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Análise do Manual: Lagune 1 – parte II

Didáctica do Alemão I
Análise aprofundada dos temas: “vocabulário”, “pronúncia”,
“gramática” e “compreensão oral e escrita”.
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Maria Miguel Vidreiro da Rocha, nº 20092326
25-01-2010
Análise do Manual: Lagune 1 – parte II
Didáctica do Alemão I

ÍNDICE

Índice............................................................................................................................................ 2

Introdução .................................................................................................................................... 3

Vocabulário .................................................................................................................................. 4

O vocabulário no Lagune 1 ....................................................................................................... 4

Pronúncia ..................................................................................................................................... 8

A pronúncia no Lagune 1 .......................................................................................................... 8

Gramática ................................................................................................................................... 12

A gramática no Lagune 1 ........................................................................................................ 12

Compreensão ............................................................................................................................. 15

Compreensão Escrita no Lagune 1.......................................................................................... 15

Compreensão Oral no Lagune 1 ............................................................................................. 18

Conclusão ................................................................................................................................... 20

Bibliografia ................................................................................................................................. 21

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Análise do Manual: Lagune 1 – parte II
Didáctica do Alemão I

INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como finalidade analisar de modo mais aprofundado o tratamento do
vocabulário, da pronúncia, da gramática e da compreensão ao longo do manual Lagune 1.

Recorrendo a textos e a conhecimentos abordados no decorrer do semestre, os aspectos


respectivos a cada tema serão abordados na forma como foram utilizados ou não, na
variedade e na consistência que oferecem ao desenvolvimento linguístico do aprendente,
respeitando quer o processamento de informação por parte da memória (a nível cerebral)
quer as necessidades e interesses do próprio aprendente.

Cada tema abre com um resumo dos pontos essenciais para um bom aperfeiçoamento da
competência em questão. No momento a seguir, decorre a análise do tratamento nos manuais
em foco, com exemplos específicos e algumas imagens.

Devido ao uso extremamente frequente de citação das páginas dos três manuais, recorro às
seguintes iniciais para me referir a cada um deles: KB – Kursbuch; AB – Arbeitsbuch; e LB –
Lehrerhandbuch.

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VOCABULÁRIO
Quando se trabalha o tema de vocabulário deve-se considerar, entre outros, os seguintes
aspectos: as associações de natureza pessoal, cultural e lógica para facilitar a memorização; o
aproveitamento do vocabulário para a sensibilização das diferenças culturais, como é o caso
do pão, da água, do café, etc; as explicações, as ligações a conhecimentos prévios e o uso de
objectos, imagens, sons, gestos; a sistematização e consolidação de vocabulário pelo uso de
exercícios e jogos; a inserção de palavras novas em contexto; a valorização da actividade do
aluno e o tratamento diferenciado de palavras, através da dedução e da “Vorentlastung”; e,
finalmente, o registo de vocabulário, seja no quadro, seja no caderno diário ou em cartões.

O VOCABULÁRIO NO LAGUNE 1

No manual Lagune 1, o tratamento de vocabulário é transversal a todos os temas, ou melhor, a


todas as cinco secções do Kursbuch. Isto quer dizer que não existe uma secção exclusiva para o
vocabulário e que, portanto, os exercícios relativos a este conteúdo estão inseridos nas
diferentes competências ou Fokus: Struktur, Lesen, Hören, Sprechen e Schreiben.

No Kursbuch, as palavras novas são concordantes com o tema em que se inserem e são
introduzidas maioritariamente pelo recurso a imagens (ver KB pp. 45 e 56, por exemplo). O

facto de estarem inseridas num contexto específico, permite que os aprendentes criem o
hábito de tirar o significado da palavra a partir desse contexto, limitando o recurso excessivo
ao dicionário, tão habitual nos aprendentes de línguas estrangeiras. Nesta última metodologia,
é sugerido ao professor que introduza vocabulário através da sua contextualização no quadro
(ver LB p. 44, ex:7.2 e p.45, ex:8.4, por exemplo).

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Não obstante, existem imagens não muito claras de significado no Kursbuch (KB p. 75). Veja-se
a imagem em baixo, onde “Rasieraparat” não está muito clara, assim como “Kreditkarte” e
“Wörterbuch”, por exemplo.

