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PROGRAMA DE ACESSIBILIDADE UNIVERSAL E

REQUALIFICACAO AMBIENTAL
CONVENTO DA PENHA

ALBERTO FREDERICO SALUME COSTA


CÉLIDA ROCHA SALUME

VITÓRIA-ES
FEVEREIRO DE 2010
SUMÁRIO

SUMÁRIO .......................................................................................................... 1

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 2

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 3

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4

ACESSIBILIDADE EM LOCAIS PÚBLICOS..................................................... 8

ACESSIBILIDADE NO CONVENTO DA PENHA.............................................. 9

CONCLUSÃO .................................................................................................. 10

REFERÊNCIAS................................................................................................ 11

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Parque Municipal da Gruta da Onça: detalhe para os degraus


desnivelados que compõem os acessos ao local. Fonte: Prefeitura de Vitória 5
Figura 2 - Igreja do Carmo: detalhe para a imensa escadaria na entrada do
edifício. Fonte: SEFAZ-ES 6
Figura 3 - Museu Solar Monjardim: detalhe para o acesso ao Casarão. Fonte:
Gazeta Online 6
Figura 4 - Ladeira da Penitência - Convento da Penha: detalhe para ladeira de
elevada inclinação e para o piso irregular. Fonte: Fransciscanos 7
Figura 5- Convento da Penha: detalhe para a localização na parte mais alta do
Rochedo. Fonte: Guia Vila Velha 9
Figura 6 - Convento da Penha: detalhe para as escadas. Fonte: Turismo
Capixaba 10

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APRESENTAÇÃO

Alberto Frederico Salume Costa é estudante do 7º período do Curso Técnico


Integrado em Infra-Estrutura de Vias de Transporte e Estradas do Instituto
Federal do Espírito Santo, tem 18 anos e é filho de Célida Rocha Salume.

Célida Rocha Salume é deficiente física e se locomove por cadeira de rodas,


servidora pública estadual, tem 47 anos e é militante dos direitos da pessoa
deficiente há mais de 30 anos, tendo participado da fundação de organizações
sociais e fóruns setoriais de defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

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Introdução

A acessibilidade em locais públicos sempre foi um problema para


deficientes físicos, principalmente para cadeirantes, porém afeta a todos, até
mesmo quem não possui dificuldades de locomoção. O direito de ir e vir e à
livre locomoção são cláusula pétrea da Constituição Federal, sendo, portanto,
direito fundamental das pessoas. E hoje há importantes projetos nos três
âmbitos de Governo na área de acessibilidade e mobilidade urbana, que ainda
necessitam de maior fiscalização por parte dos agentes públicos. Mas nem
sempre foi assim.
As questões de acessibilidade no Brasil ganharam maior visibilidade a
partir da década de 1980 devido ao surgimento dos movimentos de defesa dos
direitos da pessoa com deficiência (Santos, Anais do II Seminário ATIID, 2003).
Um dos exemplos desses movimentos sociais surgidos nessa época no Estado
do Espírito Santo está a Associação Capixaba de Pessoas com Deficiência
(ACPD), fundada em 1981 por Cláudio Vereza, Célida Rocha Salume e outros
militantes, que foi pioneira na defesa dos direitos do deficiente no Estado.
Apesar de a ACPD ter sido extinta em 2006, sua atitude pioneira conscientizou
políticos, gestores públicos e sociedade civil em geral dos direitos
fundamentais dos deficientes.
Diante dessas mobilizações, a Constituição de 1988 garantia o direito
fundamental de ir e vir e dava guarida aos dispositivos de acessibilidade nas
edificações e transportes, o que foi repetido nas constituições estaduais e nas
leis municipais.
Gildo Magalhães dos Santos em Anais do II Seminário ATIID, salienta
que a partir dessa época, a Justiça deu ganho de causa aos deficientes que
reclamaram o direito de utilizar o transporte público e acessar edificações
públicas e privadas. Então, equipes técnicas de instituições governamentais
passaram a produzir as primeiras normas técnicas de acessibilidade,
culminando na criação do Comitê Brasileiro de Acessibilidade (CB-40) da
Associação Brasileira de Normas Técnicas, no ano 2000.
Outro avanço foi o decreto nº 5.296 de 02 de dezembro de 2004, que
regulamenta as leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade

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de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de
2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida.
Desse modo, as novas construções ou as antigas que passam por
reformas são obrigadas a fazer ajustes em sua estrutura a fim de eliminar
qualquer barreira arquitetônica que impeça o livre acesso de pessoas
deficientes ou com mobilidade reduzida.
Porém, alguns locais, como reservas e parques naturais, não são
adequados ao acesso de deficientes, o que os priva de desfrutarem do lazer e
da diversão proporcionadas por esses ambientes. A seguir, foto de parte dos
acessos do Parque da Gruta da Onça, em Vitória.

