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Bacilos Gram –

A família Enterobacteriaceae contem a maioria dos bacilos Gram- clinicamente


importantes

Apesar da sua complexidade menos de 20 espécies são responsáveis por cerca de 95%
das infecções

Encontram-se no solo, na água, na vegetação e fazem parte da flora intestinal normal de


muitos animais, incluindo os humanos

São responsáveis por cerca de 30-35% de todas as septicemias, por mais de 70% das
infecções do tracto urinário e por muitas das infecções intestinais

Os organismos:
- são sempre patogénicos (p.ex. Salmonella tiphi, Shigella, Yersinia pestis)
- são comensais (p.ex. Escherihia colli, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis)
- são comensais mas tornam-se patogénicos quando adquirem factores de virulência
através de bacteriófagos, plasmídeos ou ilhas de patogenicidade (p. ex. E. coli associada
à gastroentrite)

Transmissão das infecções:


- reservatório animal (ex. Salmonella, Yersinia)
- portador humano (S. tiphi, Shigella)
- proliferação dos agentes comensais em indivíduos imunodeprimidos (p.ex. E. coli)

Características comuns:
- Bacilos Gram-
- Antigénio comum das Enterobacteriacea
- Não esporulados
- Crescem rapidamente em meios não selectivos como o agar-sangue ou em meios
selectivos como o MAC (excepção Kleibsiella granulomatosis, que não cresce em
meios tradicionais)
- Catalase positivos
- Oxidase negativos (importante na sua detecção; excepção Plesiomonas shigelloides)
- Requerimentos nutricionais simples
- Fermentam a glicose
- Reduzem os nitratos a nitritos

Podem:
- Móveis ou imóveis (a maioria são móveis com excepção de Klebsiella, Shigella e
Yersinia; as móveis são perítricas)
- Aeróbios, anaeróbios ou anaeróbios facultativos
- Algumas estirpes podem fermentar a lactose (p.ex. E. coli, Klebsiellam, Enterobacter,
Citrobacter e Serratia)
- Os agentes comensais são inibidos pelos sais biliares, ao passo que os patogénicos
oferecem resistência aos mesmos
- Ter cápsula (Escherichia, a maioria das Klebsiella, e algumas Enterobacter)
- Possuir fímbrias
Antigénios:
- LPS: polissacarídeo O (aglutinável por IGM e é especifico da espécie) + antigénio
comum às Enterobacteriaceae + lipídeo A
- Antigénio comum às Enterobacteriaceae aparece também como um glicolípido livre na
membrana externa

Classificação Serológica:
- Polissacarídeo O: algutinável por IgM; reacções cruzadas entre géneros próximos
(p.ex. Salmonella e Citrobacter, Escherichia e Shigella)
- Antigénio capsular K: termo-lábeis; inibem a aglutinação dos Atg O e H
- Proteínas flagelares H: algutináveis por IgG, termo-lábeis, podem estar ausentes ou
sofrer variação antigénica de estarem presentes em duas fases

Patogénese e Imunidade:
- Endotoxina (partilhado pelas bactérias Gram- aeróbias e algumas anaeróbias; a sua
actividade depende do lipídeo A do LPS; responsável por muitos dos efeitos sistémicos
das infecções por bastérias Gram-: libertação de citoquinas, leucocitose,
trombocitopenia, CID, febre, diminuição da circulação perférica, choque, morte)
- Cápsula
- Variação fásica de antigénios: e expressão dos antigénios K e H está sob controlo
genético do organismo, podendo cada um deles ser alternadamente expresso ou mesmo
não expresso, o que protege a célula da morte mediada por anticorpos)
- Sistemas de secreção tipo III
- O ferro é um importante factor de crescimento para a bactéria, estando ligado à
proteína heme (hemoglobina ou mioglibina) ou a proteínas quelantes (p. ex. transferrina
ou lactoferrina). Bactérias produzem os seus próprios sideróforos ou compostos
quelantes do ferro (enterobactina, aerobactina), ou através da produção de hemolisina
que liberta o ferro da célula hospedeira

