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Umuarama, domingo, 17 de janeiro de 2010

Coragem
por Angela Russi

Hoje de manhã, sem mais


nem menos, lembrei-me de uma
situação ocorrida há muitos
anos. Após o sepultamento
de minha cunhada, que mor-
reu de forma súbita, irreal e
muito jovem, íamos para casa
e no caminho meu irmão, não
o que havia ficado viúvo, parou
o carro olhou para trás e me
disse: “-Angela, você parou
para pensar que ela está dentro
de um túmulo agora?”
  É claro que eu sabia que ela
estava, estive no enterro até o
ultimo momento, vi tudo, porém
aquela pergunta me chocou pro-
fundamente. Pensar na minha
cunhada, em seu sorriso, seu alto-
astral, sua elegância dentro de um
túmulo foi um golpe duro depois
de horas doloridas demais.
 Quando alguém morre logo
buscamos consolo na nossa
crença da vida após a morte.
Realmente é um consolo imagi-
nar que há um lugar melhor
depois de nossa partida desse
mundo, um lugar de mere-
cimentos onde receberemos
em dobro tudo o que de bom
fizemos aqui. Ou de mal, quem remoto no Haiti. Como assim Conheci a Dra. Zilda em imaginar que alguém que já assim, como toda boa ação deve doce e humilde parecendo tão frágil
sabe? Imaginar que acaba aqui morreu em um terremoto tão maio de 2009, encantei-me foi indicada ao Nobel da Paz ser. Ela me ouviu falar sobre a e sendo tão forte, será encerrada
é cruel demais para nós que longe de casa? Ela estava lá? com sua simplicidade, virtude pudesse pensar que quem Coleção Vire a Página e ao final dentro de um túmulo. Entretanto,
suamos a camisa durante uma Na rua? Caminhando? Não tão   comum aos que trabalham a esperava para a palestra disse que tivesse coragem. creio na vida após a morte, creio
vida para sobreviver. Embora dei conta desses questiona- pelo bem do próximo e conse- não soubesse quem ela era.   Isso é o que ela tinha de so- no merecimento e creio que ela foi
acreditemos que nossa alma vá mentos todos. Por quê? Por quentemente da humanidade. Humildade típica de quem se bra, coragem. E por isso estava diretinho para o céu. Afinal, como
para esse lugar melhor, choca que foi súbito, irreal e é difícil Encontrei-me com ela na Con- coloca como instrumento para lá em missão de paz e morreu disse o Pequeno Príncipe, o corpo
pensar que o corpo, nossa imaginar uma pessoa tão doce ferência Distrital do Rotary em construir um mundo melhor. fazendo o que gostava de fazer: no fim só atrapalha. Se a Dra. Zilda
armadura na batalha do dia a quanto a Dra. Zilda sair dessa Maringá. Quando ela chegou ao    Em sua palestra falou amando o próximo. Amar é já fez tanto dentro das limitações
dia, fique em um túmulo. vida sem se despedir. teatro fui ao seu encontro para sobre os pobres a quem buscava isso, é ir ao encontro daquele humanas imagine como um anjo
  O estranho dessa lembran-   A morte é assim e pega a gente cumprimentá-la pois sempre a amenizar o sofrimento, contou que precisa ser ajudado e para de Deus o que ela fará de agora
ça é que poucos minutos depois sempre desprevenido. Imagino admirei. Ela estendeu a mão que teve a ideia da Pastoral da isso é preciso coragem. em diante.
fiquei sabendo que a Dra. Zilda quantos projetos a Dra. Zilda tinha para mim e disse:- ‘Como vai? Criança sentada na sala de   Estou muito triste, me dei con-  Para ela, meu respeito mais
Arns havia falecido em um ter- ainda e de repente adeus. Sou a palestrante. ’ Incrível jantar de sua casa, simples ta de que ela, com aquele jeitinho profundo. Saudade.

O menino que Umuaramenses com circulação nacional


por Tiago Lobão

consertou o mundo Para vocês que estão acostumados a ler os meus textos ap-
enas aos domingos, agora vão ter uma chance de sair da rotina. A
matéria ‘Passe a pena no tinteiro e borre o blog’, escrita por mim,
foi publicada na Revista UP! #20, deste mês. A matéria fala sobre
como os escritores atuais usam a internet para alavancar suas
carreiras, e uma das personagens desse texto é nossa companheira
de Culturanja: Carol Guimarães Gil, poetisa e autora do romance
‘Intra-Uterino’ disponível para download na internet, em seu blog
http://conjugando-verbos.blogspot.com/.
Para ler a matéria e saber também como o Fábio Brazil, a Gabriela
Souza Gomes e o André Vianco, outros personagens dessa matéria,
fazem para espalhar sua literatura, é só acessar o site da revista
(www.revistaup.com) ou o meu blog pessoal (www.lobservando.
blogspot.com). Vale lembrar que as fotos da entrevisca com a Carol
Gil foram feitas por outro ilustre Umuaramense: o publicitário Silvio
Sakamoto, da Agência Exclusiva.
Na mesma revista também está uma matéria de várias páginas
por Caroline Guimarães Gil sobre o Nevilton, que com seus companheiros de banda já desponta
como revelação do rock nacional. A matéria foi escrita por Luis R.
Circula pela internet, sem identificação de autor, a seg- Lopes, jornalista, que passou quase duas semanas com a banda e
uinte fábula: presenciou quatro shows do trio. Conheça, então, um pouco de como
“Um cientista vivia preocupado com os problemas do funciona o rock independente através dos olhos do Luis.
mundo e estava resolvido a encontrar meios de minora-los. E não sendo o suficiente, temos mais outro umuaramense na
Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para Revista UP #20, é o Edemilson Paraná, estudante de jornalismo
suas dúvidas. Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu na UNB, que também trabalha no UOL Notícias e assina a Coluna
santuário decidido a ajuda-lo a trabalhar. Universitária desta edição. O seu artigo: ‘Por uma nova Brasilidade’
Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo chama atenção para nossas atitudes como brasileiros, um bom
que pudesse distrair-lhe a atenção. Até que se deparou com um ponto de vista sobre quem somos, o que queremos e pra onde vamos
mapa do mundo. Com o auxílio de uma tesoura, recortou-o em como nação.
vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou Enfim, a revista está imperdível e, orgulhosamente muito
ao filho: umuaramense! Divirta-se.
- Vou lhe dar o mundo para consertar. Veja se consegue.
Faça tudo sozinho.
Pensou que, assim estava se livrando do garoto, pois
ele não conhecia a geografia do planeta e certamente levaria
dias para montar o quebra-cabeças. Uma hora depois, porém,
ouviu a voz do filho:
- Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!
Para surpresa do pai, o mapa estava completo. Todos os
pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como
seria possível? Como o menino havia sido capaz?
- Você não sabia como era o mundo, meu filho, como
conseguiu?
- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você
tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado
havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para
consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do
homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que
eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei
a folha e descobri que havia consertado o mundo.”

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