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CAMPUS DE ASSIS
SUMÁRIO
1. O ESTADO – p. 3
‘1.1. A natureza do Estado – p. 3
1.2. Competência da União – p. 11
1.3. Competência dos Estados – p. 15
1.4. Competência dos Municípios – p. 15
1.5. Competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios – p. 15
1.6. A democracia e seus tipos. Partidos políticos. A participação política – p. 16
1.7. Tirania. Oligarquia. Demagogia. Ditadura. Caudilhismo – p. 21
1.8. Poderes do Estado – p. 23
1.9. Fatores que levam o homem a socializar-se – p. 32
1.10. Conceito de Estado – p. 39
1.11. O Estado se subordina inteiramente ao Direito – p. 40
2. ANTECEDENTES DA CONSTITUIÇÃO – p. 41
2.1. A ideia de constituição – p. 41
2.2. Antecedentes da constituição – p. 41
2.3. Pactos forais e cartas de franquia – p. 44
2.4. Doutrinas do pacto social – p. 45
3. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO – p. 46
3.1. Constituição em sentido sociológico – p. 46
3.2. Constituição em sentido material – p. 46
3.3. Constituição em sentido formal – p. 46
3.4. Elementos da constituição e suas classificações – p. 46
4. O PODER CONSTITUINTE – p. 47
4.1. Conceito de Poder Constituinte – p. 47
BIBLIOGRAFIA – p. 73
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1. O ESTADO
1.1. A natureza do Estado
Segundo a definição constitucional, Estado é a pessoa jurídica territorial soberana. É uma
comunidade organizada politicamente, ocupando um território definido, normalmente sob
Constituição, e dirigida por um governo, possuindo soberania reconhecida internamente e por
outros países.
Nação é o conjunto dos indivíduos, geralmente da mesma raça, que habitam o mesmo
território, falam a mesma língua, têm os mesmos costumes e obedecem à mesma lei (sentido
restrito).
O conceito de nação foi criado artificialmente e desenvolvido, a partir do Século XVIII, para
envolver o povo em conflitos de interesses alheios.
O conceito de nação não equivale ao de povo. Embora no Século XVIII, durante a Revolução
Francesa de 1.789, passasse a ser empregado com o sentido de povo como unidade
homogênea, ou então a quaisquer conceitos referentes a povo, nação não é vocábulo
apropriado para qualificar a mesma situação jurídica de povo.
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Sociedade é o conjunto relativamente complexo de indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades,
permanentemente associados e equipados de padrões culturais comuns, próprios para garantir a continuidade
do todo e a realização de seus ideais. Ou seja, a sociedade abrange os diversos grupos parciais que se formam
em seu interior, como a família, as igrejas, os clubes.
Um conjunto numeroso de pessoas, mesmo que unido por determinados ideais, somente será considerado como
sociedade se reunir determinados elementos, comuns a todas as sociedades. Se não forem encontrados esses
elementos, o conjunto de pessoas reunidas será mero agrupamento, mas não sociedade.
Os elementos necessários para que um grupo de pessoas possa ser reconhecido como sociedade são: a) ter
uma finalidade social comum; b) manifestar-se ordenadamente, em conjunto; e c) existir um poder social.
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É o Estado o responsável por dar força de imposição ao Direito, pois é ele que detém o papel
exclusivo de aplicar as penalidades previstas pela Ordem Jurídica.
Assim, o Estado pode ser definido como o exercício de um poder político, administrativo e
jurídico, exercido dentro de um determinado território, e imposto para aqueles indivíduos que
ali habitam.
• População > entende-se pela reunião de indivíduos num determinado local, submetidos
a um poder central. O Estado vai controlar essas pessoas, visando, através do Direito,
o bem comum. A população pode ser classificada como Nação, quando os indivíduos
que habitam o mesmo território possuem, como elementos comuns, a cultura, a língua,
a religião, e sentem que há, entre eles, uma identidade. Ou também como povo,
quando há reunião de indivíduos num território, e que apesar de se submeterem ao
poder de um Estado, possuem nacionalidades, cultura, etnias e religiões diferentes.
• Território > espaço geográfico onde reside determinada população. É o limite de
atuação dos poderes do Estado. Vale dizer que não poderá haver dois Estados
exercendo seu poder num único território, e os indivíduos que se encontram num
determinado território estão obrigados a se submeterem a ele [Estado].
A noção de território nem sempre de grande importância para o poder central. Na polis,
composta por um centro urbano e por uma área rural que a circundava, a clara
delimitação do território não tinha grande importância, já que praticamente inexistiam
disputas por fronteiras. Foi apenas na Idade Média, com o surgimento de diversas
ordens de autoridades, que surgiu a preocupação de delimitar o território onde
determinado poder deveria ser exercido.
• Soberania > é o exercício do poder do Estado, internamente e externamente. O
Estado, dessa forma, deverá ter ampla liberdade para controlar seus recursos, decidir
os rumos políticos, econômicos e sociais internamente, e não depender de nenhum
outro Estado ou órgão internacional. A essa autodeterminação do Estado dá-se o nome
de soberania.
Pode-se citar, como as principais correntes de pensamento: a) a positivista (ou universalista), de Augusto Comte,
para a qual a sociedade humana é o objeto da Sociologia; b) a defendida por Spencer e Durkheim, que entende
que, uma vez que houve e há diversas sociedades, no espaço e no tempo (sociedade romana, sociedade grega,
sociedade americana), o conceito é por demais complexo para ser considerado como um todo, como um objeto
sociológico; c) aquela que considera a sociedade como mera abstração, sendo que o que existe de concreto são
as relações sociais; d) aquela que considera que o que existe de concreto são grupos sociais (grupos familiares,
econômicos, religiosos).
Comunidade, por sua vez, é um grupo social de existência mais ou menos permanente, formado por afinidades
psicológicas ou espirituais entre seus membros.
As principais diferenças entre sociedade e comunidade são: a) a sociedade é formada com a finalidade de
perseguir um objetivo comum a seus membros; a comunidade preexiste à consciência de seus membros de que
existe, e tem por finalidade a própria preservação; b) as relações entre os membros da sociedade são regidas
por vínculos jurídicos; as relações entre os membros da comunidade não são regidas por normas jurídicas; c) na
sociedade, as manifestações de seus membros ocorrem de modo juridicamente ordenado; na comunidade, os
comportamentos do conjunto de seus membros guiam-se pelos sentimentos comuns entre eles; e d) na
sociedade, existe um poder central de comando, estabelecido e reconhecido pela ordem jurídica; na
comunidade, inexiste poder central de comando, havendo somente, em alguns casos, centros de influência sobre
os demais membros.
Uma comunidade pode transformar-se em uma sociedade quando seus membros decidem, soberana e
voluntariamente, perseguir finalidades comuns.
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Soberania deriva do latim medieval superanus. Na Idade Média, os barões feudais eram
soberanos em seus feudos, e o rei somente era soberano em terras de sua propriedade.
Naquele período, soberania designava o que hoje se denomina soberania interna: cada barão,
em sua baronia, era o poder supremo, o soberano. Quando a autoridade do rei se impôs a
todos os barões, e estes passaram a lhe prestar vassalagem, o único soberano em suas
terras passou a ser o rei. Assim, o conceito de soberania, que estava, inicialmente, ligado à
posse da terra, transferiu-se para a pessoa do rei, designando, de modo específico, o poder
real. Então, soberano passou a ser o monarca, e soberania, a autoridade da coroa.
O conceito de soberania popular serviu como base para a luta contra o poder dos monarcas.
Antes, as lutas religiosas e dinásticas, que mantinham situações de guerras constantes, sem
qualquer interesse para o povo, praticamente anulavam as tentativas de afirmação dos
Estados como ordens soberanas em determinados territórios.
Rousseau considerava a soberania como inalienável porque ela não pode ser transferida para
ninguém em particular, nem representada por qualquer pessoa, já que resulta do exercício da
vontade geral do povo.
Ele estabeleceu os limites da soberania afirmando que o pacto social confere poder político a
determinado grupo, que o usa sobre todos os demais membros. No entanto, esse poder não
deve extravasar os limites das convenções, não pode impor aos cidadãos medidas inúteis ou
descabidas, nem pode exigir diferentemente de cada súdito.
Para Rousseau, o poder somente se legitima quando tem origem na vontade de todos os
governados.
A inalienabilidade da soberania significa que ela não pode ser transferida a quem
legitimamente não a detém. A soberania do Estado é inalienável.
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A doutrina do contrato social, que começou a ser formulada no Século XVI, desenvolvendo-se gradativamente
nos dois séculos seguintes, explica que a sociedade delegava ao monarca o poder de governar, para que
evitasse o conflito entre os membros da sociedade. Essa delegação de poder decorria de um contrato social, em
que os membros da sociedade eram parte, e abdicavam de parcela de sua liberdade. O monarca era o
beneficiário da delegação de poder, não sendo parte do contrato social.
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A cidadania pode ser exercida de forma ativa (que consiste em poder votar, escolher os
governantes), ou de forma passiva (que consiste em poder ser eleito). Somente pode exercer
a cidadania passiva quem for, também, cidadão ativo.
O brasileiro pode adquirir o status de ‘cidadão ativo’ aos 16 anos; aos maiores de 18 e
menores de 70 anos, obriga, a lei, a inscrição como eleitor e o voto (Constituição Federal, art.
14, § 1°, I e II, b).
O cidadão português poderá inscrever-se como eleitor, no Brasil, desde que tenha residência
permanente aqui, e haja reciprocidade com relação ao brasileiro, isto é, que ao brasileiro
residente em Portugal, seja, também, garantido o direito de inscrever-se como eleitor
(Constituição Federal, art. 12, § 1°).
A Constituição Federal, art. 14, II, a, b, e c, dispõe que podem tornar-se cidadãos ativos,
facultativamente, os analfabetos, os maiores de 70 anos, e os maiores de 16 e menores de 18
anos.
A União é formada pela reunião dos entes integrantes da Federação. É pessoa jurídica de
direito público interno e, no âmbito internacional, representa com soberania o Estado
Brasileiro.
O poder político é uma energia capaz de coordenar e impor decisões, visando à realização de
determinados fins. É superior a todos os outros poderes sociais, os quais reconhece, rege e
domina, visando a ordenar as relações entre esses grupos de indivíduos entre si e
reciprocamente, de maneira a manter um mínimo de ordem e estimular o máximo de
progresso à vista do bem comum. Possui três características fundamentais:
• unidade
• indivisibilidade
• indelegabilidade
O governo e a administração, como criações abstratas da Constituição e das leis, atuam por
intermédio de suas entidades (pessoas jurídicas), de seus órgãos (centros de decisão) e de
seus agentes (pessoas físicas investidas em cargos e funções).
• Entidades Estatais são as pessoas jurídicas de direito público que integram a estrutura
constitucional do Estado, e têm poderes políticos e administrativos. São a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Destas, a única soberana é a União, e as
demais têm apenas autonomia política, administrativa e financeira.
• Entidades Autárquicas são pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza
meramente administrativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades,
obras ou serviços descentralizados da entidade estatal que os criou. Funcionam e
operam na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento.
Podem desempenhar atividades econômicas, educacionais, previdenciárias e quaisquer
outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, mas, sem a subordinação hierárquica,
sujeitas apenas ao controle finalístico de sua administração e da conduta de seus
dirigentes; autarquia é o próprio braço do Estado; tem personalidade jurídica, mas,
pertence à administração indireta. Exemplo: INSS.
• Entidades Fundacionais são pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza
meramente administrativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades,
obras ou serviços descentralizados da entidade estatal que a criou. Funcionam e operam
na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento. As autarquias
podem desempenhar atividades econômicas, educacionais, previdenciárias e quaisquer
outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, mas, sem subordinação hierárquica,
sujeitas apenas ao controle finalístico de sua administração e da conduta de seus
dirigentes.
• Entidades Paraestatais são pessoas jurídicas de Direito Privado que, por lei, são
autorizadas a prestar serviços ou realizar atividades de interesse coletivo ou público,
mas, não exclusivos do Estado. Quando o Estado, por necessidade, resolveu ingressar
em algum setor do mercado – por exemplo, para desenvolver a indústria petroquímica --
ele criou a Petrobras atender às necessidades da população. As entidades paraestatais
são autônomas, administrativa e financeiramente, têm patrimônio e operam em regime
da iniciativa particular, na forma de seus estatutos, ficando sujeitas apenas à supervisão
do órgão da entidade estatal a que se encontrem vinculadas, para o controle de
desempenho estatuário. São os denominados ‘entes de cooperação’ com o Estado.
Exemplos: Sesi, Senai, Sesc,
• Entidades Empresariais são pessoas jurídicas de Direito Privado, instituídas sob a
forma de sociedade de economia mista ou empresa pública, com a finalidade de prestar
serviço público que possa ser explorado no modelo empresarial, ou de exercer atividade
econômica de relevante interesse coletivo. Sua criação deve ser autorizada por lei
específica, cabendo ao Poder Executivo as providências complementares para sua
instituição. Exemplos de sociedade de economia mista: Eletrobrás, Banco do Brasil S/A,
Petrobras. Exemplos de empresa pública: Correios, BNDES.
