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UNIVERSIDADE

DE
SANTO AMARO

METODOLOGIA CIENTÍFICA
Serviço Social

Luis Paulo Neves


Luis Paulo Neves

METODOLOGIA CIENTÍFICA

Educação a Distância
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 7
INTRODUÇÃO 8
1 DEFINIÇÃO 10
2 O CONHECIMENTO 13
3 A CIÊNCIA 15
4 A PESQUISA 17
5 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA 20
5.1 PESQUISA PRELIMINAR 20
5.2 PESQUISA TEÓRICA 20
5.3 PESQUISA APLICADA 21
5.4 PESQUISA DE CAMPO 21
5.5 FASES DA PESQUISA 21
5.6 COLETA DE DADOS 22
6 ANTEPROJETO DE PESQUISA 23
7 PROJETO DE PESQUISA 24
7.1 PARTES DO PROJETO DE PESQUISA 24
7.1.1 Título 25
7.1.2 Introdução 25
7.1.3 Justificativa 26
7.1.4 Formulação de hipóteses 27
7.1.5 Objetivos 27
7.1.6 Procedimentos metodológicos 28
7.1.7 Referências 29
7.1.8 Plano de trabalho 29
7.1.9 Orçamento 29
7.1.10 Observações 29
8 NOÇÕES DE TEXTUALIDADE 30
8.1 ANÁLISE 31
8.2 EXPLICAÇÃO 31
8.3 INTERPRETAÇÃO 31
8.4 COMENTÁRIOS 32
8.5 OBSERVAÇÕES 32
9 CONCEITUAÇÃO DE TRABALHOS MONOGRÁFICOS 33
10 PRODUÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO 34
10.1 DETERMINAÇÃO DO TEMA-PROBLEMA DO TRABALHO 34
10.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO 35
10.3 LEITURA E DOCUMENTAÇÃO 36
10.3.1 Plano provisório do trabalho 36
10.3.2 Leitura 36
10.3.3 Documentação 37
10.4 A CONSTRUÇÃO LÓGICA DO TRABALHO DISSERTATIVO 38
10.5 A REDAÇÃO DO TRABALHO 38
10.5.1 A linguagem do texto 38
10.5.2 Os parágrafos 39
11 ELEMENTOS E ESTRUTURA DE TRABALHO DE 40
CONCLUSÃO DE CURSO, MONOGRAFIA,
DISSERTAÇÃO E TESE
11.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS 41
11.1.1 Capa 41
11.1.2 Lombada 41
11.1.3 Folha de rosto 42
11.1.3.1 Modelos de notas explicativas para Folha de rosto 42
11.1.4 Errata 43
11.1.5 Folha de aprovação 43
11.1.6 Dedicatória, agradecimento e epígrafe 44
11.1.7 Resumo 45
11.1.8 Lista de ilustrações, lista de tabelas, lista de 45
abreviaturas e símbolos
11.1.9 Sumário 46
11.2 ELEMENTOS TEXTUAIS 47
11.2.1 A introdução 47
11.2.2 O desenvolvimento 48
11.2.3 A conclusão 48
11.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS 49
11.3.1 Referência 49
11.3.2 Glossário (opcional) 49
11.3.3 Apêndices (opcional) 49
11.3.4 Anexos (opcional) 50
11.3.5 Índice (opcional) 50
11.4 REGRAS DE APRESENTAÇÃO 50
11.4.1 Formato 50
11.4.1.1 Papel 50
11.4.1.2 Tipologia da fonte 51
11.4.1.3 Espacejamento 51
11.4.1.4 Margens 51
11.4.1.5 Paginação 51
11.4.1.6 Nota de rodapé 52
11.4.1.7 Indicativos de seção 52
11.4.1.8 Numeração progressiva 52
12 ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO 54
12.1 CITAÇÕES 54
12.1.1 Sistema numérico 54
12.1.2 Sistema autor-data 54
12.1.3 Citação direta ou textual 57
12.1.4 Citação indireta 57
13 NORMAS PARA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – 58
ABNT
13.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS 58
13.2 ELEMENTOS COMPLEMENTARES 58
13.3 LOCALIZAÇÃO 59
13.4 MODELOS DE REFERÊNCIAS 59
13.4.1 Monografia no todo 59
13.4.2 Monografia considerada em parte 61
13.4.3 Dissertações e teses 62
13.4.4 Publicações periódicas 62
13.4.4.1 Publicações periódicas como todo 62
13.4.4.2 Parte de publicações periódicas 63
13.4.5 Eventos (congressos, seminários, simpósios etc.) 63
13.4.6 Vídeos, DVD’s, filmes, fitas de vídeo 64
13.4.7 Documentos de acesso exclusivo em meio eletrônico 64
14 OUTROS TRABALHOS: CONCEITUAÇÃO E 65
ESTRUTURA
14.1 RESENHA 65
14.1.1 Tipos de resenhas 65
14.1.1.1 Resenha informativa 65
14.1.1.2 Resenha crítica ou simplesmente recensão 66
14.1.2 Estrutura de uma resenha 66
14.1.2.1 Introdução 66
14.1.2.2 Desenvolvimento 66
14.1.2.3 Conclusão 67
14.2 RESUMO 67
14.2.1 Definição 67
14.2.2 Tipos de resumo científico 67
14.2.3 Redação do resumo 68
14.2.4 Modelos 68
14.2.4.1 Resumo em monografias 68
14.2.4.2 Resumo em artigos científicos 69
14.3 RELATÓRIOS 70
14.3.1 Relatório técnico-científico 70
14.3.2 Relatório de estágio 72
14.4 ARTIGOS CIENTÍFICOS 73
14.4.1 O que pode ser conteúdo de um artigo? 73
14.4.2 Estrutura 74
14.5 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA 75
14.6 PAINEL 75
14.6.1 Estrutura 76
REFERÊNCIAS 78
APÊNDICE 80
ANEXOS 82
7

APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno, esta apostila
de Metodologia Científica, parte integrante de um conjunto de materiais de
pesquisa voltados ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância
exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos alunos uma apresentação
do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outros meios de solidificar seu aprendizado, por
meio de recursos multidisciplinares como chats, fóruns, Aulas web, Material de Apoio
e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a
Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente com as
bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a
redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo no
seu estudo são o suplemento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado
eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo
aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em
qualquer lugar!

Unisa Digital
8

INTRODUÇÃO

Este manual pretende oferecer ao aluno subsídios para os diversos


aspectos e elementos característicos do trabalho acadêmico e científico. Contém
conteúdos referentes à fundamentação e aplicação da Metodologia Científica, bem
como os que descrevem a normalização e padronização para referência e
apresentação dos trabalhos acadêmicos.
Como se trata de um curso de Educação a Distância, o critério para
seleção e apresentação dos conteúdos foi o de possibilitar ao aluno a consulta, a
pesquisa e o aprofundamento de forma independente. Nesse sentido, buscou-se
uma linguagem adequada e uma estrutura que facilitasse o uso e a assimilação
desses conteúdos. Ao final, é oferecida ao aluno a relação da referência consultada
e outras que podem ajudá-lo a aprofundar os conteúdos aqui apresentados.
Esta é uma disciplina que tem por objetivo oferecer instrumentos para o
trabalho de estudo e pesquisa. Nesse sentido, é de fundamental importância, pois é
através dessas ferramentas que podemos empenhar-nos na construção do
conhecimento e na sua divulgação e partilha para os demais interessados.
Em geral, os alunos não dão a devida importância a essa disciplina. Além
disso, é preciso reconhecer que ela é árdua e exigente. Decorre então que muitos
não se dedicam a ela como deveriam. Só depois, quando precisam dos
ensinamentos da Metodologia Científica, é que se ressentem por não ter dado o
devido valor e ter aprendido os instrumentos necessários para desenvolver bem
suas atividades acadêmicas e profissionais.
O fundamental em uma disciplina como essa é a compreensão dos
diversos instrumentos que propiciam o trabalho de pesquisa e o entendimento dos
mecanismos de referência das produções acadêmicas decorrentes dessa pesquisa.
De posse dessa compreensão e entendimento, torna-se fácil a consulta e a
utilização deste manual. Em outras palavras, não se pede decorar esses conteúdos,
mas compreendê-los e saber consultá-los para bem utilizá-los.
Com a esperança de que esse objetivo tenha sido atingido com a
apresentação deste material, desejamos bom trabalho, empenho e muito estudo. De
9

um bom profissional, espera-se que tenha bom domínio das suas ferramentas de
trabalho. É o propósito deste manual.

Prof. Ms. Luís Paulo Neves


10

1 DEFINIÇÃO

Mas afinal o que é Metodologia Científica? A palavra metodologia vem


de método: o estudo e a pesquisa acerca dos métodos para as diferentes formas de
trabalho científico. Nesse caso, o aprendizado dos diversos métodos e
possibilidades para bem conduzir a pesquisa e alcançar os resultados pretendidos.
E método, o que é? Trata-se de uma palavra grega que,
etimologicamente, pode ser assim dividida: a) meta = através de; b) hodos =
caminho, vias. Em outras palavras, método quer significar caminho através do qual é
possível atingir um dado objetivo, um termo, um determinado fim, proposto de
antemão.
A essa definição devemos ainda acrescentar que método contrapõe-se ao
acaso e à sorte, pois possui uma ordem manifesta num conjunto de regras que são
explícitas, como também são explícitas as razões pelas quais tais regras são
adotadas. Tais regras ou normas oferecem garantias de facilidade, rapidez, eficácia.
Não é apenas um caminho, mas um caminho que pode abrir outros que melhor
possibilitem alcançar os objetivos buscados ou mesmo objetivos não propostos.
Nesse sentido, o leitor já percebeu que sempre se utiliza de métodos nas
mais variadas atividades do seu dia a dia. E isso por que há meios, modos,
caminhos para se chegar a um dado lugar, para se preparar um café, para tratar de
um assunto delicado e mesmo para divertir-se. O que acontece é que nem sempre
nos perguntamos se essa forma de proceder, nessas e em outras atividades, é o
melhor modo de fazer. A menos que algo dê errado ou que tenhamos um objetivo
muito específico, não paramos para avaliar o como fazemos o que fazemos.
E é justamente nesse ponto que entra a Metodologia Científica, para
apresentar e discutir o como fazer, porque ao fazermos uma pesquisa e
construirmos conhecimento, todos seguimos modos, caminhos consagrados pela
experiência de todos os que nos antecederam. São métodos que já mostraram seu
valor, sua fecundidade na resolução de problemas. Além disso, a crítica e a
avaliação sempre estão presentes, por isso muitos métodos e procedimentos foram
abandonados e substituídos por outros melhores. Por exemplo, até pouco tempo era
comum a extração de dentes. Hoje, esse procedimento só é utilizado em último
11

caso. Tudo o que for possível fazer para recuperar um dente é feito antes de adotar
um procedimento mais radical. E o mesmo poderíamos dizer de outras áreas de
conhecimento. Em outras palavras, trata-se do aprendizado das diversas formas de
se fazer uma pesquisa, alcançar os resultados buscados e publicá-los, torná-los
conhecidos, pois só assim serão válidos.
E aqui entramos em outro ponto: o que significa dizer que a metodologia é
científica? Também nesse momento o leitor pode se adiantar e dizer que é por se
tratar de fazer ciência. Em sentido geral, podemos dizer que sim. Porém há muitas
formas de produção de conhecimento que cabem nesse qualificativo de ciência. Não
é a mesma coisa uma pesquisa na área de medicina, que na área de astronomia e
na de literatura. São métodos muito diferentes. Além disso, estamos falando de
metodologia científica, ou seja, dos instrumentos que irão embasar a prática dessas
e de outras áreas de conhecimento.
Então, o que propriamente significa científico no caso da metodologia?
Segundo Umberto Eco (1977), um estudo é científico quando atende
alguns quesitos. Em primeiro lugar, deve tratar de um objeto reconhecível e definido
de tal maneira que possa ser reconhecido por outros. Claro que não se trata apenas
de algo físico. Quando falamos de números matemáticos, termos de economia –
como a inflação –, e de questões morais, não se trata de objetos palpáveis, mas
perfeitamente reconhecíveis por qualquer pessoa.
Porém – e me permito utilizar o próprio exemplo de Umberto Eco (1977, p.
21) –, se me proponho a estudar centauros eu devo torná-lo identificável. Uma
possibilidade é dizer em qual literatura mitológica estarei baseando-me (neste caso,
a grega), ou então aventarei a hipótese de que tal criatura venha existir num mundo
possível e deixar bem clara essa condição hipotética e os limites que ela impõe.
Agora, se pretendo afirmar que centauros existem, terei então de apresentar provas
cabíveis dessa tese que quero defender: fósseis, fotografias, hábitos como, por
exemplo, onde e em que momento ele costuma beber água etc. Enfim, deverei
apresentar todos os dados necessários para que meu objeto de pesquisa possa ser
identificado por outros pesquisadores. Percebe-se, então, que a última alternativa
não é cientificamente válida para centauros.
Um segundo quesito implica dizer do objeto de estudo algo que ainda não
foi dito ou rever sob uma ótica diferente o que já se disse. Também é cientificamente
12

válida, e muito útil, uma compilação das opiniões e afirmações já ditas acerca de um
dado objeto de estudo.
É claro que durante o curso de graduação não se espera que o aluno diga
algo absolutamente original. Mesmo por que ele está aprendendo a estudar com
mais eficiência e a fazer pesquisa. Espera-se dele que demonstre o aprendizado das
habilidades requeridas para sua área de estudos. Nesse sentido, não há problema
em não produzir algo que seja diferente do que já foi dito. Aos poucos, e isso deve
acontecer já na graduação, o aluno irá se interessar por uma dada área de pesquisa
e irá então começar a produzir um conhecimento próprio. Começará, dessa forma, a
estar apto para oferecer uma contribuição original.
Um terceiro quesito apresentado por Eco (1977, p. 22) afirma que a
pesquisa deve ser útil aos demais, e o será se os trabalhos científicos posteriores
sobre o mesmo tema tiverem de levá-lo em conta.
E por fim, quarto quesito, a pesquisa deve fornecer elementos para a
verificação e a contestação das hipóteses apresentadas. Ou seja, devo proceder de
forma a permitir que outros continuem a pesquisa, para contestá-la ou confirmá-la.
Com isso, esclarecemos o que significa qualificar um método de científico.
Trata-se de caminhos rigorosos, sistematizados, ordenados com o intuito de atingir
determinados fins que dizem respeito à nossa busca por conhecimentos válidos.
Deve-se, além do rigor, tornar o objeto de estudo reconhecível e passível de
verificação pelos demais. Nesse sentido, são contrários à postura científica
conhecimentos fechados, reservados a uns poucos ditos iniciados, saberes obscuros
que não possam ser divulgados, partilhados e questionados.
13

