Professional Documents
Culture Documents
Rui Ralha
Fevereiro de 2008
Universidade do Minho
Departamento de Matemática
2
Conteúdo
3 Derivação em R 41
3.1 Conceitos e definições básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 Regras de derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.2.1 Derivadas de funções trigonométricas . . . . . . . . . . 47
3.2.2 Derivada da função composta . . . . . . . . . . . . . . 48
3.2.3 Derivada da função inversa . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.4 Derivada das funções exponenciais e logarı́tmicas . . . 51
3.2.5 Derivadas das funções trigonométricas inversas . . . . . 54
3.2.6 Funções hiperbólicas (directas e inversas) . . . . . . . . 56
3.3 Resultados sobre funções diferenciáveis . . . . . . . . . . . . . 57
4 Série de Taylor 63
4.1 Polinómio de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.2 Séries de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.3 A fórmula de Taylor com resto . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3
4 CONTEÚDO
5 Primitivas 75
5.1 Primitivas de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5.2 Primitivação por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.3 Primitivação por substituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.4 Primitivação de fracções racionais . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.5 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
6 Integral de Riemann 89
6.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.2 Propriedades do integral definido . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.3 Teorema fundamental do cálculo integral . . . . . . . . . . . . 95
6.4 Mudança de variável no integral definido . . . . . . . . . . . . 97
6.5 Integração de funções descontı́nuas . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.6 Integrais impróprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6.7 Cálculo de áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Prefácio
Estas notas foram preparadas para apoio à disciplina de Cálculo que é parte
integrante do plano de estudos (no segundo semestre do primeiro ano cur-
ricular) da Licenciatura em Ciências da Computação. Este texto pretende
constituir um elemento de estudo para os estudantes mas na bibliografia
indica-se um conjunto de textos, todos eles existentes na biblioteca da Uni-
versidade do Minho, que os alunos podem e devem usar como elementos de
consulta, complementando desta maneira a informação contida nestas notas.
5
6 CONTEÚDO
Capı́tulo 1
Pode suceder que a aplicação u seja definida apenas a partir de uma certa
ordem n0 . Neste caso, o domı́nio da aplicação é
A = {n ∈ N : n ≥ n0 } ⊂ N.
√
Exemplo 1 A sucessão de termo geral un = n − 2 é definida sobre N −
{0, 1}.
1
2 CAPÍTULO 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
a) u : n → a (sucessão constante);
b) u : n → n (identidade);
Exemplo 2
a) u : n → (−1)n é limitada;
b) u : n → a + n · r não é limitada se r 6= 0;
ou, simplesmente,
lim un = l.
n
Uma sucessão que não é convergente diz-se divergente. A partir da definição
dada, é fácil concluir que
lim un = l ⇐⇒ lim (un − l) = 0. (1.1)
n n
Exemplo 3
a) lim 3/n = 0;
n
b) lim k = k;
n
Exercı́cio 5 Mostre que dadas (un )n∈N e (vn )n∈N tais que |un | ≤ |vn | para
n ≥ p (uma certa ordem fixa p), então lim vn = 0 ⇒ lim un = 0.
n n
Teorema 3 Sejam (un )n∈N e (vn )n∈N duas sucessões tais que lim un = l1 e
n
lim un = l2 e seja k ∈ R. Tem-se:
n
a) lim (un + vn ) = l1 + l2
n
b) lim (un · vn ) = l1 · l2
n
c) lim (k · un ) = k · l1
n
Demonstração. b) Tem-se
|un vn − l1 l2 | = |un vn − l1 vn + l1 vn − l1 l2 |
= |vn (un − l1 ) + l1 (vn − l2 )|
≤ |vn | · |un − l1 | + |l1 | · |vn − l2 |
Como (vn )n∈N é limitada (por ser convergente), a última expressão é soma
dos termos gerais de duas sucessões que tendem para zero.
d) Começaremos por provar que para todo x, y ∈ R, tem-se
|a + b| ≤ |a| + |b|
1.1. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS 5
|x| ≤ |x − y| + |y|
ou seja
|x − y| ≥ |x| − |y| (1.3)
Da mesma maneira se pode provar
Observe-se que pode acontecer que (|un |)n∈N seja convergente com (un )n∈N
divergente. É o caso da sucessão de termo geral un = (−1)n .
Teorema 4 Seja (un )n∈N uma sucessão tal que un 6= 0 para todo n ∈ N e
lim un = l 6= 0. Então lim u1n = 1l .
n n
Demonstração. A partir de
¯ ¯ µ ¶
¯1 1 ¯ |un − l| 1 1
¯ − ¯= = · |un − l|
¯ un l ¯ |un | · |l| |un | |l|
e tendo em conta
³ os ´ teoremas 2 e 3 e o exercı́cio anterior, bastará demonstrar
1
que a sucessão |un | é limitada. De lim |un | = |l| podemos concluir que
n∈N n
para todo ε > 0 existe n0 ∈ N tal que ||un | − |l|| ≤ ε para todo n ≥ n0 . Em
particular, para ε = |l|2 , existe n0 ∈ N tal que
|l| |l|
|l| − ≤ |un | ≤ |l| +
2 2
ou seja
|l| 3 |l|
≤ |un | ≤
2 2
6 CAPÍTULO 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
e portanto
2 1 2
≤ ≤
3 |l| |un | |l|
1
o que mostra que a sucessão de termo geral |un |
é limitada.
Corolário 1 Sejam (un )n∈N e (vn )n∈N sucessões tais que vn 6= 0 para todo
n ∈ N e lim un = l1 e lim vn = l2 6= 0. Então
n n
un l1
lim =
n vn l2
Definição 6 (un )n∈N diz-se uma sucessão de Cauchy se para todo ε > 0
existir n0 tal que |up − uq | ≤ ε para todo p, q ≥ n0 .
Corolário 2 Sejam (un )n∈N e (vn )n∈N sucessões convergentes e sejam lim un = l1
n
e lim vn = l2 . Se un ≤ vn para todo o n ∈ N, então l1 ≤ l2 .
n
1 1
Exemplo 4 Para as sucessões de termos gerais un = n+2
e vn = n+1
,
tem-se un < vn mas lim un = lim vn = 0.
n n
Teorema 7 Sejam (un )n∈N , (vn )n∈N e (wn )n∈N sucessões tais que un ≤ vn ≤
wn para todo o n. Então, se lim un = lim wn = l, também lim vn = l.
n n n
n ≥ n0 =⇒ un ≥ a.
n ≥ n0 =⇒ vn ≤ b.
a) lim (un + vn ) = +∞
n
b) lim (un · vn ) = +∞
n
1
4. Se un 6= 0 para todo n ∈ N e lim un = 0 então lim |un |
= +∞ .
n n
n ≥ n0 =⇒ (un + vn ) ≥ a
1.1. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS 9
n ≥ n0 =⇒ (un · vn ) ≥ a
n ≥ n0 =⇒ un ≥ a − λ
Sendo vn ≥ λ resulta
(un + vn ) ≥ a
e portanto lim (un + vn ) = +∞.