Existem outros exemplos de explicitação de vocabulário, nomeadamente com o uso de


objectos. Para explicar os determinantes possessivos sugere-se ao professor que utilize
objectos e gestos (LB p. 31, ex:5.4). Na lição 5, no exercício 4, pede-se ao professor para levar
os objectos que forem possíveis para a sala de aula (LB 42, ex:4.1) de forma a usá-los para
ensinar os significados.

Encontram-se ainda exemplos de suporte da dedução do aprendente pela formação de


palavras (LB p.29, ex:2.3; p. 48, ex:2.4; KB p.16) e pelo uso de hiperónimos e hipónimos para
explicar cada membro da família pela árvore genealógica (LB p.40, ex:9a4). Quando no início se
chama a atenção para os internacionalismos, está-se a activar os conhecimentos prévios.

O vocabulário é usado ainda para apresentar diferenças culturais entre os países de língua
alemã, como por exemplo no modo como se brinda (LB p. 59). Porém, poderia explorar as

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particularidades tão próprias da Alemanha que já foram mencionadas na introdução deste


ponto do vocabulário (o pão, a água, por exemplo).

Apresentam exercícios lúdicos com recurso a imagens (KB p.25; LB p.20) e a objectos (LB p.43,
ex:5z). O uso do dicionário apenas aparece mais adiante no manual, na lição 25, para descobrir
o significado de palavras num site de internet (KB p. 120).

Dado que o vocabulário receptivo não precisa ser treinado, no manual de actividades –
Arbeitsbuch – os exercícios propostos voltam a usar imagens e associações para consolidação
de vocabulário activo (por exemplo na página p.56, ex:5 do AB associam-se palavras do mesmo
tipo: bebidas, comida e pessoas).

Todavia, as associações estão apenas no nível lógico, privando o aprendente de tecer


associações de nível pessoal e cultural. Níveis estes com muito peso para a retenção da
informação na memória.

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Ainda no Arbeitsbuch, na última página do final de cada lição, é oferecida ao aprendente uma
lista de vocabulário que deve dominar. Este vocabulário consiste em substantivos, verbos,
outras palavras relativas a temas específicos, expressões, etc. (AB p. 60). Pode acontecer que
nem todo o vocabulário se encontre nesta lista, neste caso significa que não é nessa lição que
ele deve ser dominado. Tendo em conta que o uso do mesmo vocabulário é repetido ao longo
do Kursbuch e Arbeitsbuch (por exemplo, KB p. 40, na imagem existe vocabulário já abordado:
Uhr, Auto…), entende-se que apenas se mencione o vocabulário focado, até por questões de
economia do trabalho do aprendente. Na mesma lista de vocabulário está presente os
equivalentes usados na Suíça e na Áustria (AB pp. 49, 88, 119, 153, 168, 201, 209).

O registo do vocabulário, mais especificamente no quadro, está indicado através de imagens


ao longo do Lehrerhandbuch. Isto significa que o tratamento de vocabulário passa pela sua
explicação (“Semantisierung”), pela audição e produção oral, e pelo registo no quadro. No
entanto, o manual carece de indicações relativas ao registo escrito nos cadernos diários dos
aprendentes ou, por exemplo, o uso de cartões/ fichas de leitura e notas à margem por conta
própria (Parreren: 1996, p. 108).

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PRONÚNCIA
No que diz respeito ao tratamento da pronúncia e da fluência oral, deve-se ter em conta com
que meios, e se variados, se desenvolve as competências produtivas, neste caso a fala. A
presença da análise contrastiva, a atenção às dificuldades na correspondência entre som e
grafema, o treino e a aprendizagem do ouvido, e a automatização e o cuidado com as
transferências de automatismos são outros aspectos importantes para garantir o
desenvolvimento e o treino efectivo da respectiva competência do aprendente. Por estes
motivos, a preparação do professor enquanto modelo e principal fornecedor de input dos seus
aprendentes reveste-se de importância significativa e, neste sentido, deve existir sensibilização
e preparação do docente.

A PRONÚNCIA NO LAGUNE 1

No Lagune 1 existem 6 lições do Fokus Sprechen, isto é, respectivas ao domínio da fala.


