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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PARTE 1 – A COMUNICAÇÃO.

A CORRESPONDÊNCIA EMPRESARIAL
MODERNA. A correspondência empresarial é hoje também um instrumento de marketing.
É a responsável pela imagem da empresa perante os seus diversos públicos, internos
ou externos. Exige-se eficiência quanto ao conteúdo que se quer transmitir,
elegância quanto à forma que o embalará e correção quanto à língua através da qual
a mensagem será expressa. O estilo da linguagem e a disposição dos elementos no
documento têm sofrido alterações para que alcancem sucesso na tarefa que a redação
profissional assumiu. O que se deseja é clareza, rapidez e objetividade e isso não
se consegue com um texto desarrumado, deselegante e mal escrito. Portanto, há três
questões a levar em conta quando o assunto é a produção textual nas empresas: a
forma, o estilo e a língua. A forma É a embalagem do texto profissional. Como um
produto da empresa que o emite, deve ser eficiente e elegante. Neste tópico, o
redator aprenderá como dispor de forma prática e atraente as diversas informações
que devem constar do texto, como a data, o remetente, o assunto, o destinatário,
os endereços, etc. A língua Como já disse, o texto profissional é um dos diversos
produtos da organização. É responsável, às vezes sozinho, pela comunicação da
empresa com seus diversos públicos. Logo, devemos nos cercar de todos os cuidados
para que nossa correspondência chegue aos seus destinatários sem deslizes
gramaticais que certamente causarão uma má impressão que pode se tornar
incontornável e inviabilizar acordos de qualquer natureza. O estilo É a soma dos
dois anteriores e, por isso mesmo, o mais subjetivo. Escrever com estilo é
transformar em linguagem escrita a imagem que se quer passar da empresa: limpa,
transparente, objetiva, eficiente, prática, elegante e arrumada. É a medida certa
entre a formalidade que se exige de um texto profissional e a informalidade que se
deseja para conquistar clientes, fechar negócios e motivar colaboradores. Antes de
estudarmos cada um desses tópicos, vamos ver rapidamente o que é comunicação, num
sentido mais amplo e nas empresas, de uma maneira geral. A COMUNICAÇÃO. A palavra
comunicação vem do latim communicare, que significa tornar comum, partilhar,
repartir, associar, trocar opiniões. Assim, pode-se dizer que há uma grande
diferença entre comunicar e informar, uma vez que a informação pressupõe algo frio
e pré-formatado, transmitido sob a forma de um monólogo e que, portanto, não
permite troca. 1

Comunicação ocorre quando a mensagem é transmitida e decodificada (compreendida).

Mensagem • é a informação (sinais codificados, língua) que um emissor (locutor)


transmite a um receptor (interlocutor) por meio de um canal. Linguagem • é a
propriedade do ser humano de representar o pensamento por meio de sinais
codificados. Código • é um sistema de sinais preestabelecidos entre o emissor e o
receptor empregado para a transmissão de mensagens. • Língua sistema de sinais
comuns a todos os indivíduos de uma comunidade.

TIPOS DE LINGUAGEM • • Linguagem verbal divide-se em escrita e falada e é expressa


por uma língua. Linguagem não-verbal sistema de comunicação que não faz uso de
palavras.

LINGUAGEM VERBAL Falada • natural, cultural e social. • Escrita Artificial,


cultural, social.

LINGUAGEM NÃO-VERBAL: Sinais visuais, olfativos, táteis e sonoros O SIGNO A


linguagem parte sempre de um signo, elemento composto de duas partes: o
significante, que é material (a representação) – acústico ou sonoro -, e o
significado, que é imaterial – a idéia, sentimento, ação, pessoa ou objeto
representado. Portanto, o signo engloba sempre um símbolo – um desenho, uma letra,
uma palavra, um som, um sinal, uma cor, uma ilustração, uma figura – e a idéia, o
sentimento, o ser – representado.

2
– significante

COMPUTADOR

– significado SENTIDOS DA LINGUAGEM. Denotativo: sentido original, dicionarizado,


aceito. “Há uma bomba no prédio.” Conotativo: sentido figurado, atribuído,
abstrato. “Seu trabalho está uma bomba.” INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO. Informação •
emissor comanda a elocução. Ocorre porque o receptor não tem conhecimento prévio
(feedback) do conteúdo da mensagem. Estabelece-se o monólogo. Comunicação •
emissor e receptor trocam de papéis porque ambos detêm o conteúdo. Há diálogo.

OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO. Contexto (Assunto ou ambiente da comunicação)


Mensagem (Conteúdo da comunicação) Emissor (Redator) Canal (Texto) Receptor
(Leitor)

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Código (Língua portuguesa) Emissor é o agente da comunicação, quem envia a
mensagem. Receptor é o elemento a quem se destina a mensagem. Canal é o condutor
da mensagem Contexto é o assunto da mensagem Código é a expressão material da
mensagem, o signo. Mensagem é o teor da comunicação.

• • • • • •

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM Emotiva – quando a mensagem é carregada de sentimentos e


emoção e é centrada no próprio emissor. Exemplo: “Eu ‘tava triste, tristinho, Mas
sem graça que a top model magrela na passarela Eu ‘tava só, sozinho, Mais
solitário que um paulistano, Que um vilão de filme mexicano. ‘Tava mais bobo que
banda rock, Que um palhaço do circo Wostock. Mas hoje eu recebi um telegrama, Era
você da Aracaju, ou do Alabama, Dizendo: “nego, sinta-se feliz, Porque no mundo
tem alguém que diz Que muito te ama.” (...) Apelativa – quando a mensagem
constitui-se de um apelo, uma súplica, um pedido, uma ordem e é centrada no
receptor. Exemplo: “Volta de novo pros meus braços, Volta depressa, que eu não
faço nada Que não seja pensar no nosso amor. 4
Volta, são teus os meus carinhos, Volta, retoma o teu ninho, Tudo aqui está do
jeito que ficou.” Fática – é a linguagem usada com o intuito de estabelecer a
comunicação, mantê-la em atividade ou encerrá-la. Exemplo: “Olá, como vai? Eu vou
indo, e você, tudo bem? Tudo bem eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro,
e você? Eu vou indo em busca de um sono tranqüilo...” Metalingüística – é a
linguagem (código) que explica o próprio código, num loop de comunicação. Exemplo:
Verbetes de dicionário, o sistema de ajuda do Windows, etc. Referencial – é a
linguagem que se emprega com o objetivo único ou fundamental de informar. Exemplo:
O crescimento da aids, o aumento da criminalidade e a escalada das drogas
representam grave ameaça à juventude no limiar do novo milênio. O diagnostico,
sombrio, consta de recente relatório preparado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). Para muitos jovens, “especialmente os que crescem em zonas urbanas pobres,
os anos da adolescência serão os mais perigosos da vida”, sublinha o documento.
Segundo o texto da OMS, o crescimento da aids pode comprometer os progressos na
área da saúde infantojuvenil feitos nas últimas décadas. (Jornal do Brasil, julho
de 2005). Poética – a linguagem é centrada nela mesma, já que a sua transformação,
seu embelezamento, sua desestruturação chama a atenção do receptor para a idéia
contida nela. Exemplo: Mesmo que você feche os ouvidos E as janelas do vestido,
Minha musa, vai cair em tentação. Mesmo porque estou falando grego Com a sua
imaginação…” (Chico Buarque e Edu Lobo, Choro Bandido) Uma lata existe para conter
algo Mas quando o poeta diz: "Lata" Pode estar querendo dizer o incontível Uma
meta existe para ser um alvo Mas quando o poeta diz: "Meta" Pode estar querendo
dizer o inatingível 5
Por isso, não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata Na
lata do poeta tudo-nada cabe Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber
O incabível Deixe a meta do poeta, não discuta Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente metáfora (Gilberto Gil,
Metáfora) A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL OU PROFISSIONAL A comunicação empresarial é
uma espécie de baby-sitter da imagem da organização; é cada vez mais entendida
como estratégica e indispensável. É uma atividade estratégica que tem como
objetivos criar, manter ou mudar para favorável a imagem da empresa juntos aos
seus públicos. As organizações de hoje têm que ser abertas e transparentes,
criando canais de comunicação com a sociedade e prestando contas a ela. Não se
esqueça: imagem de uma empresa é um de seus mais preciosos bens.

Stakeholders São públicos estratégicos de uma organização, formadores e


disseminadores de opinião a seu respeito. São grupos de pessoas com interesses
legítimos na empresa, que dependem ou são afetados por suas decisões ou operações.
Em suma, são os diversos públicos com que uma organização se relaciona. Por isso,
o profissional de comunicação também é chamado de relações públicas. Sim, porque
nós já vimos que, não é de hoje, as empresas saíram do seu "mundinho" e passaram a
se comunicar com o "mundão". E descobriram que há muito o que falar, para muita
gente, em muitos lugares. E quem vai ter papel fundamental nesse relacionamento?
Acertou se você pensou em comunicação empresarial, em geral escrita, elegante,
clara, objetiva e obrigatoriamente em bom português.