2 O CONHECIMENTO

Esta palavra já apareceu diversas vezes neste texto: métodos são


caminhos buscados para alcançar conhecimentos de forma objetiva, eficaz e
eficiente. Mas, e o conhecimento, como podemos defini-lo?
A palavra “conhecimento” é bastante conhecida. Mas como outras
palavras familiares, nem sempre temos dela uma noção mais apropriada. Tentemos
então aprofundá-la.
Como os demais animais, o ser humano sabe coisas. Ao longo de sua
experiência de vida, vai adquirindo uma série de saberes que utiliza em seu dia a
dia, com o intuito de garantir sua sobrevivência e de resolver as pequenas tarefas
necessárias para o seu viver.
Todo ser humano tem então saberes, fruto da sua capacidade para
conhecer. Um lavrador adquiriu conhecimentos que o capacitam para cultivar a terra.
Da mesma forma, uma mãe aprendeu como cuidar de uma criança, de maneira a
garantir-lhe o crescimento.
Percebe-se, então, que conhecimento está estreitamente relacionado com
a vida, com a garantia das condições para a existência, seja nos seus aspectos
materiais, seja em outras questões que dizem respeito ao bem-estar. Por exemplo,
também se aprende com a experiência a se relacionar com os demais, qualquer que
seja o nível do relacionamento.
Logo, podemos afirmar que o conhecimento se dá quando vamos além
das experiências vividas e pensamos sobre elas, relacionamos umas com as outras
e delas extraímos informações relevantes para nossa vida, saberes de que
necessitamos para viver melhor. Sendo assim, todos aprendemos a buscar
conhecimentos e a utilizá-los conforme deles necessitamos. A própria busca de
conhecimentos nos torna mais aptos para conhecer e para melhor utilizá-los.
É preciso destacar que esse processo de conhecimento pode se dar de
forma espontânea, como acontece em nossa vida diária, ou de forma mais
organizada, como alguém que aprende um ofício. Mas, se, além disso, esse
conhecimento for buscado de forma mais sistematizada, com métodos específicos e
mais eficientes, com rigor cada vez maior, então temos um tipo de conhecimento
14

que denominamos de científico. O conhecimento ensinado pelas diferentes


graduações são formas de conhecimento científico, com métodos e práticas
próprias, com o intuito de atingir os objetivos específicos de uma dada área de
conhecimento.
Até aqui falamos de conhecimento em geral e de conhecimento científico.
É costume denominar de senso comum a isso que aqui foi chamado de
conhecimento geral, ou seja, essa busca de conhecimento inerente a todo ser
humano, com o objetivo de organizar e garantir sua subsistência.
O senso comum é um tipo de conhecimento que resulta do uso
espontâneo da razão, mas que também é fruto dos sentidos, da memória, do hábito,
dos desejos, da imaginação, das crenças e tradições. Como interpretação do
mundo, o senso comum nos orienta na busca do sentido da existência, ao mesmo
tempo em que nos dá condições de operar sobre ele.
Mesmo sendo racional, nem sempre o senso comum faz uso refletido da
razão. Por se tratar de um conjunto de concepções fragmentadas, muitas vezes
incoerentes, condiciona a aceitação mecânica e passiva de valores não-
questionados e se impõe sem críticas ao grupo social. Às vezes se torna fonte de
preconceitos, quando desconsidera opiniões divergentes. Porém, não deve ser visto
como algo desqualificado de valor. É um erro sobreestimar o conhecimento científico
em detrimento do chamado senso comum. Qualquer pessoa que vai a uma feira
fazer compras possui conhecimentos e habilidades que a capacitam para analisar e
selecionar os produtos, bem como para fazer contas e escolher o que vai levar e o
que vai deixar de comprar.
O que acontece é que o conhecimento científico busca métodos e
sistematicidade que superem dificuldades e preconceitos na busca de
conhecimentos objetivamente válidos. Nem sempre no dia a dia fazemos isso. Ao
contrário, na maioria das vezes, o conhecimento cotidiano se dá de forma
espontânea, sem o rigor e o controle que se busca na produção de conhecimentos
científicos. Pode-se afirmar, então, que o conhecimento científico vai além do senso
comum e o acomoda às suas investigações.
15

3 A CIÊNCIA

O que hoje se conhece com o trabalho das diferentes ciências é fruto dos
esforços de vários pensadores ao longo da história da humanidade. Se lançarmos
um olhar para o passado, veremos que na antiguidade os seres humanos eram
marcados pelas diferentes experiências religiosas. Não que isso não ocorra agora,
mas era uma experiência que extrapolava o âmbito das necessidades subjetivas,
determinando as formas de relação e organização social. Isso ainda acontece hoje,
mas de um modo menos marcante, dada a pluralidade cultural em que vivemos hoje.
No passado, as religiões determinavam a forma como eram
compreendidos os fenômenos da vida. Nesse sentido, eram oferecidas explicações
para o porquê dos acontecimentos e até mesmo acerca da origem do ser humano e
do próprio universo.
Em seguida, o ser humano, por uma série de motivos que não cabe aqui
discutir, passou a fundamentar-se mais na sua capacidade racional de compreensão
do que nas suas crenças. Num primeiro momento, conciliando conhecimentos
racionais e os oriundos de suas crenças religiosas e, depois, pautando-se cada vez
mais pelas respostas que conseguia obter apenas pelo uso de suas faculdades
racionais. Mesmo assim, as primeiras respostas que conseguiu elaborar eram ainda
muito pautadas pelas questões de origem religiosa. Só depois foi focando-se em
questões e problemas que traziam a característica de serem investigados
empiricamente.
Dessa forma, se no início buscava-se a essência do ser humano, depois
essa questão passou a ser vista como metafísica, ou seja, especulações que não
encontram seu fundamento na experiência sensível, no que nossos órgãos dos
sentidos podem comprovar empiricamente. E esse é o paradigma que ainda hoje
fundamenta a prática científica.
Auguste Comte, grande pensador do século XIX, ao discutir essas
questões, propôs uma curiosa interpretação do desenvolvimento da racionalidade
humana. Pode parecer um tanto simplista, mas muito influenciou o modo de ver de
várias gerações de entusiastas da ciência e ainda o faz até hoje.
16

Para fundamentar seu pensamento, Comte (MORA, 2001, p. 609) propõe


que se pode entender a história da humanidade como dividida em três estágios ou
estados: o estado religioso, o metafísico e o positivo. Comte os compara às fases
pelas quais passa o ser humano. Na primeira fase da nossa vida, somos marcados
pela religião, acreditamos em Deus e pautamos nossa conduta por aquilo que nos
ensina a doutrina religiosa. Na adolescência e juventude, passamos a acreditar em
formas ocultas e/ou de energias, essências do mundo e forças metafísicas que
interfeririam na realidade das coisas. E por fim, na idade adulta, passamos a crer
apenas naquilo que vemos e tocamos e já não estamos tão dispostos a prestar
nossa adesão a qualquer doutrina que se coloque como verdadeira. Precisamos
avaliar sua relevância.
Da mesma forma, a humanidade passou também por essas três fases. No
estado religioso, predominaram instituições e formas de organização e explicação
religiosas. Em seguida, a humanidade passou para o estado metafísico, em que as
explicações religiosas foram substituídas por explicações racionais que se
propunham buscar a essência das coisas, baseando-se em forças e/ou elementos
invisíveis que responderiam pela ordem de tudo que existe. Por fim, a humanidade
teria atingido um estado maior de maturidade e entrado na fase do estado positivo.
Positivo pode ser entendido como o que não admite dúvidas, o que se baseia em
fatos e na experiência, algo afirmativo, decisivo, certo, real. Com isso, a humanidade
teria atingido o ponto mais alto de sua capacidade de conhecer, por ter chegado ao
desenvolvimento do conhecimento científico que o século XIX conheceu. Todas as
outras especulações religiosas e filosóficas, Comte as viu como um estágio anterior
de desenvolvimento, uma fase necessária para que a humanidade pudesse crescer
na sua busca por conhecimento.
Concordando ou não com Comte, essa visão predominou na história do
conhecimento e deu origem à distinção entre ciências humanas e ciências naturais,
sendo estas as dotadas de maior objetividade e validade. Isso já foi bastante
questionado e discutido, mas sua influência, às vezes, ainda se faz notar. No caso
do Brasil, apenas por curiosidade, a influência do Positivismo de Comte foi tão
grande no final do século XIX, cujos adeptos participaram intensamente da
Proclamação da República, que o lema positivista foi estampado na bandeira
brasileira: ordem e progresso.
17

4 A PESQUISA

Mas tudo isso que até agora foi discutido diz respeito a uma única
atividade: a pesquisa. Pesquisa todos fazemos sempre que temos um problema para
resolver: seja uma pesquisa de preço, entender os porquês de determinada
situação, os sintomas de uma doença, o fim de um relacionamento e por que o arroz
saiu grudado. Ou seja, do mais banal ao mais importante. Trata-se daquela
investigação que empreendemos em busca de uma resposta, de uma compreensão
que nos traga luz, conforto, controle... Enfim, nos possibilite tomar decisões de forma
mais segura.
Em ciência é fundamental! Algo que costuma passar despercebido é que
atribuímos demasiada confiança ao que as ciências são capazes de nos ensinar, a
tal ponto que extrapolamos o que os métodos científicos podem nos oferecer quanto
a certezas e garantias. Mas como assim? Não há garantias ou confiabilidade no que
o conhecimento científico pode produzir? Bem, a questão é mais complexa. O que
acontece é que se atribui à ciência algo que não lhe cabe.
Depois de termos abandonado as respostas religiosas e filosóficas de
explicação do mundo, agarramo-nos à ciência como a única capaz de nos ajudar a
resolver nossos problemas de saúde, de relacionamento, de organização social, de
relação com a natureza etc. Fizemos isso de tal modo que deixamos a verdade
religiosa, mas em seu lugar colocamos a verdade científica. E o fizemos de forma
tão dogmática que passamos a nos apoiar religiosamente no conhecimento
científico. Resultado disso é aquela famosa pergunta: isso é científico? Se a
resposta for afirmativa, então nos tranquilizamos, ficamos confiantes e seguros.
Isso corresponde ao que é a ciência? Ou será que corresponde mais ao
modelo de colocar alguém num programa de televisão, ou numa revista, para opinar
“cientificamente” sobre alguma coisa, como se fosse um sacerdote transmitindo a
verdade de um deus? Parece-me que a ciência não é bem isso!
A ciência tem um método rigoroso e sistemático que lhe garante
confiabilidade, pois é algo que pode ser controlado, repetido, questionado, revisado
e, se não houver contradições, confirmado. Mas dúvidas é o que não falta nas
discussões da ciência. Dogmas não fazem parte do método científico. Tanto é assim
18

que constantemente estamos revendo o que já sabemos. Se o conhecimento


científico fosse dogmático, não seria mais preciso fazer pesquisas. É preciso então
rever o conceito de verdade na ciência.
Quando se encontra uma verdade na ciência, isso significa que uma dada
concepção de mundo, ou seja, uma teoria, foi confirmada empiricamente. Mas isso
não significa que essa teoria provou que o mundo seja “assim ou assado”. Não
podemos saber como as coisas são exatamente. Só podemos discuti-las a partir dos
parâmetros de nossa capacidade racional.
Quando uma teoria científica é testada e comprovada empiricamente,
significa que se as coisas não forem exatamente daquele jeito, devem ser de uma
forma muito próxima, uma vez que os experimentos deram certo.
Bom, se o conceito de verdade da ciência não pode ser entendido de
forma absoluta, se os testes empíricos não provam que o mundo seja de uma dada
maneira, o que se propõe então com o trabalho científico?
A ciência, de fato, não pretende provar que as coisas são da forma como
cientificamente afirmamos. Fosse assim, encerraríamos as pesquisas e não
reveríamos constantemente o que já sabemos em busca de modelos teóricos
melhores. Muito do que já foi chamado de ciência hoje não é assim considerado.
Além disso, muitos procedimentos adotados no passado foram abandonados por
outros melhores. Devemos, então, ser muito mais modestos quanto à nossa
capacidade para conhecer. Temos muito mais dúvidas que certezas.
Porém, apesar desses limites, muito pode ser feito e o fazemos. O
objetivo da ciência é o de melhorar a posição em que nos encontramos no mundo
onde vivemos. E, para isso, buscamos meios eficazes para tentar controlar os
acontecimentos e prevê-los, e disso retirar proveito em favor do nosso conforto e
melhor sobrevivência. Dessa forma, as teorias e leis científicas, se não provam que
o mundo tem essa ou aquela estrutura, permitem que se façam explicações e
previsões – ainda que com toda a provisoriedade que lhes é inerente.
Muito bem! Mas o que se pretende dizer com todo esse discurso?
Pretende-se ressaltar, valorizar, destacar o valor das pesquisas científicas. Esse é o
sentido de todo esse texto e do trabalho dessa disciplina.
Em uma graduação não se formam profissionais apenas para reproduzir
um conhecimento que é repassado mecanicamente. Deve-se formar também o
19