Embora a fala em si atravesse todas as outras lições das outras competências é neste
compartimento que serão analisados aspectos como a entoação frásica, a acentuação tónica, a
fluência, sons mais difíceis, etc.

No Lagune 1, os diálogos e os padrões de conversação são um ponto central para o


desenvolvimento da competência e o seu uso no dia-a-dia. Cada uma das lições tem diálogos
exemplares para os aprendentes repetirem e/ou variarem. No entanto, também se dá a
prática de letras isoladas, como no caso do alfabeto (KB p.20) e de palavras isoladas, como no
caso de números (KB p.22). O aprendente tem à sua disposição, através do uso do CD, um
meio para o treino da fala independente da sala de aula, implicando, provavelmente, que
parte da automatização é da sua responsabilidade.

Numa tentativa de evitar que haja interferências entre som e grafema, os autores aconselham
no manual do professor a seguirem esta metodologia: primeiro os aprendentes ouvem e
repetem para se habituarem ao som e só depois se apresenta a forma escrita. Uma vez que o
alemão tem mais coerência interna da língua está é uma forma de minorar os tais problemas
de possíveis interferências entre o som e o grafema e, assim, facilitar a aprendizagem de
vocabulário (LB 11).

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Regra geral, as lições do Sprechen consistem no padrão de “ouvir e repetir”, sendo poucos os
exercícios que não consistem na repetição de padrões. A dificuldade dos exercícios vai
aumentando de uma forma mais simples para um maior envolvimento de acções cognitivas
por parte dos alunos (KB p.44, ex:1-3, onde se começa por ouvir e repetir, envolvendo no
último exercício a construção frásica).

Como supra citado, existe a prática de combinações sonoras mais difíceis (KB p.68, ex:4), o
treino de vogais curtas e longas em duas lições (KB p.21, ex:3; p.68, ex:1), da entoação frásica
(KB p. 69, ex:5 e 6; p.22, ex:6) e das acentuações tónicas (KB p. 92, ex:1). No treino destas
particularidades da língua alemã, a repetição deve ser efectuada tantas vezes quantas
necessárias para os alunos se sentirem seguros e estarem sensibilizados para aspectos novos
em relação aos da sua própria língua materna. Por sua vez, a repetição em coro é aconselhada
por parte dos autores pelo papel importante que desempenha: baixa as defesas e os medos,
oferece uma oportunidade para todos falarem alto impregnando nova energia à aula, ao
mesmo tempo que experimentam a sua voz e consolidam o seu à-vontade na sala de aula (LB
p.12).

Com o objectivo de facilitar a repetição de falas, a entoação e a pronúncia, num tom cómico
recorre-se a rimas (KB p. 94, ex:7). No entanto, algumas destas frases não fazem qualquer
sentido nem comportam qualquer significado, sendo inutilizáveis no quotidiano. Veja-se o
exemplo da lição 9, página 44 (ex:2).

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Relativamente ao quotidiano, as lições de Sprechen contêm padrões de conversação para


diversos âmbitos do dia-a-dia, como por exemplo: apresentação (KB p.21), família (KB p.23),
comida (KB p.45), origem (KB p.47), pedidos (KB p.69), e direcções (KB p.118).

Quanto à organização e sequenciação dos exercícios de pronúncia, o manual possui na


primeira lição de Sprechen (nº4) a prática do alfabeto e na segunda lição, que corresponde ao
número 9 do Kursbuch, a prática dos sons sibilantes. Na terceira lição (nº14) oferece quatro
elementos: vogais curtas e longas, “st”-“sp”, “ü”-“y” e acentuação frásica. Na lição seguinte
(nº19) debruça-se sobre a acentuação tónica das palavras em alemão e no som “ch”, para na
quinta lição (nº24) não focar nenhum aspecto em particular. Para finalizar, na sexta e última
lição (nº29) volta a trabalhar as vogais longas e curtas.

O tratamento da pronúncia das mesmas lições no Arbeitscbuch inclui os mesmos aspectos que
o Kursbuch, em um ou mais exercícios mas não todos, à excepção das últimas duas lições (24 e
29, respectivamente), onde nenhum aspecto de pronúncia é trabalhado. Ademais, os
exercícios consistem na prática escrita e não oral, talvez por não poder ser controlada por
parte do professor. O facto é que o treino é pouco e muito dependente da actividade do
aprendente fora da aula, tendo em conta que se trata de um nível elementar e que a
automatização é fulcral para alicerçar a fluência, a precisão na pronúncia e, claro, a
sensibilização auditiva que auxilia a compreensão.