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Aristóteles (em grego Αριστοτέλης) nasceu em Estagira, na Calcídica (384 a.C. - 322 a.C.). Filósofo grego,
aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, é considerado um dos maiores pensadores de todos os
tempos e criador do pensamento lógico.
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• realeza;
• aristocracia
• democracia (ou república).
Para Aristóteles, realeza é a forma de governo em que apenas um indivíduo tem o poder.
Para ele, aristocracia é a forma de governo em que um grupo reduzido de indivíduos detém o
poder.
Acentua, ainda, que democracia é a forma de governo exercida por todo o povo, no interesse
da sociedade.
Maquiavel4 propõe nova classificação de formas de governo, em 1.531, baseado na teoria que
desenvolve na obra ‘Discursos sobre a Primeira Década’, de Tito Lívio, em que defende a
existência de ciclos de governo.
Essa teoria considera que o ponto de partida da sociedade é um estado anárquico, que evolui
para uma organização chefiada por um indivíduo mais forte, depois por outro mais justo. Esse
último passa o poder para seus descendentes, degenerando o sistema em tirania. A tirania é
substituída por um governo aristocrático, que, por sua vez, degenera em uma oligarquia. Em
etapa posterior, a oligarquia dá lugar a um governo do povo, que, no entanto, degenera e
retorna ao sistema primitivo anárquico. Para Maquiavel, a única forma de quebrar esse ciclo
seria pela reunião de monarquia, aristocracia e democracia em um único governo.
Aristóteles figura entre os mais influentes filósofos gregos, ao lado de Sócrates e Platão, que transformaram a
filosofia pré-socrática, construindo um dos principais fundamentos da filosofia ocidental.
Aristóteles prestou contribuições fundantes em diversas áreas do conhecimento humano, destacando-se: ética,
política, física, metafísica, lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia, história natural. É considerado,
por muitos, o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental.
Por ter estudado uma variada gama de assuntos, e por ter sido também um discípulo que em muito sentidos
ultrapassou o mestre, Platão, ele é conhecido como ‘O Filósofo’.
Aristóteles também foi chamado de o estagirita, pela terra natal, Estagira.
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Nicolau Maquiavel, em italiano Niccolò Machiavelli, (Florença, 3 de maio de 1.469 — Florença, 21 de junho de
1.527) foi um historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do
pensamento e da ciência política moderna, pela simples manobra de escrever sobre o Estado e o governo como
realmente são e não como deveriam ser. Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu
pensamento foi mal interpretado historicamente. Desde as primeiras críticas, feitas postumamente por um
cardeal inglês, as opiniões, muitas vezes contraditórias, acumularam-se, de forma que o adjectivo maquiavélico,
criado a partir do seu nome, significa esperteza, astúcia.
Viveu a juventude sob o esplendor político de Florença durante o governo de Lourenço de Médici e entrou para a
política aos 29 anos de idade, no cargo de Secretário da Segunda Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel
observou o comportamento de grandes nomes da época, e a partir dessa experiência retirou alguns postulados
para sua obra. Depois de servir em Florença, durante catorze anos, foi afastado e escreveu suas principais
obras. Conseguiu, também, algumas missões de pequena importância, mas jamais voltou ao seu antigo posto
como desejava.
Como renascentista, Maquiavel se utilizava de autores e conceitos da Antiguidade Clássica de maneira nova.
Um dos principais autores foi Tito Lívio, além de outros lidos através de traduções latinas, e entre os conceitos
apropriados por ele, encontram-se o de virtù e o de fortuna.
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Charles-Louis de Secondat, ou simplesmente Charles de Montesquieu, senhor de La Brède ou barão de
Montesquieu (castelo de La Brède, próximo a Bordéus, 18 de janeiro de 1.689 — Paris, 10 de fevereiro de
1.755), foi um político, filósofo e escritor francês. Ficou famoso pela sua Teoria da Separação dos Poderes,
atualmente consagrada em muitas das modernas constituições internacionais.
Aristocrata, filho de família nobre, cede recebeu formação iluminista com padres oratorianos. Revelou-se um
crítico severo e irônico da monarquia absolutista decadente, bem como do clero católico. Adquiriu sólidos
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• republicano
• monárquico
• despótico.
Montesquieu ensina que governo republicano é aquele em que o povo, ou parcela dele,
possui o poder soberano.
Montesquieu explica que governo despótico é aquele em que apenas um indivíduo governa,
realizando tudo segundo sua própria vontade, sem levar em conta as leis existentes.
Aristocracia (do grego aristos = o melhor, o mais nobre + kratia = domínio, comando) é a
forma de governo dos mais capazes, dos melhores.
No regime político totalitário, existe uma corrente ideológica única, imposta por partido de
massa, também único, de forma que o poder político é exercido de forma concentrada e
centralizada, por um grupo dominante, que se perpetua no governo, somente podendo ser
dele afastado por meio de processos de ruptura, frequentemente com emprego de violência,
como revolução, golpe de estado, guerra civil, ou guerrilha.
A monarquia, que tende a ser vitalícia, pode ser hereditária ou eletiva, conforme o poder seja
exercido por um rei, respectivamente, segundo uma linha de sucessão genealógica, ou
segundo um processo de escrutínio (votação).
Pode, ainda, ser classificada em democrática (quando o Parlamento tem efetiva função
legislativa e independente) e aristocrática (há uma burocracia estatal, constituída geralmente
por membros da nobreza, que exercem grande influência sobre o rei).
Modernamente, nos países desenvolvidos, onde ainda existe esse sistema de governo,
fala-se em monarquia democrática constitucional, onde a função e a atuação do rei são
legalmente limitadas.
República é a forma de governo em que o poder é exercido por uma pessoa ou por um
colegiado. O governante (ou os governantes) é eleito pelo povo, direta ou indiretamente, e
inexistem direitos sucessórios dos detentores do poder.
Os romanos entendiam a res pubblica como a nova forma de organização do poder após a
exclusão dos monarcas.
A res pubblica dos romanos corresponde ao conceito grego de politeia, em que o interesse
comum e a conformidade a uma lei comum são os elementos pelos quais uma comunidade
afirma a sua justiça.
Na Idade Média6, usava-se os termos regnum e civitas, para designar as formas de poder
então existentes. Civitas, communitas e populus designavam pequenas Repúblicas. A
respublica christiana designava a ordem e a unidade da sociedade cristã na coordenação da
Igreja e do Império, os dois poderes universais instituídos por Deus para manter, na terra, a
paz e a justiça.
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A Idade Média ou Idade Medieval foi um período intermediário numa divisão esquemática da História da Europa
em quatro eras, a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.
O período da Idade Média foi tradicionalmente delimitado com ênfase em eventos políticos. Nesses termos, teria-
se iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no Século V (em 476 d. C.), e terminado com
o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no Século XV (em 1.453 d.C.).
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A Idade Moderna é um período específico da História do Ocidente. Destaca-se das demais por ter sido um
período de transição por excelência. Tradicionalmente aceita-se o início estabelecido pelos historiadores
franceses, 1.453 quando ocorreu a Tomada de Constantinopla, pelos turcos otomanos, e o término com a
Revolução Francesa, em 1.789.
Entretanto, apesar de a queda de Constantinopla ser o evento mais aceito, não é o único. Tem sido propostas
outras datas para o início deste período, como a Conquista de Ceuta, pelos portugueses, em 1.415, a viagem de
Cristóvão Colombo ao continente americano, em 1.492 ou a viagem à Índia de Vasco da Gama, em 1.497.
A dificuldade da delimitação cronológica do período se deve, principalmente, às divergências de interpretação
quanto à origem e evolução do sistema capitalista. Contudo, o período histórico que vai do Século XV ao XVIII é,
genericamente percebido com um "período de transição".
A época moderna pode ser considerada, exatamente, como uma época de "revolução social", cuja base consiste
na "substituição do modo de produção feudal pelo modo de produção capitalista".
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Na república, o governante não é imposto por uma minoria, nem chega ao poder em razão de
direito hereditário. Deve haver eleições para os governantes, em que o povo possa livremente
exercer seu direito de escolha.
Na república, o Chefe do Governo recebe um mandato popular, a ele conferido por eleição
livre. Esse mandato não é indefinido, devendo o governo ser exercido por período limitado e
determinado por lei.
Na república, o Chefe de Governo deve prestar contas de todos os seus atos políticos. Essa
prestação de contas pode ser feita diretamente ao povo, ou a um órgão oficial de
representação popular.
A república primitiva surge na História no final do Século VI a.C., na região da Toscana (Itália),
quando o rei etrusco, Tarquínio, foi deposto. Anteriormente, desde seu estabelecimento nesta
região, no Século VIII a.C., os etruscos viviam em cidades, unidas por uma confederação, e
governadas por reis (locumons). Com a queda da monarquia surge uma forma incipiente de
república, governada por magistrados e por colegiados anualmente eleitos.
Em Roma, o termo "república" designava o próprio Estado romano, e não sua forma de
governo. Ou seja, quando se fala em República Romana, está referindo-se a Estado Romano,
em especial no período que se inicia em 509 a.C. e finda em 31 a.C.
Para Jean Bodin8, república designa tanto a monarquia quanto a aristocracia e a democracia,
desde que dotadas de um direito de governar.
Para ele, na república os magistrados são eleitos, enquanto no principado, são designados
pelo governante.
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução
de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
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a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e
mediante aprovação do Congresso Nacional;
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial
e do trabalho;
II - desapropriação;
V - serviço postal;
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XI - trânsito e transporte;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização
nacional;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
Combina com essa reserva de campos específicos, nem sempre exclusivos, mas
apenas privativos, possibilidade de delegação, áreas comuns em que se prevêem
atuações paralelas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e
setores concorrentes entre União e Estados em que a competência para estabelecer
políticas gerais, diretrizes gerais ou normas gerais cabe à União, enquanto se defere
aos Estados e até aos Municípios a competência suplementar.
1.5. Competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em comum, de acordo
com o Art. 23, da Constituição Federal:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
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I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o
patrimônio público;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e
do bem-estar em âmbito nacional.
Sociedade pluralista é aquela em que convivem, em liberdade, pessoas que têm interesses
contrários, sendo seus conflitos resolvidos dentro de um ordenamento jurídico aceito pela
maioria, que reflete a noção de justiça de um povo, e garante os direitos fundamentais do
indivíduo e da coletividade.
A democracia direta é uma forma ideal de exercício de poder, pela qual todos os cidadãos
participam ativamente de todos os processos decisórios da sociedade. É prática quase
inexistente, nos dias de hoje.
A doutrina considera que a democracia direta, tal como praticada nos cantões, é anacrônica,
apontando os seguintes pontos negativos em seu funcionamento:
• só se mantém nos cantões de população mais reduzida;
• um Conselho cantonal eletivo efetua um trabalho prévio à reunião dos Landsgemeinde,
cujas reuniões servem exclusivamente para aprovar ou rejeitar o que o Conselho
estabeleceu, sem maiores discussões
• problemas de maior complexidade técnica escapam à competência dos
Landsgemeinde.
A principal justificativa oferecida era a de constituir uma reação aos excessos do absolutismo,
ocorridos na França.
A democracia representativa pode ser pura (ou tradicional) ou exercida pelos partidos
(partidária).
Até o Século XVIII não era nítida a distinção entre facção política e partido político. Facção
política é um grupo de indivíduos de inclinações comuns, geralmente pouco organizado,
conduzidos por um líder, e que marca a transição de um estado de desorganização para a
reorganização da comunidade.
As pessoas se filiam a partidos políticos para tomar o poder, ou parcela dele, por vias
institucionais, e também para participar mais ativamente da vida política de um país.
R.: A noção de partido político começou a ser concebida pelo orador e escritor britânico
Edmund Burke (1.729 – 1.797), autor da obra ‘Reflexões sobre a Revolução Francesa’.
Grupos de pressão têm existência transitória e não visam a tomada do poder, além de
existirem sem a necessidade de reconhecimento legal. Partidos políticos são permanentes e
visam ao controle do poder, devendo sua existência ser reconhecida ou admitida por lei.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, art. 17, § 2°, os partidos políticos adquirem
personalidade jurídica nos termos da lei civil, o que significa que sua natureza jurídica é de
pessoa jurídica de direito privado.
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Os partidos políticos deverão ter caráter nacional (isto é, não poderão ter caráter estadual ou
municipal), são proibidos de receber recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros
ou de ser a estes subordinados, devendo prestar contas à Justiça Eleitoral e desenvolver
atuação parlamentar de acordo com a lei (art. 17, incisos I, II, III e IV)
A atual Constituição Federal permite a livre criação, fusão, incorporação e extinção dos
partidos políticos, resguardada a soberania, o regime democrático, o pluripartidarismo e os
direitos fundamentais da pessoa humana (art. 17, caput).
Além disso, aos partidos políticos é assegurada autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e
disciplina partidárias (art. 17, § 1°). Eles têm direito a recursos do fundo partidário e acesso
gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei (art. 17, § 2°), que é, atualmente, a Lei n°
4.740/65.