PARTE 2 – A REDAÇÃO A redação empresarial é a comunicação entre a empresa e seus


diversos públicos, como vimos até aqui. Para que ela seja eficiente e cumpra
adequadamente o seu papel, o redator deve levar em conta o seguinte sobre os
diversos níveis do texto. 6
Sobre a forma da comunicação empresarial escrita. Cada documento – texto
profissional – tem um formato padrão, ainda que possa variar aqui ou ali, de uma
empresa para outra. Conhecer cada um dos elementos que constitui os documentos e
saber para que servem e como usá-los é da conta da forma dos textos empresariais.
Sobre o estilo da comunicação empresarial escrita. Estilo tem a ver com
objetividade e clareza. Para isso, é preciso que o redator de textos empresariais
saiba 1. a quem se destina a correspondência; 2. qual a idéia principal a ser
transmitida; 3. quais as idéias adjacentes. 1. O destinatário – saber a quem se
destina a correspondência é definir o grau de informalidade que vai permear o
texto e o quanto de intimidade se tem com a empresa ou pessoa que vai lê-lo. 2. A
idéia principal – é o conteúdo da correspondência, a informação mais importante,
motivadora do texto. Reconhecê-lo é não perder tempo com outros tópicos
irrelevantes. 3. As idéias secundárias – o conteúdo que deve estar em volta da
idéia principal para apoiá-la ou explicá-la. Sobre a língua da comunicação
empresarial escrita. O texto profissional exige o padrão culto da língua. Nós
devemos usar a língua em seu estágio mais elegante do mesmo modo que nós nos
vestimos de maneira diferente, mais sóbria e sofisticada, para trabalhar. O
ambiente é formal, portanto, o código que possibilitará a comunicação entre as
pessoas – físicas ou jurídicas – deve ser o mais próximo possível do registro
culto da língua. Redação – A estruturação do parágrafo Parágrafo-padrão O
parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um
período, em que se desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a que se
agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente
decorrentes dela. O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da
folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar
convenientemente as idéias principais de sua composição, permitindo ao leitor
acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios. O tamanho do
parágrafo Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou
diminuídos, conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o
texto vai ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos,
dará colorido especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fim.
Em princípio, o parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página
impressa no livro, e a regra geral para determinar o tamanho é o bom senso.
Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de
pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas,
já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas populares,
livros didáticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam parágrafos
curtos. 7
Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágrafos menores,
seguindo critério claro e definido. O parágrafo curto também é empregado para
movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma idéia.
Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor
de nível médio. Cada parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50
a 150 palavras. Em cada página de livro cabem cerca de três parágrafos médios.
Parágrafos longos - em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos
parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as
explicações são complexas e exigem várias idéias e especificações, ocupando mais
espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los. Tópico frasal
A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico
frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta
ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou
periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o
período mestre, que contém a frasechave. Como o enunciado da tese, que dirige a
atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor
a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal
introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o potencial
de gerar idéias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável,
afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação,
uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um
raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou
explicação. A idéia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do
parágrafo, seguida de outros períodos que explicam ou detalham a idéia central.
Exemplos: Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltratá-los. O
modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como
o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando
e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios
são os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se
pode exigir mais do que é esperado. A distribuição de renda no Brasil é injusta.
Embora a renda per capita brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria
do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de vezes mais.
A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U$$112 mensais;
muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo,. Dividindo essa pequena
quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per capita fica ainda
mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda diminui um pouco
mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais;
outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o
muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é injusta.
Tópico frasal desenvolvido por enumeração. Exemplo: A televisão, apesar das
críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às pessoas, tais como:
informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de importante em 8
qualquer parte do mundo; diversão, através de programas de entretenimento (shows,
competições esportivas); cultura, por meio de filmes, debates, cursos. Faça o
mesmo: 1. Na escolha de uma carreira profissional, precisamos considerar muitos
aspectos, dentre os quais podemos citar: 2. O desrespeito aos direitos humanos
manifesta-se de várias formas: 3. O bom relacionamento entre os membros de uma
família depende de vários fatores, como: 4. A vida nas grandes cidades oferece
vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens, podemos lembrar e, dentre as
desvantagens, Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes É o processo
típico do desenvolvimento de um parágrafo descritivo: Era o casarão clássico das
antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se em alicerces o muramento, de
pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...) À porta da entrada
ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado.(Monteiro Lobato)
Tópico frasal desenvolvido por confronto. Trata-se de estabelecer um confronto
entre duas idéias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das
diferenças, seja do paralelo das semelhanças. Veja o exemplo: Embora a vida real
não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de que, numa
relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances
adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não
pode seguir seu planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será
prontamente abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano
preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar
as constantes mudanças da situação geral, na medida em que se apresentam. (Bruno
Betelheim, adaptado) Tópico frasal desenvolvido por razões No desenvolvimento
apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que afirmamos no tópico frasal.
As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de
maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada,
quase simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma
criança, o mundo está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos
incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo
é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo
desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. (Gianni Rodari,
adaptado) Tópico frasal desenvolvido por análise É a divisão do todo em partes.
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar,
divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias,
relatos e comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração,
de evasão, de divertimento por parte do público. A terceira procura persuadir o
indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. A quarta é realizada de modo
intencional ou não, por meio de material que 9
contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de
conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado) Tópico frasal desenvolvido pela
exemplificação Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio
de exemplos: A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará
existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas
sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar
melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas
teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais
justa, pedem-nos que “sejamos realistas, exijamos o impossível”. (Teixeira Coelho,
adaptado). 1.0 – O DESENVOLVIMENTO DO PARÁGRAFO: frase(s) seguinte(s) ao tópico
frasal. 1.1 – ENUMERAÇÃO OU DESCRIÇÃO DE DETALHES: enumeração de pormenores ou
descrição de um detalhe. 1.2 – CONFRONTO: confronto de idéias, coisas, seres,
fatos ou fenômenos, sem comparação explícita. 1.3 – ANALOGIA E COMPARAÇÃO:
comparação explícita de idéias, coisas, seres, fatos ou fenômenos. 1.4 – CITAÇÃO
DE EXEMPLOS: utilização de exemplos concretos para ilustrar uma declaração feita.
1.5 – CAUSAÇÃO E MOTIVAÇÃO: apresentação de causas e motivos. 1.6 – DIVISÃO E
EXPLANAÇÃO DE IDÉIAS “EM CADEIA”: divisão de uma idéia, seguida do detalhamento de
cada elemento da divisão. 1.7 – DEFINIÇÃO: conceituação de um vocábulo, termo ou
expressão. 2.0 – PARÁGRAFO: unidade de composição do texto. 2.0 – ESTRUTURA DO
PARÁGRAFO 2.1 – ABERTURA OU TÓPICO FRASAL: primeira frase do parágrafo. 2.1.1 –
DECLARAÇÃO INICIAL: afirmação ou negação. 2.1.2 – DIVISÃO: divisão ou ramificação.
2.1.3 – DEFINICÃO: conceito de uma palavra, termo ou expressão. 2.1.4 – ALUSÃO
HISTÓRICA: remissão a um fato histórico, lendário ou não. 2.1.5 – INTERROGAÇÃO:
interrogativa direta. 2.1.6 – OMISSÃO DE DADOS IDENTIFICADORES: omissão de dados
que “permitam identificar a personagem ou aprender a verdadeira intenção do
autor...” 2.2 – DESENVOLVIMENTO: frase(s) seguinte(s) ao tópico frasal. Como fazer
uma dissertação argumentativa Como fazer nossas dissertações? Como expor com
clareza nosso ponto de vista? Como argumentar coerentemente e validamente? Como
organizar a estrutura lógica de nosso texto, com introdução, desenvolvimento e
conclusão? Vamos supor que o tema proposta seja Nenhum homem é uma ilha. Primeiro,
precisamos entender o tema. Ilha, naturalmente, está em sentido figurado,
significando solidão, isolamento. Vamos sugerir alguns passos para a elaboração do
rascunho de sua redação. 10
1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem é uma ilha? 2. Procure
responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando
(ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu
ponto de vista. 3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um
motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento
principal. 4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu
ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão argumentos auxiliares. 5.Em
seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este
fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que
você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato
histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de
vista. O fato-exemplo, geralmente, dá força e clareza à nossa argumentação.
Esclarece a nossa opinião, fortalece os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza
o nosso texto, diferencia o nosso texto: como ele nasce da experiência de vida,
ele dá uma marca pessoal à dissertação. 6. A partir desses elementos, procure
juntá-los num texto, que é o rascunho de sua redação. Por enquanto, você pode
agrupá-los na seqüência que foi sugerida: Os passos 1) interrogar o tema; 2)
responder, com a opinião 3) apresentar argumento básico 4) apresentar argumentos
auxiliares 5) apresentar fato- exemplo 6) concluir (in Novo Manual da Nova
Cultural - Redação, Gramática, Literatura e Interpretação de Textos, de Emília
Amaral e outros) Como ficaria o esquema 1º parágrafo: a tese 2º parágrafo:
argumento 1 3º parágrafo: argumento 2 4º parágrafo: fato-exemplo 5º parágrafo:
conclusão Exemplo de redação com esse esquema: Tema: Como encarar a questão do
erro Título: Buscar o sucesso Tese 1º§ O homem nunca pôde conhecer acertos sem
lidar com seus erros. Argumentação 2º§ O erro pressupõe a falta de conhecimento ou
experiência, a deficiência de sintonia entre o que se propõe a fazer e os meios
para a realização do ato. Deriva-se de inúmeras causas, que incluem tanto a falta
de informação, como a inabilidade em lidar com elas. 3º§ Já acertar, obter
sucesso, constitui-se na exata coordenação entre informação e execução de qualquer
atividade. É o alinhamento preciso entre o que fazer e como fazer, sendo esses
dois pontos indispensáveis e inseparáveis. 11
Fato-exemplo 4º§ Como atingir o acento? A experiência é fundamental e, na maior
das vezes, é alicerçada em erros anteriores, que ensinarão os caminhos para que
cada experiência ruim não mais ocorra. Assim, um jovem que presta seu primeiro
vestibular e fracassa pode, a partir do erro, descobrir seus pontos falhos e, aos
poucos, aliar seus conhecimentos à capacidade de enfrentar uma situação de nova
prova e pressão. Esse mesmo jovem, no mercado de trabalho, poderá estar envolvido
em situações semelhantes: seus momentos de fracasso estimularão sua criatividade e
maior empenho, o que fatalmente levará a posteriores acertos fundamentais em seu
trabalho. Conclusão 5º§ Assim, o aparecimento dos erros nos atos humanos é
inevitável. Porém, é preciso, acima de tudo, saber lidar com eles, conscientizar-
se de cada ato falho e tomá-los como desafio, nunca se conformando, sempre
buscando a superação e o sucesso. Antes do alcance da luz, será sempre preciso
percorrer o túnel. (Redação de aluno.)

Esquema da antítese Como incluir a contra-argumentação numa dissertação


argumentativa A dissertação argumentativa começa com a proposição clara e sucinta
da idéia que irá ser comprovada, a TESE. A essa primeira parte do texto
dissertativo chamamos de introdução. A segunda parte, chamada desenvolvimento,
visa à apresentação dos argumentos que comprovem a tese, ou seja, a PROVA. É
costume estruturar a argumentação em ordem crescente de importância, como foi
explicado no início desta lição, a fim de prender cada vez mais a atenção do
leitor às razões apresentadas. Essas razões baseiam-se em provas demonstráveis
através dos fatos-exemplo, dados estatísticos e testemunhos. Na dissertação
argumentativa mais formal, o desenvolvimento apresenta uma subdivisão, a ANTÍTESE,
na qual se refutam possíveis contra-argumentos que possam contrariar a tese ou as
provas. Nessa parte, a ordem de importância inverte-se, colocando-se, em primeiro
lugar, a refutação do contra-argumento mais forte e, por último, do mais fraco,
com o propósito de se depreciarem as idéias contrárias e ir-se, aos pontos,
refutando a tese adversa,ao mesmo tempo em que se afasta o leitor ou ouvinte dos
contra-argumentos mais poderosos. Na última parte, a conclusão, enumeraram-se os
argumentos e conclui-se, reproduzindo as tese, isto é, faz-se uma SÍNTESE. Além de
fazer uma síntese das idéias discutidas, pode-se propor, na conclusão, uma solução
para o problema discutido. Esquema de uma dissertação com antítese Tema:
Vestibular, um mal necessário. Tese: O vestibular privilegia os candidatos
pertencentes às classes mais favorecidas economicamente. Prova: Os candidatos que
estudaram em escolas com infra-estrutura deficiente, com as escolas públicas do
Brasil, por mais que se esforcem, não têm condições de concorrer com aqueles que
freqüentaram bons colégios. Antítese: Mesmo que o acesso à universidade fosse
facilitado para candidatos de condição econômica inferior, o problema não seria
resolvido, pois a falta de um aprendizado sólido, no primeiro e segundo grau,
comprometeria o ritmo do curso superior. Conclusão (síntese´): As diferenças entre
as escolas públicas e privadas são as verdadeiras responsáveis pela seleção dos
candidatos mais ricos. 12
Relação entre causa e conseqüência Você possui um tema para ser analisado. Neste
caso, a melhor forma de desenvolvê-la é estabelecer a relação causaconseqüência.
Vamos à prática com o seguinte tema: Tema Constatamos que no Brasil existe um
grande número de correntes migratórias que se deslocam do campo para as médias ou
grandes cidades. Para encontrarmos uma causa, perguntamos: Por quê? ao tema acima.
Dentre as respostas possíveis, poderíamos citar o seguinte fato: Causa: A zona
rural apresenta inúmeros problemas que dificultam a permanência do homem no campo.
No sentido de encontrar uma conseqüência para o problema enfocado no tema acima,
cabe a seguinte pergunta: O que acontece em razão disso? Uma das possíveis
respostas seria: Conseqüência: As cidades encontram-se despreparadas para absorver
esses migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho Veja que a
causa e a conseqüência citadas neste exemplo podem ser perfeitamente substituídas
por outras, encontradas por você, desde que tenham relação direta com o assunto.
As sugestões apresentadas de maneira nenhuma são as únicas possíveis. Veja outros
exemplos: Causa: As pessoas mais velhas têm medo do novo, elas são mais
conservadoras, até em assuntos mais prosaicos. Tema: Muitas pessoas são
analfabetas eletrônicas, pois não conseguem operar nem um videocassete.
Conseqüência: Elas se tornam desajustadas, pois dependem dos mais jovens até para
ligar um forno microondas, elas precisam acompanhar a evolução do mundo. Causa: A
nação que deixa depredar as construções consideradas como patrimônios históricos
destrói parte da História de seu país. Tema: É de fundamental importância a
preservação das construções que se constituem em patrimônios históricos.
Conseqüência: Isso demonstra claramente o subdesenvolvimento de uma nação, pois
quando não se conhece o passado de um povo e não se valorizam suas tradições,
estamos desprezando a herança cultural deixada por nossos antepassados. Causa: A
maioria dos parlamentares preocupa-se muito mais com a discussão dos mecanismos
que os fazem chegar ao poder do que com os problemas reais da população. Tema: A
maior parte da classe política não goza de muito prestígio e confiabilidade por
parte da população.