O papel do professor enquanto modelo primordial dos aprendentes está assegurado no


Lehrerhandbuch com “Tipps” que ajudam a ensinar a pronunciar sons mais invulgares. Na lição
nº 4 do Fokus Sprechen, no exercício 3, o professor tem à sua disposição auxílio para as
possíveis dificuldades com os tremas.

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No site www.hueber.de/lagune, o aprendente pode encontrar exercícios complementares que


o ajudarão na sensibilização e treino do ouvido em todas as unidades de Sprechen menos
numa, em que se treina o diálogo ao tentar ordená-lo. O professor tem à sua disposição a lista
do vocabulário no final de cada lição do manual de actividades, em formato PDF, com a
acentuação tónica para garantir uma boa modelagem fonética.

Penso que poderiam ser abordados muitos mais aspectos que são distintos na língua alemã,
como a neutralização de oclusiva vozeadas e não vozeadas no final das palavras, o exercício da
glote para aprender a pronunciar palavras compostas, e muitas mais vogais e consoantes do
que as apresentadas. Outra forma de enriquecimento seria o contraste com a língua materna
ou outras línguas já aprendidas.

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GRAMÁTICA
A gramática, muitas vezes temida e evitada pelos alunos, tem sido um dos pontos
fundamentais de alterações de abordagens para procurar o seu uso mais efectivo e produtivo,
sempre evitando fazer os mesmos erros de abordagens precedentes, onde em vez de se
facilitar, muitas vezes se restringia a fluência e articulação linguística em situações reais.

Tendo isto em consideração, e de acordo com o que foi leccionado no semestre, os aspectos
que devem estar presentes são: o uso do conhecimento explícito e a sua transformação em
conhecimento implícito; a subordinação da gramática ao tema mas sem a tornar dispensável,
ou seja, a sua contextualização; a profundidade e progressão gramatical, que deve partir do
mais frequente/útil e fácil para o mais complexo, e a forma de abordagem; a sua apresentação
a partir do uso da língua, quer no processamento indutivo ou dedutivo, quer na gramática
contrastiva (implícita/explicita), quer na gramática receptiva que apenas se aplica a nível
compreensivo, como seja a descodificação através da formação de palavras, da leitura de
palavras compostas, do Konjuntiv I e do Präteritum, para um aumento do vocabulário
potencial do aprendente; qual a posição e como é usada, por exemplo, a repetição deve
proceder a consciencialização; a automatização, que deve começar pelo treino de cada parte
em separado para depois treinar tudo junto; o uso de explicações não verbais, de esquemas,
mnemónicas e analogias; e finalmente, a revisão e sistematização gramatical.

Todos estes itens são importantes para evitar que os aprendentes formem “anticorpos”
relativamente ao ensino-aprendizagem da gramática. Convém aproveitar todos os
acontecimentos que já se possuem doutras línguas, no caso de Portugal, o inglês em especial,
para tornar o processo mais fácil.

A GRAMÁTICA NO LAGUNE 1

A gramática no Lagune 1, tal como o vocabulário, é transversal a todas as lições e


competências. Desta forma, a gramática não está explicitamente introduzida nos manuais
utilizados. Os próprios autores afirmam, no livro do manual do professor, desistir das
terminologias gramaticais. Contudo, no manual do professor, os procedimentos e explicações
são e estão explícitos (LB pp. 19-20: “Artikel- und Genuslernen” ou ainda pp. 30-31, ex:5).

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A gramática do Lagune 1 segue o Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas e


apresenta os elementos gramaticais de forma indutiva. Os exercícios aparecem sempre antes
dos esquemas/quadros onde os fenómenos são apresentados. Estes fenómenos aparecem
sempre em fundos de azul (KB p.14). Simultaneamente os mesmos quadros/esquemas ajudam
a realização dos exercícios onde estão inseridos.

A gramática está submetida às intenções comunicativas, parecendo diluir-se nos exercícios. É


provável que o aprendente nem se aperceba imediatamente da sua presença e ele próprio
precisa dela para realizar os exercícios, portanto, no meu entender, esta estruturação da
gramática previne as tais reacções habituais de “alergia” à gramática.

