estimulada. A nobreza foi perseguida
para fortalecer o poder real e os jesuítas foram ”incentivados” para não dizer, expulsos de
Portugal.
Anistro Aranda - liberou o comércio, estimulou a indústria de luxo e de tecidos, dinamizou a
administração com a criação dos intendentes, que fortaleceram o poder real de Carlos III, na
Espanha.

O tabernáculo de Frederico e
o despotismo ilustrado

Algumas cortes européias serviram por igual de abrigo aos iluministas. Especialmente
conhecido foi o Tabernáculo que Frederico o Grande, da Prússia, montou na sua propriedade,
em Saint-Soucy, convidando para lá uma elite de livres-pensadores. Lá estiveram o naturalista
Maupertuis, La Mettrie, o perseguido autor do "Homem máquina" e o mais famosos de todos,
Voltaire. Catarina II da Rússia tentou o mesmo com Diderot e José II da Áustria celebrizou-se
em proteger os pensadores do furor da Igreja Católica. Os reis apoiaram os livres-pensadores
na medida em que podiam servir-se deles para reformar os estados antes que uma possível
revolução explodisse. E também faziam questão de protegê-los para fins publicitários, para
terem uma boa imagem junto às classes culturas e refinadas da Europa de então. Por isso se
entende que em matéria de política a maioria dos iluministas seguiu a Doutrina do Dr. Johnson,
favorável ao despotismo ilustrado. Porém, historicamente, a agitação e a insubordinação aos
costumes e a crítica à religião que abertamente a maioria deles praticou, fez com que,
ironicamente, os iluministas fossem tidos como os arautos da democracia moderna.

FONTES

• http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/historia026.asp
• http://www.culturabrasil.pro.br/iluminismo.htm
• http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/iluminismo.htm
• http://www.webartigos.com/articles/6165/1/o-iluminismo-e-a-filosofia-
iluminista/pagina1.html

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