Em 1.946 havia o sistema era pluripartidário, com três partidos de grande expressão (UDN,
PSD e PTB) e alguns de importância regional.
Em 1.965, o sistema passou a ser bipartidário, por força do Ato Institucional n° 2, com a
criação de dois partidos, a ARENA e o MDB.
A partir de 1.979, o sistema voltou a ser pluripartidário, existindo quatro grandes partidos
(PMDB, PFL, PT, PSDB), quatro partidos médios (PP, PDT, PSP e PTB), três partidos
pequenos (PSB, PL e PC do B) e uma dezena de partidos menores.
Embora hoje disseminada e aceita, a democracia partidária, como canal legítimo de exercício
da vontade popular, são dirigidas, basicamente, as seguintes críticas a esse modelo, pelo
risco que oferece à democracia:
• a disputa por verbas, necessárias para custear campanhas eleitorais cada vez mais
caras e sofisticadas, permite que grupos de pressão exerçam influência sobre os
partidos, deles exigindo, em contrapartida, a defesa de interesses particulares
• como corolário, costuma ocorrer manipulação dos meios de comunicação de massa, de
modo a influenciar o eleitorado, criando uma opinião pública favorável a determinadas
teses, além da personalização do poder
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A democracia semidireta (que costuma ser incluída, por alguns doutrinadores, no modelo de
democracia indireta) consiste em um sistema basicamente representativo, sendo, porém,
adotados mecanismos que permitem a participação popular imediata na tomada de
determinadas decisões, tais como o referendo e a iniciativa legislativa popular.
O plebiscito pode ser realizado antes ou depois do evento sobre o qual o povo deverá se
pronunciar. Se realizado antes, constituirá condição suspensiva do evento. Se realizado
depois, o resultado favorável terá caráter de confirmação ou consagração do evento, ao passo
que o resultado desfavorável consistirá em condição resolutiva do ato.
O referendo pode ser obrigatório ou facultativo, conforme a Constituição disponha que o ato
normativo seja submetido à manifestação do povo, ou se delegar à comunidade ou a um
órgão o poder de realizá-lo ou não. Pode ser ante legem ou post legem, conforme se realize
antes ou depois do ato normativo. Pode, finalmente, ser constituinte (quando se tratar de
Emenda Constitucional) ou legislativo (quando se tratar de lei ordinária).
A iniciativa popular tem origem nos EUA, nos Estado de Dakota do Sul (1.898) e Oregon
(1.904).
O art. 14, III, da Constituição Federal, prevê a existência do mecanismo da iniciativa popular,
dispondo, no art. 61, § 2°, que poderá ser apresentada à Câmara dos Deputados, desde que
subscrita por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuídos por pelo menos cinco
Estados, com não menos de 0,3% de eleitores de cada um deles.
Considera-se que a tirania tenha-se originado na Ásia, onde era uma forma de governo, de
onde seguiu para a Grécia, no Século IV a.C.
Tirania não tinha o significado atual, de governo antidemocrático, o qual chegou após longa
evolução, que distorceu o conceito original. Se se aceitar que o vocábulo tenha origem na
Lídia ou em Canaã (de serens), indicava o governo exercido por pessoas de origem nobre. Se
for aceita a teoria que defende origem etrusca para a palavra (de turan), o significado original
seria de poder. Portanto, em seu significado original, tirania não implica, necessariamente, em
poder exercido de modo arbitrário e violento.
O conceito de tirania ressurge a partir do Século XVII, na Inglaterra, quando Oliver Cromwell
(1.599 -1.658), durante a segunda guerra civil (1.648), declarada pelo Rei Carlos I, torna-se
inimigo do rei e induz o Parlamento a condená-lo à morte, em 1.649. Executado o rei,
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Cromwell, antes deputado da Corte, fez-se nomear Lorde Protetor da Inglaterra, Escócia e
Irlanda. Promoveu a dissolução do parlamento por quatro vezes, reprimiu revoltas e deu início
à forte expansão naval britânica, apoiada no Navigation Act, de 1.651.
Oligarquia (do grego oligos = poucos + archia = governo) significa, literalmente, governo de
poucos.
O termo oligarquia tem um significado valorativo: quando se diz que um governo é oligárquico,
a intenção é classificá-lo como nocivo, isto é, pretende-se condená-lo. O significado descritivo
do termo não é inequívoco. Em outras palavras, o emprego do vocábulo visa a chamar a
atenção para o fato de que o poder supremo está sendo exercido por um grupo restrito e
fechado de pessoas, ligadas entre si por vínculos de sangue ou outros, e que gozam de
privilégios particulares, servindo-se do poder para mantê-lo.
Plutocracia (do grego ploutos = rico, riqueza + kratia = poder) significa governo baseado na
riqueza, ou seja, governo corrupto.
Nepotismo (do latim nepote = sobrinho) significa governo de parentes. Estende-se o conceito
para governo de amigos. O termo começou a ser empregado na Itália, em relação à atitude de
alguns papas, que concediam favores especiais a seus parentes, em particular a sobrinhos
(nipote, em italiano).
Demagogia (do grego demos = povo + agogia = pela palavra) significa, literalmente, condução
do povo pela palavra. É um conjunto de processos políticos utilizados com habilidade por
alguns líderes (demagogos), com a finalidade de dirigir as paixões populares para atingir
objetivos menos lícitos.
Na Grécia antiga, demagogo designava o governante que era hábil orador, e que sabia
conduzir o povo. Somente com Aristóteles passou o termo a adquirir um significado negativo
em teoria política.
Oclocracia (do grego ochlós = multidão + kratia = poder) significa, literalmente, governo
exercido pela plebe. Indica o poder ilegítimo, imposto pela parcela ignorante do povo, ao
arrepio da lei, de modo a satisfazer seus caprichos, e não para o bem da sociedade.
Ditadura (do latim dictatura = comando) é a forma de governo em que todos os poderes se
concentram nas mãos de um indivíduo, de um grupo, de uma assembleia, de um partido, ou
de uma classe.
O caudilhismo surgiu na América espanhola, no período que vai dos primeiros anos da
consolidação da Independência dos países da região, por volta de 1.820, durando até cerca
de 1.860, quando se concretizaram os anseios de unificação nacional.
No caudilhismo, o poder era exercido mediante sua divisão entre chefes locais (os caudilhos),
geralmente de origem militar, provenientes, em geral, dos exércitos desmobilizados após
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O caudilhismo surgiu na América espanhola, no período que vai dos primeiros anos da
consolidação da Independência dos países da região, por volta de 1.820, durando até cerca
de 1.860, quando se concretizaram os anseios de unificação nacional.
No caudilhismo, o poder era exercido mediante sua divisão entre chefes locais (os caudilhos),
geralmente de origem militar, provenientes, em geral, dos exércitos desmobilizados após
1.810, ou de estratos sociais mais baixos, ou ainda, de grupos étnicos minoritários e
discriminados.
O executivo pode assumir diferentes faces, conforme o local em que esteja instalado.
No presidencialismo, o líder do poder executivo, denominado Presidente, é escolhido
pelo povo, para mandatos regulares, acumulando a função de chefe de estado e chefe
de governo.
• Legislativo – É o aquele que tem o poder de legislar, criar as leis. O Poder Executivo
(Presidente da República) fica encarregado de sancionar ou vetar o projeto de lei. No
sistema de três poderes proposto por Montesquieu, o poder legislativo é representado
pelos legisladores, os quais elaboram as leis que regulam o Estado.
A independência dos poderes significa que a investidura e a permanência das pessoas num
dos órgãos não depende da confiança, nem da vontade dos outros, que, no exercício das
atribuições que lhe sejam próprias, não precisam, os titulares, consultarem uns aos outros, Na
organização dos respectivos serviços, cada um é livre, observadas apenas as disposições
constitucionais e legais.
Esse sistema de freios e contrapesos (checks and balances) representa o modelo de divisão
de poder no qual o poder político é exercido por vários órgãos independentes, de forma que a
nenhum deles é permitido agir de forma isolada, sem ser submetido a controle por outro órgão
de poder, e que se tem mostrado eficaz processo de prevenção do arbítrio.
O Poder Legislativo Federal é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal (sistema bicameral).
Nosso sistema bicameral, a exemplo dos Estados Unidos da América do Norte, é do tipo
federativo. Há uma casa legislativa composta por representantes do povo, eleitos em número
relativamente proporcional à população de cada unidade da Federação (Câmara dos
Deputados), bem como uma outra casa legislativa (Senado Federal) com representação
igualitária de cada uma das unidades da Federação (Estados-membros e Distrito Federal com
3 senadores cada).
O Poder Legislativo Estadual é exercido pela Assembleia Legislativa, que, no Distrito Federal
é denominada Câmara Legislativa.
Cada legislatura tem a duração de 4 anos, o que corresponde a quatro sessões legislativas,
divididas em 8 períodos, conforme consta do art. 44, combinado com o art. 57, ambos da
Constituição Federal .
O mandato dos deputados e dos vereadores é de 4 anos (uma legislatura). O dos senadores
é de 8 anos, havendo renovação intercalada a cada 4 anos (1/3 e 2/3), pelo princípio
majoritário (ganha o candidato mais votado, independentemente dos votos9 de seu partido).
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Sufrágio masculino é aquele em que não se concede direito de voto às mulheres, ou seja, é um sufrágio que
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O número de deputados federais (hoje são 513) deve ser proporcional à população de cada
Estado membro, nos termos da Lei Complementar n. 78/93. Nenhum Estado-membro pode ter
menos de 8 deputados federais, e o Estado mais populoso (São Paulo) será representado por
70 deputados federais.
Os deputados estaduais, em São Paulo, somam 94, observados os cálculos do art. 27, da
Constituição Federal.
A idade mínima para ser eleito senador é de 35 anos; para deputado estadual ou federal é de
Para que a sessão de votação seja instalada, é necessária a presença da maioria dos
membros da casa (quorum de maioria absoluta para a instalação).
Salvo disposição constitucional em sentido contrário, as deliberações de cada uma das casas
(Câmara ou Senado) e de suas comissões são tomadas por maioria de votos (quorum de
aprovação), presente a maioria absoluta de seus membros (art. 47, da CF). É a denominada
maioria simples, ou maioria relativa.
No caso da Câmara dos Deputados, faz-se o seguinte cálculo: 513 : 2 = 256. Portanto, 257
representam a maioria absoluta dos membros (quorum de instalação). Para a deliberação ser
aprovada, deve contar com mais votos a favor do que contra. As abstenções dos presentes só
validam o quorum de instalação.
O quorum de maioria qualificada (especial) é aquele que exige o voto favorável de 2/3 ou de
3/5 de todos os membros da casa.
Algumas matérias, porém, não exigem a sanção do chefe do Poder Executivo, pois são de
competência exclusiva de cada Casa Legislativa (art. 49, 51 e 52, da CF).
As mesas diretoras são escolhidas nas sessões preparatórias de 1.º de fevereiro, com
mandato de 2 anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
subsequente da mesma legislatura.
O voto dos parlamentares pode ser ostensivo (nas espécies simbólico ou nominal) ou secreto,
nos termos da Constituição Federal e dos Regimentos Internos.
De acordo com o art. 67, da CF, matéria constante de projeto de lei rejeitado só pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa, mediante documento assinado pela
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O Congresso Nacional é presidido pelo presidente do Senado Federal e pode ser convocado
extraordinariamente, em casos de urgência ou relevante interesse público, ocasião em que só
deliberará sobre a matéria que deu causa à convocação. Exemplos: convocação ou
comparecimento de ministros, perda de mandato de congressistas, propositura de ação direta
de inconstitucionalidade, liberação de pronunciamento de parlamentar durante estado de sítio,
etc..
Pelo sistema proporcional -- adotado nas eleições para deputado federal, deputado estadual e
vereador -- disciplinado pelos art. 105 e 113, do Código Eleitoral, nem sempre os candidatos
mais votados são eleitos, pois mais vale a votação do partido que a do próprio candidato,
circunstância que deu ao critério a denominação de ‘colorido partidário’.
Nesse sistema proporcional, somam-se os votos válidos (votos dados particularmente para os
partidos mais os votos dados aos seus candidatos) e divide-se o resultado pelo número de
cadeiras a preencher, obtendo-se assim o quociente eleitoral. De acordo com o art. 5.º, da Lei
n. 9.504/97 (que alterou a regra do art. 106, do Código Eleitoral), os votos brancos e os votos
nulos não são considerados nos cálculos. Em seguida, dividem-se os votos de cada partido
ou coligação pelo quociente eleitoral, obtendo-se o número de eleitos de cada agremiação
(quociente partidário).
O partido que não atingir o quociente eleitoral não elege nenhum deputado ou vereador (salvo
se nenhum partido atingir esse quociente, quando, então, as vagas serão preenchidas pelos
candidatos mais votados, independentemente dos partidos).
As sobras também serão destinadas aos partidos que obtiverem as maiores médias. Essa
técnica da maior média determina que os votos do partido ou coligação sejam divididos pelo
número de cadeiras por ele conquistadas mais um, obtendo-se assim a média de cada um
dos concorrentes e o número final de cadeiras a que cada partido ou coligação terá direito.
