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III Workshop Desafios e Perspectivas da Inclusão Digital na Sociedade da Informação:
Elementos para uma Estratégia Abrangente
Brasília, 14/15 de dezembro de 2009
Anais do Evento
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universidades estejam abertas às pessoas, elas não podem levar os livros para
casa e não são freqüentados pela população menos favorecida, [o] que mais
nos interessava.
Então estes eram os números que nós tínhamos na época. Conduzimos
inicialmente 49 entrevistas com representantes de redes de telecentros, com o
Mário Brandão [Presidente da Associação Brasileira de Centros de Inclusão
Digital], com representantes do governo, com representantes de redes
estatuais de bibliotecas, coordenadores estaduais de bibliotecas, Fundação
Biblioteca Nacional, etc. Olhamos os estudos existentes, principalmente o
material do CGI. Geramos um relatório da 1ª fase e esse relatório tinha um
padrão de formato porque a idéia global do projeto era a análise transversal
entre os países. Em abril de 2008 nos encontramos, os 25 países, na Costa
Rica, onde o pessoal da coordenação da Universidade de Washington nos
apresentou questões para a 2ª fase, que seria um survey direto com
operadores e usuários de telecentros.
Uma questão interessante é esse olhar que nos trouxe, para a Fundação
Pensamento Digital e até influenciou nas nossas práticas, que é “qual é a
informação que você busca?”. E isso normalmente é uma resposta mais
evasiva do tipo “não busco informação, busco a comunicação”. Isso foi muito
presente em toda América Latina. Na América Latina apareceram bem forte os
cibercafés, e uma resistência a ter que pesquisar bibliotecas, já que não eram
representativas na maioria dos países nos seus movimentos de ICT for
Development ou de inclusão digital.
O nosso orçamento era bastante restrito, porque para todos os países eram
iguais, e a Universidade de Washington, na definição dos 25 países, o Brasil foi
um dos últimos a ser colocado por causa deste fator. O nosso orçamento era
igual o de Honduras, mas nós tínhamos muita vontade de fazer uma pesquisa
global nacional e conseguimos, com estudantes, professores de outras
universidades, representantes de ONGs de outras regiões do país aplicar
surveys nas cinco regiões.
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Pontos de Cultura: por entender que as bibliotecas realmente não estão dentro
das comunidades menos favorecidas, então se fez essa opção.
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profundidade, para trazer o turno inverso da escola para os telecentros, para
desenvolver bem mais programas. Então é ótimo que seja o jovem lá, mas ele
não é suficiente para desenvolver os potenciais que a gente têm em mente
enquanto pesquisadores e muitos dos fazedores das políticas públicas.
Cibercafés ou as nossas lanhouses: a maioria dos países adotou o nome de
cibercafé, embora outros tivessem nomes locais, então eu acabo tratando
como cibercafés os pontos pagos. Criados por pequenos empreendedores nas
comunidades menos favorecidas, com diversos softwares à disposição,
inclusive alguns de jogos e outros não disponíveis normalmente. Tempo
ilimitado, não há normalmente restrições para navegar em redes sociais, às
vezes achados em telecentros. Muitos deles não registrados enquanto empresa
ou organização; vivem na informalidade. Computadores mais novos e de
melhor qualidade, sustentáveis através de taxas cobradas dos usuários.
Disponíveis em horários mais amplos. Os telecentros estando dentro das
ONGs, eles fecham no horário comercial, muitas vezes, e os cibercafés e
lanhouses a gente nota abertos à noite, abertos finais de semana, então mais
disponíveis para a população. Não há cursos, não é oferecida formação e ajuda
dos operadores. Existe, mas é bastante limitada, diferente do que a gente vê
nos telecentros. São ambientes menos propícios para as crianças, algumas
vezes quando estão ligados a restaurantes ou bares. Sendo que a gente tem
imagem de telecentro dentro de um centro social, dentro de uma organização
comunitária onde ela tem a idéia do acolhimento desta criança, e no cibercafé
essa não é a proposta inicial, e não se tem uma responsabilidade maior, e há a
circulação de todos os tipos de público.