pesquisador, aquele que deve questionar sua própria prática e os conhecimentos


adquiridos em busca de outros melhores e mais eficazes.
Nesse sentido, a pesquisa é fundamental! Logo, esta disciplina não visa
apenas ensinar meros instrumentos a serem repetidos pelos graduandos. Muito mais
que isso, visa formar aqueles que continuarão a produzir conhecimento em sua área
específica de atuação. Esse é todo o sentido, essa é a beleza do que fazemos!
Lamentável é considerar esses e outros conhecimentos como mais uma obrigação a
cumprir em busca de um diploma. O que fazer com um diploma num mundo em que
se exige conhecimento?
Antes, conhecimentos devem ser vistos como instrumentos eficazes para
resolver problemas, aumentar nossa capacidade de conhecer e melhorar nossa
condição de vida, para ajudar pessoas a terem qualidade de vida, para nos ajudar a
ter uma melhor relação com os demais seres vivos e com o planeta. Sendo assim,
ainda mais lamentável é o intuito de cumprir uma obrigação escolar, a atitude de
apenas copiar um trabalho feito por outra pessoa. Além da falsidade ideológica,
engana-se a si mesmo por não ter o domínio de um saber que lhe será exigido a
todo momento.
Apesar de esse discurso soar moralizante, seu objetivo é o de despertar
para o prazer da descoberta, da construção de conhecimento, para a aquisição
daquilo que nunca será tirado: o saber.
Feitas essas considerações, que pretenderam situar e fundamentar a
importância do estudo dos métodos para a produção do conhecimento, passemos
então à parte prática, à descrição dos métodos que propiciam atingir os objetivos
buscados nas diferentes áreas do conhecimento.
20

5 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

5.1 PESQUISA PRELIMINAR

• Toda pesquisa tem como ponto de partida o conhecimento e a


identificação dos elementos que compõem a problemática a ser
esclarecida;

• Mas todo pesquisador encontra dificuldades na formulação de


hipóteses de trabalho;

• Por isso a necessidade de uma pesquisa preliminar como ponto de


partida para a definição do problema, das hipóteses e do roteiro da
pesquisa;

• É preciso ainda conhecer disponibilidade de recursos: tempo, recursos


financeiros, acessibilidade às informações, recursos técnicos e
tecnológicos.

5.2 PESQUISA TEÓRICA

• O objetivo é desenvolver novas teorias, novos modelos ou estabelecer


novas hipóteses de trabalho;

• Não tem por objetivo uma utilidade prática dos resultados, mas o
enriquecimento do conhecimento científico;

• O embasamento teórico é fundamental para o desenvolvimento de


qualquer tipo de pesquisa;

• O trabalho de Darwin, acerca da origem das espécies, é um bom


exemplo de pesquisa teórica que contribuiu para a evolução de novas
ideias.
21

5.3 PESQUISA APLICADA

• A maioria das pesquisas é feita a partir de objetivos que visam a sua


utilização prática, por causa da gama de interesses que envolve –
principalmente interesses econômicos;

• Valem-se das contribuições de teorias e leis já existentes;

• São definidas como aplicadas por seu objetivo ser mais imediatista,
pela pressa, por exemplo, do retorno dos recursos aplicados;

• Por exemplo: tão importante quanto o conforto que um carro oferece, é


o número de quilômetros que ele percorre com um litro de combustível.

5.4 PESQUISA DE CAMPO

• Tem como base observar os fatos tal como ocorrem;

• É necessária uma pesquisa preliminar de outros trabalhos e


publicações para que se possa acrescentar algo ao que já se conhece;

• Por exemplo: para conhecer os efeitos da distribuição de renda sobre a


criminalidade, é preciso conhecer os dados e estabelecer uma
correlação entre as variáveis.

5.5 FASES DA PESQUISA

• Antes de iniciar qualquer pesquisa, é necessário conhecer o estágio


em que se encontra o assunto a ser trabalhado;

• É através da pesquisa bibliográfica que se pode obter tais informações;

• Como não é possível trabalhar com todo o universo a ser estudado, é


necessário determinar cientificamente a amostra a partir da qual serão
tiradas as conclusões;
22

• Definida a amostra, cabe ao pesquisador estabelecer os critérios da


coleta e do registro das informações, com o objetivo de tirar as devidas
conclusões.

5.6 COLETA DE DADOS

• Tendo em vista a pesquisa a ser realizada, as informações podem ser


obtidas de variadas formas, segundo o critério ideal a ser estabelecido
pelo pesquisador;

• Exemplos: entrevista, questionário, formulário. Mas é preciso estar


atento aos limites, implicações e dificuldades que cada estratégia
apresenta;

• Por isso, antes de aplicar qualquer forma de coleta de dados, é preciso


estudo, planejamento, questionamento e preparação adequada.
23

6 ANTEPROJETO DE PESQUISA

Um anteprojeto de pesquisa se caracteriza como uma elaboração prévia


de um projeto a ser desenvolvido. Trata-se de um texto que possui caráter
provisório, que assim se caracteriza por permitir alterações no seu processo de re-
elaboração. Sua importância se deve a que nem sempre é fácil determinar com
bastante clareza, logo de início, o que e como se pretende investigar.
O anteprojeto serve então como uma primeira versão e se constitui em
ponto de partida para discussão entre os pares. No caso de uma graduação, entre o
professor orientador da pesquisa e o aluno.
É redigido após um conhecimento prévio do assunto, adquirido por meio
de leituras com base em uma bibliografia selecionada. Essa atividade de elaboração
do anteprojeto colabora para o exercício do caminho da investigação: reflexão,
delimitação e tomada de decisão.
Para sua elaboração, um anteprojeto deve apresentar alguns dos
elementos básicos de um projeto de pesquisa:

• Introdução com síntese do referencial teórico – embasada na literatura;

• Formulação do problema;

• Objetivos;

• Hipóteses – quando houver.


24

7 PROJETO DE PESQUISA

O Projeto de Pesquisa é o meio utilizado para se comunicar ou explicitar


os caminhos de uma pesquisa a ser desenvolvida. Não é possível pesquisar sem
antes projetar. Ou seja, o que transforma uma investigação em ciência é exatamente
o seu caráter de planejamento, de orientação, de reflexão e sistematização
considerando uma base teórica.
A importância do projeto de pesquisa está em evitar imprevistos e em
garantir a objetividade necessária. Para tanto, é preciso explicitar os passos a serem
seguidos e o que se pretende alcançar com tal pesquisa.
Um Projeto de Pesquisa tem as seguintes funções:

• Define e planeja para o orientando o caminho a ser seguido, as etapas


e estratégias;

• Facilita a discussão do projeto em seminários;

• Facilita o trabalho de orientação: possibilidades, perspectivas, desvios;

• Subsidia discussão e avaliação da pesquisa;

• Base para solicitação de recursos financeiros;

• Base para avaliação e seleção em programas de pós-graduação.

7.1 PARTES DO PROJETO DE PESQUISA

É preciso esclarecer que a ordem de apresentação dos elementos,


exposta a seguir, pode variar segundo as diferentes áreas de estudo e mesmo
instituições. Por exemplo, há modelos de projetos que não inserem a formulação do
problema na introdução – como o faz a proposta aqui apresentada. Nada disso
apresenta maior dificuldade. O importante é que esses diversos elementos,
necessários para a compreensão da pesquisa a ser empreendida, estejam bem
delimitados e explicitados.
25

7.1.1 Título

• Indica e sintetiza o conteúdo a ser trabalhado;

• Pode ser:

- geral: indica de forma genérica o teor do trabalho;

- técnico: é como um subtítulo que especifica a temática.

7.1.2 Introdução

Tem a função de introduzir o leitor no assunto. Deve explicitar os


pressupostos teóricos, descrevendo o que é conhecido sobre o tema e quais as
questões já respondidas por outras pesquisas. O referencial teórico tem ainda a
função de fornecer subsídios para a problematização do tema. Deve-se esclarecer
que o conhecimento acumulado não é suficiente para a solução do problema em
foco.
É o momento da caracterização e delimitação do tema e do problema.
Diante de um tema mais geral, é necessário realizar escolhas, fazer um recorte e
selecionar um aspecto, um dado da questão para realizar o estudo de
aprofundamento: é o problema da pesquisa. Trata-se da pergunta a ser respondida,
da razão de ser do trabalho.
Após a indicação dos pressupostos teóricos, definição e delimitação do
tema e formulação do problema de pesquisa, este deverá ser enunciado de forma
interrogativa. A pergunta deve ser clara e objetiva, indicando os aspectos e/ou
variáveis a serem trabalhados.
Nesse sentido, em relação ao tema e ao problema, é preciso estar atento
aos seguintes aspectos:

• caracterização, de maneira mais desdobrada, do conteúdo da


problemática a pesquisar;

• definição dos vários aspectos da dificuldade a ser estudada;


26

• esclarecimento dos limites da pesquisa e do raciocínio demonstrativo


(delimitação do tema e do problema);

• dar-se conta de que quanto mais abrangente for, menor a


profundidade;

• ter gosto do assunto a ser desenvolvido é fundamental, mas também


não esquecer as condições para executá-lo em termos de tempo,
acesso a informações e recursos;

• pode-se inserir apresentação que indique a gênese do problema (como


o autor chegou a ele), como também a explicitação dos motivos mais
relevantes que conduziram a essa abordagem;

• pode-se fazer contraposição com trabalhos que já versaram sobre o


mesmo problema.

7.1.3 Justificativa

Trata-se do porquê, da importância de se realizar a pesquisa. Deve


abranger os seguintes aspectos:

• razão da escolha;

• relevância do estudo;

• significação social;

• contribuição para o crescimento e aperfeiçoamento da área;

• ressaltar a importância da pesquisa num contexto mais amplo;

• contexto também pode justificar pesquisa que contenha abrangência


mais restrita. Ex. de professor que trabalha com comunidades no
sertão do Nordeste.
27

7.1.4 Formulação de hipóteses

São formuladas principalmente para projetos de pesquisa das ciências


naturais e da saúde. As hipóteses são formulações de soluções provisórias a
respeito de determinado problema em estudo. Portanto, são formulações que serão
confirmadas ou não, considerando a pesquisa feita. A hipótese deve ser enunciada
de forma clara, indicando a relação entre as variáveis que deram origem ao
problema de pesquisa. Deve, também, ser formulada com fundamento em
conhecimento teórico e raciocínio lógico, sendo, por isso, denominada hipótese
científica. Faz-se necessário atentar para o fato de que existem hipóteses de partida
(as iniciais) e as de chegada (finais) e cuidar para que, na tentativa de demonstrar as
hipóteses, o trabalho não fique tendencioso.
Em suma, ter em conta que:

• são proposições provisórias para a solução do problema;

• é em função das hipóteses estabelecidas que se estrutura todo o


caminho a ser percorrido;

• hipótese poderá não se confirmar no decorrer da pesquisa, daí a


importância da perseverança do cientista na busca da verdade;

• pode haver hipótese geral (ideia central que se propõe demonstrar) e


hipóteses particulares (complementares);

• não confundir hipótese geral com pressuposto, que é uma evidência


prévia (o que já está demonstrado como ponto de partida).

7.1.5 Objetivos

Os objetivos devem ser centrados na busca de respostas para as


questões relevantes, identificadas no problema de pesquisa e que ainda não foram
respondidas por outras pesquisas. Devem ser bem definidos, claros e realistas,
mantendo coerência com o problema que deu origem ao projeto.
Os objetivos podem ser:
28

• gerais: indicar propósitos mais gerais, relacionando a importância do


trabalho com o desenvolvimento do conhecimento em geral;

• específicos: no âmbito da ideia e dos objetivos gerais, ressaltar as


ideias específicas a serem desenvolvidas. Nesse sentido, a amplitude
dos objetivos gerais tem sua delimitação definida, indicando sua
profundidade. Definem, ainda, as etapas que devem ser cumpridas
para alcançar o objetivo geral, ações que devem ser desenvolvidas.