Exemplo: Município no qual sejam apurados dez mil votos válidos (votos dados para as
legendas e para os candidatos) e que tenha dez cadeiras de vereador a preencher. O
quociente eleitoral é 1.000, ou seja, 10.000 votos divididos por dez cadeiras a preencher. O
partido A e seus candidatos somam 5.500 votos. Dividindo-se esse número pelo quociente
eleitoral (5.500 : 1.000 = 5,5), desde logo, o partido A terá 5 cadeiras. A coligação B/C e seus
candidatos somam 3.800 votos, garantindo, desde logo, 3 cadeiras (3.800 : 1.000 = 3,8). O
partido D e seus candidatos somam 700 votos e, assim, não atingem o quociente eleitoral
(1.000). Com isso, o partido D não elege nenhum candidato.
Por ora, foram preenchidas oito vagas e restam duas. As sobras (duas cadeiras) serão
divididas da seguinte forma: divide-se o número de votos do partido A (5.500) pelo número de
cadeiras por ele obtido (5) + 1, ou seja, 5.500 : 6, atingindo-se a média 916. Divide-se o
número de votos da coligação B/C (3.800) pelo número de cadeiras por ela obtido (3) + 1, ou
seja, 3.800 : 4, atingindo-se a média 950. A maior média foi obtida pela coligação B/C que,
assim, ganha mais uma cadeira (a 4.ª).
Resta, porém, a 10.ª cadeira. Os cálculos são repetidos, agora considerando a nova cadeira
obtida pela coligação B/C, nos seguintes termos: divide-se o número de votos do partido A
(5.500) pelo número de cadeiras por ele obtido (5) + 1, ou seja, 5.500: 6, atingindo-se a média
916. Divide-se o número de votos da coligação B/C (3.800) pelo número de cadeiras por ela
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obtido (agora, 4) + 1, ou seja, 3.800 : 5, atingindo-se a média 760. A maior média foi obtida
pelo partido A que, assim, ganha mais uma cadeira (a 6.ª).
Nas eleições proporcionais, somente após a apuração dos números finais de cada partido ou
coligação é que interessará a ordem interna de votação individual, ou seja, o número de votos
que cada candidato obteve. Os lugares, que cada partido ou coligação obtiver, serão
distribuídos aos seus candidatos mais votados (os 6 mais votados do partido A e os 4 mais
votados da coligação B/C ganharão uma cadeira).
Além dos plenários, o Legislativo (Congresso, Câmara dos Deputados, Senado Federal,
Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores) atua por meio de comissões, que são
grupos menores de parlamentares que atuam, de forma transitória ou permanente, sobre
determinados assuntos.
A finalidade precípua das comissões é fornecer ao plenário uma opinião aprofundada sobre o
tema a ser debatido (espécie de parecer). Os pareceres das Comissões de Constituição e
Justiça costumam ser terminativos. Os próprios regimentos internos da Câmara e do Senado,
porém, admitem que os projetos rejeitados pelas comissões sejam levados para votação, se o
plenário der provimento a recurso nesse sentido que tenha sido apresentado por um décimo
dos membros da casa respectiva.
Na formação das comissões, deve ser observada a representação proporcional dos partidos.
As CPIs têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros
previstos nos regimentos das respectivas casas.
do Distrito Federal e dos Municípios, cujos Legislativos são exclusivamente responsáveis pela
investigação parlamentar de assuntos de interesse público local.
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Habeas corpus, etimologicamente significa em latim "Que tenhas o teu corpo". A expressão completa é
habeas corpus ad subjiciendum. É uma garantia constitucional em favor de quem sofre violência ou ameaça de
constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção (direito e ir e vir), por parte de autoridade legítima.
Sua origem remonta à Magna Carta libertatum, de 1.215, imposta pelos nobres ao rei da Inglaterra com a
exigência do controle legal da prisão de qualquer cidadão. Este controle era realizado sumariamente pelo juiz,
que, ante os fatos apresentados, decidia de forma sumária acerca da legalidade da prisão.
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Habeas Data é um remédio jurídico (facultativo), na forma de uma ação constitucional, que pode ser impetrado
por pessoa física ou jurídica (sujeito ativo), para tomar conhecimento ou retificar as informações a seu respeito,
constantes nos registros e bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público (Art. 5º,
LXXII,"a", Constituição Federal do Brasil de 1988).
Pode-se, também, propor ação de Habeas Data com o intuito de adicionar, retirar ou retificar informações em
cadastro existente. É remédio personalíssimo, só podendo ser impetrado por aquele que é o titular dos dados
questionados.
Habeas Data é a ação mandamental, sumária e especial, destinada à tutela dos direitos do cidadão a frente dos
bancos de dados, a fim de permitir o fornecimento das informações registradas, bem como sua retificação, em
caso de não corresponder à verdade. O direito a informação e o seu rito processual é regulado pela Lei n.
9.507/97.
Desta lei pode se extrair a recusa objetiva e a presumida, motivo pelo qual esta sempre ocorrerá quando
solicitado a retificação da informação ao agente público coator não a disponibilizar ou justificar dentro do prazo
de quinze dias, já informação ou anotação estabelece um prazo de dez dias.
O Habeas data será concedido para proteger o direito líquido e certo do impetrante em ter conhecimento de
informações e registro relativos a sua pessoa.
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O Mandado de Segurança é um instituto jurídico que serve para resguardar direito líquido e certo, não
amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, que seja negado, ou mesmo ameaçado, em face de ato de
quaisquer dos órgãos do Estado Brasileiro, seja da administração direta, indireta, bem com dos entes
despersonalizados e dos agentes particulares no exercício de atribuições do poder público.
Trata-se de um remédio constitucional posto à disposição de toda pessoa Física ou jurídica, ou mesmo órgão da
administração pública com capacidade processual.
Segundo a Lei Federal nº 1.533, de 31 de dezembro de 1951, já no seu art. 1.º informa que "Conceder-se-á
mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por
parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça".
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significa que o parlamentar não pode ser responsabilizado civil ou penalmente, a qualquer
tempo, por suas opiniões, palavras e votos manifestados no exercício do mandato. A
imunidade real tem por pressuposto o exercício do mandato ou, ao menos, um nexo de
causalidade entre o ato praticado e a qualidade de mandatário político do agente (DJU de
18.6.01, Informativo STF n. 232).
O Tribunal de Contas da União é formado por 9 ministros, um terço deles escolhido pelo
Presidente da República, com a aprovação do Senado Federal. Desse um terço,
alternadamente, 2 devem ser escolhidos entre os membros do Ministério Público Federal e
auditores que atuam junto ao Tribunal de Contas da União, conforme lista tríplice elaborada
pelo próprio TCU. Os outros 6 ministros são escolhidos pelo Congresso Nacional.
A escolha dos ministros do Tribunal de Contas da União está disciplinada pelo Dec.-lei n.
06/93.
Além de emitir pareceres (em 60 dias) das contas anuais do Presidente da República, exercer
fiscalização e representar aos órgãos competentes sobre as irregularidades apuradas, o
Tribunal de Contas da União julga contas dos administradores e de outros responsáveis por
bens e valores públicos. No caso do Presidente da República, o julgamento das contas é ato
privativo do Congresso Nacional (art. 49, inc. IX), competindo ao Tribunal de Contas da União
tão somente a elaboração de parecer prévio.
Em São Paulo, o julgamento das contas do governador é feita pela maioria absoluta dos
membros da Assembleia Legislativa (art. 10, § 1.º, da Constituição Estadual).
É vedada a criação de tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais (art. 31, § 4.º, da
CF). Os Tribunais de Contas Municipais existentes antes da Constituição Federal de 1988 , a
exemplo de São Paulo e Rio de Janeiro, foram mantidos (art. 31, § 1.º, da CF) e auxiliam as
respectivas Câmaras Municipais no controle externo das contas públicas.
O Tribunal de Contas do Município de São Paulo é composto por 5 conselheiros, nos termos
32
Nos Municípios, onde não há Tribunal de Contas do Município, o controle externo é feito pela
Câmara de Vereadores, com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado respectivo.
O § 3.º, do art. 31, da Constituição Federal, estabelece que as contas dos Municípios ficarão
durante 60 dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação,
o qual poderá questionar-lhes a legitimidade nos termos da lei.
O parecer emitido pelos Tribunais de Contas, em relação às contas dos prefeitos, só não
prevalece se derrubado por voto de 2/3 (chamado de maioria qualificada) dos membros da
respectiva Câmara Municipal (art. 31, § 2.º, da CF).
Pela alínea “g”, do inc. I, do art. 1.º, da Lei Complementar n. 64/90 (Lei Federal das
Inelegibilidades), aquele que tiver suas contas rejeitadas por irregularidade insanável e por
decisão irrecorrível de órgão competente, fica inelegível pelos 5 anos seguintes à data da
decisão, salvo se a questão houver sido ou estiver sendo submetida à apreciação do Poder
Judiciário.
Para Thomas Hobbes14, cuja obra fundamental é ‘O Leviatã’, publicada em 1.651, os homens
vivem, inicialmente, sem poder e sem organização (isto é, nascem num estado da natureza),
que somente vêm a surgir depois que estes estabelecem entre si um pacto, que estabelece as
regras de convívio social e de subordinação política.
O motivo pelo qual firmam este pacto encontra-se na convicção de que, não o fazendo,
caminharão para a mútua destruição, em virtude da tensão que existe nas relações sociais.
Essa tensão, se não for devidamente coibida (pelo Estado, cujo poder resulta desse pacto),
impelirá os homens ao conflito aberto.
13
Leviatã é o livro mais famoso do filósofo inglês. Thomas Hobbes, publicado em 1.651. O seu título se deve ao
monstro bíblico Leviatã. O livro, cujo título por extenso é ‘Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado
eclesiástico e civil’, trata da estrutura da sociedade organizada.
Hobbes alega serem os humanos egoístas por natureza. Com essa natureza tenderiam a guerrear entre si, todos
contra todos (Bellum omnia omnes). Assim, para não exterminarmo-nos uns aos outros será necessário um
contrato social que estabeleça a paz, a qual levará os homens a abdicarem da guerra contra outros homens.
Mas, egoístas que são, necessitam de um soberano (Leviatã), que puna aqueles que não obedecem ao contrato
social.
Vale notar que um soberano pode ser uma pessoa, tanto quanto um grupo, eleito ou não. Porém, na perspectiva
de Hobbes, a melhor forma de governo era a monarquia, sem a presença concomitante de um Parlamento, pois
este dividiria o poder e, portanto, seria um estorvo ao Leviatã e levaria a sociedade ao caos (como na guerra civil
inglesa).
14
Thomas Hobbes (1.588 –1.679) fi um matemático, teórico político, e filósofo inglês, autor de ‘O Leviatã’ (1.651)
e ‘Do cidadão’ (1.651).
Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de governos
e sociedades. No estado natural, enquanto que alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do
que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais por forma a estar além do medo de que outro homem lhe
possa fazer mal. Por isso, cada um de nós tem direito a tudo, e uma vez que todas as coisas são escassas,
existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes). No entanto, os homens têm um
desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com a guerra, e por isso formam sociedades entrando
num contrato social.
De acordo com Hobbes, tal sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros dela devem render
o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que a autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa
comum. Este soberano, quer seja um monarca ou uma assembleia (que pode até mesmo ser composta de
todos, caso em que seria uma democracia), deveria ser o ‘Leviatã’, uma autoridade inquestionável. A teoria
política do ‘Leviatã’ mantém, no essencial, as ideias de suas duas obras anteriores, ‘Os elementos da lei’ e ‘Do
cidadão’ (em que tratou a questão das relações entre Igreja e Estado).
Thomas Hobbes defendia a ideia segundo a qual os homens só podem viver em paz se concordarem em
submeter-se a um poder absoluto e centralizado. Para ele, a Igreja cristã e o Estado cristão formavam um
mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões
religiosas e presidir o culto. Neste sentido, critica a livre-interpretação da Bíblia na Reforma Protestante por, de
certa forma, enfraquecer o monarca.
Sua filosofia política foi analisada pelo estudioso Richard Tuck, como uma resposta para os problemas que o
método cartesiano introduziu para a filosofia moral. Hobbes argumenta, assim como os céticos e como René
Descartes, que não podemos conhecer nada sobre o mundo exterior a partir das impressões sensoriais que
temos dele. Esta filosofia é vista como uma tentativa para embasar uma teoria coerente de uma formação social
puramente no fato das impressões por si, a partir da tese de que as impressões sensoriais são suficientes para o
homem agir em sentido de preservar sua própria vida, e construir toda sua filosofia política a partir desse
imperativo.
Tuck dá peso considerável à segunda parte do ‘Leviatã’, que lida com espinhosas questões de religião, e
especificamente da autoridade em assuntos da fé. Interpretando o livro de Hobbes no contexto da Guerra Civil
Inglesa e perído subsequente, Tuck argumenta que o ‘Leviatã’ destinava-se a permitir ao monarca exercer
autoridade sobre assuntos de fé e doutrina, e que isso marca o apoio de Hobbes à política religiosa da república
inglesa do pós-guerra.