n
3.) Para todo a ∈ R existe n0 ∈ N tal que
a
n ≥ n0 =⇒ un ≥
λ
Sendo vn ≥ λ > 0 resulta
(un .vn ) ≥ a
1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 + ··· (1.5)
(1 − 1) + (1 − 1) + (1 − 1) + (1 − 1) + (1 − 1) + · · · (1.6)
Uma vez que dentro de cada parêntesis a soma vale zero, parece evidente que
a soma total terá de ser zero. Mas, se associarmos de novo os termos dois a
dois deixando o primeiro termo isolado, obtemos
1 + (1 − 1) + (1 − 1) + (1 − 1) + (1 − 1) + (1 − 1) + · · · (1.7)
e agora a conclusão parece ser de que a soma total é igual a um. Para
aumentar a confusão, tentemos obter a mesma soma isolando o primeiro
termo e pondo -1 em evidência em todos os restantes termos. Resulta
1 − (1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 + · · · ) (1.8)
1
= 1 − x + x3 − x4 + x6 − x7 + · · · (1.10)
1 + x + x2
1
2 3
= 1 − x + x4 − x5 + x8 − x9 + · · · (1.11)
1+x+x +x
1
= 1 − x + x5 − x6 + x10 − x11 + · · · (1.12)
1+x+ x2 + x3 + x4
e assim sucessivamente. Façamos x = 1. No lado direito de cada igual-
dade continuamos a obter a soma dada em (1.5). No lado esquerdo obtemos
sucessivamente 12 , 31 , 14 e 51 . Então agora concluı́mos (?)
1 1 1 1
= = =
2 3 4 5
O que dizer sobre esta situação tão estranha? Observe-se que as contradições
aritméticas que temos estamos a produzir até ao momento resultam de aplicar
a uma soma de um número infinito de parcelas regras que sabemos serem
perfeitamente válidas para a adição de um número finito de parcelas. Em
face dos resultados devemos concluir que é incorrecto tal procedimento, isto
é, não podemos tratar estas “entidades” como tratamos as somas usuais com
um número finito de parcelas.
Continuando a assumir que é possı́vel atribuir algum significado a uma
soma com um número infinito de parcelas, que regras são então válidas?
Consideremos um exemplo mais concreto para nos orientarmos melhor (Torre
de Babel)1 : é dado um cilindro de 1 metro de altura e 1 metro de raio das
bases; sobre ele coloca-se outro cilindro de 1 metro de altura e 1/2 metro de
raio das bases; sobre este cilindro coloca-se um outro com um metro de altura
e 1/3 de raio das bases, e assim sucessivamente. Pretende-se determinar:
P∞
Fica desta maneira atribuı́do ao sı́mbolo k=0 ak um significado ma-
temático rigoroso que elimina todas as aberrações aritméticas a que tı́nhamos
chegado anteriormente a propósito da série
1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 + ··· (1.15)
S0 = a0 = 1
S1 = a0 + a1 = 0
S2 = a0 + a1 + a2 = 1
S3 = a0 + a1 + a2 + a3 = 0
···
½
1 se n é par
Sn = a0 + a1 + · · · + an =
0 se n é ı́mpar.
Uma vez que é divergente a sucessão associada (Sn ), podemos concluir que
não tem soma a série dada.
1
Exemplo 5 Consideremos a série numérica (série geométrica de razão 2
e
primeiro termo igual a 1)
X 1 ∞
1 1 1 1 1 1 1 1
1+ + + + + + + + + ··· =
2 4 8 16 32 64 128 256 k=0
2k
14 CAPÍTULO 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
Xn
1
Sn =
k=0
2k
1 1 1 1 1 1 1
=1+ + + + + + + ··· + n
2 4 8 16 32 64 2
¡ 1 ¢n+1
1− 2
=
1 − 12
µ ¶n
1
=2−
2
lim an = 0. (1.16)
n
S n ≤ Tn , para todo n ∈ N
ou seja
an
λ−ε≤ ≤λ+ε
bn
e, sendo bn > 0, podemos escrever
(λ − ε) bn ≤ an ≤ (λ + ε) bn
A partir da desigualdade
an ≤ (λ + ε) bn
P∞ P
podemos concluir que se n=0 bn é convergente então ∞ n=0 an também é
convergente (mesmo no caso de ser λ = 0). Sendo λ 6= 0, podemos usar a
desigualdade
(λ − ε) bn ≤ an
P∞
supondo
P∞ que ε é tal que λ−ε > 0 para concluir que se n=0 an é convergente
então n=0 bn também é convergente.
18 CAPÍTULO 1. SUCESSÕES E SÉRIES NUMÉRICAS
então qualquer que seja L > 0, existe uma ordem a partir da qual se tem
an
bn
> L ou seja
an > L · bn
P∞ P
e portanto se a série n=0 an converge, a série ∞
n=0 bn também converge.
√
Teorema 15 (critério de Cauchy ou da raı́z) Se an ≥ 0 e lim n an = λ ∈ R,
n
então
P
a) se λ < 1 a série ∞
n=0 an converge;
P∞
b) se λ > 1 a série n=0 an diverge;
c) se λ = 1 nada se pode concluir
P∞ excepto quando, a partir de certa ordem,
√
n a
n ≥ 1, caso em que n=0 an diverge.
Demonstração.
a) Para todo ε > 0, existe uma ordem a partir da qual se tem
√
| n an − λ| ≤ ε
ou seja
√
λ−ε≤ n
an ≤ λ + ε
Tendo em atenção que λ ≥ 0 podemos escrever
an ≤ (λ + ε)n
P∞ n
Exemplo 9 A série n=0 5n converge uma vez que
r
√ n
lim an = lim n
n
n n 5n
1 √
= lim n n
5 n
1
=
5
an+1
Teorema 16 (critério de D’Alembert ou da razão) Se an > 0 e lim an
=
n
λ ∈ R, então:
P∞
a) se λ < 1 a série n=0 an converge;
P∞
b) se λ > 1 a série n=0 an diverge;
Demonstração. Para todo ε > 0 existe uma ordem n0 tal que para n ≥ n0
tem-se
an+1
λ−ε≤ ≤λ+ε
an
ou seja
an (λ − ε) ≤ an+1 ≤ an (λ + ε)
e, fazendo r = λ + ε obtemos as seguintes desigualdades
an0 +1 ≤ r.an0
an0 +2 ≤ r.an0 +1 ≤ r2 an0 (1.18)
an0 +3 ≤ r.an0 +2 ≤ r3 an0
···
an+1 (n + 1)n+1 n!
lim = lim ·
n an n (n + 1)! nn
(n + 1)n
= lim n
n
µ n ¶n
1
= lim 1 + =e>1
n n
Definição 11 Diz-se que a série
∞
X
an = a0 + a1 + · · · + an + · · ·
n=0
Exemplo 11 A série
1 1 1 1 1 1
1− − 2 + 3 + 4 − 5 − 6 + ···
2 2 2 2 2 2
é absolutamente convergente uma vez que a série
1 1 1 1 1 1
1+ + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + ···
2 2 2 2 2 2
converge (trata-se de uma série geométrica de razão 12 ).