No manual de actividades e ao longo de vários exercícios, a gramática de cada lição é revista,


automatizada, sistematizada e aprofundada de acordo com a lição correspondente no manual
do curso (AB p. 150, ex: 10-12). Como se pode verificar no exercício ilustrado, os elementos
são explorados em separado para auxiliar uma automatização efectiva.

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No final de cada lição do manual de actividades, antes da última página com a lista de
vocabulário, existe uma página dedicada à gramática trabalhada. Nestas páginas, a informação
está disposta à simplificação da memorização, como por exemplo nas formas e tempos verbais
(AB pp. 216-217).

A progressão gramatical do Lagune 1 está referida no índice do manual de curso, nas páginas
4, 5 e 6. Começam por tópicos mais simples e de maior necessidade/frequência, como os
artigos definidos e indefinidos, terminando com outros mais complexos, como as
Wechselpräpositionen e o Perfekt.

No Lagune 1 não existe exercícios relativos ao emprego da gramática contrastiva, embora aqui
e ali, seja sugerido ao professor. Os tópicos da gramática receptiva estão presentes, e são
mencionados noutros pontos do trabalho. Também não existe qualquer menção ao uso de
mnemónicas. No que diz respeito a analogias, estas são usadas pelo professor para ensinar,
por exemplo, os Negativartikel (LB p.30, ex:3.7)

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COMPREENSÃO
No desenvolvimento de competências relacionadas com a compreensão, seja escrita seja oral,
a ordem dos exercícios e o seu conteúdo devem respeitar a forma como se processa a
informação: o processamento ascendente e o processamento descendente. Desta forma as
actividades e o ensino em si devem auxiliar o processamento ascendente e estimular o
processamento descendente através da activação de esquemas cognitivos.

Por sua vez, a selecção e o tratamento de texto inclui: a sua autenticidade; a relação com as
experiências dos alunos com um nível de exigência temática adequada; o equilíbrio entre
elementos novos e já conhecidos com um grau de dificuldade linguística acessível; os apoios à
compreensão (enquadramento temático/contexto, títulos e subtítulos, imagens, gráficos,
esquemas, sinais tipográficos, etc.); a “Vorentlastung”, com utilização e activação dos
conhecimentos prévios (antecipação e descodificação), com apresentação de conceitos-chave
e com delimitação antecipada dos objectivos através de tarefas adequadas ao tipo de texto
(respectivamente, leituras diferenciadas: global, selectiva e detalhada); a promoção da
autonomia do aluno; e, por fim, o desenvolvimento sistemático da competência.

Com todos os aspectos mencionados, a intenção primordial é que o aprendente descubra e


seja alertado para a desnecessidade de compreender minuciosamente cada palavra do texto
escrito e do texto oral – o aluno deve-se focar nos pormenores que precisa para compreender
e realizar as tarefas que lhe são propostas. Na vida real, dependendo da situação em que nos
encontramos, podemos ou não precisar de perceber tudo exaustivamente. Quando lemos um
jornal com certeza não precisamos, mas quando temos de assinar um contracto convém que
se conheça em profundidade aquilo que o mesmo contém.

COMPREENSÃO ESCRITA NO LAGUNE 1

A competência escrita – escrever – constitui as lições denominadas de Fokus Lesen e incluem


vários tipos de texto. Os textos variam entre cartas/e-mails (KB p. 15, 75, 121, 145), postais (KB
p. 27), publicidade (KB p.40), artigos (KB p.39, 63 111, 135), cartas de candidatura (KB p.51),
poema (KB p.87), recados (KB p.98), menu (KB p.141). Além destes, após cada tema existe um
texto humorístico (“Augenzwinkern”). São textos que frequentemente estão relacionados com
as experiências dos alunos.

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Ao mesmo tempo, o treino da leitura é combinado com diversas competências. Existem


exercícios de escrita (KB p. 38, ex:9), exercícios de audição (KB p. 14, ex:5), exercícios de
gramática (KB p. 61, ex:5) e exercícios de fala (KB p.62, ex:10). Subentende-se que o
vocabulário está presente em cada um deles.