Hobbes ainda escreveu muitos outros livros falando sobre filosofia política e outros assuntos, oferecendo uma
descrição da natureza humana como cooperação em interesse próprio. Ele foi contemporâneo de Descartes, e
escreveu uma das respostas para a obra Meditações sobre filosofia primeira, deste último.
34
Hobbes descreve o homem, em seu Estado Natural15, como egoísta, egocêntrico e inseguro.
Ele não conhece leis e não tem conceito de justiça. Ele somente segue os ditames de suas
paixões e desejos temperados com algumas sugestões de sua razão natural. Onde não existe
governo ou lei, os homens naturalmente caem em discórdia.
Para ele, desde que os recursos são limitados, ali haverá competição, que leva ao medo, à
inveja e a disputa. Semeada a desconfiança, perde-se a segurança de confiar no próximo. Na
busca pela glória, derruba-se os outros pelas costas, já que, para Hobbes, os homens são
iguais nas capacidades e na expectativa de êxito e, assim, nenhuma pessoa ou nenhum
grupo pode, com segurança, reter o poder.
Assim sendo, o conflito é perpétuo, e "cada homem é inimigo de outro homem". Nesse estado
de guerra, nada de bom pode surgir. Enquanto cada um se concentra na autodefesa e na
conquista, o trabalho produtivo é impossível. Não existe tranquilidade para a busca do
conhecimento. Não existe motivação para construir ou explorar. Não existe lugar para as artes
e letras. Não existe espaço para a sociedade, mas, só "medo contínuo e perigo de morte
violenta". Então a vida do homem, nesse estado, será "solitária, pobre, sórdida, brutal e curta".
Para Hobbes, no entanto, o conflito não deriva, em princípio, dos bens que o homem possui, e
sim, da honra, que é constituída pelo poder que detém, ou pelo respeito que a ele devotam os
semelhantes. Em resumo, para Hobbes:
a) o homem é artífice de seu destino, não Deus ou a natureza
b) o homem pode conhecer sua condição atual, miserável, e também os meios para
alcançar a paz e a prosperidade
c) somente por meio do contrato pode o homem organizar-se em sociedade.
15
Estado Natural, também chamado de Estado de Natureza, é o estado anterior à constituição da sociedade
civil. Todos os autores contratualistas admitem, de certa forma, um "estado de natureza". Alguns dos autores
contratualistas, apesar de descreverem um "estado de natureza", admitem que ele possa nunca ter vindo a
existir, mas, que era preciso fazer essa construção para entender a formação da sociedade civil.
É a ausência de sociedade. O que difere a sociedade humana das sociedades formadas por outras criaturas é a
necessidade de regras para que haja organização dos interesses. A cultura faz com que o homem se emancipe
dos outros animais. O ser humano, sendo dotado de razão torna-se livre.
Para Thomas Hobbes, o "estado de natureza" é qualquer situação onde não há um governo que estabeleça a
ordem. O fato de todos os seres humanos, serem iguais no seu egoísmo, faz com que a ação de um só seja
limitada pela força do outro. "O homem é o lobo do homem". Para que todos não acabem se matando e tenham
segurança, é necessário um Estado, uma instituição de poder comum. Aqui o "direito natural" é o direito de cada
um usar o seu poder para se autopreservar e satisfazer os seus desejos. O "estado de natureza" é sempre um
estado de guerra: Mesmo que não haja batalha, ela está latente, podendo ocorrer a qualquer momento e sem
causa aparente. Preocupados em se defender ou atacar, todos seres humanos se tornam incapazes de gerar
riquezas. De acordo com Hobbes, “a origem das sociedades amplas e duradouras não foi a boa vontade de uns
para com os outros, mas o medo recíproco”.
Para John Locke, o Estado Natural não é apenas uma construção teórica, pois ele existiu e continua existindo.
Locke entendia que, no Estado de Natureza, as pessoas eram submetidas à Lei da Natureza, o que era possível
porque elas eram dotadas de razão. Nesta Lei da Natureza, cada indivíduo poderia fazer o papel de juiz e aplicar
a pena que considerasse justa ao infrator. Esta arbitrariedade indivídual é um dos principais motivos das pessoas
buscarem entrar num Estado Civil. De acordo com o Direito Natural, o ser humano tem direito sobre sua vida,
liberdade e bens. A propriedade privada era definida no momento em que o ser humano misturava seu trabalho
com a natureza: "Quando começaram a lhe pertencer? Quando os digeriu? Quando os comeu? Quando os
cozinhou? Quando os levou para casa? ou Quando os apanhou? E é evidente que se o primeiro ato de apanhar
não os tornasse sua propriedade, nada mais poderia fazê-lo. Aquele trabalho estabeleceu uma distinção entre
eles e o bem comum". Mas, por que o Estado de Natureza continua existindo? Para Locke, "não é toda
convenção que põe fim ao estado de natureza entre os homens, mas apenas aquela pela qual todos se obrigam,
juntos e mutuamente, a formar uma comunidade única e constituir um único corpo político. Quanto às outras
promessas e convenções, os homens podem fazê-las entre eles, sem sair do estado de natureza.
35
As ideias absolutistas de Hobbes passaram a ser contestadas a partir do final do Século XVII,
por John Locke16, considerado o fundador da doutrina denominada empirismo, segundo a qual
todo o conhecimento deriva da experiência. Suas obras fundamentais são: ‘Cartas Sobre a
Tolerância’, ‘Ensaio Sobre o Entendimento‘ e ‘Dois Tratados Sobra o Governo Civil’.
Para Hobbes, a propriedade inexistia no estado de natureza, sendo instituída pelo Estado--
Leviatã, após a constituição da sociedade civil. Tendo criado a propriedade, poderia o Estado,
também, suprimi-la, o que é inaceitável para Locke, que considera a propriedade pré-existente
à sociedade (ou seja, é direito natural do homem), razão pela qual não pode ser tomada pelo
Estado.
16
John Locke (1.632 — 1.704), filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, é considerado o principal representante
do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.
Estudou medicina, ciências naturais e filosofia em Oxford, principalmente as obras de Bacon e Descartes. Em
1.683 John Locke fugiu para Holanda. Voltou à Inglaterra quando Guilherme de Orange subiu ao trono, em
1.688. Faleceu em 28 de outubro de 1.704. Locke nunca casou ou teve filhos.
Locke é considerado o protagonista do empirismo, isto é, a teoria denominada de Tabula rasa (do latim, "folha
em branco"). Esta teoria afirma que todas as pessoas nascem sem saber absolutamente nada e que aprendem
pela experiência, pela tentativa e erro. Esta é considerada a fundação do "behaviorismo".
A filosofia política de Locke fundamenta-se na noção de governo consentido dos governados diante da
autoridade constituída e o respeito ao direito natural do ser humano, de vida, liberdade e propriedade. Influencia,
portanto, as modernas revoluções liberais: Revolução Inglesa, Revolução Americana e na fase inicial da
Revolução Francesa, oferecendo-lhes uma justificação da revolução e a forma de um novo governo. Para fins
didáticos, Locke costuma ser classificado entre os "Empiristas Britânicos", ao lado de David Hume e George
Berkeley, principalmente pela obra relativa à questões epistemológicas. Em ciência política, costuma ser
classificado na escola do direito natural ou jusnaturalismo.
Para Bernard Cottret, biógrafo de João Calvino, a braços com a história trágica da brutal repressão aos
protestantes, na França, no Século XVI, e a própria intolerância e zelo religioso radical de João Calvino, em
Genebra, o nome de John Locke está intimamente associado à tolerância. Uma tolerância que os franceses
aprendem a valorizar apenas na década de 80, do Século XVII, quase às portas do Iluminismo. Dentre os
escritos políticos, a obra mais influente foi o tratado em duas partes, ‘Dois Tratados sobre o Governo’ (1.689). A
primeira descreve a condição corrente do governo civil; a segunda parte descreve a justificação para o governo e
os ideais necessários à viabilização.
Segundo Locke todos são iguais e que a cada deverá ser permitido agir livremente desde que não prejudique
nenhum outro. Com este fundamento, ele deu continuidade à justificação clássica da propriedade privada, ao
declarar que o mundo natural é a propriedade comum de todos, mas que qualquer indivíduo pode apropriar-se
de uma parte dele ao misturar o trabalho com os recursos naturais. Este tratado também introduziu o "proviso de
Locke", no qual afirmava que o direito de tomar bens da área pública é limitado pela consideração de que "ainda
havia suficientes, e tão bons; e mais dos ainda não fornecidos podem servir". Por outras palavras, que o
indivíduo não pode simplesmente tomar aquilo que pretende, pois também tem de levar em consideração o bem
comum.
Em ‘Ensaio acerca do Entendimento Humano’ (1.690), Locke propõe que a experiência é a fonte do
conhecimento, que depois se desenvolve por esforço da razão. Outra obra filosófica notável é ‘Pensamentos
sobre a Educação’, publicado em 1.693. As fontes principais do pensamento de Locke são: o nominalismo
escolástico, cujo centro era a Oxford; o empirismo inglês da época; o racionalismo defendido por René Descartes
e a filosofia de Malebranche.
Locke é considerado "o último grande filósofo que procura justificar a escravidão absoluta e perpétua"[3]. Ao
mesmo tempo que dizia que todos os homens são iguais, Locke defendia a escravidão (sem distinguir que fosse
apenas a negra), pois, aparentemente, ele só considerava como humanos os homens livres. Locke sustenta a
escravidão pelo contrato de servidão em proveito do vencido na guerra que poderia ser morto, mas assume o
ônus de servir em troca de viver. Locke não defende a escravidão fundada em raça, mas, no contrato com o
vencido na guerra, seja ele branco ou negro.
Locke contribuiu para a formalização jurídica da escravidão na Província da Carolina, cuja norma constitucional
dizia: "(...) todo homem livre da Carolina deve ter absoluto poder e autoridade sobre os escravos negros, seja
qual for a opinião e religião." Ele também investiu no tráfico de escravos negros.
36
Montesquieu17 -- cujo nome era Charles de Secondat --, tinha o título nobiliárquico de Barão
de Ia Brède e de Montesquieu, sendo conhecido por este último nome. Sua obra fundamental
é ‘O Espírito das Leis’18. Considerava que, embora o homem adentrasse ao mundo em um
estado de natureza, ele não iria buscar o conflito, ou subjugar outro ser humano.
Precisamente o contrário deveria ocorrer: o homem, nesse estado primitivo, sentir-se-ia tão
inferiorizado e cheio de temores, que não teria a coragem para atacar outro ser humano.
Jean-Jacques Rousseau (1.712 – 1.778), autor da obra ‘O Contrato Social’ 19, de 1.762, retoma
o pensamento de Hobbes, de que a sociedade é constituída a partir de um pacto social, e
propõe o exercício da soberania pelo povo, como condição primeira para sua libertação.
criminosos).
Fez várias críticas ao clero católico, principalmente, sobre seu poder e interferência política.
Defendia aspectos democráticos de governo e o respeito as leis.
Ele cunhou algumas frases célebres:- "Um governo precisa apenas saber vagamente o que a traição é, vai
contribuir para o despotismo"; "A pessoa que fala sem pensar, assemelha-se ao caçador que dispara sem
apontar."; "Leis inúteis enfraquecem as leis necessárias."; "Quanto menos os homens pensam, mais eles falam";
"Defenderei sempre o direito de discordarem de mim."
Apesar de ser muito influenciado pelos clássicos (notadamente Aristóteles), o seu esquema de governos é
diferente destes últimos. Montesquieu, ao considerar a democracia e a aristocracia um mesmo tipo (agrupados
na república) e ao falar de despotismo como um tipo em si e não a corrupção de outro (neste caso, da
monarquia), mostra-se mais preocupado com a forma com que será exercido o poder: se é exercido segundo leis
ou não.
Para Montesquieu, a forma republicana de governo só seria viável em regiões pequenas, como as cidades
gregas, da Antiguidade, e as cidades italianas, da Idade Média. Para os grandes Estados, só seria possível o
despotismo e as monarquias. Ele simpatizava com a monarquia constitucional (liberal) à moda inglesa, e foi a
partir de uma viagem à Inglaterra que ele elaborou a sua teoria da separação dos poderes.
Ao procurar descobrir as relações que as leis têm com a natureza e o princípio de cada governo, Montesquieu
desenvolveu uma alentada teoria de governo que alimenta as ideias fecundas do constitucionalismo, pelo qual se
busca distribuir a autoridade por meios legais, de modo a evitar a violência e o abuso de poder de alguns. Tais
ideias se encaminham para uma melhor definição da separação dos poderes, ainda hoje uma das pedras
angulares do exercicio do poder democrático. Montesquieu admirava a constituição inglesa, mesmo sem
compreendê-la completamente, e descreveu cuidadosamente a separação dos poderes em ‘Executivo’,
‘Judiciário’ e ‘Legislativo’, trabalho que influenciou os elaboradores da Constituição dos Estados Unidos da
América.
O Executivo seria exercido por um rei, com direito de veto sobre as decisões do parlamento. O poder judiciário
não era único, porque os nobres não poderiam ser julgados por tribunais populares, mas só por tribunais de
nobres; Portanto, Montesquieu não defende a igualdade de todos perante a lei.