1.3. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA 21
P∞ P∞
Teorema 17 Se a série n=0 |an | converge então a série n=0 an também
converge.
converge uma vez que a partir daqui a conclusão do teorema é imediata tendo
em conta o teorema 10 e a igualdade
∞
X ∞
X
an = [(an + |an |) − |an |] .
n=0 n=0
0 ≤ an + |an | ≤ 2 |an |
P P∞
Mas ∞ n=0 2 |an | é uma série convergente e portanto a série n=0 (an + |an |)
também converge.
P∞ cos n
Exercı́cio 10 Mostre que a série n=1 n2
converge.
Observe-se que existem séries que são convergentes mas não são absolu-
tamente convergentes. A série
1 1 1 1 1
−1 + − + − + · · · + (−1)n + · · ·
2 3 4 5 n
é convergente, como veremos mais adiante, mas a série dos módulos (conhe-
cida por série harmónica)
1 1 1 1 1
1+ + + + + ··· + + ···
2 3 4 5 n
é divergente (série de Riemann com α = 1).
a1 − a2 + a3 − a4 + a5 − · · · (1.19)
ou
−a1 + a2 − a3 + a4 − a5 + · · · (1.20)
onde os ak são todos positivos.
(b) lim an = 0
n
Como (ak − ak+1 ) ≥ 0, por ser (an ) decrescente, podemos concluir que
0 ≤ S2 ≤ S4 ≤ · · · ≤ S2n ≤ · · ·
isto é, a sucessão (S2n ) é de termos positivos e crescente. Por outro lado,
e conclui-se que
S2n ≤ a1
1.5. O RESTO DE ORDEM N DE UMA SÉRIE 23
Seja
Rn = S − Sn (1.21)
P∞
A Rn chamamos resto de ordem n da série k=1 an . Então
∞
X
Rn = ak
k=n+1
|S| ≤ |a1 |
isto é, o valor absoluto da soma não excede o valor absoluto do primeiro
termo da série. Se aplicarmos este resultado ao caso em que a série alternada
é o resto de ordem n, cujo primeiro termo é an+1 ou −an+1 , temos
|Rn | ≤ |an+1 |
Supondo que pretendı́amos obter a soma com erro inferior a 0.0005, bastaria
escolher n de modo que
1
< 0.0005
n+1
ou seja n + 1 > 2000. Portanto, podemos garantir que a soma
2000
X 1
(−1)k+1 = 0. 692 897 ...
k=1
k
Por outro lado, há séries de potências que convergem para todos os valores
reais de x, como é o caso da série
∞
X xn x2 x3
=1+x+ + + ··· (1.24)
n=0
n! 2! 3!
Para ver que assim acontece, apliquemos o critério de D’Alembert à série dos
módulos. Obtemos
¯ ¯
¯ xn+1 ¯
¯ (n+1)! ¯ 1
lim ¯¯ xn ¯¯ = lim |x| =0
n
n!
n n+1
|an xn0 | ≤ M
Tem-se ¯ µ ¶n ¯ ¯ ¯n
¯ x ¯ ¯x¯
n ¯
|an x | = ¯an x0n ¯ ≤ M ¯¯ ¯¯
x0 ¯ x0
¯ ¯ ¯ ¯n
¯ ¯ ¯ ¯
e para todo x tal que |x| < |x0 | é ¯ xx0 ¯ < 1 e M ¯ xx0 ¯ é o termo geral de uma
série geométrica convergente. Pelo 1o critério de comparação, conclui-se que
a série é absolutamente convergente no ponto x.
Corolário 3 Dada uma série de potências, é verdadeira uma e uma só das
seguintes afirmações:
1.6. SÉRIES DE POTÊNCIAS 27
Observe-se que nos casos (a) e (b) do corolário anterior, podemos dizer
que o raio de convergência é zero e infinito, respectivamente.
P n
Exemplo 14 A série de potências ∞ √4 n
n=0 2n+5 x tem raio de convergência
R = 14 como se conclui se se aplicar o critério de D’Alembert à série dos
módulos ¯ ¯
¯ √4n+1 n+1 ¯ √
¯ 2n+7 x ¯ 4 2n + 5
lim ¯¯ n ¯ = lim |x| √
¯ = 4 |x| .
n 4
¯ √2n+5 xn ¯ n 2n + 7
√1
√
n 2n + 5
lim 1 = lim √ = 2.
n √
2n+5
n n
[a, b] = {x ∈ R : a ≤ x ≤ b} .
]x − ε, x + ε[
com ε > 0.
ε = min {a − c, d − a}
29
30 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL
iii) a diz-se um ponto fronteiro de S se não for interior nem exterior, isto é,
não há nenhum intervalo centrado em a que não contenha simultanea-
mente pontos de S e pontos do complementar R − S;
i) a é um ponto de acumulação de S ⊂ R;
Demonstração.
iii) ⇒ i) imediato.
x2 − 1
f (x) =
x−1
não pode ser calculada para x = 1, isto é, este ponto não pertence ao domı́nio
de f (escrevemos, neste caso, 1 ∈ / Df ). O gráfico desta função é a ”recta”
de equação y = x + 1 à qual falta o ponto de abcissa 1. Os valores de f
aproximam-se de L = 2 quando tomamos valores de x cada vez mais próximos
de 1 (à esquerda ou à direita).
se para todo ε > 0 (tão pequeno quanto se quiser), existe δ > 0 tal que
lim (3x − 5) = 1.
x→2
lim (3x − 5) = 1.
x→2
34 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL
0 < δ ≤ 1. (2.8)
lim x2 = 9
x→3
Escrevemos ¯ 2 ¯
¯x − 9¯ < ε (2.10)
na forma
|x + 3| |x − 3| < ε. (2.11)
De |x − 3| < δ e atendendo a (2.8) podemos escrever
|x − 3| ≤ 1
e daqui resulta
|x + 3| ≤ 7.
Portanto ¯ 2 ¯
¯x − 9¯ < 7δ
ε
e escolhendo δ = 7
a proposição (2.9) é verdadeira qualquer que seja ε > 0.
2.2. LIMITE DE UMA FUNÇÃO NUM PONTO 35
Vamos mostrar que não existe lim f (x).1 Assumiremos que existe tal limite e
x→0
chegaremos a uma contradição. Seja
lim f (x) = L.
x→0
e então tem-se
¯ µ ¶ ¯ ¯ µ ¶ ¯
¯ ¯ ¯ ¯
¯f δ − L¯ < 1 e ¯f − δ − L¯ < 1 (2.15)
¯ 2 ¯ ¯ 2 ¯
δ
ou seja, uma vez que 2
> 0 e − 2δ < 0,
ou ainda
0<L<2 e −2<L<0 (2.17)
que é uma contradição uma vez que não existe nenhum número L que sa-
tisfaça ambas as condições.
Demonstração. (⇒) Seja (xn ) uma sucessão que converge para a; então,
qualquer que seja δ > 0, a partir de certa ordem n0 tem-se 0 < |xn − a| < δ.
