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MARCELO MACIEL MARTINS

As Disposições da Lei 
n° 11.232/2005 se 
Aplicam às Execuções 
de Prestação 
Alimentícia

1ª edição
ii

Rio de Janeiro
Edição do Autor
2007

AS DISPOSIÇÕES DA LEI N° 11.232/2005 SE


APLICAM ÀS EXECUÇÕES DE PRESTAÇÃO
ALIMENTÍCIA
iii

MARCELO MACIEL MARTINS


ADVOGADO

AS DISPOSIÇÕES DA LEI N° 11.232/2005 SE


APLICAM ÀS EXECUÇÕES DE PRESTAÇÃO
ALIMENTÍCIA

1ª EDIÇÃO
iv

RIO DE JANEIRO
EDIÇÃO DO AUTOR
2007
Copyright © by Marcelo Maciel Martins

Produção Editorial
Marcelo Maciel Martins

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ou processo, inclusive quanto às características gráficas
e/ou editoriais. A violação de direitos autorais constitui crime
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(Lei n° 9.610/98).

CIP – Brasil. Catalogação-na-fonte


Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

MARTINS. Marcelo Maciel.


As disposições da Lei n° 11.232/2005 se aplicam às execuções
de prestação alimentícia. – 1.ed. – Rio de Janeiro: Edição do
Autor, 2007.
35p. ; 14 cm x 21cm

ISBN 978-85-907605-3-5

1. Direito Processual Civil. I – Abordagem Histórica. Lei n°


11.232/2005. II – Execução nos Alimentos.
CDU -34
v

Todos os direitos desta edição estão reservados à


Marcelo Maciel Martins
macielmartins.adv@gmail.com / macielmartins@ig.com.br
(21) 7811-9528 / (21) 9316-1272 / (21) 3555-3409

Impresso no Brasil
Printed in Brazil

O desejo de estar sempre pesquisando e


perquirindo as infindáveis confrontações
que a Lei nos impõem, nos motivou a
produzir este arrazoado, com o objetivo
de facilitar o entendimento do operador
do Direito. Não me coloco como formador
de opiniões, mas como um apaixonado
pelas Ciências Jurídicas, que sempre sou
surpreendido com algo inusitado. Assim,
dedico este trabalho ao Deus todo
poderoso, pois, sem Ele não estaria
desfrutando desta rica oportunidade que
vi

é de produzir novos pensamentos, a


minha amável mulher e companheira,
Carla, e o meu lindo Miguelzinho, que, a
cada dia, alegra o meu ser com o seu
lindo sorriso.
vii

AS DISPOSIÇÕES DA LEI N° 11.232/2005 SE


APLICAM ÀS EXECUÇÕES DE PRESTAÇÃO
ALIMENTÍCIA

RESUMO

O objeto deste artigo é a discussão sobre as disposições da

Lei n° 11.232 de 2005 se aplicarem às execuções de

prestação alimentícia e o seu objetivo é produzir uma

investigação sobre qual o impacto trazido pela nova

legislação e se houve alguma alteração nos casos de

execução de alimentos, tendo em vista a omissão dada pelo

legislador pátrio. Para a realização do artigo foi necessária a

análise de diferentes autores como Alexandre Freitas

Câmara, Maria Berenice Dias, Nelson Nery Junior, Athos

Gusmão Carneiro, Humberto Theodoro Junior, Luiz

Rodrigues Wambier entre outros, que procuraram explicitar o

tema de forma cristalina, removendo as possíveis

imperfeições e/ou dúvidas deixadas pela omissão legislativa.


viii

Encerram, em sua maioria, que a inovação trazida pela Lei

infraconstitucional, i.e., a Lei n° 11.232/2005, não teve o

condão de excluir os procedimentos executórios alimentares,

tendo em vista que a sua celeridade visa tutelar bem de

relevante e extrema importância, a vida.

Palavras-chaves: Execução. Prestação. Alimentos. Lei n°

11.232/2005. Disposições.
9

SUMÁRIO

Dedicatória, v
Resumo, vii

1. Introdução, 11

2. Uma Abordagem Histórica, 13

3. Uma Breve Análise da Lei n° 11.232/2005, 18

4. A Execução nas Prestações Alimentícias, 22

5. Considerações Finais, 29

Referências Bibliográficas, 33
10

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, recentes reformas no processo de

execução excluíram o módulo autônomo do processo de

execução dos títulos executivos judiciais. Assim, para a

realização do cumprimento da sentença que venha imprimir a

condenação ao pagamento de quantia certa não mais carece

perquirir pelas árduas e sofríveis regras do processo de

execução, em virtude da implantação da Lei 11.232/05.