E. coli:
Género: Escherichia
5 espécies: E. coli clinicamente a mais importante - septicemias, gastroenterites,
meningite neonatal, infecções urinárias

Presente no nosso tracto gasto-intestinal

A maioria das infecções por ela provocadas (salvo as gastroenterites e as meningites


neonatais) são endógenas

E. coli responsável pela gastroenterite e pelas infecções urinárias possuem factores de


virulência especializados:

Adesinas: permitem que a bactéria permanecia nos tractos gastrointestinal e urinário


uma vez que é capaz de aderir às células, não sendo eliminada na urina nem com a
motilidade intestinal. Adesinas especializadas: antigénios factores de colonização
(CFAI, CFAII, CFAIII), fímbrias agregativas de aderência (AAFI, AAF III), pilli
formadores de feixes (Bfp), antigénio do plasmídeo de invasão (Ipa), fímbrias Dr, pilli
P, intimina
Exotoxinas: toxinas termo-lábeis (LTI, LTII), toxinas termo-estáveis (STa e STb),
toxinas Shiga (Stx-1, Stx-2), hemolisinas

Septicemia:
- Originam-se a partir de infecções do tracto urinário e do tracto gastrointestinal, que
disseminam através do sangue
- Mortalidade aumentada em pacientes imunodeprimidos ou cuja infecção primária se
deu no abdómen ou no SNC

Infecções Urinárias:
- A maioria devem-se a passagem de E. coli do cólon para a uretra, ascendendo para a
bexiga, rim ou próstata
- Capazes de produzir adesinas (plilsP, fímbrias Dr, e AAFI, AAFIII) e hemolisinas
(lise de eritrócitos e outros tipos células com libertação de citoquinas e estimulação da
resposta inflamatória)

Meningite Neonatal:
- S. coli e Streptococci do grupo B causam a maioria das infecções no SNC em crinaças
com idade inferior a 1 mês
- cerca de 75% da E. coli possui o Atg K1 (normalmente presentes no tracto
gastrointestinal de mulheres grávidas e de recém-nascidos)

Gastroenterites:
As estirpes de E. coli que causam gastroenterites estão subdivididas em 5 grandes
grupos:

EPEC:
- afecta sobretudo crianças em países empobrecidos
- diarreia
- Sistema de Secreção III; Ilha de patogenicidade LEE; bactéria adere inicialmente a um
pedestal através de ligações fracas pelos seus pilli formadores de feixes, intruduz o
receptor Tir das intiminas; destruição das microvilosidades no local de ligação da
bactéria

ETEC:
- afecta crianças em países em desenvolvimento e viajantes dos mesmos (diarreia do
viajante)
- LTI e LTII; subunidades B de LTI ligam-se ao receptor GM1 (recptor da toxina
colérica – diagnóstico diferencial da cólera), subunidade A interage com proteína Gs da
membrana, estimulação da adenilcíclase, aumento do AMPc, aumento da produção de
clorido e diminuição da absorção de Na+ e de clorido
- Sta e STb; só a STa está associada com a doença humana, liga-se a um receptor
acoplado à guanilcíclase, aumento da produção de GMPc com hipersecreção de fluidos
- são também necessários factores de colonização, para além das toxinas

EHEC:
- Quadro clínico de diarreia que evolui colite hemorrágica, podendo originar Síndrome
Hemolítico-Urémico (HUS)
- Toxina Shiga (Stx1 e Stx2); ligação das subunidades B a GB3 nas vilosidades
intestinais (Stx1) e nas células endoteliais renais (Stx2); subunidade A é internalizada e
clivada em 2 moléculas; A1 liga-se ao rRNA 28S na subunidade ribossomal 60S,
impedindo a ligação da aminoacil transferase e impedindo a síntese proteica. No
endotélio renal a ligação leva à activação de plaquetas e à deposição de trombina, que
perturba a filtração glomerular e leva a falência renal aguda (HUS)
- As toxinas Shiga estimulam ainda a lubertação de Citoquinas inlfamatórias
- Ao contrário da maioria das E. coli muitas estirpes 0157 não fermentam o sorbitol
(Col sorbitol negativas)