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Conseqüência: Os grandes problemas que afligem o povo brasileiro deixam de ser
convenientemente discutidos. Causa: Algumas pessoas refugiam-se nas drogas na
tentativa de esquecer seus problemas. Tema: Muitos jovens deixam-se dominar pelo
vício em diversos tipos de entorpecentes, mal que se alastra cada vez mais em
nossa sociedade. Conseqüência: Acabam formando-se dependentes dos psicóticos dos
quais se utilizam e, na maioria das vezes, transformam-se em pessoas inúteis para
si mesmas e para a comunidade.

Exercícios Apresentarei alguns temas e você se incumbirá de encontrar uma causa e


uma conseqüência para cada um deles. Escreva-as, seguindo o modelo apresentado
acima: 1 Tema: As linhas de ônibus que percorrem os bairros das grandes metrópoles
não têm demonstrado muita eficiência no atendimento a seus usuários. Causa:
Conseqüência: 2 A convivência familiar está muito difícil. causa: Conseqüência: 3
As novelas de televisão passaram a exercer uma profunda influência nos hábitos e
na maneira de pensar da maioria dos telespectadores. Causa: Conseqüência: 4 As
doenças infecto-contagiosas atingem particularmente as camadas mais carentes da
população. Causa: Conseqüências: 5 Apesar de alertados por ecologistas, os
lavradores continuam utilizando produtos agrotóxicos indiscriminadamente. Causa:
Conseqüência: Esquema de redação com causa-conseqüência Título Introdução (o
problema): 1º parágrafo: Apresentação do tema (com ligeira ampliação).
Desenvolvimento: 2º parágrafo - Causa (explicações adicionais) 14
3º parágrafo - Conseqüência (com explicações adicionais) Conclusão(a solução): 4º
§ - Expressão inicial + reafirmação do tema + observação final Proposta de redação
Escolha um dos temas apresentados nesta folha e redija um texto em quatro
parágrafos, conforme o esquema desenhado acima. Não se esqueça de aplicar a
relação causaconseqüência. (Do livro Técnicas Básicas de Redação, Branca Granatic,
Editora Scipione)

Outro esquema interessante: O texto Aquilo por que vivi, de Bertrand Russel,
revela uma estrutura que o vestibulando poderá usar em sua redação. Leia o texto:
Aquilo por que vivi Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes,
governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa
piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais,
impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por sobre o profundo oceano de
angústia, chegando às raias do desespero. Busquei, primeiro, o amor, porque ele
produz êxtase – um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da
minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o
amor nos liberta da solidão – essa solidão terrível através da qual nossa trêmula
percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-
o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que
prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e,
embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal
– encontrei. Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o
coração dos homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei
apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos
acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui. Amor e conhecimento,
até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a
piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu
coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a
construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e
sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por
avaliar o mal, mas não posso, e também sofro. Eis o que tem sido a minha vida.
Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me
fosse dada tal oportunidade. (Bertrand Russel, Autobiografia. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1967.) O texto, cujo tema está explícito no título – os
motivos fundamentais da vida do autor – apresenta cinco parágrafos. No primeiro
parágrafo, o autor revela as suas “três paixões”: a) amor; b) conhecimento; 15
c) piedade. Em seguida, dedica três parágrafos para cada uma dessas paixões. O
segundo parágrafo fala sobre a busca do amor; terceiro, sobre a procura do
conhecimento; e o quarto, sobre a importância do sentimento piedade diante do
sofrimento. O quinto e último parágrafo realiza a conclusão do texto.

Eis o esquema: 1º§ - a, b, c; 2º§ - a; 3º§ - b; 4º§ - c; 5º§ - a, b, c. ALGUMAS


OBSERVAÇÕES SOBRE COMO FAZER RESENHA Resenha é um trabalho de síntese que revistas
e jornais científicos publicam geralmente logo após a edição de uma obra, com o
objetivo de divulgá-la. Não se trata de um simples resumo. O resumo deve se
limitar ao conteúdo do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. Já a resenha
vai além, resume a obra e faz uma avaliação sobre ela, apresentando suas linhas
básicas, deve avaliá-la, mostrando seus pontos fortes e fracos. A resenha pode ser
de um ou mais capítulos, duma coleção ou mesmo dum filme. Apresenta falhas,
lacunas e virtudes, explora o contexto histórico em que a obra fora elaborada e
faz comparações com outros autores. Conhecida como resumo crítico, a resenha só
pode ser elaborada por alguém com conhecimentos na área, pois sua elaboração exige
opinião formada, pois além de resumir, o resenhista avalia a obra, sustentando
suas considerações, deve embasá-las seja com evidências extraídas da própria obra
ou de outras de que se valeu para elaborar a resenha. "Se o resumo do conteúdo da
obra não está bem feito, o leitor que não a conhece encontrará dificuldades em
acompanhar a análise crítica. Se, por outro lado, o recensor se limita a relatar o
conteúdo, sem julgá-lo criticamente, ele estará escrevendo um resumo e não uma
recensão crítica. Finalmente, se ele não sustenta ou ilustra seus julgamentos com
dados extraídos da obra recenseada, ele não dá ao leitor a oportunidade de formar
seus próprios julgamentos". De uma boa resenha devem constar: a referência
bibliográfica da obra, preferencialmente seguindo a ABNT; alguns dados biográficos
relevantes do autor (titulação, vínculo acadêmico e outras obras, por exemplo); 16
o resumo da obra, ou síntese do conteúdo, destacando a área do conhecimento, o
tema, as idéias principais e, opcionalmente, as partes ou capítulos em que se
divide o trabalho. Deve-se deter no essencial, mostrando qual é o objetivo do
autor, evitando recorrer a detalhes e exemplos, com máxima concisão. Este momento
é mais informativo que crítico, embora a crítica já possa estar presente; as
categorias ou termos teóricos principais de que o autor se utiliza, precisando seu
sentido, o que ajuda evidenciar seu approach teórico, situando-o no debate
acadêmico e permitindo sua comparação com outros autores. Aqui não só se deve
expor claramente como o autor conceitua ou define determinado termo teórico, mas
já se deve introduzir críticas, seja à utilização ou à própria conceituação feita
pelo autor [em uma resenha para revistas especializadas, esta parte pode ser
dispensada, até por economia de espaço, mas é essencial em trabalhos de aula, em
que o recensor é também aprendiz]; a avaliação crítica, nos termos já referidos
anteriormente no item 1. Este é o ponto alto da resenha, onde o recensor mostra
seu conhecimento, dialoga com o autor e/ou com leitor, dá-se ao direito de
proceder a um julgamento. Há vários tipos de críticas, mas destacam-se: (a) a
interna, quando se avalia o conteúdo da obra em si, a coerência diante de seus
objetivos, se não apresenta falhas lógicas ou de conteúdo; e (b) a externa, quando
se contextualiza o autor e a obra, inserindo-os em um quadro referencial mais
amplo, seja histórico ou intelectual, mostrando sua contribuição diante de outros
autores e sua originalidade. Atualmente quase todas as revistas científicas trazem
boas seções de resenhas. Sempre é aconselhável ir a uma biblioteca e consultar
alguns destes periódicos para observar atentamente como os mais destacados
profissionais e pesquisadores da área as elaboram. Finalmente, deve-se lembrar que
o recensor deve preocupar-se com a obra em sua totalidade, sem perder-se em
detalhes e em passagens isoladas que podem distorcer idéias. Deve-se certamente
apresentar e comentar pontos específicos, fortes ou fracos do trabalho, mas estes
devem ser relevantes. Nada mais deplorável do que uma crítica vazia de conteúdo,
sem base teórica ou empírica, que lembre preconceito. Ou elogios gratuitos, que
podem parecer corporativismo ou "puxa-saquismo". Bibliografia: FRANÇA, Júnia Lessa
et alii. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. Belo
Horizonte, UFMG, 2000. SILVA, Rebeca Peixoto da Silva et alii. Redação técnica.
2.ed. Porto Alegre, Formação, 1976. Como resumir texto Ler não é apenas passar os
olhos no texto. É preciso saber tirar dele o que é mais importante, facilitando o
trabalho da memória. Saber resumir as idéias expressas em um texto não é difícil.
Resumir um texto é reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse. Para
se realizar um bom resumo, são necessárias algumas recomendações: 1. Ler todo o
texto para descobrir do que se trata. 2. Reler uma ou mais vezes, sublinhando
frases ou palavras importantes. Isto ajuda a identificar. 3. Distinguir os
exemplos ou detalhes das idéias principais. 17
4. Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes idéias do texto,
também chamadas de conectivos: "por causa de", "assim sendo", "além do mais",
"pois", "em decorrência de", "por outro lado", "da mesma forma". 5. Fazer o resumo
de cada parágrafo, porque cada um encerra uma idéia diferente. 6. Ler os
parágrafos resumidos e observar se há uma estrutura coerente, isto é, se todas as
partes estão bem encadeadas e se formam um todo. 7. Num resumo, não se devem
comentar as idéias do autor. Deve-se registrar apenas o que ele escreveu, sem usar
expressões como "segundo o autor", "o autor afirmou que". 8. O tamanho do resumo
pode variar conforme o tipo de assunto abordado. É recomendável que nunca
ultrapasse vinte por cento da extensão do texto original. 9. Nos resumos de
livros, não devem aparecer diálogos, descrições detalhadas, cenas ou personagens
secundárias. Somente as personagens, os ambientes e as ações mais importantes
devem ser registrados.