Bibliotecas públicas: chegamos por várias entrevistas e fontes a esse número,
em torno de 5.097 existentes em 4.700 municípios, com 85% de cobertura,
onde a gente pode ver que a maioria não pode ter mais do que uma biblioteca
por município. Óbvio que tem uma grande concentração no Sudeste, tanto em
quantidade quanto em qualidade das bibliotecas. São pouco frequentadas pela
população menos favorecida. Os usuários têm maior renda e maior
escolaridade. Algumas [bibliotecas] nos centros das cidades ou próximas aos
prédios de gestão pública, não dentro das comunidades como os telecentros. A
gente chegou a uma estimativa de que menos de 15% oferece serviços de
TICs. É muito difícil identificar quais tinham TICs para acesso do público, não
porque há a Rede da Biblioteca Nacional, mas muitas vezes quem aporta a
tecnologia pode ser o município, pode ser outros parceiros. Então era difícil se
identificar.
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condição de fazer a relação de dois textos e poucas compreender um texto
curto. Então nesse sentido, ao invés de dizer que informação é necessária, a
gente apontou a necessidade de iniciativas que promovam uma melhoria do
nível de alfabetização. O que é muito possível de se desenvolver.
As ONGs que estão nas comunidades, elas já são muito construtivistas por
trabalhar em projetos, então, com uma pequena atividade pode haver uma
sistematização de propostas para esse sentido ,se a gente chegar a esse papel
para esses centros. Que as pesquisas existentes no país, que são muitas em
qualidade, são muito boas sobre desenvolvimento social, sobre educação, elas
não chegam nesses lideres comunitários, muitas vezes nem nos coordenadores
das escolas. Eles não vão buscar nas universidades os mestrados, os
doutorados, os papers que dizem e a política brasileira é democrática, ela
delega para as ONGs a política de inclusão digital. As escolas são
extremamente autônomas na redação do seu projeto político-pedagógico. Só
que esses autores normalmente não estão acessando a produção de
conhecimento do país. Então aqui a gente coloca resumos mais acessíveis. E aí
está a multimídia também para nos ajudar nisso, talvez.
Essa rede de serviços incluindo os telecentros, que a gente coloca no terceiro
setor no Brasil, que vai via editais, ela tem principalmente uma
descontinuidade muito grande. Isso bagunça a vida dos jovens. Quer dizer, eu
daqui um ano vou fazer um curso técnico, ou vou fazer um curso lá na ONG e
depois vou fazer um curso técnico, mas aí a ONG não entrou no edital, o edital
atrasou e agora começou um projeto na minha comunidade e o ano que vem
não tem mais. Então há uma descontinuidade grande de projetos oferecidos e
quando eles começam, muitas vezes os interessados não estão ali, e às vezes
dá oportunidade para pessoas não tão próprias para aquela vaga, às vezes não
tem capacidade de comprometimento suficiente para fazer determinado curso
e a gente acaba não aproveitando da melhor forma. Em termo de saúde, que
também era um requisito da pesquisa a gente vê que tem trabalhos muito
bons do governo de prevenção à AIDS, à dengue, mas sobre a questão de
doenças crônicas de pobreza poderia ser ainda mais explorada a informação
existente nesse sentido.
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Telecentros:
Também majoritariamente usuários do sexo feminino, entre 15 e 18 anos, os
visitam freqüentemente, 44%. Os operadores declararam que mais de 40%
dos usuários procuram para atividades de educação, mas os usuários
declararam que procuram para entretenimento, 42,7%. Então muitas vezes a
gente tem uma visão, o operador acha que é uma coisa, mas o usuário tem
um posicionamento diferente. Usam com freqüência sites de relacionamento e
jogam games. As barreiras declaradas são o horário limitado para o uso, falta
de informação e falta de conteúdo. Essa falta de conteúdo me causa uma certa
estranheza, mas é uma pergunta aberta para todos os centros, porque ao meu
olhar conteúdo na Internet nós temos, muito mais do que a capacidade que a
maioria dos usuários tem para ler. Então, talvez tenha ocorrido porque era
uma pergunta aberta tanto para bibliotecas, telecentros e cibercafés, mas esse
é o resultado.