Para provar que f (xn ) converge para L precisamos de mostrar que para todo
ε > 0, existe uma ordem a partir da qual se tem |f (xn ) − L| < ε. Uma vez
que lim f (x) = L, podemos escrever, pela definição 21
x→a
Se µ ¶
a1 + b1
c=f
2
o teorema fica provado. Se
µ ¶
a1 + b1
f <c
2
a1 +b1
ponha-se a2 = 2
e b2 = b1 . Se
µ ¶
a1 + b1
f >c
2
a1 +b1
ponha-se a2 = a1 e b2 = 2
, de modo que em qualquer dos casos tem-se
Mas como (an ) e (bn ) tendem para um mesmo número real γ 3 e f é contı́nua,
resulta
lim f (an ) = f (γ) = lim f (bn )
n n
e, por conseguinte,
c = f (γ)
o que completa a demonstração.
Exemplo 23 A função definida por f (x) = sinx x não atinge nenhum máximo
no intervalo [−π, π]. Isto não contraria o teorema anterior
½ sin x já que f não é
se x 6= 0
contı́nua no ponto 0. A função g definida por g(x) = x é
1 se x = 0
contı́nua em [−π, π] e atinge um máximo em x = 0 e um mı́nimo em x = −π
e x = π.
Exemplo 24 A função log x não atinge mı́nimo nem máximo no seu domı́nio
que é, como se sabe, ]0, +∞[ . Mas em qualquer intervalo fechado e limitado
[a, b], com a > 0, atinge um mı́nimo e um máximo que são, uma vez que
log x é uma função crescente, log a e log b, respectivamente.
40 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL
Capı́tulo 3
Derivação em R
f (a + h) − f (a)
lim (3.1)
h→0 h
√
Exemplo 25 Por definição, a derivada da função definida por f (x) = x,
1
Como os alunos saberão, do que aprenderam no Ensino Secundário, também se fala em
derivadas laterais, à esquerda e à direita, desde que existam os limites lim− f (a+h)−f
h
(a)
e
h→0
lim+ f (a+h)−f
h
(a)
, respectivamente.
h→0
41
42 CAPÍTULO 3. DERIVAÇÃO EM R
no ponto x = a, é
√ √
0 a+h− a
f (a) = lim
¡√ h
h→0
√ ¢ ¡√ √ ¢
a+h− a a+h+ a
= lim ¡√ √ ¢
h→0 h a+h+ a
h
= lim ¡√ √ ¢
h→0 h a+h+ a
1
= lim ¡√ √ ¢
h→0 a+h+ a
1
= √ .
2 a
A derivada de uma função num ponto tem uma interpretação geométrica
interessante: na verdade, f 0 (a) é o declive da recta tangente à curva de
equação y = f (x) no ponto de abcissa a.
Observe-se que o quociente f (a+h)−f h
(a)
, que surge na definição de derivada,
representa a variação média da função no intervalo [a, a + h] no caso de ser
h > 0 e representa a variação média no intervalo [a + h, a] se for h < 0.
Tomando o limite quando h → 0, estamos a considerar que este intervalo está
a tender para [a, a], isto é, para o ponto a; assim, f 0 (a) pode ser interpretada
como a taxa de variação da função f no ponto a (costuma falar-se em taxa de
variação instantânea, o que é justificado pelo facto de, em muitas aplicações,
ser o tempo t a variável independente).
A derivada f 0 de uma função f define-se para todos os pontos para os quais
o limite (3.1) existe. Se a é um desses pontos, diz-se que f é diferenciável
em a (ou que f tem derivada em a). Há várias situações em que f não é
diferenciável no ponto a:
= f 0 (a) · 0 = 0
Por outro lado, uma função pode ser contı́nua num ponto e não ser dife-
renciável nesse ponto, como a seguir se ilustra.
f (0 + h) − f (0)
f 0 (0) = lim
h→0 h
|h| − |0|
= lim
h→0 h
|h|
= lim
h→0 h
eixo Ox. A tangente em cada ponto coincide com a própria recta, que tem
declive nulo.
Por vezes é útil usar outra notação para a derivada de uma função. Por
exemplo, o teorema anterior pode expressar-se na forma
d
[c] = 0. (3.2)
dx
Teorema 31 Se n é um inteiro positivo, então
d n
[x ] = nxn−1 (3.3)
dx
Demonstração. Sendo f (x) = xn , tem-se
0 (x + h)n − xn
f (x) = lim .
h→0 h
Usando o binómio de Newton para expandir o termo (x + h)n , resulta
h i
xn + nxn−1 h + n(n−1)
2!
x n−2 2
h + · · · + nxh n−1
+ h n
− xn
0
f (x) = lim
h→0
· h ¸
n−1 n(n − 1) n−2 n−2 n−1
= lim nx + x h + · · · + nxh +h
h→0 2!
= nxn−1 .
(x) = lim
g h→0 h
f (x + h)g(x) − f (x)g(x + h)
= lim
h→0 h.g(x).g(x + h)
46 CAPÍTULO 3. DERIVAÇÃO EM R
d n
[x ] = nxn−1 (3.13)
dx
Demonstração. O resultado é válido quando n > 0. Se n < 0, seja m = −n
e
1
f (x) = xn = m .
x
A partir de (3.12) podemos escrever
d
[xm ] mxm−1
f 0 (x) = − dx 2 = − 2m
(xm ) x
m−1−2m
= −mx = −mx−m−1
= nxn−1 .
3.2. REGRAS DE DERIVAÇÃO 47
d √ 1
Observe-se que no exemplo 25 mostrámos que dx [ x] = √
2 x
. Se escre-
vermos este resultado na forma de potências, tem-se
d h 1 i 1 −1
x2 = x 2
dx 2
o que mostra que a regra expressa em (3.13) também á válida para o expoente
racional n = 21 . Na verdade, a regra é válida para todos os expoentes reais,
como demonstraremos mais adiante.
sin h
lim =1 (3.14)
h→0 h
e
1 − cos h
lim = 0. (3.15)
h→0 h
Comecemos por considerar a derivada de sin x, a partir da definição de deri-
vada. Tem-se
d sin(x + h) − sin x
[sin x] = lim
dx h→0 h
sin x cos h + cos x sin h − sin x
= lim
h→0
· µ h ¶ µ ¶¸
cos h − 1 sin h
= lim sin x + cos x
h→0 h h
= cos x.
d
Exercı́cio 16 Mostre que dx
[cos x] = − sin x
48 CAPÍTULO 3. DERIVAÇÃO EM R
Uma regra simples que ajuda a memorizar as derivadas das funções tri-
gonométricas é a seguinte: a derivada de uma co-função pode ser obtida a
partir da derivada da respectiva função, introduzindo o sinal - e substituindo
cada função na derivada pela respectiva co-função. Basta pois memorizar a
derivada de sin x, tan x e sec x e usar a observação anterior para deduzir as
derivadas das respectivas co-funções.
y = (f o g) (x) = f (g(x)) ,
3.2. REGRAS DE DERIVAÇÃO 49
u = g(x)
e portanto
y = f (u).
dy du dy
De que maneira a derivada dx depende das derivadas dx
= f 0 (x) e du
= g 0 (u)?
O teorema seguinte dá a resposta.
