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Por Elias Celso Galvêas
- Observação importante: esse artigo é baseado nas idéias e conceitos do livro "Energias
Construtivas da Psique", escrito por Paul Schilder - que, por sua vez, foi médico e professor do
grande mestre da Bioenergia, Wilhelm Reich. E pelo simples fato de as energias pulsionais - que serão
aqui discutidas - não serem apenas de caráter construtivo (mas também destrutivo), preferi dar o seguinte
título a esse breve ensaio: "Energias Constitutivas da Psique". É importante ressaltar este detalhe, a fim
de evitar dúvidas futuras por parte dos leitores.
INTRODUÇÃO
O termo "esquema corporal", muito utilizado em conceituações (Neo)Reichina (Teoria da Bioenergia),
diz respeito à figura (ou imagem) do nosso corpo formada pela nossa mente: os registros das pulsões vitais
do organismo - captados pela mente - permite com que a mente humana seja capaz de estruturar uma forma
particular, perculiar e intangível de interpretar as representações tangíveis de nossos corpos físicos, dentro
de um dado contexto e momento de nossas vidas. Existe, portanto, muito dinamismo e plasticidade em todo
esse processo de trocas de informações entre os sistemas mental e corporal.
A percepção mental do corpo nos é transmitida continuamente através de nossos sentidos. Analisando
sob um ponto de vista do lado intangível de nossa fisiologia - resultado, por sua vez, de processos tangíveis
complexos, o "córtex sensorial" funciona como uma espécie de armazém de impressões obtidas pelos
sentidos, podendo emergir para a consciência através de imagens, ou impressões especiais – ou mesmo
sintomas - que permanecem fora da consciência central. Na consciência, elas formam seus próprios modelos
organizados - modelos estes que, por sua vez, podem ser denominados esquemas. Esquemas estes que
poderão ser reprimidos (ou sublimados), ou devidamente utilizados para gerar impulsos - que serão (ou não)
capazes de se agrupar, a fim de movimentar pulsões das mais variadas espécies (motivação, desejo, vontade
- seriam as construtivas).
Ademais, a presença de tais esquemas tendem a modificar continuamente as impressões produzidas
pelos impulsos sensoriais que atuam no sentido de definir a sensação final de localização ou posição
espacial (objetiva ou subjetiva) que irão emergir na consciência - que, por sua vez, encontrar-se-a
invariavelmente carregada de uma (ou inúmeras) relações afetivas associadas com algum aspecto (ou
experiência) acontecido no passado.
Por meio de perpétuas "alterações de posição", estamos sempre construindo um "modelo postural" de
nós mesmos: modelo este que tende a se modificar continuamente, ad eternum, perfazendo o devir. A
percepção - direta e objetiva - é sempre nosso modo mais peculiar de nos perceber (bem como aos outros)
no mundo, bem como no espaço físico que ocupamos. Somos seres emocionais constituídos por diversos
estados de humores e diferentes personalidades. No contexto desse artigo, entende-se por
"personalidade" um sistema (ou esquema pré-determinado e dinâmico) de ações, ou melhor, um
conjunto de tendências direcionadas para uma ou inúmeras ações - ou modus operandi. A "topografia
(ou topográfica) de um modelo postural do corpo" servirá de base às atitudes emocionais que tenderão a
relacionar a realidade objetiva com nossas condições corporais momentâneas, e vice-versa. As zonas
eróticas desempenharão um papel particularmente fundamental no modelo postural do corpo, pois ele se
encontra em permanente movimento de autoconstrução e autodestruição interna - através da contínua
captação de diferentes sentimentos e sensações, que resultam da sua interação com seu respectivo meio-
ambiente.
Referências Bibliográficas:
- SHILDER, R. - "A imagem do corpo: as energias construtivas da
Psique", Editora Martins Fontes, São Paulo, 1981.
- Freud, Sigmund - "Cinco Lições de Psicanálise: Contribuições à
Psicologia do Amor", Imago Editora Ltda., Rio de Janeiro, 1997.
- Novo “Dicionário” da Língua Portuguesa – “Aurélio” Buarque da
Holanda, 1999.