7.1.6 Procedimentos metodológicos

Deve-se apresentar o tipo de pesquisa quanto à natureza, aos objetivos,


aos procedimentos e ao(s) objeto(s). Neste último caso, explicitar se a pesquisa
confirma-se como de campo, bibliográfica ou laboratorial. Deve-se informar a
respeito dos métodos de procedimento, de abordagem e das técnicas utilizadas.
É preciso apresentar quais procedimentos serão empregados na busca
das respostas às indagações formuladas. Para tanto, conforme os tipos de pesquisa,
deve-se apresentar uma definição da amostra e quais técnicas serão utilizadas na
coleta de dados (entrevista, observação, formulário, consulta a arquivos e outros).
De forma esquemática, não esquecer que:

• trata-se do como, com quê, onde, quando e quanto;

• método é o caminho a ser percorrido para se atingir os objetivos


propostos;

• existem métodos gerais, aplicados a todo tipo de pesquisa, e


específicos, de cada área de trabalho;

• em coerência com o tema, os objetivos, o problema e a hipótese, será


definido o tipo de pesquisa: teórica, empírica, histórica etc.;

• não se de deve confundir método, que são procedimentos mais amplos


de raciocínio, com técnicas, que são procedimentos mais restritos que
operacionalizam o método com auxílio de instrumentos adequados.
Exemplo: pesquisa de campo e entrevista com questionário.
29

7.1.7 Referências

• Textos fundamentais em que se aborda a problemática em questão;

• As referências do projeto serão enriquecidas durante a pesquisa.

7.1.8 Plano de trabalho

O projeto deve apresentar um plano de trabalho contendo, de forma


sucinta e objetiva, as principais etapas (atividades) a serem desenvolvidas durante
sua execução em função do tempo (mês, semana). Deve, também, compatibilizar as
etapas com a metodologia a ser aplicada no desenvolvimento do projeto.

7.1.9 Orçamento

Este item estará presente nos projetos que pleiteiam financiamento para
sua realização. Deve prever: gastos com pessoal, material de consumo, material
permanente, entre outros.

7.1.10 Observações

• São incluídos anexos e apêndices, se for o caso;


• O projeto pode ser alterado no decorrer da pesquisa, como
consequência do aprofundamento, desde que devidamente justificado;
• Não confundir projeto de pesquisa com plano de trabalho da
monografia – um não tem necessariamente de espelhar o outro.
30

8 NOÇÕES DE TEXTUALIDADE

Texto é uma palavra bastante conhecida. Seu sentido etimológico é muito


interessante: vem de tessitura, de tecido. Como os fios entrelaçados que compõem
um tecido, assim é o texto: um entrelaçamento de ideias, sentimentos, repertórios
culturais, contextos e intencionalidades. Uma tessitura tal que produz muitos e
variados significados. Nesse sentido, a palavra texto é mais abrangente do que um
documento escrito ou oral. Entendido dessa forma, toda tessitura que transmite um
significado é um texto para quem o sabe ler.
Um sinal de trânsito, um som, um aviso na parede, um gesto, um olhar,
um silêncio... Dependendo do contexto, todos esses sinais podem ser um texto para
alguém. Mas se não puder entender os sinais, então não haverá texto. Logo o texto
está no entrelaçamento entre os sinais e o meu repertório, que pode me capacitar ou
mesmo atrapalhar na compreensão dos sentidos dos textos que estão à minha volta.
Portanto, para ler um texto é preciso saber: a língua, linguagem e ter
conhecimentos que capacitem para tanto. Por exemplo, o problema das bulas dos
medicamentos, escritas para quem tem conhecimento médico-farmacêutico. A
maioria das pessoas não consegue entender a linguagem em que são escritas.
Assim, leitura é aqui entendida como meio de conhecimento e de iniciação ao
pensamento, como produção textual, porque só é possível pensar o que se conhece.
Ler um texto é repensá-lo e repensar é pensar. Todos fazemos isso muitas vezes
com os textos do nosso cotidiano.
Mas no campo da pesquisa científica, somos treinados para ler com muito
mais rigor, precisão e eficácia os textos que fazem parte da nossa área de atuação.
A leitura científica é uma leitura aprofundada que implica análise, explicação,
explicitação, comentário e interpretação de ideias. Tais conceitos são definidos e
ilustrados a seguir.
31

8.1 ANÁLISE

É a decomposição dos vários níveis de pensamento que constituam


sentido. Analisar é examinar parte por parte de um todo. A análise se opõe à
síntese, que supõe a conjugação do que estava separado. A compreensão das
partes constituintes de um texto é o primeiro passo rumo à desmontagem dos seus
vários planos expressivos e dos diversos elementos que o compõem.
Ao analisar um problema financeiro, uma conta de telefone muito alta, por
exemplo, decompomos todas as possibilidades e elementos implicados nessa
situação, com o intuito de saber como agir para que o valor dessa despesa seja
compatível com o orçamento de que se dispõe.

8.2 EXPLICAÇÃO

É enunciar o que há num texto: desdobrar, mostrar o que está exposto,


pressuposto, implicado, subentendido, suas articulações, os termos-chave. Envolve
momentos de explicitação que é revelação, desvendamento do conhecimento:
traduzir o que no texto está apresentado de forma simbólica ou implícita.
Quando um professor solicita a um aluno, ou a um grupo de alunos, que
dê uma aula sobre determinado assunto, está pedindo que faça uma explicação: que
diga tudo o que está enunciado, implicado, implícito no tema a ser abordado.
Para fazer esse trabalho de explicação e explicitação de determinado
tema ou problema, é preciso um bom trabalho de análise que propicie uma
adequada compreensão, para que seja capaz de fazer uma exposição. Trocando em
miúdos, não se pode falar ou escrever do que não se sabe.

8.3 INTERPRETAÇÃO

É a busca da síntese ou da reintegração das partes no todo. A


interpretação encontra-se intimamente vinculada ao ponto de vista, que varia
segundo variam os interesses e os contextos formativos, culturais, geográficos etc.
Com isso, um determinado texto pode produzir uma multiplicidade de interpretações.
32

Para dar um exemplo cultural, considere como são interpretados os


diferentes papéis sociais ocupados por mulheres, segundo as diferentes culturas. E
até no interior de uma mesma cultura, como a nossa. Como no caso do aborto, que
é tratado como um problema de mulher. Nem no campo jurídico, nas leis, aparece a
responsabilidade do homem que contribuiu para a situação de gravidez.

8.4 COMENTÁRIO

É um diálogo com o texto, procurando situá-lo em relação ao autor e à


sua obra ou contribuição. No comentário, são introduzidos acréscimos exteriores ao
texto, buscando estabelecer juízos de valor acerca da sua produção.
Para dar um exemplo muito simples, considere os comentários de ambas
torcidas acerca de um lance de futebol, que nem precisa ser muito polêmico. Como
se percebe, o comentário está intrinsecamente relacionado à interpretação, ao ponto
de vista de quem o profere.

8.5 OBSERVAÇÕES

Ao serem considerados todos esses procedimentos na leitura de um


texto, na análise de um fato, de uma situação profissional etc., esta produzirá o(s)
sentido(s) em nome do(s) qual(is) tudo isso é realizado. A produção de sentido não
encerra o texto. Pelo contrário, deixa em aberto suas possibilidades.
Todos esses procedimentos fazem parte do trabalho científico. Ora, são
requisitados um ou outro, separadamente, ora todos são exigidos por alguma
atividade complexa, como é o caso da monografia. Numa monografia, há momentos
que explicamos e explicitamos, em outros interpretamos o sentido de algo e fazemos
comentários, avaliando aquilo acerca de que estamos discorrendo. Por isso, todas
essas habilidades necessitam ser desenvolvidas ao longo da formação profissional.
33

9 CONCEITUAÇÃO DE TRABALHOS MONOGRÁFICOS

O trabalho monográfico é um documento escrito que visa à aferição do


trabalho escolar em uma ou mais disciplinas, solicitado e orientado por professor(es)
de uma ou mais disciplinas. Segundo o grau de complexidade envolvido, tais
trabalhos são classificados como:

• Trabalho de Conclusão de Curso: resultado de um estudo visando à


conclusão de um Curso de Graduação;

• Monografia: resultado de um estudo visando à obtenção do título de


Especialista;

• Dissertação: documento escrito visando à obtenção do título de


Mestre, que representa o resultado de um trabalho experimental, de
tema único, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações
ou a exposição de um estudo científico retrospectivo (trabalho de
revisão de literatura). Deve evidenciar o conhecimento de literatura
existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do
candidato;

• Tese: documento escrito visando à obtenção do título de Doutor, que


representa um estudo científico de tema único, bem delimitado e
original. Deve ser elaborado com base em investigação original,
constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão.
34

10 PRODUÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO

10.1 DETERMINAÇÃO DO TEMA-PROBLEMA DO TRABALHO

Em primeiro lugar é preciso delimitar com precisão o tema: não é o


mesmo tratar da liberdade em geral e da liberdade psicológica ou política. Trata-se
da perspectiva do tema. Para trabalhos com finalidade didática, escolher temas já
abordados por outros, para que haja obras a respeito nas quais pesquisar.
A delimitação do tema é a maior dificuldade apresentada pelos
estudantes. A tentação é fazer uma tese panorâmica e dizer muita coisa. Por
exemplo, a literatura hoje; a literatura brasileira do pós-guerra aos anos 60. Umberto
Eco (1977, p. 07) discute bem essa questão e apresenta algumas indicações acerca
de como superar essa dificuldade:

• Tese panorâmica não pode fazer análises críticas que soam como
presunção. Tais análises supõem muito trabalho e delimitação;

• Com tese panorâmica, o pesquisador expõe-se a muitas contestações,


como omissões de temas e autores;

• Se for bem preciso, o pesquisador terá um material bem conhecido e


ignorado pelos examinadores: torna-se um experto nesse assunto;

• Monografia pode ser também a abordagem de um tema e não apenas


de um autor. Neste caso, analisam-se alguns autores do ponto de pista
de um tema específico: ex. o mundo às avessas nos poetas
carolíngios;

• Tratar de um tema especificamente monográfico não significa fazer


algo aborrecido, é preciso ter em conta o panorama em que está
inserido e estudá-lo;

• Mas o panorama é pano de fundo, não se pode confundir as relações:


uma coisa é pintar o retrato de um cavalheiro sobre o fundo de um
campo, e outra coisa é pintar campos e regatos: alteram-se técnicas,
focos, perspectivas;
35

• Quanto mais se restringe, melhor e com mais segurança se trabalha.

A perspectiva através da qual se aborda um tema é completada com o


problema: qual questão vai ser discutida ou para a qual, que soluções serão
buscadas. Colocação do problema em relação ao tema desencadeia formulação da
hipótese geral a ser comprovada. E, de acordo com a perspectiva adotada,
especifica o método a ser utilizado. Quando o autor se define por uma solução a ser
demonstrada no curso do trabalho, pode-se então falar de tese a ser demonstrada
pelo raciocínio. O trabalho deve:

• demonstrar uma única ideia;

• defender uma única tese;

• assumir uma única posição frente ao problema específico: é o seu


ponto de vista, sua tese.

Normalmente uma atividade de pesquisa perpassa por três fases de


amadurecimento, que são concomitantes nas várias etapas do trabalho:

1. Momento da intuição, da descoberta, da formulação de hipóteses;

2. Momento da pesquisa:

- confrontar primeiras intuições;

- cotejar com outras posições;

- rever posições iniciais.

3. Momento de amadurecimento da primeira posição:

- abandonam-se algumas ideias;

- acrescentam-se outras;

- reformulam-se alguns problemas;

- domínio de uma posição definitiva.

10.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Trata-se da pesquisa em busca da documentação existente sobre o


assunto. Coloca-se em ação uma série de procedimentos para localização e busca
36

metódica de documentos que possam interessar ao tema discutido, que dependem


da natureza do tema a ser estudado.
São feitas consultas em:

• catálogos;

• boletins especializados;

• enciclopédias e dicionários especializados;

• monografias e tratados sobre o assunto;

• textos didáticos;

• periódicos impressos e on-line;

• bases de dados.

10.3 LEITURA E DOCUMENTAÇÃO

10.3.1 Plano provisório do trabalho

É um roteiro do trabalho a ser realizado, uma primeira estruturação


baseada em ideias gerais que se tem do tema:

• É uma ideia diretriz (linhas gerais, colunas mestras), sem a qual o


trabalho se perde numa superficialidade;

• São ideias percebidas intuitivamente pelo aluno, fruto da sugestão do


próprio problema e de estudos anteriores;

• Trata-se de um roteiro provisório, pois o plano definitivo só será


estabelecido no final da pesquisa.

10.3.2 Leitura

• Realizar uma primeira triagem para ver o que realmente será lido e
interessante para a pesquisa;
37

• Para tanto:

- recorrer a resenhas das obras;

- opinião de especialistas;

- tomar contato com a obra: sumário, prefácio, introdução, passagens


do texto;

• Critérios para a leitura:

- atualidade: dos textos mais recentes para os mais antigos – as obras


recentes retomam contribuições do passado, vindo a dispensar
algumas leituras. Porém, os clássicos são indispensáveis;

- generalidade: das obras mais gerais (enciclopédias, dicionários,


tratados) para as monografias especializadas e artigos científicos;

• Não é uma mera leitura analítica de toda obra, nem reconstituir


raciocínio analítico do autor;

• Será feita tendo em vista o aproveitamento direto apenas dos


elementos que sirvam para a pesquisa;

• Às vezes, é necessário leitura de todo o texto, mesmo assim não se


deve perder a ideia mestra que direciona o trabalho.