Daqui resulta
∆u
g 0 (x) = − ε1 com lim ε1 = 0 (3.22)
∆x ∆x→0
ou seja
∆u = [g 0 (x) + ε1 ] ∆x com lim ε1 = 0 (3.23)
∆x→0
ou seja
∆y = [f 0 (u) + ε2 ] [g 0 (x) + ε1 ] ∆x . (3.25)
Quando ∆x → 0 também ∆u → 0, como resulta de(3.23) , e finalmente
tem-se
∆y
lim = lim [f 0 (u) + ε2 ] · lim [g 0 (x) + ε1 ] (3.26)
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x→0
0 0
= f (u) · g (x). (3.27)
50 CAPÍTULO 3. DERIVAÇÃO EM R
Este resultado (regra da cadeia), que provámos aqui para o caso da com-
posição de duas funções, é extensı́vel a ”cadeias” com um número superior
de funções.
Exemplo 27
d £ 3 ¤ d
sin (9x + 1) = 3 sin2 (9x + 1) . [sin (9x + 1)]
dx dx
d
= 3 sin2 (9x + 1) . cos(9x + 1). (9x + 1)
dx
= 3 sin2 (9x + 1) . cos(9x + 1).9
= 27 sin2 (9x + 1) . cos(9x + 1).
f (x) = x3 − 2 (3.28)
para todo x ∈ R, é fácil concluir que existe f −1 uma vez que a função é
monótona crescente
√ por ser f 0 (x) = 3x2 ≥ 0 para todo x ∈ R. De y = x3 − 2
resulta x = 3 y + 2, logo
√
f −1 (x) = 3 x + 2. (3.29)
2
Recordemos que f diz-se injectiva quando
x1 6= x2 ⇒ f (x1 ) 6= f (x2 .)
3.2. REGRAS DE DERIVAÇÃO 51
loga 1 = 0 (3.33)
loga a = 1 (3.34)
loga (bc) = loga b + loga c (3.35)
µ ¶
b
loga = loga b − loga c (3.36)
c
loga (br ) = r · loga b (3.37)
52 CAPÍTULO 3. DERIVAÇÃO EM R
eh − 1
lim =1 (3.38)
h→0 h
Desta definição conclui-se que, sendo f (x) = ex , tem-se f 0 (0) = 1 = f (0).
Na verdade, tem-se f 0 (x) = f (x), para todo x ∈ R, como se prova a seguir.
d
Teorema 40 Para todo x ∈ R, tem-se dx
[ex ] = ex .
Demonstração.
d x ex+h − ex
[e ] = lim
dx h→0
¡ hh ¢
x
e e −1
= lim
h→0 h
eh − 1
= lim ex .lim
h→0 h→0 h
= ex
d
Teorema 41 Seja a > 0. Para todo x ∈ R, tem-se dx
[ax ] = ax · log a
Demonstração. De
ax = ex log a
resulta, atendendo ao teorema anterior e usando a regra da cadeia,
d x d £ x log a ¤
[a ] = e
dx dx
= ex log a · log a
= ax · log a
d 1
Teorema 42 dx
[loga x] = x log a
3.2. REGRAS DE DERIVAÇÃO 53
Demonstração.
d log (x + h) − loga x
[loga x] = lim a
dx h→0
µ h ¶
1 x+h
= lim loga
h→0 h x
µ ¶
1 h
= lim loga 1 +
h→0 h x
t = h/x
d 1
[loga x] = (3.39)
dx x log a
1
(loga x)0 =
(ay )0
1
=
ay log a
1
= log x
a a log a
1
=
x log a
1
=
x log a
d
Exercı́cio 18 Mostre que a regra dx [xα ] = αxα−1 é válida para todo o ex-
poente real α (sugestão: a partir da igualdade xα = eα log x , use a regra
d
dx
[eu ] = eu .u0 , onde u representa uma função diferenciável de x).
π π
y = arcsin x ⇔ sin y = x, − ≤y≤ (3.41)
2 2
y = arccos x ⇔ cos y = x, 0 ≤ y ≤ π (3.42)
π π
y = arctan x ⇔ tan y = x, − ≤ y ≤ (3.43)
2 2
y = arccot x ⇔ cot y = x, 0 ≤ y ≤ π (3.44)
y = arcsec x ⇔ sec y = x, 0 ≤ y ≤ π (3.45)
π π
y = arccsc x ⇔ csc y = x, − ≤ y ≤ (3.46)
2 2
3.2. REGRAS DE DERIVAÇÃO 55
d √ 1
a) dx
[arcsin x] = 1−x2
d 1
b) dx
[arccos x] = − √1−x2
d 1
c) dx
[arctan x] = 1+x2
d 1
d) dx
[arccot x] = − 1+x 2
Demonstração.
a) com y = arcsin x, ou seja, x = sin y, tem-se
d 1
[arcsin x] =
dx cos y
1
=p
1 − sin2 y
1
=√
1 − x2
d 1
[arctan x] =
dx (tan y)0
1
=
1 + tan2 y
1
=
1 + x2
sinh x
tanh x = (3.49)
cosh x
cosh x
coth x = (3.50)
sinh x
As funções hiperbólicas satisfazem várias igualdades similares às que são
verificadas pelas funções trigonométricas. Por exemplo, tem-se:
cosh2 x − sinh2 x = 1
sinh(x + y) = sinh x cosh y + cosh x sinh y (3.51)
cosh(x + y) = cosh x cosh y + sinh x sinh y
Fórmulas para as derivadas das funções sinh x e cosh x obtêm-se com facili-
dade a partir das definições (3.47) e (3.48) .
Uma vez que a função sinh x é crescente em R, admite inversa que de-
signaremos por arg sinh x. Já no caso da função cosh x é necessário fazer
a restrição x ≥ 0 (porquê ?) para falar na inversa arg cosh x. A partir do
3.3. RESULTADOS SOBRE FUNÇÕES DIFERENCIÁVEIS 57
d 1
[arg sinh x] = √ (3.52)
dx 1 + x2
e
d 1
[arg cosh x] = √
dx 2
x −1
Exemplo 29 Seja f (x) = x3 + 1 e [a, b] = [1, 2]. Uma vez que f , sendo um
polinómio, é contı́nua e diferenciável para todo x ∈ R, satisfaz as condições
do teorema anterior no intervalo [1, 2]. Neste caso tem-se f (a) = f (1) = 2,
f (b) = f (2) = 9 epf 0 (c) = 3c2 . A 2
p equação (3.59) neste caso é 3c = 7, cujas
soluções são c = 7/3 e c = p − 7/3. Destes dois valores apenas o primeiro
está em ]1, 2[, portanto c = 7/3 é o ponto cuja existência o teorema do
valor médio garante.
3.3. RESULTADOS SOBRE FUNÇÕES DIFERENCIÁVEIS 59
Nota 1 Há algumas condições implı́citas nas hipóteses deste teorema. Por
f 0 (x)
exemplo, dizer que lim g0 (x) = L requer que f 0 /g 0 esteja definida nalgum
x→a
intervalo aberto I contendo a (excepto possivelmente no próprio ponto a).
Condições similares estão implı́citas nos outros casos.