Entretanto, o legislador, na edição da lei,

produziu uma omissão sobre a temática executória das

prestações alimentares, bem como um certo

desentendimento em sede doutrinária, sendo questionado,

inclusive, se a simplificação trazida, aos atos de cumprimento

da sentença, alcançaria as verbas de natureza alimentar.


11

A execução dos alimentos encontra-se

consignada tanto no Código de Processo Civil nos artigos

732 a 735, como na Lei de Alimentos, i.e., Lei 5.478/68,

artigos 16 a 19, que visa disciplinar a forma de cumprimento

das sentenças.

Assim, é importante mencionar que as omissões

legislativas não podem ser encaradas como uma forma de

impedir o avanço que a própria lei se predispõe, sob pena de

se criar um excesso de formalismo e o engessamento da

nossa estrutura processual.

O presente trabalho não visa esgotar todos os

comentários sobre o tema, porém, de trazer a baila sobre a

aplicabilidade do novo ordenamento nas execuções de

prestação alimentares e a sua efetividade processual, tendo

em vista que o bem jurídico a ser tutelado é a vida, e não um

mero bem material.


12

2. UMA ABORDAGEM HISTÓRICA

A Lei n° 11.232 de 22 de dezembro de 2005,

oriunda do Projeto de Lei n° 3.253/2004, foi sancionada pelo

Presidente da República com o fito de Alterar a Lei no 5.869,

de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil –, para

estabelecer uma nova fase de cumprimento às sentenças no

processo de conhecimento e, também, revogar alguns

dispositivos relativos à execução fundada em título executivo

judicial.

Bem sabemos que, em tempos não longínquos,

aquele que desejasse ver sua satisfação totalmente cumprida

em processo de conhecimento, deveria iniciar uma nova


13

batalha judicial, para ver cumprido algo que o magistrado

monocrático já havia decidido favoravelmente.

Esta nova batalha processual, uma imposição da

Lei, era o antigo e cansativo processo “autônomo” de


14

execução. Este novo processo tinha como objetivo principal

tornar tangível a conquista obtida no processo de

conhecimento, que acabava incentivando o inadimplemento

do devedor.

Neste novo processo, que existia uma certa

semelhança com o processo cognitivo, eram discutidos

pontos completamente desnecessários, o que acabava

gerando uma nova sentença incidental dentro de um

processo cognitivo que já havia proferido sentença.

Assim, o devedor poderia se fazer valer de

alguns recursos que são utilizados pela via cognitiva, o que

gerava uma grande sensação de impotência daquele que

desejava ver sua satisfação cumprida.

A divisão do processo de conhecimento e do

processo de execução foi primeiramente abordada por

Liebman1 que preconizava, in verbis:

1
LIEBMAN, Enrico Túlio. Processo de execução. 3ª ed., São Paulo : Saraiva,
1968, p. 37.
15

A função jurisdicional consta fundamentalmente de


duas espécies de atividades, muito diferente entre
si: de um lado, o exame da lide posta em juízo, para
o fim de descobrir e formular a regra jurídica
concreta que deve regular o caso; de outro, as
operações práticas necessárias para efetivar o
conteúdo daquela regra, para modificar os fatos da
realidade de modo a que se realize a coincidência
entre a regra e os fatos. Por conseguinte a natureza
e os efeitos dos atos relativos diferem
profundamente; na cognição a atividade do juiz é
prevalentemente de caráter lógico: ele deve estudar
o caso, investigar o fato, escolher, interpretar e
aplicar as normas legais adequadas, fazendo um
trabalho intelectual, que se assemelha, sob certos
pontos de vista, ao de um historiador, quando
reconstrói e avalia os fatos do passado. O resultado
de todas estas atividades é de caráter ideal, porque
consiste na enunciação de uma regra jurídica que,
reunindo certas condições, se torna imutável (coisa
julgada). Na execução ao contrário a atividade do
órgão é prevalentemente prática e material, visando
produzir na situação de fato as modificações acima
aludidas.

Contudo, a evolução da sociedade e dos seus

anseios, provoca, indiretamente, uma mudança nas normas e


16

nos entendimentos jurisprudenciais e doutrinários. Tal

evolução cominou com a edição da Lei n° 11.232/2005 que

traria uma maior celeridade aos feitos processuais.