10.3.3 Documentação

• Tomar nota de todos os elementos que serão utilizados na elaboração


do trabalho;

• Usar citação livre (indireta) e textual (direta), indicando a fonte;

• Documentar as ideias pessoais que forem surgindo durante a leitura –


para não se perderem;

• Elaborar fichas, arquivos de documentação ou outra forma de anotação


das ideias que irão compor o trabalho.
38

10.4 A CONSTRUÇÃO LÓGICA DO TRABALHO DISSERTATIVO

• Coordenação inteligente das ideias, conforme as exigências de


sistematização;

• Pode ocorrer reformulação do roteiro provisório;

• A ordem lógica do trabalho dissertativo pode não coincidir com a ordem


da descoberta: não se pode perder de vista a finalidade de comunicar
ao leitor, que não precisa passar por todos os percalços vividos pelo
pesquisador durante sua atividade de pesquisa;

• Deve formar uma unidade, com sentido intrínseco, autônomo, para que
o leitor – que não participou da pesquisa – possa apreendê-la;

• Portanto, as partes do trabalho – parágrafos, capítulos etc. – devem ter


sequência lógica rigorosa;

• Não basta que proposições tenham sentido em si mesmas: é


necessário que o sentido esteja logicamente inserido no contexto do
discurso e da redação;

• Daí as três partes da estrutura formal do trabalho: introdução,


desenvolvimento e conclusão.

10.5 A REDAÇÃO DO TRABALHO

10.5.1A linguagem do texto

• Ter estilo sóbrio e preciso. Adjetivos supérfluos, rodeios e repetições


ou explicações inúteis devem ser evitadas;

• Também deve ser evitada a forma excessivamente compacta, que


pode prejudicar a compreensão do texto;

• O que importa é a clareza, mais que outras características estilísticas;

• Usar a terceira pessoa do singular;


39

• Usar terminologia técnica na medida do necessário;

• Evite-se pomposidade pretensiosa, verbalismo vazio, fórmulas feitas e


linguagem sentimental;

• Não cabe linguagem comum, expressões corriqueiras e gírias.


Infelizmente é comum deparar com o uso de expressões e fórmulas da
oralidade em trabalhos que requerem fórmulas próprias da linguagem
escrita e formal;

• Quanto ao estilo, depende da natureza do raciocínio e das áreas do


saber.

10.5.2 Os parágrafos

• Parte do texto que tem por finalidade expressar as etapas do


raciocínio;

• Sequência, tamanho e complexidade dependem da natureza do


raciocínio;

• Reproduz a estrutura do texto: apresenta uma introdução, um corpo e


uma conclusão;

• Como determina a articulação do texto, tendo em vista a construção


lógica do trabalho, são iniciados por conjunções que indicam as formas
de passar de uma etapa lógica à outra. São os conectivos e devem ser
muito bem trabalhados.
40

11 ELEMENTOS E ESTRUTURA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO


DE CURSO, MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO E TESE

Para compor a apresentação e redação dos trabalhos monográficos, há


uma série de elementos já consagrados pela prática acadêmica.
Existem elementos que são obrigatórios e outros que podem constar
conforme o desenvolvimento do trabalho. A tabela abaixo apresenta todos os itens
que compõem o trabalho acadêmico, inclusive na ordem em que devem ser
apresentados.
41

11.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

11.1.1 Capa

A capa é um elemento obrigatório. Deve conter as informações seguintes,


na mesma ordem (cf. ANEXO A):

a) nome da instituição (opcional);

b) o nome do autor deve ser colocado no alto da página;

c) o título e o subtítulo (este se houver) ficam no centro da folha;

d) o número do volume, se houver mais de um, também precisa ser


colocado;

e) o nome da cidade em que se situa a instituição a qual o trabalho está


vinculado;

f) o ano de entrega.

O nome do autor, colocado no alto da página, significa que ele é o


responsável intelectual pelo trabalho. Por isso, não se justifica colocar o nome da
instituição nessa posição em trabalhos, cuja responsabilidade intelectual e direitos
autorais não são dela.

11.1.2 Lombada

Lombada é a parte que reúne as margens internas do lado esquerdo,


mantendo-as juntas quer por cola, costura ou grampos, formando um caderno. Ela
constitui um elemento opcional, pois quando as folhas se reúnem por espiral ou em
número bastante reduzido, por exemplo, a junção delas não forma lombada.
A lombada de trabalhos acadêmicos deve trazer o nome do autor, ou dos
autores, e o título; a de livros, além disso, precisa apresentar a logomarca da editora;
a de periódicos deve conter os elementos alfanuméricos que permitem identificar o
volume, o fascículo e a data de publicação.
42

11.1.3 Folha de rosto

A folha de rosto é elemento obrigatório. Ela precisa conter as informações


que seguem abaixo, na mesma ordem (cf. ANEXO B):

a) nome do autor, pois é o responsável intelectual pelo trabalho;

b) título principal do trabalho, acompanhado de subtítulo, se houver, que


defina claramente o conteúdo do trabalho, constituindo um resumo de,
no máximo 12 vocábulos, como sugere a CAPES (apud DOMINGOS,
1999), devendo o subtítulo ser introduzido, após o título, por dois
pontos;

c) o número do volume, havendo mais de um, deve ser impresso na folha


de rosto;

d) a natureza do trabalho (tese, TCC e outros), sua finalidade, isto é,


motivo que determinou sua elaboração, dentre outros, por exemplo, a
aprovação em dada disciplina;

e) o nome da instituição a que o trabalho está vinculado deve ser


colocado aqui;

f) o nome do orientador e sua titulação, o da cidade, o da instituição e o


ano de entrega devem também estar registrados na folha de rosto.

O verso da folha de rosto deve conter também a ficha catalográfica, feita


segundo o Código de Catalogação Anglo-Americano em vigor. Este código é de
competência da FEBAB — Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários,
Cientistas e Instituições. A ABNT assume o que esse órgão dispõe.

11.1.3.1 Modelos de notas explicativas para Folha de rosto

• Trabalho Curricular: Trabalho apresentado para avaliação do


rendimento escolar da disciplina Introdução à Filosofia do curso de
Pedagogia da Universidade de Santo Amaro, ministrada pelo Prof. Dr.
Carlos Fontes Fonseca.
43

• Trabalho de Conclusão de Curso: Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de História da Universidade de Santo Amaro,
orientado pela Profª Carla Carlota, como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em História.

• Monografia: Monografia apresentada ao Curso de Especialização em


Biologia Vegetal da Universidade de Santo Amaro, orientada pela Profª
Drª Olívia Gomes, como requisito parcial para obtenção do título de
especialista em Biologia Vegetal.

• Projeto de Pesquisa: Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de


Especialização em Gestão Ambiental do Curso de Especialização Lato
Sensu da Universidade de Santo Amaro, orientado pelo Prof. Mário
Mariano, como requisito parcial para avaliação.

11.1.4 Errata

A errata é opcional; se colocada, porém, tem lugar após a folha de rosto e


seus dados são apresentados do seguinte modo:

ERRATA
Folha Linha Onde se lê Leia-se
28 2 aprovacao aprovação

11.1.5 Folha de aprovação

A folha de aprovação é um elemento obrigatório a trabalhos que serão


submetidos à aprovação, por exemplo, tese, TCC, pois nela será registrado o
resultado da avaliação do trabalho feita pelos examinadores. Por isso deve conter:

a) nome do autor;

b) título do trabalho (e subtítulo, se houver);


44

c) natureza e objetivo, ou seja, tipo e por que foi elaborado, por exemplo:
dissertação elaborada como parte dos requisitos do [...] para a
obtenção do título de [...];

d) nome da instituição a que será submetido;

e) nome dos componentes da banca examinadora, titulação, instituição a


que pertencem e, após o resultado da avaliação, a data e a assinatura
do examinador ou dos examinadores;

f) data da aprovação.

A data de aprovação e as assinaturas dos componentes da banca


examinadora são colocadas, nessa ordem, após o resultado da avaliação. A folha de
aprovação não é numerada, é contada apenas. Não leva título.

11.1.6 Dedicatória, agradecimento e epígrafe

Dedicatória, agradecimento e epígrafe são elementos opcionais (NBR


14724: 2005); são colocados no trabalho, segundo o desejo do autor; devem, porém,
serem postos na sequência aqui apresentada.
A dedicatória é a folha em que o autor presta homenagem ou dedica seu
trabalho a alguém. É colocada após a folha de aprovação; não leva título; não é
numerada, mas é contada.
Após a dedicatória, são colocados os agradecimentos que devem ser
feitos às pessoas que efetivamente contribuíram para a elaboração do trabalho. É
elemento opcional.
Aos agradecimentos, segue a epígrafe, também opcional. A epígrafe,
excerto retirado de alguma obra, alusivo ao assunto que será tratado, pode ser
colocada tanto no início do trabalho como também na abertura de cada seção
primária (capítulo). Colocada no início do trabalho, a folha da epígrafe será contada,
mas não será numerada, nem conterá título, tal qual a folha de aprovação.
45

11.1.7 Resumo

Após a epígrafe, vem o resumo. Os trabalhos acadêmicos, além do


resumo na língua vernácula, devem apresentá-lo também em uma língua estrangeira
(graduação, mestrado) ou duas (doutorado), por exemplo: Abstract (inglês),
Resumen (espanhol) e Résumé (francês).
O resumo deve conter de 150 a 500 palavras e ser seguido da expressão
Palavras-chave, colocando-se após estas, descritores ou palavras que sejam
representativas do conteúdo que o trabalho oferece.
O resumo deve pôr em evidência o objetivo, o método, os resultados e as
conclusões do trabalho; da introdução retira-se o conteúdo necessário para
contextualizar a questão analisada. É necessário que ele seja elaborado na forma de
texto discursivo, usando-se o verbo na 3ª. pessoa, na voz ativa, formando frases
concisas e afirmativas, compondo, preferentemente, um parágrafo apenas. Deve-se
evitar símbolos e contrações que não são de uso corrente, bem como fórmulas,
equações, diagramas que não são absolutamente necessários. Se forem incluídos,
na primeira vez em que aparecerem, precisam estar acompanhados da devida
explicação.
O resumo de um trabalho, que vem inserido nele próprio, não se faz
acompanhar da respectiva referência; se, porém, for colocado em outro contexto, ela
deve precedê-lo.

11.1.8 Lista de ilustrações, lista de tabelas, lista de abreviaturas e


símbolos

As listas de ilustrações, tabelas, abreviaturas, siglas e de símbolos são


opcionais; são, porém, bastante úteis quando o trabalho acadêmico apresenta esses
elementos em quantidade, pois facilitam a consulta ao leitor.
As listas devem figurar no trabalho na ordem acima mencionada e podem
ser específicas de cada um desses elementos. Desse modo, pode haver uma lista
só de ilustrações, outra de tabelas, assim por diante, cada uma seguindo ordenação
própria.
46

Uma só lista de ilustrações pode mencionar todos os tipos: mapa,


fotografia, desenho e outros. Quando há várias ilustrações do mesmo tipo, pode-se
fazer uma lista para cada tipo, por exemplo: lista de mapas, lista de fotografias etc.
Se, porém, a quantidade desses elementos não justificar listas específicas, todas as
figuras podem ser relacionadas numa só, havendo, entretanto, para cada tipo de
ilustração uma ordenação numérica.

Exemplo:
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fotografia 1 - Equipe de operação 20
Gráfico 1 - Desenvolvimento urbano 23
Fotografia 2 - Assembléia Geral Ordinária ABNT 25
Mapa 1 - Região Sudeste do Brasil 30
Desenho 1 - Programa das Nações Unidas para o meio ambiente 33

11.1.9 Sumário

O sumário é um elemento obrigatório que deve proporcionar visão de


conjunto do conteúdo do trabalho, trazendo relacionadas as seções que o compõem,
acompanhadas do número da página em que se acham, o que facilita sua
localização no texto. É, quase sempre, o último elemento pré-textual; não o será se
for incluído prefácio no trabalho.
Os elementos pré-textuais não são incluídos no sumário; os títulos das
seções do texto são nele colocados, utilizando-se a tipologia gráfica com que
aparecem no texto. Os indicativos de seção do texto devem ser alinhados à
esquerda: sugere-se que sejam alinhados pela margem do indicativo de título mais
extenso. A paginação faz-se alinhando, à direita, o número das páginas em que se
acham os títulos referidos.

Modelo de Sumário:
47

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ................................................................... 15
2 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................. 33
2.1 Tipo de pesquisa .............................................................. 33

11.2 ELEMENTOS TEXTUAIS

Os elementos textuais são a introdução, o desenvolvimento e a


conclusão, que constituem as partes essenciais da monografia. Trata-se de uma
divisão lógica. Cada um desses elementos atende a uma finalidade própria e a
relação que entre eles se estabelece configura uma estrutura orgânica, pois juntos
compõem um todo, ou seja, a estrutura monográfica.

11.2.1 A introdução

Delimita o assunto, situa o problema a ser tratado, isto é, mostra em que


contexto ele está inserido e que há conhecimento acumulado, disponível para isso.
É chamado conhecimento partilhado por se entender que ele é de domínio dos que
atuam na área: constitui a fundamentação teórica, pois possibilita a definição e
delimitação dos objetivos da pesquisa. O nível de teorização e interpretação do
conhecimento partilhado deve ser limitado em função do problema a ser tratado e da
abrangência que se deseja alcançar. A introdução tem como função nortear as
tarefas de investigação e sustentar a interpretação dos dados levantados,
relacionando-se desse modo com o elemento que a segue, ou seja, o
desenvolvimento. Por isso, se a seleção do conteúdo do quadro teórico e sua
análise não forem criteriosas, todo o trabalho poderá ficar comprometido.
48

11.2.2 O desenvolvimento

É a principal parte do texto. Apresenta o assunto pormenorizado, de modo


explicativo; é dividido em seções e subseções, de acordo com a amplitude e a
profundidade definidas para o tratamento de dados: é aconselhável que o autor se
limite à quarta seção. Aqui são expostos os argumentos selecionados para defender
a tese proposta, ou seja, atingir os objetivos fixados. Os argumentos precisam ser
explicitados logicamente, ou melhor, é necessário demonstrar como as provas foram
alcançadas e, na falta de consenso, discuti-las.