Como já foi observado, (3.64) implica que existem intervalos [l, a[ e ]a, r] onde
f 0 e g 0 estão definidas e g 0 (x) 6= 0. Por conveniência, definimos duas funções
F e G por
½ ½
f (x), x 6= a g(x), x 6= a
F (x) = G(x) = (3.65)
0, x=a 0, x=a
De (3.69) concluı́mos
f (x)
lim =L (3.71)
x→a g(x)
lim sin h = 1
h→0 h
lim 1−cos
h
h
=0
h→0
Existe uma versão da regra de L’Hôpital para o caso de ser lim f (x) = ∞
e lim g(x) = ∞, isto é, a fórmula (3.63) também pode ser usada no caso de
∞
indeterminações do tipo ∞ .
x 1
Exemplo 31 lim x = lim x = 0.
x→+∞ e x→+∞ e
Série de Taylor
f (0) = p(0), f 0 (0) = p0 (0), f 00 (0) = p00 (0), · · · , f (n) (0) = p(n) (0). (4.2)
63
64 CAPÍTULO 4. SÉRIE DE TAYLOR
Com estas condições, esperamos que o polinómio p seja uma boa aproximação
de f , para todos os valores num intervalo centrado em x = 0. Uma vez que
p(x) = c0 + c1 x + c2 x2 + ... + cn xn
p0 (x) = c1 + 2c2 x + 3c3 x2 + ... + ncn xn−1
00
p (x) = 2c2 + 3.2c3 x + ... + n (n − 1) cn xn−2
000
p (x) = 3.2c3 + ... + n (n − 1) (n − 2) cn xn−3
..
.
p(n) (x) = n (n − 1) (n − 2) ...1.cn
obtemos, substituindo x por 0,
p(0) = c0
p0 (0) = c1
00
p (0) = 2c2 = 2!c2
000
p (0) = 3.2c3 = 3!c3
..
.
p(n) (0) = n (n − 1) (n − 2) ...1.cn = n!cn .
Portanto, a partir de (4.2) resulta
f (0) = c0
f 0 (0) = c1
00
f (0) = 2!c2
000
f (0) = 3!c3
..
.
f (n) (0) = n!cn
ou seja,
000
0 f 00 (0)f (0) f (n) (0)
c0 = f (0), c1 = f (0), c2 = c3 = , , · · · , cn = .
2! 3! n!
(4.3)
Substituindo estes valores em (4.1) obtemos o polinómio de Taylor de grau
n, no ponto x=0, para a função f:1
000
0 f 00 (0) 2 f (0) 3 f (n) (0) n
pn (x) = f (0) + f (0)x + x + x + ··· + x . (4.4)
2! 3! n!
1
Falaremos também de polinómios de Taylor em pontos x 6= 0. No caso particular de
ser x = 0, o polinómio também costuma designar-se por polinómio de Maclaurin da função
f.
4.1. POLINÓMIO DE TAYLOR 65
p0 (x) = f (0) = 1
p1 (x) = f (0) + f 0 (0)x = 1 + x
00
p2 (x) = f (0) + f 0 (0)x + f 2!(0) x2 = 1 + x + 21 x2
000
f 00 (0) 2 f (0) 3
p3 (x) = f (0) + f 0 (0)x + 2!
x + 3!
x = 1 + x + 21 x2 + 16 x3
..
.
f 00 (0) 2 f (n) (0) n xn
pn (x) = f (0) + f 0 (0)x + 2!
x + ··· + n!
x = 1 + x + 12 x2 + · · · + n!
.
e fica como exercı́cio para os alunos mostrar que, tal como para o caso a = 0,
tem-se
000
0 f 00 (a) f (a) f (n) (a)
c0 = f (a), c1 = f (a), c2 = , c3 = , · · · , cn =
2! 3! n!
(4.7)
66 CAPÍTULO 4. SÉRIE DE TAYLOR
x2 xn
pn (x) = 1 + x + + ··· +
2! n!
Uma vez que f (n+1) (x) = ex , a fórmula de Taylor com resto neste caso é
x2 xn ec
ex = 1 + x + + ··· + + xn+1 (4.27)
2! n! (n + 1)!
onde c está entre 0 e x. Esta fórmula é válida para para qualquer x real,
porque as condições do teorema de Taylor são satisfeitas em ]−∞, +∞[.
√ √ ³
3 1³ π´ 3 π ´2 1 ³ π ´3
p3 (x) = + x− − x− − x−
2 2 3 2.2! 3 2.3! 3
Uma vez que f (4) (x) = sin x, podemos escrever a fórmula de Taylor com
resto de ordem 3
√ √ ³
3 1³ π´ 3 π ´2 1 ³ π ´3 sin c ³ π ´4
sin x = + x− − x− − x− + x−
2 2 3 2.2! 3 2.3! 3 4! 3
(4.28)
com c entre x e π3 .
Teorema 49 A igualdade
∞
X f (k) (a)
f (x) = (x − a)k
k=0
k!
x x2 xn
e =1+x+ + ··· + + ··· (4.29)
2! n!
se verifica para todo x. Isto é, teremos de provar que
ec
lim Rn (x) = lim xn+1 = 0 (4.30)
n→+∞ n→+∞ (n + 1)!
xn+1
lim =0 (4.31)
n→+∞ (n + 1)!
0<c<x (4.32)
e
0 < ec < e x (4.33)
e, portanto,
ec ex
0< xn+1 < xn+1 (4.34)
(n + 1)! (n + 1)!
ex xn+1
lim xn+1 = ex = ex .0 = 0 (4.35)
n→+∞ (n + 1)! (n + 1)!
e ¯ n+1 ¯ ¯ n+1 ¯
¯ x ¯ ¯ x ¯
0 < e ¯¯
c ¯<¯ ¯ (4.37)
(n + 1)! ¯ ¯ (n + 1)! ¯
ou seja
¯ ¯ ¯ n+1 ¯
¯ ec ¯ ¯ x ¯
0 < ¯¯ x ¯¯ < ¯¯
n+1 ¯ (4.38)
(n + 1)! (n + 1)! ¯
isto é, ¯ n+1 ¯
¯ x ¯
0 < |Rn (x)| < ¯¯ ¯ (4.39)
(n + 1)! ¯
De (4.31) conclui-se que
lim |Rn (x)| = 0 (4.40)
n→+∞
logo
lim Rn (x) = 0 (4.41)
n→+∞
x3 x5 x7
sin x = x − + − + ···
3! 5! 7!
|x|n+1
se verifica para todo o x. (sugestão: mostre que se tem 0 ≤ |Rn (x)| ≤ (n+1)!
e conclua a partir daqui).
x2 xn
ex = 1 + x + + ··· + + ···
2! n!
válida para todo o x, podemos escrever a correspondente série para a função
f (x) = e−x , substituindo x por −x,
x2 x3 xn
e−x = 1 − x + − + · · · + (−1)n + ···
2! 3! n!
válida para todo x. A partir destas duas séries podemos escrever a série para
cosh x = 21 (ex + e−x )
x2 x4
cosh x = 1 + + + ···
2! 4!
válida para todo x.