Tendo como base a lição 22, a estrutura das lições Fokus Lesen consiste basicamente em
analisar e trabalhar primeiro algumas imagens que já vão introduzindo o tema do texto que vai
aparecer na última página da lição. Posteriormente, os exercícios focam aspectos gramaticais e
exercícios auditivos que prolongam o tema iniciado. No último par de páginas, os exercícios já
se dirigem especificamente ao texto em estudo.

As primeiras actividades são introdutórias (“Vorentlastung”) e realizam-se antes da leitura em


si, depois existem duas actividades com leituras diferenciadas (para exercício 5 a leitura global
e para o exercício 6 a leitura selectiva) que se estendem durante o processo de leitura. E,
finalmente, o último exercício apresentado já é para depois da leitura. Desta forma, no Fokus
Lesen, são oferecidas actividades para antes, durante e depois da leitura.

A “Vorentlastung” é assegurada também pelas indicações que existem no manual de professor


para cada exercício, servindo a introdução de vocabulário, de gramática e de tema. Na lição 27,
no exercício 4, por exemplo, o manual do professor inclui alguma informação a ser transmitida
antes da leitura do texto. Adicionalmente, logo nas primeiras páginas de introdução do manual
do professor é mencionado que a ordem dos exercícios não deve ser alterada precisamente
para não estragar o trabalho prévio ao texto das actividades precedentes. Ainda no manual do
professor as tarefas de leitura diferenciada estão clarificadas (um exemplo: LB p.131, ex:6.0).

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Ainda com a mesma lição como exemplo, a actividade sugerida para depois da leitura, isto é, a
formulação de perguntas por parte dos aprendentes sobre o texto que acabaram de ler,
fomenta a actividade cognitiva – a compreensão - através de processos de acomodação
(Huneke: 1996, p.205) sendo um aspecto muito positivo incluído neste livro. Outro exemplo
está na página 134, no exercício 7. Este tipo de actividades promovem a autonomia dos
alunos.

No manual de actividades, os exercícios adicionais ocupam-se de forma mais intensiva com o


texto, por exemplo na página 148, exercício 7 ou na página 188, do exercício 10 ao 12.

Neste manual os alunos podem fazer um uso mais autónomo da sua aprendizagem, uma vez
que possuem soluções dos exercícios no final do manual.

O desenvolvimento sistemático da competência está bem conseguido, pela crescente


complexificação das tarefas e dos textos e o auxílio das tarefas no manual de actividades. Os
apoios à compreensão e o equilíbrio entre elementos novos e conhecidos também estão bem
sucedidos. Todavia, o tipo de exercícios no manual de curso não varia muito…

No site da internet, apenas uma das lições (nº17) contém a interpretação de texto directa…

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COMPREENSÃO ORAL NO LAGUNE 1

Nos vários Fokus Hören são usados textos como anúncios, emissões de rádio, conversas
telefónicas, notícias e entrevistas. São tipos de textos que pertencem ao quotidiano e às
necessidades de qualquer pessoa e daí a sua relevância. Cada lição contém em si vários textos
para realizar tarefas.

À semelhança da compreensão escrita, o treino da competência auditiva é combinado com


outras competências, nomeadamente ler (KB p. 138, ex:5), gramática (KB p. 113, ex:6) e falar
(KB p.89, ex:3). Os apoios à compreensão também são semelhantes aos da compreensão
escrita e, por isso, bem conseguidos.

No tratamento da “Vorentlastung” utiliza-se a antecipação (LB p. 85, ex: 3.1 e KB p. 88, ex: 1a),
a descodificação, por exemplo pela formação das palavras (LB p.29, ex: 2 “variante”) e a
delimitação antecipada de tarefas de audição diferenciada (KB p.64, ex:2). O trabalho prévio
ao texto inclui uma conversa sobre as fotos ou imagens, a clarificação dos exercícios e a
introdução dos pontos-chave (KB p. 138, ex: 5 e LB p. 160, ex:5), de forma a suscitar a
curiosidade.