OS TEXTOS EMPRESARIAIS Toda comunicação entre empresas de qualquer nível dá-se,


convencionalmente, num ambiente formal e a formalidade das negociações,
instruções, determinações, deferimentos, requerimentos e apelos fica configurada
no texto escrito, ainda que o preceda uma comunicação oral. Por isso, o texto
profissional tem normas, padrões e balizas que devem ser levados em conta por quem
assume a tarefa de redigir por e para uma empresa, de qualquer natureza. A CARTA É
o documento empresarial por natureza. Toda correspondência profissional é, em
síntese, uma carta, com pequenas alterações. E uma carta, de qualquer natureza,
tem alguém que a escreva, que é o redator. Tem também um assunto que deve ser
abordado, o contexto. E, obviamente, a pessoa a quem aquele assunto interessa e
que, portanto, receberá a correspondência, o receptor. Definidos esses elementos
fundamentais da comunicação, deve-se definir o padrão de texto a ser redigido, o
canal, portanto, da mensagem – ata, memorando, ofício, requerimento, relatório –
segundo os padrões que cada documento exige. Outra preocupação deve ser com a
maneira pela qual o assunto será abordado, a mensagem, enfim. De maneira mais ou
menos formal, incisiva ou branda, direta ou subliminar, conforme a gravidade da
situação que motivou a correspondência. Tudo isso deve ser feito sem que o redator
perca de vista os cuidados necessários com a língua portuguesa – o código – que
expressa a mensagem. A FORMA DA CARTA Sua formatação hoje é feita à esquerda e os
parágrafos são identificados pelo espaço maior entre um bloco de frases e outro.
18
Possui alguns itens que são obrigatórios e não devem ser esquecidos. Há lugares
específicos para cada um deles na folha e uma ordem adequada na qual devem
aparecer. Comecemos por ela, pois, os nossos estudos.

Veja o exemplo a seguir. Ct 23 (1) – DIPERH (2) Rio de Janeiro, 23 de outubro de


2006. (3) À Empresa Eduprof Ltda. At: Professor José Arnaldo (4) Assunto: Convite
para palestra (5) Prezado Senhor, (6) Gostaríamos de contar com sua presença em
nossa empresa, nos dias 30 de outubro e 1º de novembro deste ano para compor a
mesa de debates no Simpósio “Comunicação Empresarial Moderna” e como palestrante
convidado. Queira por favor, enviar por correio eletrônico a lista de materiais
com os quais o senhor deseja contar em sua palestra, que deverá ter duração máxima
de duas horas e será realizada como encerramento do evento bem como as condições
que a sua vinda possa ser viabilizada. Além do senhor, foram convidados
palestrantes e professores especialistas na área da comunicação empresarial o que,
por certo, será de grande estímulo para nossos funcionários. Aguardamos sua
resposta breve para que possamos agilizar os preparativos do evento, que já
mobiliza nossos colaboradores, e será, com certeza, um sucesso entre os que se
interessam por tão importante tema. Atenciosamente, (8) Etelvina Braga Vamos
identificar na carta-modelo os seus diversos itens obrigatórios. 1. Número de
expedição – localiza o documento para fins de arquivamento. 2. Setor da empresa
remetente. 3. Local e data – imprescindível para a organização dos documentos. 4.
Destinatário - sem endereçamento, que só deve constar no envelope. O “À” é
facultativo e pode variar para “Ao” caso a empresa pertença ao gênero masculino,
como bancos, por exemplo. 5. Assunto – o tema que será tratado na correspondência.
É diferente de referência que é uma informação meramente burocrática. 19
6. Vocativo – é a pessoa a quem se destina objetivamente a correspondência. A
abreviatura At. Significa atenção e é importante, mas não é indispensável. 7.
Texto – Inicia-se sem abertura de parágrafo, com letra maiúscula, e a separação
dos parágrafos demonstra-se pelo espaço maior entre uma linha e outra. 8. Fecho –
saudação de encerramento que depende do grau de relacionamento entre remetente e
destinatário. É alinhado à esquerda, como um novo parágrafo. 9. Assinatura – Nome
do remetente com o respectivo cargo que ocupa na empresa ou o setor do qual faz
parte. O alinhamento é à esquerda como todos os outros parágrafos. OBS: O correio
eletrônico é um canal de comunicação através do qual circulam as diversas formas
de correspondência empresarial. Portanto, o chamado “e-mail” segue as normas que
padronizam a comunicação profissional. Exercício 1. Identifique no documento
abaixo os elementos constitutivos da correspondência empresarial. DIR – 439 Rio de
Janeiro, 30 de novembro de 2006. À BELLANOTA PRODUÇÕES ARTÍSTICAS Prezadas
senhoras, Felicitamos pelo belo espetáculo realizado em nossas dependências, por
ocasião da semana da criança, e informamos que a segunda parcela do pagamento por
nós acordado já se encontra depositada na conta 978654-3, do Banco do Brasil,
ag.546, conforme o contrato por nós firmado. Informamos ainda que, caso desejem,
temos registros fotográficos e em áudio e vídeo do evento que podemos repassar a
vossas senhorias para divulgação de seu ótimo trabalho. Solicitamos urgência,
porém, no envio das notas de serviços e despesas decorrentes da produção e
realização do evento para que possamos fechar nossa contabilidade mensal.
Atenciosamente, Júlio Lemmon Diretor de Marketing Temas para a produção de carta
comercial. 1. Pedido de remessa de lista de produtos a uma empresa. 2. Comunicação
de extravio de documentos. 3. Solicitação de visita de representante comercial
para avaliação de produtos e serviços. 4. Divulgação de novos preços e promoções.
20
5.

Cobrança.

O MEMORANDO (COMUNICAÇÃO INTERNA) É o instrumento empresarial de caráter rotineiro


e interno. Versa sobre assuntos diversos do ambiente profissional. Não se faz mais
distinção entre memorando e comunicação interna, pois ambos designam,
modernamente, a transmissão de recados, ordens, instruções, pedidos e convites no
âmbito empresarial de forma ampla para todos os fluxos de comunicação. O veículo
mais comum de transmissão do memorando (comunicado interno) é o correio
eletrônico. Alguns tópicos: Introdução: O texto pode ser iniciado sem o vocativo,
ainda que não seja absolutamente dispensável. Fecho: Não é preciso colocar fecho
formal, por ser o ambiente de transmissão interno. Veja o modelo a seguir, escrito
de forma mais tradicional e impresso. TIMBRE DA EMPRESA MEMO nº 46 / FEDER Rio de
Janeiro, 25 de outubro de 2006. Senhores funcionários, Fica estabelecida a partir
de hoje a obrigatoriedade do uso do crachá de identificação em todos os setores da
empresa, por todos os funcionários de qualquer função, em qualquer situação.
Esclarecemos que a medida é uma solicitação do setor de segurança da organização
em virtude do acúmulo de pessoas não autorizadas que circulam por nossas
dependências e os riscos e constrangimentos que isso tem nos trazido. Informamos
que a não utilização do crachá impedirá o acesso à empresa ou a setores dela e
será considerada falta grave, passível das punições cabíveis. Agradecemos a
compreensão de todos. Atenciosamente, Tarcísio de Hollanda Supervisor de Pessoal.

21
Veja este outro modelo, menos formal, enviado por correio eletrônico. De:
Hildebrando Nunes Para: Antônio Manuel, Marcos Brasil e Saulo Soprano Assunto:
Reunião Pessoal, Nossa reunião semanal das sextas-feiras será realizada
excepcionalmente amanhã, quintafeira, dia 9, às 17h, por conta da visita de nosso
supervisor regional, Renato Alvim, que ocorrerá no dia seguinte. Tragam os
assuntos já estudados e sugestões para o encontro que teremos com ele. Um abraço,
Hildebrando. Temas para memorandos. 1. Comunicação ao Dep. Pessoal de saída
antecipada da funcionária Maria Silvia dos Santos para atender a irmão que sofreu
acidente. 2. Solicitação ao setor de reparos de manutenção no aparelho de ar-
condicionado da contabilidade. 3. Convocação de funcionários ao RH para
atualização de dados cadastrais. 4. Encaminhamento de novo funcionário ao setor de
administração da empresa. COMUNICAÇÃO INTERNA Nº _______
Para:__________________________ Dep. ________________ De:
___________________________ Dep. ________________ Assunto:
_____________________________ Data: ___ / ___ /
_____ ............................................................................
....................................................................... ..........
..................................................................................
....................................................... ..........................
..................................................................................
....................................... ..........................................
..................................................................................
....................... ..........................................................
..................................................................................
....... ..........................................................................
......................................................................... ........
..................................................................................
......................................................... ........................
..................................................................................
......................................... ........................................
..................................................................................
......................... A ATA É o registro escrito do que se passa ou se passou
numa reunião, assembléia ou convenção. Expressa as ocorrências da reunião de forma
clara e precisa. Elementos básicos: 1. Dia, mês, ano e hora da reunião. 22
2. 3. 4. 5. 6.

Local da reunião. Relação e identificação das pessoas presentes. Ordem do dia ou


pauta. Identificação do presidente e do secretário. Fecho.

Não se devem criar espaços entre as linhas nem se recomenda o uso de parágrafos
para que informações conflitantes não possam ser inseridas posteriormente.
Recomenda-se ainda o registro dos numerais por extenso, pelo mesmo motivo. Em caso
de erro constatado no momento de redigir a ata, emprega-se a partícula corretiva
“digo”. Se o erro for notado após a redação da ata, recorre-se à expressão “em
tempo”, que é colocada após o texto. “Em tempo, onde se lê bata, na linha 12,
leia-se pata. Modelo de ata ATA DE REUNIÃO DA DIRETORIA Data: 05/02/2006 Hora: 14
horas Local: Av. Presidente Vargas, 423, 8º andar, Rio de Janeiro – RJ Pauta: 1.
Análise do relatório da Consultoria Dédalo. 2. Deliberação sobre a liberação de
verbas para treinamento do Setor de Atendimento ao Cliente. Presentes: Presidente
– Sr. Dílson Palha Taveira. Diretor Financeiro – Sr. Jorge Moraes Barbosa. Gerente
de RH – Sra. Dilma Roussef. Gerente de Marketing – Sr. Caio Bittencourt.
Texto………………………………………………………………………………………… ………………………………………………………………………………………………
……………………………………………………………………………………………… ………………………………………………………………………………………………
……………………………………………………………………………………………… ………………………………………………………………………………. Rio de
Janeiro, 5 de fevereiro de 2006. Assinatura dos presentes:
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ O RECIBO. Documento em que se declara
o recebimento de algo ou alguma quantia. 23
Modelo. RECIBO Recebi da empresa TOP EVENTOS a quantia de R$150,00 (cento e
cinqüenta reais) referente ao valor da diária relativa ao seminário ComunicaçÃo
Empresarial Escrita, realizado em Recife, em 15 de janeiro de 2006. Rio de
Janeiro, 21 de janeiro de 2006. José Arnaldo Guimarães Filho. SOBRE O ESTILO.
Estilo tem a ver com objetividade e clareza. Para isso, é preciso que o redator de
textos empresariais saiba 1. a quem se destina a correspondência; 2. qual a idéia
principal a ser transmitida; 3. quais as idéias adjacentes. O destinatário – saber
a quem se destina a correspondência é definir o grau de informalidade que vai
permear o texto e o quanto de intimidade se tem com a empresa ou pessoa que vai
lê-lo. A idéia principal – é o conteúdo da correspondência, a informação mais
importante, motivadora do texto. Reconhecê-lo é não perder tempo com outros
tópicos irrelevantes. As idéias secundárias – o conteúdo que deve estar em volta
da idéia principal para apoiá-la ou explicá-la. Evitem-se ainda, em nome do
estilo, as tautologias (“elo de ligação”, “surpresa inesperada”, “anexo junto à
carta”, “certeza absoluta”, “encarar de frente”), os chavões (“reiteramos os
protestos de elevada estima e consideração”, “vimos por meio destas mui mal
traçadas linhas”, “sem mais para o momento”), as verbosidades (“acima citado”,
“aproveitando o ensejo”, “devemos concluir”, “de acordo com o que dissemos acima”,
“antecipadamente somos gratos”, “tendo em vista o assunto em epígrafe”), e o uso
indiscriminado de jargão.