O poder legislativo, convocado pelo executivo, deveria ser separado em duas casas: o corpo dos comuns,
composto pelos representantes do povo, e o corpo dos nobres, formado por nobres, hereditário e com a
faculdade de impedir (vetar) as decisões do corpo dos comuns. Essas duas casas teriam assembleias e
deliberações separadas, assim como interesses e opiniões independentes. Refletindo sobre o abuso do poder
real, Montesquieu conclui que "é preciso que o poder limite o poder", daí a necessidade de cada poder manter-se
autônomo e constituído por pessoas e grupos diferentes.
É bem verdade que a proposta da divisão dos poderes ainda não se encontra em Montesquieu com a força que
costumou-se posteriormente a atribuir-lhe. Em outras passagens de sua obra, ele não defende uma separação
tão rígida, pois o que ele pretendia, de fato, era realçar a relação de forças e a necessidade de equilíbrio e
harmonia entre os três poderes.
Montesquieu não era um revolucionário. Sua opção social ainda era por sua classe de origem, a nobreza. Ele
sonhava apenas com a limitação do poder absoluto dos reis, pois era um conservador, que queria a restauração
das monarquias medievais e o poder do Estado nas mãos da nobreza. As convicções de Montesquieu refletem-
se à sua classe e, portanto, o aproximam dos ideais de uma aristocracia liberal. Ou seja, ele criticava toda a
forma de despotismo, mas, não apreciava a ideia de o povo assumir o poder. A sua crítica, no entanto, serviu
para desencadear a Revolução Americana e instaurar a república burguesa.
18
Do Espírito Das Leis (L'Esprit des lois), publicado em 1.748, é o livro no qual Montesquieu elabora conceitos
sobre formas de governo e exercícios da autoridade política que se tornaram pontos doutrinários básicos da
ciência política. Suas teorias exerceram profunda influência no pensamento político moderno. Elas inspiram a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1.789, durante a Revolução Francesa.
Montesquieu é um dos grandes filósofos do Século XVIII. Pensador iluminista, deixou uma grande herança por
meio de suas obras. “Para melhor compreensão, desta obra, é preciso que se observe que o que denomino
virtude na república é o amor à pátria, isto é, o amor à igualdade. Não é, em absoluto, virtude moral, nem virtude
cristã, e sim, virtude política; é a mola que faz mover o governo republicano, assim como a honra é a mola que
38
b) a voluntarista.
A corrente determinista explica a finalidade social como sendo condicionada a leis naturais,
inexoráveis, que condicionam a vida da sociedade, sem que os membros da sociedade
possam lutar para alterar seus fatores condicionantes, que são de ordens diversas, como a
econômica, a geográfica, a étnica e outras.
A corrente voluntarista é a que explica a finalidade social como consequência da livre escolha
do homem, resultado da ação de sua consciência e racionalidade.
A sociedade deverá buscar atingir um bem comum, isto é, valores materiais e espirituais
compartilhados por todos, ou ao menos pela maioria, que sejam considerados como de
grande importância, e em nome dos quais os membros estão dispostos a fazer concessões e
sacrifícios.
O papa João XXIII afirmou: "bem comum é o conjunto de todas as condições de vida social
que consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da pessoa humana". (Encíclica Pacem
in Terris)
Com efeito, a ação dos membros da sociedade deve ser conjunta e ordenada, de modo
harmônico.
Também é usado para indicar (com ‘e’ minúsculo) a condição pessoal do indivíduo perante os
direitos civis e políticos (status civitatis, status familiae). Em sentido mais restrito, pode indicar
um órgão particular da sociedade, como, por exemplo, o governo ou os sujeitos do governo,
uma ‘nação’, ou o território que eles habitam.
Quando o Estado é discutido a partir de um ponto puramente jurídico, passa a ser visto como
uma corporação qualificada, isto é, um organismo constituído e que funciona de acordo com
ordem normativa própria. Daí, diz Kelsen, "o Estado é a comunidade criada por uma ordem
jurídica nacional" (em contraposição a uma ordem jurídica internacional). Finalmente, Estado
designa uma forma complexa e organizada de sociedade civil, a sociedade política.
Os doutrinadores que apresentam o conceito de Estado com base em uma noção de força,
podem ser classificados como políticos, embora de modo algum neguem o enquadramento do
Estado em uma ordem jurídica. Esses pensadores, como Léon Duguit e Georges Burdeau,
entendem o Estado como entidade institucionalizadora do poder, dotada de força irresistível,
embora delimitada pelo Direito.
A teoria monística considera que Estado e Direito são uma única unidade, coincidindo
plenamente os conceitos.
A teoria dualística considera que Estado e Direito são duas realidades completamente
distintas, sem relação um com o outro.
Segundo Hans Kelsen, que se inclina pela teoria monística, o Estado, enquanto realidade
social, está incluído na categoria de sociedade; ele é uma comunidade. O Direito está incluído
na categoria de normas, uma ordem normativa: é um sistema de normas, ou seja, uma ordem
normativa.
O Estado e o Direito, segundo essa visão, são dois objetos diferentes. Alguns autores
consideram que a dualidade entre Estado e Direito é um dos fundamentos da ciência política
e da jurisprudência modernas, que regulam as relações jurídicas no interior da sociedade.
Para Kelsen, no entanto, essa dualidade é indefensável, na medida em que o Estado, como
comunidade jurídica, não pode ser separado de sua ordem jurídica, da mesma forma que uma
corporação não é distinta de sua ordem constitutiva. E, como inexiste razão para se supor,
que existam duas ordens normativas diferentes: a ordem do Estado e a sua ordem jurídica.
Por isso, devemos admitir que a comunidade a que chamamos de ‘Estado’ é a sua ordem
jurídica.
41
2. ANTECEDENTES DA CONSTITUIÇÃO
2.1. A ideia de constituição
Ordem jurídica é o conjunto de normas jurídicas, escritas e não escritas, coativamente
impostas pelo Estado, de modo a assegurar a vida em sociedade, de acordo com a vontade
da maioria.
As normas jurídicas criadas pelo Estado formam um todo denominado ius positum, ou direito
positivo, isto é, o direito posto, ou imposto. O conjunto de todas as normas jurídicas criadas
pelo Estado e em vigor, constitui o direito objetivo, que é organizado segundo uma hierarquia
de leis, no topo da qual está situada a Constituição.
Constituição é vocábulo que pode ser entendido em sentido político, sociológico ou puramente
jurídico.
Em sentido puramente jurídico, Constituição é uma norma fundamental hipotética, que serve
de fundamento lógico de validade da norma positiva suprema, dentro de um ordenamento
jurídico, que regula a criação de outras normas.
Era um pacto visando ao respeito aos direitos dos senhores feudais, exclusivamente, por
parte da Coroa, não incluindo garantias às pessoas do povo.
Esses diplomas legais do Século XVII diferem de diplomas legais anteriores, tais como a
Magna Carta. Embora a Magna Carta constitua inegável avanço no campo jurídico
constitucional, elas sempre foram outorgadas pelo monarca. Os diplomas legais do Século
XVII diferenciam-se destas porque refletem o estabelecimento e a organização do governo
pelos próprios cidadãos, que a eles se submetem, consistindo em uma espécie de pacto (ou
contrato) social, ideia desenvolvida pelos filósofos Locke, Hobbes e Rousseau.
A ênfase nos direitos naturais do homem impõe limites à atuação do Estado, prevendo
remédios à violação de direitos dos cidadãos.
Do ponto de vista organizacional, surge a doutrina da separação dos poderes, elaborada por
John Locke no livro ‘Segundo Tratado do Governo Civil’ e por Montesquieu, em seu livro ‘O
Espírito das Leis’.
Em 1.789, eclode a Revolução Francesa23, ocasião em que foi promulgada a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão (26.08.1789), que a consagra no art. 16.
Merecem ser recordados alguns episódios que marcaram a elaboração da oitava Constituição
do Brasil, e sétima da República, de 1.988:
• O Governo Militar, após a enfermidade de Costa e Silva (que culminou com seu
falecimento, em dezembro de 1.969), substituído por uma Junta Militar, passou para as
mãos do Gen. Emílio Garrastazu Médici, precisamente na data da entrada em vigor da
Emenda Constitucional 1/69, de17.10.1969.
• Foram reabertas as Assembleias Legislativas dos Estados e prometida gradativa
abertura do regime.
• Sucedeu-o, em 1.974, o Gen. Ernesto Geisel, que também passou a promover um
programa de abertura política, "lenta, gradual e segura", segundo o critério alardeado
pelo governo, na época;
• Sucedeu-o, por sua vez, por meio de nova eleição indireta, o Gen. João Baptista
Figueiredo, em cujo mandato ocorreram amplas manifestações populares, que visavam
à redemocratização do País e a realização de eleições diretas (Movimento "Diretas
Já!").
• Ainda uma vez, foram realizadas eleições indiretas, ganhando o candidato Tancredo
Neves, que deveria tomar posse em 15.03.1985;
• Acometido de grave moléstia, assumiu a Presidência o seu vice, José Sarney, (a rigor,
deveria assumir, como argumentam alguns juristas, o Presidente da Câmara dos
Deputados, pois o Vice somente sucede o Presidente, quando este é afastado; como
não chegou a tomar posse, Tancredo não era, ainda, Presidente), dando início à era
chamada de "Nova República".
• Convocada para se reunir unicameralmente a Assembleia Nacional Constituinte, em
01.02.1987, culminaram os trabalhos com a promulgação da nova Constituição, no dia
05.10.1988, com 245 artigos e mais 70 outros constantes do ‘Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias – ADCT’, cuja mais significativa característica é seu cunho
democrático, que firma o Brasil como Estado de Direito;
• Algumas inovações merecem destaque: a) mandado de segurança coletivo; b)
mandado de injunção; c) habeas data; d) proteção a direitos difusos e coletivos; e e)
consagração do STF como Corte predominantemente constitucional, criação do
Superior Tribunal de Justiça - STJ e extinção do Tribunal Federal de Recursos - TFR.
A atual Constituição brasileira pode ser classificada como formal, escrita, dogmática, popular
e rígida.
O art. 1° consagra o princípio da democracia direta, isto é, o poder político pode ser exercido
não apenas por meio dos representantes do povo (democracia indireta), mas, também, por
qualquer cidadão que, por meio de mecanismos previstos, poderá submeter projeto de lei ao
Congresso.
Jean-Jacques Rousseau (1.712 – 1.778), autor da obra ‘O Contrato Social’ 24, de 1.762, retoma
o pensamento de Hobbes, de que a sociedade é constituída a partir de um pacto social, e
propõe o exercício da soberania pelo povo, como condição primeira para sua libertação.
3. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
3.1. Constituição em sentido sociológico
24
‘O Contrato Social’ pode ser considerada a obra prima do suíço Jean-Jacques Rousseau: parte de um obra
mais extensa, as ‘Instituições Políticas’, que, por não ter sido completada, teve suas partes menos importantes
destruídas pelo autor.
Nesta obra, Rousseau expõe a sua noção de Contrato Social, que difere muito das de Hobbes e Locke: para
Rousseau, o homem é naturalmente bom, sendo a sociabilização a culpada pela degeneração do mesmo. O
Contrato Social, para Rousseau, é um acordo entre indivíduos para se criar uma sociedade, e só então um
Estado. Isto é, o Contrato é um pacto de associação, não de submissão.
No primeiro livro da obra, Jean-Jacques Rousseau passa em exame as principais questões da vida política. Sua
principal preocupação já se expõe na primeira frase do primeiro capítulo deste livro: O homem nasce livre, e por
toda a parte encontra-se acorrentado. Nesse sentido, Rousseau começa ‘O Contrato Ssocial’ questionando o
motivo de os homens viverem sob os grilhões da vida em sociedade, do porquê de os homens abandonarem o
estado de natureza, uma vez que todos nascem homens e livres.
A ordem social seria, para Rousseau, um direito sagrado fundado em convenções, portanto, não-natural. O
objeto de estudo deste livro é, em geral, quais seriam estas convenções. A primeira forma de sociedade,
portanto o que mais se aproxima de uma sociedade natural, seria a família. Por ser o que mais se aproxima de
uma forma natural de sociedade, a família serve como primeiro modelo de sociedade política: o pai representado
pelo chefe, os filhos pelo povo. Mas o direito do pai sobre o filho cessa assim que este atinge a idade da razão e
torna-se senhor de si. A distinção entre sociedade familiar/sociedade política se dá, principalmente, no fato de o
pai se ligar ao filho por amor, e o chefe por prazer em mandar.
À questão do direito do mais forte, Rousseau responde que: ceder à força constitui ato de necessidade, não de
vontade; quando muito, ato de prudência. Em que sentido poderá representar um dever?, ou seja, a força difere
do direito porque pode se impor, mas não obrigar. Assim, para Rousseau, ‘força’ é diferente de ‘direito’ (o último
é um conceito moral, fundado na razão, enquanto a força é um fato). Por isso não há direito (nem Contrato) na
submissão de um homem pela força. Nenhum homem aliena sua liberdade gratuitamente a um outro, tão pouco
um povo a um indivíduo.