1
Exemplo 42 Sabendo que a série de Taylor para a função f (x) = 1−x
, no
ponto a = 0, é
X ∞
1
= xk = 1 + x + x2 + x3 + · · ·
1 − x k=0
válida para
−1 < x < 1
(verifique), podemos obter a série de Taylor para a função 1/(1 − 2x2 ), subs-
tituindo x por 2x2 ,
1 ¡ 2 ¢ ¡ 2 ¢2 ¡ 2 ¢3
= 1 + 2x + 2x + 2x + · · · , −1 < 2x2 < 1
1 − 2x2
ou seja
X∞
1 2 4 6 1 1
2
= 1 + 2x + 4x + 8x + · · · = 2k x2k , −√ < x < √
1 − 2x k=0
2 2
74 CAPÍTULO 4. SÉRIE DE TAYLOR
Capı́tulo 5
Primitivas
F = Pf (5.1)
ou Z
F (x) = f (x)dx (5.2)
(F + c)0 = F 0 + c0 = f (5.3)
75
76 CAPÍTULO 5. PRIMITIVAS
Exemplo 43 Uma vez que, para todo x, tem-se (sin x)0 = cos x, as primiti-
vas de cos x são da forma sin x + c, e escrevemos
P cos x = sin x + c
ou Z
cos xdx = sin x + c
Demonstração.
R Para provar a primeira propriedade, devemos mostrar que
c f (x)dx é uma
R primitiva
R de f e para provar a segunda propriedade devemos
mostrar que f (x)dx + g(x)dx é uma primitiva de f + g. Estas conclusões
são imediatas atendendo a
· Z ¸ ·Z ¸
d d
c f (x)dx = c f (x)dx = cf (x)
dx dx
e
·Z Z ¸ ·Z ¸ ·Z ¸
d d d
f (x)dx + g(x)dx = f (x)dx + g(x)dx
dx dx dx
= f (x) + g(x)
Exemplo 45
Z µ ¶ Z Z
1 1
4 cos x + dx = 4 cos xdx + dx
x x
= 4 sin x + log |x| + c
Exemplo 46
Z Z Z
cos x 1 cos x
dx = dx = csc x cot xdx = − csc x + c
sin2 x sin x sin x
Exemplo 47
Z Z µ ¶ Z
t2 − 2t4 1 ¡ −2 ¢
dt = − 2 dt = t − 2 dt
t4 t 2
−1
t 1
= − 2t + c = − − 2t + c
−1 t
Nesta forma, esta regra de primitivação não é muito útil, pois só por acaso a
função integranda nos aparecerá na forma indicada. Porém, a partir de (5.6)
podemos escrever
Z Z
f (x)g(x)dx + f (x)g 0 (x)dx = f (x)g(x) + c
0
(5.7)
e Z Z
0
f (x)g(x)dx = f (x)g(x) − f (x)g 0 (x)dx (5.8)
5.2. PRIMITIVAÇÃO POR PARTES 79
Esta regra é útilR em muitas situações 1 mas, como é evidente, sóR tem interesse
se o cálculo de f (x)g 0 (x)dx for mais simples que o cálculo de f 0 (x)g(x)dx.
R
Exemplo 48 Para calcular (x sin x) dx, considerando f 0 (x) = sin x e g(x) =
x, obtemos usando a regra anterior
Z Z
(x sin x) dx = x cos x − cos xdx = x cos x − sin x + c
Exemplo 50
Z Z
¡ 2
¢ 2
x sin x dx = −x cos x + (2x cos x) dx
· Z ¸
2
= −x cos x + 2x sin x − 2 sin xdx
Por outro lado, a regra (5.8) pode ser útil mesmo em casos que a função
integranda não aparece como um produto de duas funções; por vezes, a
introdução do factor 1 permite resolver o problema.
R
Exemplo 52 Para calcular log xdx (x > 0), podemos fazer f 0 (x) = 1 e
g(x) = log x; resulta
Z Z µ ¶
1
log xdx = x log x − x. dx
x
= x log x − x + c
é igual a
f [g (t)] .g 0 (t)
Pela regra da cadeia (teorema da derivada da função composta), temos
µZ ¶
d
f (x)dx = f (x)|x=g(t) .g 0 (t)
dt x=g(t)
= f [g (t)] g 0 (t)dt
5.3. PRIMITIVAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO 81
o que prova o que que pretendı́amos. Sendo g uma função invertı́vel podemos
escrever Z µZ ¶
f (x)dx = f [g (t)] g 0 (t)dt
t=g −1 (x)
Z Z
2 cos x
[csc (sin x)] cos xdx = csc2 t. p dt
1 − sin2 x
Z
= csc2 tdt
= − cot (sin x) + c
A1 B3 B2 B1 C1 x + D1
= + 3 + 2 + +
(x + 2) (x − 3) (x − 3) (x − 3) (x − 2)2 + 32
E 3 x + F3 E 2 x + F2 E1 x + F1
+£ ¤3 + £ ¤2 +
2
(x + 1) + 22 2
(x + 1) + 22 (x + 1)2 + 22
1 A B
= +
x2 − 4 x−2 x+2
donde resulta
1 = A (x + 2) + B (x − 2)
Identificando os coeficientes dos termos semelhantes, vem o sistema
½
A+B =0
2A − 2B = 1
cuja solução é ½
A = 41
B = − 14
Finalmente, podemos escrever
Z Z µ ¶
dx 1/4 −1/4
= + dx
x2 − 4 x−2 x+2
1 1
= log |x − 2| − log |x + 2| + c
4 ¯ ¯ 4
1 ¯x − 2¯
= log ¯¯ ¯+c
4 x + 2¯
3x + 5 A B C
= + +
x3 − x2 − x + 1 x + 1 x − 1 (x − 1)2
donde
3x + 5 = A (x − 1)2 + B (x + 1) (x − 1) + C (x + 1)
Z Z Z Z
3x + 5 1 dx 1 dx dx
dx = − +4
3 2
x −x −x+1 2 x+1 2 x−1 (x − 1)2
1 1 4
= log |x + 1| − log |x − 1| − +c
2 ¯ ¯ 2 x−1
1 ¯x + 1¯
= log ¯¯ ¯− 4 +c
2 x − 1¯ x − 1
R 2
Exemplo 60 Para determinar xx3 +2−1
dx, começamos por factorizar o deno-
3 2
minador: x − 1 = (x − 1) (x + x + 1) . Agora, tem-se
x2 + 2 A Bx + C
3
= + 2
x −1 x−1 x +x+1
donde
¡ ¢
x2 + 2 = A x2 + x + 1 + (x − 1) (Bx + C)
Observe-se que esta expressão não coincide com a que já tinha sido obtida
anteriormente. Tal não significa que alguma destas expressões está errada;
elas representam efectivamente o mesmo conjunto de funções.