PARTE 3 – A LÍNGUA SOBRE A LÍNGUA. O cuidado com a língua portuguesa, o código que
expressará a nossa mensagem, é vital para o sucesso da comunicação empresarial
escrita. Alguns itens devem ser repassados com 24
cuidado antes de se aventurar na produção do texto profissional. Os exercícios a
seguir têm esse objetivo. Substitua os segmentos não + verbo por um só verbo de
sentido equivalente e faça as adaptações necessárias, conforme o modelo. Modelo:
Um verdadeiro alemão não gosta de franceses. (detesta franceses) a) O presidente
não aceitou o convite do governador. b) Com a greve, os operários não saíram de
casa. c) Os ferroviários decidiram não continuar a paralisação. d) O ladrão não
falou diante do juiz. e) O advogado não seguiu os conselhos do juiz. f) O guarda
não liberou os documentos do carro. g) O adversário não se rendeu até o final do
jogo. Reescreva as frases a seguir conforme o modelo: Ninguém sofre mais do que a
mãe do porco-espinho. Todos sofrem menos do que a mãe do porco-espinho. a) Nada é
pior do que a indiferença. b) O amor não admite passado nem futuro. c) O Rio de
Janeiro não conseguiu expulsar a natureza. d) Os abusos, como os dentes, nunca se
arrancam sem dores. e) Ninguém é melhor contista que Machado de Assis. Indique as
ambigüidades nas frases a seguir, originárias de má colocação das palavras em
destaque: a) O juiz declarou ter julgado o réu errado. b) Conheço uma professora
de literatura inglesa. c) O piloto enjoado levantou vôo. d) Comprou o carro
rápido. e) Deixou a sala vazia. Complete as frases do exercício seguinte com uma
das opções oferecidas: 1. Recebi o prêmio em um bingo ______________________
realizado no Asilo do Carmo (beneficente / beneficiente) 2. Vão reformar a
_____________ do adro central da igreja (abóboda / abóbada) 3. Suponho que os
________________ estejam comemorando o fim da colheita (aborígines / aborígenes)
4. Deixe-me ______________ o que você trouxe (adivinhar / advinhar) 5. O rapaz
quase ficou _____________ naquele acidente (alejado / aleijado) 6. Você está
dizendo um __________________ de tolices! (amontoado / amontuado) 7. Não podemos
__________________-nos do que não é nosso! (apropiar / apropriar) 8. A cena foi
tão real que senti um ______________ de pavor (arrepio / arripio) 9. Até hoje não
consegui entender bem o uso do _____________________ (asterisco / asterístico) 10.
Não concordo com isso e, por favor, não me venha com mais
_________________(barganhas / breganhas) 11. Avise-os de que a __________________
de sua bermuda está aberta (barguilha / braguilha) 25
12. É só receber o salário e saí a comprar ______________________________
(bugingangas / bugigangas) 13. Já se nota nele um princípio de
____________________ (calvície / calvice) 14. Não posso dispensar sua
______________________ de jeito algum (companhia / compania) 15. Os pivetes
fizeram a maior ______________________ na praça recém-inaugurada (depedração /
depredação) 16. Conto com sua absoluta _____________________ sobre esse assunto
(discrição / discreção) 17. Mandei fazer uns armários ______________________ na
cozinha (embutidos / imbutidos) 18. Sua atitude hostil sempre foi o maior
_______________________ para resolvermos essa questão (empecilho / impecílio) 19.
Tem havido muitos casos de ________________ na periferia da cidade (estrupo /
estupro) 20. Nesse caso, precisamos conhecer a ____________________ da palavra
(etimologia / etmologia) 21. Demonstrava um ódio _________________________pelo
irmão mais velho (fidagal / figadal) 22. Como é suave a ______________________
desse perfume (fragância / fragrância) 23. É uma pessoa muito ____________________
(irascível / irrascível) 24. Não posso ________________________ suas expectativas
(frustrar / frustar) 25. Que criança ____________________ (irriquieta /
irrequieta) 26. Veio aqui ______________________ das melhores intenções (imbuído /
embuído) 27. Tenho o maior medo de ______________________ (lagartixas /
largatixas) 28. O centro da cidade foi tomado pelos __________________________
(mendingos / mendigos) 29. Pedimos ao _____________________ juiz que aceitasse
nossas desculpas (meritíssimo / meretíssimo) 30. Acho que encontraremos as
_____________________ no mercado (mexiricas / mexericas) 31. Estou querendo meio
quilo desta _____________________ (mortadela / mortandela) 32. Eles iniciaram a
maior __________________ sobre isso (discussão / discursão) 33. Sua atitude
provocou uma grande _______________________ (repercussão / repercursão) 34. Queria
ter o _______________________ de ser o primeiro a lhe dar a notícia (privilégio /
previlégio) 35. Precisamos aprender a ___________________ nossos direitos
(reivindicar / revindicar) 36. É um sujeito muito ______________________
(retrógrado / retrógado) 37. Por favor, não depile as _______________________
(sobrancelhas / sombrancelhas) 38. Sua intenção era a de nos
______________________ (subjugar / subjulgar) 39. O problema é meu. Não tem nada
____________ com você (haver / a ver) 40. O governo ____________________ a força
da classe média (substimou / subestimou) 41. Foi __________________ que você me
chamou? (por isso / porisso) 26
42. Nada mais __________________ que encontrar velhos amigos (prazeroso /
prazeiroso) 43. Fiz tudo _____________ de não o magoar (afim / a fim) 44.
Brincadeiras _______________ acho que você está certo (aparte / à parte) 45. Se
você não agir direito, vai ________________ comigo (aver-se / avir-se) 46. Por
favor, coloque aqui sua _______________ (rúbrica / rubrica) 47.
______________________, concordo com você. (A princípio / Em princípio) 48.
Produto biodegradável não _____________ a natureza (polui / polue) 49. Ela, em
geral, acorda de ___________ humor (mal / mau) 50. Quando ficava zangado, nada o
___________ (detia / detinha) 51. O policial _______________ o assaltante (deteu /
deteve) 52. A empregada _________________ as crianças (entretia / entretinha) 53.
Agimos assim devido à ________________________ de recursos (precaridade /
precariedade) 54. Ele se portou com grande __________________________
(espontaniedade / espontaneidade) 55. Pelo _______________________ chamava-se um
médico (auto-falante / altofalante) 56. O jogador sofreu ____________ entorse
(um / uma) 57. Foi uma queda feia, mas ele só sofreu pequenas ______________
(escoriações / excoriações) 58. Era grande nossa _______________________ pelo
pagamento das ações judiciais (espectativa / expectativa) 59. O campo
_____________________ prejudicou a partida (enxarcado / encharcado) Complete as
lacunas utilizando corretamente as expressões abaixo: (afim / a fim de – de
repente – por isso) Como são pessoas _______________, vão ao juiz ________________
se casarem. O carro estava sem gasolina, _________________ parou. Lutamos hoje
____________ que nossos filhos vivam melhor amanhã. Nossos interesses são
________________; ______________ nos associamos. Complete as lacunas substituindo
a palavra em destaque pelo seu antônimo: Ontem acordei de bom humor. Hoje acordei
de __________ humor. Fiquei em boa situação. Fiquei em ________ situação. Isso é
bom olhado. Isso é ________ olhado. Teve boa educação, porém fez _____-criação.
Tudo foi bem entendido? Não, houve um _______ entendido. Caí de bom jeito, não de
_______ jeito. Complete com mas ou mais, conforme convenha: É __________ esperta
do que a outra, _________ não a engana. São ______ novas, ________ parecem
_________ velhas. Tenha _________ amor e menos confiança, _________ não desconfie
de mim. Dou-lhe muita vitamina, ________ ele não cresce, por ________ que eu faça.
Chegaram _________ alunos hoje. O mar parecia furioso, ________ estava belo.
Cheguei ________ cedo. Antigamente estudava-se __________. 27
Ele trabalhava muito, _______ continuava pobre. Não é ________ diretor. Empregue
adequadamente porque, porquê, por que e por quê. Não sabes ______________? Não
sabes o ________________ da dúvida. Foi tragado pelas águas ________________ não
sabia nadar. Sabes _______________ caminhos deves andar. Foste com eles
_______________? _______________ viajaste? _________________ choras sem razão? É
nobre a causa ______________ lutava. Ignoro as razões _______________ saíste cedo.
Quem poderá conhecer o _________________ das coisas? Descobri _________________
motivo vieste tarde. Pergunto ______________ razão vieste tarde. O professor
perguntou _______________ razão eu não viera ontem. A diretora quis saber
_______________ meu irmão se atrasara. O futuro _______________ anseias está
próximo. Preencha as lacunas adequadamente, usando a ou há. _____ pouco saímos do
zoológico. Daqui ____ pouco sairemos do zoológico. Encontrei-___ no parque. A
cidade fica ____ poucos quilômetros daqui. Daqui ____ tempos haverá novas provas
De hoje ______ três dias sairão os resultados. ____ cerca de vinte pessoas na
fila. ____ sempre descontentes da vida. Daqui ____ tempos haverá novo curso. De
hoje ____ três dias sairá publicada a concorrência. Está na cidade _____ três
dias, aproximadamente. Preencha as lacunas com um dos termos entre parênteses: O
professor _____________ por bem adiar o treinamento (ouve / houve) Se ele agora
___________ é porque ____________ um verdadeiro milagre (ouve / houve) Fez
_______________ esforço que não foi aprovado (tão pouco / tampouco). Ele não saiu;
_____________ eu fui à escola hoje (tão pouco / tampouco) Suas idéias não ficam
____________ das minhas (abaixo / a baixo). Reescreva cada uma das frases
seguintes, substituindo o termo em destaque por um pronome pessoal oblíquo átono:
a) Leve sua resposta aos vereadores. ______________________________________ b)
Leve sua resposta aos vereadores. ______________________________________ c) Mostre
seus trabalhos ao professor. ______________________________________ d) Mostre seus
trabalhos ao professor. ______________________________________ e) Indique o
caminho aos turistas. ______________________________________ f) Indique o caminho
aos turistas. ______________________________________ g) Apresentei as provas no
tribunal. ______________________________________ 28
h) Paguei aos meus credores. i) Paguei as minhas dívidas.

______________________________________ ______________________________________

Proceda como no exercício anterior: a) Deram alguns pacotes ao rapaz b) Deram


alguns pacotes ao rapaz c) Contaram a verdade ao homem d) Contaram a verdade ao
homem. e) Vão construir uma nova ponte.