Com isso, a nova lei de execuções, que interferiu

drasticamente no processo de conhecimento e de execução

por ter limitado o cumprimento da sentença nos mesmos

autos do processo principal, trouxe uma maior celeridade, e

principalmente, o desestimulo do devedor em procrastinar o

pagamento de sua obrigação.

Muitos doutrinadores passaram a chamar esse

processo único de processo sincrético, tendo em vista o

desaparecimento da obrigatoriedade de se fazer cumprir uma

sentença judicial, por meio de procedimento executório. A

inovação gerou uma certeza para o credor, de que o crédito

seria satisfeito, e para o devedor, o temor em não mais

dever, e, devendo, em não mais procrastinar a obrigação,

pelo fato dos meios eficazes e coercitivos implantados pela

Lei.
17

Entretanto, a Lei n° 11.232/2005 omitiu alguns

pontos essenciais, como por exemplo, as execuções de

prestações alimentícias, gerando entendimentos distorcidos e

confusos entre diversos doutrinadores, que serão tratados

mais adiante.
18

3. UMA BREVE ANÁLISE DA LEI N° 11.232/2005

Neste capítulo não temos a ousadia de dissecar

a Lei n° 11.232/2005 que alterou drasticamente o Código de

Processo Civil nos pontos relacionados com o processo de

execução, mas de expor as principais mudanças que a

norma nos trouxe, como se passa a expor.

O primeiro artigo da Lei alterou os artigos 162,

267, 269 e 463, do Código de Processo Civil, modificando o

tradicional conceito de sentença, para que fosse adequada a

nova realidade do processo executivo, que passaremos a

partir deste ponto a chamar “fase executiva”.

Para o artigo segundo da Lei, o legislador criou

os artigos 466-A, 466-B e 466-C, que representa a

reprodução literal dos revogados artigos 641, 639 e 640, que

se encontravam dentro do capítulo “obrigações de fazer e de


19

não fazer” e passaram a integrar o capítulo que trata da

“sentença e da coisa julgada”, capítulo este mais adequado,

pois, se referem aos efeitos das sentenças no todo.

O artigo 3°, da referida Lei, inseriu os artigos 475-

A, 475-B, 475-C, 475-D, 475-E, 475-F, 475-G e 475-H, que

passaram a integrar o novo capítulo IX, do título VIII, do Livro

I, do Código de Processo Civil, tratando, agora, da liquidação

de sentença. Vale destacar que grande maioria dos

dispositivos acima mencionados, foram reproduções, total ou

parcial, dos revogados artigos 603 a 610, salvo o art. 475-H

que passou a determinar que contra a decisão final de

liquidação, o recurso cabível é o agravo de instrumento.

Já no artigo 4° foram implementados no CPC os

artigos 475-I, 475-J, 475-L, 475-M, 475-N, 475-O, 475-P,

475-Q e 475-R, que passaram a compor diversas alterações,

basicamente sobre o cumprimento da sentença, o que

acarretou um a série de dúvidas e questionamentos para os

operadores do direito, que serão sanadas com o passar dos


20

anos à medida que os casos fáticos forem levados ao

Judiciário.

O artigo quinto trata sobre os embargos de

execução contra a fazenda pública, pois, o legislador

verificou que o modo antigo de se processar a execução era

a mais favorável para que o Estado permanecesse em mora

com os seus nefastos precatórios. A alteração ocorreu na

denominação e na eficácia, do capítulo II, do título III, do livro

II, do Código de Processo Civil, passando a constar "Dos

Embargos à Execução contra a Fazenda Pública" e não mais

como era "Dos Embargos à Execução fundada em sentença”.

Já o artigo 6° tratou sobre o processo monitório

que não gerou qual alteração na letra da Lei. Neste caso

devemos lembrar que este tipo de processo, não haverá

processo autônomo de execução, mas mera fase executiva.

Nos demais artigos, da referida Lei, foram

tratados sobre a forma e processamento dos embargos à

arrematação e à adjudicação, e dos honorários advocatícios,


21

pontos em que a sua simples leitura traz ao operador do

direito sua real interpretação.


22

4. A EXECUÇÃO NAS PRESTAÇÕES

ALIMENTÍCIAS

Neste momento abordaremos sobre a incidência

que a Lei n° 11.232/2005 teve sobre os artigos 732 a 735 do

Código de Processo Civil, tendo em vista que o legislador da

referida Lei olvidou-se deste tema de tão grande importância,

pois, neste caso o bem tutelado é a vida.