11.2.3 A conclusão

Deve apresentar de forma sintetizada um resumo da argumentação e das


provas explicitadas no desenvolvimento. Além disso, deve demonstrar logicamente a
relação existente entre os argumentos e as provas levantadas e apresentar as
inferências extraídas dos resultados com base na fundamentação teórica. Por isso,
muitas vezes se diz que a conclusão é um retorno à introdução.
Constata-se, desse modo, que introdução, desenvolvimento e conclusão
estão interligados, configuram uma estrutura orgânica: não constituem partes
independentes, mas complementares.
Infere-se, ainda, que os elementos ― ideias, propostas, conceitos,
ilustrações etc. ―, não obstante o valor científico, quando não se atrelam na
formação da estrutura monográfica, devem ser dela despojados de modo a
resguardar o encadeamento lógico das ideias e das propostas, garantindo ao
trabalho boa qualidade.
49

11.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

11.3.1 Referência

Relação das obras efetivamente utilizadas como base na elaboração do


trabalho. Elemento obrigatório no texto, a seção “Referências” não deve ser
numerada e seu título deve estar alinhado à esquerda.
As fontes mencionadas em notas de rodapé, ou pelo sistema autor-data,
devem ser incluídas na seção de referências, exceto as que indicam os dados
obtidos por informação verbal.
Considerando que a produção de um trabalho acadêmico,
independentemente de sua tipologia, demanda a leitura de outras fontes que vão
além daquelas indicadas na seção “Referências”, sugere-se a elaboração de uma
lista dessas obras, se houver mais de cinco itens a serem informados. Essa lista
deve ser incluída na estrutura do trabalho como apêndice, ficando seu título a critério
do autor, podendo ser: “Sugestões de Leitura sobre o Tema”, “Leitura Complementar
Sobre o Tema” etc.

11.3.2 Glossário (opcional)

Elaborado em ordem alfabética.

11.3.3 Apêndices (opcional)

De acordo com a NBR 14724:2005, o apêndice é material ou texto


elaborado pelo próprio autor do trabalho com objetivo de complementar sua
argumentação. Identificados pela palavra APÊNDICE e letras maiúsculas
consecutivas, travessão e título, alinhados à esquerda. A paginação deve ser
contínua à do texto principal.

Exemplo:
APÊNDICE A –
50

APÊNDICE B –

11.3.4 Anexos (opcional)

Segundo a NBR 14724:2005, anexo é texto ou documento, não elaborado


pelo autor do trabalho, que contribui para fundamentação, comprovação e ilustração
do trabalho. Identificado pela palavra ANEXO e letras maiúsculas consecutivas,
travessão e título, alinhado à esquerda. A paginação deve ser contínua à do texto
principal.
Exemplo:
ANEXO A –
ANEXO B –

11.3.5 Índice (opcional)

Segundo a NBR 6034:2004, é a relação de palavras e/ou frases, que


ordenadas segundo determinado critério, remetem para informações inseridas no
texto. Para a elaboração de Índice e estabelecimento de critério de ordenação,
consulte a NBR 6034:2004.

11.4 REGRAS DE APRESENTAÇÃO

11.4.1 Formato

11.4.1.1 Papel

O texto deve ser digitado em papel branco, no anverso de folhas A4 (21


cm por 29,7cm), na cor preta; as ilustrações, contudo, podem apresentar outras
cores (NBR 14724:2005).
51

11.4.1.2 Tipologia da fonte

A fonte a ser utilizada é a Times New Roman ou Arial, do seguinte modo:

a) fonte 12 para o texto;

b) fonte 11 para títulos colocados abaixo de figuras, ilustrações e outros;

c) fonte 10 para notas de rodapé;

d) fonte 11, nas citações de três linhas ou mais;

e) fonte 12, 14, 16, em caixa alta, negrito, itálico e outros para diferenciar
títulos de subtítulos, ou seja, seções e subdivisões;

f) fonte 16 para título e autor, 14 para subtítulo e 12 para demais


elementos, na capa e folha de rosto.

11.4.1.3 Espacejamento

O texto deverá ser digitado com espaço entrelinhas 1,5 (um e meio); os
títulos e subtítulos de seções e subseções ficam separados do texto que os precede
e do que os sucede por dois espaços de mesma medida.

11.4.1.4 Margens

Observam-se as seguintes medidas para as margens: para as margens


superior e esquerda são deixados 3 cm, para a direita e a inferior, 2 cm.

11.4.1.5 Paginação

Da folha de rosto em diante, todas as demais são contadas, devendo-se,


porém, colocar algarismos arábicos para numerá-las somente a partir da Introdução.
A posição do número é a 2 cm da borda superior e 2 cm da borda lateral direita da
52

folha, portanto no alto da folha, à direita. Havendo anexos e apêndice, a numeração


das folhas continuará normalmente até a última.

11.4.1.6 Nota de rodapé

As notas de rodapé são digitadas dentro da margem inferior, em fonte 10,


ficando separadas do texto por um espaço simples de entrelinha e por um filete de
três centímetros.
Deve-se evitar o uso desnecessário de nota de rodapé, pois sua leitura
implica interrupção da leitura do texto e, consequentemente, do raciocínio que o
leitor vem desenvolvendo a partir das ideias expostas.

11.4.1.7 Indicativos de seção

Os números indicativos de seção, ou seja, das partes que estruturam um


documento (monografia), seguem ordem progressiva e são colocados à esquerda,
precedendo o respectivo título ou subtítulo, de acordo com a NBR 6024: 2003.

11.4.1.8 Numeração progressiva

A NBR 6024: 2003 normaliza a numeração progressiva; mostra como


indicar as subdivisões do texto, por exemplo: primária, secundária, terciária e outras,
ficando assim: 2.3 Elementos pós-textuais em que 2 representa uma seção primária
e 3 a secundária (subseção, subdivisão).
Os elementos textuais – introdução, desenvolvimento e conclusão –
compõem, cada um, uma seção primária; o desenvolvimento, porém, poderá estar
estruturado em várias seções primárias (anteriormente denominadas capítulos),
divididas ou não em subseções (títulos e subtítulos), dependendo do enfoque e da
abrangência do tema.
A numeração progressiva deve mostrar essa divisão juntamente com a
tipologia gráfica utilizada, por exemplo, as letras usadas nos títulos das seções
53

primárias serão sempre iguais e mais chamativas do que as das demais seções. O
mesmo tipo de seção terá sempre o mesmo tipo de letra, tamanho e forma, tanto no
texto quanto no sumário.
A divisão em seções e subseções deve ser feita de forma lógica e de
acordo com a estrutura do trabalho. A numeração progressiva deve demonstrar a
sequência das seções e subseções e o nível de inserção – primeira, segunda,
terceira seção etc. – que deve, também, ser marcado pelo uso de tipologia gráfica
diferente, conforme o exemplo a seguir mostra.

Exemplo:

1 SEÇÃO PRIMÁRIA

(caixa alta, fonte 14, negrito)

1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA

(parte da primária: caixa alta, fonte 12, negrito)

1.1.1 Seção terciária

(inserida na primária e na secundária; caixa baixa, fonte 14, negrito)

1.1.1.1 Seção quaternária

(inserida na primária, na secundária e na terciária: caixa baixa, fonte 12,


negrito).

Além disso, abre-se página nova sempre que se inicia uma seção
primária, ficando, assim, evidente a divisão do trabalho acadêmico em seções e
subseções.
54

12 ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO

12.1 CITAÇÕES

É a menção, no texto, de uma informação obtida de outra fonte. Pode ser


uma transcrição ou paráfrase, direta ou indireta, de fonte escrita ou oral.
As citações podem figurar incluídas no texto, em nota de rodapé ou
remetendo às referências no final do texto. As citações podem ser representadas
pelos sistemas numérico ou autor-data, devendo, o sistema escolhido, ser mantido
ao longo de todo o trabalho.

12.1.1 Sistema numérico

Neste sistema, os documentos citados são representados por números


arábicos e em ordem crescente na medida em que aparecem no texto. A indicação
numérica no texto deve ser feita situando-a de forma sobrescrita à linha do texto.

Exemplo:

[...] era mesmo muito feliz1

A ordem das referências no sistema numérico também é numérica de


acordo com o número que foi atribuído a cada documento.

12.1.2 Sistema autor-data

Neste sistema, as citações devem incluir o autor, a data de publicação e


a(s) página(s) do documento referenciado. No caso da indicação de autoria aparecer
no decorrer do texto, apenas a inicial do nome deve aparecer em maiúscula, e
quando a autoria se apresentar entre parênteses, todas as letras do nome devem
ser maiúsculas. Tem sido mais utilizado nos trabalhos acadêmicos do que o sistema
numérico.
55

Exemplos:
Segundo Xavier (2004, p.243) o aquecimento global está só começando.
O aquecimento global está só começando. (XAVIER, 2004, p.243).

• Citação de até três autores: Quando a obra for de autoria de até três
pessoas, estas serão citadas pelos respectivos sobrenomes.

Exemplos:

Resultado semelhante foi obtido por Santos e Barbosa (1995)...

ou

A delimitação da área do projeto de assentamento rural e a distribuição


dos lotes devem garantir as condições mínimas de vida. (PINHEIRO;
MARIAN, 1997).

E ainda:

Conforme Moran, Masetto e Behrens (2002, p.37)...

ou

“O ver está, na maior parte das vezes, apoiando o falar, narrar, o contar
histórias.” (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2002, p.37).

• Citação com mais de três autores: Quando a obra for de autoria


múltipla, deve ser citada pelo sobrenome do primeiro autor, seguido da
expressão “et al.”, o ano e a(s) página(s).

Exemplos:

Conforme notam Rodrigues et al. (1990), a redundância, ao contrário


do que geralmente se acredita, nem sempre representa desperdício ou
ineficiência.

ou

.... (RODRIGUES et al., 1990)

• Citação de vários trabalhos do mesmo autor publicados em anos


diferentes: Trabalhos diferentes de um mesmo autor devem ser
56

citados pelo sobrenome e os vários anos de publicação, em ordem


cronológica, separados por vírgula (,).

Exemplo:

Os modelos por meio dos quais foram feitas as comparações


denominadas por nós, de modelos I e II, foram as genéticas –
estatísticas de cruzamento, [...].(CONSTACK, 1948, 1952).

• Citação de vários autores com a mesma opinião: Para fazer


citações de autores e trabalhos diferentes sobre uma mesma opinião,
deve-se obedecer à ordem alfabética seguida de ordem cronológica.

Exemplo:

... enquanto Crocomo e Parra (1979), Crocomo e Parra (1985),


Evendramin et al. (1983) e Silva (1981) verificaram uma oscilação de
valores...

ou

... (CROCOMO; PARRA, 1979, 1985; EVENDRAMIN et al., 1983;


SILVA, 1981).

• Citação de citação: É a transcrição de palavras textuais ou conceitos


de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. A citação de citação
é indicada pelas expressões “apud” ou “citado por”. A citação de
citação deve ser evitada, uma vez que a obra original não foi
consultada e há risco de falsa interpretação e incorreções.

Exemplos:

Marinho, citado por Markoni e Lakatos (1982, p.150), apresenta a


formulação do problema como a fase da pesquisa, que, sendo bem
delimitada, simplifica e facilita a maneira de conduzir a investigação.

ou

Marinho (apud MARKONI; LAKATOS, 1982, p.150)...

Importante: A entrada da citação deve ser idêntica à entrada


estabelecida para a referência bibliográfica do referido documento.
57

12.1.3 Citação direta ou textual

É a transcrição fiel de grafia, redação e pontuação do documento


consultado. Deve ser apresentada entre aspas e trazer a indicação da página
consultada.

• Citação direta até três linhas: É inserida no texto, em fonte normal


(Arial 12), entre aspas.

Exemplo:

“[...] a técnica é a maneira mais adequada de se vencer as etapas


indicadas pelo método. Por isso diz-se que o método equivale a
estratégia, enquanto a técnica equivale a tática [...]” (GALIANO, 1986,
p.14)

• Citação direta com mais de três linhas: A citação direta com mais de
três linhas deve ser destacada do texto, recuada a 4 cm da margem
esquerda, digitada em tamanho menor (fonte 11) que o texto principal
(fonte 12), em espaço simples e sem aspas.

Exemplo:
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o Fórum
Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é
de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB) e dos
Organismos de Normalização Setorial (ABNT/NOS), são elaboradas
por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos
setores envolvidos (NBR 6029: set. 2002, p.1).
As supressões [...] e os acréscimos [ ] devem ser indicados por
colchetes.