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Cibercafés ou lanhouses:
Muda o usuário, que passa a ser majoritariamente do sexo masculino, também
entre 15 e 18 anos nos três centros. Visitam freqüentemente procurando por
entretenimento e sites de relacionamento. A barreira é o custo, porque as
outras elas tem mais horário de atendimento e até mais possibilidade de
softwares.
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A gente conclui, de uma forma muito ampla, que as bibliotecas enquanto tipo
de centro são sustentáveis, mas não atraem a população menos favorecida, e
não estão devidamente equipadas com as TICs. Os telecentros atendem a
população menos favorecida próxima a eles, de menor renda e menor
escolaridade. A gestão comunitária é um exercício em si de cidadania e
empreendedorismo. Existe uma fraqueza na qualificação de operadores e na
sustentabilidade, comprometendo a qualidade do serviço oferecido,
principalmente se a gente for olhar com o olhar de biblioteca, de busca de
informação, de estimular e facilitar a busca da informação e de uma leitura.
O cibercafé atende os menos favorecidos, tem ótimos equipamentos em
relação aos outros, conexão à Internet, são sustentáveis, mas não oferecem
formação e apoio necessário aos usuários.
Num mundo ideal, um centro de excelência teria então uma sustentabilidade e
infraestrutura de um cibercafé, a própria ação comunitária e proposta social
dos telecentros e uma qualificação de operadores a nível daqueles presentes
nas bibliotecas, se tivermos em mente o uso da informação, não a parte
tecnológica porque os operadores das bibliotecas ainda nem têm a tecnologia.
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vê que tem que ser potencializada. Desenvolvimento de habilidades para o uso
das TICS, além das habilidades de leitura e escrita.
Colaboração entre diferentes tipos de centros. O que a gente vê nas políticas
públicas brasileiras é que ou a verba vai para a biblioteca ou vai para
telecentro. E aí a biblioteca não tem telecentro e telecentro não tem biblioteca.
A biblioteca que tem verba para estar no centro da cidade, muitas vezes não
tem recurso para equipar uma sala com computadores. O telecentro está numa
organização comunitária em que aquele projeto leva livros e ele não tem
recursos para fazer livros. Um exemplo que a gente viu na Bahia, em Salvador,
visitando a biblioteca, se não me engano era estadual, tinha dentro dela um
telecentro equipado por uma política pública de telecentros do próprio estado
da Bahia. De novo esses nomes, como a [Maria de] Nazaré colocou, essas
redes na verdade, eles são muito restringidos à sustentabilidade, os
mantenedores, os parceiros que fazem acontecer. Quem está lá na ponta vê o
acesso e muitas vezes não sabem por onde chegou, e a idéia de que as redes
de um programa de telecentro, ou as redes de um programa do Governo
Federal, os pontos trabalham em rede que é muito fraca. Eles interagem muito
pouco entre si através dessas redes.
Talvez funcionem melhor programas menores como a Casa Brasil, Pontos de
Cultura, que têm agora mais recursos para os projetos. Colaboração entre
diferentes tipos de centros: então o que a gente vê essa possibilidade de
programa público de telecentro que tem recursos para criar uma sala dentro
da biblioteca e dentro das ONGs, além da cultura com incentivo, com
investimento privado. Muitas vezes a gente vê empresa querendo investir, usar
recurso e não sabe muito bem como. Dá pra ter aporte tanto de acervo quanto
de recursos humanos para manter a biblioteca através desse tipo de projeto.
Essas foram as sugestões.
Na verdade se tem muito mais para falar, foi um ano de trabalho, mas numa
pincelada rápida é isso. Quem quiser ter acesso às planilhas de dados é só
mandar um e-mail que estamos à disposição.
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