EIEC:
- Diagnóstico diferencial de Shigella
- Diarreia por Ulceração do cólon
- Destoem as células do cólon, invandindo-as, lisando o vacúolo fagocítico e replicando
no citoplasma da célula, movendo-se através de caudas de actina para invadir células
vizinhas

EAEC:
- Diarreia em crianças de países em desenvolvimento e em viajantes para esses países
- Fímbrias formadoras de feixes permitem a adesão da bactéria, levando a um aumento
da secreção de muco, que encurrala a bactéria sobre o epitélio do intestino delgado, com
encurtamento das microvilosidades, infiltado mononuclear e hemorragia

Salmonella:
Género Salmonella com duas espécies: Salmonella entérica e Shingella bongori

O seu aparecimento no homem é sempre patogénico

Transmissão por ingestão de água ou alimentos contaminados

Os serotipos S. typhi e S. paratyphi estão altamente adaptados a humanos e não


provocam doença em hospedeiros não humanos

Outros serotipos só provocam doença em hospedeiros não humanos

Outros serotipos não são específicos quanto ao hospedeiro

- Possuem 2 sistemas de secreção SPI1 e SPI2. SPI1 insere nas células M das placas de
Peyer do intestino delgado as proteínas bacterianas Sips ou Ssps, do que resulta um
pregueamento da membrana celular por rearranjo da actina. Esta membrana pregueada
envolve a bactéria e captura a Salmonella, que se replica no interior do fagossoma,
levando a morte da célula hospedeira, e espalhando-se para invadir as células vizinhas
- Medeiam a produção de prostaglandinas e estimulam a andenilciclase levando a
secreção activa
- Possuem um gene de tolerância ao ácido (ATR), o que lhes permite sobreviver ao pH
ácido do estômago e do fagossoma
- São catalase e superoxido dismutase positivas, o que lhes permite resistir à morte
intracelular

Geralmente são móveis


Produzem ácido e gás a partir de glicose a manitol

São urease negativas

São lactose e sacarose negativas

Geralmente produzem H2S

Os seus antigénios capsulados são do tipo Vi

Provas bioquímicas de exclusão:


- colónias lactose negativas com H2S
- Kliger + ureia (KU) ou TSI + ureia

Podem provocar:
- gastroenterite (geralmente por S. typhimurium e S. enteritidis, que são salmonelas
adaptas aos animais mas que acidentalmente afectam o homem): hemoculturas
negativas, coprocultura (sementeira em meios selectivos MAC, SS, caldo tetrationato
pois as bactérias patogénicas estão em minoria no meio da flora intestinal)
- septicemia (sobretudo as espécies S. typhi, S. paratyphi e S. cholerasuis, sendo este
risco mais elevados em crianças, idosos e imuno-deprimidos)
- colonização assintomática
- febre entérica (febre tifóide, causada pela S. typhi; febre paratifóide, causada pela S.
paratyphi, S. schottmuelleri, S. hirschfeldii; ao contrário das outras infecções por
Salmonella, as bactérias responsáveis pela febre entérica passam através das células
epiteliais do intestino e são capturadas por macrófagos, multiplicando-se após serem
transportadas para o fígado, baço e medula óssea)
Diagnóstico: hemocultura (durante a primeira semana, na primeira fase da
doença, quando as bactérias andam em circulação antes de entrar nas placas de Peyer e
no sistema mononuclear-monocítico); reacção de Widal (na segunda semana; pesquisa
de anticorpos antiantigénios O, H e Vi); Coprocultura (comprovação da cura, vão sendo
eliminadas pelo tracto intestinal; portador da bastéria é aquele que continua a eliminar a
bactéria após um ano de ter tido a donça)