12.1.4 Citação indireta

Usada quando são reproduzidas as ideias e informações do documento,


sem transcrição das palavras do autor. Não usar aspas. Mas deve ser indicada a
fonte da referência.
58

13 NORMAS PARA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – ABNT

Referência bibliográfica é o conjunto de elementos que permitem a


identificação de documentos, no todo ou em parte, utilizados como fonte de consulta
e citados nos trabalhos elaborados.
As referências bibliográficas devem ser alinhadas à esquerda e digitadas
utilizando-se espaço simples entre suas linhas. Entre uma referência e outra se deve
adotar espaço duplo.
Todas as regras estabelecidas neste item seguem o preconizado pela
NBR 6023:2002.

13.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS

São aqueles elementos indispensáveis à identificação de um documento:


autor(es), título, edição, local, editora e data de publicação.

13.2 ELEMENTOS COMPLEMENTARES

São aqueles opcionais que, acrescentados aos essenciais, permitem


melhor caracterizar, localizar ou obter publicações:

• Indicações de responsabilidade (tradutor, revisor etc.);

• Descrição física ou notas bibliográficas (nº. de páginas ou volumes);

• Ilustrações, dimensões;

• Série ou coleção;

• Notas especiais;

• ISBN.
59

13.3 LOCALIZAÇÃO

As referências podem aparecer em notas de rodapé, mas devem compor


uma lista alfabética ou numérica que estará localizada ao fim do trabalho,
respeitando-se a ordem estabelecida em 11.3.1.

13.4 MODELOS DE REFERÊNCIAS

A seguir, são apresentados exemplos de referências bibliográficas


comumente utilizadas em trabalhos acadêmicos.

13.4.1 Monografia no todo

Inclui livro, folheto, entre outros.

• Com um autor:

• Com dois ou três autores:


60

• Com mais de três autores:

• Com indicação explícita de responsabilidade pelo conjunto da


obra (Coordenador, Organizador, etc.):

• Referenciadas pelo título:

• Autores com nomes que indicam parentesco:


61

• Em formato eletrônico:

13.4.2 Monografia considerada em parte

• Quando o autor da parte for o mesmo da obra no todo:

• Em formato eletrônico:
62

13.4.3 Dissertações e teses

• Em formato eletrônico:

13.4.4 Publicações periódicas

13.4.4.1 Publicações periódicas como todo

• Em formato eletrônico:
63

13.4.4.2 Parte de publicações periódicas

• Artigos de publicações periódicas:

• Em formato eletrônico:

13.4.5 Eventos (congressos, seminários, simpósios etc.)

• Em formato eletrônico:
64

13.4.6 Vídeos, DVD’s, filmes, fitas de vídeo

13.4.7 Documentos de acesso exclusivo em meio eletrônico

• Bases de dados:
65

14 OUTROS TRABALHOS: CONCEITUAÇÃO E ESTRUTURA

14.1 RESENHA

Resenhar significa fazer um levantamento das características de um texto,


enumerando seus aspectos relevantes, descrevendo as circunstâncias que o
envolvem, as condições de produção e de recepção do discurso. O texto pode ser
de linguagem oral, visual ou digital (palestra, filme, artigo). A resenha está incluída
no rol dos textos técnico-científicos pela sua natureza objetiva e linguagem técnica.

14.1.1 Tipos de resenhas

14.1.1.1 Resenha informativa

• Um tipo de resenha mais completa e abrangente que apresenta um


resumo detalhado do texto original, ressaltando os diferentes aspectos
válidos, sem entrar em pormenores, pois o objetivo da resenha não é
entrar em detalhes, mas, sim, informar o leitor.

• Deve ser seletiva e não mera repetição das ideias do autor. Nela
devem ser usadas as próprias palavras do resenhista. Deve seguir a
sequência lógica do assunto.

• Pode-se dispensar a leitura do texto original pela abrangência do


conteúdo resenhado.

• Ex: resenhas universitárias, resenhas de textos não traduzidos para o


vernáculo.
66

14.1.1.2 Resenha crítica ou simplesmente recensão

• Um tipo de resenha em que se formula um julgamento sobre o texto


original.

• Deve-se apresentar primeiramente o resumo do conteúdo do texto


original para depois proceder-se ao comentário ou apreciação crítica
de seus vários aspectos: relevância do assunto, forma de
apresentação do assunto, sequência lógica, correção e adequação da
linguagem etc.

• A crítica pode ser feita também ao longo do resumo, sendo esta uma
opção do resenhista.

• Ex: resenhas publicadas em revistas especializadas e periódicos.

14.1.2 Estrutura de uma resenha

14.1.2.1 Introdução

Inicia-se o texto, contextualizando o assunto exposto na obra. Faz-se


necessário levantar a importância dos temas tratados na obra. Na introdução,
devem-se apresentar os objetivos da obra resenhada.

14.1.2.2 Desenvolvimento

Iniciar a resenha apresentando a estrutura da obra: O artigo divide-se


em... Primeiramente... No item seguinte...
Na abordagem das partes do texto, o resenhista deve deter especial
atenção à importância de traduzir o efeito que o autor do texto quis causar no leitor,
o que pode ser realizado por meio do emprego de verbos que demonstrem os atos
do autor, tais como: sustentar, contrapor, confrontar, opor, justificar, defender a tese,
debruçar-se, dedicar-se ao estudo, eleger, propor-se a, demonstrar.
67

Em um segundo momento, expõe-se o conteúdo apresentado na obra.


Esta etapa é o momento em que o resenhista deve expor as principais ideias
defendidas pelo autor, na mesma sequência lógica em que se apresentam. Vale
relembrar que o autor da resenha não deve depreciar a obra, mas informar ao leitor,
de maneira polida, sobre o assunto nela tratado, evidenciando, em primeiro lugar, a
contribuição do autor no que concerne à produção de novos conhecimentos.

14.1.2.3 Conclusão

Na conclusão da resenha, devem-se ordenar os conhecimentos


adquiridos com a leitura, apresentando as conclusões do autor. Pode-se abordar a
relevância dessas conclusões, de modo a evidenciar os resultados obtidos com a
leitura do texto.

14.2 RESUMO

14.2.1 Definição

O resumo é a apresentação concisa, porém globalizada, dos pontos


relevantes de um texto. A elaboração formal do resumo varia de acordo com sua
natureza.

14.2.2 Tipos de resumo científico

• Resumo indicativo - indica apenas os pontos principais do texto,


utilizando frases curtas que destacam os elementos mais importantes
da obra. Por sua natureza muito concisa, não dispensa a leitura do
texto original.

• Resumo informativo - informa todos os dados necessários ao leitor


para que este possa decidir sobre a conveniência da leitura do texto
68

inteiro. Expõe o tema central, os objetivos, a metodologia, os


resultados e as conclusões do trabalho, podendo dispensar a leitura do
texto original.

• Resumo crítico - resumo redigido por especialistas, com análise


interpretativa de um documento ou trabalho científico, no qual se
processa uma apreciação crítica da obra resenhada.

14.2.3 Redação do resumo

O resumo, quando solicitado de forma individualizada, compondo em si


mesmo um trabalho acadêmico, deverá ser precedido de referência completa do
texto resumido. O texto do resumo não deve aparecer em forma de esquema. Deve,
ao contrário, ser um texto redigido de forma cursiva, concisa e coerente, respeitando
o texto original, enfatizando apenas as ideias mais importantes da obra.
Não se admitem acréscimos ou partes que não constem no original.
Quanto à linguagem, esta deve ser clara, com vocabulário adequado a um texto
técnico e uso da terceira pessoa do singular, sem gírias ou expressões do senso
comum. Deve-se também evitar abreviaturas, abolindo-se gráficos, tabelas, citações
e exemplos, exceto os considerados imprescindíveis à compreensão do que se
resume.

14.2.4 Modelos

14.2.4.1 Resumo em monografias

Esta tese investiga os novos procedimentos da lírica e da pintura


modernas, no momento em que a sociedade coletânea se depara com o advento da
realidade virtual que traz consigo o primado da imagem. Analisa também os
aspectos filosóficos e estéticos que acarretaram a “crise de representação”
instaurada nas modalidades artísticas do ocidente por meio da abordagem
comparativa de artistas representativos da poesia e da pintura na modernidade:
69

Baudelaire e Cézanne, Rimbaud e Dalí, Mallarmé e Mondrian. O método consiste na


análise qualitativa dos textos desses autores enquanto precursores da lírica
moderna e se concentra na pesquisa bibliográfica em fontes teóricas da crítica
literária e filosófica. Os resultados apontam para o estabelecimento de um novo
estatuto da poesia e da pintura que subverte a noção clássica de “mimese”,
estabelecendo outros parâmetros de criação da obra artística e literária. A partir
dessa pesquisa, pode-se concluir que a crise dos paradigmas, que acometeu a vida
moderna em seu clímax, resultou numa reação expressiva da arte e da literatura em
suas diferentes manifestações, gerando novos critérios de apreensão da realidade, o
que bem pode ser a ausência completa de paradigmas.
Descritores: Estéticas Modernas. Metáfora. Ruptura. Baudelaire –
Cézanne. Rimbaud – Dali. Mallarmé – Mondrian.

14.2.4.2 Resumo em artigos científicos

O discurso de elocução feminina no romance de Lya Luft


Este artigo busca investigar o discurso de elocução feminina na obra da
escritora gaúcha Lya Luft. Procura demonstrar por meio dos romances As Parceiras
(1980), A asa esquerda do anjo (1981) e O ponto cego (1999) e das prosas poéticas
Histórias do tempo (2000) e Mar de dentro (2002) a concepção filosófico-literária do
universo feminino. Destaca, por intermédio do discurso ficcional luftiano, em cada
personagem feminina, os estágios de amadurecimento psicológico desta mulher-
escritora, que se permite ser vista da ótica de uma constante metamorfose e em
busca de autoconhecimento. Os resultados obtidos indicam que o discurso feminino
é constituído por uma temática própria e por recursos de linguagem como a
elocução simbólica, a dicção, o ritmo e o tom, que fortemente se apresentam em Lya
Luft, especialmente nas obras analisadas. Desta forma, é possível concluir que Luft
é uma agente de transformação fundamental para a literatura feminina, não somente
por dar novos rumos ao discurso feminino, mas principalmente porque é fruto da
inquietação e do desejo de autorrevelação da voz feminina em nossa literatura.
Descritores: Discurso feminino. Análise do discurso. Lya Luft. Prosa de
ficção. Prosa poética.
70

14.3 RELATÓRIOS

Documentos formais em que se descrevem os resultados obtidos em uma


investigação ou se relata a execução de experiências ou de serviços.

14.3.1 Relatório técnico-científico

O relatório técnico-científico expõe, de forma sistemática, informação


dirigida a especialistas da área, devendo apresentar conclusões e recomendações.
É elaborado com a finalidade de ser submetido à apreciação de pessoas ou de
organismos. A estrutura de relatórios técnico-científicos obedece a uma ordenação
lógica dos elementos que a compõem, conforme descrito a seguir.

• Capa;

• Folha de rosto;

• Resumo - é a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto


(NBR6028, 2003), objetivando esclarecer o leitor sobre a conveniência
ou não de consultar o texto integralmente e acelerar o processo de
divulgação do trabalho. O resumo deve ressaltar objetivo, materiais ou
(casuística), métodos, resultados e conclusões do trabalho;

• Listas (quando houver);

• Sumário;

• Introdução - parte inicial do texto onde se expõe o assunto como um


todo. Inclui informações sobre a natureza e a importância do problema,
sua relação com outros estudos sobre o mesmo assunto, razões que
levaram à realização do trabalho, suas limitações e seu objetivo. Deve
esclarecer se o trabalho se constitui numa confirmação de observações
de outros autores ou se contém elementos novos, realçando, sempre
que possível, a fundamentação clara das hipóteses. Na introdução,
pode estar contida a revisão da literatura. Não deve, entretanto, incluir
as conclusões. A revisão de literatura tem por objetivo sintetizar, de
forma clara, as várias ideias arroladas nos trabalhos anteriores que
71

serviram de base à investigação que está sendo realizada. Existe,


atualmente, uma tendência a limitar a revisão às contribuições mais
importantes diretamente ligadas ao assunto, dando ênfase às mais
recentes que oferecem base para a derivação das hipóteses e a
explicação de sua fundamentação;

• Desenvolvimento - é em essência, a fundamentação lógica do


trabalho de pesquisa cuja finalidade é expor, analisar e demonstrar.
Ainda que não haja uma norma rígida sobre o desenvolvimento e este
não se constitua num item específico para trabalhos científicos, ele
apresenta, em geral, as seguintes partes: materiais e métodos,
resultados e discussão;

• Materiais e métodos ou casuística e método - compreende-se o


instrumental empregado e a descrição das técnicas adotadas,
incluindo-se a experimentação com pormenores. Materiais e métodos
devem ser descritos de maneira precisa e breve, possibilitando, assim,
a repetição do experimento com a mesma precisão. Eles devem ser
apresentados na sequência cronológica em que o trabalho foi
conduzido. Os métodos que já tenham sido publicados devem ser
referidos apenas por citação, a não ser que tenham sido
substancialmente modificados. Nas pesquisas com seres humanos, o
título da seção deve ser casuística e métodos. Podem ser incluídos,
também, gráficos e tabelas que ilustram os processos seguidos pelo
autor: instrumentação (indicação de testes, medidas, observações,
escalas, questionários a serem usados); coleta de dados (informações
sobre como, quando, onde e por que foram aplicados os processos de
pesquisa) e tratamento estatístico. Equipamentos, produtos e outros
materiais que estejam sendo utilizados pela primeira vez devem ser
descritos com detalhes, inclusive com fotografias e desenhos. Marcas
comerciais de equipamentos, drogas e outras só deverão ser incluídas
quando contribuírem significativamente para melhor compreensão e
avaliação do trabalho;

• Resultados e discussão - devem ser apresentados de forma objetiva,


precisa, clara e lógica, utilizando-se tabelas, figuras, fotografias que
72

complementam o texto. Podem ser subdivididos em tópicos que


correspondam a cada uma das perguntas levantadas ou hipóteses
formuladas. São apresentados tanto os resultados positivos quanto os
negativos, desde que possuam significado importante. É a comparação
entre os resultados obtidos pelo autor e os encontrados em trabalhos
anteriores, permitindo uma análise circunstanciada que estabeleça
relações entre eles e deduções das proposições e generalizações
cabíveis. Baseada em fatos comprovados, deve ressaltar os aspectos
que confirmem ou modifiquem de modo significativo as teorias
estabelecidas, apresentando novas perspectivas para a pesquisa;

• Conclusão - destina-se à demonstração da confirmação positiva ou


negativa da hipótese. Fundamenta-se no texto e é decorrente das
provas relacionadas na discussão. Recapitula, sinteticamente, os
resultados da pesquisa e pode trazer propostas e sugestões originadas
nos dados coletados e estudados. Quando houver várias conclusões,
intitula-se no plural. Recomenda-se que cada uma das conclusões seja
enumerada independentemente. Atente-se para o fato que a conclusão
não é um resumo do trabalho;

• Anexos e Apêndices;

• Agradecimentos;

• Referências.