A escravidão não tem sentido para Rousseau, porque para o autor, o homem depende da liberdade: a liberdade
é condição necessária da condição humana. Por isso, ele afirma que renunciar à liberdade é renunciar à
qualidade de homem, aos direitos da humanidade, e até aos próprios deveres. Não há recompensa possível
para quem a tudo renuncia. Ao falar de como é sempre preciso remontar a uma convenção anterior,, Rousseau
conclui que a submissão de um povo a um rei só pode vir depois da constituição do próprio povo, ou seja, antes
de um contrato de submissão, é necessário um contrato de associação, visto que, em estado de natureza, os
homens não estão associados. A constituição do Povo, ou a associação das vontades individuais depende do
Pacto Social.
25
Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de maio de 1.789 e 9 de
novembro de 1.799, alteraram o quadro político e social da França. Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien
Régime) e a autoridade do clero e da nobreza. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência
Americana (1.776). Está entre as maiores revoluções da história da humanidade.
A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e
os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté,
Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau. Para a França, abriu-se, em 1.789, o longo
período de convulsões políticas do Século XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma ditadura, uma
monarquia constitucional e dois impérios.
46
Em sentido sociológico, Constituição é a soma dos fatores reais de poder que existem em
determinado país, consistindo a lei escrita meramente em uma formalização desses poderes.
A Constituição escrita pode ser codificada (quando todas as normas constam de um único
diploma legal, a Constituição) ou não-codificada (quando as normas constam de diversos
diplomas legais).
A Constituição material pode ser material em sentido amplo (enquanto refletir e se identificar
plenamente com o regime político ao qual o Estado está submetido), e material em sentido
estrito (quando o conteúdo consiste em normas que tratam exclusivamente de matérias
constitucionais).
Constituição histórica é aquela que provém de lenta evolução dos valores do povo, em
determinada sociedade, resultando em regras escritas (leis) e não escritas (usos e costumes).
Constituição rígida é aquela em que as regras constitucionais somente podem ser alteradas
mediante processo especial e qualificado, de não frequente aplicação.
Constituição semi-rígida é aquela em que as regras constitucionais podem ser alteradas, parte
pelo processo legislativo comum e parte por processo especial.
4. O PODER CONSTITUINTE
4.1. Conceito de Poder Constituinte
A Constituição Federal é o conjunto de normas supremas do ordenamento jurídico de um
país. A Constituição limita o poder, organiza o Estado e define direitos e garantias
fundamentais. Se for flexível suas normas desempenham a mesma função, mas encontram-
se no nível hierárquico das normas legislativas.
A teoria constitucional moderna tem a sua origem nas Revoluções Estadunidense e Francesa,
e coincide com a positivação dos direitos fundamentais.
A Constituição rígida situa-se no topo da pirâmide normativa, recebe nomes como Lei
Fundamental, Lei Suprema, Lei das Leis, Lei Maior, Carta Magna.
No Brasil (cuja constituição atual foi promulgada em 1.988), essas normas são conhecidas
como cláusulas pétreas, e são previstas pelo art. 60 (implicitamente irreformável), que
também prevê além das cláusulas pétreas (limitações materiais), limitações circustânciais e
formais.
48
Nos Estados Federativos, além da Constituição Federal, temos Constituições de cada Estado
Federado, subordinadas às previsões da Constituição Federal. É o poder constituinte derivado
decorrente.
A principal garantia dessa superioridade (supremacia, primazia) das Constituições rígidas são
os mecanismos de controlo de constitucionalidade, que permitem afastar, num caso concreto,
a aplicação de uma norma incompatível com texto constitucional (controle difuso) ou anulá-las
quando uma norma, em tese, violar a Constituição (controle concentrado).
Garantias constitucionais são normas que delimitam a atuação do Estado, no sentido de vedar
a prática de atos que configurariam violação a direito reconhecido.
A inviolabilidade do direito à vida, assegurado pela CF, art. 5°, caput, consiste na proteção ao
ser humano tanto no plano material (constituído por elementos biofísico-psíquicos), quanto no
plano imaterial (formado por elementos espirituais).
São vedadas quaisquer práticas que coloquem em risco a vida, desde a formação do feto.
Assim, são vedados:
• o aborto (exceto nos casos de perigo à vida da gestante, do feto ou de concepção
resultante de estupro)
50
Direito à privacidade é espécie de direito individual, conexo ao direito à vida, que consiste em
resguardar informações sobre o indivíduo, que sobre elas mantém controle, e não deseja
revelá-las a ninguém, ou somente a pessoas de sua escolha, incluindo sua vida familiar,
profissional e social.
O direito à liberdade de locomoção, isto é, o direito de, em tempo de paz, ir, vir, e ficar, consta
do art. 5°, XV, da CF, e consiste em assegurar ao indivíduo a movimentação e a permanência
em qualquer ponto do país, nele podendo entrar, permanecer ou dele sair com seus bens,
resguardados os direitos de terceiros e da sociedade em geral.
Quanto à liberdade de manifestação do pensamento, deverá o autor identificar-se (art. 5°, IV),
pois, ao permanecer no anonimato, poderia atacar alguém, sem lhe dar oportunidade de
defesa. Quanto à crença religiosa e a convicções filosóficas e políticas, é vedado invocá-las
para fugir ao cumprimento de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei (art. 5°, VIII), como, por exemplo, o serviço militar
obrigatório.
O direito à liberdade de reunião, que consta do art. 5°, XVI, consiste na autorização
constitucional para que as pessoas possam se encontrar, de forma ocasional ou periódica,
mas descontínua, pacífica e em locais abertos ao público, independentemente de autorização
da autoridade competente, com a finalidade de discutir ideias ou assumir posições em
conjunto.
O direito à liberdade de associação, que consta do art. 5°, incisos XVII a XXI, consiste na
autorização constitucional para que associações de pessoas possam ser constituídas, e
funcionem, de forma organizada, contínua e lícita, somente podendo ser dissolvidas em
virtude de decisão judicial transitada em julgado. A criação de associações e de cooperativas,
na forma da lei, independe de autorização do poder público.
A associação não pode ter fins ilícitos, isto é, proibidos pela lei penal. Além disso, não são
permitidas associações de caráter paramilitar. Vale ressaltar que ninguém pode ser obrigado
a associar-se, ou permanecer associado.
O direito à liberdade de profissão, que consta da CF, art. 5°, XIII, consiste na autorização
constitucional a que as pessoas possam desenvolver quaisquer trabalhos, ofícios ou
profissões. A liberdade para o exercício de grande parte das atividades profissionais é
condicionada às qualificações técnicas da pessoa, estabelecidas em lei.
O direito à liberdade de ação, que consta da CF, art. 5°, II, consiste na autorização
constitucional para que as pessoas somente possam ser obrigadas a fazer algo, ou deixar de
fazê-lo, em virtude de lei (princípio da legalidade).
O direito à liberdade de associação sindical, que consta da CF, art. 8°, consiste na
autorização constitucional a que profissionais ou trabalhadores possam filiar-se a um
sindicato, se o desejarem, não sendo exigida autorização do Estado para sua fundação,
exceto o registro no órgão competente. Veda-se a dispensa de empregado sindicalizado a
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito,
ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave.
O direito de greve, assegurado pela CF, art. 9°, caput, permite aos trabalhadores paralisarem
suas atividades, como forma de pressão sobre os empregadores, sem sofrer descontos
relativos ao período de inação.
A lei não poderá retroagir no tempo, exceto para beneficiar os titulares de algum direito. Lei
nova poderá, no entanto, restringir ou suprimir direitos, no futuro.
Ato jurídico perfeito, segundo a Lei de Introdução ao Código Civil – LICC (art. 6°, § 1°), é o já
consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
Coisa julgada é a decisão judicial contra a qual já não mais cabe recurso.
Violada a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem, terá o ofendido o direito subjetivo
público de pleitear reparação dos danos materiais e/ou morais.
Por privacidade, termo equivalente ao inglês privacy, entende-se um amplo espectro da vida,
envolvendo locais, informações privilegiadas, modo de vida, relações familiares e afetivas,
hábitos sociais e de consumo, bem como segredos e planos. Por intimidade, entende-se o
conjunto de informações sobre a própria pessoa, envolvendo seu universo interior, e que ela
não deseja compartilhar, ou só se dispõe a fazê-lo com pessoas determinadas, de sua própria
escolha.
• desastre
• prestação de socorro
• determinação judicial, durante o dia
A Constituição específica, no próprio art. 5°, LXI, os casos em que esse direito não é
assegurado:
• a transgressão militar
• o crime propriamente militar, ambos definidos em lei
Na concepção civilística, o proprietário pode usar, gozar e dispor de coisa, mas, é insuficiente
para a proteção adequada à propriedade, que não se restringe a objetos materiais; a
propriedade refere-se a quaisquer bens, materiais ou imateriais, desde que tenham conteúdo
patrimonial, isto é, seu valor possa ser expresso em termos monetários.
O direito de propriedade é garantido pela CF (art. 5°, XXII), mas, ela deverá atender a sua
função social (inciso XXIII), podendo ser desapropriada por necessidade ou utilidade pública
ou por interesse social (XXIV), ou utilizada pela autoridade competente em caso de iminente
perigo (XXV).
Deve-se lembrar que por muito tempo o regime feudal e a opressão, inerentes ao
absolutismos esmagavam a personalidade humana, e a desigualdade entre as pessoas era
um traço marcante e comum nas antigas sociedades.
Contudo, com o decorrer dos séculos, surgiram vários movimentos contrários a essa realidade
e que buscavam a valorização da dignidade da pessoa humana.
A doutrina cristã foi o marco inicial, visto que elevava o homem à situação de semelhança a
Deus, indicando a igualdade como um dos pressupostos fundamentais. Assim, o ser humano
foi alçado a um novo patamar de dignidade.
Essa doutrina, fonte primeira e expressiva, mas não exclusiva, dos direitos individuais, passou
pelo crivo de formulações filosóficas, do iluminismo, mediante o qual se simbolizou, na razão.
Esses três movimentos culminaram com a Revolução Francesa, de 1.789, que provocou a
derrocada do antigo regime absolutista e a instauração da ordem burguesa na França.
54
A Revolução Francesa trouxe, ainda, um marco na história dos direitos fundamentais, pois
produziu a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Contudo, há quem reconheça que o marco inicial dos direitos fundamentais foi a Magna Carta
Inglesa de 1.215, que levou a inserção dos direitos fundamentais nos textos constitucionais
dos Estados modernos ocidentais, consolidando o rumo trilhado pelas vertentes do direito.
É importante trazer à luz a lição de Carl Schmitt , acerca da Magna Charta de 1.215:
La Magna Carta inglesa de 15 de Julio de 1215 suele designar-se como modelo y
origen de las modernas Constituciones liberales. El desarrollo del Derecho político
de Inglaterra tomó um curso peculiar, porque los senõres feudales y estamentos de
la Edad Media (alta nobleza, caballeros y burguesia inglesa) y su representación (la
Cámara de los lores y la Cámara de los Comunes) pasaron en un proceso lento e
insensible a las condiciones propias del Estado moderno...
Todavia, Carl Schmitt admite que a verdadeira Constituição liberal, onde realmente foram
positivados os direitos fundamentais, surgiu com a declaração dos Estados americanos.
A história dos direitos fundamentais teve seu nascedouro, segundo Carl Schimitt, com as
declarações formuladas pelos Estados americanos, no Século XVIII, iniciadas pela declaração
do Estado de Virgínia, de 12 de junho de 1.776:
A positivação dos direitos fundamentais passou a ser mais concreta a partir da Revolução
Francesa, de 1.789, quando se consignou, de forma precisa, a proclamação da liberdade, da
igualdade, da propriedade e das garantias individuais liberais.
Com efeito, a Revolução Francesa ganhou caráter universal, e conforme salienta Dalmo de
Abreu Dallari, não restam dúvidas de que a influência dela [Revolução], na vida constitucional
(tanto no ocidente, como no oriente), representou um considerável progresso na história da
asseveração dos valores fundamentais da pessoa humana.
No entanto, pondera Dallari, sendo ela um produto do Século XVIII, por evidente que seja, seu
cunho é nitidamente individualista, subordinando a vida social ao indivíduo e arrogando ao
Estado a finalidade de preservação dos direitos individuais.
O Estado deveria ser apenas o guardião das liberdades, permanecendo longe de qualquer
interferência no relacionamento social. São as chamadas ‘liberdades públicas negativas’ ou
‘direitos negativos’, pois exigem do Estado um comportamento de abstenção. Eles realçam o
direito à vida, à intimidade, à inviolabilidade do domicílio, à liberdade, à propriedade e à
igualdade formal e algumas garantias processuais, como o devido processo legal, o habeas
corpus e o direito de petição.
A primeira geração de direitos dominou o Século XIX, e é composta dos direitos de liberdade,
que correspondem aos direitos civis e políticos. Tendo como titular o indivíduo, os direitos de
primeira geração são oponíveis ao Estado, sendo traduzidos como faculdades ou atributos da
pessoa humana, ostentando uma subjetividade que é seu traço marcante. São, portanto, os
direitos de resistência face ao Estado.