Shigella

Género Shigella com quatro espécies: S. dysenteria, S. flexneri, S. boydii, S. sonnei

Quando presente é sempore patogénica

Transmissão: água contaminada, comida, mosca, pessoa a pessoa (via oral fecal)

S sonney é a causa mais comum de shigelose no mundo industrial, ao passo que S.


flexneri é a causa mais comum de shigelose nos países em desenvolvimento

Geralmente limitada ao tracto gasto-intestinal (raramente invade o sangue)

Inicialmente invadem células M das Placas de Peyer do Intestino delgado. Sistema de


secreção tipo III que introduz nas células epiteliais e nos macrófagos 4 tipos de
proteínas: IpaA, IpaB, IpaC e IpaD. Estas proteínas induzem o pregueamento da
membrana células, capturando a bactéria no interior da célula. A shigella lisa o vacúolo
fagocítico e replica no interior do citoplasma da célula hospedeira, usando os filamentos
de actina para se movimentar e passar para células vizinhas através de junções de hiato.
Assim, a Shigella está protegida do sistema imunitário. A Shigella induz apoptose das
células, induzindo a libertação de IL-1β, atraindo polimorfonucleados, distabilizando a
integridade da parede intestinal e permitindo á bactéria atingir célula epiteliais
localizadas mais profundamente.

A S. dysenteria produzem a exotoxina Shiga, que actua de modo semelhante às


produzidas pela EHEC:

Inicialmente provoca diarreia, mediado pela enterotoxina, evoliundo para dores severas
no estômago e tenesmo com abundante pus e sangue nas fezes.

Diagnóstico: coprocultura, sementeira em meios selectivos (MAC, SS), kliger + ureia


ou TSI + ureia

Yersinia
O género Yersinia contém 11 espécies, sendo que a Y. pestis, Y. enterocolitica e Y.
pseudotuberculosis são as espécies patogénicas para humanos mais conhecidas.

Y. pestis é altamente virulento causando doença sistémica com elevada taxa de


mortalidade

Y. enterocolitica e Y. pseudotuberculosis são principalmente patogénios entéricos e que


raramente se isolam do sangue

São intracelulares facultativas

Invadem células epiteliais, macrófagos e sistema monocítico-fagocitário

As espécies patogénicas do género Yersinia são resistentes á morte por fagocitose


através do seu sistema de secreção do tipo III: em contacto com as células fagocíticas as
bactérias secretam proteínas para o interior da célula fagocítica que desfosforilam várias
proteínas necessárias à fagocitose (gene YopH), induzem citotoxicidade ao
disromperem filamentos de actina (gene YopE) e iniciam a apoptose em macrófagos
(gene YopJ/P). O sistema de secreção tipo III também suprime a produção de
citoquinas, diminuindo assim a resposta inflamatória à infecção.

Y. pestis contém dois plasmídeos adicionais que codificam genes de virulência: gene F1
que codifica uma cápsula proteica anti-fagocítica e o gene do activador do
plasminogénio (Pla), que degrada os factores do complemento C3b e C5a, impedindo,
deste modo, a opsonização e a migração fagocítica, respectivamente. O gene Pla
também degrada a fibrina, permitindo que a Y. pestis se espalhe rapidamente. Existem
ainda outros factores de virulência que conferem à Y. pestis resistência ao soro e a
capacidade de absorver ferro orgânico por um mecanismo independente de sideroforos
As manifestações clínicas da Y. pestis são a Peste Buvónica (por picada de mosca,
originando febre alta e adenopatias) e a Peste Pneumónica (inicialmente com febre e
mal estar mas posteriormente com sintomatologia pulmonar, podendo o contágio
ocorrer de pessoa para pessoa através de aerossóis)

Cerca de dois terços das infecções por Y. enterocolitica são enterocolites, originando
febre, diarreia e dor abdominal, envolvendo sobretudo o íleo terminal e com adenopatia
dos nódulos linfáticos mesentéricos, podendo mimetizar uma apendicite aguda. Y.
pseudotuberculosis pode originar um quadro clínico semelhante.