______________________________________ ______________________________________
______________________________________ ______________________________________

Complete com eu ou mim. Para _____________, todos são iguais. Para _____________
chegar, peguei um táxi. Por _____________, todos devem entrar. Por _____________
ser nervoso, não me saí bem. É muito cedo para _______________. Entre ____________
e você há bom diálogo. Entre ____________ pedir e vocês atenderem, há diferença.
Entre ____________ e você não há mais amor. Entre você e ____________ há muitos
obstáculos Perante ____________ ninguém fala mal de você. Efetue a concordância,
escolhendo a forma verbal adequada: Naquele dia ________________ dez alunos.
(faltou / faltaram) ______________________, naquela época, fatos terríveis.
(aconteceu / aconteceram) Ainda _______________ quarenta blocos. (falta / faltam)
Ainda não ________________ os documentos. (chegou / chegaram) _________________
cinco minutos para começar a aula. (falta / faltam) ________________ quatro
pessoas para fazer o trabalho. (basta / bastam) Um bando _________________.
(chegou / chegaram) Um bando de alunos _______________. (chegou / chegaram) A
multidão de torcedores _________________. (gritava / gritavam) A maioria
_______________ à aula. (faltou / faltaram) A maioria dos alunos ______________ à
aula. (faltou / faltaram) Grande parte ______________________ à cerimônia.
(compareceu / compareceram) Grande parte dos convidados ________________________ à
cerimônia. (compareceu / compareceram) Minas Gerais ________________ grandes
escritores. (revelou / revelaram) As Minas Gerais _____________________ grandes
escritores. (revelou / revelaram) Os Estados Unidos ________________ milho.
(exporta / exportam) Campinas _______________ grandes jogadores. (revelou /
revelaram) O Amazonas ___________ longe do São Francisco (fica / ficam) Os
Lusíadas ____________ a viagem de Vasco da Gama. (contam / conta) Vossa Majestade
__________________ à reunião? (compareceu / comparecestes) Vossas Excelências
_________________ a decisão. (apoiaram / apoiastes) Vossa Alteza ________________
os problemas. (conhece / conheceis) 29
Fui eu que _______________ o problema. (resolvi / resolveu) Fomos nós que
_______________ a dívida. (pagamos / pagou) Ele foi um dos que
____________________. (compareceu / compareceram) Valéria foi um das que
_________________ no exame. (passou / passaram) Fui eu quem _______________ o
exercício. (resolvi / resolveu) Fomos nós quem __________________ na campanha.
(colaborou / colaboraram) Fomos nós quem ______________ a conta. (pagou / pagamos)
Mais de um clube _______________ o campeonato. (ganhou / ganharam) Mais de duas
pessoas _______________ à reunião. (faltou / faltaram) Mais de um aluno, mais de
um professor________________ hoje. (faltou / faltaram) Mais de um veículo
_________________. (chocou-se / chocaram-se) Cerca de vinte pessoas
_______________________ à festa. (compareceu / compareceram) Perto de trinta
soldados __________________ no combate. (morreu / morreram) Alguns de nós
____________________ o exercício. (resolveremos / resolverão) Quais de vós
_________________ o candidato? (apoiastes / apoiaram) Poucos de nós
________________. (viajamos / viajaram) Qual de nós __________________ a decisão?
(aceitará / aceitaremos) Algum de nós ___________________ o prêmio. (entregará /
entregaremos) O relógio da igreja ______________ duas horas. (deu / deram)
_____________ duas horas no relógio, (deu / deram) A torre da
igreja________________ quatro horas. (bateu / bateram) __________________ quatro
horas na torre da igreja. (bateu / bateram) ____________________-se em discos
voadores. (acredita / acreditam) ______________________-se de assuntos
importantes. (tratava / tratavam) ______________________-se aos pedidos do mestre.
(obedeceu / obedeceram) ___________________-se em pessoas honestas. (confia,
confiam) _________________-se casas. (vende / vendem) __________________-se
apartamentos na praia. (aluga / alugam) ____________-se aulas de piano. (dá / dão)
______________-se roupas. (reforma / reformam) ____________ muitos torcedores no
estádio. (havia / haviam) _____________ haver muitos torcedores no estádio.
(deve / devem) Substitua a expressão em destaque pela palavra indicada entre
parênteses, fazendo a concordância correta: Só tomei metade da taça de champanha.
(meio) ___________________________________ Minha mulher está um tanto quanto
agressiva. (meio) ______________________________ Disponho de muitas moedas
antigas. (bastante) ____________________________________ São pessoas muito
queridas. (bastante) ___________________________________________ Saímos sozinhos.
(só) _________________________________ Substitua as expressões em destaque pelas
dos parênteses: Estávamos todas mais ou menos cansadas. (meio) Deve ser metade
baleia, metade tubarão. (meio) Alterou muitos detalhes do projeto original.
(bastante) Suas aulas eram muito interessantes. (bastante) 30
Já estamos igualmente pagos. (quite) Graças a Deus, estou livre da dívida. (quite)
Nem todos se sentem bem quando estão sozinhos. (só) Somente os primeiros inscritos
serão chamados. (só)

Preencha as lacunas com o pronome relativo adequado, regido ou não de preposição.


Conheço os livros _____________ acabaste de ler. Conheço os livros
_____________vocês tanto gostaram. Conheço os livros _____________ necessitamos.
Já li o livro ___________ você extraiu o texto. Já li os romances ____________
autores gosto. Já li os romances _____________ enredo você não se lembra. Já li os
romances ______________ leitura você precisa. Li o artigo _____________ idéias
você se referiu. Li os textos ____________ autores você falava. Já me apresentaram
as pessoas _______________ vocês tanto gostam. Já me apresentaram as pessoas
_______________ vocês se referiram. Já me apresentaram as pessoas ______________
eu dependerei. Já me apresentaram as pessoas ______________ não concordas. Já me
apresentaram as pessoas _______________ necessitamos. Acabei de ler o autor
____________ livros as crianças gostam. Já cabei de ler o autor _____________ nome
ninguém se lembra. Já acabei de ler o autor ___________ obra a crítica se
revoltou. Acabei de ler o autor ____________ idéias você se referiu. Complete as
frases com o verbo no tempo adequado do subjuntivo: a) responder: Talvez você
___________ à pergunta. Se você _____________ acertaria. Quando você ____________
acertará. b) conseguir: Talvez nós _________________ o empréstimo. Se nós
___________________ o empréstimo, estaríamos salvos. Quando nós
_____________________ o empréstimo, estaremos salvos. c) encontrar: Talvez tu
________________ o lugar. Se tu _________________ o lugar, saberias onde mora
Alice. d) querer: Talvez elas ________________ o número do telefone. Se elas
_______________ o número do telefone, nós daríamos. Quando elas __________________
o número do telefone, nós daremos. Ao ler as frases, vá usando convenientemente o
verbo em destaque: 31
a) Você só irá fazer o trabalho que lhe caber e mais nada. b) Só pararei de jogar
quando reaver todo o dinheiro perdido. c) Se ele manter a palavra, seremos
obrigados a ceder. d) Quem manter a palavra seria perdoado; quem não a manter será
castigado. e) Você esperava que ele se conter? Quando ele se conter, eu me conter
também. f) Se você se negar, se você abster-se, poderá até ser preso. g) O fiscal
reter o nosso veículo ontem, e ninguém soube por quê. h) Se Luisa vir aqui e nos
ver tão tristes, ficará triste também. i) Aquele que rever em tempo as suas
posições ainda terá chance de ser admitido na empresa. j) Quem prever o fim do
mundo será considerado um profeta. Coloque o acento da crase onde for necessário:
1 – Ele fez referência a tarefa feita por nós. 2 – Traçou uma reta oblíqua a do
centro. 3 – Não conheço as que saíram. 4 – Ela se referia as que saíram. 5 –
Apresentou-lhe a esposa. 6 – Apresentou-o a esposa. 7 – Era uma camisa semelhante
a que o diretor usava. 8 – Ele não obedecia aquele regulamento. 9 – Ele
desconhecia aquele regulamento. 10 – Não me refiro aquilo. Faça o mesmo abaixo: a)
Assisti a regata internacional. b) Pintou o quadro a óleo. c) Isto cheira a
tolice. d) Prefiro os cravos as margaridas. e) Fomos a uma loja do centro. f) O
número dos aprovados não chega a cem. g) Isto pertence a mim. h) Não me referi a
V.Exa. i) Rezo a Nossa Senhora. j) Fomos a Bahia. k) Iremos a Londrina. l) Fui a
Botafogo. m) Estamos dispostos a trabalhar. n) Achava-se a distância de cem
metros. o) Seguiram-nos a distância, espreitaram-nos. p) Voltamos a casa tristes.
q) Voltou a casa paterna. r) Recorri a minha mãe. s) Referiu-se a minha viagem. t)
Escrevei a Lúcia. Sublinhar e classificar os tópicos frasais dos parágrafos
abaixo. 32
a) “Há muitos anos atrás, num reino distante localizado entre o Piauí e o Pará,
nascia uma menina pobre, mas que, apesar dos sofrimentos por que passava, sempre
via o lado bom da vida. Seu nome: Pollyana Sarney. Apesar de pobre, Pollyana
nasceu em berço de ouro num magnífico palácio à beira-mar. Ainda criança, Pollyana
não conseguia entender por que, sendo de uma família tão pobre e miserável, ela
vivia uma vida nababesca de princesa. Seu bom pai então lhe explicou:” (O Globo,
17 de março de 2002)
________________________________________________________________________ b) “E o
aparente descaso com o dinheiro? Na vida real, eles cheiram a grana como
perdigueiros e, no entanto, se justificam: “Ihhh… como será que apareceu um milhão
de reais na minha gaveta? Nem reparei. Ahhh… essa minha memória!…”” (O Globo, 12
de março de 2002)
________________________________________________________________________ c) “Adoro
também ver as caras dos canalhas. Muitos são bochechudos, muitos têm cachaços
grossos, contrastando com o style dos populares magros de seca, de fome,
proletários chiques, elegantérrimos pela dieta da miséria.” (O Globo, 12 de março
de 2002) ________________________________________________________________________
d) “Se o roteiro é uma história contada em imagens, então o que todas as histórias
têm em comum? Um início, um meio e um fim, ainda que nem sempre nessa ordem. Se
colocássemos um roteiro na parede como uma pintura e olhássemos para ele, ele se
pareceria com o diagrama da página 3.” (FIELD, Syd. Manual do roteiro. Rio de
Janeiro: Objetiva, 1995)
________________________________________________________________________ e)
“Francis admite não estar habituado a trabalhar assim. Conta que poucas vezes foi
parceiro de metade da música, seu processo de criação sendo sempre o do melodista
a serviço do letrista.” (O Globo, 10 de março de 2002)
________________________________________________________________________ f)
“Aristóteles estabeleceu as três unidades de ação dramática: tempo, espaço e ação.
O filme hollywoodiano normal tem a duração aproximada de duas horas, ou 120
minutos, ao passo que os europeus, ou filmes estrangeiros, têm aproximadamente 90
minutos. Uma página de roteiro equivale a um minuto de projeção. Não importa se o
roteiro é todo descrito em ação em diálogos ou qualquer combinação de ambos; em
geral, uma página de roteiro corresponde a um minuto de filme.” (FIELD, Syd.
Manual do roteiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995)
________________________________________________________________________ g) “Frase
é um enunciado de sentido completo. Ela é a unidade básica da comunicação
lingüística, ou seja, a divisão elementar de qualquer enunciação discursiva.
Insere-se, pois, em um processo mais amplo, através do qual um EMISSOR se dirige a
pelo menos um RECEPTOR para tratar de um ASSUNTO em uma SITUAÇÃO concretamente
determinada (ver CÂMARA JR., 1978).” (LEITÃO, Luiz Ricardo et alii. Gramática
crítica. 2.ed. Rio de Janeiro: JOBRAN & Cooautor, 1995.)
________________________________________________________________________ – No
texto abaixo, as frases dos parágrafos se encontram cifradas. Classificar as
técnicas de desenvolvimento, de acordo com a cifragem proposta. |A novela O Clone,
de Glória Perez, exibida pela Rede Globo de Televisão, despertou a opinião pública
para os temas da clonagem de seres humanos e o uso de drogas.|F1 |Duas
personagens, assim, cativaram a atenção do país: Mel e Leo.|F2 |A primeira,
personagem da atriz Débora Falabela, causou grande impacto na família brasileira,
fazendo-a refletir acerca 33
da atitude mais eficaz a ser tomada quanto à dependência química.|F3 |Leo,
interpretado por Murilo Benício, levou o telespectador a pensar sobre a questão da
clonagem humana e sobre as suas conseqüências no conceito de Homem.|F4 |Mas qual é
a relevância dos temas abordados pela novela?|F1 |Com relação às drogas, sabemos
que parte considerável da criminalidade nas grandes cidades brasileiras provém do
tráfico.|F2 |O Rio de Janeiro, por exemplo, vive uma guerra civil entre dois
grupos de distribuição, a saber, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando, além das
ações armadas do Estado, sejam por meio da polícia, sejam por meio das Forças
Armadas.| F3 |Entretanto, enquanto houver consumidores de drogas, haverá tráfico
e, conseqüentemente, disputas sangrentas entre grupos de traficantes por pontos de
venda.|F4 |A solução mais producente, mesmo que a longo prazo, talvez esteja na
diminuição do número de consumidores, através da conscientização dos males que a
droga traz tanto ao homem, individualmente considerado, quanto à sociedade.|F1 |E
para isso Mel serve de perfeita ilustração, mostrando a sua decadência pessoal e a
desestabilização emocional sofrida pela família.|F2 |Igualmente à personagem de
Débora Falabela, Lobato, interpretado por Osmar Prado, ao expor no divã os efeitos
psicológicos causados pela dependência química, também funciona como mais um
exemplo extraído do universo das drogas.|F3 |O segundo tema da novela, a clonagem,
coloca em xeque a noção de ser humano.|F1 |Leo, clone de Lucas, gerado em
laboratório, não foi originado a partir de gametas, o que o coloca em situação
especial frente aos demais seres.|F2 |Para a nossa cultura, o homem é um
prolongamento de seus progenitores, e progenitores são os que fornecem células
sexuais, óvulo e espermatozóide, para a fecundação do feto.|F3 |Por conseguinte,
não podemos considerar Lucas nem Deusa, personagem que apenas “hospedou” o feto em
seu útero durante o processo embrionário, como os pais do clone.|F4 |De fato, a
autora nos força a uma revisão de conceitos.|F5 |Na verdade, se correlacionarmos o
problema das drogas ao da clonagem, veremos que o grande tema da novela é o ser
humano.|F1 |Mel representaria, assim, a fragilidade do homem que chega ao terceiro
milênio sucumbindo a um mal muito mais poderoso do que as pragas e cataclismos
previstos pelos profetas, localizado no interior do próprio homem: o vício.|F2 |
Leo, por sua vez, registra o homem que doravante terá de enfrentar o maior desafio
humano: os valores, os conceitos criados por ele mesmo.|F3 Desenvolva também estes
tópicos frasais dissertativos: a) A prática do esporte deve ser incentivada e
amparada pelos órgãos públicos. b) O trabalho dignifica o homem, mas o homem não
deve viver só para o trabalho. c) A propaganda de cigarros e de bebidas deve ser
proibida. d) O direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano. 6.23
Desenvolva os tópicos frasais seguintes, considerando os conectivos: a) O jornal
pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que b) As
mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na vida social e
política de muitos países; no entanto c) Um curso universitário pode ser um bom
caminho para a realização profissional de uma pessoa, mas... d) Se não souber
preservar a natureza, o ser humano estará pondo em risco sua própria existência,
porque... e) Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a
violência que existe hoje em várias cidades; outras, porém f) Muitos alunos acham
difícil fazer uma redação, porque. 34
g) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, no entanto h) Um meio de
comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura, pois i) Um
meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura,
entretanto j) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar,
porque l) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar,
embora