Figura 1 - Parque Municipal da Gruta da Onça: detalhe para os degraus desnivelados que
compõem os acessos ao local. Fonte: Prefeitura de Vitória

Algo parecido acontece com alguns prédios históricos tombados pelo


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e outros bens
artísticos e históricos, que refletem a identidade, a cultura e as raízes do povo,
do qual todos fazem parte, incluindo as pessoas com deficiência.

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Exemplos de edifícios históricos com barreiras arquitetônicas são
mostrados a seguir. O primeiro é a Igreja do Carmo, em Vitória, e o segundo é
o Museu Solar Monjardim, também na Capital do Estado:

Figura 2 - Igreja do Carmo: detalhe para a imensa escadaria na entrada do edifício.


Fonte: SEFAZ-ES

Figura 3 - Museu Solar Monjardim: detalhe para o acesso ao Casarão. Fonte: Gazeta
Online

Para permitir acesso aos prédios históricos, o IPHAN lançou a Instrução


Normativa nº 01 de 25 de novembro de 2003, que visa “estabelecer diretrizes,
critérios e recomendações para a promoção das devidas condições de
acessibilidade aos bens culturais imóveis especificados nesta Instrução
Normativa, a fim de equiparar as oportunidades de fruição destes bens pelo

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conjunto da sociedade, em especial pelas pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida” (IPHAN, 2003).
Um desses prédios históricos é o Convento da Penha, que será
abordado mais a frente, como sugestão ao IPHAN e à empresa ArquiStudio,
nos termos do roteiro do Programa de Acessibilidade Universal e
Requalificação Ambiental.
Abaixo, detalhe da Ladeira da Penitência, que é uma via de acesso ao
Convento da Penha, exclusiva para pedestres, que é, inclusive, de difícil
acesso até mesmo para pessoas que não têm redução de mobilidade.

Figura 4 - Ladeira da Penitência - Convento da Penha: detalhe para ladeira de elevada


inclinação e para o piso irregular. Fonte: Fransciscanos

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Acessibilidade em locais públicos

Os estabelecimentos comerciais e públicos, em grande parte dos casos,


não possuem acesso adequado, com exceção às edificações novas ou as que
passaram por reformas recentemente, que estão obrigadas a atender às
normas técnicas de acessibilidade, nos termos do Decreto nº 5.296 de 2004 e
demais leis.
Apesar de a Constituição estabelecer o direito fundamental de ir e vir
desde 1988, são relativamente recentes os projetos efetivos para garantir a
acessibilidade em locais públicos e edificações. A Prefeitura de Vitória iniciou o
Projeto Calçada Cidadã que tem por objetivo a adequação das orlas e
canteiros da cidade por parte da Municipalidade e a conscientização dos
proprietários e fiscalização da situação das calçadas dos imóveis particulares,
se elas atendem às normas técnicas de acessibilidade. Como dito
anteriormente, as edificações novas e as reformadas são obrigadas a atender
às normas e a fiscalização também é de responsabilidade da Prefeitura. De
modo geral, as novas calçadas atendem aos padrões, salvo algumas
edificações que não atendem totalmente o que é exigido e fazem calçadas com
materiais e sinalizações errados. Porém, calçadas irregulares ainda são
maioria na Capital, além disso, nem todas as praças públicas, orlas e canteiros
estão adequados às normas.
A fiscalização das novas construções também é de competência do
poder público, pois elas devem atender às normas, principalmente no que
tange às barreiras físicas. Em alguns casos, embora a construção possua
plataformas verticais, sua entrada principal tem escadas como acesso, e as tais
plataformas só podem ser acessadas pela garagem ou pelos fundos da
edificação. Isso acontece tanto com edifícios novos quanto com antigos que
foram reformados, o que causa uma segregação das pessoas que não podem
subir as escadas. Exemplos disso podem ser vistos na sede do Tribunal de
Justiça do Estado, na Enseada do Suá, em Vitória, cujo acesso é por uma
rampa de alta declividade feira para veículos e para pessoas sem dificuldade
de locomoção e em edifícios religiosos como a sede estadual da Igreja
Universal do Reino de Deus, na Reta da Penha, cujas plataformas estão
escondidas atrás da escadaria de acesso, que é a entrada principal.