Os organismos Yersinia podem crescer a 4ºC, podendo, por isso, crescer em meios ricos
em produtos de sangue armazenados no frigorífico.

Klebsiella
Os membros do género Klebsiella têm uma cápsula proeminente, pelo que as colónias
isoladas ttêm um aspecto mucóide

As espécies mais frequentemente isoladas são K. pneumoniae e K. oxytoca, que podem


originar pneumonia lobar primária (com destruição necrótica dos espaços alveolares,
formação de cavidades e hemopstises). Os alcoólicos e pessoas com função pulmonar
comprometida têm risco acrescido de ter pneumonia devido á sua incapacidade de
limpar as secreções orais aspiradas do seu tracto respiratório baixo. Podem ainda causar
infecções do tracto urinário.

K. granulomatis é o agente do granuloma inguinal, uma doença granulomatosa que


afecta as áreas genitais e inguinais. O diagnóstico laboratorial de K. granulomatis faz-se
através da coloração de Wright ou Giemsa. São sensíveis ás Tetraciclinas, eritromicina e
trimetoprimsulfamethoxazole

Proteus:
P. mirabilis é um organismo comensal

Responsável por infecções do tracto urinário pois produz uma grande quantidade de
ureas (urease positivos) e, que transforma a ureia em dióxido de carbono e amónia. Este
processo aumenta o pH urinário e facilita a fornação de pedras renais. O aumento da
alcalinidade da urina é também tóxico para o epitélio urinário.

São lactose negativos

Certas estirpes partilhas atg específicos com algumas rickettsias

Os pilli de P. mirabilis podem diminuir a sua virulência ao aumentar a fagocitose por


parte das bactérias.

Provocam ainda bacteremias, penumonia, infecções localizadas e infecções nosocomiais

Apresentam crescimento invasor em meios sólidos


Meios que impedem o crescimento invasor:
- sais biliares ou detergente
- menor teor de NaCl (Cled – pobre em electrólitos)
- aumento da concentração de agar

Enterobacter, Citrobacter; Morganella, Serratia


As infecções por estes organismos são raras em indivíduos imunocompetentes, sendo
mais comuns em crianças no eríodo neonatal e em imunodeprimidos.

A terapêutica com antibióticos pode não ser eficaz uma vez que estes organismos são
frequentemente resistentes a múltiplos antibióticos

Diagnóstico laboratorial:

Colheita do produto biológico:


- Urina (no caso de infecções urinárias)
- Fezes (em caso de gastroentrites)
- Hemocultura
- LCR (em caso de meningite)

Técnica de Gram

Exame cultural:
- Crescem bem na maioria dos meios: agár-sangue, agár chocolate, brain-heart, Cled,
triglicolato
- Meios selectivos (sobretudo nas coproculturas): Mac Conkey, agar salmonella-shigella
(SS), gelose de Hektoen (Salmonella e Shigella), gelose de xilose-lisina-desoxicolato
(Salmonella e Shigella) caldo tetrationato (Salmonella), gelose CIN (selectivo para
Yersinia), agar mc Conkey – sorbitol para E. coli 0157:H7
- incubação em atmosfera de aerobiose surante 18h-24h a 35ºC, Yersinia 25-30ºC
durante 48H

Provas bioquímicas:
- Com testes geralmente comercializados (qualquer sistema comercial de identificação
pode ser utilizado para a identificação das Enterobacteriaceae e podem-se obter
resultados dentro de 4 a 24 horas, consoante o sistema utilizado)
- Em alternativa à utilização dos testes comercializados, a maioria das
Enterobacteriácias pode ser identificado presuntivamente utilizando um número
reduzido de substractos

Prova da Fermentação da Glicose

Após incubação, a libertação de compostos ácidos, resultantes da fermentação do


hidrato de carbono, faz descer o pH o que conduz à mudança da cor original do meio,
pois está presente um indicador de pH (reacção positiva). Em alguns casos, a produção
de ácido é acompanhada pela produção de gás (CO2) que é visível, pois o meio líquido
que estava dentro do tubo de Durham é substituído por gás em forma de bolhas.
As culturas que não são capazes de fermentar o hidrato de carbono não conduzem à
mudança de cor do meio nem apresentam produção de gás (reacção negativa).