14.3.2 Relatório de estágio

Este tipo de relatório apresenta a estrutura descrita como segue:

• Capa;

• Identificação.

Caracteriza o relatório quanto a:

• Aluno estagiário - nome completo do aluno;

• Orientador - responsável pela orientação do aluno;


73

• Local - local de realização do estágio, considerando instituição/ cidade/


estado;

• Período de execução - registrar o período (dia/mês/ano) de início e


término da execução do estágio;

• Título - deve sintetizar seu objetivo essencial;

• Atividades desenvolvidas - descrever as atividades realizadas


durante o período de estágio;

• Local e data - local e data de elaboração do relatório;

• Assinaturas - Estagiário e Orientador.

14.4 ARTIGOS CIENTÍFICOS

Os artigos científicos são estudos criteriosos que abordam uma questão


de relevância científica, ou seja, manifestam o resultado de uma investigação de
uma pesquisa científica sistemática a respeito de determinado assunto.
Frequentemente, decorrem da realização de pesquisas inéditas.
Em geral, são textos publicados em revistas acadêmicas ou que se
constituem, considerando um conjunto deles, em livros. Para as ciências humanas e
sociais, os resultados de pesquisa podem ser apresentados em forma de ensaio,
que apesar de conter a mesma estrutura textual do artigo, apresenta-se de maneira
cursiva, sem as divisões das partes.

14.4.1 O que pode ser conteúdo de um artigo?

O artigo pode abordar assuntos diversos, considerando diferentes


perspectivas, como, por exemplo:

• ser um estudo criterioso para oferecer soluções ou propostas de


solução para um problema ou uma questão que tem gerado
controvérsias;
74

• apresentar um estudo pessoal a respeito de um assunto, considerando


dados fornecidos por outros autores;

• levar ao conhecimento do público interessado ou especializado um


dado totalmente novo, não conhecido nem explorado por outros
estudiosos;

• discutir um assunto, relacionando posições diferentes a respeito do


mesmo tema, apontando as lacunas existentes ou questões as quais
os estudos ainda não responderam.

14.4.2 Estrutura

O artigo estrutura-se da mesma forma que os demais textos científicos.


Importante, no entanto, é o destaque de alguns desses aspectos:

• Título - deve sintetizar seu aspecto essencial;

• Autor - nome completo, titulação, seguido do nome da instituição a que


pertence, com referido endereço eletrônico;

• Resumo - deve ressaltar o objetivo, o material e os métodos (ou


casuística e métodos), os resultados e as conclusões do trabalho,
observando o máximo de 250 palavras, compondo único parágrafo;

• Palavras-chave ou descritores - visam à indexação do artigo e se


destinam a descrever cientificamente o assunto. A definição das
palavras-chave deve ter base em vocabulários controlados, ou seja,
Decs/Bireme (área da saúde), Inep (área da educação); Sibinet USP
(área de humanas);

• Introdução - deve apresentar uma exposição breve do tema tratado,


apresentando-o de uma maneira geral. Também, na introdução, são
apresentados os objetivos do estudo realizado, a justificativa da
escolha do tema. Devem situar o problema da investigação no contexto
geral da área e indicar os pressupostos necessários à sua
75

compreensão. A introdução pode, ainda, conter conceituações básicas


ou revisão bibliográfica;

• Material e métodos ou casuística e métodos - descrição de material,


métodos, técnicas e processos utilizados na investigação.
Imprescindível é apresentar os critérios de inclusão e exclusão da
amostra em estudo;

• Resultados e discussão - visa a discutir, confirmar ou refutar


hipóteses inerentes à investigação. Deve detalhar, de forma objetiva e
clara, os resultados da investigação, correlacionando-os com a revisão
bibliográfica;

• Conclusão ou considerações finais - trata-se do momento em que o


autor expõe, resumidamente, suas deduções, o que deve ser uma
resposta aos objetivos apresentados. Também nesse momento é
possível explicitar um ponto de vista pessoal, com base nos dados
obtidos e na interpretação realizada. Pode ainda apresentar sugestões
ou recomendações para outros estudos na área;

• Referências.

14.5 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Informação apresentada em congressos, simpósios, reuniões científicas,


academias, sociedades científicas em que se expõem resultados recentes de
pesquisas. São acompanhadas de exposição oral (de curta duração entre 10 a 15
minutos) ou em forma de painéis. Seu objetivo não é o aprofundamento, mas a
socialização de resultados.

14.6 PAINEL

De caráter visual, painéis são demonstrativos do resultado de pesquisas e


estudos realizados nas atividades acadêmicas e representam a forma de
76

comunicação científica mais utilizada, atualmente, nos encontros de diversas áreas


de conhecimento. Devem sintetizar, de forma clara, os principais aspectos
relacionados ao estudo realizado. As letras dos textos e das figuras devem ser
legíveis a uma distância de 2,0 metros. A dimensão do painel deverá ser de 60 cm
de largura por 90 cm de altura.

14.6.1 Estrutura

• Título - deve apresentar letras com tamanho mínimo de 1,5 cm de


altura, fonte arial 28, caixa alta, negrito;

• Autor - o nome do(s) autor(es), seguido(s) da(s) respectiva(s)


instituição(ões) a(s) qual(is) pertence(em), deve(em) apresentar o
tamanho das letras no mínimo de 1,0 cm de altura, fonte arial 20,
normal, negrito. Para os demais componentes do painel, o tamanho
mínimo das letras deve ser de 0,8 cm para maiúscula e de 0,6 cm para
minúscula, fonte arial 14, normal;

• Introdução - a introdução deve conter informações que situem os


leitores em relação ao problema estudado e ao embasamento teórico
que o sustenta. Podem ser feitas citações bibliográficas e apresentar
informações relativas à justificativa, aos objetivos e à área de
conhecimento;

• Objetivo - deve ser claro, sucinto e expressar respostas às questões


relevantes ao problema focalizado no trabalho;

• Material e métodos ou casuística e métodos - este item descreve a


metodologia empregada no estudo realizado. Em todos os tipos de
estudo, é essencial que este tópico seja discutido de maneira bastante
detalhada, deixando nítido o desenvolvimento de todas as etapas do
trabalho, uma vez que a validade dos dados obtidos está diretamente
relacionada aos métodos empregados para sua obtenção. Em
trabalhos que envolvem um levantamento de campo, pode-se
descrever a área quanto aos aspectos econômicos e étnicos, ambiente
77

físico e formações naturais, entre outros. Informações sobre a


localização geográfica da região em questão são fundamentais. Em
determinados estudos, como os realizados considerando revisões
bibliográficas, o termo metodologia pode mostrar-se mais apropriado
que material e métodos;

• Resultados e discussão - os dados obtidos no estudo devem estar


contidos neste tópico. Figuras, principalmente gráficos, além de tabelas
– que devem ser dispostas nas laterais direita e esquerda, numeradas,
identificadas e, quando for o caso, constarem da fonte – podem ser
ferramentas úteis para a descrição dos resultados. A discussão deve
ser feita com base nos dados obtidos, devendo estar embasada em
uma revisão bibliográfica que pode ser comparativa e enfocar o
conhecimento obtido considerando-se outros trabalhos na mesma área
de estudo. Os resultados podem ser apresentados separadamente da
discussão. Porém, muitas vezes, isso torna a leitura um pouco
repetitiva, além de, em muitos casos, tornar-se difícil determinar um
limite entre a descrição dos resultados e sua discussão;

• Conclusão ou considerações finais - de forma bastante objetiva, o


conhecimento gerado considerando o estudo realizado deve estar
contido neste item. A relevância dos resultados obtidos para a
comunidade científica e/ou geral, além das possíveis próximas etapas
do trabalho executado, também pode figurar neste tópico;

• Referências - este item não é obrigatório na estrutura do painel.


Entretanto, quando houver citação de autor no texto, faz-se necessário
indicá-lo.
78

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028 Resumos:


procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.

______. NBR 6024 Numeração progressiva das seções de um documento


escrito. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

______. NBR 6027 Sumário. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

______. NBR 10719 Elaboração de relatórios técnico-científicos. Rio de Janeiro:


ABNT, 1989.

______. NBR 10520 Citações em documentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

______. NBR 1256 Apresentação de originais. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.

______. NBR 6023 Informação e documentação – Referências: Elaboração. Rio


de Janeiro: ABNT, 2002.

BASTOS, D. R. Apresentação de trabalhos acadêmicos: uso das normas da


ABNT. Apostila Universidade de Santo Amaro, São Paulo, 2008.

CHALMERS, A. O que é ciência, afinal? Trad. Raul Fiker. 3. reimp. São Paulo:
Brasiliense, 1999, 225p.

ECO, U. Como se faz uma tese. Trad. Gilson Cesar Cardoso de Souza. 15. ed. São
Paulo: Perspectiva, 1999, 170p.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 8. ed. São Paulo: Ática, 2000, 104p.

GUIMARÃES, E. A articulação do texto. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997, 87p.

HEGENBERG, L. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. São


Paulo: Herder – EDUSP, 1969. 308p.
79

KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática


da pesquisa. 14. ed. rev. e ampl. Petrópolis: Vozes, 1997, 180p.

LAKATOS, E.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed.


rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991, 270p.

MACIEL JUNIOR, A. Pré-socráticos: a invenção da razão. São Paulo: Odysseus,


2003.

MANUAL de orientação para trabalhos acadêmicos. União Social Camiliana - Centro


Universitário São Camilo e Sistema Integrado de Bibliotecas Pe. Inocente
Radrizzani. São Paulo: União Social Camiliana - Centro Universitário São Camilo,
2007. 88p.

MORA, J.F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000, Tomos I - IV.

ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 3. ed. Campinas:


Pontes, 2001, 100p.

PARRA FILHO, D.; SANTOS, J. A. Metodologia científica. 5. reimp. São Paulo:


Futura, 2003. 277p.

RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo:
Atlas, 1982.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. rev. e ampl. São


Paulo: Cortez Editora, 2000, 279p.
80

APÊNDICE
81

Sugestões de leitura sobre o tema

ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 9. ed. São Paulo:
Loyola, 2005. 223p.

BOAVENTURA, E. Como ordenar as ideias. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999, 59p.

CHÂTELET, F. Uma história da razão: entrevistas com Émile Noël. Trad. de Lucy
Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. 159 p.

FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 16. ed. 2.
reimp. São Paulo: Ática, 2001.

FOLSCHEID, D.; WUNENBURGER, J. J. Metodologia filosófica. Trad. de Paulo


Neves. São Paulo: Martins Fontes, 1997, 394p.

GLEISER, M. A dança do universo: dos mitos de criação à teoria do Big-bang. São


Paulo: Companhia das Letras, 1997.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. Trad. Beatriz Boeira e Nelson


Boeira. S. Paulo: Perspectiva, 1975. 262 p.

MARTINS FILHO, E. L. Manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo. 3.


ed. rev. e ampl. São Paulo: Ed. Moderna, 1997, 400p.

OMNÈS, R. Filosofia da ciência contemporânea. Trad. Roberto L. Ferreira. São


Paulo: Unesp, 1996. 319 p.

POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Trad. Leonidas Hegenberg e Octany


S. Mota. São Paulo: Cultrix, s.d. 567p.

VERA, A. A. Metodologia da pesquisa científica. 7. ed. Porto Alegre: Globo, 1983.


82

ANEXOS
83

ANEXO A – Capa

← borda da folha

MARIA JOANA DA SILVA

borda da folha →

LINGUAGEM DE CRIANÇAS
EDUCADAS EM ORFANATO

São Paulo
2006
84

ANEXO B – Folha de rosto

MARIA JOANA DA SILVA

←borda da folha

borda da folha →

LINGUAGEM DE CRIANÇAS
EDUCADAS EM ORFANATO

Apresentada como parte dos requisitos do


Curso de Licenciatura em Português e Inglês
da Faculdade de Letras da Universidade de
Santo Amaro — UNISA.
Orientador:
Prof. título, nome

São Paulo
2008

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