Traduzem uma etapa de evolução na proteção da dignidade humana, pois sua essência é a
preocupação com as necessidades do ser humano.
A segunda geração de direitos, da mesma forma que a primeira, foi inicialmente objeto de
formulação especulativa em campos políticos e filosóficos que possuíam grande cunho
ideológico. Dominaram o Século XX, assim como os de primeira geração dominaram o século
56
XIX. Tiveram seu nascedouro nas reflexões ideológicas e no pensamento antiliberal desse
Século.
[...] atravessaram, a seguir uma crise de observância e execução, cujo fim parece
estar perto, desde que recentes constituições, inclusive a do Brasil, formularam o
preceito da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais. De tal sorte, os
direitos da segunda geração tendem a tornar-se tão justificáveis quanto os da
primeira; pelo menos esta é a regra que já não poderá ser descumprida ou ter sua
eficácia recusada com aquela facilidade de argumentação arrimada no caráter
programático da norma.
Dividindo desse modo, torna-se mais fácil a percepção da desigualdade existente entre as
nações. Guerras acontecem nesse dado momento que nem sabemos existir. Milhares de
pessoas morrem todos os dias, vitimadas por guerras, doenças, pobreza, fome etc., sem que
levemos isso em consideração, sem que ao menos nos tornem fato conhecido.
É diante desse quadro que tem lugar, que surgem os direitos de terceira geração (fraternidade
ou solidariedade). São identificados como sendo o direito ao desenvolvimento, o direito à paz,
o direito ao meio ambiente, o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da
humanidade e o direito de comunicação.
Sobre a terceira geração de direitos, Norberto Bobbio comenta que Celso Lafer fala dos
direitos de terceira geração como se tratando, sobretudo, de direitos cujos sujeitos não são os
indivíduos, mas sim, os grupos de indivíduos, grupos humanos, como a família, o povo, a
nação e a própria humanidade.
57
Reconhecidos esses direitos de terceira geração, tendo seu gênero como sendo a
solidariedade (ou fraternidade), seu desenvolvimento conforme ensina Etiene-R. Mbaya, se
exprime de três maneiras:
• O dever de todo Estado particular de levar em conta, nos seus atos, os interesses de
outros Estados (ou de seus súditos)
• Ajuda recíproca (bilateral ou multilateral), de caráter financeiro ou de outra natureza,
para a superação das dificuldades econômicas (inclusive com auxílio técnico aos
países subdesenvolvidos e estabelecimento de preferências de comércio em favor
desses países, a fim de liquidar déficits)
• Uma coordenação sistemática de política econômica.
É de se lembrar, também, que deve ser uma democracia isenta, livre das contaminações,
vícios e perversões da mídia manipuladora.
Assim, pode-se partir para a assertiva de que os direitos da segunda, terceira e quarta
geração não se interpretam, mas sim, concretizam-se. E é no seio dessa materialização,
dessa solidificação, que se encontra o futuro da globalização política, o início de sua
legitimidade e a força que funde os seus valores de libertação.
Enfim, conforme enfatiza Paulo Bonavides, "os direitos da quarta geração compendiam o
futuro da cidadania e o porvir da liberdade de todos os povos. Tão-somente com eles será
legítima e possível a globalização política".
A Declaração Universal dos Direitos do Homem da Organização das Nações Unidas afirma:
A ideia de direitos humanos tem origem no conceito filosófico de direitos naturais, que seriam
atribuídos por Deus. Alguns sustentam que não haveria nenhuma diferença entre os direitos
humanos os direitos naturais, e veem, na distinta nomenclatura, etiquetas para uma mesma
ideia.
Existe um importante debate sobre a origem cultural dos direitos humanos. Geralmente se
considera que tenham sua raiz na cultura ocidental moderna. Contudo, alguns afirmam que
todas as culturas possuem visões de dignidade que são uma forma de direitos humanos, e
fazem referência a proclamações como a Carta de Mandén, de 1.222, declaração fundacional
do Império de Malí.
Entre estas duas posturas extremas se situa uma gama de posições intermediárias. Muitas
declarações de direitos humanos emitidas por organizações internacionais regionais põem um
acento maior ou menor no aspecto cultural, e dão mais importância a determinados direitos de
acordo com sua trajetória histórica.
Os direitos humanos são o resultado de uma longa história, e foram debatidos ao longo dos
séculos por filósofos e juristas. O início desta caminhada remete-nos para a religião, quando o
Cristianismo, durante a Idade Média, foi a afirmação da defesa da igualdade de todos os
homens.
Foi também durante essa época que os filósofos cristãos recolheram e desenvolveram a
teoria do direito natural, em que o indivíduo está no centro de uma ordem social e jurídica
justa, mas a lei divina tem prevalência sobre o direito laico, tal como é definido pelo
imperador, o rei ou o príncipe.
59
Mais tarde, a Escola do direito natural, defendeu a existência de direitos que pertencem
essencialmente ao homem, que são inerentes à natureza, que ele goza pelo simples fato de
ser homem. Com a idade moderna, os racionalistas dos Séculos XVII e XVIII, reformulam as
teorias do direito natural, deixando de estar submetido a uma ordem divina. Para os
racionalistas, todos os homens são livres por natureza, e têm certos direitos inatos de que não
podem ser despojados quando entram em sociedade. Foi esta corrente de pensamento que
inspirou o atual sistema internacional de proteção dos direitos do homem.
A evolução destas correntes deu frutos, pela primeira vez, na Inglaterra, e depois, nos
Estados Unidos. A Magna Carta (1.215) deu garantias contra a arbitrariedade da Coroa, e
influenciou diversos documentos, como por exemplo, o Acto Habeas Corpus (1.679), que foi a
primeira tentativa para impedir as detenções ilegais. A Declaração Americana da
Independência surgiu em 4 de julho de 1.776, onde constavam os direitos naturais do ser
humano que o poder político deve respeitar. Esta declaração teve como base a Declaração de
Virgínia, proclamada em 12 de junho de 1.776, onde estava expressa a noção de direitos
individuais.
Mas, o momento mais importante, na história dos Direitos do Homem, ocorreu no período de
1.945-1.948. Em 1.945, os Estados tomaram consciência das tragédias e das atrocidades
vividas durante a 2º Guerra Mundial, o que os levou a criar a Organização das Nações Unidas
em prol de estabelecer e manter a paz no mundo.
Foi através da Carta das Nações Unidas, assinada no dia 20 de junho de 1.945, que os povos
exprimiram a sua determinação “em preservar as gerações futuras do flagelo da guerra;
proclamar a fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e valor da pessoa humana,
na igualdade de direitos entre homens e mulheres, assim como das nações, grandes e
pequenas; em promover o progresso social e instaurar melhores condições de vida numa
maior liberdade.”.
Os principais objetivos das Nações Unidas passam por manter a paz, a segurança
internacional, desenvolver relações amigáveis entre as nações, realizar a cooperação
internacional resolvendo problemas internacionais de natureza econômico, social, intelectual e
humanitário, desenvolver e encorajar o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais, sem qualquer tipo de distinção.
Assim, no dia 10 de dezembro de 1.948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Ela é de fundamental importância na nossa
sociedade, pois quase todos os documentos relativos aos direitos humanos têm como
referência esta Declaração, e alguns Estados fazem alusão a ela nas suas constituições
nacionais.
cumpri-la. Foi nesse contexto que, no período entre 1.945-1.966, nasceram vários
documentos.
Assim, a junção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os dois pactos efetuados em
1.966 -- O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais --, bem como os dois protocolos facultativos do
Pacto dos Direitos Civis e Políticos (que em 1.989 aboliu a pena de morte), constituem A
Carta Internacional dos Direitos do Homem.
Um dos documentos mais antigos que vinculou os direitos humanos é o Cilindro de Ciro, que
contém uma declaração do rei persa (hoje Irã) Ciro II, depois da conquista da Babilônia, em
539 a.C. Foi descoberto em 1.879, e a ONU o traduziu em 1.971, em todos seus idiomas
oficiais. Pode ser resultado de uma tradição mesopotâmica centrada na figura do rei justo,
cujo primeiro exemplo conhecido é o rei Urukagina, de Lagash, que reinou durante o Século
XXIV a.C., e de onde cabe destacar também Hamurabi,da Babilônia,e seu famoso Código de
Hamurabi, que data do Século XVIII a.C.
Durante a Revolução Inglesa, a burguesia conseguiu satisfazer suas exigências de ter alguma
classe de seguridade contra os abusos da coroa, e limitou o poder dos reis sobre seus
súditos, proclamando a Lei de Habeas Corpus, em 1.679.
A primeira declaração dos direitos humanos da época moderna é a Declaração dos Direitos
da Virgínia, de 12 de junho de 1.776, escrita por George Mason e proclamada pela
Convenção da Virgínia. Esta grande medida influenciou Thomas Jefferson na declaração dos
direitos humanos, que se existe na Declaração da Independência dos Estados Unidos da
América, datada de 4 de julho de 1.776, assim como também influenciou a Assembleia
Nacional francesa, na concepção da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de
1.789 (esta última definia o direito individual e coletivo das pessoas).
A noção de direitos humanos não experimentou grandes mudanças até o século seguinte.
Com o início das lutas operárias, surgiram novos direitos que pretendiam dar solução a
61
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
26
Epistemologia ou teoria do conhecimento (do grego ἐπιστήμη [episteme], ciência, conhecimento; λόγος logos],
discurso) é um ramo da Filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento.
A epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento (daí também se
designar por filosofia do conhecimento). Ela se relaciona ainda com a metafísica, a lógica e o empirismo, uma
vez que avalia a consistência lógica da teoria e sua coesão fatual, sendo assim a principal dentre as vertentes da
filosofia (é considerada a "corregedoria" da ciência). Sua problematização compreende a questão da
possibilidade do conhecimento: Será que o ser humano conseguirá algum dia atingir realmente o conhecimento
total e genuíno, fazendo-nos oscilar entre uma resposta dogmática ou empirista? Outra questão abrange os
limites do conhecimento: Haverá realmente a distinção entre o mundo cognoscível e o mundo incognoscível? E
finalmente, a questão sobre a origem do conhecimento: Por quais faculdades atingimos o conhecimento? Haverá
conhecimento certo e seguro em alguma concepção a priori?
Pode-se dizer que a epistemologia se origina em Platão. Ele opõe a crença ou opinião ("δόξα", em grego) ao
conhecimento. A crença é um determinado ponto de vista subjetivo. O conhecimento é crença verdadeira e
justificada.
A teoria de Platão abrange o conhecimento teórico, o saber que. Tal tipo de conhecimento é o conjunto de todas
aquelas informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Este conhecimento
consiste em descrever, explicar e predizer uma realidade, isto é, analisar o que ocorre, determinar por que ocorre
dessa forma e utilizar estes conhecimentos para antecipar uma realidade futura.
Há outro tipo de conhecimento, não abrangido pela teoria de Platão. Trata-se do conhecimento prático, o saber
como.
A epistemologia também estuda a evidência (entendida não como mero sentimento que temos da verdade do
pensamento, mas sim no sentido forense de prova), isto é, os critérios de reconhecimento da verdade.
Ante a questão da possibilidade do conhecimento, o sujeito pode tomar diferentes atitudes:
• Dogmatismo: atitude filosófica pela qual podemos adquirir conhecimentos seguros e universais, e ter
absoluta certeza disso.
• Cepticismo: atitude filosófica oposta ao dogmatismo, a qual duvida de que seja possível um
conhecimento firme e seguro, sempre questionando e pondo à prova as ditas verdades. Esta postura foi
defendida por Pirro de Elis.
• Relativismo: atitude filosófica defendida pelos sofistas que nega a existência de uma verdade absoluta e
defende a ideia de que cada indivíduo possui sua própria verdade, que é em função do contexto histórico
do indivíduo em questão.
• Perspectivismo: atitude filosófica que defende a existência de uma verdade absoluta, mas pensa que
nenhum de nós pode chegar a ela senão a apenas uma pequena parte. Cada ser humano tem uma visão
da verdade. Esta teoria foi defendida por Nietzsche e nota-se ecos de platonismo.
62
Os incisos do Art. 5o. não preveem os direitos coletivos, mas eles estão embutidos nos direitos
individuais.
27
Aos estrangeiros, também os direitos sociais, especialmente os trabalhistas
63
Ela, mais que as outras, realçou o valor da moral individual, tornando-a mesmo um bem
indenizável.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o bom nome, a boa fama, a reputação que
integram a vida humana como dimensão imaterial.
Por isso que o Direito Penal tutela a honra contra a calúnia, a difamação e a injúria.
É admitida somente
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e
o disposto neste artigo.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo
exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria, observadas as seguintes condições:
65
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
66
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital
votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens
deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há
mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e
estabelecerão o conteúdo da programação.
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá,
como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.
I - as formas de expressão;
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II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos
ou ações apoiados.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
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V - da carreira diplomática;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
BIBLIOGRAFIA
BÁSICA
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Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2003.
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