Prova da redução dos Nitratos:


A redução dos nitratos pode ser determinada semeando-se o microrganismo num caldo
de nitratos. Este meio é um caldo nutritivo suplementado com 0,5% de nitrato de
potássio (KNO3) como fonte de nitratos. Por outro lado, este meio pode ter 0,1% de
agar o que lhe permite ser semi-sólido de modo a impedir a difusão do oxigénio para o
meio e assim favorecer um ambiente anaeróbio necessário para a redução dos nitratos.
Após incubação (24 a 48 h a 37º C), a cultura é examinada para a presença de iões
nitrito no meio. A capacidade do microrganismo para reduzir os nitratos a nitritos é
determinada pela adição de dois reagentes: solução A - ác. sulfanílico e solução B - α-
naftilamina. Os nitritos presentes no meio vão reagir com esses reagentes produzindo
uma mudança de cor imediata para vermelho.

Prova da desaminação da fenilalanina


Esta prova pode ser usada para distinguir bactérias, pois as que produzem a enzima
desaminase da fenilalanina desaminam este aminoácido produzindo ácido fenilpirúvico.
Quando o reagente cloreto de ferro é adicionado ao meio de cultura reage com o ácido
fenilpirúvico, formando um composto verde. Nas culturas em que não ocorrer a
desaminação da fenilalanina não há mudança de cor após a adição do reagente.

Prova da descarboxilação da lisisna


A descarboxilação da lisina pode ser detectada semeando a bactéria num meio de
cultura contendo esse aminoácido, glicose e um indicador de pH (púrpura de
bromocresol). Antes da incubação deve ser colocado óleo mineral no caldo para impedir
o oxigénio de atingir as bactérias e inibir a reacção. Os ácidos produzidos pelas
bactérias a partir da fermentação da glicose vão inicialmente baixar o pH do meio e
causar a mudança de cor do indicador de pH de púrpura para amarelo. O pH ácido
activa então a enzima que causa descarboxilação da lisina a aminas e a subsequente
neutralização do meio que muda de amarelo para púrpura outra vez.

Prova das Oxídases:


A capacidade das bactérias produzirem esta enzima pode ser determinada pela adição do
reagente das oxídases (dihidrocloreto de tetrametil
p-fenilenodiamina). Este reagente de cor rosa age como um substrato artificial,
fornecendo electrões e consequentemente ficando oxidado, tornando-se um composto
escuro (castanho-negro) na presença de oxídase e de oxigénio livre.
Após a adição do reagente o desenvolvimento da coloração rosa depois castanha e
finalmente negra na superfície das colónias é indicativo da produção de citocromo
oxídase e representa uma prova positiva. Se não houver mudança de cor ou se as
colónias apresentarem uma coloração rosa ligeira é indicativo da ausência de actividade
da oxídase e é uma prova negativa.
Prova da Urease:
A presença de urease detecta-se quando o microrganismo cresce num meio com ureia
(meio de ureia de Christensen) que contém também o indicador de pH, vermelho de
fenol. Quando a ureia é desdobrada pela urease, a amónia acumula-se no meio
tornando-o alcalino. Este aumento de pH faz com que o indicador de pH passe de
amarelo a rosa, sendo uma reacção positiva para a presença de urease. A ausência da
coloração rosa indica uma reacção negativa.
No entanto, basta que ocorra o aparecimento de uma zona do meio rosa para se
considerar a reacção positiva; apenas os microrganismos que produzem precocemente
urease têm capacidade para modificar a cor de todo o meio para rosa forte.