PARTE 4 - TEXTOS O náufrago e o navegador Há quem pense que as empresas


jornalísticas, ao promover o uso de jornais na educação, o fazem unicamente com o
objetivo de criar o leitor do futuro. Embora seja verdade que o hábito da leitura
__ inclusive de jornais __ seja normalmente adquirido na infância ou na
adolescência e que, por razões demográficas, a imprensa precise constantemente
renovar sua base de leitores, ao pregar a utilização de jornais na educação, a
Associação Nacional de Jornais, através de seu comitê de Leitura e circulação, não
é movida por uma lógica utilitarista. A Associação nacional de Jornais (ANJ) tem
defendido vigorosamente o uso do jornal no ensino porque, além de estar __ por
motivos óbvios __ sempre atualizado, de ser atraente por cobrir os mais diversos
aspectos da realidade e de ser mais barato que outros recursos pedagógicos,
estimula o desenvolvimento do senso crítico dos leitores. Existem pesquisas (no
Brasil poucas, é verdade) que comprovam que o desempenho dos alunos que utilizam
jornais em suas atividades escolares é melhor, em média, que o daqueles que
utilizam materiais convencionais. Ao contribuir para a formação do hábito da
leitura entre os jovens __ e não apenas da leitura de jornais __ as empresas
jornalísticas fazem mais do que estimular o futuro cidadão a consumir seu produto.
Sem dúvida é importantíssimo formar (e não apenas instruir) o cidadão do futuro.
Mas a realidade de hoje, marcada pela integração internacional e pelo
desenvolvimento tecnológico acelerados, coloca o sistema de ensino sob tensão.
Para o trabalhador, para o profissional, ou para o cidadão comum, seja escandinavo
ou latino-americano, já não basta saber ler e escrever, ou ter aprendido algum
ofício. De pouco serve ser uma enciclopédia (inevitavelmente superada) ambulante.
Hoje, de acordo com o diagnóstico da American Library Association, “para ser um
alfabetizado em termos de informação, uma pessoa deve ser capaz de reconhecer
quando a informação é necessária e ter a habilidade para localizá-la, avaliá-la e
usar efetivamente a informação necessária. Em última análise, as pessoas
alfabetizadas em termos de informação são aquelas que aprenderam como aprender”.
Ora, isso é quase uma descrição da rotina de uma redação competente e do jornal
por ela produzido. Ao se aproximar dos jovens por meio de programas de jornal na
Educação bem concebidos, o que as empresas jornalísticas estão fazendo é muito
mais do que lhes oferecer uma opção de lazer e de informações ou lhes garantir a
própria sobrevivência. Estão transferindo seu Know-how de processamento de
informações. Com a multiplicação das fontes de informação e entretenimento __ da
qual fazem parte os sistemas de TV a Cabo que em breve terão mais de cem canais,
talvez 500 __ boa parte do tempo que as pessoas passam diante do televisor será
consumido na escolha do que assistir. Saber localizar, 35
compreender e utilizar as informações na era da Internet significa a diferença
entre ser um navegador e ser um náufrago. (Pedro Pinciroli Junior in O Globo, 10
set. 1996). Tragédia brasileira Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de
idade. Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituta, com sífilis, dermite nos dedos,
uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. Misael tirou Maria Elvira
da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura...
Dava tudo quanto ela queria. Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita,
arranjou logo um namorado. Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um
tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa. Viveram três anos assim. Toda
vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moraram
no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila
Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no
Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos... Por fim na
Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a
com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito, vestida de organdi
azul. (Manuel Bandeira. Em Estrela da vida inteira. 2º. Rio de Janeiro J. Olympio,
1970. P.146.) Como comecei a escrever – Carlos Drummond de Andrade Aí por volta de
1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema chegava ao interior do Brasil uma
vez por semana, aos domingos. As notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias
depois de publicadas no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio
aparecia ensopada, uns sete dias mais tarde. Não dava para ler o papel
transformado em mingau. Papai era assinante da "Gazeta de Notícias", e antes de
aprender a ler eu me sentia fascinado pelas gravuras coloridas do suplemento de
domingo. Tentava decifrar o mistério das letras em redor das figuras, e mamãe me
ajudava nisso. Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga de um
universo de palavras que era preciso conquistar.Durante o curso, minhas
professoras costumavam passar exercícios de redação. Cada um de nós tinha de
escrever uma carta, narrar um passeio, coisas assim. Criei gosto por esse dever,
que me permitia aplicar para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do
poder de expressão contido nos sinais reunidos em palavras. Daí por diante as
experiências foram-se acumulando, sem que eu percebesse que estava descobrindo a
literatura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar. Ninguém falava
em conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estava germinando. Meu irmão,
estudante na Capital, mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre
eles. Depois, já rapaz, tive a sorte de conhecer outros rapazes que também
gostavam de ler e escrever.Então, começou uma fase muito boa de troca de
experiências e impressões. Na mesa do café-sentado (pois tomava-se café sentado
nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem incomodar nem ser incomodado) eu
tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas criticavam. Eles
também sacavam seus escritos, e eu tomava 36
parte nos comentários. Tudo com naturalidade e franqueza. Aprendi muito com os
amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que não desfrutam desse tipo de amizade
crítica. Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 4 - Crônicas",
Editora Ática - São Paulo, 1980, pág. 6 O amor e a história Embora seja um
sentimento, fruto da individualidade de cada homem, o amor pode servir de fonte de
estudo para momentos históricos. É o que mostra, por exemplo, o poeta e ensaísta
mexicano Octavio Paz, prêmio Nobel de Literatura, em seu livro A dupla chama: amor
e erotismo, ilustrando como algo tão sentimental está impregnado de valores de uma
determinada época, quer seja na antiga Grécia, em Roma ou na Idade Média. E o que
nos diz Octavio Paz? Em primeiro lugar, o autor faz, no capítulo de abertura, uma
distinção entre erotismo e amor. Aquele se constitui basicamente de um desvio da
sexualidade da função meramente reprodutora para a fruição do prazer; este, de uma
sublimação do próprio erotismo. Ao sentimento erótico é indiferente a
exclusividade do outro, o que se opõe ao sentimento amoroso, que elege um outro,
um ser em especial. Em seguida, Paz procede a uma análise histórica da noção de
amor. O autor focaliza três momentos distintos: Grécia, Roma e Idade Média. Com
relação à Grécia, o autor seleciona o pensamento de Platão como fonte de estudo e
revela que a troca de virtudes, traço da nossa atual visão de amor, aparece pela
primeira vez em tal filósofo. Em Roma, surge outro aspecto do sentimento amoroso:
a eleição de um ser especial. E a partir da Idade Média, enfim, aparece a
concepção das provas, das etapas que o amante deverá percorrer para que obtenha a
aceitação da(o) amada(o). Mas como vislumbrar a História através desses dados? No
que diz respeito a Platão, a troca de virtudes, conforme O Banquete aponta, tem
por objetivo o aperfeiçoamento do cidadão e, por conseguinte, da cidade-estado: o
que importa, na verdade, não é o indivíduo, mas o coletivo – Atenas. Por outro
lado, a questão da exclusividade é causada pelo deslocamento de tônica do coletivo
para o indivíduo, no momento em que na Roma republicana uma espécie de burguesia
se cristaliza socialmente. As provas amorosas, por sua vez, estão intimamente
ligadas ao imaginário feudal, em que a figura do(a) amado(a) se associava ao
suserano, e a do amante, ao vassalo, serviçal que tinha que se submeter aos mandos
de seus senhores. Talvez, para os mais sentimentais, este tipo de estudo denote
frieza e falta de romantismo, entretanto é necessário para que a História seja
feita. A História é um conhecimento hermenêutico, isto é, interpretativo, que tem
por objeto o homem em sociedade num determinado tempo e espaço. Assim, na verdade,
o que Paz nos possibilita é a interpretação do próprio homem a partir de um de
seus sentimentos mais nobres: o amor.