Há doutrinadores2 que defendem que a não

menção da Lei nos tópicos das execuções alimentares, não

trará qualquer dificuldade em aplicá-la na nova sistemática

da execução de sentença.

Contudo, para um melhor entendimento das

execuções alimentícias, faz-se mister analisar os artigos 475-

I a 475-R introduzidos pela nova Lei, que nos auxiliará na

2
Neste sentido Alexandre Freitas Câmara, Maria Berenice Dias.
23

importante tarefa de entender as novas interpretações dos

artigos 732 a 735 do CPC.

O primeiro artigo a ser analisado é o 732. O

referido artigo não sofreu alteração pela Lei, e preceitua o

seguinte “A execução de sentença, que condena ao

pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o

disposto no capítulo IV deste título”. Assim, o referido capítulo

localizado no Livro II do CPC, orientar a forma de que como a

execução será feita.

Como o processo de execução tornou-se um

processo sincrético, então as execuções alimentícias

deveriam ser tratadas e dentro do Livro I – DO PROCESSO

DE CONHECIMENTO, Título VIII – DO PROCEDIMENTO

ORDINÁRIO, Capítulo X – DO CUMPRIMENTO DA

SENTENÇA, pois só assim teríamos a visão de um processo

único, dividido somente em fases.

Outra interpretação que se faz pertinente é no

termo “embargo de execução” de que trata o parágrafo único


24

do artigo 732. Com a inovação trazida pela Lei 11.232, para

as sentenças judiciais foi abandonado o modulo executivo

autônomo, onde passou a figurar como resposta a

impugnação nos mesmos autos que condenou ao pagamento

dos alimentos.

Assim, se na leitura do parágrafo único do artigo

732, continuasse empregando o termo “embargo de

execução” teríamos uma idéia equivocada, pois, o efeito

suspensivo da sentença não pode ser concedido para os

casos de sentença proferida nos mesmos autos, salvo se na

impugnação à execução tiver tal efeito atribuído pelo Juízo.

Outro aspecto relevante é que não podemos vislumbrar um

módulo executivo, autônomo, fundando em sentença, motivo

pela qual a não utilização do termo “embargos”, pois, este

nos gera uma falsa idéia de estarmos diante, por exemplo, de

um processo executivo de um título executivo extrajudicial, o

que não é o caso.


25

Outro que deve sofrer uma nova interpretação é

o caput do artigo 733 do CPC3.

O referido disposto fala em seu corpo sobre o

termo “citação”, porém, com a inovação das execuções de

sentença não há nova citação, mas sim “intimação”.

Por este motivo percebe-se a necessidade de se

refazer uma interpretação no dispositivo supra e substituir o

termo “citar” por “intimar” para adequar a nova sistemática

executória, tendo em vista que a fase executória deixou se

ser processo autônomo e se transformou em fase

processual, ou seja, uma mera continuação dos autos

principais.

Quanto ao § 1° do artigo 733, que também não

foi alterado pela lei em estudo, não há a necessidade de

reinterpretá-lo de acordo com o ovo procedimento, tendo em

vista que as discussões giram em torno do artigo 19 da Lei

de Alimentos, i.e., Lei n° 6.014/73, que é norma mais nova do


3
Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos
provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o
pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. (grifo
nosso)
26

que o Código de Processo Civil, que dirimiu sobre o prazo4

de prisão diverso daquele para o inadimplente da obrigação

alimentar5.

O mesmo se diz para os §§ 2° e 3° do mesmo

artigo, que também não sofreram os reflexos da nova Lei.

Já em relação ao artigo 734, é perfeitamente

possível que a execução de alimentos seja dado por

desconto em folha de pagamento, o que é muito comum no

universo jurídico. Assim, com o advento da Lei, em estudo,

verifica-se que seu conteúdo não foi capaz de alterar o

presente dispositivo.