Prova de Kligler Iron Agar ou de Triple Sugar Iron Agar


Esta prova é, geralmente, usada para diferenciar os diferentes géneros das
Enterobacteriaceae e para distinguir esta família de outros bacilos Gram negativo de
origem intestinal. Esta diferenciação é feita atendendo às diferenças na fermentação dos
hidratos de carbono presentes no meio e à produção de sulfureto de hidrogénio (H2S).
Tanto o meio agar TSI (triple sugar iron) como o agar Kligler Iron contêm glicose em
pequena concentração (0,1%), lactose em concentração superior (1%), o indicador de
pH, vermelho de fenol, para detectar a produção de ácidos resultantes da fermentação
dos hidratos de carbono, tiossulfato de sódio, substrato para a produção de H2S, e
sulfato de ferro para a detecção desse produto final. A diferença entre estes dois meios
diferenciais é que o TSI possui mais um açúcar, a sacarose, em concentração igual à da
lactose (1%).
Ambos os meios são inoculados por picada, no cilindro e por estria, na rampa. É
essencial que as culturas sejam observadas após 18 a 24 h de incubação para evitar que
os hidratos de carbono sejam completamente utilizados e que ocorra degradação das
peptonas, formando produtos finais alcalinos. É na rampa que se faz a leitura da lactose
e da sacarose, no fundo do cilindro a da glicose e no meio do cilindro a de H2S.

Após incubação podem ser determinadas as actividades fermentativas, a produção de


gás e a produção de H2S, podendo ocorrer vários resultados:
Cilindro ácido (amarelo) e rampa alcalina (vermelha):
Só a glicose foi fermentada. Os microrganismos degradam, preferencialmente, a glicose
em primeiro lugar, mas como este substrato está presente em concentração mínima, a
quantidade de ácido produzida é limitada e é rapidamente oxidada na superfície da
rampa. Por outro lado, as peptonas do meio são também usadas na produção de
substâncias alcalinas. No cilindro, a reacção ácida é mantida devido à tensão reduzida
do oxigénio e ao crescimento mais lento dos microrganismos. O indicador, vermelho de
fenol, muda para amarelo devido à persistência da formação de ácido no cilindro.
Cilindro ácido (amarelo) e rampa ácida (amarela):
Ocorreu a fermentação da lactose e/ou da sacarose, para além da glicose. Como as duas
primeiras substâncias estão presentes em altas concentrações são substratos para a
actividade fermentativa contínua com manutenção da reacção ácida (cor amarela) em
todo o meio (rampa e cilindro).
Produção de gás:
Nota-se pela ocorrência de fracturas no meio de cultura.
Produção de H2S:
Ocorre enegrecimento, principalmente na zona intermédia do cilindro. Isto deve-se ao
facto do microrganismo em estudo ser capaz de produzir sulfureto de hidrogénio (H2S),
que se conjuga com um composto de ferro existente no meio, dando origem a sulfureto
de ferro que, sendo insolúvel, precipita.
Cilindro alcalino (vermelho) e rampa alcalina (vermelha) ou inalterado (tijolo):
Não ocorreu fermentação dos hidratos de carbono presentes no meio, nem produção de
gás ou de H2S. As peptonas do meio podem ser catabolizadas sob condições anaeróbias
e/ou aeróbias, resultando num pH alcalino devido à produção de amónia. Se só ocorrer
degradação aeróbia das peptonas, a reacção alcalina só é evidenciada na superfície da
rampa. Se houver degradação aeróbia e anaeróbia das peptonas, a reacção alcalina é
visível em todo o meio.

Provas de sensibilidade aos antimicrobianos:


- Como todos os Gram- apresentam maior resistência à penicilina, sendo mais sensíveis
às quinolonas e às estreptomicinas
- Enterobacter, Citrobacter; Morganella, Serratia apresentam resistência a vários
antibióticos

Serodiagnóstico:
- Identificação antigénica (atg O, atg K ou Vi, atg H)
- R. de Widal

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