Livro Com todo mundo saudando, a todo momento, novas “revoluções”, venho anunciar
uma involução, definitiva, que fará com que o terceiro milênio seja totalmente
diferente da 37
diferença que se anuncia. O produto me chega, paradoxalmente, através da Internet.
Se chama “Listagem Integral de Variáveis Romanceadas ou Objetivas” __ L.I.V.R.O.
L.i.v.r.o. é um depósito de informações, emoções, idéias e divertimentos, compacto
e portátil, cabendo no bolso de qualquer pessoa e podendo ser usado em qualquer
lugar, mesmo com o usuário sentado numa poltrona de avião ou no vaso de um
banheiro. Num l.i.v.r.o. cabe tanta ou mais informação do que num CD-Rom. E basta
olhar um livro para ter imediata noção do seu conteúdo, importância e qualidade. O
que não se dá com um CD-Rom. L.i.v.r.o. é agradável ao tato e cada um é
infinitamente diferente do outro. Tanto que se você tiver três l.i.v.r.o.s. numa
bolsa, mesmo no escuro poderá escolher o de sua preferência, pelo tato. Cada
l.i.v.r.o. é montado seqüencialmente, em folhas de “papel” (outra involução
sensacional, reciclável), e cada página contém milhares de bits de informação.
Essas páginas são mantidas juntas e em seqüência devido a um softer simples e
engenhoso chamado encadernação. As informações contidas no l.i.v.r.o. vêm em ambos
os lados da folha (páginas) o que diminui o custo e facilita a leitura. Cada
página de um l.i.v.r.o. é escaneada oticamente, mas de forma biológica,
impressionando diretamente seu cérebro, sem necessidade de qualquer intermediação
técnica. As pessoas com algum problema no seu receptor oftalmológico necessitam
apenas de simples amplificadores chamados “óculos”. Com o l.i.v.r.o. basta um dedo
para levar você a outra página, outro grupo de informações. E se você está deitado
e com as mãos ocupadas, consegue mudar de página com um pequeno sopro. O
l.i.v.r.o. pode ser retomado a qualquer momento, abrindo-se onde se o fechou na
última vez, bastando para isso que se tenha dobrado a pontinha de uma folha
(prática não recomendável), ou procurando no índice remissivo. Para facilitar
ainda mais a pesquisa, l.i.v.r.o.s. vêm acompanhados de um marcador padrão, que
pode ser usado em qualquer l.i.v.r.o., de qualquer origem, língua ou linguagem.
Portátil, durável, e mais variada e bonita de aspecto do que qualquer revolução,
esta involução reserva espaço entre as linhas e nas margens para ser usado
interativamente com o auxílio dessa outra involução maravilhosa, o Lineador de
Assuntos e Partes Interessantes ou Setores (L.Á .P.I.S). L.i.v.r.o. não precisa
ser formatado. E vários deles juntos, mesmo uns sobre outros, não interferem entre
si, atrapalhando a leitura, nem “congelam”, deixando de funcionar. Além de tudo o
mais, l.i.v.r.o. quase não tem bugs misteriosos. Só quando não usados durante
muito tempo sofre a ação do bug traça, facilmente localizável e simples de
extirpar. (Millôr Fernandes) A ARTE DE ESCREVER Há, portanto, uma arte de escrever
– que é a redação. Não é uma prerrogativa dos literatos, senão uma atividade
social indispensável, para a qual falta, não obstante, muitas vezes, uma
preparação preliminar. A arte de falar, necessária à exposição oral, é mais fácil
na medida em que se beneficia da prática da fala cotidiana, de cujos elementos
parte em princípio. O que há de comum, antes de tudo, entre a exposição oral e a
escrita é a necessidade da boa composição, isto é, uma distribuição metódica e
compreensível de idéias. Impõe-se igualmente a visualização de um objetivo
definido. Ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever. 38
Justamente por causa disto, as condições para a redação no exercício da vida
profissional ou no intercâmbio amplo dentro da sociedade são muito diversas das da
redação escolar. A convicção do que vamos dizer, a importância que há em dizê-lo,
o domínio de um assunto da nossa especialidade tiram à redação o caráter negativo
de mero exercício formal, com tem na escola. Qualquer um de nós senhor de um
assunto é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial
para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de
preparação inicial, que o esforço e a prática vencem. Por outro lado, a arte de
escrever, na medida em que consubstancia a nossa capacidade de expressão do pensar
e do sentir, tem de firmar raízes na nossa própria personalidade e decorre, em
grande parte, de um trabalho nosso para desenvolver a personalidade por este
ângulo.(...) A arte de escrever precisa assentar uma atividade preliminar já
radicada, que parte do ensino escolar e de um hábito de leitura inteligentemente
conduzido; depende muito, portanto, de nós mesmos, de uma disciplina mental
adquirida pela autocrítica e pela observação cuidadosa do que outros com bom
resultado escrevam. (CAMARA JR, Joaquim Mattoso. Manual de expressão oral e
escrita 7. ed. Petrópolis.: Vozes, 1983. P. 58-9.) A BUSCA DA RAZÃO Sofreu muito
com a adolescência. Jovem, ainda se queixava. Depois, todos os dias subia numa
cadeira, agarrava uma argola presa ao teto e, pendurado, deixava-se ficar. Até a
tarde em que se desprendeu esborrachando-se no chão: estava maduro. (COLASANTI,
Marina. Contos de amor rasgados: Rio de Janeiro, Tocco, 1986, p.65) A origem do
desemprego 1 Há quatro anos, criei um site na Internet, o voluntários.com.br, com
o objetivo de ajudar pessoas a ser voluntárias em ONGs. O site foi um enorme
sucesso, a ponto de hoje muitas entidades recusarem voluntários, por excesso de
procura, o que é uma boa e uma má notícia. A má notícia é que nem para trabalhar
de graça hoje em dia há vaga neste país. E entre trabalhar de graça e receber o
salário mínimo não existe muita diferença. 6 Como é possível ter milhares de
voluntários e trabalhadores querendo trabalhar de graça e ao mesmo tempo termos
necessidades materiais e milhares de problemas sociais precisando de ser
resolvidos? O que falta neste país é o meio-de-campo, o gerente, o organizador. 10
A origem do desemprego está na equivocada visão economicista, que acredita que o
desenvolvimento depende exclusivamente da estabilidade econômica, algo que se
persegue há vinte anos. De um ambiente econômico propício, o crescimento emergiria
naturalmente. Infelizmente, já se foi o tempo de Adam Smith, Jonh Maynard Keynes e
Karl Marx, que acreditavam que um pouco de ganância e capital seriam suficientes
para gerar empresas e empregos. Já se foi o tempo em que “agentes econômicos”, com
um mínimo de “espírito empreendedor”, abriam empresas bem-sucedidas. 39
17 Hoje em dia, para montar uma empresa e ter sucesso, são necessários sólidos
conhecimentos práticos e teóricos de administração de empresas. Oitenta por cento
das empresas brasileiras quebram nos primeiros cinco anos por cometer um dos 100
erros banais citados nos livros de administração. 21 Só que o Brasil formou nestes
últimos vinte anos menos de 250.000 administradores de empresas. O Conselho
Federal de Administração tem menos de 90.000 inscritos. Aí está a principal razão
para nosso desemprego, a desorganização de nossa economia e a estagnação
econômica. Com 4.650.000 empresas, nem sequer temos um administrador por empresa.
26 Pela falta crônica de administradores formados, temos médicos que administram
laboratórios de análises e engenheiros mecânicos que administram carteiras de
ações. Perdemos assim excelentes médicos e engenheiros mecânicos formados com
dinheiro público e ganhamos administradores sem formação, que acabam aprendendo
administração de empresas à moda antiga: errado. 31 Os Estados Unidos tomaram
outro caminho. De 1960 para cá formaram nada menos de 8 milhões de administradores
de empresas. É a profissão mais freqüente, com 19% do total de 50 milhões dos
americanos formados. É também a que dá o tom, a filosofia, o modus operandi de
toda a economia americana. É o segredo bem escondido da economia americana. 36 De
1,5 milhão de formados pelas novas universidades federais e estaduais, somente
4,5% são administradores de empresas. Muitos governos foram contra esses cursos,
coisa da direita a ser custeada pela iniciativa privada e não pelo Estado. Os
próprios empresários achavam esses cursos desnecessários, já que suas empresas
seriam geridas pelos filhos, treinados pela família, e não por administradores
profissionais. Raras são as faculdades de administração no Brasil com nome de
grandes empresários, como ocorre nos Estados Unidos. 43 Em pós-graduação a
situação piora ainda mais. A Harvard Business School forma por ano mais MBAs que o
Brasil inteiro. Os Estados Unidos têm 2.400.000 MBAs, 10% deles trabalhando no
governo. O Brasil possui no máximo 5.000 mestres em administração, e a impressão
que se tem é que nenhum deles trabalha no governo. 47 O ministro da Fazenda
acredita que o país crescerá na hora em que ele julgar oportuno. Os
“desenvolvimentistas”, do outro lado, acham que sete economistas estrategicamente
colocados farão o país crescer na intensidade e direção que eles determinarem.
Ledo engano. A mão invisível de Adam Smith não funciona mais no mundo moderno.
Toda nação requer a mão firme e visível de centenas de milhares de pessoas
treinadas e preparadas para criar empregos e organizações. Até para gerir
voluntários que trabalhem de graça.(Stephen Kanitz. Veja. 22/set/99) Língua e
Sociedade O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente
demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos
membros de uma comunidade a possibilidade de comunicação, acredita-se, hoje, que
seu papel seja cada vez mais importante nas relações humanas, razão pela qual seu
estudo já envolve modernos processos científicos de pesquisa, interligados às mais
novas ciências e técnicas, como, por exemplo, a própria Cibernética. Entre
sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera casualidade, Desde que
nascemos, um mundo de signos lingüísticos nos cerca e suas inúmeras possibilidades
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comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação
e associação, começamos a formular nossas mensagens. E toda a nossa vida em
sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se realiza
fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de que dispomos para tal. Sons,
gestos imagens, diversos e imprevistos, cercam a vida do homem moderno, compondo
mensagens de toda ordem (Henri Lefèbvre diria poeticamente que “niágaras de
mensagens caem sobre pessoas mais ou menos interessadas e contagiadas”),
transmitidas pelos mais diferentes canis, como a televisão, o cinema, a imprensa,
o rádio, o telefone, o telégrafo, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música
e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja sua
forma oral, seja através de seu código substitutivo escrito. E, através dela, o
contato com o mundo que nos cerca é permanentemente atualizado. Nas grandes
civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que compreende, não só
as relações diárias entre os membros da comunidade, como também uma atividade
intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa,
até a vida cultural, científica ou literária.

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