88 CAPÍTULO 5. PRIMITIVAS
Capı́tulo 6
Integral de Riemann
6.1 Definição
Definição 25 Seja [a, b] um intervalo real. Chamamos partição do intervalo
[a, b] a um qualquer conjunto finito P de sub-intervalos de [a, b], isto é,
onde
x0 = a < x1 < x2 < · · · xn−1 < b = xn
Amplitude da partição P é a maior das amplitudes dos sub-intervalos, isto
é, o valor
kP k := max |xk+1 − xk |
0≤k≤n−1
Definição 26 Seja f uma função limitada em [a, b]. Considere-se uma partição
de [a, b] e em cada sub-intervalo um ponto arbitrário, yk ∈ [xk , xk+1 ] . A soma
n−1
X
(xk+1 − xk ) f (yk ) (6.1)
k=0
designa-se por soma de Riemann para f , no intervalo [a, b], relativa à partição
considerada.
89
90 CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
No caso de ser f positiva, a expressão (6.1) é a soma das áreas dos rectângulos
que têm por base os intervalos da partição e por altura o valor f (yk ).
Definição 27 Seja f uma função limitada em [a, b]. Considere-se uma partição
de [a, b] e em cada sub-intervalo um ponto arbitrário yk ∈ [xk , xk+1 ] . Seja
sk = f (yk ). Ao número real I tal que a diferença
¯ ¯
¯ n−1
X ¯
¯ ¯
¯I − sk (xk+1 − xk )¯
¯ ¯
k=0
se pode tornar tão pequena quanto se queira para todas as somas possı́veis,
desde que o valor da amplitude kP k (para qualquer partição P do intervalo
[a, b]) seja suficientemente pequeno, chamamos integral definido da função
f , no intervalo [a, b].
Podemos escrever
n−1
X
I = lim sk (xk+1 − xk )
kP k→0
k=0
desde que observemos que este limite não é o limite usual de funções, mas
um limite cujo significado formal é o da definição dada.
irracionais (pois em qualquer intervalo real há sempre pelo menos um irra-
cional). Temos
n−1
X
S= 1 (xk+1 − xk ) = xn − x0 = 4
k=0
n−1
X
S= 0 (xk+1 − xk ) = 0
k=0
Exercı́cio 24 Por que razão, na definição (27) , exigimos que f seja limitada
em [a, b] ?
logo
Z b Z b Z b
h(x)dx = g(x)dx − f (x)dx ≥ 0
a a a
n−1
X n−1
X n−1
X
m (xk+1 − xk ) ≤ sk (xk+1 − xk ) ≤ M (xk+1 − xk )
k=0 k=0 k=0
ou seja
n−1
X
m (b − a) ≤ sk (xk+1 − xk ) ≤ M (b − a)
k=0
podemos escrever
ou seja
o que mostra que F [g(t)] é uma primitiva de f [g(t)] g 0 (t) em [c, d] . Pelo
teorema fundamental, podemos escrever
Z d
f [g(t)] g 0 (t)dx = F (g(t))]dc
c
= F (g(d)) − F (g(c))
= F (b) − F (a)
Z b
= f (x)dx
a
R2 3
Exemplo 64 Vamos calcular o integral definido 0 2x (x2 + 1) dx usando
dois métodos distintos, no primeiro dos quais não recorremos à fórmula
(6.12) .
Z " #2
2 4
¡ 2 ¢3 (x2 + 1) 54 14 624
2x x + 1 dx = +c = − = = 156
0 4 4 4 4
0
R9 R3
Exemplo 65 Sabendo que 0 f (x)dx = 5, vamos determinar 0 f (3x)dx.
Com x = g(t) = 3t , tem-se g 0 (t) = 13 e, usando (6.12)
Z 3 Z 9 Z 9
1 1 5
f (3x)dx = f (t)dt = f (t)dt =
0 0 3 3 0 3
e mostremos que Z Z
0 a
f (x)dx = − f (x)dx
−a 0
Com x = −t, tem-se, de novo usando (6.12) ,
Z 0 Z 0
f (x)dx = f (−t) (−1) dt
−a a
Z a
= f (−t)dt
0
Z a
=− f (t)dt
0
Temos que
n−1
X n−2
X
f (yk ) (xk+1 − xk ) = f (yk ) (xk+1 − xk ) + f (yn−1 ) (xn − xn−1 )
k=0 k=0
onde
L = f (yn−1 ) (xn − xn−1 ) − g(yn−1 ) (xn − xn−1 )
Tem-se
e assim resulta
|L| < ε
Entrando com esta expressão em (6.13) , resulta
¯ ¯
¯ n−1
X ¯
¯ ¯
max |xk+1 − xk | < δ ⇒ ¯I − f (yk ) (xk+1 − xk )¯ < 2ε (6.14)
0≤k≤n−1 ¯ ¯
k=0
Rb
o que prova que a
f (x)dx = I.
2
Exemplo 68 A função f definida por f (x) = xx−1
−1
não é contı́nua no ponto
x = 1. Mas, de acordo com o teorema anterior, tem-se
Z 1 Z 1 · ¸1 µ ¶ µ ¶
x2 1 1
f (x)dx = (x + 1) dx = +x = +1 − −1 =2
−1 −1 2 −1 2 2
Da mesma maneira,
Z 2 Z 2 · ¸2 µ ¶ µ ¶
x2 4 1
f (x)dx = (x + 1) dx = +x = +2 − − 1 = 4.5
−1 −1 2 −1 2 2
Podemos calcular Z +∞
f (x)dx
a
b2
lim = +∞
b→+∞ 200
e por esta razão não podemos atribuir um valor real à área desta figura não
limitada. Pela mesma razão, não podemos atribuir um valor a
Z +∞
x
dx
a 100
1
g(x) = , x ∈ [1, +∞[
x2
Para todo b > 1, tem-se
Z b · ¸b
1 1
dx = −
1 x2 x 1
1
=1−
b
e sendo µ ¶
1
lim 1− =1
b→+∞ b
podemos aceitar que é igual a 1 o valor da área da figura sob o gráfico de g,
desde x = 1 (ver figura ??). Assim, podemos adoptar a seguinte definição
104 CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
é convergente e escrevemos
Z +∞
f (x)dx = L (6.17)
a
RX
No caso em que o limite lim f (x)dx não existe, diz-se que o integral
X→+∞ a
impróprio é divergente. Para o caso do integral impróprio
Z b
f (x)dx (6.18)
−∞
se existirem os limites
Z X Z a
lim f (x)dx = A e lim f (x)dx = B, (6.21)
X→+∞ a Y →+∞ −Y
Esta fórmula é válida mesmo no caso em que alguma das funções f e g (ou
ambas) tomam valores negativos.
Se fizermos uma translação das curvas y = f (x) e y = g(x) no sentido
positivo do eixo das ordenadas até que as curvas estejam acima do eixo das
abcissas, a área que se pretende calcular não se altera. Seja −m o valor
mı́nimo que g assume em [a, b]. Então g(x) + m ≥ 0 e tem-se
Z b Z b
A= [f (x) + m] dx − [g(x) + m] dx
a a
Z b
= [f (x) − g(x)] dx (6.25)
a
A área pedida é A = A1 + A2 = 29 .
[2] Howard Anton, Calculus, Third Edition, John Wiley & Sons, 1988.
[5] Cecilia Knoll, Michael Shaw, Jerry Johnson, Benny Evans, Discovering
Calculus with Mathematica, John Wiley & Sons, 1995.
109