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Análise de dias secos no distrito de Chókwè-Moçambique

Hugo Adriano Mabilana (hmabilana@yahoo.com.br) e Emílio J. Magaia (emílio.magaia@uem.mz)

Introdução
A seca é um fenômeno complexo, e está associado à persistência de dias secos
(ANAGNOSTOPOULO et al, 2003). Pelo seu impacto negativo sobre a agricultura de
sequeiro torna-se importante o estudo dos fatores associados a ela, sua duração e
distribuição espacial. É um fenômeno difícil de caracterizar, sendo resultado de efeitos
cumulativos em médio e longo prazo numa série de intervalos de tempo (VAZ, 1993).
Devido à dificuldade de estudo e quantificação deste, alguns autores têm preferido
estudar o fenômeno seca analisando a duração de dias secos sua probabilidade de
ocorrência, com diversos fins (ANAGNOUTOPOULOU et al, 2003; KUBUE, 2002;
BELACHEW, 2000; BARRON, 2003 E 2004; DE ARRUDA E PINTO, 1979;
VASCONCELLOS et al, 2003). Não se tem conhecimento de estudos semelhantes
realizados em Moçambique, há apenas a referir uma breve abordagem sobre o tópico por
REDDY (1984). A análise de dias secos permite o estudo da seca num horizonte
temporal reduzido.
Os dias secos podem ser definidos como a seqüência de dias sem precipitação ou com
precipitação diária abaixo de um limiar definido (CONRAD & POLLACK, 1962;
KUBUE, 2002 e ANAGNOTOPOULOU et al, 2003). E dias úmidos são seqüências de
dias consecutivos com precipitação diária superior a um dado limiar.
O regime de precipitação pluvial tem uma influência direta na disponibilidade de água
para as culturas agrícolas em sequeiro. A ocorrência de dias secos pode afetar o
desenvolvimento das culturas agrícolas em sequeiro, sem que necessariamente se
verifique uma mudança na distribuição sazonal da precipitação pluvial. A determinação
de probabilidades de ocorrência de dias secos e úmidos em uma dada região pode servir
de indicador da disponibilidade de água para as culturas agrícolas, sendo útil na
determinação da época de crescimento mais favorável para prática de culturas agrícolas
em sequeiro.
O principal o objetivo do presente é analisar a distribuição temporal dos dias secos e
úmidos no distrito de Chókwè- Moçambique.

Área de estudo
O distrito de Chókwè localiza-se a sul da província de Gaza em Moçambique, na margem
direita do rio Limpopo. Entre as coordenadas 24 º31’ Latitudes Sul e 32 º 30’ longitudes
Leste. Com uma superfície terrestre de 2466 Km2 é limitado a Norte pelo rio Limpopo
que o separa dos distritos de Massingir, Mabalane e Guijá, a Sul pelo distrito de Bilene e
o rio Mazimuchope que o separa do distrito de Magude, a Leste pelos distritos de Bilene
e Chibuto e a Oeste com os distritos de Magude e Massingir (MAE, 2005). O clima do
distrito de Chókwè é de uma maneira geral semi-árido seco (Bsw classificação climática
de Köppen), com uma elevada variabilidade intra e inter anual da precipitação que
pressupõe uma agricultura de sequeiro de elevado risco (FAEF, 2001). A principal
atividade socioeconômica é a agricultura, possui a maior área irrigada do país com
superfície de 26.000 hectares. Existindo uma área significativa com culturas agrícolas em
sistema de sequeiro onde a principal cultura pratica é o milho Zea mays L.

Material e Métodos
O material usado para o estudo consistiu essencialmente de dados diários de precipitação
de uma série de 30 anos (de 1967 a 1996) fornecidos pela estação meteorológica do
Chókwè. Usados para a análise de freqüência de dias secos e úmidos e determinação da
sua provável ocorrência.
A metodologia proposta para a análise de dias secos e úmidos no distrito de Chókwè foi
dividida em duas partes nomeadamente: a análise de freqüência de dias secos e a análise
probabilística de ocorrência dos mesmos com o auxílio da primeira ordem das cadeias de
Markov.
Os dias secos podem ser caracterizados de duas maneiras: pela sua duração (ex. x dias) e
através do seu limiar. O limiar é definido como sendo a fronteira entre dois estados
diferentes A caracterização dos dias secos através do seu limiar é relativa ao local de
estudo que define o clima predominante. Para o estudo, foram definidos dois estados: dia
seco e úmido, que foram considerados os dias com valores diários de precipitação pluvial
menor ou igual e maior ao limiar definido respectivamente. Dois limiares foram testados
limiares: 0.0 mm, 4.2 mm. O limiar 0.0 mm para a análise de freqüência de dias secos em
que não se verificou nenhuma precipitação. O limiar 4.2 mm representa a quantidade
média diária das necessidades de água do milho no distrito do Chókwè utilizando dados
climáticos normais e considerando que este foi semeado em 1 de Dezembro. Em análises
de dias secos para fins agrícolas a definição do limiar está ligada a média diária de
consumo de água da cultura (Baradas, 1994).
A análise de frequência de dias secos na série de anos em questão foi baseada no método
explicado por Belachew (2000) para estudar a sustentabilidade da agricultura de sequeiro
na Etiópia. Consistiu na contagem de sequências de dias secos com duração de t dias em
cada mês do ano. Portanto a duração máxima de dias secos não deverá exceder 31 dias
secos. Assume-se que o dia anterior ao primeiro dia do mês e o dia que segue o último
dia do mês sejam dias úmidos (com precipitação superior ao limiar definido). A
freqüência de dias secos com duração de n dias por cada mês do ano foi determinada.
A análise probabilística foi feita com o auxílio da primeira ordem das cadeias de Markov.
As cadeias de Markov lidam com as relações de um evento presente e um futuro, onde o
primeiro tem influência significativa sobre o segundo (Mather, 1997).O modelo foi usado
para a determinação da probabilidade de ocorrência de dias secos para cada dia do ano.
As probabilidades de transição foram determinadas com o auxílio do pacote estatístico
SPSS 15.0, para os estados de transição e limiares definidos.

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