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Os textos orais são aproveitados para o desenvolvimento da fluência pelo aproveitamento da


ocasião para uma discussão (LB p.64, ex: 9. e KB p. 88, ex: 1b e 2b). Além disso, a
automatização e a autonomia são ainda sustentadas por actividades do género role-play (KB
p.17, ex:4; p. 89, ex:3b; KB p.113, ex:7) e pela prática e desenvolvimento através de modelos
(KB p. 113, ex:6 e AB p.196, por exemplo). Este tipo de exercícios existe em todas as lições
Fokus Hören, havendo uma progressiva complexidade ao longo do manual.

Lamentavelmente, e ao contrário do que consta no manual de professor, a transcrição dos


textos orais não está incluída no final do manual do professor. Assim sendo, não é possível
analisar a progressão e o desenvolvimento sistemático da competência, assim como o grau de
dificuldade, muito mais do que o que se retira dos exercícios.

No que diz respeito ao manual de actividades, uma vez que os exercícios se efectuam depois
da audição, não existe tanto o treino desta competência, mas de aspectos abordados e
relacionados com o que foi trabalhado na sala de aula.

Assim como para a compreensão escrita, no site www.hueber.de/lagune apenas uma das
lições contém texto oral (lição nº8). O site poderia ter sido aproveitado para abreviar as
dificuldades em ter textos orais em papel, como no livro de actividades.

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CONCLUSÃO
A realização deste trabalho escrito permitiu perceber que no conjunto dos manuais de Lagune
1, existem aspectos positivos e negativos na sua elaboração. Um dos mais notáveis aspectos
positivos, a meu ver, é o treino da realização de perguntas individuais em relação a um texto
apresentado. Nesta linha, a compreensão escrita constitui uma das competências melhor
estruturada dos manuais.

Por sua vez, a gramática está eficazmente colocada e distribuída ao longo das lições e de
acordo com as competências, embora se perca boas oportunidades em carecer da presença de
uma análise contrastiva.

No lado menos forte, a pronúncia e a compreensão oral são as menos treinadas do tempo
posterior à aula. Poder-se-ia ter recorrido ao CD e também da Internet para dedicar e garantir
mais tempo e actividades nesse sentido. Na pronúncia, e em relação com o universo fonético
alemão, são muito poucas as particularidades linguísticas abordadas.

É lamentável o facto de não fornecerem estratégias de aprendizagem directamente aos


aprendentes no manual de curso. Trata-se de um recurso preciosíssimo para a profundidade e
exactidão da aprendizagem actual e futura.

Paralelamente, nem tudo o que é referido no manual do professor como oferta do manual
está patente no decorrer dos exercícios. Supõe-se que este trabalho depende unicamente do
desempenho e empenho do próprio professor.

Ficam, assim, muitos aspectos por explorar…

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Análise do Manual: Lagune 1 – parte II
Didáctica do Alemão I

BIBLIOGRAFIA
AUFDERSTRASSE, H.; MÜLLER, J.; STORZ, T. (2006). Lagune 1 – Kursbuch, Deutsch als
Fremdsprache. 1ª Edição, Max Hueber Verlag, Ismaning, Deutschland.

AUFDERSTRASSE, H.; MÜLLER, J.; STORZ, T. (2006). Lagune 1 – Arbeitsbuch, Deutsch als
Fremdsprache. 1ª Edição, Max Hueber Verlag, Ismaning, Deutschland.

BREITSAMETER, A.; AUFDERSTRASSE, M. M. (2007). Lagune 1 – Lehrerhandbuch, Deutsch als


Fremdsprache. 1ª Edição, Hueber Verlag, Ismaning, Deutschland.

HUNEKE, Hans-Werner (1996). “Ler e entender: a compreensão escrita no ensino das línguas
estrangeiras.” In: Aprender e/a ensinar Alemão. Contributos para a formação inicial de
professores de Alemão em Portugal. (Coord.: Judite Carecho e Hans-Werner Huneke). Coimbra,
FLUC, pp. 195-210.

SCHOUTEN-VAN PARREREN, Caroline (1996): “A aquisição de vocabulario do ponto de vista da


aprendizagem e da memória: contra o esquecimento.” In: Aprender e/a ensinar Alemão.
Contributos para a formação inicial de professores de Alemão em Portugal (Coord.: Judite
Carecho e Hans-Werner Huneke). Coimbra, FLUC, pp. 101-113.

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Análise do Manual: Lagune 1 – parte II
Didáctica do Alemão I

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