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Acessibilidade no Convento da Penha

O acesso ao Convento da Penha é visivelmente difícil, pois está


localizado no alto de um rochedo com 154 metros de altitude e foi construído
no ano de 1558 (Guia Vila Velha, 2007-2008), quando não havia preocupação
com a necessidade de adequar os espaços físicos para as pessoas com
dificuldades de locomoção. Além do mais, o construtor do Convento, Frei Pedro
Palácios, por motivos religiosos, decidiu erguer o Convento sobre a enorme
rocha de difícil acesso (Guia Vila Velha, 2007-2008).
Desse o modo, pessoas que não conseguem acessar o Convento são
privadas de desfrutar da beleza, da história e da cultura proporcionadas pelo
local.
O acesso ao Convento pode ser feito por carro ou a pé. Porém, de carro,
que é a alternativa para pessoas com dificuldade de locomoção, não se
consegue chegar à parte mais alta do Convento. Em sua base, encontram-se
ofertas de serviços, como lojas de souvenires, lanchonetes, ofertas de
transporte pelo local e telescópios, para apreciar melhor a vista. O acesso de
carro à base do Convento é possível, embora o pavimento e os passeios no
local tornem difícil o caminhar pelo local. Dali por diante, para acessar o alto do
monumento, e poder desfrutar da beleza arquitetônica e da paisagem, somente
a pé, devido às escadas de alto declive e aos demais obstáculos dentro do
santuário.

Figura 5 - Convento da Penha: detalhe para a localização na parte mais alta do Rochedo.
Fonte: Guia Vila Velha

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Conclusão

Como visto, o acesso ao Convento da Penha é complicado para


pessoas com deficiência física mesmo que estejam com um veículo automotor,
sem contar a dificuldade delas possuírem um.
A privação ao acesso à cultura é clara. Célida, por exemplo, nunca foi ao
Convento, por conta das dificuldades de acesso citadas neste texto. A imagem
abaixo, do Convento, mostra as diversas escadarias para acessar partes da
construção religiosa, impossibilitando o acesso de uma pessoa com cadeira de
rodas.

Figura 6 - Convento da Penha: detalhe para as escadas. Fonte: Turismo Capixaba

Permitir o acesso de pessoas com deficiência física ou com dificuldades


de locomoção ao Convento, e a qualquer outro patrimônio histórico e cultural, é
um direito fundamental. Não se podem privar pessoas de conhecer um dos
locais importantes na história do Estado do Espírito Santo, além de seu cunho
histórico, cultural, religioso e ambiental.
Medidas como essa do IPHAN e da ArquiStudio são de muita
importância, pois acesso irrestrito à história e à cultura são condições sine qua
non para promoção da cidadania e da igualdade de oportunidades.

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REFERÊNCIAS

1. SANTOS, Gildo Magalhães dos. Normalização da Acessibilidade:


Novas Fronteiras?. In: Anais do II Seminário ATIID. São Paulo, SP. 23-
24 de setembro de 2009. Disponível em:
<http://www.fsp.usp.br/acessibilidade/cd2005/conteudo/ATIID2003/MR4/
05/FronteirasNormalizacaoAcessibilid.doc>. Acesso em 06 de fevereiro
de 2010.
2. BRASIL. Decreto nº 5.296 de 02 de Dezembro de 2004. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2004-
2006/2004/Decreto/D5296.htm>. Acesso em: 07 de fevereiro de 2010.
3. PREFEITURA DE VITÓRIA. Gruta da Onça. Disponível em:
<http://www.vitoria.es.gov.br/secretarias/meio/gruta.htm>. Acesso em:
07 de fevereiro de 2010.
4. SEFAZ-ES – Secretaria de Estado da Fazenda do Espírito Santo. Igreja
do Carmo – Centro de Vitória. Disponível em:
<http://www.sefaz.es.gov.br/painel/igreja09.htm>. Acesso em: 07 de
fevereiro de 2010.
5. GAZETA ONLINE. Museu Solar Monjardim abrirá aos finais de
semana de dezembro. 03 de dezembro de 2009 às 12h37min.
Disponível em:
<http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2009/12/572202-
museu+solar+monjardim+abrira+nos+finais+de+semana+de+dezembro.
html>. Acesso em: 07 de fevereiro de 2010.
6. FRANCISCANOS. Ladeira da Penitência. Disponível em
<http://www.franciscanos.org.br/penha/convento/ladeira.php>. Acesso em: 07
de fevereiro de 2010.
7. IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Instrução
Normativa nº 01 de 25 de novembro de 2003. Disponível em:
<http://app.crea-
rj.org.br/portalcreav2midia/documentos/normativa1_2003.pdf> Acesso
em: 07 de fevereiro de 2010.

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8. PREFEITURA DE VILA VELHA. Guia Vila Velha – Convento da Penha
2007-2008. Disponível em: <http://www.vilavelha.org/convento-da-
penha.php>. Acesso em: 10 de fevereiro de 2010.
9. TURISMO CAPIXABA. Roteiro Histórico da Prainha. Disponível em:
<http://www.turismocapixaba.com.br/noticias/roteiro-historico-da-
prainha>. Acesso em: 10 de fevereiro de 2010.

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