Entretanto, com o artigo 735, para que melhor se

adeqüe, a nova sistemática executória, acredito que o

entendimento do professor Alexandre Freitas Câmara6 é o


4
Há doutrinadores que defendem que o prazo de prisão deve ser aquele menos
gravoso (CPC, art. 620), aplicando-se o prazo do art. 19 da Lei de Alimentos (60
dias). Para outros o prazo deve analisado de forma individualizada, ou seja, para
os alimentos provisórios o prazo seria o do CPC (1 a 3 meses) e para os
alimentos definitivos o prazo seria o da Lei de Alimentos (60 dias). Já para uma
terceira corrente entende que o prazo seria sem o do CPC por ter derrogado o
prazo estipulado pelo artigo 19 da LA. Entendo que o melhor prazo a ser aplicado
é o da Lei de Alimentos, por ter sido Lei mais nova ao Código.
5
CÂMARA. Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. vol.II. 14 ed.
Rio de Janeiro : Lúmen Júris, 2007, pp. 369-70
6
CÂMARA. Alexandre Freitas. A Nova Execução de Sentença. 3 ed. Rio de
Janeiro : Lúmen Júris, 2007, p. 166.
27

mais adequado, pois, a leitura do presente dispositivo sem a

devida reformulação, é como se a Lei nos dissesse para que

fizéssemos algo, porém, continuemos a fazê-lo de forma

equivocada.

No artigo 735, o seu texto nos remete a execução

dos alimentos provisionais, devendo para tanto, que o

exeqüente aplique o disposto no livro II (do processo de

execução), capítulo IV (da execução por quantia certa contra

devedor solvente), título II (das diversas espécies de

execução), nos casos de inadimplemento do devedor.

Entretanto, se a nova sistemática veio para

eliminar o modulo autônomo do processo de execução, para

dar lugar, nos casos de sentença nos próprios autos, a um

processo sincrético, i.e., a uma simples fase processual,

então o redirecionamento que o disposto no art. 735 faz,

deveria ser entendido como: Livro I – do processo de

conhecimento, Título VIII – do procedimento ordinário,

Capítulo X – do cumprimento da sentença, pois, só assim,


28

retrataria a real intenção do legislador quando quis eliminar o

modulo executório, enfatizando o processo único,

sincretizando o modulo cognitivo e o executório.


29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intento de finalizar o presente trabalho,

constatou-se a necessidade de mencionar alguns pontos

considerados como essenciais para o início de um novo

amadurecimento da matéria, pois, somente assim,

poderemos iniciar uma verdadeira compreensão da

sistemática que eliminou, em certos casos, o módulo

executivo.

O processo executório representava uma visão

conservadora de um dos mais brilhantes processualistas, que

colaborou na formação dos alicerces jurídicos de diversos

doutrinadores brasileiros, Enrico Túlio Liebman.

A Lei n° 11.232/2005 surgiu com o intuito de

renovar a sistemática processual executória, trazendo uma


30

maior celeridade para os processos de cognição onde

existissem sentenças a ser executada.

Assim, uma grande parte da doutrina vem

chamando essa evolução de sincretismo, pois, teve com

escopo principal a eliminação do módulo do processo de

execução, transformando em uma mera fase executiva.

Entretanto, o legislador na elaboração da Lei,

olvidou-se de adequar a trajetória executiva nas situações de

prestação alimentícia, o que por sinal trouxe algumas

complicações ao entendimento de diversos operadores do

direito, pois, os artigos 732 a 735, que disciplinam a matéria,

ainda se encontram com a antiga nomenclatura adotada pela

arcaica forma de execução.

Contudo, se o operador do direito tiver bom

ânimo e bom senso perceberá que o fato da Lei n°

11.232/2005 não ter incorporado a temática alimentícia no

seu texto, não impedirá que a mesma possa ser aplicada na

nova sistemática executória. Logo, é perfeitamente possível


31

empregar as novas mudanças aos artigos olvidados, ou seja,

enxergar o processo executivo de alimentos, não como

módulo executivo autônomo, mas sim como uma fase

continuativa do processo cognitivo.

Vale lembrar que a não alteração dos dispositivos

que tratam das execuções das prestações alimentares, em

nada impede a sua aplicação no sistema de execução de

decisões judiciais, pois, a proposta legislativa nasceu com o

objetivo de imprimir uma maior celeridade aos feitos

executórios e não seria de bom senso excluir tais artigos, só

pelo fato de que os mesmos não foram lembrados pelo

legislador pátrio.

E, finalmente um outro ponto que não deve ser

olvidado é que aos dispositivos tratam sobre a execução de

alimentos, ou seja, o bem a ser tutelado é vida, não podendo

ser tratada de forma relapsa, mais sim de forma inteligente e

responsável, e acima de tudo célere. Assim, não faria sentido

o legislador imprimir um celeridade apara as execuções


32

“comuns” e deixar de lado as execuções alimentares

“extremamente importante a manutenção da vida”.


33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Comentários iniciais sobre a Lei nº 11.232/2005. Jus

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OLIVEIRA, Hélder B. Paulo de. As prestações de alimentos e

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